COMBATE AO TABAGISMO
Não deixe o cigarro estragar a festa
Não se esqueça das pessoas que estão na outra ponta do cigarro, o fumante nunca fuma sozinho Páginas 6 a 11
Sumário 5
ARTIGO Sou médico e transplantado
Dr. Humberto Gomes de Melo Provedor
Dr. Artur Gomes Neto Diretor-médico
Dr. Paulo de Lira Diretor administrativo/financeiro
6
RISCO MUNDIAL Antibióticos perdem guerra contra micro-organismos
Duílio Marsiglia Euclides Ferreira de Lima
7 8
VÍCIO Hábito de fumar sobrecarrega o coração e o sistema circulatórios
COMBATE AO TABAGISMO Fumantes: único remédio para evitar a DPOC é não fumar
21
NA COLUNA Exercícios, postura e calçados confortáveis previnem dores
Francisco de Assis Gonçalves Giovani A. C. Albuquerque Ivone dos Santos João Augusto Sobrinho
22
EM DEBATE
José Peixoto dos Santos
Vacinação em adolescentes previne câncer do colo uterino
Marcos Davi Lemos de Melo Milton Hênio de Gouveia
10 12
VENENO Fumaça do tabaco leva mais de 3 mil tóxicos para o organismo
TEMPOS MODERNOS Mulheres pagam um alto preço por adotar hábitos masculinos
14 OUVIDO BIÔNICO Médicos alagoanos ajudam pacientes a recuperar audição
16 ALERTA MASCULINO Câncer de próstata é o mais frequente os alagoanos
18 PERIGO!
Doença renal avança silenciosa
4
23
EVENTO
24
NOVO DESAFIO
Congresso Multidisciplinar em AL confirmado para novembro
Santa Casa abre caminho para a Acreditação Internacional
Sindhospe destaca gestão da Santa Casa de Maceió
30
Mesa Administrativa
Antonio Noya
26 EXEMPLO 28
eto Cônego João José de Santana Neto
PEDRA NA VESÍCULA
Assessor de comunicação 44 MTE/AL
Theodomiro Jr. Jornalista 535 MTE/AL
Sílvio Romero Fotografia e arquivo
Mulheres em idade fértil são alvo do cálculo biliar
Revista produzida pela
ARTIGO
aceió Santa Casa de Misericórdia de Maceió
Anabolizantes: perigo em todas as idades
Tiragem: 10 mil exemplares
Revista da Santa Casa de Maceió www.santacasademaceio.com.br
Assessoria de Comunicação da
ARTIGO
Sou médico e transplantado
E
u tinha apenas 18 anos quando
em portadores de rim policístico ou devido
apresentei a urina da cor de coca-
à evolução de uma glomerulonefrite, como
cola, muito espumosa e minhas per-
no meu caso. Porém, eu sentia que estava
nas incharam. Alguns dias após parecia
morrendo, praticar esportes tornava-se
que estava tudo muito bem, exceto pela
impossível, subir um lance de escadas era um
urina, que se mantinha com espuma per-
esforço tremendo. Meu hálito tinha cheiro
sistente, diferente da de antes. Não sen-
de urina. Eu precisava de diálise, a única
tia nada, mas a medida da pressão arte-
alternativa de me manter vivo devido à falha
rial revelou uma hipertensão e o exame de
total das funções dos rins, ou do transplante
urina mostrava a presença de proteína,
de rim. Há dois anos e meio fui transplantado, meu irmão era compatível, assim como
uma anormalidade que se mantinha persistente.
Artur Gomes Neto
minha mãe. Todos queriam me devolver à
Passaram-se 29 anos até ser transplan-
sangue. Minha urina continuava espumosa,
tado, mas, nos últimos três anos, sentia-me
mas agora urinava mais à noite, uma urina
O que me levou a escrever sobre minha
fraco, uma fraqueza progressiva, minhas per-
sem cor, como água. Eu estava com insufi-
doença foi o intuito de alertar as pessoas
nas inchavam e a pressão arterial necessi-
ciência renal crônica, padecia de um mal
sobre a doença renal, sobretudo os hiperten-
tava de muitas drogas para o controle. A
muito frequente em hipertensos que não se
sos e diabéticos, e chamar a atenção sobre
palidez era evidente, meu aspecto era cada-
tratam, em diabéticos que negligenciam sua
as ações de órgãos. Milhares de pessoas mor-
vérico pela falta de glóbulos vermelhos no
doença e não controlam o açúcar no sangue,
rem por falta de doador. Pense nisso!
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alegria de viver.
5
RISCO MUNDIAL
Antibióticos perdem guerra contra micro-organismos
S
e a automedicação traz riscos indi-
viduais para o paciente, o uso indevido de antibióticos põe em risco
toda a população. O problema, aponta a médica Tereza Tenório, gerente de Risco e Assistência Hospitalar da Santa Casa de Maceió, é que o uso abusivo e sem prescrição médica de antibióticos pode causar reações adversas, efeitos colaterais e, o mais grave, resistência microbiana. Considerando que 40% dos remédios consumidos hoje, no Brasil, segundo a Anvisa, são antibióticos, tem-se a dimensão aproximada do problema.
Bactérias criam autodefesas resistentes aos antibióticos
A chamada “resistência microbiana” piora o quadro infeccioso do paciente e reduz a eficácia do tratamento. “Quando o
“Quando você toma um antibiótico
paciente utiliza um antibiótico de maneira
indevidamente, elimina não só as bactérias
volvem uma mutação e se tornam resistentes ao medicamento. Eles aprendem a se defender do antibiótico e repassam essa informação para as demais gerações até surgir uma cepa imune à droga”, explica Tereza Tenório, citando micro-organismos resistentes como as micobactérias (encontradas na superfície do solo), as KPCs (na água) e o Acinetobacter, que atuam de forma oportunista em pacientes com imunidade baixa. Ela explica que o corpo humano pos-
“
Quando o paciente utiliza um antibiótico de maneira inadequada, os micro-organismos aprendem a se defender do antibiótico e repassam essa informação para os demais
“
inadequada, os micro-organismos desen-
6
estratégicos, como a pele e a boca.
a se multiplicar e a produzir infecções resistentes ao antibiótico. A literatura médica revela que os antimicrobianos não conseguem agir sobre todos os micro-organismos. Na grande maioria das vezes são eficazes contra bactérias e, em alguns casos,contra fungos e parasitas. Em doenças virais, por exemplo, os antibióticos não têm qualquer eficácia. “Por tudo isso, a receita médica é imprescindível no ato da compra de antibióticos. Só o médico tem condições de avaliar se uma infecção é bacteriana ou viral. O paciente não tem como distinguir uma da outra apenas pelos sintomas apresentados. Para se ter uma ideia, tanto infecções
sui bactérias que ajudam o sistema de defe-
ruins do seu organismo como as boas tam-
virais quanto bacterianas provocam sin-
sa do organismo a defender-se de bactérias
bém”, alerta Tereza Tenório. A partir desse
tomas semelhantes no paciente”, finaliza
nocivas aos seres humanos em lugares
momento, as bactérias resistentes começam
Tereza Tenório.
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NÚMEROS O tabagismo é responsável por: 25% das mortes causadas por doença coronariana (angina e infarto do miocárdio); 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos; 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
VÍCIO
Hábito de fumar sobrecarrega o coração e o sistema circulatório
Q
uando o assunto é tabagismo e
conseqüências para o organismo”, comple-
câncer logo vem à mente os cân-
tou o especialista, lembrando que os efeitos
ceres de pulmão, de boca, de gar-
do tabaco no coração e sistema circulatório
ganta e todos aqueles afetados direta-
são responsáveis por enfermidades graves,
mente pela fumaça de cigarros, charutos,
deixando muitas vezes sequelas, incapaci-
cigarretes etc. No entanto, poucos sabem
tando o indivíduo e levando a óbito.
dos efeitos do fumo sobre outros órgãos como
O fumo também reduz o LDL (bom
a pele, sistema digestivo, fígado, laringe,
colesterol) e aumenta a probabilidade de
coração e o sistema circulatório, que reúne
aparecimento de placas de gordura nas
as artérias e veias que levam o sangue por
artérias, que podem provocar o infarto do
todo o corpo.
Amilson Pacheco Filho
miocárdio. O fumo também aumenta o risco
“Quando um indivíduo fuma, substân-
de trombose: formação ou desenvolvimento
cias químicas tóxicas do tabaco entram na
As substâncias tóxicas do tabaco lançadas de um trombo (coágulo sanguíneo) provona corrente sanguínea também favorecem a
cando obstrução parcial ou total do vaso san-
tos enviam sinais para o coração e este contração dos vasos sanguíneos, tornando-os
guíneo. Ao longo do tempo estes efeitos
passa a bater mais forte e mais rápido cau-
mais estreitos e forçando o sangue a percor-
aumentam em quatro vezes o risco de infar-
sando sua sobrecarga”, explicou o cardio-
rer um espaço menor. “A associação desses
to do miocárdio e de acidente vascular cere-
logista Amilson Martins, da Hemodinâmica
efeitos pode causar hipertensão arterial
bral (derrame cerebral) comparando com
da Santa Casa de Maceió.
sistêmica (pressão alta) com todas as suas
os não fumantes.
corrente sanguínea. Alguns destes produ-
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COMBATE AO TABAGISMO
Fumantes: único remédio para evitar a DPOC é não fumar Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica dificulta respiração em pacientes
Q
uando se fala em saúde, tabagis-
do com que o paciente não consiga apro-
mo, fumo e cigarro, logo vem à
veitar o oxigênio respirado nem expelir ade-
mente o câncer. Porém, existe uma
quadamente o gás carbônico produzido", acrescentou a especialista.
outra doença gravíssima, mas ainda pouco
valorizada pelos fumantes e que é rela-
A DPOC é uma doença progressiva, cau-
cionada diretamente ao hábito de fumar.
sada pela inflamação dos tecidos pulmonares
Estamos falando da DPOC, abreviação de
após exposição crônica a partículas ou gases
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. No
nocivos originados, por exemplo, pela com-
Brasil, estima-se que entre três e sete mi-
bustão do tabaco. Para se ter uma ideia do
lhões de brasileiros tenham a DPOC. O
risco que os fumantes correm, cerca de 90%
termo reúne um grupo de doenças pul-
dos tabagistas desenvolvem DPOC. Os espe-
monares - entre elas, o enfisema pulmonar
cialistas ainda citam outras causas, como
e a bronquite crônica -, que obstruem as vias
doenças genéticas e exposição à poeira tó-
aéreas dentro dos pulmões, o que leva os
xica em minas de carvão, à fumaça de sol-
pacientes a ter sintomas como expecto-
Pneumologista Fátima Alécio
tabaco, porém, é considerado o principal i-
ração, cansaço e falta de ar. A DPOC se manifesta geralmente após os 40 anos de idade. A maioria apresenta
8
dagem ou mesmo à fumaça de fogo. O
ar contínua", explica a pneumologista da Santa Casa de Maceió, Fátima Alécio.
nimigo do pulmão. Segundo dados levantados junto ao
um histórico de fumo prolongado, com uma
Em linhas gerais, a doença pulmonar
DataSus, a DPOC gerou, no ano de
frequência de pelo menos um maço de ci-
obstrutiva crônica caracteriza-se por uma
2010, no Sistema Nacional de Saúde
garros por dia, durante 20 anos.
limitação da passagem de ar pelas vias res-
Pública, cerca de 142 mil hospitaliza-
O primeiro sintoma perceptível costuma
piratórias dentro dos pulmões, principal-
ções a um custo total para o SUS de
ser tosse matinal com expectoração. Porém,
mente durante a expiração. "O ar consegue
quase R$ 92,5 milhões e de 7.937
outro sinal que, em geral, passa desperce-
entrar, mas apresenta dificuldade para sair,
mortes diretamente relacionadas com a
bido dos pacientes e seus familiares é o
ficando preso dentro dos pulmões. Esse
DPOC. Conforme pesquisa da Sociedade
sedentarismo progressivo provocado pela fa-
aprisionamento do ar ocorre pela destrui-
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia,
diga, justamente o principal sintoma da
ção do tecido pulmonar e perda da elasti-
a prevalência de DPOC no Brasil é de
DPOC. "A doença vai progressivamente limi-
cidade dos bronquíolos e alvéolos", diz Fá-
15,8% em adultos acima de 40 anos, o
tando as atividades diárias do paciente até
tima Alécio. "A destruição dos bronquíolos
que mostra o quanto o tabaco causa
que, após alguns anos, mesmo em repouso,
e alvéolos leva à perda de capacidade do
vítimas na sociedade, na fase mais pro-
o paciente sente-se cansado e com falta de
pulmão em realizar as trocas gasosas, fazen-
dutiva do cidadão.
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Incurável, a DPOC mata o paciente aos poucos Uma informação que muitos fumantes
desacelerar a doença é parar de fumar ime-
mografia computadorizada do pulmão.
desconhecem é que a DPOC não tem cura.
Porém, o melhor exame para o diag-
diatamente. Já a terapia medicamentosa
Além de ser progressiva, costuma ser fatal
nóstico da DPOC é a espirometria. Nesse
busca, principalmente, aliviar os sintomas e
em casos avançados. "Ainda que haja tra-
exame, o paciente respira através de um
melhorar a qualidade de vida, mas não cura.
tamento visando retardar sua progressão, a
pequeno tubo, enquanto um computador
Com a progressão da doença, a falta de
única atitude realmente eficaz na prevenção
registra vários parâmetros respiratórios que
ar torna-se cada vez mais severa, a tosse passa
é não fumar", alerta Fátima Alécio.
servem para o diagnóstico das doenças
a ser constante e perturbadora, assim como
pulmonares.A espirometria consegue detec-
o chiado no peito. A expectoração torna-se
DIAGNÓSTICO
tar a DPOC em estágios iniciais, mesmo
copiosa e intensa, e os medicamentos não
Conforme a DPOC destrói o tecido pul-
antes de o paciente notar os sintomas.
aliviam a dispnéia. Não há forças sequer para amarrar os sapatos. Há, sim, a ne-
monar e dificulta a eliminação do ar respirado, bolhas de ar começam a se formar
TRATAMENTO
cessidade de uso de oxigênio temporário
dentro dos pulmões, podendo ser facilmente
Uma vez que o paciente já tenha a
ou contínuo... a morte é iminente e ocorre
identificadas na radiografia de tórax ou to-
DPOC, o fator individual que mais ajuda a
pela total incapacidade de respirar.
Charuto levou Sigmund Freud a morrer de câncer de boca
Ator Paulo Autran, morto com enfisema pulmonar
O médico e ator, Fernando Torres foi vítima de enfisema pulmonar
Em 2009, a atriz Mara Manzan morreu de câncer no pulmão
Ator Carlos Zara morreu de câncer de esôfago em 2002
Chacrinha contraiu câncer de pulmão após 40 anos de tabagismo
Paulo Autran: “O cigarro provocou minha morte” Aos 85 anos, internado em estado grave no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com enfisema pulmonar e sofrendo as consequências de um câncer de pulmão, o ator Paulo Autran
pediu especificamente para que sua mulher, a atriz Karin Rodrigues, divulgasse a informação de que o cigarro o havia matado. Na lista de famosos que servem de exemplo sobre os peri-
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gos da tabagismo estão nomes como o do ator Patrick Swayse, alçado ao sucesso pelo filme “Ghost: o outro lado da vida”. Confira outros famosos que seguiram o mesmo destino.
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Um vício que começa na adolescência
50%
a mais de chances de crianças começarem a fumar
ao verem os pais fumando
45%
dos adolescentes fumantes têm um dos pais que
fuma
9
cigarros por dia é a média que os adolescentes fumam
3
meses é o prazo médio que um adolescente leva para se tornar depen-
dente após experimentar o cigarro
17
anos de idade é a média com que os adolescentes começam a fumar
Fumaça do tabaco leva mais de 3 mil tóxicos para o organismo Tabagismo inflama vasos sanguíneos e leva à mutilação de membros, infarto e AVC
10
o tocante à dependência química,
N
“Os processos farmacológicos, psicoló-
você sabe qual a diferença entre o
gicos e comportamentais são caracteristica-
“A fumaça é constituída de uma fase
uso de drogas ilícitas, como a cocaí-
mente os mesmos”, disse o angiologista e
gasosa, responsável por 60% das subs-
na e a heroína, e de drogas lícitas, como o
assessor da Direção Médica da Santa Casa
tâncias tóxicas, que são inaladas, inclu-
tabaco dos cigarros e charutos? Nenhuma.
de Maceió, François de Oliveira.
sive, por fumantes passivos. Na fase
mais de três mil compostos.
A única diferença é que a primeira é crime
O especialista explicou que, para obter
gasosa, encontram-se os perigosos
e a segunda, por enquanto, não.Agora, o prin-
a nicotina, o fumante absorve junto todos
monóxido de carbono, ácido cianídrico,
cipal fator que une os dois tipos de drogas
os outros elementos tóxicos existentes na fu-
óxido nítrico e outros aldeídos”, detalhou
é o seu grande poder de viciar o usuário.
maça do tabaco, onde já foram detectados
François.
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Tabaco produz os temíveis radicais livres A principal preocupação dos especialistas é que os compostos tóxicos do tabaco têm capacidade de produzir os temíveis radicais livres, elementos responsáveis por favorecer o surgimento de vários cânceres. A fumaça possui, também, uma fase de micropartículas, onde existem corpos hidrossolúveis, como a nicotina, que provocam dependência química, e corpos lipossolúveis, como o alcatrão, entre outros hidrocarbonetos policíclicos, que provocam neoplasias malignas. A fumaça transporta também traços de metais nocivos ao organismo, como o Cadmo, que podem afetar a retina e provocar até cegueira. Já o monóxido de carbono contido na
Angiologista François Oliveira: “O hábito de fumar põe o organismo em risco”
fumaça do cigarro (5%) aumenta consideravelmente as taxas sanguíneas de carbo-
tratilidade das mesmas. Em casos mais avan-
cerca de 90% dos casos de broncopneu-
xihemoglobina, substância que, em não-
çados, esses compostos podem desenca-
mopatias crônicas obstrutivas ou causa, dire-
fumante, tem uma concentração de 1% e no
dear a arteriosclerose”, explicou o angiolo-
ta ou indireta, de cerca de 25% a 30% dos
fumante chega a 10%. Decorre desse fato
gista François Oliveira.
cânceres de diversos sistemas.
a má oxigenação dos tecidos, levando a
“O tabagismo, portanto, é um dos prin-
hipoxia crônica, com alteração do metabo-
MUTILAÇÃO
cipais fatores de risco vascular nas trombo-
lismo tecidual e de grande aumento de radi-
O pior cenário é que, ao longo do tempo,
ses arteriais periféricas e nas afecções coro-
cais livres, nocivos aos tecidos, interferindo,
essas alterações vasculares (arteriais) podem
narianas e cerebrais, o que o torna mais
às vezes, em alguns elementos da coagula-
ocasionar o entupimento dos vasos respon-
nocivo quando associado a outros fatores de
ção, predispondo à trombose.
sáveis por levar o sangue do coração para
riscos, como hipertensão arterial, dislipide-
As substâncias inaladas durante o ato
o resto do corpo. O resultado é a ocorrên-
mia, hipercolesterolemia, trigliceridemia, dia-
de fumar também agem agressivamente
cia de gangrena nas extremidades, infarto
betes mellitus, obesidade e outros”, acres-
sobre o endotélio vascular, ou seja, sobre a
agudo do miocárdio, acidente vascular ence-
centou François.
camada de células que revestem o interior
fálico (derrame cerebral), entre outros.
dos vasos sanguíneos arteriais.
Para as mulheres, o tabagismo tem um
“Em alguns casos, a arterite tabágica
agravante. Estudos mais recentes admitem
“O resultado é o espessamento das
associa-se a outros riscos, desencadeando
que as alterações arteriais sejam mais acen-
paredes das artérias, produzindo um pro-
uma outra doença, a chamada “tromboan-
tuadas nelas do que nos homens, sobretu-
cesso inflamatório e provocando arterites
geíte obliterante”, em que as extremidades
do quando associado ao uso de contracep-
(inflamação da artéria) graves. De igual
são as mais atingidas, levando, muitas ve-
tivos hormonais (anticonceptivos), favore-
forma, tais substâncias tóxicas agem na
zes, o paciente a grandes mutilações.
cendo a trombose tanto arterial como veno-
musculatura lisa da artéria, reduzindo a con-
O tabagismo crônico é responsável por
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sa nos fumantes.
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TEMPOS MODERNOS
Mulheres pagam um alto preço por adotar hábitos masculinos Doenças ligadas ao tabagismo aumentam no público feminino
H
á cerca de 30 anos, a incidência de
câncer de pulmão era quatro vezes maior no sexo masculino que no
feminino. Após a 2ª Guerra Mundial, as mulheres desenvolveram o hábito de fumar e aí começaram a apresentar patologias até então quase exclusivas do sexo oposto. Assim, doenças como o carcinoma de pulmão, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), o infarto do miocárdio, o derrame cerebral, entre outras, começaram a ser cada vez mais diagnosticadas em mulheres. Surpreendentemente, nos dias atuais, elas têm tanto câncer de pulmão quan-
Equipe da cirurgia torácica da Santa Casa de Maceió, formada pelos cirurgiões Frederico Mansur, Artur Gomes Neto e Wander Mattos Cardoso
to os homens. Em 2011, segundo o Registro Hos-
sem qualquer chance de um tratamento
traiçoeiro, não mostra suas garras mortais
pitalar de Câncer do Ministério da Saúde,
digno", lamenta o cirurgião torácico
no início da doença, fase em que pode ser
foram diagnosticados, em Alagoas, 93 casos
Artur Gomes Neto.
facilmente curável. Cerca de 70% dos casos
novos de carcinoma brônquico, dos quais
O fumo é responsável por 90% dos
em estágio precoce podem ser curados com
45 eram mulheres e 48 homens, com uma
casos de câncer de pulmão, 5% pelo sim-
a cirurgia, enquanto que menos de 1% dos
nítida predominância em pessoas com
ples convívio com fumantes e o restante por
pacientes estarão vivos em cinco anos, nos
idade entre 45 e 69 anos.
outras causas, tais como a poluição ambien-
estágios tardios.
Por outro lado, a estimativa de novos
tal. "Os efeitos da fumaça do cigarro nos
"Infelizmente, quase a totalidade dos
casos, neste mesmo ano, segundo o Ins-
pulmões são duradouros. Se todos os ta-
pacientes (80%) que recorrem ao Serviço
tituto Nacional do Câncer (INCA), era
bagistas deixassem de fumar hoje, o apa-
de Pneumologia e Cirurgia Torácica da
de 180 pacientes. Isso mostra que foi
recimento de novos pacientes com câncer
Santa Casa de Maceió chegam ao consul-
diagnosticada apenas a metade dos
no pulmão não reduziria nos próximos 20
tório com a doença em estágio avançado,
pacientes previstos. "Os demais sequer
anos", destaca o especialista.
onde a cirurgia - único método que pode
tiveram a chance de entrar em algum
12
garantir a cura - não pode ser realizada",
regime terapêutico por falta de diagnós-
CÂNCER DE PULMÃO
afirmam os cirurgiões torácicos Artur,
tico, certamente morrendo à míngua,
O carcinoma brônquico é silencioso,
Frederico e Wander.
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Confira o seu grau de dependência de nicotina O Teste de Fagerström para Depen-
PULMÃO SADIO
dência de Nicotina (FTND pela sigla em
PULMÃO COM CÂNCER
inglês) tem o objetivo de estimar a intensidade do vício do fumante. O FTND foi desenvolvido e introduzido pelo médico dinamarquês Karl Fagerström em 1974. O teste consiste em um questionário de seis perguntas, de escolha simples, que pode ser feito abaixo. Para cada alternativa das questões do teste, existe uma pontuação. A soma
TUMOR
dos pontos permitirá a avaliação do seu grau de dependência de nicotina.
O pulmão sadio tem paredes rosadas, já o pulmão do fumante... a foto fala por si
Avaliação do grau de dependência (Teste de Fagerström) 1. Quanto tempo depois de acordar fuma o primeiro cigarro do dia? Em 5 minutos ou menos ( ) 3 pontos Em 6-30 minutos
( ) 2 pontos
Em 31-60 minutos
( ) 1 ponto
Mais de 60 minutos
( ) 0 ponto
21-30
( ) 2 pontos
11-20
( ) 1 ponto
10 ou menos
( ) 0 ponto
5. Fuma com mais frequência nas primeiras horas depois de acordar que durante o resto do dia?
2. Sente dificuldade em não fumar em locais onde
Sim
( ) 1 ponto
Não
( ) 0 ponto
6. Fuma também quando está doente e acamado?
é proibido: Sim
( ) 1 ponto
Sim
( ) 1 ponto
Não
( ) 0 ponto
Não
( ) 0 ponto
3. Qual o cigarro que mais dificuldade teria em renunSome os pontos das suas respostas.
ciar? Ao primeiro da manhã
( ) 1 ponto
A qualquer um dos outros ( ) 0 ponto
Pontuação total ( ) 0-3 pontos - Baixo 4-6 pontos - Médio
4. Quantos cigarros fuma por dia? 31 ou mais
7-10 pontos - Elevado
( ) 3 pontos
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OUVIDO BIÔNICO
Médicos alagoanos ajudam pacientes a recuperar audição Em Alagoas, cerca de 30 mil pessoas possuem perda auditiva
P
ouca gente sabe, mas a surdez é mais comum na sociedade do que a gente imagina. Segundo a literatura médi-
ca, algo entre 1% e 3% da população possui perda auditiva em algum nível de gravidade. Considerando o último censo do IBGE,
isso representa cerca de 30 mil pessoas somente na capital alagoana. Uma das principais dificuldades enfrentadas por quem tem a suspeita clínica de perda auditiva é encontrar um serviço especializado que possa confirmar o diagnóstico de surdez e indicar a melhor alternativa tera-
Otorrinolaringologistas João Paulo Lins Tenório e Rodrigo de Mendonça Vaz
pêutica disponível para auxiliar na reabilitaplexidade, quando for necessário. Porém,
coclear (também chamado de ouvido biôni-
Para atender a essa demanda, a Santa
mais do que isso, tem a intenção de acom-
co), diversos outros aparelhos auditivos
Casa de Maceió implantou recentemente
panhar os pacientes e seus familiares em todos
implantáveis, os tradicionais aparelhos audi-
um serviço pioneiro entre os hospitais ala-
os aspectos do problema e durante todo o
tivos e, por fim, a cirurgia conhecida como
goanos, que visa atender pacientes com sus-
processo de reabilitação auditiva.
estapedectomia, que remove parte ou todo
ção do paciente.
peita clínica ou com diagnóstico de surdez
o estribo e o substitui por uma prótese.
xistem atualmente vários dispositivos e pró-
"Para cada tipo de paciente existe
Uma equipe multidisciplinar, composta
teses que auxiliam no resgate da audição.
uma opção terapêutica, que pode tra-
por otorrinolaringologistas, fonoaudiólogas
"Não se trata de cura da surdez, visto que
zer maior ou menor benefício. Daí, a
e psicólogas, liderada pelos médicos Rodrigo
não há tratamento que regenere as células
importância da avaliação de uma equi-
de Mendonça Vaz e João Paulo Lins Tenório,
do ouvido interno. É fato que, nos últimos
pe multidisciplinar especializada, capa-
está inteiramente capacitada para confir-
20 anos, avançamos muito. Com a tecnolo-
citada para orientar e acompanhar o
mar o diagnóstico de surdez, bem como
gia de hoje é possível ajudar na reabilitação
paciente durante todo o processo de
para oferecer orientação adequada e indi-
de um número muito maior de pacientes, que
recuperação", disse o otorrino João
vidualizada para cada caso, mesmo em crian-
não se beneficiariam do uso de aparelhos
Paulo Lins, destacando ainda a impor-
ças recém-nascidas.A equipe está apta a rea-
auditivos convencionais", explicou Rodrigo.
tância do envolvimento da família do
lizar procedimentos cirúrgicos de alta com-
Na lista de opções estão o implante
confirmado.
14
Como destaca Rodrigo de Mendonça, e-
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paciente.
Implante coclear é indicado para crianças com até 5 anos Os otorrinolaringologistas Rodrigo de
implante estimula dire-
Mendonça Vaz e João Paulo Lins Tenório
tamente a região da có-
realizaram uma das primeiras cirurgias
clea e é realizado por meio
de implante coclear de Alagoas em uma
de cirurgia sob anestesia
criança com apenas dois anos. Como
geral.
deve ser em todos os casos, primeiro foi
Sensor emite sinais para a região interna do ouvido
"A alta médica pode ocorrer em 24
testado o aparelho auditivo convencional,
horas, mas o aparelho é ligado somente
que, na ocasião, não apresentou o resul-
quatro semanas após a cirurgia, quando o
saúde cobrem as cirurgias de implante
tado esperado. Em seguida, após a ava-
paciente volta a ouvir os sons ao seu redor.
coclear. Já o Sistema Único de Saúde ainda
liação da equipe e o consentimento dos
É um momento marcante para todos nós",
não realiza esse tipo de cirurgia, em
pais, optou-se pelo implante.
comentou João Paulo Lins Tenório. O traba-
Alagoas, por não haver um centro espe-
Segundo os dois especialistas, o implan-
lho do grupo multidisciplinar prossegue nos
cializado credenciado pelo Ministério da
te coclear (ou ouvido biônico, como pre-
anos seguintes para que sejam realizados
Saúde, meta que deverá ser alcançada
ferem os americanos) costuma apresentar
ajustes e sessões de fototerapia.
pela Santa Casa de Maceió nos próximos
os melhores resultados quando implanta-
Atualmente, apenas as operadoras de
meses.
do em crianças com até cinco anos de idade, mesmo as que nunca ouviram sons (pré-linguais). Outros pacientes que podem se beneficiar são os adultos e jovens que perderam a audição por diferentes motivos: infecção, perda genética, doenças autoimune, dentre outras. EMOÇÃO "Muitos adultos se emocionam quando ativam o implante coclear pela primeira vez, isso cerca de trinta dias após a cirurgia. Para nós, é uma grande satisfação poder ajudar esses pacientes, pois sabemos o quanto a perda auditiva pode ser isolante e ter consequências devastadoras na vida social do paciente", disse Rodrigo Vaz. O implante coclear difere dos aparelhos auditivos convencionais, pois o
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15
ALERTA MASCULINO
Câncer de próstata é o mais frequente entre os alagoanos Exame de toque e PSA são ferramentas para diagnosticar a doença
U
m fantasma ronda os homens que ultrapassam a barreira simbólica dos 40 anos. Seu nome: câncer de
próstata. Conforme revela o Registro Hos-
pitalar de Câncer da Santa Casa de Maceió, nada menos que 1.024 casos clínicos deram entrada na instituição com esse diagnóstico entre 2000 e 2011, sendo 111 somente em 2011. A próstata vence com folga as demais neoplasias masculinas, já que o segundo lugar no ranking é a de laringe, com apenas 38 casos só este ano. Urologista William Monteiro
A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino situada na base da
tata é a dosagem do PSA (Antígeno Pros-
gações”, acrescentou, lembrando ainda que
bexiga, dentro da qual passa a uretra, por
tático Específico) no sangue. O PSA é uma
o exame de PSA consegue rastrear somen-
onde sai a urina. Do tamanho de uma azei-
substância produzida pela próstata que
te 20% dos tumores, o que torna distante
tona, a próstata pode ser acometida por um
aumenta em algumas situações. “Alterações
o sonho do público masculino de se ver
do das células. “Vale lembrar que o crescimento da próstata, por si só, não sinaliza o câncer. Ela pode crescer por diversos outros motivos, daí a importância de se realizar a palpação digital da próstata (toque retal) a partir dos 45 anos ou, se houver histórico familiar de cân-
16
“
Alterações no índice do PSA não são prova absoluta de que se trata de câncer
“
câncer se houver o crescimento desordena-
livre do toque retal. Com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, a cura é superior a 90%. Entretanto, no Brasil, é o quarto tumor responsável por mortes por câncer. Quando está confinado à próstata, o tratamento pode ser cirúrgico ou radioterápico, com altas chances de cura. Quando a doença se
cer, após os 40 anos. A rigidez e o formato
no índice do PSA não são prova absoluta
dissemina para fora da próstata, seu progres-
da próstata, avaliados por meio do toque,
de que se trata de câncer”, lembra William
so é lento, porém fatal.A prevenção do cân-
permitem o diagnóstico mais preciso”, disse
Monteiro, explicando que existem outras
cer da próstata inclui evitar ou abandonar
o urologista William Monteiro.
doenças que também levam a um aumen-
o tabagismo, controlar o colesterol, reduzir
Outro exame utilizado de forma com-
to no índice. “Na verdade, o PSA é um
o consumo de gordura animal e realizar e-
plementar na prevenção do câncer de prós-
importante orientador para outras investi-
xercícios, deixando de lado o sedentarismo.
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17
Cálculos renais
Hipertensão arterial
Diabetes
Doenças renais hereditárias
Cálculos renais
Exposição a substâncias tóxicas externas
Doenças autoimunes como Lúpus
PERIGO!
Doença renal avança silenciosa Insuficiência nos rins pode ser diagnosticada por meio de exame
N
18
o início, a doença renal não apre-
to do miocárdio. Conforme alerta o nefro-
cou Arnon Campos no Dia Mundial do Rim,
senta sintomas. Furtivamente, ao
logista Arnon Farias Campos, um em cada
comemorado no último dia 14 de março.
longo dos anos, os milhões de
dez adultos brasileiros possui algum tipo de
A doença renal crônica é diretamente pro-
microfiltros que formam os dois rins huma-
doença renal, sendo que a grande maioria
porcional ao envelhecimento da população
nos vão sendo danificados lentamente por
desconhece essa situação.
e ao surgimento de problemas como obe-
patologias como o diabetes, a hipertensão
"O problema é que, por se tratar de uma
sidade, estresse, hábitos alimentares desre-
e as doenças cardiovasculares, resultando
doença silenciosa, muitas pessoas procuram
grados e falta de controle da hipertensão arte-
na indesejável Doença Renal Crônica (DRC).
o médico apenas quando a doença está em
rial, sendo esta última a causa mais fre-
A DRC é uma das enfermidades que
seu estágio mais avançado, ou seja, quando
quente do surgimento da DRC. Combatendo
mais causam mortes no Brasil, ao lado do
o rim está danificado e é preciso submeter-
ou prevenindo cada um desses problemas,
AVC (Acidente Vascular Cerebral) e do infar-
se à diálise e ao transplante de rim", expli-
evita-se a insuficiência renal.
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A DOENÇA A insuficiência renal crônica é provocada por lesões renais irreversíveis e progressivas provocadas por doenças que tornam o rim incapaz de realizar suas funções. A evolução da insuficiência depende da doença original e de causas agravantes, como hipertensão, infecção urinária, nefrite, gota e diabetes. OS SINTOMAS
Muitas vezes, a destruição renal pro-
Hiperternsão arterial
gride devido ao desconhecimento e ao
Fraqueza e falta de apetite
descuido dos portadores das doenças
Retenção de líquido no corpo (inchaço e falta de ar)
renais. Possuímos dois rins, que têm cor ver-
Náuseas e vômitos
melha-escura, forma de grão de feijão
Coma e morte nas fases avançadas
e medem cerca de 12 centímetros em
Confusão mental
uma pessoa adulta.
Sintomas indiretos dão pista sobre a DRC Como a insuficiência renal é silenciosa,
seu estágio inicial.
gerantes possuem sódio (sal) em sua com-
é preciso estar atento a sintomas indiretos
A creatinina é um exame de sangue sim-
posição, mesmo sendo uma bebida doce.
da doença, como pressão alta, sangue na urina,
ples e de baixo custo que indica se o rim está
Isso acontece justamente para ampliar a
inchaço nas pernas e no rosto, náuseas,
funcionando corretamente. O exame é indi-
data de validade dos alimentos e conservá-
vômito, anemia (palidez), hábitos noturnos
cado, sobretudo, para famílias com histórico
los por mais tempo. Por isso, a importância
de urina, mal-estar e infecções urinárias
da doença, onde há uma maior chance de
da leitura da embalagem dos produtos ali-
recorrentes.
os descendentes apresentarem o problema.
mentícios antes de colocá-los no carrinho de
Para o diagnóstico preventivo da Doen-
A melhor forma de prevenção da insu-
ça Renal Crônica (DRC), o nefrologista Arnon
ficiência renal passa necessariamente pela
Por fim, deve-se evitar também o uso de
Farias recomenda a inclusão do teste de
boca: é preciso reduzir o consumo diário de
anti-inflamatórios e antibióticos sem recei-
creatinina como parte de exames de rotina
sal, gordura e produtos industrializados,
ta médica e manter a prática regular de
para que a doença possa ser tratada em
sejam doces ou salgados. Até mesmo refri-
exercícios físicos.
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compras.
19
Como funcionam os rins
1
A função dos rins é filtrar o sangue, dele
removendo os resíduos tóxicos pro-
duzidos nos tecidos do corpo e também sais e outras substâncias que estejam presentes em quantidades excessivas. Também produzem hormônios responsáveis pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea, o que evita a anemia.
3
Quando o sangue passa por esses pequenos vasos, o excesso de líquidos e sais é eliminado e inicia a formação de urina. Depois de atravessar vários tubos e sofrer
O sangue chega aos rins através das
2
várias transformações, ela será eliminada para um tubo comum, o uréter, e então, para
artérias renais, as quais, no interior dos
a bexiga e a uretra.
até que formem canais enoveiados muito
4
rins, dividem-se em vasos cada vez menores finos, que constituem gômerulos, que são os verdadeiros filtros do sangue.
Aproximadamente, dois mil litros de sangue passam pelos rins todos os dias, sendo produzido, ao final, 1,2 litros de urina por dia. Se os nossos rins tiverem sua função
preservada, mais urina será produzida.
Medicamento alivia dor, mas pode ser fatal A lesão renal aguda pode se fazer pre-
te precisará se submeter à diálise para suprir
sente na vida de qualquer pessoa, mas são
a ausência das principais funções do rim, como
mais propensos a apresentar o problema os
controle da quantidade de água e eletrólitos
idosos, diabéticos, hipertensos e portadores
no organismo e eliminação de toxinas.
de infecções graves e problemas cardíacos.
Mesmo em situações com alterações
"O uso de anti-inflamatórios sem pres-
modestas na função do rim, a qual não
crição médica eleva em 2,5 vezes as chan-
provocam sintomas e passam, na maioria
ces de esses pacientes virem a desenvol-
das vezes, desapercebidas, o paciente pode
ver uma lesão renal aguda", alertou o
vir a desenvolver complicações.
nefrologista Rodrigo Campos.
Nefrologista Rodrigo Campos
tório é que ele ameniza o sintoma da pato-
Os pacientes propícios a um maior risco
20
"O grande problema do anti-inflama-
de desenvolver lesão renal aguda são aque-
A lesão renal aguda, na sua forma mais
logia, mas, na maioria das vezes, não cura
les que já apresentam algum grau de insu-
severa, provoca sintomas como mal-estar,
a causa. Ou seja, o medicamento alivia a
ficiência renal crônica. O grande problema
perda de apetite, vômito, sonolência, falta de
dor, mas acaba mascarando a doença, difi-
é que a maioria deles desconhece ser por-
ar, edema (inchaço) nas pernas, entre outros.
cultando o processo de diagnóstico e o tra-
tadores de alguma lesão renal.
Em grande parte desses casos graves, o pacien-
tamento", finalizou Rodrigo Campos.
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NA COLUNA
Exercícios, postura e calçados confortáveis previnem dores Literatura médica soma mais de mil tipos diferentes de artrites
É
comum surgirem nas rodas de amigos brincadeiras em relação à idade. Uma das mais comuns é sobre a
“idade do condor”, quando se ultrapassa a
barreira dos 60 anos e o indivíduo passa a viver com dor. O detalhe é que as dores – nas juntas e articulações – não se restringem a essa faixa etária. Pelo contrário, podem afetar qualquer idade em maior ou menor grau. Conforme explica o reumatologista Georges Christopoulos, as dores da “idade do condor” chama-se artrite, ou seja, a inflamação das articulações, cuja mais comum é a que afeta a coluna. A artrite é o resultado do processo inflamatório das juntas, complexo de articulações que ligam um osso a outro
Dor na coluna pode ser gerada por inflamação nas juntas
e que permite o movimento de braços, pernas, mãos, coluna e pescoço. As juntas
o fardo que é a artrite.
na barriga (que afeta a postura), sobrecarga
incluem ossos, cartilagens, ligamentos e a
No amplo universo das artrites - a lite-
provocada diariamente por bolsas escolares,
cápsula que envolve todo o conjunto. “Para
ratura médica soma mais de mil tipos dife-
transporte de objetos pesados, forma de pisar
se ter uma ideia, cada mão possui ao menos
rentes -, a mais comum é a artrite reumatói-
e até problemas como pé chato.Tudo isso pode
20 articulações”, diz o especialista.
de, que atinge a coluna.A maior parte desse
provocar inflamações ou desgaste das juntas
Quem possui doenças autoimunes, como
tipo de artrite é provocada por infecções que
da coluna, resultando em dores contínuas.
o lúpus ou a artrite reumatóide, sente na pele
podem ocorrer entre a base do crânio (pes-
(ou melhor, nos ossos) as dores provocadas
coço) e o cócix (imediação das nádegas).
A prevenção para a artrite reumatóide na coluna passa por medidas simples,
pela artrite. Mas eles não são os únicos: quem
A lista de fatores que põem a coluna em
como realização frequente de exercícios
passou por algum tipo de trauma (um aciden-
risco é extensa e inclui má postura no sen-
físicos, redução do peso, uso de calçados
te doméstico, por exemplo), contraiu algum
tar e no andar, excessos na prática desporti-
confortáveis e adoção de postura corre-
tipo de agente infeccioso ou sofreu desgas-
va, uso de salto alto, enfraquecimento das estru-
ta ao andar e sentar. O tratamento passa
te nas juntas (devido a excessos desportivos
turas ósseas provocadas pelo tempo e pela
por medicamentos, fisioterapia e exercí-
ou má postura) também conhecem de perto
descalcificação, excesso de peso, aumento
cios.
21
EM DEBATE
Vacinação em adolescentes previne câncer do colo uterino Especialista defende a vacinação em massa do público infanto-juvenil
A
cada dois minutos, uma mulher é
diagnosticada no mundo com
câncer de colo do útero. No Brasil,
segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados, em 2013, nada menos que 17,5 mil novos casos de câncer desse tipo em mulheres. O colo do útero é a porção inferior e estreita do útero, que une o órgão à vagina e tem como função proteger a cavidade pélvica de agentes patogênicos. Alagoas também reflete os números
Mastologista e oncologista da Santa Casa de Maceió, João Aderbal
do Inca. Segundo o Registro Hospitalar de Câncer (RHC) da Santa Casa de Maceió, entre
sáveis pelos casos de câncer do colo uterino.
2000 e 2011, o câncer de colo do útero lide-
A vacina deve ser administrada entre
rou a lista das dez neoplasias mais fre-
os 12 e 16 anos, o que não dispensa as con-
superando o câncer de mama, que no período verificou 2.570 casos. “Vale destacar que os números do RHC refletem com fidelidade a realidade alagoana e mostram a excelência da instituição também quanto às estatísticas sobre o câncer”, disse o mastologista e oncologista da Santa Casa de Maceió, João Aderbal. Mas, como prevenir o câncer do colo uterino? João Aderbal aponta dois caminhos: a realização periódica de exames como o papanicolau, disponíveis em postos de saúde e
22
“
As autoridades precisam entender que sai mais barato prevenir hoje, com a vacinação, do que remediar, no futuro, com tratamento contra o câncer de colo uterino
“
quentes no período, com 3.030 casos,
ples, o que explica os altos números de cancêr neste órgão feminino? “O primeiro fator é o preço da vacina que pode prevenir o vírus do HPV. Três aplicações da vacina custam, na rede privada, entre R$ 750,00 e R$ 1.200,00. Esse alto custo vem dificultando a vacinação massiva. A questão é que, se o governo não investir em prevenção, agora terá que arcar no futuro com o custo do tratamento do câncer, que é igualmente alto. Ou seja, sai mais barato prevenir do que remediar”, argumentou o especialista. O câncer de mama já supera o de colo uterino nas estatísticas. Segundo o RHC, em 2011, a Santa Casa de Maceió registrou 205
consultórios particulares, e a vacina em massa
sultas periódicas ao ginecologista e o
novos casos de câncer de mama contra
contra o vírus HPV, um dos principais respon-
exame papanicolau. Mas, se a solução é sim-
189 do colo do útero.
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Congresso Multidisciplinar de 2012 reuniu profissionais de diversas áreas da saúde
EVENTO
Congresso Multidisciplinar em AL confirmado para novembro
A
Santa Casa de Misericórdia reali-
a ótica da transdisciplinaridade, atualiza-
sobre as repercussões da doença no
zará, no período de 8 a 9 de
ção em Oncologia através de conferên-
paciente e em seus familiares.
novembro de 2013, o seu III
cias, mesas-redondas, colóquios e dis-
A Organização Mundial da Saúde
Congresso Multidisciplinar, com o tema
cussões com renomados especialistas da
(OMS) estimou que, no ano 2030, podem
"Avanços em Oncologia". O evento está
área de Alagoas e de outros estados, bem
ser esperados 27 milhões de casos inci-
sendo programado pela Direção Médica e
como do exterior.
dentes de câncer, 17 milhões de mortes por
pelos diversos segmentos que compõem o
O público-alvo do evento é constituí-
câncer e 75 milhões de pessoas vivas,
Serviço de Oncologia da Santa Casa, fazen-
do de estudantes de graduação e de pós-
anualmente, com câncer. O maior efeito
do parte da Comissão Organizadora o dr.
graduação, além de profissionais de todas
desse aumento vai incidir em países de
Artur Gomes Neto, a dra. Andréa A. de
as áreas da Saúde, que poderão aprofun-
baixa e média rendas, como o Brasil. Esses
Albuquerque, o dr. Marcos Davi Melo, den-
dar seus conhecimentos quanto ao diag-
números justificam a importância de um even-
tre outros.
nóstico e ao tratamento das mais variadas
to como esse para os profissionais de
formas de expressão do câncer, bem como
Saúde do Estado de Alagoas.
O objetivo do evento é promover, sob
23
NOVO DESAFIO
Santa Casa abre caminho para a Acreditação Internacional Certificação canadense ocorrerá em paralelo à Acreditação brasileira
A
pós se tornar uma das cinco Santas Casas no País certificada segundo as normas da Organização Nacio-
nal de Acreditação (ONA), a Santa Casa de Maceió se prepara agora para dar mais um
passo em direção à qualidade e à assistência segura ao paciente: a Acreditação Canadense Internacional (ACI). A convite do provedor Humberto Gomes de Melo, o superintendente do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Rubens Covello, e a consultora do IQG, Mara Machado, estiveram em Maceió, em momentos distintos, para apresentar o modelo de Acreditação
Rubens Covello, superintendente do Instituto Qualisa de Gestão
Canadense (Qmentum) a diretores, gerentes, coordenadores e líderes da instituição.
Acreditação Canadense Internacional ocor-
Significa identificar antecipadamente quais são
Na abertura dos dois encontros, o pro-
rerão em paralelo aos preparativos para o
os riscos possíveis durante o atendimento
vedor Humberto Gomes lembrou que a
Nível 3 da Acreditação, que será auditado
de um paciente e estimular a melhoria con-
Acreditação da Santa Casa de Maceió junto
pelo IQG no final do ano.
tínua dos processos internos, a fim de evitar
à ONA foi conseguida graças ao empenho pessoal e coletivo dos colaboradores.
que esses riscos gerem danos. ACREDITAÇÃO
“Agora, está nas mãos de cada um de
Mas, afinal de contas, o que é a Acredi-
gestão e de assistência mais transparentes
vocês atingirmos mais esse objetivo”, disse
tação? Conforme citou o superintendente
e seguras, já que envolvem a verificação diá-
o executivo, lembrando que a instituição
do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Rubens
ria de atividades e serviços em comparação
gerou mais de mil novos empregos nos dez
Covello, a título de comparação, a Acredita-
a padrões de excelência conhecidos.
anos de sua gestão na Santa Casa de
ção representa, para todos os hospitais, o
Maceió, o que fez da entidade a maior em-
que a ISO é para o mercado corporativo.
pregadora do Estado na última década.
O Certificado de Acreditação, concedido aos hospitais após auditoria, é con-
“Trata-se de um processo que as orga-
ferido por agências independentes e idô-
Segundo Luís Cláudio Albuquerque,
nizações de saúde utilizam para avaliar e
neas, como a brasileira Organização
gerente da Qualidade e Planejamento da Santa
implementar a segurança dos serviços pres-
Nacional de Acreditação (ONA), fundada
Casa de Maceió, os trabalhos visando à
tados ao paciente”, resumiu Rubens Covello.
em 1999.
Revista da Santa Casa de Maceió
24
A Acreditação se traduz em práticas de
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História: canadenses divergiram dos norte-americanos Nos Estados Unidos, pioneiro nesse campo, o primeiro manual de padrões mínimos para a assistência hospitalar data de 1917, e a primeira organização acreditadora - a entidade independente américo-canadense Joint Commission on Accreditation of Hospitals (JCAH) – de 1951. Em 1952, a JCAH publica o primeiro Manual de Padrões para Acreditação Hospitalar e, em 1959, a Associação Médica Canadense desliga-se do comitê americano
Diretor-médico Artur Gomes Neto, provedor Humberto Gomes e Rubens Covello
para fundar sua própria organização acreditadora, focada na segurança do paciente.
nal certificadora destinada às agências acre-
tro pilares: a segurança do paciente, o envol-
A diferença entre americanos e cana-
ditadoras nacionais, como a ONA. Essa enti-
vimento com o entorno, o conceito de times
dade denominou-se ISQua.
[de trabalho] e o planejamento estratégico”,
denses está no fato de que os médicos americanos centram suas atenções nos
Atualmente, 43 instituições estão em dife-
resultados, quando o foco dos canadenses
rentes níveis de certificação pela ACI, das quais
Denominado Programa Qmentum Inter-
é a segurança do paciente, daí a divergên-
apenas duas no Nordeste: uma em Sergipe e
nacional (Qualidade no momento), o progra-
Em sua palestra, o superintendente do IQG, Rubens Covello, explicou que hoje existem cinco organizações acreditadoras que são Modelo de Excelência Internacional, cada uma com filosofia e formatos próprios. São elas: as do Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e Japão. “E por que optamos pela Acreditação Canadense?”, perguntou o próprio Rubens Covello, respondendo em seguida. “Devido à origem multicultural do Canadá, o modelo canadense abre espaço para considerar
“
A Acreditação Canadense Internacional foca em quatro pilares: a segurança do paciente, o envolvimento com o entorno, o conceito de times [de trabalho] e o planejamento estratégico
“
cia entre os dois países.
destacou Rubens Covello.
ma canadense de acreditação aposta na redução de eventos adversos, no aumento da confiabilidade, na redução de custos e no aumento da rentabilidade, sempre focando na melhoria da qualidade e da segurança dos cuidados com o paciente, bem como no atendimento às necessidades da população. Como a Acreditação brasileira, a ACI também possui níveis diferenciados de excelência: o nível de entrada (ouro), seguido pelos de platina e diamante. Outro diferencial é a adoção de times de profissionais, a estruturação de 15 protocolos
as demandas locais, diferentemente de
outra no Ceará. Até o momento, apenas 43
que reúnem as práticas essenciais exigidas
outros modelos, onde ocorre o contrário: a
instituições de saúde brasileiras são certifica-
pelo Qmentu e a ferramenta “tracer”, que
realidade local precisa se adequar inteira-
das pela Acreditação Canadense, entre elas,
permite “tracejar” a cadeia de eventos rela-
mente às normas da agência”, citou.
os hospitais AC Camargo (SP), Barra D Or (RJ),
cionados ao paciente, que permitam identifi-
Com a adesão de diversos países à
Quinta D Or (RJ), Pro Cardíaco (RJ), 9 de Julho
car evidências que possam melhorar os pro-
Acreditação Canadense Internacional (ACI)
(SP), dentre outros. “Essencialmente, a Acre-
cessos de qualidade e segurança dos cuida-
foi necessário criar uma entidade internacio-
ditação Canadense Internacional foca em qua-
dos assistenciais.
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25
“EXEMPLO PARA FILANTRÓPICAS”
Sindhospe destaca gestão da Santa Casa de Maceió
O
presidente do Sindicato dos Hos-
comum como se fosse uma coisa privada”,
pitais de Pernambuco (Sindhospe),
acrescentou.
Mardônio Quintas, revelou-se
Perguntado sobre a situação das Santas
“impressionado”, segundo suas próprias
Casas em Pernambuco, o executivo afir-
palavras, com o que viu na Santa Casa de
mou que as instituições locais ainda não
Maceió. O líder sindical visitou o complexo
conseguiram trazer a lucratividade do setor
hospitalar da instituição em Maceió, onde
privado para oxigenar o déficit público,
se encontrou com o corpo de gerentes e
seguindo o modelo da Santa Casa de
conheceu os sistemas de controle de logís-
Maceió. “Hoje, as contas dessas unidades
“
tica, financeiro e assistencial da Santa Casa “O termo exato para definir o meu sentimento após essa visita é impressionado”, resumiu Mardônio Quintas. “Toda a sociedade deveria participar desse trabalho hercúleo que Humberto Gomes consegue fazer aqui, equilibrando os valores notoriamente deficitários do SUS com a rentabili-
26
Toda a sociedade deveria participar desse trabalho que Humberto Gomes realiza aqui, equilibrando os valores notoriamente deficitários do SUS com a rentabilidade dos convênios, o que não é tarefa fácil
“
de Maceió.
ainda não fecham. É preciso investir na qualidade dos serviços e conquistar a credibilidade da rede conveniada e dos pacientes, já que os valores do SUS, por si só, não cobrem as demandas dos hospitais”. Para finalizar, Mardônio Quintas lembrou outro item importante na receita para fazer um hospital tornar-se viável. “Ter
dade dos convênios, o que também não é
um talento administrativo à frente da insti-
tarefa fácil. Isso deve ser motivo de orgu-
tuição, como dr. Humberto, que permita
lho para a sociedade alagoana”, elogiou o
montar uma equipe qualificada e que apre-
presidente do Sindhospe, acrescentando:
sente resultados. É isso que a sociedade con-
“Humberto Gomes vem conseguindo
temporânea espera de todos nós: resulta-
provar que é possível administrar um bem
dos”, concluiu.
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Mardônio Quintas (Sindhosp-PE), Humberto Gomes de Melo (Santa Casa de Maceió/Fenaess) e Hélio Laranjeiras (Escola Técnica Residência Saúde) defronte ao Polo de Ensino de Maceió
TECNOLOGIA
alta hospitalar, dentre outros. Mardônio Quintas conheceu também o
Ao visitar a Santa Casa de Maceió, o
sistema inteligente de armazenamento e con-
presidente do Sindhospe, Mardônio
trole de medicamentos oncológicos, adqui-
Quintas, percorreu vários setores estratégi-
rido recentemente para o Serviço de Farmá-
cos da instituição e conheceu de perto os
cia, que permite a entrada e a saída de
mais recentes investimentos realizados pela
medicamentos por meio de sensores wi-fi
instituição. Entre eles, os painéis de acom-
e ainda avisa automaticamente ao fornece-
panhamento dos pacientes, instalados nos
dor quando o nível de estoque chega a
postos de enfermagem e na Emergência
determinado patamar. O líder do Sindhosp de Pernambuco
24 Horas. Nas telas de plasma, a equipe multi-
também teve acesso a informações geren-
disciplinar tem acesso visual a todos os
ciais relativas aos repasses do SUS e de
dados e procedimentos realizados no
operadoras de planos de saúde, tabelas de
paciente, como administração de medica-
preços, processo de Acreditação, rotinas
mentos, restrições alimentares, situação de
para a assistência segura do paciente etc.
Plataforma utilizará interação em 3D O presidente do Sindhosp, Mardônio
País, qualificando atualmente mais de 20
Quintas, esteve em Maceió, em missão téc-
mil pessoas, sendo duas mil somente no polo
nica para conhecer de perto uma ferra-
de ensino da Residência Saúde em Maceió.
menta inovadora - “made in” Alagoas -, já
“O ensino a distância, até então, não
adotada pela Santa Casa de Maceió, que
usava todas as mídias ao mesmo tempo
utiliza os mais modernos métodos e tec-
– eram uma, duas, três, mas não todas no
nologias de aprendizagem a distância e
mesmo sistema. Mas aqui, em Alagoas,
presencial. A plataforma chama-se Sistema
conseguimos desenvolver um sistema que
de Ensino Multidirecional, e seu raio de
une todas, focando no real sentido de
atuação alcança hoje mais de 150 cidades
inclusão educacional, principalmente em
do País.
regiões distantes dos grandes centros”,
Desenvolvida pelo procurador de
explica.
Estado e empresário Hélio Laranjeiras há
Agora, Hélio Laranjeiras está próxi-
cerca de dez anos, a ferramenta une recur-
mo de dar mais um importante passo na
sos multimídia, transmissão via satélite
atualização de sua plataforma. A adoção
e um método de ensino multidirecional.
do sistema de interação em 3D, onde o
É uma espécie de terceira via, situada
aluno pode se sentir, de fato, em um posto
entre o presencial e o ensino a distância,
de enfermaria, manuseando seringas ou
com a participação de tutores e ferra-
preparando medicamentos por meio de ócu-
mentas de comunicação disponíveis em
los especiais e defronte a um sensor que
milhares de salas de aula espalhadas pelo
permite a interação com as imagens.
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27
PEDRA NA VESÍCULA
Mulheres em idade fértil são alvo do cálculo biliar Pacientes podem conviver com cristais na vesícula sem sentir dor
A
literatura médica revela que, entre 10% e 20% das pessoas com idade entre 35 e 65 anos, têm cál-
culos (pedras) na vesícula. A má notícia
para as mulheres é que a doença afeta mais o público feminino e em idade fértil que os homens. Algumas das possíveis causas para isso são o descontrole hormonal, o uso de contraceptivos, o efeito sanfona (processo constante de ganho e perda de peso) provocado por dietas, maus hábitos alimentares, como a ingestão excessiva de gorduras e carboidratos, entre outras. Além disso, patologias como a diabetes e a obesidade também elevam o risco de contrair cálculo na vesícula.
Cirurgião Robério Melo, coordenador de Cirurgia da Urgência 24 horas
A vesícula biliar é um órgão cuja fun-
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ção é armazenar a bile produzida pelo
75% dos casos de formação de cálculos.
“A crise de cólica persiste enquanto a
fígado e lançá-la quando a comida conten-
Por isso, o excesso de gordura na alimen-
pedra permanecer no duto. No entanto, é
do gordura entra no trato digestivo. O pro-
tação pode afetar a vesícula.
comum voltarem à vesícula ou serem
blema é quando surge o cálculo biliar, que
Os cálculos (cristais) que se formam
empurradas para o intestino. Quando isso
nada mais são do que cristais agrupados
na vesícula biliar podem não causar sin-
ocorre, a crise dolorosa diminui”, esclare-
na vesícula, que podem ser pequenos como
tomas num primeiro momento, mas, quan-
ce Robério Melo. “A dor normalmente apa-
um grão de areia ou grandes como uma
do ficam presos no duto biliar e bloqueiam
rece meia hora após uma refeição, atinge
bola de gude”, disse o cirurgião Robério
o fluxo da bile para o intestino, as dores
um pico de intensidade e depois diminui,
Melo, coordenador de Cirurgia da Urgência
são inevitáveis. Essa obstrução provoca a
podendo ou não haver febre, náuseas e vômi-
24 horas.
cólica biliar, que se caracteriza por dor
tos”, alerta.
A bile produzida no fígado é uma mis-
intensa no lado direito superior ao abdo-
A dor começa no estômago e surge
tura de várias substâncias, entre elas, o
me, nas costas e até mesmo na região
sem prévio aviso. Quando se torna mais
colesterol, que é responsável por cerca de
entre as omoplatas.
aguda, é sentida também na região das últi-
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mas costelas à direita. O desconforto dimi-
Muitos fatores podem alterar a com-
sedentária, que eleva o LDL (mau coleste-
nui e aumenta de intensidade como uma
posição da bile e acionar o gatilho de for-
rol) e diminui o HDL (bom colesterol); dia-
cólica, e acaba irradiando-se pelo abdome
mação dos cálculos na vesícula. Alguns
betes, obesidade, hipertensão (pressão
dendo da gravidade do caso, o paciente pode até sentir enjoos e vômitos. Esse cenário de dor e desconforto pode ser indicativo de várias doenças que apresentam sintomas semelhantes, daí a necessidade de buscar auxílio de um médico clínico tão logo surjam os primeiros sintomas. Na lista de patologias estão desde o cálculo renal (que provoca dores terríveis, segundo relato de médicos e pacientes) até mesmo os prosaicos gases,
“
Os cristais agrupados na vesícula podem ser pequenos como um grão de areia ou grandes como uma bola de gude
“
superior e pelas costas. Em seguida, depen-
alta) e tabagismo (fumo); uso prolongado de anticoncepcionais; predisposição genética; e elevação do nível de estrogênio, o que explica a incidência maior de cálculos biliares em mulheres. “É importante a mulher discutir com o médico a conveniência de tomar pílulas anticoncepcionais ou fazer reposição hormonal”, orienta Robério Melo. O tratamento adequado é a cirurgia por videolaparoscopia, que requer um dia de internação hospitalar. Outras opções são o uso de
que incomodam quem convive com o pro-
desses fatores são dieta rica em gorduras
ondas de choque e medicamentos, porém
blema.
e carboidratos e pobre em fibras; vida
sem resultados promissores.
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ARTIGO
Anabolizantes: perigo em todas as idades Dr. George Toledo (*) O uso indevido de anabolizantes pode acarretar inúmeros problemas: Em homens e adolescentes: redução da produção de esperma, impotência, dificuldade ou dor em urinar, calvície e crescimento irreversível das mamas (ginecomastia). Em mulheres e adolescentes: aparecimento de sinais masculinos, como engrossamento da voz, crescimento excessivo de pelos no corpo, perda de cabelo, diminuição dos seios, pelos faciais (barba). Em pré-adolescentes e adolescentes de ambos os sexos: finaliza, prematuramen-
OS EFEITOS Além do crescimento dos músculos e da disposição para os exercícios, os anabolizantes provocam uma série de efeitos negativos no organismo CABEÇA > derrame (acidente vascular cerebral dependência de anabolizantes >irritação e agressividade >insônia >queda de cabelo >oleosidade no cabelo ROSTO >espinhas >oleosidade na pele CORAÇÃO >arteriosclerose (acúmulo >de gordura nos vasos >sanguíneos) >enfarto >colesterol alterado FÍGADO >câncer >insuficiência hepática >nódulos benignos
BRAÇO doenças infecciosas, como HIV e hepatite (pelo uso de seringas compartilhadas), e lesões (tendoês e ligamentos não acompanham o crescimento dos músculos
TESTÍCULOS >atrofia dos testículos e redução de esperma >aumento de próstata e impotência >infertilidade e apetite sexual exagerado >dor ao urinar
te, o crescimento, deixando-os com estatura baixa para o resto de suas vidas. Em homens e mulheres de qualquer idade: aparecimento de tumores (câncer) no fígado, perturbação da coagulação do sangue, alteração no colesterol, hipertensão, ataque cardíaco, acne, oleosidade do cabelo e aumento de agressividade, que
EM MULHERES >crescimento de pêlos no corpo >engrossamento da voz >alteração ou interrupção do ciclo menstrual >diminuição dos seios
pode manifestar-se em brigas. Usuários que injetam esteróides
B e C. Há, ainda, o problema com pre-
deixar sua Genética agir, uma malhação
anabolizantes com técnicas inadequa-
parações ilegais dessas drogas, as quais
com disciplina, alimentação adequada e orien-
das e não-estéreis (livre de contamina-
são elaboradas em condições não esté-
tação com um profissional especializado.
ção) ou dividem agulhas contaminadas
reis, colocando em risco a saúde dos
O seu coração vai agradecer.
com outros usuários correm o risco de
que as utilizam.
contrair infecções como HIV e hepatites
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EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES >baixa estatura (ossos deixam de crescer) >aceleração da puberdade (desenvolvimento precoce das características sexuais)
Portanto, nada mais “natural” do que
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(*) é cardiologista e médico clínico