Residência Geminiano Crispim - Arquitetura Moderna

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RESIDÊNCIA

GEMINIANO CRISPIM

Croqui de Letícia Amorim


UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA CIVIL – UAEC CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Anamnese da Residência

Geminiano Crispim

Alana Soares Evandro Rosas Valesca Caroline

Projeto de Arquitetura V Prof. Dra. Alcília Afonso

Campina Grande 2021


APRESENTAÇÃO O presente trabalho propõe-se a levantar e analisar dados e informações acerca da obra já previamente apresentada, buscando compreender seu valor arquitetônico e a importância e os benefícios de conservá-lo enquanto patrimônio material moderno da cidade de Campina Grande-PB. Para a análise do objeto foi adotado a metodologia AFONSO, Alcília (2019), que define 3 etapas (contextualização, caracterização e diagnóstico) que nortearão toda a anamnese. Elas são subdivididas em sete dimensões: lógicas (normativa, histórica, espacial, funcional, formal e conservação).


ÍNDICE ETAPA 1 07

Ficha Resumo

13

Introdução

17

Dimensão Normativa

21

Dimensão Histórica

33

Dimensão Espacial

39

Dimensão Tectônica

53

Dimensão Funcional

57

Dimensão Formal

63

Conservação

ETAPA 2 69

Ficha Técnica

73

Autores


Inserção

77

Material de Projeto

81

Tectônica

89

Patologias

93

Intervenções Pontuais

97

Intervenção Principal

107

Diretrizes Gerais

115

ETAPA 3 Descrição

121

Programa e Fluxograma

125

Zoneamento

129

Referências Bibliográficas 134


ETAPA 1


ANÁLISE DAS DIMENSÕES


07


FICHA RESUMO


ANÁLISE DAS DIMENSÕES ARQUITETÔNICAS DO OBJETO

09


OBJETO

DIMENSÃO

Nome: Residência Geminiano Crispim Autor: José Cavalcante de Figueiredo Endereço: Av. Getúlio Vargas X R. Nilo Peçanha, 1160 - Prata Ano: 1964 DADOS COLETADOS

FONTES (Primárias, secundárias, orais)

PRODUTOS

Legislação Urbana

Inserido na Zona de Qualificação Urbana, de acordo com a lei municipal do Plano diretor de Campina Grande, 2006

Mapa de inserção, planta de locação e planta de situação.

Lei N° 5410/13 – Código de Obras de Campina Grande

Instruções referente à edificação

GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Trabalho de Conclusão de Curso. Campina Grande, CAU/UFCG, 2018. (secundária)

Recortes de inserção, projetistas, proprietário, conexões, etc.

PMCG. Arquivo Municipal de Campina Grande: Residência Geminiano Crispim de Farias, 1964. (fonte primária) Visita In loco. (fonte primária) GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Trabalho de Conclusão de Curso. Campina Grande, CAU/UFCG, 2018. (fonte secundária) BARBOSA, Allyson. Inventário Moderno de Campina Grande: Residências Modernas. Trabalho para disciplina de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo IV, UFCG, 2017. (fonte secundária) Fotografias de Letícia Amorim e Allyson Barbosa. (fonte secundária) Google Maps e Google Street View. Campina Grande, 2021. (fonte secundária)

Redesenho do projeto original, reconstrução virtual e análise arquitetônica.

Análise in loco (primária)

Análise de patologias (FIDS + mapas de danos) + prognóstico (diretrizes ou projeto)

Legis. Patrimonial NORMATIVA

Legis. Ambiental Outras Obra

HISTÓRICA Autor Externa ESPACIAL Interna Estrutura de Suporte Coberta TECTÔNICA

Peles Detalhes Materiais

FUNCIONAL FORMAL Gestão CONSERVAÇÃO

Conservação Física

10


11

ANÁLISE RESUMIDA INICIAL

Legis. Urbana

A residência Geminiano Crispim, Campina Grande-PB, está inserida na Zona de Qualificação Urbana (ZQU).

Legis. Patrimonial

A residência Geminiano Crispim, Campina Grande-PB, não está protegido sob nenhuma normativa de proteção ao patrimônio em nível nacional (IPHAN), estadual (IPHAEP) ou em nível municipal.

Legis. Ambiental

A residência Geminiano Crispim, Campina Grande-PB, não se encontra em nenhuma zona especial de preservação ambiental ou área de risco.

Outras

A residência Geminiano Crispim, Campina Grande-PB, está de acordo com os parâmetros urbanísticos previstos para a zona de qualificação urbana definidos pelo código de obras municipal vigente.

Obra

A origem da obra ocorre em 1964, quando Geminiano Crispim de Farias decide realizar uma ampliação de sua residência. Essa ampliação renovou quase por completo a antiga casa.

Autor

Engenheiro José Cavalcante de Figueiredo

Externa

A casa encontra-se sob um terreno de esquina de aprox. 20,40x39,70m. Se trata de uma construção linear, de fachada frontal de menor dimensão voltada para sul e fachadas laterais mais extensas no sentido leste e oeste. O terreno possui desnível considerável, contudo foi realizado aterro e a planta da casa encontra-se em um mesmo nível. A orientação das fachadas está de acordo com a melhor aproveitamento dos ventos e orientação solar.

Interna

A distribuição dos ambientes em planta ocorre através dos setores social, íntimo e de serviços. Cada setor agrupa os ambientes característicos desses tipos de uso. A área social está conectada ao acesso principal, de pedestre, da casa e o setor de serviços abriga a garagem e se conecta ao acesso secundário, que ocorre pela R. Nilo Peçanha.

ESPACIAL

HISTÓRICA

NORMATIVA

DIMENSÃO


ANÁLISE RESUMIDA INICIAL

A residência é construída a partir do concreto armado convencional. A partir da planta baixa é possível identificar modulação apenas no sentido longitudinal, enquanto no sentido transversal há pilares de tamanhos e espaçamentos variados.

Coberta

É composta por um telhado de 4 águas em platibanda. Além de avançar um pouco além da construção para proteger a casa da insolação, uma parte do telhado foi retirada e substituída por um pergolado que avança sob o terraço e serve para iluminar a entrada principal.

Peles

A composição de peles é rica e diversificada. Há esquadrias que intercalam vidro com venezianas de madeira, revestimentos cerâmicos e de pedra.

Detalhes

O primeiro detalhe que chamou atenção da equipe foi a concepção das esquadrias de fachada compostas de vidro e venezianas de madeira.

Materiais

As cores e texturas foram amplamente exploradas no projeto. Desde o muro de pedra, comum à época, ao plano da fachada feito em mosaico de pedras brancas, laranjas e cinzas, às prateleiras cerâmicas verdes no jardim interno e ao piso do terraço preto e branco. Como o nome já diz, originalmente a obra foi pensada para uso residencial e assim seguiu seu uso. No entanto, pesquisas recentes do grupo mostraram que a casa, depois de passar alguns anos abandonada, vem sendo ocupada e usada como sede do escritório de arquitetura 5SENSE. Pode-se dizer que a obra possui uma linguagem moderna, uma vez que adota os princípios da modernidade. Contudo, se trata de uma linguagem moderna com adequação ao clima regional de Campina Grande.

CONSERVAÇÃO

FUNCIONAL

Estrutura de Suporte

FORMAL

TECTÔNICA

DIMENSÃO

Gestão

Em termos legais, a casa não está protegida sob legislação patrimonial em nenhum nível. Contudo, não está mais abandonada, mas sim servindo como sede de um escritório de arquitetura.

Conservação Externamente, a construção parece estar bem preservada. Os jardins, planos de fachadas e esquadrias estão em bom estado. Física 12


13


INTRODUÇÃO


OBJETIVO Segundo o arquivo municipal de Campina Grande, a obra estudada surgiu do desejo do proprietário Geminiano Crispim de Farias de fazer uma ampliação de sua residência. Para isso, contrata o engenheiro José Cavalcante que, sob os moldes e princípios modernos, transforma a casa em um exemplar do que hoje se compreende como arquitetura moderna campinense. 15

Foto de Letícia Amorim, 2017


ANÁLISE DO OBJETO PATRIMONIAL

CONTEXTUALIZAÇÃO Dimensão Normativa Dimensão Histórica

CARACTERIZAÇÃO Dimensão Espacial Dimensão Tectônica Dimensão Funcional Dimensão Formal

DIAGNÓSTICO Dimensão da Conservação

AFONSO, Alcilia (2019)

METODOLOGIA Método para análise de obra arquitetônico. Nele, a profª Dra. Alcília Afonso define sete dimensões lógicas que vão estruturar a primeira etapa da análise, que consiste na anamnese do objeto. 16


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DIMENSÃO NORMATIVA


INSERÇÃO

Brasil

Paraíba

Distrito Campina Grande

Município de Campina Grande

INSERÇÃO DO LOTE

De acordo com o zoneamento urbano definido pelo plano diretor de Campina Grande (2006), A obra estudada encontra-se na Zona de Qualificação Urbana (ZQU). Portanto, segundo código de obras, os parâmetros urbanísticos para a ZQU são: Recuo frontal, 4,0m; Recuo Lateral, 1,5m; Taxa de Ocupação (TO), 60%; Taxa de Permeabilidade (TP), 20%. Diante disso, pôde-se constatar que a residência ainda respeita os parâmetros urbanísticos vigentes. Fonte: Seplan. Adaptado. 2021 19


ha Peça n lio Va

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R. Nil o

Av. G etú

Fonte: google maps. Adaptado. 2021

Obra: Residência José Geminiano Crispim de Farias Proprietário: Geminiano Crispim de Farias Projeto: Engenheiro Civil José Cavalcante de Figueiredo Construção: Engenheiro Civil José Cavalcante de Figueiredo Ano: 1964 Localização: Av. Getúlio Vargas X R. Nilo Peçanha, 1160. Área do Terreno: 800 m² Área Construída: 532 m² 20


21


DIMENSÃO HISTÓRICA


OBRA A origem da obra ocorre em 1964, quando Geminiano Crispim de Farias e sua família decidem realizar a ampliação de sua residência. Para isso, contrataram o Engenheiro Civil José Cavalcante de Figueiredo, que foi projetista e construtor. José de Figueiredo então executou uma grande reforma, pautada em princípios da arquitetura moderna, que fez a casa abandonar sua antiga linguagem Déco. Após passar alguns anos sem uso, atualmente (2021) a casa abriga a sede do escritório de arquitetura 5SENSE em Campina Grande. 23


Arquivo municipal, PMCG, 1964 24


PROPRIETÁRIO Geminiano Crispim de Farias era o dono do imóvel em 1964. Foi ele que encomendou o projeto ao engenheiro civil José C. de Figueiredo. Sabe-se que ele possuía armazéns de agave/Sisal que se localizavam próximo da residência, na Rua Conde D’eu, bairro de Monte Santo. Esses armazéns depois passaram à Crispim Companhia Paraibana de Sisal, na década de 50, que foi a primeira fábrica de sisal de Campina Grande. Posteriormente a fábrica se transferiu para a BR 104, Km 67. Distrito industrial de Queimadas. Ela já encerrou suas atividades. 25

Arquivo municipal, PMCG, 1964


PROJETISTA O Engenheiro José Cavalcante de Figueiredo nasceu em Campina Grande em 06 de Março de 1935 e faleceu em 04 de fevereiro de 1985, em virtude de um infarto fulminante. Foi uma personalidade muito ativa no meio acadêmico de Campina Grande. Foi aluno da primeira turma da escola politécnica da Universidade Federal da Paraíba, concluindo o curso de Engenharia Civil em 1958. Dentre as tantas profissões que exerceu, Foi professor em vários momentos da vida, reitor da Universidade Regional do Nordeste (Atual UEPB), engenheiro superintendente de obras e urbanismo da prefeitura municipal de Campina Grande e presidente do Treze Futebol Foto: blog Retalhos históricos de Campina Grande Clube. 26


PLANTA ANTERIOR À REFORMA “GEMINIANO CRISPIM DE FARIAS, brasileiro e residente nesta cidade, desejando fazer um acréscimo em sua casa residencial cita as ruas: Getulio Vargas x Nilo Peçanha, nº 1106, Bairro Central, nesta cidade, com uma área de 172,54m² a construir, vem muito respeitosamente solicitar de V.S. mandar o Departamento de Planejamento e Urbanismo (D.P.U) extrair o respectivo alvará de licença para o serviço acima discriminado. (Nota: É claro que o deferimento desta petição não implica no reconhecimento por parte da Prefeitura, de direito da propriedade, do terreno e do imóvel em apreço. 27


PLANTA DE COBERTA SELO DE APROVAÇÃO

Arquivo Municipal PMCG. 1964

“Declaro que a aprovação do projeto não implica na Prefeitura, digo, por parte do reconhecimento no direito de propriedade e do imóvel em aprêço” 28


PLANTA BAIXA 29


Arquivo Municipal PMCG. 1964 30


CORTES E ELEVAÇÕES 31


Arquivo Municipal PMCG. 1964 32


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DIMENSÃO ESPACIAL


Foto de Letícia Amorim, 2017 35


ESPACIAL EXTERNA

Croqui de Letícia Amorim, 2017

A obra está inserida sob um terreno de esquina de aproximadamente 20,40x39,70m. Ela possui uma distribuição linear, com a fachada frontal, de menor comprimento, voltada para o Sul e suas fachadas laterais, mais alongadas, voltadas a Leste e Oeste. A implantação prioriza a ventilação e a orientação solar. Mesmo havendo desnível notável no terreno, a casa encontra-se em um só nível. Enquanto o acesso pedestre conectar a residência a Av. Getúlio Vargas por uma escada, o acesso de automóvel encontra-se no nível da R. Nilo Peçanha. Percebe-se que o projetista preocupava-se com a relação entre o público e privado. O jardim e o alpendre gera permeabilidade visual e uma transição sutil do interior para o exterior e vice versa. 36


Foto de Letícia Amorim, 2017 37


ESPACIAL INTERNA

fonte: Arquivo Municipal. Adaptado. 2021

A distribuição em planta ocorre através dos setores social, íntimo e de serviços. A organização de cada setor mostra que esse foi um ponto norteador para o projetista. O setor de serviços, posicionado no fundo do terreno, isolado por um jardim interno. Além de impactos na forma, o pátio interno é uma solução favorável ao conforto térmico. O alpendre contido na zona social amplia o interior e o conecta com o jardim. A cozinha fica próxima da garagem e facilita o descarregamento de compras. Pode-se dizer que o zoneamento e distribuição do programa obedecem a uma hierarquia de privacidade que permite uma versatilidade de formas de ocupação mais privativas sem perder a conexão com o espaço interno. 38


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DIMENSÃO TECTÔNICA


ESTRUTURA DE SUPORTE

A residência é construída a partir do concreto armado convencional. Observando a planta baixa e o corte longitudinal da casa foi possível identificar que há uma trama de eixos que ordenam o programa no sentido longitudinal. Contudo, essa trama não é obedecida de maneira transversal, podendo haver pilares de tamanhos, espaçamentos, e posicionamentos variados. 41


COBERTA

fonte: Arquivo Municipal. Adaptado. 2021

Aqui mais uma vez se observa a influência moderna do projetista. A coberta é composta por um telhado de 4 águas em platibanda, além dela avançar um pouco além da construção para proteger a casa da radiação solar direta. Por fim, um trecho do telhado foi recortado e substituído por um pergolado que avança sob o terraço justamente onde está posicionada a entrada principal da casa. Essa solução ajuda não a iluminar a entrada principal como trazer mais iluminação para a sala. 42


PELES A obra possui um acervo amplo de peles, sendo possível identificar algumas composições de madeira, vidro e pedra bastante interessantes. Logo na fachada frontal há uma esquadria que intercala vidro com venezianas de madeira. Dessa forma, ela traz mais iluminação natural para dentro dos ambientes sem que haja tanta perda de privacidade. Ainda na fachada, é possível ver um painel de pedras, que confere regionalismo à obra, e um plano de alvenaria todo revestido com um azulejo da época. Adiante, um ponto que salta os olhos são os revestimentos dos banheiros, ambos com pedras. 43


Fotos de Letícia Amorim, 2017 44


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Fotos de Letícia Amorim, 2017 46


DETALHES A atenção do projetista aos detalhes, à qualidade dos acabamentos, é evidente. Nesse sentido, os detalhes das luminárias usadas, das estruturas das esquadrias e da pérgola na entrada da edificação atraíram os olhares da equipe. Percebe-se que o autor da obra preocupava-se bastante com os efeitos e potencialidades da iluminação no espaço interno e que possuía sensibilidade para o assunto. As arandelas nos banheiros são o retrato e a prova de tudo isso. Foto de Letícia Amorim, 2017 47


Fotos de Letícia Amorim, 2017 48


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Fotos de Letícia Amorim, 2017 50


MATERIAIS As cores e texturas foram amplamente exploradas no projeto. Neste sentido, a obra tem uma expressão rica e regional. Outra vez, constata-se a intenção do projetista de fazer uma arquitetura a partir do princípios modernos, mas que não rejeita a identidade, o desempenho físico, apropriado para o clima local, e a estética dos materiais locais.

GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Pág. 174. 2017. 51

“Revestimentos pétreos se entendem por todo desenho paisagístico, orientando caminhos e limitando áreas de vegetação. Até mesmo a calçada da edificação por revestida por mosaicos de pedras em tons de preto e branco.”


Fotos de Letícia Amorim, 2017 52


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DIMENSÃO FUNCIONAL


FUNCIONAL

GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Pág. 178. 2017.

“Projetada inicialmente com linguagem Art Decó, a Residência Crispim passou por modificações para ampliação e “modernização” do programa, num contexto comum ao bairro Prata como um todo, já que muitas petições de reforma e cunho semelhante, foram encontradas durantes pesquisas no Arquivo Municipal. Encontra-se sem uso, guardando apenas alguns objetos da família.” Em pesquisas recentes realizadas pela equipe, após longo tempo de abandono, a residência virou sede do escritório de arquitetura 5SENSE em 2020 e permaneceu como tal até a metade de 2021. Em julho de 2021 o 5SENSE estava de mudança para Fortaleza-CE. Atualmente, um dos filhos de Geminiano Crispim, Felipe Crispim, arquiteto, reside na casa.

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DIMENSÃO FORMAL


ELEVAÇÕES E PERSPECTIVA

Acervo de Marjorie Garcia. Adaptado. 2021

“A utilização de paredes de apoio no alpendre, assim como a pérgola da coberta, busca dar continuidade a linearidade da edificação, ao mesmo tempo que destaca diversas texturas dispostas pontualmente para distinção de volumes e dinamicidade das fachadas. Importante citar algumas alterações feitas na fase de execução, como a inserção de uma porta com dimensões maiores e guarda corpo na fachada lateral, e aplicação de revestimento em pedra na fachada frontal, elemento plástico marcante da edificação.” GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Pág. 178. 2017. 59


DIAGRAMA DA COMPOSIÇÃO

Reconstrução virtual pela equipe. 2021. 60


CONCEPÇÃO FORMAL

GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. Pág. 178. 2017. 61

“Os princípios característicos do estilo Moderno, adaptados à realidade local, podem ser facilmente identificados na edificação em estudo, mas talvez o mais significante deles seja a utilização da fachada livre. Além deste, elementos construtivos podem ser citados, pois são característicos da modernidade campinense e buscando adaptações climáticas, tornaram-se regionais, entre eles o uso de pérgolas e revestimentos locais.”


Reconstrução virtual pela equipe. 2021. 62


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CONSERVAÇÃO


EXTERIOR

Pichações no muro

Rachaduras de piso

Resíduos de encanação no terreno

PATOLOGIAS O trabalho busca aqui um breve registro e observação acerca das patologias e atual estado apresentado pela residência. Estudos sobre a conservação serão devidamente aprofundados na próxima unidade da disciplina de projeto 5. 65


INTERIOR

Guarda Roupa Removido Revestimento danificado

Piso desgastado

Esquadria desgastada

Fotos de Letícia Amorim, 2017 66


ETAPA 2


ESTUDO DE CASO


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FICHA TÉCNICA


PROJETO ORIGINAL Obra: Residência José da Silva Netto Proprietário: José da Silva Netto Projeto: João Filgueiras Lima Ano: 1973 Localização: Setor de chácaras do lago sul, Brasília - DF Área do Terreno: 12.000 m² Área Construída: 1968 m²

INTERVENÇÃO Obra: Residência Brutalista BsB Escritório: Arquitécnika Projeto: Lutero Leme Ano: 2019 71


ArchDaily. 2019 72


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AUTORES


AUTOR DA OBRA Um dos grandes nomes da arquitetura moderna nacional e internacional, João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé, é um dos grandes mestres do concreto e precursor da pré-fabricação no Brasil. Tinha como princípios projetuais a lógica e racionalidade do materiais, a arquitetura brutalista e suas soluções arquitetônicas bioclimáticas. Lelé tem obras executadas por todo o país, sendo bastante reconhecido por seus projetos hospitalares para a rede Sarah Kubitschek. A obra estudada exprime com grande força a identidade e sensibilidade construtiva desse renomado arquiteto 75

Foto: Aeasc. 2014


AUTOR DA INTERVENÇÃO

Foto: instagram.com/luteroleme

Foto: instagram/luteroleme, 2020

Nascido em 18 de janeiro de 1959, o brasiliense Lutero Leme é graduado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB), se formando em 1982 e exerce a profissão até os dias de hoje. Funda o seu escritório Arquitécnica no ano de 1995, sediado em Brasília-DF, e têm como principal objeto de divulgação de seu trabalho o projeto estudado por essa pesquisa, a Residência Brutalista BsB, 76


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INSERÇÃO


LOCALIZAÇÃO

ADALBERTO, Vilela. A casa na obra de João Filgueiras Lima Lelé. Pág. 236. 2011. 79

“Localizada no Setor de Chácaras do Lago Sul, a Residência José da Silva Netto se anuncia serena e impávida, como um verdadeiro colosso de concreto pairado em um amplo lote no nobre bairro residencial de Brasília. Ao nos aproximarmos da casa situada ao final de uma rua sem saída, logo nos deparamos com uma cerca viva e um portão, definindo claramente os limites do espaço público e privado, sobre os quais é possível antever uma pequena parte da fachada oeste (brises) e da torre de circulação vertical.”


DF Google Earth Pro. Adaptado. 2021 80


81


MATERIAL DE PROJETO


CONCEPÇÃO VOLUMÉTRICA

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

João Filgueiras de Lima decide trabalhar dois volumes: um volume menor, preso ao solo e de apoio a casa, e outro principal de maior dimensão, que abriga a área social e íntima. Essa ideia de levantar o volume nasceu da vontade de lelé de valorizar as vistas para o terreno, que tem um jardim extenso, e liberar o térreo. 83


PARTIDO

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

“Lelé localizou a casa de José de Silva Netto no ponto mais alto do terreno, de modo a preservar o pomar ali existente e as árvores nativas de grande porte. A altura da residência, elevada 5 metros do solo, assegura a vista para o lago (norte), diretriz fundamental para definição do partido arquitetônico.” VILELA, Adalberto. 84


PAVIMENTO TÉRREO

sosbrutalism.org/cms/15890987. Acervo de Jorn Konjin.

Planta térreo do projeto original. Lelé buscou integrar todos os espaços mas respeitando a morfologia do terreno. 85


2º PAVIMENTO

sosbrutalism.org/cms/15890987. Acervo de Jorn Konjin.

Planta baixa do projeto original do pavimento superior. A malha estrutural e planta livre modulada mostram como é forte a influência da arquitetura moderna na obra de Lelé. 86


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011. 87


SOLUÇÕES

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

Pode-se ver aqui mais uma vez a característica de soluções bioclimáticas aplicadas na arquitetura de Lelé, como a orientação solar e direção dos ventos definindo a implantação, os beirais sob as principais aberturas e os brises. 88


89


TECTÔNICA


sosbrutalism.org/cms/15890987. Acervo de Jorn Konjin. 91


ESTRUTURA

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

João Filgueiras de Lima resolve o programa da residência apenas com quatro pilares robustos e um rigor modular característico característico da modernidade. Os quatro pilares então sustentam uma laje em concreto armado, que em parte é engastada nos pilares enquanto outra parte é atirantada. Esse rigor e performance estrutural possibilitou os grandes vãos e a permeabilidade visual que Lelé tanto quis preservar e valorizar nesse projeto. 92


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PATOLOGIAS


CONCRETO NECESSITANDO MANUTENÇÃO

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011. 95


ELEMENTOS OXIDADOS

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011. 96


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INTERVENÇÕES PONTUAIS


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

BRISES A intervenção retirou o painel de brises da fachada oeste deixando visão ampla do exterior em três fachadas, juntamente com um projeto luminotécnico. 99

ArchDaily. 2019


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

JARDINEIRAS

ArchDaily. 2019

As jardineiras também foram removidas para ampliar os cômodos da fachada sul, e pelo fato da laje ser atirantada foi colocado paredes de drywall, além de novas esquadrias. 100


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

PORTA Na entrada principal, foi mantida a ideia da porta pivotante, porém foi dado a ela mais imponência com o acréscimo de outro painel em madeira 101

ArchDaily. 2019


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

INTERIOR

ArchDaily. 2019

Em toda a área social do pavimento superior foi adicionado forro de gesso, mas ainda deixando as vigas aparentes. Os detalhes em madeira permitem que a identidade inicial não seja esquecida. 102


A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

PELES DE VIDRO No térreo o que antes era um grande espaço vazio tornou-se um living de apoio a área externa. Foram instalados grande fechamentos de vidro na fachada norte e oeste. 103

ArchDaily.2019


ArchDaily.2019 104


ANTES DA INTERVENÇÃO

A casa na obra João Filgueira Lima LELÉ. VILELA, Adalberto. 2011.

A partir de alto rigor de modulação, Lelé realiza o programa da casa organizando os ambientes nos setores Social, de Serviço e íntimo. Além disso, posiciona a circulação vertical de acesso ao pavimento superior no lado menos privilegiado do terreno e cria uma varanda sob o beiral para cada um dos setores e quartos. 105


DEPOIS DA INTERVENÇÃO

ArchDaily. 2019

Para o projeto de intervenção, diante do novo programa, decidiu reformular a divisão dos ambientes. De toda forma, manteve a lógica do zoneamento original (setor social, íntimo e de serviços), mas redimensionando os espaços internos e mudando alguns de seus usos. 106


107


INTERVENÇÃO PRINCIPAL


A intervenção principal trata-se de uma reorganização do programa, com o intuito de aumentar o grau de privacidade dos ambientes, além de uma ampliação que reformulou o espaço térreo. Nesse sentido, o projeto ganha um anexo juntamente com um projeto paisagístico totalmente novo. 109


Reforma de Ampliação FONTE: Archdaily 110


PERSPECTIVA

Percebe-se que o projeto de intervenção têm um caráter de Reforma e não de restauração. O estudo começa a dar indícios de que houve aqui a constituição de um caso de Falso histórico do Brutalismo 111

Archdaily. 2019


PROJETO PAISAGÍSTICO

Escultura do período moderno Não existia no projeto original; Tentativa de imitação de um estilo. FONTE: Archdaily 112


“REFORMAR NÃO É RESTAURAR”

Reforma de Ampliação

Archdaily. 2019 113


“FALSO HISTÓRICO DO BRUTALISMO”

Nota-se que a intervenção possui alguns pontos negativos graves. Isso porque a ampliação foi construída usando concreto armado, material que NÃO é indicado para este tipo de intervenção, pois não pode ser futuramente desmontado. Além disso, houve remoção de peles, como o painel de brises, que poderiam ter sido restauradas em vez disso. 114


115


DIRETRIZES GERAIS


CONCLUSÃO Entendemos que a intervenção estudada não respeitou o patrimônio da obra de Lelé. Como resultado, percebe-se que se restaurou de menos e se reformou demais e sendo assim, o estudo de caso serve muito mais para refletir sobre o que não fazer como proposta de intervenção. De toda maneira, alguns pontos positivos podem ser levantados, como o emprego acertado do vidro e o restauro físico do concreto. Ao lado, são postuladas algumas diretrizes gerais que nortearão a proposta de intervenção na Residência Geminiano Crispim. 117


DIRETRIZES GERAIS

1.Diagnosticar

e restaurar a condição física dos elementos que compõem o patrimônio;

2.Usar

materiais desmontáveis e que não agridam a condição do que já existe para que a intervenção possa ser completamente reversível;

3.Preservar

o máximo das peles e revestimentos, removendo só quando não houver outra opção;

4.Não

realizar ampliações ou implementar elementos decorativos, revestimentos ou peles que façam alusão ao estilo da obra original, para que não haja caracterização de falsos históricos. 118


ETAPA 3


PROPOSTA PRELIMINAR


121


DESCRIÇÃO


123


A PROPOSTA Como terceiro e último momento deste trabalho, a equipe pretende apresentar uma proposta de intervenção na obra da Residência Geminiano Crispim. A proposta consiste em adequar a casa e viabilizar um espaço de multi integração de profissionais da construção civil, que seja compartilhado por arquitetos, da engenheiros civis e do designers. Baseado nos estudos prévios deste trabalho, a equipe busca implementar esse novo uso a partir de uma lógica de projeto que respeite a edificação e exalte as potencialidades de se trabalhar em favor da conservação do patrimônio histórico. 124


125


PROGRAMA E FLUXOGRAMA


PROGRAMA

SERVIÇO

APOIO

TRABALHO

ADM

AMBIENTES

127

PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Recepção

DESCRIÇÃO

13,6 m ²

Controle e recebimento de clientes; Armazenamento de documentações.

Ambiente Integrado

58,2 m²

Espaço central, amplo e aberto, da edificação onde serão alocadas mesas compartilhadas.

Estação de Trabalho 1

20,77 m²

Estação de Trabalho 2

19,41 m²

Sala de Reunião 1

14,40 m²

Sala de Reunião 2

22,75 m²

Sala fechada e reservada para eventuais usos: reuniões com cliente, palestras, aulas corporativas, etc.

Sala de Mecanografia

10,2 m²

Sala onde ficarão alocadas as impressoras.

Área externa de uso comum

114,07 m²

Espaço para convivência, descanso e contemplação.

Ateliê Integrado

19,90 m²

Sala de elaboração de maquetes físicas e protótipos de pequeno porte, showroom de revestimentos?

Copa

9,87 m²

Refeições rápidas e armazenamento de mantimentos próprios.

WC PNE

8,4 m²

WC Fem

5,2 m²

WC Mas

3,57 m²

DML

2,25 m²

Administração

Sala fechada, reservada para trabalhos que necessitem maior privacidade e/ou apoio de empresa de pequeno porte.

Banheiro originais, que serão restaurado e adequados ao novo uso.

Depósito para materiais de limpeza.


FLUXOGRAMA

Acesso Principal Administração Recepção

Ambiente de Convivência

Estação de Trabalho 1

WC PNE

Sala de Plotagem

Mesas Coworking

Ateliê Integrado WC FEM Sala de Reunião 1

Estação de Trabalho 2

Acesso Secundário

Ambiente de Convivência

Sala de Reunião 2

Copa

DML

WC MAS

128


129


ZONEAMENTO


ZONEAMENTO

131


132


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 133


AFONSO, Alcília.Projetos de Intervenção no Patrimônio edificado. 2021. GARCIA, Marjorie. A prata que vale ouro: A casa moderna da década de 60. 2017. BARBOSA, Allyson. Inventário Moderno de Campina Grande: Residências Modernas. UFCG, 2017. ADALBERTO, Vilela. A casa na obra de João Filgueiras Lima Lelé. 2011. 134



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