ENSAIO ESPONTANEAMENTE Desde os primórdios da fotografia a forma como os retratos eram tirados estava entre os princípios básicos para ter-se uma perfeita recordação de cada ser. Ao folhear retratos antigos nos deparamos sempre com as queridas fotos posadas, ocupantes perenes nos registros de eventos familiares e também de fotografias cotidianas. Não tão longe as fotos posadas ainda ocupam muito do imaginário popular, onde a crença enraizada é de consagrar uma imagem como “registro documental” de uma pessoa em seu tempo espaço. Assim podem se passar anos e o retratado continuará lá a mostrar sempre uma feição padrão e enrijecida de como foi. Porém ao passo de nossa evolução tecnológica nos tornamos cada dia mais imagéticos, as selfies são um ritual quase diário em nosso cotidiano. E ao contrário do que a maioria pensa elas tem sim seu lado positivo, a partir da facilidade de produção da imagem as pessoas tornam-se mais íntimas da fotografia. Toda esta intimidade nos trás algo novo, a busca por imagens mais espontâneas, leves, sem um padrão de pose ou local adequado. Esta busca começa então a povoar o imaginário popular e hoje já é padrão em qualquer área da fotografia os clientes perguntarem pela produção de uma foto espontânea. Este ensaio buscou assim retratar o modelo em portraits, só que de forma espontânea, o retratado também é fotógrafo. Foi pedido que ele trouxesse consigo coisas de seu dia a dia que fazem parte de seus hobbies, desta forma foi fácil retratar sua emoção e interatividade, caretas e risos. Vale ressaltar ainda que para um registro profissional fez-se uso de uma câmera digital profissional e iluminação strobist. A iluminação escolhida foi de Luz Ampla ou High Key, onde o retrato tem mais áreas claras do que sombras (escuras) formando-se uma luz difusa. A escolha da luz e pós-tratamento (em preto e branco) deu-se pelo fato de trazer um visual mais tranqüilo que remete facilmente a idéia de espontaneidade, aconchego e paz, foco deste trabalho.
VOGUE , 1960 A escolha por reproduzir esta capa deu-se pelo fato de a mesma ser marco de uma época, na estória da moda e da mulher. A capa original é baseada no filme conhecidíssimo “Bonequinha de Luxo” (Breakfast at Tiffany’s) do roteirista Holly Golightly, vencedor do Oscar em 1961 e estrelado pela famosa Audrey Hepburn. O filme trás a frente à história de uma garota de programa que sonha em subir na vida e traça um novo paralelo para as mulheres da época. No filme percebemos verdadeiros tabus na época serem desmistificados tais como o cigarro e maquiagem marcada. A partir desta colocação podemos ver que a capa da revista incentiva a liberdade de escolha feminina e também a quebra de tabus. Mesmo sendo de meados de sessenta já podíamos observar a busca pelo tão sonhado empoderamento feminino, onde as mulheres podem tomar suas decisões e ser livres para realizar desejos básicos como a cor de seu batom. Desta forma uma capa considerada antiga torna-se tão facetada ao levar em si uma luta que perdura por gerações e até hoje é tratada pelo público feminino, os direitos das mulheres.
VOGUE MODERNA- SIMULAÇÃO Para a capa criada por nós escolhemos permanecer no mesmo título da reprodução, a revista Vogue. Desenvolve-se assim a busca por retratar um dos assuntos mais impactantes na área de Fotografia de Beleza e Retrato, a busca pela imagem perfeita. Com o advento das novas tecnologias de captação e pós-produção de imagens a procura por peles perfeitas, corpos esbeltos e cabelos sedosos tornou-se uma realidade tanto para empresas consumidoras destas imagens quanto para o público interessado em fotografia. Nenhuma imperfeição pode ser admitida, cada ruga ou pele flácida tende a ser apagada ou esticada por meio de recursos digitais, transformando a imagem capturada em um estereótipo surreal. Assim a fotografia que brota destes recursos não é o retrato fiel de quem foi fotografado, mas uma prospecção do que aquele “eu” pode atingir em parâmetros de beleza. Porém o uso demasiado destes recursos traz a frente outro perigo a descaracterização de um indivíduo, além da criação de imagens tão falsas que podem ser gritantes a olho nu. Percorrendo por este caminho chegamos a uma comparação simples entre a pessoa e sua estilização digital: a mesma torna-se um robô. Algo tão perfeito que parece ter sido construído para aquele fim. Daí nasce à idealização de utilizar uma ciborg no lugar de uma modelo real, pois a mesma apresenta uma pele impecável e esta sempre perfeita, mesmo passando-se anos e anos. Indo um pouco adiante a modelo utiliza no lugar de roupas comuns faixas. As faixas contem o sistema de cores subtrativo (CMYK) comumente utilizado por impressoras na revelação de fotos. Assim conseguimos fechar o paralelo entre a imagem, a foto e a perfeição.
ULTRA – COLORFUL FACE Por meio das fotografias conseguimos facilmente reconhecer uma pessoa? Essa pergunta pode ser respondida de forma simples, Sim. A foto nos traz mais que o registro de uma imagem, ela marca a personalidade de cada pessoa que se coloca entre a lente e seu fotógrafo. Esta fantástica criação deixa estampado para nós a singularidade de cada traço, um simples sorriso ou um rosto tímido em frete as câmeras traz ali características inatas de cada pessoa. Sabendo dessa ferramenta mágica percebemos que ainda era “pouco” dizer mais de uma pessoa apenas com sua foto, então nasce à idéia de personificar ainda mais cada um. Por que não deixar marcados os traços tão pessoais do outro? Rugas, linhas de expressão, olhos aguçados, sorrisos encantadores.. Afinal somos tudo isso e mais um pouco. Para travar esta criativa batalha entre o “eu” e a “fotografia” fizemos uso da caricatura, uma arte que ressalta o que mais chama a atenção em um indivíduo. Por meio de muitas cores e curvas deixamos as fotos ainda mais atrativas! O grupo de modelos retratados faz parte do CEUNSP, são eles alunos e professores que estão todos os dias em nosso cotidiano, entre corredores e salas. Mas este grupo de pessoas tem cada um sua estória, seus gostos, suas alegrias... Pensando em conhecer um pouquinho mais de cada um eles posaram para as fotos com os itens que mais se identificavam. O resultado foram caricaturas cheias de cor, que representam cada um. Mas os unem, pois todos têm a cara do pessoal de comunicação. A partir destes rostos coloridos conseguimos perceber “cada um” e ver que existe sim um “eu na multidão”. A fotografia como citado é mágica e nos dá de presente possibilidades como estas: dizer tudo em um só olhar.