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A EVOLUÇÃO DOS ZOOLÓGICOS, DE EXIBIDORES DE ANIMAIS ENJAULADOS PARA CENTROS DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO Instituições trabalham como guardiãs de animais ameaçados de extinção e investem em pesquisa para reprodução e reintrodução de espécies na natureza Zoológicos se unem para formação de banco genético de espécies ameaçadas. Crédito: Raphael Sobania
Esqueça o que você conhece sobre os tradicionais zoológicos, com animais explorados para visitação, solitários e presos em jaulas pequenas. Instituições brasileiras fizeram a transição para centros de pesquisa em reprodução, conservação e bem estar animal e, atualmente, desenvolvem projetos de fundamental importância para salvar espécies do desaparecimento completo, além de restaurar o contato dos animais com sua natureza selvagem. Locais para exibição de animais existem há muito tempo, há registros do Egito antigo. O primeiro zoológico a ser construído foi o Zoo de Viena, em 1752. No Brasil, foi o Zoo do Rio de Janeiro, espelhado nos modelos europeus. Era um local para se observar um animal que as pessoas não conseguiriam ver na natureza, pois dificilmente alguém naquela época poderia, por exemplo, ir até à África ver um elefante, uma girafa, um hipopótamo ou um leão. Além disso, os documentários sobre vida selvagem eram raros. Havia uma curiosidade muito grande em conhecer o comportamento dos animais, suas vidas e como eram seus filhotes. “No início, o zoo tinha a função de mostrar. Os visitantes iam apenas para ver e não para aprender sobre o papel daquela espécie na natureza. Era uma experiência visual. Mas a própria população foi mudando seus conceitos a respeito das instituições e do que elas fazem. Em um processo recente, a partir dos anos 2000, começou uma pressão muito grande no Brasil, para se melhorar o bem estar dos animais”, relembra a bióloga Nancy Banevicius, Chefe de Fauna do Zoo de Curitiba. Banevicius conta que, com o movimento e a pressão da sociedade ganhando força, alguns zoos nacionais começaram efetivamente os trabalhos para dar uma função
nobre para os animais sob seus cuidados, iniciando projetos de conservação. “Um dos projetos que ficou conhecido no Brasil todo foi do Mico-leão-dourado. No final da década de 90, estimava-se que existiam apenas 200 indivíduos na natureza. A espécie estava à beira da extinção. Zoológicos do mundo, órgãos ambientais, ONGs e pesquisadores se uniram em prol de um projeto para salvar a espécie. Com essas parcerias, começaram a ser reintroduzidos, no Rio de Janeiro, animais nascidos em zoológicos, principalmente de fora do país, onde havia muitos exemplares. Os zoos daqui também participaram e, até 2020, a população subiu para 3200 indivíduos em vida livre, uma grande evolução, apesar da situação da espécie ainda ser bastante crítica. Os zoológicos hoje em dia têm como objetivo trabalhar assim, para que os animais continuem existindo livres na natureza”, reforça a bióloga.
Nancy e Monalisa. Acervo pessoal.
“Nesta foto estou com meu chodó, a Monalisa, um animal que recebemos de apreensão do tráfico. Uma fêmea filhote de Muriqui, é uma preciosidade, teria um papel fantástico na natureza e, infelizmente, foi retirada dela. Então por que estamos cuidando dela? Porque fazemos parte do plano de manejo da espécie e trabalhamos para a conservação. Uma vez que um animal super ameaçado de extinção chega a uma instituição, para permanecer sob cuidados humanos, deverá ter um papel importante no resgate da espécie.” Nancy Banevicius, Chefe de Fauna do Zoo de Curitiba.