Justiça Eco - OJC - setembro 2021 - edição 8

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Ciência

Crédito: Nuno Papp

ACERVOS DE IMPORTÂNCIA GEOLÓGICA SÃO NEGLIGENCIADOS PELO ESTADO Acervos do geólogo João José Bigarella, Mineropar e Biblioteca do IAP foram divididos e oferecidos a várias instituições, perdendo centralidade e identidade Quase quatro toneladas de filmes, arquivos e relíquias de grandes produções audiovisuais, como as de Glauber Rocha, se perderam no incêndio do último mês na Cinemateca Nacional. Três anos antes, o Museu Nacional no Rio de Janeiro ardeu em chamas mais de 20 milhões de itens históricos, entre obras de arte, fósseis e múmias. Em 2015, o Museu da Língua Portuguesa também pegou fogo, sendo reinaugurado apenas no último mês. “Um país que não investe e mantém sua memória está fadado ao subdesenvolvimento”, diz o historiador Renato Mocellin. “Infelizmente, esse é um problema brasileiro e paranaense”. No estado, pelo menos três acervos perderam investimentos e foram distribuídos para outras instituições.

Parte foi destinada à Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava, por recomendação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Dos cerca de 500 fragmentos, entre rochas e amostras, 30 foram para a universidade. Cadeiras de auditório, arquivos deslizantes e painéis de exposição também foram destinados.

Acervo João José Bigarella Toneladas de fragmentos geológicos colhidos pelo professor João José Bigarella em várias partes do mundo ficaram mais de 10 anos parados numa estrutura que quase virou museu. Antes de falecer em 2016, o professor Bigarella acreditava que o projeto sairia do papel, como o governo estadual um dia prometeu. O “quase” acabou em julho deste ano. O museu nunca foi inaugurado. A estrutura de 2.800 m² construída dentro do Parque Estadual de Vila Velha para receber públicos de escolas, universidades, turistas e interessados na formação geológica do Paraná e do Brasil, pode até ser demolida. O prédio foi construído em Vila Velha pela sua peculiaridade da formação geológica, conta Glaucon Horrocks, ex-presidente da Funabi, fundação que leva o nome do professor. “Sem parceria com o governo do Estado, o Ministério da Cultura não nos autorizou o funcionamento”, lembra Horrocks. O Grupo Soul Parques ganhou a concessão do Parque Estadual de Vila Velha depois que a exploração de unidades de conservação pela iniciativa privada foi aprovada na Assembleia Legislativa do Paraná. Segundo a Funabi, não houve interesse da empresa em manter o acervo no local. Depois de anos esperando um termo de parceria com o governo do Paraná, membros da fundação atenderam à determinação do Tribunal de Contas da União para sua retirada do parque.

Amostras adquiridas para compor acervo do professor Bigarella foram doadas para Unicentro. Crédito: Nuno Papp


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