Estudos
A Influência da T eoria da Teoria complexidade de Edgar Morin no contexto Educacional Ir. Simone Cristina Machado
O contexto educacional desde sempre foi alvo de pesquisa, críticas e discursos para muitos pensadores de diferentes áreas. Na constituição inicial da filosofia, a preocupação em ensinar os jovens a pensar foi ponto fundamental para o desenvolvimento da sociedade, a instituição das academias e a própria organização de currículos. O período medieval foi o ponto forte para a instituição das universidades e a sistematização dos conteúdos, que contribuíam para o fortalecimento do pensamento cristão e a defesa da fé. Contudo, é do período moderno que a educação herdou a sistematização e a hierarquização dos conteúdos que temos até os dias atuais. Com intuito de buscar o “verdadeiro conhecimento”, a ciência moderna fragmentou os saberes em forma de disciplinas e os dividiu por área de conhecimento, dando destaque às especializações e esquecendo-se da realidade global e sistêmica em que esse saber está inserido. O advento da tecnologia, as novas descobertas no campo da biologia e o desenvolvimento na área da comunicação, faz perceber a necessidade de abrir-se para o contexto da complexidade de que faz parte e a educação é o caminho que possibilita esta mudança de mentalidade, em relação ao mundo e a vida. O pensamento científico do século XVI, não nasceu por acaso, mas é resultado dos conflitos existentes em sua época, sobretudo, alimentado pela filosofia renascentista expressada em sua recusa ao pensamento escolástico, que se postulava como fundamento seguro para a verdade. Neste período específico da modernidade, em que Descartes e Bacon estão inseridos, a figura do homem nasce como um meio de superação da dúvida. O homem aparece na história, tornase um problema para si mesmo e tem um lugar de destaque, com a exaltação da razão. A razão vai ter duas conotações na filosofia moderna, uma de origem francesa, representada por Descartes e caracterizada pelo método da dedução; e outra de origem Inglesa, defendida pelo pensamento de Francis Bacon, que em seu livro, Novum Organum, propõe o método da indução, como o ideal para a busca da verdade. Se-
gundo Bacon, o método indutivo é a garantia de que todos devem realizar a mesma estrutura de raciocínio – a partir da observação de casos particulares que se repetem na realidade, criase o universal. Para os ingleses, o conhecimento depende prioritariamente do objeto. Morin não vive em um período muito diferente deste que caracteriza o início da modernidade, e para compreender as críticas que faz aos “métodos” de busca de conhecimento, que tiveram início neste período e que estão presentes ainda hoje, é importante identificar a concepção de homem e suas relações com a realidade a qual pertence, uma vez a percepção que está de suporte em cada uma das formas de se buscar a verdade: seja ela por meio da dedução, da indução ou mesmo da complexidade. Segundo Morin (1973, p. 15-19), desde Descartes o homem pensa contra a natureza devido a certeza de que sua tarefa no mundo é de dominá-la, subjugá-la e conquistá-la, ignorando a realidade de que ele próprio seja parte dessa natureza, que integra os diferentes ramos da ciência como antropologia, biologia e a própria relação com a sociedade. Nesta concepção tradicional, esses ramos eram separados um do outro, o que permitia a criação de uma visão insular do homem, em que se ignorava os diferentes aspectos que constituem a vida, causando o desligamento das ciências naturais (biologia, física, química) da ciência do homem (antropologia) e o “mundo parecia estar constituído por três extratos sobrepostos, mas não comunicantes: Homem-cultura, Vida-natureza e Física-química” (MORIN, 1973, p. 19). O projeto da modernidade separou o homem da natureza. Esta relação de divisão e fragmentação vai interferir diretamente na forma do homem conceber a si mesmo, a natureza e os demais objetos existentes no mundo. Os séculos XVII e XVIII repercutem de alguma forma a visão cartesiana, ou seja: o homem é composto por duas realidades, uma corporal e outra mental, sem nenhuma preocupação ou dúvida em relação a essa verdade. Contudo, as coisas começam a ficar diferentes no século XIX
Revista Sagrado | 2014
3
e XX, em que se coloca em cheque a visão antropológica do dualismo psicofísico cartesiano. Segundo Morin (2007, p. 12) esta concepção dualista de homem, apresentada por Descartes é uma das causas dos princípios de disjunção, de redução e de abstração em que vivemos e pode ser conhecido como paradigma da simplificação. Morin (2008, p. 92-95) considera a existência de duas realidades: uma corporal, no caso o cérebro (bios) e outra realidade que é a espiritual. Contudo para ele esses não devem ser pensadas separadamente, mas são uma unidade espírito/cérebro, que constituem um ser individual dotado da qualidade de sujeito, o que o permite reintegrar-se na sociedade, que por sua vez possibilita o desenvolvimento de seu cérebro pela linguagem, assim “temos um complexo inseparável, no qual cada instância à sua maneira, contém as outras” (MORIN, 2008b, p.95). Morin (2007, p. 40-42) afirma que tanto a dualidade apresentada por Descartes, como aquela existente no pensamento de Bacon, a separação do sujeito e objeto, são questionáveis. Para ele, o humanismo manipulador apresentado pela modernidade deve ser rejeitado, uma vez que o homem, que conquistou a natureza, está em vias de se autodestruir, já que não se percebe a ela harmonicamente integrado. A tal visão instrumental do papel do homem no mundo, opõe-se à cultura da universalidade dos direitos do homem. O homem no conceito de Edgar Morin (1973, p. 95-111) é um ser complexo que não pode ser reduzido nem à compreensão técnica do empirismo de homo faber, nem à racionalidade de homo sapiens. A antropologia de Morin está marcada pela certeza de que a natureza humana é resultado do processo biocultural em que o cérebro foi formado, dando origem ao homo sapiens/demens, que pode ser descrita na imagem do homem genérico1, que é ao mesmo tempo, unidade e diversidade. O homem formado pela dialética do homo sapiens-demens possui uma dupla natureza com seu lado poético, mítico, religioso, marcado pela desordem, e pela afetividade que está em intrínseca relação dialógica e complementar com o lado racional, técnico e econômico, oriundos da sua experiência sócio-cultural. O homem complexo é um todo formado por uma estrutura hologramática2, em que cada parte está presente no todo ao mesmo tempo em que o todo está nas partes, podendo o todo ser maior que as partes, igual e menor que elas. Este é capaz de se auto-organizar e de estabelecer relações de alteridade pela qual encontra a autotranscendência que o faz superar-se. Para Morin, (2007, p. 43-44), o homem é um sujeito autoeco-organizador, capaz de pensar as relações sujeito-objeto, sem ignorar a realidade da sociedade e a história dessa sociedade na evolução da humanidade. Assim, sujeito e objeto são constitutivos um do outro numa relação que nem sempre é harmoniosa, mas que se sustenta numa atitude de abertura do sujeito para com o objeto e do objeto para com o sujeito e de ambos
4
Revista Sagrado | 2014
para com o meio em que estão inseridos mantendo sempre uma abertura para além dos limites do entendimento. No campo educacional, a fragmentação dos saberes, que tem como fundamento o modelo do paradigma newtoniano-cartesiano, passou a não corresponder às exigências da sociedade contemporânea na sua totalidade. Espera-se uma nova forma de pensar a educação que se permita a reavaliação das práticas pedagógicas de modo que essa possa responder à totalidade dos desafios e incertezas apresentadas no mundo hodierno. Morin concebe a educação como uma possibilidade de união entre os diferentes saberes, que se encontram mutilados pela fragmentação disciplinar, aos quais estão submetidos os currículos escolares. Para ele, a educação é o caminho essencial para o desenvolvimento do pensamento complexo, uma vez que a sala de aula é composta como um fenômeno complexo, que abriga uma diversidade de ânimos, culturas, classes sociais e econômicas, um espaço heterogêneo e, por isso, o lugar ideal para iniciar a reforma do pensamento. Em seu livro A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento, Morin busca apresentar a necessidade real da reforma de pensamento e as indicações positivas desta para a educação e para construção da nova civilização a partir de um novo homem, que seja capaz de construir uma nova humanidade. O sistema de educação vigente, baseado na separação do conhecimento em disciplinas, impede a comunicação dessas entre si. Isso acontece devido à herança cartesiana, na qual está alicerçada a ciência moderna, e que ensina as crianças desde muito pequenas a necessidade de analisar e separar, ignorando a habilidade de estabelecer relações, que oportuniza a comunicação destes conhecimentos que formam um único tecido unido pelos diferentes aspectos existentes em cada disciplina. Morin não defende a exclusão das disciplinas por absoluto, mas considera a necessidade de que essas sejam apresentadas não separadamente, mas como parte de um sistema interligado e isto só é possível com o conhecimento do
contexto, ou seja, do ambiente em que este sistema está inserido. É preciso superar a lógica da causalidade e compreender os processos retroativos e recursivos, bem como as incertezas existentes na própria causalidade, possibilitando uma aprendizagem construída pelo caminho da interioridade, por ele denominada como via interna, com a promoção de momentos de auto-análise que oportuniza a valoração dos processos, que estruturam a forma de pensamento e da via externa, com a utilização dos meios midiáticos e outros recursos que possibilitem à criança conhecer, investigar e simbolizar aspectos referentes à cultura. O professor, neste processo, tem o papel de orientar, fomentar e oportunizar a pesquisa, bem como apontar reflexões para a ampliação do horizonte de conhecimento que a criança possui. É importante também compreendê-la dentro de um sistema e permitir que ela também experencie estas relações e isto é possível por meio de jogos e outras atividades extraclasse, o que não eliminaria do currículo o ensino da língua, da ortografia, da história e do cálculo. O ensino secundário é o momento oportuno de construção da verdadeira cultura por meio do “diálogo entre cultura das humanidades e cultura científica” (MORIN, 2004, p. 78), dando à história e a literatura um importante papel de possibilitar àquele que aprende, percorrer a história da humanidade e a sua história pessoal desenvolvendo em si um conhecimento multidimensional. Para Morin, isto seria possível não mais pela utilização de disciplinas separadas entre si, mas de guias de orientação que permitissem ao professor situar essas disciplinas em seu contexto de universal e antropológico, partindo de linhas guias como: “o Universo, a Terra, a Vida, o Homem.” (MORIN, 2004, p. 78) As matemáticas neste contexto seriam ensinadas como forma de pensamento lógico e as matérias ligadas à humanidade seriam otimizadas, desta forma, o professor do ensino secundário necessitaria ser aberto à pesquisa, às descobertas, à sua própria realidade, educar-se em relação à realidade e a cultura dos adolescentes. A universidade por sua vez, deve ser o espaço de problematização, mas não apenas com o foco da profissionalização e da hiperespecialização. Ela deve buscar ao mesmo tempo uma educação multidisciplinar e humanizadora, que adapte-se às necessidades da sociedade contemporânea, mas também promova a organização sistêmica do conhecimento. A educação não deve ser fragmentada e mutilada, mas precisa ilustrar o princípio de unidade e de diversidade existente no conhecimento e no processo do conhecer, considerando todos os seus domínios. Os fundamentos da teoria da complexidade apontam para a necessidade de mudança em relação às estruturas da sociedade, que não po-
dem mais ser concebidas apenas de forma piramidal ou hierárquica, mas como parte de um sistema vivo, que é ao mesmo tempo interdependente e flexível na medida em que amplia suas relações. Esta realidade exige uma educação que aceite e trabalhe com a incerteza e com as mudanças constantes ocorridas durante o processo de ensino e aprendizagem, portanto não deve considerar-se acabada, e nem fechar-se em si mesma, mas necessita de professores atualizados e pesquisadores que oportunizem às crianças desde a mais tenra idade conhecer o mundo como um sistema complexo formado por elementos físicos, químicos, biológicos que interagem recursivamente em sua construção e reconstrução. A educação não deve conceber o ser humano apenas em sua característica de sapiens sapiens, mas também em sua demensialidade, ou seja, em suas fantasias, sentimentos, criações e crenças, pois cada indivíduo é composto por essas ambiguidades, que interagem em seu interior e que ao mesmo tempo constroem uma forma de conhecimento e de relação com o mundo em que vive. É necessário também que a educação pergunte-se sobre o que é o conhecimento, uma vez que estamos em processo de mudanças significativas em relação ao conhecimento do cérebro, das estruturas mentais e da própria compreensão em relação ao ato de conhecer. Desta forma, compreender a complexidade do ser e do mundo em que vivemos é uma questão primordial para o Educador Cleliano que busca com competência e conhecimento colaborar para a formação de pessoas, que contribuem para construção de uma nova sociedade solidária e comprometida com a humanidade. REFERÊNCIAS BACON, Francis. Novum organum ou Verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza ; Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 2000. (Os pensadores) DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova cultural, 1999. (Os pensadores) MORIN, Edgar. O paradigma perdido: a natureza humana. 5ª.ed. Portugal: Europa-América, 1973. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a forma, reformar o pensamento. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3ª Ed. Porto Alegre: Ed. Sulina, 2007. MORIN, Edgar. O método 3. O conhecimento do conhecimento. Trad. Juremir Machado da Silva. 4ªed. Porto Alegre: Sulina, 2008.
(FOOTNOTES) 1
Homem genérico: esta é uma ideia adotada por Morin do pensamento marxista que compreende o homem genérico como aquele que não separa a natureza da cultura.
2
Operador hologramático ou princípio hologrâmico é utilizado na teoria da complexidade como uma metáfora do holograma, em que na fotografia obtida cada parte contém o todo do objeto reproduzido assim como no todo está também a parte. O holograma, a princípio, é uma imagem em três dimensões, com possibilidades sonoras, assim, pode ser entendido como um ponto único, que possui em si a totalidade, ou seja, “cada célula é uma parte de um todo, mas também o todo está na parte: a totalidade do patrimônio genético está presente em cada indivíduo, enquanto todo, através de sua linguagem, sua cultura, suas normas.” (MORIN, 2004, p. 94).
Revista Sagrado | 2014
5
Educação Infantil
Boca limpa e saudável começa na Educação Infantil Ir. Rosimary Soares da Silva Diretora Pedagógica Centro de Educação Infantil Padre Carlos Zelesny - Ponta Grossa - PR
As instituições de Educação Infantil têm sido consideradas locais adequados para o desenvolvimento de programas relacionados à saúde bucal por reunir crianças em faixas etárias propícias à adoção de medidas educativas e preventivas. É preciso cuidar da saúde da boca, pois dela depende a nutrição do organismo. Assim, a criança merece uma atenção especial desde os primeiros anos de vida, pois é nessa idade que se estabelece a base para a saúde futura do indivíduo. A saúde deficiente pode constituir um problema não só para a família como também para a sociedade. Além disso, estudos científi-
6
Revista Sagrado | 2014
cos comprovam que a saúde bucal tem íntima relação com a saúde em geral, pois a boca interage com todas as estruturas do corpo e as más condições de higiene bucal podem causar doenças bucais, que, por sua vez, podem levar a enfermidades ou agravá-las. É conhecido que por volta dos 6 meses de idade, inicia-se o nascimento dos dentes de leite da criança. Com 3 anos, normalmente tem, no total, 20 decíduos (de leite). Permanece assim até por volta do 6 anos, quando nasce o primeiro molar permanente. Por volta dos 5 ou 6 anos, inicia-se a troca dos dentes decíduos pelos dentes permanentes. Os primeiros a iniciarem sua troca são os dentes da frente e finaliza com o nascimento do “dente do siso”, entre os 16 e 21 anos. A dentição completa é composta de 32 dentes permanentes. Segundo Antunes (2008), a doença cárie e os problemas periodontais podem influir no desenvolvimento da criança e na sua participação em atividades importantes
da vida. A presença de dor, infecção ou disfunção no sistema estomatognático podem restringir o consumo de uma dieta adequada às necessidades energéticas, afetando o crescimento da criança, bem como o aprendizado, a comunicação e a recreação. Com essas considerações o projeto “Boca limpa e saudável começa na Educação Infantil” vem sendo desenvolvido no Centro de Educação Infantil Padre Carlos Zelesny desde ano 2011. Nascido da necessidade de melhoria nos cuidados da saúde bucal das crianças e orientação preventiva aos pais, o projeto objetivou a sensibilização dos educandos com respeito à higiene bucal diária após as refeições, principalmente as escovações; a conscientização dos pais em relação à problemática e o tratamento de casos clínicos. Dessa forma foi realizada uma parceria com o Departamento Municipal de Odontologia por meio do Dentista Dr. Geraldo Stocco, auxiliares e estagiários da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG e do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE. Nesse contexto o presente projeto atinge as famílias por meio de visitas domiciliares com profissionais especializa-
dos, acompanhamento da criança por meio da carteira de vacinação, e visita à unidade educacional, onde são realizadas palestras formativas e informativas aos pais e educadores, teatros educativos e exame clínico da criança, que em caso de necessidade, é encaminhada ao atendimento odontológico na unidade de saúde do bairro onde está localizado o Centro de Educação Infantil. O ambiente educacional, além de proporcionar a aprendizagem intelectual de seus educandos é também um espaço importante de informação e orientação a
Revista Sagrado | 2014
7
respeito de saúde. Os educadores e educandos têm interesse pelo tema e necessitam de maiores informações para abordarem estes conteúdos em sala de aula, repercutindo na vida prática do dia a dia. A família, por sua vez se sente impelida a colaborar com esse trabalho a partir do momento em que percebe o ser humano como resultante de uma totalidade. Em palestra realizada ao Clube de Mães da Unidade Educacional o dentista Dr. Geraldo Stocco salientou: · A gravidez não causa cárie, porém o que pode ocasionar o aparecimento de cáries durante essa fase é o aumento do número de vezes em que se consome alimentos, principalmente doces, sem a escovação adequada. · Deve-se higienizar a gengiva, bochecha e língua do bebê antes mesmo do nascimento dos dentes, com fralda limpa ou gaze umedecida com água filtrada ou fervida. · Quando começarem a nascer os dentes decíduos da frente, a limpeza ainda é feita com gaze ou fralda. · Logo que começarem a nascer os decíduos de trás, aproximadamente após 18 meses de idade, a limpeza dos dentes e da língua deve ser feita com escova de dente pequena e macia. · Mamar no peito, desde o nascimento, faz o bebê crescer forte e saudável e favorece o desenvolvimento da musculatura e ossos da face, ajudando a evitar problemas no posicionamento dos dentes. · Caso a criança faça uso de chupetas ou bicos, assim que os primeiros dentes surgirem, substitua-os pelos mordedores. O seu uso em excesso pode deixar os dentes ‘tortos’ e
8
Revista Sagrado | 2014
prejudicar a mastigação, a deglutição, a fala, a respiração e o crescimento da face. · Crianças podem usar o creme dental com flúor, mas em pequena quantidade (menos do que um grão de arroz é suficiente). · É necessário tentar fazer a higiene após a mamada noturna. Porém, quase sempre, a higiene da boca após essa mamada é difícil e aborrece o bebê. Nesse caso, a higiene deve ser feita antes da mamada. · Ensinar a criança a não engolir a espuma do creme dental. A temática do projeto ainda persiste, porém já foram observadas grandes mudanças no comportamento das crianças e suas famílias. A escovação diária dos dentes na unidade educacional sob a supervisão das educadoras; as atividades realizadas em sala de aula enfatizando a higiene e saúde bucal acompanhadas da alimentação saudável, bem como a conscientização dos pais por meio de subsídios e palestras realizados pelos profissionais mencionados, contribuem para o bom desenvolvimento dessa ação.Nesse sentido, a escola, em conjunto com a família, passa a ter uma importante participação no desenvolvimento individual da criança, visto que essa fica grande parte de seu tempo na instituição, o qual se torna um ambiente valioso para o desenvolvimento de hábitos saudáveis. REFERÊNCIAS Antunes L.S.; Antunes L.A.A; Corvino M.P.F. Percepção de pré-escolares sobre saúde bucal. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, 2008 janabr; 20(1):52-9.
Saúde
Transformando atitudes por meio do estudo da Saúde mental na escola Marcela de Souza Bezerra e Marcinda Góes Gregório Claudio Educadoras do 3° Ano – Ensino Fundamental I da Escola Social Clélia Merloni - Florestópolis – PR
A escola assume um papel decisivo na formação do sujeito, pois parte do tempo os educandos passam na escola. É no recreio que a criança interage com os demais e nele desenvolvem amizades e também inimizades. Dessas inimizades surgem os comportamentos agressivos, e a agressividade pode tomar vários rumos, como o bullying, que é um dos resultados da agressividade excessiva. E no que diz respeito ao bullying escolar é necessário a sua superação e não identificá-la numa visão simplista de que começa e termina na escola. A prevenção da violência escolar demanda esforços a respeito dos caminhos a seguir para uma socialização da escola com educandos, educadores e comunidade. A observação constante e a parceria entre família e es-
cola são fundamentais para a possível eliminação de comportamentos agressivos. Como forma de apoio à criança com vista a sua integração na escola, há que ter atenção facilitadora do processo de socialização e desenvolver: confiança, autonomia, iniciativa empatia e autoestima. O Bullying é um fenômeno mundial. Mas o Brasil apresenta duas peculiaridades, de acordo com pesquisas. A primeira: a maior parte das agressões acontece dentro da sala de aula. A segunda: o Bullying brasileiro ocorre dentro de um cenário maior e tão preocupante quanto a violência nas escolas, podendo assumir duas formas: a física e a psicológica, esse comportamento negativo poderá simplesmente traduzir-se por um assopro, um insulto ou gesto ofensivo, ameaçar, assustar, agredir/bater ou roubar, adicionalmente aos ataques diretos, o bullying pode assumir uma forma indireta, assim como espalhar boatos acerca de uma determinada pessoa ou exclusão social. Consideramos que os pais (famílias) tenham mais participação no ambiente escolar, que sejam próximos de seus filhos para abordarem e serem capazes de identificar esse processo de bullying. No tocante às alternativas de enfrentamento ao
bullying escolar, Pereira (2009) diz que o primeiro passo é que a comunidade escolar tome consciência da existência e comece a buscar métodos para eliminálo. Guareschi e Silva (2008) relatam que uma das alternativas para o enfrentamento da violência ou do fenômeno Bullying é a informação e a formação dos educandos para um despertar para a cidadania. Nas afirmativas de Fante (2008, p. 02) “as ferramentas mais eficazes para ensinar regras de convivência saudável aos filhos são o afeto incondicional, o diálogo e as atividades educativas, como jogos esportivos, aulas de arte e ações solidárias”, ou seja, a família deve investir nas crianças e jovens valores de respeito ao próximo e não violência. Diante da problemática apresentada realizamos em nossa Unidade Educacional um aprofundamento do assunto com os 3° anos do Fundamental I, enfatizando a importância do respeito mútuo, a capacidade de se colocar no lugar do outro e vivenciar situações de companheirismo. Para nos auxiliar nesse contexto, convidamos uma psicóloga, que veio nos falar da saúde mental. A partir das experiências e estudos em sala de aula montaram cartazes com imagens e frases sobre o bullying, conscientizando toda a comunidade educativa. Durante o ano de 2014 toda Rede Sagrado de Educação tem vivenciado os Valores de Jesus e Madre Clélia, garantindo aos educandos a vivência da fé, da justiça, do respeito, perdão, fraternidade, esperança e sensibilidade. A fim de assegurar a formação de cidadãos reflexivos pautados no amor a Deus e ao próximo. Concluindo, a tarefa da escola não é simplesmente punir, mas educar - construir, com os educandos, novas visões de mundo, de sujeito, e novas possibilidades de convivência, mesmo que na diferença. REFERÊNCIA: FANTE, C. & PEDRA, J. A. Bullying Escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008. ________. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas, São Paulo: Versus, 2005. O fenômeno bullying e as suas consequências psicológicas. Disponível em: <www.psicologia.org.br /internacional/pscl84.htm>. Acesso em: 15 abr. 2014.
Revista Sagrado | 2014
9
Espiritualidade 10
Revista Sagrado | 2014
A Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus Irmã Lúcia Mangolim e Maria de Lurdes Hamann Escola de Educação Básica São Domingos - Torres – RS
Santo Agostinho na sua busca incansável pelo Criador, dizia “Minha alma está inquieta enquanto não repousa em Ti”. E depois de tantas andanças, tantos caminhos, O descobre dentro de si... E se encanta! Descobrir O Criador dentro de si é se sentir como pertencente a alguém que nos ama. Esse sentimento de pertença, aconchego, acolhida, segurança, fé, faz com que se sinta seguro, amado, filho. Sentimento que brota de dentro para fora e continua sereno e fervoroso dentro de cada um. Ao mesmo tempo, busca-se nas coisas sensíveis, segundo Santo Tomás de Aquino, provas desse amor e encontra-se este homem histórico ousado, corajoso, humilde, reto, de Coração amado – Jesus. Homem que diante da natureza humana foi humano, divino e continua sendo divino; de Coração aberto, sensível, acolhedor, compreensivo diante da condição humana, mas sempre acolhedor. Santa Margarida Maria Alacoque em experiência com o Sagrado Coração de Jesus diz que o Coração Sagrado de Jesus nos convida a repousar no seu peito, mostrando nas palavras Dele o amor por todos nós: “Este Coração queima de amor por ti e por toda a humanidade e não posso mais contê-lo. É necessário, que, com a tua ajuda seja conhecido por todos, a fim de que, sejam cheios dos benefícios do meu Coração e preservados dos eternos suplícios”. (Autobiografia, p. 53). Desta forma, o ser humano encontra no Coração de Jesus, tudo o quanto necessita para viver bem e em paz na sociedade, que oferece muito de passageiro e pouco de eternidade, pois, vivendo num contexto de pós-modernidade luta-se incessantemente contra os naufrágios da vida terrena, buscando uma atitude de vida mais serena, mais moral, menos hedonista, individualis-
ta e narcisista. Busca-se mais sentido para essa vida que tentam esvaziar com promessas de prazer consumista resultando em atitudes descabidas. E, diante de tanta turbulências, oferecidas pelo cotidiano, o ser humano Te busca todos os dias no silêncio do coração. Humildemente, lá Te busca e Te encontra. Se entrega... E no Coração Divino encontra forças para lutar contra as mazelas deste mundo que teimam em nos enganar, nos arremeter ao vazio. É nesse Coração humano e divino de onde verteu água e sangue, que se encontra a natureza humana como o Coração de Jesus O é e ensina. É nesse Coração aberto, transpassado, que se encontram forças e descanso para os problemas, angústias, sofrimentos, mas também é um lugar para celebrar, juntos, silenciosamente, com júbilo, todos os prazeres, conquistas e alegrias vividas pelos milagres pequenos e presentes todos os dias; pequenos, mas grandes quando se é sensível o suficiente para ler esses milagres. É ali, neste tesouro guarnecido pelo amor incondicional que se encontra acolhida, porto seguro, puro amor diante de tudo que se vive. “Venham a mim todos vocês que estão cansados e eu lhes darei descanso” (MT 11, 28). Assim, com o Coração transpassado, Deus vem em ajuda ao coração do homem, pois é no mais íntimo do homem, que acontece o encontro com o Coração de Deus, que faz parte da vida humana, é no Coração que Deus entra em diálogo com o homem. Sabe-se que o amor passa pela fé e a doutrina do Coração de Jesus é o sustento do cristianismo, fonte das Escrituras, coração da Igreja, é o centro da humanidade, do Cristianismo, é a plenitude do amor eterno que sustenta o mundo e, permitir que o Coração de Jesus cada dia capture o coração humano e supra nele a falta do perdão,
permitir que o Evangelho transforme as partes não redimidas, são misericórdia, perdão e amor. Porque Cristo transforma o coração daqueles que compartilham o amor e o seu amor pela humanidade é pleno, total e Ele aceita cada um do jeito que é. Madre Célia, fundadora das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, compreende que sem o amor de Jesus nada se é: Deixa-me ó Jesus, teu amor: [...] é tudo o que eu quero; tudo o mais para mim é nada; mesmo a própria imortalidade da alma, para mim seria nada, se me sentisse sem teu amor, pois que preferiria ser aniquilada já neste momento, antes que perder a esperança de ser amada por ti. (PM 447)
Compreende também que diante de tanto amor, só resta uma coisa: amá-lo de todo o coração e acima de tudo. “Eu quero amarTe com toda a intensidade do meu coração, não amando senão a Ti e por Ti”. (PM 498) Madre Clélia conheceu Jesus de Nazaré por meio do relato dos Evangelistas, encantou-se pela sua doutrina, correu para contemplá-LO vivo e real na Eucaristia a fim de descobrir, coração a coração, suas infinitas riquezas e fazer suas as ânsias redentoras “d’Ele.” Buscou na comunidade dos doze apóstolos o modo de agir e o estilo de vida do Mestre com seus discípulos; aproximouse de Maria em cujo seio se formou o coração humano de Jesus, e nela encontrou a revelação profunda da ternura do Coração de Deus. Amadureceu seu CARISMA e espiritualidade aos pés do Tabernáculo e motiva suas filhas e filhos a fazer o mesmo, vivendo com intensidade os momentos de adoração Eucarística “[...] a casa onde Jesus habita é o lugar de nossas mais caras delícias. Diante do Tabernáculo passaremos as horas mais belas de nossa vida [...]” (PM 408). E este convite, faz a todos os que de uma forma ou outra participam da vida e missão das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, Coração, sinal de amor e redenção, fonte de Salvação que deve dirigir o homem e a mulher de todos os tempos e culturas, para atingir a fé que ilumina, a esperança que salva, e a caridade que une as pessoas em uma só família e faz do Coração de Jesus o Coração do mundo. Como é bom saber que tem um Coração aberto para nos encontrar e nos acolher! Revista Sagrado | 2014
11
Cidadania
Projeto Estágio
Cristina Araujo de Farias Inácio, Danielle Barriquello e Rossana Vieira Busetti Professoras do Curso Normal - Educandos do Curso Normal – 1º e 2º anos (2013) Colégio Sagrado Coração de Jesus - Curitiba – PR
Solidário A vida humana é movida por valores e são eles que dão sentido à existência e impulsionam para múltiplas direções. O trabalho voluntário pode convocar o jovem para direções que possibilitem oferecer-lhe uma visão ressignificada e transformada sobre as realidades pessoais e sociais vividas, pois as experiências de encontro oferecidas nos estágios durante o Curso Normal, movem o educando para a descoberta de uma nova vida com valores compartilhados com o outro. As pessoas muitas vezes pensam em si próprias e no que é melhor para seu próprio bem estar pessoal, não dispondo de tempo e não vendo sentido em ações voltadas à coletividade e ao bem comum. Refletindo a respeito da necessidade do ser humano em encontrar-se no outro, o Projeto Estágio Solidário desenvolvido com os educandos do 1º e 2º anos do Curso Normal em 2013, teve como objetivo geral, criar espaço e sentido para a vivência do trabalho voluntário. Foi possível aliar sensibilidade social com desenvolvimento pedagógico, despertando nos jovens um sentido diferenciado para suas vidas, voltado à es-
12
Revista Sagrado | 2014
sência do que é ser humano, colocando-se a serviço para alguém por meio da partilha de seus saberes pedagógicos. Como objetivos específicos esse projeto contemplou os seguintes aspectos: - Conhecimento: refletir a repeito dos valores éticos no exercício da vida. - Compreensão: elaborar um plano de ação para a vivência do projeto, enriquecendo as estratégias já planejadas. - Aplicação: usar o tempo livre para fazer o bem, escolhendo estar a serviço do outro. - Análise: diferenciar ações solidárias e trabalho voluntário de assistencialismo às comunidades carentes. - Síntese: estruturar uma documentação, organizando o projeto vivido. - Avaliação: relatar situações vividas por meio do projeto, destacando a importância do trabalho voluntário em sua vida. No decorrer da vivência desse projeto, os educandos estiveram presentes em uma das Unidades Educacionais que já faziam estágio e propuseram uma manhã de formação para educadores, pais e crianças a respeito da Importância da Contação História para o Desenvolvi-
Revista Sagrado | 2014
13
mento Infantil, não aliando esse tempo de vivência às exigências do Curso Normal. Esse desprendimento sobre a carga horária de estágios teve como mobilização maior a busca dos educandos por um sentido em suas vidas de atuação pedagógica, partilhando com mais autonomia seus saberes e vivências com a comunidade escolhida. Os adultos, que estavam presentes na Unidade Educacional, foram contemplados com uma discussão sobre a abordagem da Psicologia dos Contos de Fada e as crianças foram marcadas por histórias produzidas por meio de múltiplas linguagens, considerando a qualidade do recurso didático oferecido a elas para abrigarem suas leituras, bem como para sentiremse dentro das histórias apresentadas. Um posicionamento expressivo para
14
Revista Sagrado | 2014
a própria vida dos educandos e de seus educadores, que acompanharam esse projeto, foi observado nessa condução. O desejo constante de colocar saberes e vivências a serviço do outro, aprendendo com ele o sentido da vida foi revelado. Esse projeto precisa continuar, reforçando a Missão Institucional do SAGRADO – Rede de Educação, que consiste em oferecer uma educação acadêmica, cristã, que assegure a formação de cidadãos reflexivos, autônomos, éticos, criativos, solidários e socialmente responsáveis. Os atributos citados para essa Educação Cleliana se constitui à medida que os projetos escolares assumem sua característica maior, que é a de promover a projetualidade dentro de nossas vidas pessoais em comunidade.
Unidade Educacional Destaque O jovem Pe Roldan
Colégio Coração de Jesus
Há 60 anos ajudando a construir a história do Noroeste do P araná Paraná Odailson Volpe de Abreu Educador - Colégio Coração de Jesus - Nova Esperança – PR
É uma alegria constatar que o Colégio Coração de Jesus se desenvolveu lado a lado com a região Noroeste do Paraná, principalmente junto à cidade de Nova Esperança, local em que o Colégio cresceu e ajudou a crescer. Comemorando seus 60 anos de existência, esta Unidade Educacional do SAGRADO – Rede de Educação é um marco na história da cidade de Nova Esperança, onde é muito difícil encontrar uma família que não tenha Fachada da antiga Escola Nossa Senhora da Esperança – Madeira um membro que já foi educando do “Colégio das Irmãs”, como é carinhosamente chamadas ali por viajantes que, na falta de velas para acendo. der, depositavam no chão da capela pequenas quanDesde sua fundação, no ano de 1954, até a chegatias, esperançosos de que um visitante posterior puda das Irmãs Apóstolas, no ano de 1959, tem sido indesse acender em seu favor o tributo ao Coração de tensa a participação de seus educadores e educandos Jesus, as moedas deixadas ali deveriam servir de pana ação evangelizadora, na prática educacional e no gamento pelo favor prestado. compromisso com a cidadania. Esse relato, transmitido por muitos pioneiros e A cidade de Nova Esperança nutre, desde a sua oficializado, no ano de 1970, pelo Diretor Gerente da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, Sr. Hermann Moraes de Barros, que esteve presente quando da descoberta da capela, demonstra que a cidade de Nova Esperança surgiu tendo como bases fortes a fé, a devoção e a esperança. Fé na providência divina, devoção ao Sagrado Coração de Jesus que representa todo o amor de Deus pela humanidade e esperança representada pela ação confiante daqueles que esperavam um favor futuro dos que por ali passassem. O vilarejo que surgiu em torno da pequena igreja recebeu, como referência direta, o nome de Capelinha e, mais tarde, no ano de 1952, ao ser emancipado, os representantes do povo consideraram prudente trocar a denominação do município, dado o fato de que outra cidade já Entrada da cidade existia com o mesmo nome. fundação, uma relação de amor e devoção ao CoraO novo nome, relacionado à virtude da esperanção de Jesus, quando, em meados do ano de 1928, os ça, encaixou-se muito bem, pois era como se a espeprimeiros desbravadores da Companhia de Terras rança dos antigos viajantes fosse renovada, neste chão Norte do Paraná chegaram a suas paragens, vindos da fértil, pelas bênçãos do Coração de Jesus. Surgia, asregião Oeste de São Paulo, o primeiro vestígio de civisim, a cidade de Nova Esperança. lização que encontraram foi uma singela capela dediUma terra promissora e pronta para acolher a cada ao Sagrado Coração de Jesus. quem aqui chegasse, tanto que não tardou a crescer, Construída de madeira, bastante tosca e coberta de maneira que, em pouco tempo, aumentou o seu de sapé, a capela abrigava uma imagem simples e rúsnúmero de habitantes, de forma que, já no ano de tica, muitos tocos de velas e algumas moedas, deixa1954, a região, que estava em pleno desenvolvimen-
Educandos da Escola Nossa Senhora da Esperança em frente à antiga Igreja Matriz de madeira
Irmãs Pioneiras – na sequência da esquerda para direita – Ir. Domingas, Ir Lea, Ir. Romualda e Irmã Ciríaca Revista Sagrado | 2014
15
Acolhida das Irmãs na cidade de Nova Esperança
to, começou a sofrer com grandes necessidades na área da educação, pois os filhos das famílias recém instaladas eram muitos e a oferta de vagas educacionais era ínfima. Atento às necessidades de seu povo, o jovem Padre José Antonio Roldan, primeiro vigário da Cidade de Nova Esperança, cargo que hoje equivale ao papel do pároco, tomou a iniciativa de fundar uma instituição educacional que atendesse aos anseios de seus paroquianos, oferecendo uma educação cristã de qualidade, nascia, assim, a ESCOLA NOSSA SENHORA DA ESPERANÇA. Diante de uma região que se desenvolvia a olhos vistos e que cada dia mais acolhia pessoas vindas de muitos lugares do Brasil, as tarefas paroquiais au-
Lançamento da pedra fundamental, Dom Jaime Luiz Coelho
Fachada do Ginásio Coração de Jesus
Fachada do prédio antigo
16
Revista Sagrado | 2014
Pátio Escola de Madeira – Concentração para Desfile Cívico 1962
mentaram de forma considerável e o tempo e a dedicação à escola paroquial precisaram ser suprimidos. Percebendo essas dificuldades enfrentadas pelo Padre Roldan, o Bispo Diocesano, naquele momento, o saudoso Dom Jaime Luiz Coelho, não tardou em convidar, para o trabalho na escola paroquial, as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, na época, ainda conhecidas como Irmãs Zeladoras do Sagrado Coração de Jesus. O convite feito por Dom Jaime não era um acaso, isso porque a devoção e o carisma das Irmãs Apóstolas estavam intimamente ligados ao Sagrado Coração de Jesus, legado da fundadora da Congregação, Madre Clélia Merloni. Para o bispo, a chegada das Irmãs era uma forma de manter viva a antiga devoção dos tropeiros, uma herança deixada à região a partir da construção da velha capelinha em honra ao Coração de Jesus. Por meio das Irmãs, a devoção seria difundida e consolidada na cidade que, ainda hoje, tem como seu grande padroeiro o próprio Sagrado Coração de Jesus. Assim, no início do ano de 1959, com entusiasmo e alegria, foram recebidas em Nova Esperança as Irmãs escaladas para o trabalho na Escola, Ir. Ciríaca Rampo, superiora, Ir. Domingas Brotto e Ir. Romualda Juliani, as quais, para a abertura da casa, vieram acompanhadas das reverendíssimas Madre Jesualda Périco, Superiora Provincial e Ir. Afonsina Ribeiro, Secretária da Província. Com um jipe, atolando na terra roxa das estradas sem asfalto, após 23 horas de viagem, chegaram as Irmãs a esta terra nova, prontas para fazer frutificar o sonho de Clélia Merloni de tornar o
Pronunciamento proferido pela Ir. Domingas
Coração de Jesus conhecido e amado e também dispostas a enfrentar o grande desafio de garantir uma educação de qualidade nestes novos rincões. Desde então, trabalhando preferencialmente na educação do povo de Deus, as Irmãs estão à frente da antiga Escola Nossa Senhora da Esperança, que, ao longo do tempo, vivenciou mudanças, não apenas na sua estrutura física, mas também em sua denominação que deixou de ser Escola e passou a ser Colégio Coração de Jesus. A primeira grande mudança ocorreu em relação ao lugar onde estava situada a Escola. Em 1954, ela funcionava em um prédio de madeira, com cinco salas, na praça da Igreja Matriz. Com a chegada das Irmãs, o prédio foi transferido, no ano de 1960, para um terreno próprio e destinado exclusivamente para o Colégio. Durante a remoção, as aulas não pararam e aconteceram normalmente no espaço físico da residência das irmãs, uma verdadeira lição de despojamento e doação. Logo após a remoção da escola de madeira, teve início a construção do novo prédio de alvenaria, que é utilizado até os dias de hoje, construído com o esforço constante das Irmãs e com a generosidade do povo. No ano de 1966, ainda durante a construção do Colégio, que, nesse ano, já estava adiantada e em fase de cobertura, teve início o curso ginasial, hoje conhecido como Ensino Fundamental II. O curso veio somar junto ao jardim de infância e ao curso primário já estabelecidos na Instituição de Ensino, e recebeu como patrono o Coração de Jesus, sendo denominado Ginásio Coração de Jesus. Em 1968, a construção do novo pré-
Jogos Clelianos 2003
dio foi concluída e, então, o crescente número de matrículas pôde ser atendido. Na década seguinte, os anos de 1970, as várias mudanças ocorridas nas denominações educacionais contribuíram para que o nome do patrono se sobrepusesse e, desde então, a antiga Escola Nossa Senhora da Esperança cedeu completamente espaço para aquele que viria a ser o grande referencial de amor e educação nas terras novaesperancenses, o Colégio Coração, nesse período, ainda chamado de Escola Coração de Jesus. Nas décadas subsequentes, entre os anos de 1980 e 1990, firmou-se na região, destacando-se como uma instituição de ensino séria, de qualidade e preocupada com questões sociais e ambientais, contribuindo para o desenvolvimento da cidade na era pós-café. O início do novo milênio foi marcado pelo grande esforço das Irmãs Apóstolas em não apenas garantir o status de referência educacional, mas de expandi-lo também, não deixando nada a desejar em relação a outras instituições de ensino de cidades maiores, como Maringá e Paranavaí, garantindo, assim ao povo da cidade de Nova Esperança, uma boa educação sem o ônus de enviar os filhos, ainda adolescentes, para as cidades vizinhas. Começava então uma série de ações que acontecem até hoje, e juntas, modernizam e adequam as instalações da Unidade Educacional aos novos padrões exigidos por uma sociedade mais globalizada e atenta às mudanças dos novos tempos. Dentre essas ações, foi possível perceber o grande incentivo na área dos esportes, a valorização e promoção da intelectualidade e também uma constante busca de aproximação da escola com a família; além disso, houve uma forte retomada das atividades pastorais, tanto junto aos educan-
Miniauditório
Ir. Domingas
dos quanto junto à Paróquia, garantindo, assim, a missão principal e legado de Madre Clélia: despertar o amor das pessoas para o Coração de Jesus. Dentre os fatos importantes deste novo período, são destaques a construção e inauguração do Ginásio Poliesportivo, bem como a escolha desta unidade como sede da IX Edição dos Jogos Clelianos, no ano de 2003, momento de alegria em que a Escola Coração de Jesus e a cidade de Nova Esperança receberam inúmeros atletas de todas as Unidades Educacionais pertencentes ao SAGRADO – Rede de Educação e mantidas pelo Instituto das Apóstolas no Sul do Brasil. Nesse mesmo ano, foi aprovado o Ensino Médio e, a partir de então, com a oferta de toda a Educação Básica – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio – a Escola passou a denominar-se Colégio Coração de Jesus, atendendo aos educandos de Nova Esperança e de outras localidades circunvizinhas, que hoje somam mais de dez municípios. Este também foi um período marcado pela ampliação da estrutura física da Unidade Educacional, pois, além do Ginásio Poliesportivo, outras construções foram empreendidas para atender ao grande número de educandos que ingressavam na grande família cleliana, aumentando significativamente o contingente do Colégio. Em 2006, foi inaugurada uma nova ala, incrementando a qualificação do ensino, pois a demanda de alunos já exigia essa ampliação há algum tempo. Assim, foi concluída a obra do novo pátio, muito mais amplo e aconchegante e também das novas salas para o Ensino Médio e o miniauditório, tão útil para momentos de ensino aprendizagem e palestras à comunidade em geral. Nos anos seguintes, inaugurou-se
uma nova quadra coberta, valorizando o acesso dos educandos a vários esportes e incentivando essa prática tão benéfica para jovens e adultos. Houve, também, a construção e inauguração de mais um bloco, onde a ala térrea foi preparada e destinada exclusivamente para as crianças da Educação Infantil, e a parte superior exclusiva para o Ensino Médio, um seguimento que continua crescendo cada vez mais e que, a cada ano, vem ganhando destaque por conta das inúmeras aprovações nos vestibulares da região. Ao longo dos seus sessenta anos de existência, o Colégio Coração se manteve sensível às mais complexas necessidades e atento à compreensão das diferenças e desigualdades sociais. Nas palavras da pioneira, Irmã Domingas Brotto, que ainda hoje reside na comunidade que ajudou a fundar: “meninos e meninas de ontem são hoje os pais e avós dos educandos do Colégio Coração e são eles a grande Nova Esperança”. Na atualidade, essa Unidade Educacional conta com seis Irmãs, mais de setenta Educadores e Associação de Pais e Mestres que, comprometidos com a causa educacional, fazem do Colégio Coração de Jesus um espaço privilegiado de formação de cidadãos éticos, justos e solidários, concretizando sua missão de ofertar uma educação que passa pelo coração.
Revista Sagrado | 2014
17
Entrevista
Família e Escola um relaciomento determinante
No desenvolvimento da aprendizagem de crianças, adolescentes ou jovens, a parceria Família e Escola sempre formou um elo extremamente importante. Para debater este assunto, nesta edição, a Revista SAGRADO conversou com Isabel Parolin, que é Pedagoga, Especialista em Psicodrama Pedagógico e Psicopedagoga credenciada pela ABPp. Conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia/Paraná Sul. Autora de diversos artigos em revistas, jornais e sites de Educação e aprendizagem. Entre seus livros editados está o recomendado: Professores formadores: a relação entre a Família, a Escola e a Aprendizagem. Mariza de Fátima Veiga Siewert – Serviço de Comunicação Unidade Educacional Escola Santa Teresinha do Menino Jesus – Curitiba – PR
É correto afirmar que o relacionamento entre família e escola interfere de maneira acentuada no processo de aprendizagem?
18
Isabel Parolin - Analisando os resultados das avaliações oficiais (SAEB, IDEB, PISA) que estão disponíveis na Internet, constata-se que “todas” (dado importante) as escolas que se saíram bem nessas avaliações, tanto do Ensino Fundamental quanto do Médio, apontaram, dentre outras ações, o desenvolvimento de um trabalho com as famílias de seus educandos. Descreveram diferentes estratégias de trabalho, no entanto, os objetivos eram claros: melhorar a qualidade do ensino, criar uma cultura do papel da escola e da família no processo de aprender e ensinar; fortalecer a relação com a família e da família com os profissionais da escola, evitando invasões de fronteiras de ambas as partes, e o empurra-empurra, cujo resultado (lamentável) tem sido culpar a criança ou jovem por não aprender. Arrisco afirmar que as escolas que têm um olhar para a família como parceiras no processo educativo, desenvolvem, além de melhores rotinas de aprendizagem, laços de confiança com a comunidade educativa e passam a “fiar com” (junto) a construção de um aprendiz melhor instrumentalizado para ser o cidadão de que a nossa sociedade precisa e deseja. Revista Sagrado | 2014
Quando se pensa em aprendiz, está-se falando de um sujeito que tem clareza de ser dele o movimento de aprender – eu aprendo – no entanto, para apropriar-se do que a humanidade já produziu, precisará do olhar atento e a mediação competente dos educadores que estão em sua jornada, quer sejam seus familiares ou seus educadores. Indiscutivelmente a escola é espaço para apreender os conhecimentos que permitem a inserção social. Espera-se que uma criança, ao ir à escola, possa ser o construtor de uma realidade diferente e melhor do que a que agora se vive – uma sociedade cada vez mais de Todos e para Todos. Uma pessoa se faz na relação com seus educadores e a comunidade na qual está inserida. Notem que explicitei “seus”, querendo subentender que o sentimento de pertença a esses dois grupos (não apenas a eles) é que dará o disparador para sua forma de entender o mundo e o modo de viver e conviver. Vivendo conforme seus familiares vivem, a criança construirá sua modalidade de aprendizagem, que será fortemente influenciada pela modalidade de ensino de seus educadores. Vale afirmar que a qualidade das relações que a criança estabelece ao longo de sua formação é que vai potencializar, ou não, sua atividade cognitiva. (Isso é Wallon)
Isabel Parolin
Muito se questiona sobre o que é competência da escola e o que é da família. Como estabelecer a fronteira entre estas duas instituições? Isabel Parolin - Parece obviedade desejar que a família cumpra seu papel formador, permitindo que a criança construa sua pertença ao grupo familiar, ofertando os limites necessários e explicitando os princípios que os geraram, responsabilizando-se nessa construção. O pertencimento e a individuação de uma pessoa acontecem no convívio familiar, na partilha de valores e ideias, na forma como desempenham suas tarefas e como enfrentam medos, desafios, derrotas e sucessos. Uma família precisa entregar o seu filho à escola, e esta precisa receber o seu educando. Dessa forma ele será da família e da escola, ambas se responsabilizando por ele. Para que se obtenha essa clareza e desenvoltura, a escola tem trabalhado na busca do entendimento dessas fronteiras, das mudanças na organização e dinâmica da família.
Reflitam sobre os exemplos a seguir: “A mãe da L. nunca vem às reuniões da escola e, depois, fica pedindo pra gente escrever o que foi decidido em reunião, que não entendeu tal coisa. Se fosse interessada tinha vindo! Não vem e quer as informações... Uma chatice essas mães”. (Coordenadora da EMES)
“Eu trabalho num lugar por escalas e turnos e pra eu sair no meu turno, preciso saber do horário da reunião com uma semana de antecedência. Elas não se organizam e depois dizem que eu não fui à reunião porque não quis. Eu tenho chefe, tenho um contrato e tenho regras a cumprir. Custa planejar essas reuniões com antecedência?” (mãe da EMES)
“Tua professora não te ensinou a ter bons modos? Não sei por que eu te mando pra escola!” (da família)
“Mãe, precisamos que você faça o
R. estudar e que ele faça as lições. Ele anda desobediente e está fraquinho nas provas. Desinteressado e meio conversadorzinho.” (Prof. de R. 6 anos)
Enfim, espera-se que enganos como os dos relatos acima não mais aconteçam, e para que isso se faça verdade, uma boa estratégia é iniciar trabalhos para estudar e entender as famílias dos nossos educandos. Note-se que esse trabalho precisa começar na escola para que essa delicada e necessária relação se fortifique pelos laços do conhecimento e não dos preconceitos ou achismos. Quando as fronteiras relacionais entre a família e a escola são construídas a partir de diálogos, escutas e olhares atentos, quem sai ganhando é a criança, que aprende; a escola, que bem desenvolve sua missão de ensinar; a família, que desenvolve de maneira adequada o papel constitutivo do sujeito e a sociedade que se torna mais rica e com melhores seres humanos. Revista Sagrado | 2014
19
Valores
Habitar no mundo digital também requer discernimento Mauricio Soares Serviço de Integração Social Colégio Sagrado Coração de Jesus – Curitiba – PR
As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) estão inseridas no dia a dia das pessoas de muitas formas, por meio dos computadores, smartphones, tablets, eletroeletrônicos e afins, possibilitando a partilha de ideias, informações, opiniões e, principalmente, gerando uma nova forma de organização da sociedade. Um bom exemplo desta mudança social foi o pronunciamento do Papa Emérito Bento XVI: Não se trata somente de exprimir a mensagem evangélica na linguagem atual, mas é preciso ter a coragem de pensar de maneira mais profunda, como aconteceu em outras épocas, a relação entre a fé, a vida a as transformações que o homem está vivendo. É o esforço para ajudar a todos a serem capazes de falar a “nova linguagem” das mídias na função pastoral, em diálogo com o mundo contemporâneo, perguntando-se: quais os desafios que o “pensamento digital” coloca para a fé das pessoas? Quais as exigências? O mundo da comunicação interessa a todo universo cultural, social e espiritual da pessoa humana. Se as novas linguagens possuem um impacto sobre o modo de pensar e de viver, isto diz respeito de certa forma também ao mundo da fé e sua expressão. [...] O próprio Jesus ao anunciar o Reino soube utilizar os elementos da cultura e do ambiente de seu tempo: a multidão, o campo, as semeaduras, etc. Hoje somos chamados a descobrir, também na cultura digital, os símbolos e as metáforas importantes para as pessoas que podem auxiliar ao comunicarmos o Reino de Deus ao homem contemporâneo. (BENTO XVI, 2011)
Nossa cultura está cada vez mais digitalizada, tendo no ciberespaço um novo lugar de sociabilidade, originando novas formas de estabelecer relações, com novos códigos, estruturas
20
Revista Sagrado | 2014
e especificidades próprias. Conhecer esse mundo é a melhor forma de quebrarmos nossos preconceitos. Entre todas as possibilidades de comunicação nesse ambiente virtual há as redes sociais que são utilizadas pela maioria de nossos jovens e crianças. As redes sociais são novos ambientes para busca e divulgação de informações formadas por pessoas que estão conectadas (online) à Internet, partilhando acima de tudo, valores e objetivos em comum. São locais virtuais para encontrar pessoas, participar de comunidades de seu interesse; compartilhar gostos e ideias; divulgar fotos, vídeos, eventos e organizar mobilizações sociais, ou seja, cada um se relaciona de acordo com seu objetivo, independente do lugar que esteja, fazendo com que as pessoas de qualquer lugar do mundo, possam trocar informações conforme sua área de interesse. Uma preocupação constante é o anonimato nas redes sociais. Uma das formas encontradas para sanar esse problema é a identidade digital que nada mais é que a identidade real de uma pessoa ou entidade. A identidade digital pode incluir dados como nome, endereços residencial e/ou comercial, números de R.G. e CPF, números de conta, entre outras informações pessoais. Ou seja, abrange um conjunto de informações atualizadas, organizadas e codificadas em meios informáticos. Sendo uma maneira de provar quem é realmente, garantindo desde as relações pessoais como o conteúdo a ser pesquisado. Essa identidade virtual esbarra na privacidade, portanto é necessário ponderar sobre este grau de exposição, decidindo quão visível as pessoas desejam que as suas informações
se apresentem em perfis, fotos, vídeos e postagens. É necessário preservar, principalmente, dados pessoais, pois apesar de salvaguardados, podem estar sujeitos a ações criminosas: roubo de identidade, em que a identidade virtual é utilizada por terceiros sem o conhecimento dela. Estar em uma rede social pressupõe interatividade. Quando são publicados conteúdos devemos refletir se estamos gerando conexões positivas ou compartilhando conhecimentos relevantes. Devemos ter em mente que o mundo virtual nada mais é do que o reflexo do mundo real em que temos direitos e deveres. A Internet, em linhas gerais, potencializa a divulgação de informações, dessa forma, quando cometido um delito ou um crime, na ausência de lei específica, será enquadrado nos dispositivos legais existentes. O bullying, conhecido problema enfrentado no dia a dia das escolas, exemplifica muito bem essa situação, quando cai na rede, transforma-se em cyberbullying, extrapolando os muros da escola para ganhar o mundo por meio da rede. A formação de uma pessoa vai muito além dos bancos escolares, passando pelas horas de lazer, em que, muitas vezes, pela nossa realidade social as crianças são deixadas em frente de uma tela de computador. Estranhamente, nenhum pai responsável deixaria uma criança sair sozinha na rua ou em um shopping, mas esquece de que a rede pode oferecer os mesmos perigos do mundo “lá fora”. O mundo virtual é parte da responsabilidade dos pais na formação integral do ser humano. Como o mundo real, o mundo virtual caminha por caminhos diversos, nos deparamos com o excesso de informações e a urgência de seleção dessas informações. Assim, uma simples pesquisa solicitada pela escola, acerca de um conteúdo, pode fazer com que o educando, na rede, chegue a outros, que “por hora” não sejam adequados à faixa etária. Devido à lógica do link, todo conteúdo pode ser colocado em direta relação com outros conteúdos, seja onde for que estejam depositados. Tudo aquilo que está na Internet está incluído num espaço de ligações e de interações. É necessário não confundir essa complexidade com a “desordem” e a agregação espontânea com a “anarquia”. Ao contrário, é preciso compre-
ender na ótica, em que cada um assume as próprias responsabilidades sobre os conteúdos, cabendo, mais uma vez, a mediação de um responsável. Dentro desse contexto, os jogos virtuais ou jogos eletrônicos, como também são chamados, são jogos de entretenimento, cuja a plataforma é um computador. Esses são simuladores que trabalham situações em que é preciso transformar ações em reações rápidas de raciocínio e agilidade. Os jogos podem ser classificados como jogos violentos e jogos não violentos. Esses jogos já fazem parte da sociedade e as crianças rapidamente criam intimidade com essas tecnologias. Não é necessário retirar totalmente o uso, mas os pais precisam impor limites e estipular o tempo. Há conteúdos que podem servir como ferramentas pedagógicas, jogos que ensinam os números, as cores, incentivam a leitura e o aprendizado de novas palavras. Podem ser usados na intervenção com crianças com dificuldades de aprendizagem, uma vez que a criança está diante do diferente, do lúdico instigante e atrativo; da resposta imediata; dos resultados interessantes; da flexibilidade do pensamento; do desenvolvimento do raciocínio lógico; do foco de atenção e da concentração e da expressão emocional. Em consequên-
cia, os educandos desenvolvem potencialidades e habilidades, antes não reveladas, aguçando, desse modo a definição das inteligências múltiplas. O equilíbrio é a palavra chave para tudo, inclusive os jogos. Jogar em excesso prejudica a saúde e os estudos, podendo até levar ao vício. O conteúdo de alguns pode instigar a violência e a práticas criminosas. Além de poder causar obesidade, devido à falta de atividade física prejudicando assim a sua qualidade de vida. A grande palavra a ser redescoberta no mundo digital é uma velha conhecida do nosso vocabulário cristão: o discernimento. É preciso aprender a deduzir e distinguir as informações que encontramos nesse “ambiente”. A rede molda nosso modo de entender os conteúdos que orbitam em torno de quem os busca ou encontra. É imprescindível que a família e a escola trabalhem essas questões para que ocorra a conscientização de seus educandos, no sentido de perceber o que é válido ou não nessa rede internacional de comunicação e informação.
Revista Sagrado | 2014
21
Missões
Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus
A História marca uma época, um tempo e um fato. Mas não para por aí, ela continua dando margem a sua perpetuação em cada novo dia que surge, em cada pessoa que em seu tempo e espaço deixa na memória de um povo e/ou no resgisto de um papel a certeza de que a vida é dinâmica e a História se faz. Estendendo um breve olhar, recolhendo fatos dispersos, fazendo memória do passado trazemos aqui uma síntese de uma trajetória que evoluiu e continua a evoluir, na busca e realização de um sonho: tornar o homem mais homem no contexto relacional e comunitário de um mundo globalizado, individualista e materialista.
HISTÓRICO Na década de 80, Maputo, capital de Moçambique, ainda estava no despertar do fim de uma guerra e já no processo da sua reconstrução, abrigava importantes caminhos de ferro e uma população crescente vinda de outras províncias, carecia de escolas, que pudessem acolher tamanha quantidade de crianças com idade escolar. Quem não conseguia vagas, ficava em casa ou estudava ao relento sujeito a todo e qualquer tipo de situação causada pela natureza. Com poucas escolas e muitos candidatos era difícil combater o analfabetismo.
22
Revista Sagrado | 2014
Em 1987, Padre João Almendra, da Sociedade Missionária Boa Nova, então Pároco da Paróquia de Nosssa Senhora Aparecida de Mavalane e da Comunidade da Imaculada Conceição situada no Bairro de Hulene, num dos seus habituais contatos com o grupo Dinamizador descobriu que havia cerca de 4.000 crianças sem escola naquela área. Em visita ao local e sensibilizado com a situação comprometeu-se com um grupo de leigos engajados a fazer alguma coisa na tentativa de minimizar o problema. Havia um terreno com algumas árvores, uma mesa, um quadro de giz, um professor e aproximadamente 80 crianças que frequentavam as aulas oriundas da Escola Primária Unidade 8, que estava em reabilitação.
Pensando em construir algumas salas de aula, os Missionários da Boa Nova contaram com a ajuda dos pais e da comunidade. A Escola chamaria “FORÇA DO POVO”: resultado de um trabalho em conjunto. A Paróquia assumiu a responsabilidade das obras, legalizou o terreno, construiu e transferiu novas casas em outros lugares para 20 famílias. As construções tiveram início em 1990 e duraram por um período de sete anos. Tudo foi feito pela comissão da Paróquia de Mavalane, numa área de aproximadamente 2.500m2 de superfície. Foram construídos cinco edifícios de grande porte e um muro de vedação. A obra teve caráter de autoconstrução, feita por administração direta e com máxima economia dos fundos enviados de vários órgãos não governamentais.
FUNCIONAMENTO A Escola, de propriedade da Paróquia, funciona no período diurno como Escola Primária Força do Povo, sob a orientação direta do Ministério da Educação; é uma Escola Pública do Ensino Primário de 1ª a 7ª classe e no período noturno como Escola Comunitária da Imaculada atendendo ao ensino para 8ª, 9ª e 10ª classes. DIFICULDADES Uma das grandes dificuldades é a econômica. Os educandos pertecem a famílias de baixa renda e sem condições de manter o pagamento salarial dos professores. Assim, o Ministério da Educação assumiu o pagamento dos mesmos e os educandos colaboram com uma taxa no ato da matrícula, que contribui também para outras despesas da Escola durante o ano. Outra dificuldade consistia em trabalhar num único complexo escolar com duas direções diferentes: uma do Estado e outra particular, comunitária. O Diretor de Educação da Cidade, manifestou a confiança no trabalho, que vinha sendo realizado pela Igreja, ao mesmo tempo sugeriu o pagamento do pessoal docente, administrativo e outras possíveis necessidades da vida escolar. UMA META PARA O FUTURO No dia 29 de janeiro de 1998, a Direção de Educação da Cidade de Maputo e a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida de Mavalane assinaram o contrato de Gestão do Complexo Escolar do Bairro de Hulene “B”, a Escola Comunitária da Imaculada e a Escola Primária Força do Povo. O ato de entrega e de transmissão do Processo de Direção dessas escolas, em cerimônia solene, foi realizado no dia 06 de fevereiro de 1998. Assinaram o documento o então diretor, senhor Silvestre Alexandre Magaia e Marilena Coelho Silva, diretora nomeada. Esta pertencente à Congregação das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. A partir de 05 de fevereiro de 1999, a Direção tornou-se única e foi cancelado o nome de Comunitária da Imaculada. A missão da Congregação não se restringia apenas à direção pedagógica e administrativa dessa entidade escolar, mas contribuia na formação humana e intelectual dos educandos. Tendo como objetivo a educação integral da pessoa, uma educação direcionada para os valores, o serviço educativo esperado tornou-se exigente e comprometedor. Organizar papéis, distribuir tarefas, conhecer a realidade de trabalho e convívio com as pessoas, conquistar o espaço, era o começo que nos esperava. Caminhar enfrentando os desafios na certeza de que o caminho não está pronto, mas que se faz ao caminhar.
O desejo de concretizar muitos sonhos começou a brotar na mente e no coração da nova Direção. Por onde começar? Como começar? Recursos financeiros não existiam, situações emergentes não faltavam. Encontrar colaboradores foi a iniciativa certa. Por meio da elaboração e encaminhamento de projetos às Instituições Internacionais não governamentais e atendidos em parte pelos mesmos foi possível dar início às melhorias, beneficiando a todos os que servem-se desta Instituição Escolar. Num mundo materialista e globalizado, ser agente de mudança e comprometer-se com o PROJETO MAIOR, deve ser sempre a nossa tarefa, o nosso compromisso de formar o homem livre, coerente e responsável. Favorecer um ambiente de pesquisa, leitura e estudo foi uma das primeiras conquistas adquiridas. Com o apoio direto não apenas em bens materiais, mas também em mão de obra gratuita e alegre da senhora Embaixadora da Irlanda, uma vasta biblioteca e uma sala de audiovisual foi montada. Para maior conforto e desempenho dos trabalhos, foi construída uma sala para os professores. Areia e muita poeira é uma característica própria da região e o pátio da escola não foge à regra. Para minimizar essa situação, conseguiu-se meios para a pavimentação, com apoio recebido da própria Instituição Religiosa, da Entidade Católica Holandesa para Cooperação Internacional – CORDAID e Cáritas Espanhola. A Escola começa a ganhar novas formas e colorido com o arranjo de canteiros ornamentais e plantio de árvores. Outro esforço de investimento iniciou-se em 2002, a construção de mais treze salas de aula, sala para os professores, banheiros, secretaria, gabinete pedagógico, gabinete da direção, gabinete administrativo, biblioteca e sala de audiovisual. Ainda na conjunto de construção está a Capela, a cantina e a reconstrução do muro de vedação. Nesse mesmo ano de 2002, com o desenvolvimento da região e o aumento populacional, surge a ideia de solicitar à Direção de Educação da Cidade e ao Ministério da Educação e Cultura a introdução do Ensino Secundário Geral – 1º Ciclo, no turno diurno. Em 2003, começou também a funcionar a Escola Secundária com a introdução da 8ª classe e, paralelamente ainda com o Ensino Primário. Fazer Educação Física e praticar esporte sempre foi uma atividade recomendada. Contudo, o
espaço disponível não oferecia condições necessárias para uma boa prática dos mesmos. Com financiamento das “Mãos Unidas” foi possível a construção de um campo coberto para várias modalidades desportivas e outras atividades escolares e da comunidade. SONHAR É BOM! TORNAR O SONHO UMA REALIDADE É MELHOR! Em 2006 foi feito um grande trabalho no sentido de reorganizar o espaço entre as Escolas Força do Povo e Imaculada com o intuito de no ano seguinte, serem escolas independentes com Direção e Gestão próprias uma vez que já se tinha remetido um documento ao Ministério para os devidos efeitos. Submetido à aprovação foi deferido positivamente. 2007 foi mais um marco importante na História das Escolas. Com essa resolução cada Escola passou a ter características próprias no nome e na gestão. A partir de então, passa a existir a Escola Primária Completa da Imaculada (atendendo educandos da 1ª a 7ª classes – corresponde ao Ensino Fundamental) tornando-se definitivamente independente da Escola Secundária Força do Povo (atendendo educandos da 8ª a 10ª classes – correspondes ao Ensino Médio). Na linha do tempo a História tem um começo, mas não tem propriamente um fim, porque continua seu curso a cada dia que surge e se perpetua através dos tempos. O tempo presente da Escola de hoje foi projeto concretizado do ontem e sonho projetado para o amanhã. E num futuro muito próximo mais um empreendimento que está na fase final, será a abertura de uma sala de informática, possibilitando também o uso da internet. Sem o esforço e o sacrifício de cada um não existe a alegria da vitória. Consideramos todos vencedores nesta grande e árdua missão de educar e formar homens e mulheres, que vivendo num mundo globalizado e consumista, sejam capazes de valorizar todas as coisas e retirar delas o verdadeiro sentido da sua existência.
Revista Sagrado | 2014
23
Lembranças felizes Depoimentos
Wilians Mendonça Ex-aluno - Colégio Imaculada Conceição - Curitiba – PR
24
Revista Sagrado | 2014
Depois de cinquenta anos (meio século), voltei ao Colégio Imaculada Conceição, Unidade Educacional pertencente ao SAGRADO – Rede de Educação no bairro de Santa Felicidade, Curitiba, para fazer uma pequena pesquisa que se estendeu por algumas semanas em dias intercalados. Foi aqui, nos anos 1963 e 64 que cursei os dois primeiros anos (1ª e 2ª séries) do ginásio. Pouca coisa mudou. O cenário interno do colégio, corredores, salas, pátio... e a algazarra de estudantes durante o recreio. Tenho vivo na memória, felizmente, cenas daqueles dias. Nestes dois anos aprendi principalmente a ser disciplinado. O rigor da disciplina era aplicado com maestria e candura, o que me tornou fácil absorver regras nos contextos da educação. Desde sua fundação, que completou 120 anos no mês de maio, a congregação primou por uma educação pautada em valores, sob o carisma de Madre Clelia Merloni, e continua trilhando os mesmos caminhos. Eram outros tempos. Santa Felicidade despertava da condição de uma colônia italiana, para um bairro conhecido internacionalmente. A história do bairro consolidou-se com a congregação, pois exigia-se, para aqueles primeiros imigrantes, uma instituição de ensino que pudesse oferecer a educação escolar, bem como o ensinamento religioso, dando continuidade a tudo que deixaram em seu país de origem, a Itália. Hoje ainda considero-me “Cleliano” por-
que assimilei educação aprimorada, cristã, de princípios, voltada para o que é mais sagrado: formação de cidadãos. Passados esses cinquenta anos, a congregação renova-se, adaptando-se a este novo mundo globalizado, com novas tecnologias e métodos pedagógicos, e alerta sempre para a formação moral. Tive a oportunidade de constatar nestes dias de minha visita ao colégio, o trabalho dos alunos e professores com atividades práticas voltadas ao processo de envolvimento das famílias, seus antepassados dentro da coletividade, relações e laços familiares, práticas estas somadas ao currículo escolar de suma importância para o desenvolvimento da personalidade e caráter destes jovens, os quais serão, cada um a seu modo os novos administradores de nosso país. Permitam-me, pais e alunos, fazer aqui uma reflexão de nossos dias atuais. Temos sim, direito a ensino público de qualidade. Porém se isto não acontece, a grande maioria dos brasileiros não investe na educação dos filhos. Prefere investir em bens de consumo supérfluos. Naqueles tempos, dias difíceis, quando não havia crédito fácil, nossos pais investiram em educação. O maior e melhor investimento que se possa realizar para a concretização de um país, uma nação. E o Colégio IMACULADA fez e faz, porque é o que tem de melhor: educar, humanizar e socializar as crianças para o futuro, formando cidadãos.
Formação Humana
Ética: uma atitude
prática ou reflexiv a? reflexiva A respeito da ética muito já foi dito ao longo da história da filosofia, desde Sócrates até os dias de hoje. Tendo presente esse aspecto, o objetivo proposto aqui não é fazer um levantamento histórico sobre a ética, mas compreender se a ética diz respeito às atitudes práticas ou reflexivas. www.chares.com.br
Diante desse escopo, por um lado se faz necessário destacar que o termo ética é oriundo do grego – ethos – que, a princípio, tem como significado, “costume”. Há, por outro lado, o termo moral, embora sendo proveniente do latim – mos, morale – que, outrossim, igualmente significa “costume”1, porém ao longo da história, ambos os termos conquistaram sentidos específicos. A moral, de modo geral, pode ser compreendida como “o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em grupo social.” 2 Assim, a moral diz respeito aos valores que estabelecem os parâmetros para a conduta dos indivíduos, a fim de que seja possível a relação entre os indivíduos. A moral, nesse caso, trata de prescrições/orientações acerca da prática dos costumes, ou seja, do agir, que por sua vez, pode sofrer transformações de época para época. Diante do conjunto de regras que disciplinam o comportamento dos indivíduos, tornando assim as re-
1 2 3 4 5 6
lações possíveis, encontra-se o sujeito moral. Um indivíduo se faz como sujeito moral quando “age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras morais admitidas em determinada época ou um grupo de pessoas. Diz respeito à ação [...] concreta.”3 A moral está associada ao agir do sujeito moral no interior da coletividade. Certamente, inclui-se nesse contexto o ambiente escolar. A ética não está dissociada da ação concreta, mas diz respeito, sobretudo, à reflexão teórica sobre a prática dos costumes. A ética é, em outros termos, “a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral”4, colocando continuamente a responsabilidade sobre os ombros do indivíduo. A responsabilidade que recai sobre o indivíduo, leva-o “mais longe do que a tão somente fazer seus os deveres gerais”5, e coloca-o no campo da singularidade. Nesse campo, cabe ao indivíduo fazer suas próprias decisões, porque, por conseguin-
Cf. ARANHA, M. L. de Arruda; MARTINS, M. H. Pires. Filosofando – introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, p. 301. Cf. Ibidem, p. 301. Cf. Ibidem, p. 214. Cf. Ibidem, p. 214. VERGOTE, E. B. Ler Kierkegaard, filósofo da cristandade. Álvaro L. M. Valls; Lucia S. e Silva. Porto Alegre: Unisinos, 2001, 53. KIERKEGAARD, S. A. Temor e tremor [on-line]. Tradução de Carlos Grifo, Maria J. Marinho; Adolfo C. Monteiro. São Paulo: Abril Cultural: 1979b, p. 271.
Revista Sagrado | 2014
25
te, a decisão está na interioridade do sujeito. E quando se trata de decisão, não havendo mais como procrastinar ou protelar, o ser humano sempre estará no campo da ética e, por isso, deverá ser responsável por suas ações, escolhas e decisões, e terá também como obrigação arcar com suas consequências, sejam elas negativas ou positivas. Portanto, É bom não disputar com a ética porque tem categorias puras. Não invoca a experiência [...]. A ética ignora o acaso, e, por conseguinte, não tem a mínima precisão de golpes teatrais, não brinca com as dignidades, carrega com uma pesada responsabilidade os ombros do herói.6
Sendo assim, a moral determina o que é o bem, o bom, a verdade, o justo, correto, etc., bem como seus contrários. A ética, enquanto reflexão teórica sobre esses princípios que fundamentam a vida moral questiona-se acerca dos fundamentos desses princípios, levando em consideração a ‘concepção ser humano’, as crenças e os valores que orientam a conduta de um grupo so-
26
Revista Sagrado | 2014
cial numa determinada época. No ambiente escolar e suas interações, a ética se faz presente em momentos imensuráveis, uma vez que está vinculada às relações que se processam entre os atores envolvidos, compreendendo-a, desta forma, pelas ligações estabelecidas entre os seres humanos e a valorização das relações interpessoais. A partir daí busca-se o respeito mútuo, criando um espaço de discussão, aberto ao diálogo, permitindo o ensino e a compreensão da ética como eixo condutor das atitudes morais, tornando a Escola um ambiente propício para seu exercício e aprendizado. Lembrando que o legado do papa Francisco é ético e espiritual, por uma Igreja e uma sociedade que vivam o diálogo, que os políticos sejam honestos e a serviço do bem comum, que a sociedade busque valorizar a pessoa humana em sua totalidade e que os religiosos, sejam católicos ou evangélicos, vivam uma vida simples, pois devem estar a serviço do povo de Deus.
REFERÊNCIAS ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Wmf Martins fontes, 2012. ARANHA, M. L. de Arruda; MARTINS, M. H. Pires. Filosofando – Introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna. ARANHA, M. L. de Arruda; MARTINS, M. H. Pires. Filosofando – introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna. CAMARGO, E. Carpes; FONSECA, J. A. Lago. A ética no ambiente escolar: Educando para o diálogo. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/gpforma/ 2senafe>. Acesso em: 10 mai. 2014. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 9. ed. São Paulo: Ática, 1997. KIERKEGAARD, S. A. Temor e tremor [on-line]. Tradução de Carlos Grifo, Maria J. Marinho; Adolfo C. Monteiro. São Paulo: Abril Cultural: 1979b. (Coleção Os Pensadores). MAURÍCIO, Ricardo. CHARGES. Disponível em: <www.charges.com.br>. Acesso em: 8 mai. 2014. VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1994. VERGOTE, E. B. Ler Kierkegaard, filósofo da cristandade. Álvaro L. M. Valls; Lucia S. e Silva. Porto Alegre: Unisinos, 2001.
Filantropia ESCOLA SOCIAL CLÉLIA MERLONI Florestópolis -1º ano
O conceito de filantropia gradativamente está se modificando, é visível a mudança de pensamentos, ações e atitudes assistencialistas para ações estratégicas de engajamento e compromisso social, fundamentadas em atos concretos e legalmente regulamentadas. Hoje temos a consciência de que não é suficiente fazer assistência social, é preciso dar condições e promover o crescimento, a novidade, o estupor pela vida, pela natureza, pela técnica e pelos valores éticos e morais, em que tudo somado forma um ser humano completo e feliz, isso traduz o verdadeiro significado da palavra filantropia. Motivado por esta viva esperança o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus – mantenedora do SAGRADO – Rede de Educação, desenvolve o Projeto Socioeducacional – Bolsa de Estudos com o objetivo de oferecer aos educandos com maior fragilidade socioeconômica e/ou em situação de vulnerabilidade social, o acesso à educação e conse-
quentemente a um futuro que lhe ofereça melhores condições sociais e financeiras. Este Projeto representa nossa principal ação social e é desenvolvido pelas 13 Unidades do SAGRADORede de Educação, nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, sendo que dentre dessas, três são exclusivamente Escolas Sociais: a Escola Social Coração de Jesus em Piraquara, a Escola Social Clélia Merloni em Florestópolis-PR e o Centro de Educação Infantil Pe. Carlos Zelesny, em Ponta Grossa- PR. Nestas Unidades 98% do público atendido é beneficiado com bolsa de estudo integral. Para o SAGRADO – Rede de Educação,a concessão das bolsas de estudos significa, além de promover a educação de forma universal e sem preconceitos, contribuir com a formação integral do educando. Para esse fim conta com 12 (doze) profissionais de Serviço Social,atuantes diretamente com as famílias mais fragilizadas, analisando e avaliando as situações individualmente por meio Revista Sagrado | 2014
27
28
de entrevistas, visitas domiciliares e documentos pessoais, compondo assim o parecer social de cada educando, que posteriormente é apresentado à CSA (Comissão de Seleção e Acompanhamento) da Unidade e definido o percentual da bolsa concedida. O deferimento da bolsa de estudos segue os critérios definidos por lei do Governo Federal e Regulamento próprio da Instituição, sendo considerada a renda per capita, a proximidade da residência do educando da Unidade Educacional, condições de moradia, dificuldades no ingresso do mercado de trabalho, condição de saúde e outras questões socioeconômicas. O Serviço Social estabelece uma conexão importante entre a Unidade Educacional e a família, e muitas vezes a assistente social é requisitada para orientação e/ou apoio independente da necessidade da bolsa, encaminhando os familiares às Redes de proteção Social Básica e/ou Especial do Município. No contexto educacional, estar em sintonia com a família é imprescindível, uma vez que ela é a primeira responsável pela formação de seus filhos e é por meio dela que a educando recebe o primeiro contato com o mundo e nela permanece a maior parte do seu tempo. Nesta primeira etapa da vida a criança não só adquire, mas constrói conhecimentos que servirão de alicerce para o seu desenvolvimento futuro. Este vínculo entre a família e a Unidade Educacional é preceptivo nas declarações dos próprios pais, em que os mesmos agradecem e valorizam o trabalho desenvolvido pelo SAGRADO – Rede de Educação junto a seus filhos. Isso é a certeza de estarmos em concordância com a proposta educacional da Fundadora Madre Clélia Merloni, que é deRevista Sagrado | 2014
senvolver uma “Educação que passe pelo coração”. É gratificante oferecer e promover a educação a tantos educandos desfavorecidos socialmente, com certeza para todos os beneficiados é uma oportunidade única de vislumbrar um futuro diferente, sonhar uma vida melhor, construir uma sociedade mais justa, equilibrada e solidária. A educação é o maior bem que alguém possa almejar, por meio dela vem todos os outros bens necessários a uma vida digna, que significa ser alguém com pensamentos próprios, que sabe valorizar, criticar, construir, ter um nome, um endereço e uma meta traçada unicamente para ele mesmo, sem ser influenciado pela massa unificante e anônima.
CEI PE. CARLOS ZELESNY Ponta Grossa - Educação Infantil
ESCOLA SOCIAL CORAÇÃO DE JESUS Piraquara - 5º Ano
Educação Infantil
Brinquedos
ebrincadeiras O planejamento e as ações promovidas pela equipe pedagógica da Escola de Educação Infantil Pupileira, têm como edifício educativo o SER. Desta maneira o educando é visto na sua totalidade e as ações nele investidas, têm o sentido da sua promoção nos aspectos cognitivo, afetivo e espiritual. Estimulando-o desde cedo para a transcendência. Sendo contemplado como a imagem e semelhança de Deus, convive com uma educação que tem como porto seguro o Evangelho, o que permite desenvolver com solidez a pedagogia de Cristo. Esta que se perpetua na humanidade, mesmo diante das oscilações e intempéries porque passa o mundo. Em consonância com este perfil pedagógico a educação desenvolvida não se restringe à transmissão de conhecimento, mas por meio do saber por ela proporcionada, os educandos adquiram as habilidades necessárias. Sendo essas úteis para o desenvolvimento e apoio na sua vida cotidiana. Para reafirmar este direcionamento, apresentamos algumas reflexões sobre a importância das brincadeiras e dos brinquedos na socialização e na aprendizagem das crianças da Educação Infantil, de período integral. As atividades praticadas no primeiro trimestre do ano corrente, integram o projeto anual da Unidade, que tem como título: Brinquedos e Brincadeiras. Encontrando respaldo no pensamento de SMOLE (2000, p.13) que relata: brincar é tão importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto. O ensino, nessa fase es-
colar deve então, ser permeado de múltiplas estimulações. E necessitam ocorrer por intermédio de manipulações, jogos e brincadeiras, voltadas para o movimento corporal, o uso da imaginação, a lógica matemática, as noções do espaço, das medidas e das grandezas. Araújo (2009, p.1) observa que: “Ao estabelecer as primeiras associações de pensamentos, por meio das estruturas cognitivas, possibilitase a criação de uma rede maior de circuitos cerebrais, que é a base para o desenvolvimento da inteligência. Quanto mais uma situação for experienciada e vivenciada, maiores são as redes cerebrais que se formam para compreender, reter e resgatar com significação”. Na sociedade atual a tecnologia é vista e utilizada sem nenhuma cerimônia por todas as idades, do adulto à criança. Por esse motivo procurou-se então, resgatar algumas das brincadeiras e das cantigas de roda do imaginário infantil. Observou-se, entretanto, que muitas vezes elas soaram como uma novidade para muitos dos envolvidos no trabalho. O intuito não é negar o uso de ceRevista Sagrado | 2014
29
30
lulares, tablets, iPad, entre outros, que hoje são manuseados com facilidade pelos pequenos, mas tornar real a possibilidade da criança experimentar as duas formas de entretenimento, o brincar tradicional e o lúdico tecnológico. Vale ressaltar que ambas, além de ser motivo de distração, podem se tornar fonte de uma significativa aprendizagem. As brincadeiras antigas perderam espaço por diversos motivos, entre eles a ampliação da carga de trabalho dos pais, a mudança do ambiente familiar, de casas com jardins e amplos espaços para condomínios e apartamentos. Mudança esta que intensificou alguns hábitos e criou novos, tais como os de assistir e acompanhar os seriados e demais programas de televisão, jogar videogames e manusear pequenos equipamentos, que as fazem entrar em contato com o mundo externo, porém sem sair da proteção do seu lar. É necessário ressaltar que a falta de segurança dos ambientes externos, deixam os pais apreensivos e temerosos com as atividades e a diversão ao ar livre. Neste viés, entre as condições do passado e as oferecidas no presente, as professoras direcionaram seus objetivos para buscarem na íntegra proporcionar aos seus educandos, no período das aulas, a vivência saudável das atividades recreativas que envolvem o corpo, o espaço e a mente, validando a premissa secular “Men Sana in corpore Sano”. Assim sendo, as turmas do Infantil-II foram direcionadas para o resgate das antigas canções, especificamente as cantigas de roda. Elas foram incorporadas ao cotidiano das aulas de forma lúdica, prazerosa e atraente. Com muita alegria e animação aprenderam e repetiram algumas músicas do repertório infantil brasileiro. As crianças brincaram e extravasaRevista Revista Sagrado Sagrado || 2014 2014
ram sua energia ao mesmo tempo em que se movimentaram de forma espontânea. Adquirindo, de forma gradativa, consciência do seu próprio corpo. As músicas utilizadas foram: ciranda cirandinha, o sapo não lava o pé, a linda rosa juvenil e o caranguejo não é peixe. Elas tiveram o efeito de promover a socialização do grupo, exercitar a coordenação motora por meio dos movimentos corporais, tais como rodar, bater palmas, abaixar e levantar. O entrelaçar das mãos, forneceu segurança no processo de formação da roda, promoveu o equilíbrio necessário e todos puderam estar, desta forma, mais próximos. Sentiram com muita intensidade a presença do outro. O toque enfatizou esta proximidade. Ao mesmo tempo o grupo do Infantil-III envolveu-se no desenvolvimento das expressões. Em cada brincadeira proposta todos se esmeravam em realizar da melhor forma possível. Na atividade “O gato mia” as crianças imitaram o som característico dos gatos e assim aguçaram a sua percepção auditiva, na tentativa de descobrir o animal imitado e o colega que o imitava. Detiveram-se também na delimitação espacial. No pega-pega paralítico, as crianças desenvolveram o freio inibitório. Assim, realizaram a parada e o movimento de forma simultânea, com especial interesse. As corridas com obstáculos estimularam o raciocínio e a coordenação dos
membros. Para vencer as distâncias propostas, foi necessário determinar mentalmente o grau de força que deveria ser utilizado e, dessa maneira sentiram-se estimulados a ultrapassar, a cada momento, uma nova distância. Na brincadeira de roda dos bichos venceram a timidez ao imitar verbalmente e por meio da expressão corporal os animais favoritos. Em todas as atividades, experimentaram novas sensações e perceberam com muito entusiasmo as predileções, os seus desejos e os do grupo. Já as crianças do Infantil IV por meio de algumas brincadeiras e a construção de um brinquedo, exploraram o alfabeto das letras A até a letra E. A cada letra uma nova brincadeira surgia: para a letra A, pularam amarelinha. Exploraram nela a coordenação, o equilíbrio e a sequência numérica. Com a letra B envolveramse na confecção de um bilboquê. A partir disso os pequenos começaram a questionar: professora o que vamos fazer com a próxima letra? E na letra
C foram exploradas as brincadeiras com corda, e muitos surpreendentemente nunca haviam praticado. Experimentaram entre outras, a sensação de andar em cima de cordas, perceberam a noção do ritmo e exercitaram o equilíbrio. Na letra D, brincaram da tradicional dança das cadeiras, por meio da qual lidaram com os sentimentos do ganho e da perda. A última do trimestre foi a letra E. Com ela eles pularam elástico. Para muitos deles foi a primeira experiência com a tradicional brincadeira, uma vez que é mais desenvolvida na região sudeste. E por meio dela, confirmaram a noção de dentro, fora e em cima. Após cada brincadeira executada, as crianças retornaram a sala de aula para realizar o que preconiza SMOLE (2000, p.17) depois das atividades fora da sala o professor deve pedir um trabalho de registro, os quais ocorreram por intermédio de desenhos e reconhecimento da letra do alfabeto, habilidades essas de suma importância para o sucesso da futura aprendizagem. Expondo e expressando o significado e a aceitação do método empregado. Das observações realizadas nesse trimestre, destacamos que houve uma maior integração entre os educadores, tendo em vista que para trabalhar na modalidade de projetos, houve a necessidade de se reunirem com mais frequência, pensar e tomar decisões de forma coletiva. Isso proporcionou além da parceria, a troca de ideias, a descoberta de novas metodologias e a reafirmação de outras. Percebeu-se ainda que esse entrosamento foi motivo de aproximação e fortalecimento do grupo. Nas crianças, como resultado parcial das atividades promovidas, podemos apontar entre outras, que a motivação foi ampliada. No lugar da simples escuta surgiram questionamentos e o aguçamento das curiosidades. Tiveram também a oportunidade de além dos recursos cognitivos, fazerem uso das suas referências pessoais, so-
ciais e afetivas advindas do seio familiar e demais instâncias de convivência. Deste modo, o brincar foi o caminho para estreitar as relações de amizade, ampliar a capacidade corporal, ao mesmo tempo o da aceitação e a percepção que além de si existe o outro. A vivência dessa descoberta na fase em que se encontram, que é a de descoberta do mundo que os cerca, serve de orientação futura e representará, na íntegra, um marco penetrante da escola na personalidade futura do educando.
Referências Bibliográficas: ARAÚJO, Maria Cristina Munhoz. Cirandinha. Vol. 1 - UNINTER Grupo Educacional. Curitiba. 2009. Editora Ibpex. COMPACT DISC Digital – Audio. ELAA 001. Alegria, Alegria As mais belas canções de nossa infância. Editora Leitura. FERREIRA, Solange Lima. Atividades recreativas para dias de chuva. Rio de Janeiro. 1999. SPRINT. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: 1986. EPU. SMOLE, Kátia, DINIZ, Maria, CANDIDO, Patrícia. Brincadeiras Infantis nas Aulas de Matemática. Vol. 1. Porto Alegre, 2000. Ed. Artmed. Revista Sagrado | 2014
31
Pastoral Escolar
Oferecimento
do dia
No SAGRADO – Rede de Educação a Pastoral Escolar ocupa lugar de destaque, pois é a presença da Igreja na escola, uma vez que “a Escola Católica insere-se na missão salvífica da Igreja” (EC 9). A grande responsabilidade da Pastoral Escolar é manter viva a consciência de seu compromisso eclesial e promover o anúncio do Evangelho criando ambiente propício para o encontro com Jesus Cristo. Algumas práticas ajudam-nos a concretizar nossa missão, uma delas é a oração da oferta do dia. Trata-se de uma oração rezada mundialmente, própria da devoção ao Sagrado Coração, aprovada e querida pela Igreja. Com o oferecimento do dia: 1. Unimo-nos ao Coração de Jesus e santificamos o nosso dia declarando que faremos tudo por Ele, com Ele e nEle. Isso alimenta nosso desejo de união com Deus e dá novo sentido às nossas ações. 2. Comprometemo-nos a aceitar o
32
Revista Sagrado | 2014
dia como Deus o quer, estar atento aos seus apelos e fazer em tudo a sua vontade. 3. Rezamos pelas necessidades do mundo, conforme a intenção dada pelo Papa a cada mês. 4. Fazemos reparação, ou seja, reconhecemos que mesmo Jesus tendo oferecido a si mesmo para revelar quem é o Pai e semear o Reino de Deus entre nós, esse Reino ainda não está plenamente realizado, por isso precisamos rezar e fazer gestos concretos para que a sua vontade se cumpra em toda a humanidade. Trata-se de gestos concretos: fazer o bem onde há o mal, viver a caridade para com os pobres, visitar os doentes e os aflitos, consolar famílias enlutadas e sustentar a todos com nossa oração, o jejum e pequenas renúncias. Rezar o oferecimento do dia é assumir um compromisso de fé e de amor com o Coração de Jesus! “Sou Sagrado todo dia” Oferecimento do dia para os pequenos Senhor Jesus eu te ofereço todo meu dia, meus estudos, meus trabalhos, sofrimentos e minhas alegrias. Abençoa também o meu esforço para aprender a ser melhor, ajuda-me a ser seu pequeno apóstolo. Amém. Segundo os ensinamentos de nossa fundadora, não podemos perder a oportunidade de falarmos de Jesus às crianças e alimentá-las “com o leite de uma pura e sã doutrina” (Madre Clélia). Por isso, na Escola Social Clélia Merloni, Florestópolis, aproveitamos
a oração do oferecimento do dia para lançarmos às crianças o desafio de vivenciar aquilo que rezamos cotidianamente. Reunimos a comunidade escolar no pátio. Antes da oração perguntamos aos educandos se estão todos bem, como passaram o final de semana…, de acordo com a resposta, fazemos relação com o tema da oração. Na maioria das vezes todos respondem que estão bem. Aproveitamos disso para convidá-los a agradecer a Deus por estarmos todos com saúde, paz e vida. Antes de rezarmos, fazemos um breve momento de descontração, canções infantis, brincadeiras e/ou dinâmicas. Já virou chavão: “brincamos antes para não brincarmos na oração!”. Muitas vezes, questionamentos dos educandos surgem a partir da oração. Em certa ocasião falamos a respeito de Maria. Um educando perguntou para a professora o que significa intercessora e para que serve. Chamados pela professora, fomos à sala de aula e fizemos um breve teatrinho: A professora era Deus, o educando o intercessor, o agente de pastoral o pedinte da graça e uma tesoura a graça pedida. Foram dois os pedidos: uma tesoura (a graça) para cortar o dedo do coleguinha que o ofendeu e para recortar um coração para presentear a mamãe. Ao ouvir os pedidos, o educando (intercessor) os levou até o educador (Deus) que, de acordo com a situação, alegou não poder dar todas as graças porque não seriam para o bem de todos, refletindo a importância do perdão. Assim os educandos puderam compreender que Maria não faz milagres, mas leva nosso pedido a Jesus que o atende quando é para o bem das pessoas. Nas sextas-feiras, homenageamos os aniversariantes da semana e, ao pedir a benção cantando, toca-se a cabeça de cada educando. Se, por acaso, alguém ficar fora desse toque, somos cobrados pelos educandos e edu-
cadores. São gestos simples, mas nesse contato com os educandos podemos atingir melhor a cada um. Não só falamos do Coração de Jesus, mas também os acolhemos com o toque, com o olhar, como Jesus sempre fez. Graças ao esforço dos educadores, a Pastoral Escolar tem encontrado grande abertura e uma significativa ajuda de todos para a realização dos seus trabalhos. Assim, ensinamos aos educandos que todos são chamadas a “ser sagrado todo o dia”, no esforço para serem “pequenos apóstolos” e amigos de Jesus. Ir. Rosenilda Serviço de Pastoral Escolar Escola Social Clélia Merloni Florestópolis – PR
Revista Sagrado | 2014
33
Aprendizagem e Pesquisa 34
Projeto de Sucesso na Unidade Educacional
Revista Sagrado | 2014
O trabalho com Projetos proporciona um ambiente favorável ao saber. Como diz BARROS (2012), “é importante que o professor promova espaços para pesquisas, discussões em grupo, montagem de painéis referentes aos temas, maquetes, enfim, tudo aquilo que se tornar centro de interesse dos alunos, podendo aprofundar o estudo e o conhecimento a cada dia”. Pensando nisso, o COLÉGIO MATER AMÁBILIS vem desenvolvendo com turmas de Ensino Médio, projetos que buscam conscientizar os educandos e a sociedade a respeito da responsabilidade que temos com a SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. De fato, entre tantos outros temas emergentes de nossa sociedade mundial, o que mais preocupa é a Preservação Ambiental e a crescente escassez de Recursos Naturais que de certa forma são finitos, caso o Ser Humano não tome atitudes sustentáveis para mantê-los, ainda que seja por alguns anos, como também descobrir e viabilizar novas fontes de recursos naturais necessários à sobrevivência. Dentro da temática SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, destacamos o Projeto “ENERGIA LIMPA, FUTURO GARANTIDO”, desenvolvido pelos educandos do 3º ano do Ensino Médio, juntamente com os professores Sidimar Canci e Fernanda Falcade Gazzoni nas disciplinas de Geografia e Química a respeito da
Energia Geotérmica, obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra, uma alternativa sustentável, pois é mais limpa e menos agressiva ao ambiente. O Projeto desenvolveu-se de forma teórica e prática, primeiramente tomando conhecimento do que consiste a Energia Geotérmica e seu funcionamento, das possíveis regiões com potencial geotérmico inexplorado, dos possíveis métodos que diminuam os efeitos negativos da geração desta energia. Para compreender na prática, demonstrouse o funcionamento de uma Usina em forma de Maquete. A geração desta energia é obtida a partir do vapor da água existente no interior terrestre, com tubulações retira-se a água quente e o vapor movimenta turbinas, gerando energia mecânica. Essa energia, por meio de geradores, é transformada em energia elétrica. Para esta simulação, usamos uma bateria de tensão igual a 12 volts. Com um mecanismo apropriado, fizemos a água circular pelo sistema. Assim, a extração da água quente, e sua reposição ao aquífero já resfriada. A energia elétrica é então enviada a uma central de armazenamento que a distribuirá. Aperfeiçoar fontes que possuam potenciais energéticos aproveitáveis e não apresentem riscos para as populações vizinhas é desafio a ser vencido urgentemente. Nenhuma nação ou mesmo
Ir. Roselâne Veber Direção Pedagógica Colégio Mater Amábilis Nova Araçá – RS
região, pode desenvolver-se sem a abundância de recursos energéticos. Esses recursos, porém, devem ser ambientalmente limpos e ecologicamente responsáveis! Outro Projeto desenvolvido levando em consideração a Sustentabilidade teve como tema, “BIODIESEL: UMA ENERGIA RENOVÁVEL, SUSTENTÁVEL E INFINITA”, desenvolvido pelos educandos do 2º ano do Ensino Médio e a Professora Fernanda Falcade Gazzoni. Durante o projeto realizamos o estudo do processo de fabricação de biodiesel, tendo como objetivo principal ampliar o conhecimento dos educandos nesse tema e sua importância em relação à preservação do meio ambiente. Para tal, tornou-se necessário efetuar a implementação dos métodos de caracterização do biodiesel de forma a identificar problemas no processo de produção e os benefícios que o mesmo proporciona ao meio ambiente. Além de terem sido pontuadas as conclusões sobre os benefícios e dificuldades em relação ao biodisel, realizamos na prática a produção do mesmo, como experimentação, utilizando os conhecimentos da disciplina de Química. Destacamos que com exceção da energia hidroelétrica e da energia nuclear, a maior parte de energia consumida mundialmente tem sua origem no petróleo, no carvão ou no gás natural. As reser-
vas mundiais destas fontes energéticas são limitadas, sendo necessário procurar novas fontes de energia alternativas. Nesta perspectiva, surgiram os óleos vegetais, de fato esses constituem uma fonte de energia renovável e inesgotável, possuindo um conteúdo energético próximo ao de diesel fóssil. O biodiesel é um combustível inteiramente nacional, e obtido pelo processo de transesterificação, ocorrendo a transformação em moléculas menores de ésteres de ácidos graxos, o qual poderá causar menos impacto ao meio ambiente, eliminando menor quantidade de gases poluentes, praticamente não agredindo a camada de ozônio, além de ser um combustível completamente renovável e mais viável que o diesel de petróleo. Do ponto de vista ambiental, as vantagens da utilização do biodiesel são muito significativas: a sua reduzida toxicidade, o fato de ser biodegradável, não conter enxofre e não aumentar a emissão de gases causadores do efeito estufa, é muito bem acolhido pela sociedade. Para aumentar sua competitividade, os custos de produção do biodiesel podem ser minimizados por meio da venda dos co-produtos gerados durante o processo de transesterificação, tais como a glicerina, adubo e ração protéica vegetal. O biodiesel é uma fonte limpa e renovável que vai gerar emprego e renda
para o campo, pois o país abriga o maior território tropical do planeta, com solos de alta qualidade que permitem uma agricultura autossustentável do plantio direto. O Colégio Mater Amábilis pretende, com o desenvolvimento de Projetos, formar cidadãos críticos e capacitados a interagir com o mundo, procurando a preservação do meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras.
Referências ALMEIDA, Lucia Marina Alves de. RIGOLIN, Tércio Barbosa, Geografia série novo ensino médio, São Paulo: Editora Ática, 2007. ENCICLOPÉDIA BARSA UNIVERSAL, Espanha: Editorial Planeta S.A., 2007. v 7. FERRARI, Roseli Aparecida; OLIVEIRA, Vanessa da Silva; SCABIO, Ardalla. Biodiesel de Soja: taxa de conversão em ésteres etílicos, caracterização físico-química e consumo em gerador de energia. Química Nova, São Paulo, vol. 28, nº 1, p. 19-23, jan. 2005. GREENPEACE BRASIL. Tratado de Kyoto. Campanha Energia 2003. Disponível em: <http:// ww w. greenpeace.org.br/clima/pdf/ protocolo_kyoto.pdf>. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Primeiro inventário brasileiro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Brasília, 2002 VESENTINI, José William. Sociedade e espaço: Geografia Geral e do Brasil, São Paulo: Editora Ática, 2005.
Revista Sagrado | 2014
35
Empreendedorismo
Miniempresa Luci Spitzner Fogaça Serviço de Comunicação Colégio Sagrado Coração de Jesus Ponta Grossa – PR
36
Revista Sagrado | 2014
Tudo começou tão simples, um pedaço de jornal, cola e grafite. Gradativamente foi tomando forma: um lápis, “o Biolápis”, uma forma tão intensa que jamais imaginaríamos que chegasse aonde chegou. Uma equipe, a união, a dedicação, a criatividade, a responsabilidade, a vontade de crescer e aprender. Comprometimento e sincronia eram as palavras chaves, que aos poucos foram conquistando o mercado e como um sonho tudo foi se delineando. Todo esse progresso que a miniempresa Merloni’s S.A/E. , do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Ponta Grossa obteve, foi reconhecido e divulgado espontaneamente por todas as mídias locais, estendendo-se a algumas estaduais: jornal, revista, TV, periódicos, internet. Foram momentos inéditos jamais presenciados antes. Receber o título de
Miniempresa Destaque em 2013 pela Junior Achievement, representar o Paraná como melhor miniempresa no Maior Fórum de Empreendedorismo Jovem do Brasil o Findinexa Brasil/ 2013 em Luís Correia – Piauí, ser a Miniempresa vitoriosa pela Junior Achievement Worldwide, para representar o Brasil, participando da competição como melhor das Américas, do evento internacional COY - Company Of The Year Competition – 2013 - foi muito gratificante! Uma experiência para a vida! Foram quatro dias participando do COY – Company Of The Year Competition em Cancun no México, representando o Colégio Sagrado Coração de Jesus de Ponta Grossa, Paraná e também o Brasil. Nesses dias os miniempresários compartilharam experiências adquiridas durante o projeto com mais de 20 miniempresas das Américas, Canadá e Caribe. (Países Participantes: Argentina, Brasil, Barbados, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador, Grenada, Guatemala, Jamaica, México, Paraguai, Peru, Saint Kitts e Nevis, Saint Lucia, Trini-
dad e Tabago, Uruguai e USVI. Embora não alcançando as últimas premiações, valeu pelo que viveram nesses dias: a interação entre países, as amizades, o conhecimento, a valorização das línguas estrangeiras: inglês e espanhol ficarão para sempre na memória dos participantes. Os miniempresários participaram de palestras sobre empreendedorismo com executivos da Empresa Americana Feedex. Passaram por uma sabatina de interrogações com juízes, empresários e executivos internacionais, a respeito do conhecimento adquirido durante o processo de desenvolvimento da miniempresa e todas as perguntas foram feitas em Inglês e Espanhol. Nos orgulhamos pelo reconhecimento do trabalho, e acima de tudo, ver que tudo isso tem como propósi-
Merloni’s S.A/E – Uma experiência de Sucesso! to despertar o espírito empreendedor, trazer experiências individuais, oportunizar a convivência com uma situação próxima à realidade de uma empresa; promover a integração da equipe, no sentido de compreender a posição de cada um, com seus direitos, deveres e obrigações, dentro de um quadro hierárquico. Agradecemos a todos que participaram do Projeto Miniempresa, em especial aos Achievers, que pelo empenho e partilha de conhecimentos práticos e teóricos com estes futuros empreendedores. Agradecemos às pessoas que deram suporte para que tudo isso acontecesse, e de alguma forma deram sua contribuição, em especial à Direção do Colégio Sagrado Coração em nome da Irmã Leonilda Maria Fabis, que acreditou, confiou e deu o aval para a continuidade, pois o Colégio foi o veículo fundamental para o desenvolvimento do projeto. Um agradecimento especial também às Empresas que nos patrocinaram durante toda essa caminhada: Águia Sistemas de Armazenamentos S.A., APM do Colégio Sagrado Cora-
ção, Empresa Viaexpressa, Foto Maringá, entre outras. Foi uma experiência inigualável. Ficamos muito honrados em participar, em especial desta edição/2013. Temos plena certeza da contribuição para o crescimento pessoal, assim como profissional de todos os envolvidos, tanto os que conduziram como também aos jovens participantes do projeto.
RevistaSagrado Sagrado|| 2014 2014 Revista
37 37
Orientação Profissional
Gleison Olivo Serviço de Orientação Educacional Colégio Sagrado Coração de Jesus Bento Gonçalves – RS
Em um mercado de trabalho que busca, cada vez mais, os melhores profissionais, ter um diferencial é importante. O Sagrado Coração de Jesus é uma escola que oferece oportunidades diversas na busca da profissionalização, necessárias à formação de pessoas capacitadas para enfrentar uma busca pelas melhores vagas de emprego. O projeto também nos mostra as dificuldades do mercado de trabalho, assim como as inúmeras horas de estudo necessárias para a graduação. O caminho não será fácil, mas como vários profissionais que nos apresentaram palestras institucionais falaram, vale a pena! Mateus Bianchi – 3º ano 2
38
Revista Sagrado | 2014
#Profissão #Escolhas #F uturo #Futuro Futuro, carreira, profissão, sonho, vestibular, vocação, metas, aptidão, realização pessoal... Na vida de todas as pessoas, essas palavras acompanham toda a existência humana, porém, é na vida dos jovens vestibulandos que esses questionamentos ficam mais intensos e muitas vezes assombram e transitam em ritmo frenético. Esse comportamento de angústias, dúvidas e incertezas, justifica-se pelo fato deles ainda não terem uma vivência no mercado de trabalho, e se sentirem “obrigados” a encontrar uma profissão. Consequência disso tudo, perguntam-se ao final do Ensino Médio: Que profissão escolher? Esse sentimento e sensação de que o meu tempo chegou, que o vestibular bate à porta e que a hora de decidir sobre o rumo da minha vida chegou é normal. Acredita-se que praticamente todo jovem concluinte do ensino médio passa por essa transição de escolhas, porém essa passagem deve ser vista e vivida com cautela e, acima de tudo, com muita informação e reflexão. É comum, nesse processo, vê-los muito aflitos e com a preocupação de correr contra o tempo. Geralmente, isso ocorre à medida que se aproxima o período da inscrição do vestibular, em que se deparam com o desafio de fazer a escolha certa e definitiva dentre as mais de duas mil ocupações pro-
fissionais que temos registradas no Brasil e isso, de fato, não seria uma tarefa fácil para ninguém. O medo de errar na escolha fundamenta-se na fantasia de que exista “a escolha certa” e imutável, e o que há, na verdade, são possibilidades. Segundo Bock (2001), escolher é um ato de coragem, pois você terá que escolher também o que perder. Em contra partida, entendemos que uma dose de ansiedade de todos os que vivem esse processo pode ser benéfica na escolha profissional uma vez que leva o educando a se dedicar inteiramente ao processo de escolha. Não a ansiedade que paralisa, mas a que mobiliza para a vida. Mas o que fazer quando, num mundo totalmente globalizado em que a cada dia surgem novas necessidades e na correnteza desse processo, novas opções de carreiras e de oportunidades de trabalho são ofertadas a cada dia? Foi-se o tempo em que as ofertas de cursos superiores se restringiam basicamente ao direito, às engenharias, à medicina, à pedagogia e às licenciaturas. No Brasil, muitos desses cursos supracitados ainda continuam sendo os campeões de escolhas. Segundo o MEC/INEP em 2014 no programa SISU as maiores concorrências foram dos cursos de Medicina em 1º lugar, Direito em 2º lugar, Engenharia Civil em
3º e Administração com o 4º lugar, comprovando, dessa forma, que esses cursos estão ainda muito visados. Mas será que esses cursos ainda são os mais necessários para o mercado atual? Decidir-se por uma carreira apenas porque ela é a mais procurada, tradicional ou porque tem maior prestígio social normalmente acaba sendo os fatores que influenciam na escolha de um determinado curso. Sendo então, muitas vezes, uma escolha feita de maneira precipitada e equivocada e que, posteriormente, leva o jovem a evasão da universidade. Ou seja, nesse processo houve uma frustração, uma expectativa não correspondida pela falta de informação sobre o curso escolhido. “Quem não leva em conta sua afinidade com uma carreira ao fazer uma escolha, fatalmente desistirá dela quando a oferta de trabalho cair”, afirma a Psicóloga Renata Mello, da equipe de Orientação Profissional do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), de São Paulo. Segundo os dados do IBGE de 2012 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados nas informações complementares retiradas da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) o índice de jovens brasileiros a abandonarem a faculdade precocemente é maior que o dobro da taxa europeia. Entre os jovens, 37,9% com idade entre 18 e 24 anos deixam a escola antes do tempo previsto.
Outro dado importante a destacar é do penúltimo Censo do IBGE, o de 2000, em que pesquisadores descobriram que 53% dos profissionais estão, hoje, numa profissão distinta daquela para a qual se prepararam. Uma forma de diminuir esse quadro é ter a consciência de que escolhas profissionais não são necessariamente definitivas. Novos caminhos vão surgir durante a faculdade, o mercado de trabalho globalizado, como dissemos acima, exige de seus profissionais adaptações constantemente. Segundo Rubens Gimael, especialista em desenvolvimento de carreira da Neo Consulting, “A faculdade deve ser encarada como a escolha de uma plataforma, um alicerce para a construção da vida profissional”. É comum encontrar engenheiros trabalhando na área de finanças, arquitetos na área comercial, economistas cuidando de marketing, médicos trabalhando em gestão, ou seja, o mercado está cada vez mais versátil e plural. Contudo, a mudança pode não significar fracasso nem frustração, mas a aceitação de desafios trazidos. Escolher uma profissão é muito mais que fazer a escolha por uma determinada universidade e um curso. Decidir-se por uma profissão, representa esboçar um projeto de vida, questionar os valores, as habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se pretende ter. E esse momento de reflexão pode ser menos ardoroso quando compartilhado com a família e a escola. O que pais e educadores não podem cometer é o excesso de
O Terceiro Ano do Ensino Médio é um ano decisivo na vida dos estudantes e são poucos os que já sabem qual carreira seguir. A Orientação Profissional nos possibilita fazer parte do dia a dia de cada profissão, conhecer algumas universidades e entender melhor as necessidades do mercado de trabalho. Assim, nossa escolha torna-se mais simples e clara. Júlia Rizzi e Maiara Kunzler 3º ano 1EM
Revista Sagrado | 2014 Revista Sagrado | 2014
39
liberalismo, optando em não participar desse processo de orientação e discernimento com o seu filho, ou justificando que ela é extremamente pessoal, dando a desculpa de que a escolha deve ser dele e por isso, não quer interferir e influenciar com sua participação e opinião. O jovem tem de receber boas informações, para que faça boas escolhas e autênticas, acima de tudo, e assentadas na realidade, desmistificando muito as fantasias que são construídas erroneamente. A dinâmica desse processo de escolhas profissionais, como falamos anteriormente, deve acontecer de forma paulatina e baseada em informações e experiências concretas, por isso, acreditamos que essas escolhas devem vir de uma vivência concreta, in loco, ou seja, os educandos são convidados ao longo do seu ensino médio a fazer visitas técnicas a empresas de grande visibilidade nacional e internacional e nelas conviver, questionar, constatar, sentir como o trabalho daquele profissional se desenvolve na prática, auxiliando diante das dúvidas e incertezas que rondam o pensamento dos jovens. Depois de concluída essa primeira fase, proporcionar rodas de conversa com jovens graduandos de universidades públicas e privadas, geralmente ex-alunos, que dividem suas experiências de estudantes universitários, esclarecem as habilidades e as competências do curso, que estão cursando, e dão dicas de como conquistar o sucesso no vestibular, bem como a participar em feira de profissões nas melhores universidades da região. E, por fim, os educandos são convidados a participarem de um programa de avaliações e testagens
40
Revista Sagrado | 2014
com um profissional da área da psicologia. Portanto, a orientação profissional que a escola propõe é um grande elo nesse processo que deve ser planejado e com objetivos bem definidos. Levará em conta diversos fatores tais como: o autoconhecimento, o descobrir quem você é, do que gosta, quais são suas preferências, os seus sonhos, sua história de vida, quais as profissões de seus familiares, de que forma as suas experiências de vida moldaram os seus interesses, suas emoções. O jovem deve considerar seus interesses, seus gostos, seja em termos de profissão, ou de atividade. Mais do que encontrar uma resposta conclusiva para a orientação profissional, o curso e provavelmente sua carreira, essa oportunidade deve propiciar ao educando entender que talvez não seja possível encontrar a profissão do futuro, mas prepará-lo para ser o profissional do futuro, com espírito empreendedor, profissionalmente atualizado disputado pelo mercado. Segundo o psicólogo Leo Fraiman, “Não há profissão perfeita. Se traçarmos um paralelo com o casamento, assim como não é possível escolher um marido ou esposa apenas por foto, na carreira ocorre algo semelhante. É preciso conhecer, informar-se e vivenciar essa relação, pois não é só mais uma escolha. É um projeto de vida que precisa ser avaliado e experimentado. Essa busca deve ser construída no tripé: aptidão, interesse e perspectiva de mercado. É fundamental questionar-se e responder: “Que missão eu desejo abraçar e que me realize? Como eu quero contribuir para o mundo?”
A Orientação Profissional do Sagrado Coração de Jesus tem sido um sucesso, está sendo decisiva para vários colegas. De fato me fez refletir sobre várias profissões, abriu minha mente a novas ideias e a novas profissões.” O Sagrado proporcionoume a oportunidade de participar do Portas Abertas da UFRGS. O evento esclareceu várias dúvidas pessoais sobre as diversas áreas de atuação, possibilitando-me escolher uma profissão com segurança. Augusto Manjabosco – 3º ano 2
REFERÊNCIAS http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/11/28/jovem-brasileiro-abandona-duas-vezes-mais-a-escola-que-estudante-europeu-segundoibge http://leofraiman.com.br/ ABRAMO, H.W. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação. n. 5 e 6, p. 25-36, mai.-dez. 1997. Disponível em: < http://www.anped.org.br/rbe/ rbedigital/rbde05_6/rbde05_6_05_helena_ wendel_abramo.pdf>. AGUIAR, W. M. J.; BOCK, A. M. B.; OZELLA, S. Orientação profissional com adolescentes: um exemplo de prática na abordagem sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2001.
Educação Ambiental
Cuidados com o
Equipe Pedagógica Colégio Coração de Jesus Nova Esperança - PR
Meio Ambiente,
dever de cada um
É inquestionável o fato de que a escola está intimamente ligada à sociedade, pois encontra-se nela toda a base para a formação social dos cidadãos. A escola é o espaço privilegiado onde se forma e conscientiza os seres humanos, despertando neles a responsabilidade por suas atitudes. Sendo assim, um aprendizado voltado para a educação sustentável resultará em pessoas preocupadas com as questões ambientais e com as possíveis soluções para os inúmeros problemas da atualidade relacionados ao meio ambiente. Para que isso realmente aconteça, é necessário que uma educação preocupada e responsável com o meio ambiente, seja desenvolvida ao longo de toda a vida escolar do educando, fundamentalmente nas séries iniciais. Promover a educação ambiental é difundir a importância da sustentabilidade, algo que nas séries iniciais é praticamente um dever. Garantir que a formação do educando aborde temas relacionados à escassez de água, à poluição, ao aquecimento global, dentre outros, é inseri-lo na realidade de mundo e torná-lo, desde já,
um cidadão consciente de seu papel como preservador do mundo onde habita, o qual também é sua casa. Acreditando no papel importante que a escola exerce para a conscientização das gerações futuras, o Colégio Coração de Jesus desenvolveu uma série de ações com seus educandos do Ensino Fundamental I, abordando temas relacionados ao meio ambiente. As turmas de 3º, 4º e 5º anos desenvolveram projetos paralelos com a intenção de despertar cada vez mais os futuros cidadãos nova-esperancenses para o cuidado com a natureza e com o meio em que vivem. Já os educandos dos 2os anos abordaram como temática central de seu projeto, um dos bens mais preciosos para o nosso planeta: a água. A água é um recurso natural indispensável para a manutenção da vida, seu valor é inestimável e se encaixa em uma categoria de recurso natural escasso, por isso, a conscientização sobre seu valor e sua boa utilização é fundamental. As professoras das turmas, atendendo suas respectivas propostas pedagógicas, prepararam e executaram, junto aos educandos, uma sequência de atividades envolvendo a Educação Ambiental e o consumo da água. Os educandos realizaram atividades em grupo e assistiram a vídeos que abordavam temas diretamente relacionados à água, como por exemplo: poluição, utilidade da água, ciclo da água e consumo consciente. As atividades foram conduzidas de forma lúdica e divertida, concedendo muito mais interesse para a aprendizagem. Por fim, os educandos foram desafiados a produzir um esquema em forma de ilustração para apresentar os tra-
Revista Sagrado | 2014
41
balhos aos demais colegas. A troca de informações favoreceu o desenvolvimento da oralidade, além de contribuir para o aprendizado, a conscientização e a partilha de vivências. Há menos de dez anos a cidade de Nova Esperança vivenciou uma experiência inédita, envolvendo a população e o principal manancial de abastecimento da cidade, o Ribeirão Caxangá. Na época, o Ribeirão Caxangá corria o risco de se extinguir por causa de um processo de assoreamento, causado pelo desmatamento da mata ciliar e pelo acúmulo de lixo, nessa ocasião a cidade presenciou o comprometimento de parte de seus cidadãos que, conscientes, foram às ruas, e com a ajuda de educandos e de toda a comunidade venceram o problema. Considerando esse histórico percebemos que trabalhar em sala de aula a respeito da sobre a água e sua importância é garantir que esse episódio não volte mais a se repetir. Trabalhando com o tema Efeito Estufa, os 4os anos aprofundaram seus conhecimentos sobre este mecanismo natural do planeta Terra, que possibilita a manutenção da temperatura numa média de 15ºC, a ideal para o equilíbrio de grande parte das formas de vida do nosso planeta. A intenção deste projeto desenvolvido pelas professoras foi conscientizar os educandos a respeito de dois pontos muito importantes relacionados ao Efeito Estufa. O primeiro, é o fato de que sem o efeito estufa natural, o planeta Terra poderia ficar muito frio, inviabilizando o desenvolvimento de grande parte das es-
42
Revista Sagrado | 2014
pécies animais e vegetais. Isso ocorreria, pois a radiação solar refletida pela Terra se perderia totalmente. Já o segundo, e mais urgente, é o risco que todo o planeta corre ao potencializar o Efeito Estufa por meio da queima de combustíveis, que causa o aumento da temperatura em todo o planeta, um efeito que vem acontecendo com mais intensidade nas últimas décadas e que pode ser facilmente percebido pelos próprios educandos. Algo muito perigoso que, num futuro próximo, poderá ocasionar o derretimento das calotas polares e o aumento do nível dos mares. Como consequência, muitas cidades litorâneas poderão desaparecer do mapa. Com o desafio de ensinar tudo isso para os pequenos do 4º ano, as professoras desenvolveram uma série de atividades que auxiliaram no entendimento desse assunto tão complexo, dentre elas pode-se destacar a experiência da reprodução do efeito estufa pelos educandos. Uma experiência simples e que ilustra muito bem o risco ao qual todo planeta está sendo exposto, ela é muito fácil e pode ser reproduzida também por você. Preste atenção no que é necessário para realizá-la. Para entender melhor o Efeito Estuda você precisa de 02 (dois) copos com água, 01 (uma) caixa de sapatos, um pedaço de filme plástico, papel alumínio e luz solar encontrada gratuitamente em qualquer local aberto. Ao realizar a experiência você deverá forrar o interior da caixa com o papel-alumínio e colocar um dos copos com água dentro dela, tampando a parte de cima da caixa com o filme plástico. Depois, é preciso colocar a caixa e o segundo copo com água na direção de uma luz forte. Um dia ensolarado é perfeito para realizar essa experiência! Mas se não der para sair de casa, utilize uma luminária. Depois de mais ou menos 15 minutos, abra a caixa e verifique qual copo d’água está mais quente. Se você tiver um termômetro será mais fácil conferir a temperatura, mas se não tiver é possível
perceber a alteração de calor com o dedo mesmo. É bem fácil e muito legal! Ao final dessa atividade os educandos foram convidados a relatar o que descobriram sobre o aquecimento global por meio de um texto e nele puderam fazer a analogia entre a caixa de sapato e o planeta terra. Além do texto, os educandos produziram várias ilustrações sobre esse tema, que foram expostas no pátio e despertaram a curiosidade de outros educandos para o tema em pauta. Por fim, os 5os anos desenvolveram
seu projeto utilizando como tema a Agenda 21, um dos principais resultados da conferência Eco-92 realizada no Rio de Janeiro e que foi uma novidade para os educandos. Segundo o ministério do meio ambiente, a Agenda 21 Global pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Além da Agenda 21, o Brasil possui a Agenda 21 Brasileira que por sua vez consiste em um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira; construído a partir das diretrizes da Agenda 21 Global; e entregue à sociedade, por fim, em 2002. Logo após uma abordagem teórica a respeito do assunto, as professoras promoveram uma provocação aos educandos sobre a parcela de responsabilidade de cada um e retomando uma dinâmica realizada durante a Conferência Eco-92, inseriu os educandos em um processo de autocrítica, levando-os a pensar sobre seus sonhos, suas capacidades e seus mundos. Partindo do princípio de que para realizar algo realmente válido é preciso ter espaço para sonhar. Durante a Rio-92 foi construída uma imensa árvore na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Nesse local, onde era realizada a conferência da sociedade civil, as pessoas escreviam em folhas de papel seus sonhos de um futuro digno para a humanidade e penduravam nessa árvore. Como objetivo de criar conjuntamente os objetivos do grupo de educandos, as professoras seguiram a mesma ideia e construíram uma Árvore dos Sonhos no pátio da escola.
Toda a comunidade escolar, Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e também o Ensino Médio, além de professores e Serviços foram convidados a escrever em pequenos papeizinhos seus sonhos, projetos, expectativas e prioridades para o futuro, ao responder uma pergunta simples, mas com uma ampla possibilidade de resposta. A pergunta foi: Como é a escola dos seus sonhos em relação ao meio ambiente (sustentabilidade)? Ao longo de uma semana os educandos do 5º Ano foram responsáveis, durante a hora do lanche, por aplicar a dinâmica aos demais colegas do Colégio; o resultado foi surpreendente. Ao analisar os sonhos coletivos, os educandos descobriram que havia muitos sonhos parecidos entre as pessoas e, principalmente sonhos parecidos com os deles próprios. Isso foi um bom motivo para que acontecesse um profundo momento reflexivo, pois esses sonhos, poderiam se tornar realidade, fazendo alusão aos versos do poeta Raul Seixas: “sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Assim, o próximo passo dos educandos foi descobrir quais os empecilhos que os impediam de realizar esses sonhos coletivos relacionados ao meio ambiente. Inspirados pelo poema “As Pedras no Caminho” de Carlos Drummond de Andrade participaram de um debate em que deveriam discutir e responder a seguinte pergunta: Quais são os problemas que nos impedem de alcançarmos nossos sonhos? Falar dos problemas foi como falar de pedras, utilizando como referência o poema anteriormente citado, a discussão serviu para que a turma refletisse e verbalizasse as dificuldades que se deve enfrentar para chegar aos sonhos. A partir disso, um grande caminho de pedras pôde ser desenhado na lousa, posteriormente
no chão e enfim, sobre um papel, de forma que os participantes, já divididos em pequenos grupos para facilitar a conversa, pudessem debater, escolher e escrever um problema sobre uma das “pedras” desenhadas. Depois de examinarem todas as dificuldades, os educandos escolheram em qual ordem as dificuldades deveriam ser resolvidas, sendo que a escolha foi feita por grau de dificuldade. Conscientes de que a realidade é complexa e que muitos são os desafios para se construir um futuro melhor, os educandos, não somente do 5º Ano, mas de todos os anos do Ensino Fundamental I aceitaram enfrentar os inúmeros desafios deste projeto, motivados para uma atuação que só alcançará eficácia se for empreendida em conjunto, com cooperação e solidariedade. Transformar a escola em um ambiente favorável à educação ambiental e ao despertar da responsabilidade é possível, desde que todos, educandos, educadores e famílias se disponham a enfrentar as dificuldades e se coloquem a serviço da possível transformação da escola, do bairro, do país e consequentemente do planeta.
Revista Sagrado | 2014 Revista Sagrado | 2014
43
Inclusão Escolar: A busca por uma possibilidade real Maribel Manfrim Rohden Serviço de Orientação Educacional Colégio Social Madre Clélia Curitiba – PR
44
Revista Sagrado | 2014
Ao abordarmos o tema Inclusão remetemos-nos a um caminho que ainda tem muito a ser percorrido, pois, primeiramente é necessário analisarmos e refletirmos a respeito das políticas públicas para a “Inclusão Escolar”, levando em conta as diversas literaturas acerca do tema e finalmente o amparo legal que vem sendo progressivamente defendido em documentos nacionais e internacionais. O artigo 205 da Constituição Federal Brasileira declara que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A Constituição assegura igualdade a todos e intrinsecamente propõe que, para efetivação desse direito é necessário e fundamental que as crianças possam ser incluídas, objetivando o desenvolvimento das suas habilidades e competências. O marco histórico da inclusão foi em junho de 1994, com a Declaração da Salamanca Espanha, realizado pela UNESCO na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade , assinado por 92 países, que tem como princípio fundamental: “todos os alunos
devem aprender juntos, sempre que possível, independente das dificuldades e diferenças.” O Brasil é Signatário de documentos internacionais que definem a inserção incondicional de pessoas com deficiência na sociedade - a chamada inclusão. Muito mais do que uma ideia defendida com entusiasmo por profissionais de diversas áreas desde 1990 a construção de sociedades inclusivas, nos mais diferentes pontos do planeta, é meta do que se poderia chamar de movimento pelos “direitos humanos de todos os humanos”. Sabemos que a inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com deficiência e seus familiares, na busca dos seus direitos e lugar na sociedade, garantindo assim o acesso e a participação de todos os educandos às oportunidades oferecidas no ambiente escolar, impedindo a segregação e o isolamento. Na educação, principalmente aqui no Brasil, o processo inclusivo requer uma extensa reforma e reestruturação. Primeiramente pensar em um espaço físico que atenda às necessidades de todos igualmente. Logo em seguida atentarmos aos profissionais que atuam em nossas escolas. Será que estão preparados para esses novos desafios? O professor tem um extenso conhecimento da sua área de atuação e possui habilidade para trabalhar com os educandos, porém parece que trabalhar com uma criança que necessi-
ta ser incluída é muito mais difícil, mas, na verdade o que precisamos é buscar subsídios para atender o educando na sua individualidade. Como afirma Peter Mittler, 2003: Essa tarefa não é tão difícil quanto pode parecer, pois a maioria dos professores já tem muito do conhecimento e das habilidades que eles precisam para ensinar de forma inclusiva. O que lhes falta é confiança em sua própria competência.
O educador precisa levar em conta e refletir sobre o que lhe é proposto, pois, trabalhar com a inclusão de uma criança remete a diversidade e individualidade, já que cada uma aprenderá da sua maneira em seu tempo. E para que se efetive esse processo é preciso pensar em quais as habilidades o educando deverá desenvolver. Por isso, se faz necessário um currículo adaptado que contemple habilidades e competências nas diversas áreas do conhecimento, é claro sem deixar de lado a sua integração com o grupo em que está inserido. Portanto a inclusão depende da vivência dos valores e a abertura de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos educadores, orientação pedagógica, educacional, pais, educandos e comunidade. Refletir acerca da inclusão não é tão difícil, pois, acima de tudo o primordial é valorizar as diferenças do ser humano, que foi “Criado à imagem e semelhança de Deus”.
Congresso Nacional - Constituição da República Federativa do Brasil -Brasília – Senado Federal, 1988. MEC - Ministério de Educação - Secretaria de Educação Especial -POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, Brasília MEC - SEEDSP 1994. Ministério da Justiça DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHA DE AÇÃO SOBRE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS - Brasília, corde, 1997. MITTLER, Peter - Educação Inclusiva - Contextos Sociais – Porto Alegre, ARTMED, 2003.
Revista Sagrado | 2014
45
Tecnologias
Festival de
Videoclipes Mariza de Fátima Veiga Siewert Serviço de Comunicação Escola Santa Teresinha do Menino Jesus - Curitiba – PR
46
Revista Sagrado | 2014
Já sabemos, há muito tempo, que a escola é o espaço para aprendizagem. O grande desafio é traduzir esse espaço em lugar de aprender com satisfação, alegria e prazer. Dessa forma, na Unidade Educacional Escola Santa Teresinha do Menino Jesus, do SAGRADO – Rede de Educação, em Curitiba, a tecnologia é uma ferramenta a favor da aprendizagem e uma importante aliada no desenvolvimento das potencialidades dos educandos. A professora Anice Mª Francis-
co Quattrucci, percebendo que os educandos preferem aulas dinâmicas, “com emoção”, como dizem eles, elaborou um projeto utilizando diversas linguagens e recursos tecnológicos. Para o terceiro trimestre, os educandos formaram equipes, com o objetivo de escolher uma música na língua inglesa e a partir dessa escolha criar um roteiro e produzir um videoclip. O fato de ser uma atividade habitual na escola, envolvendo música e tecnologias como o uso de filmadoras, celulares, máquinas fotográfi-
cas e computadores, foi considerado como forte componente motivacional para o desenvolvimento desse projeto. Os trabalhos superaram a expectativa da professora, pela criatividade e interesse demonstrados pelos
educandos. Assim, aconteceu, com grande sucesso, o Festival de Videoclipes na LĂngua Inglesa, o qual pode ser visto por toda a escola e tem a possibilidade de publicação na Internet, para o mundo inteiro assistir.
Revista Sagrado | 2014
47