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Estou presenteando o Caro Amigo com a verdadeira história “A COBRA FUMOU”, ”A COBRA VAI FUMAR”, “A COBRA ESTA FUMANDO”, forjada pelo povo no coração de todas as cidades brasileiras, principalmente na cidade de São Paulo onde “A COBRA” nasceu. !
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Esse acontecimento, a participação do Brasil na 2º Guerra Mundial, combatendo nos Campos de Batalha na Itália, foi um dos maiores feitos da HISTÓRIA MILITAR BRASILEIRA.!
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É de se lembrar ainda, que enquanto a população brasileira viveu no Brasil durante 365 dias no decorrer da Segunda Guerra Mundial nos anos de 1.944 / 1.945, os Ex-Combatentes da Força Expedicionária Brasileira, LUTARAM NAS ESCARPAS GELADAS DOS ALPES ITALIANOS durante 31.536.000 segundos, considerando que na GUERRA, o tempo é contado em segundos, uma vez que a todo instante, a qualquer momento, o panorama a sua frente poderá ser diferente.!
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! Newton La Scaleia! Ex - Sargento / Primeiro Escalão! 307 F.E.B.!
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Excelentíssimo Senhor General de Exército! ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO! D.D. Comandante Militar do Sudeste!
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Estou enviando a Vossa Excelência o anexo de um documento, relatando um acontecimento histórico perdido no espaço e que certamente desaparecerá em pouco, muito pouco tempo, junto com o féretro do último Ex-Combatente que lutou efetivamente na última Guerra Mundial, além mar nos Campos de Batalha na Itália.!
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Esse requerimento foi apresentado por mim a algum tempo ao Comando Militar do Sudeste, com a única finalidade de identificar, preservar e perpetuar um símbolo nascido no decorrer de um dos maiores acontecimentos da História Militar Brasileira.!
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Infelizmente, esse pedido foi desconsiderado e ignorado pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do nosso Exército. Uma vez que, ele foi simplesmente arquivado.!
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Agora, como uma última tentativa, considerando que a única coisa que o Ex-Combatente não tem é tempo, estou pedindo encarecidamente a Vossa Excelência, que determine uma pesquisa junto a Prefeitura da Cidade de São Paulo a fim de ser apurado se a veracidade do relato tem fundamento, uma vez que, essa é a única história que se conhece em todo o território nacional onde, todos os personagens que constam do glorioso símbolo “A COBRA ESTÁ FUMANDO” existiram, e foram identificados.!
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Os camelôs exibindo várias jibóias pelas praças da Cidade de São Paulo, ”EXISTIRAM”.! O cigarro colocado na boca da cobra através de uma piteira de papelão, “FOI REAL”.! O cigarro aceso pelos camelôs = a cobra fumando, “ACONTECEU”.! E finalmente a “MALA” que foi a “VEDETE” de toda essa história, “FOI UMA REALIDADE”.!
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Esse relato foi feito por mim e entregue aos Senhores como uma “HISTÓRIA”. Mas, na verdade ele foi o acontecimento de um “FATO”. !
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A esperança de que essa última e única oportunidade não seja perdida para sempre, vai depender do grau da determinação de Vossa Excelência.!
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Na certeza de sermos atendidos nessa pretensão considerada muito importante para os Ex-Combatentes, deixamos consignados aqui os nossos agradecimentos.!
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! Respeitosamente,! !
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/11/1912
_________________________! ! Newton La Scaleia! !Ex-Sargento - 1º Escalão! !307 = F.E.B.!
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Segue anexo ao presente um histórico relatando fatos reais que deram origem ao surgimento do Glorioso Emblema a “COBRA FUMOU”, adotado pela Força Expedicionária Brasileira durante os combates desenrolados nos campos de batalha da Itália na 2º Guerra Mundial.
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Esse histórico foi encaminhado por mim ao Comando Militar do Sudeste e, em seguida submetido à apreciação da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, unidade essa que tem como uma das principais finalidades da sua existência, pesquisar. Em resposta eu recebi daquela Diretoria uns folhetos impressos, dizendo que havia várias versões sobre o assunto, sem sentido algum, baseados em informações subjetivas e apócrifas de pessoas que teriam ouvido falar, que alguém teria dito, que alguém havia contado. Baseada nesse tipo de informação aquela Diretoria se ‘”NEGOU A PESQUISAR” dando o caso por encerrado.
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Com esse procedimento o meu relatório foi equiparado com todas essas estórias descritas acima que já eram do meu conhecimento.
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Na minha versão já transmitida a vários escritores nacionais e internacionais só foram relatados fatos concretos. EU nunca disse que alguém teria dito. EU nunca disse que alguém me havia contado. EU nunca disse que ouvi falar. No meu depoimento EU estou dizendo. EU estou contando. EU estou falando. EU sou testemunha. EU, ainda, estou vivo.
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Se houver necessidade de outros depoimentos de pessoas ainda vivas, talvez eu encontre. Não vai ser fácil, considerando que, só os Ex-Combatentes que na época serviram no IIIº Batalhão do IVº Regimento de Infantaria, sediado no Parque Don Pedro II em São Paulo, é que poderão testemunhar. Uma vez que, foi lá que a “COBRA” nasceu. O que começou como uma brincadeira, através do tempo se transformou rapidamente num Símbolo e, em conseqüência foi forjado o Emblema Glorioso que permanecerá para sempre na História Militar Brasileira.
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Por essa razão, eu não posso “ACEITAR” como resposta, os 17 folhetos apócrifos que me foram enviados pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército através do ofício 010 de 08.10.2010 desse Comando, sem qualquer tipo de despacho decisório sobre o assunto e sem ter feito qualquer comentário sobre a minha proposta. Como eu já disse anteriormente eu já enviei á escritores nacionais e internacionais a minha história e, quem sabe num futuro próximo ou distante quando não houver mais nenhum ExCombatente vivo e, na ocasião que a verdadeira história da Força Expedicionária Brasileira for contada, as pessoas com uma “ÓPTICA” mais avançada certamente, poderão achar que vale a pena pesquisar e ver a minha versão com maior clareza e, evidentemente ela poderá ser homologada por ser a única representante da “VERDADE”.
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! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Em tempo : = ! !
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Felizmente eu encontrei uma testemunha. Nós servimos ao Exército na mesma unidade e na mesma época. Fomos uns dos primeiros Sargentos a serem convocados para completar o efetivo de Guerra do 6º Regimento de Infantaria. Após a Guerra, quando regressamos ao Brasil, eu dei baixa do Exército. Ele continuou seguindo na carreira militar e, ao longo do tempo foi reformado no Posto de Major R.1. O seu nome é SAMUEL SILVA. Ele se prontificou a dialogar sobre o tema a “Cobra Fumou” e, poderá ser encontrado na Associação dos Ex-Combatentes do Brasil = Seção São Paulo = localizada à Rua Santa Madalena nº 42.
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“ESCLARECIMENTOS”
Desse enorme elenco de “ditos populares” apresentados pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, verifica-se que nenhum deles demonstrou qualquer tipo de inspiração plausível que justificasse a lembrança de uma “COBRA” e, muito menos fumando. Eles apenas descreviam os fatos e no final acrescentavam “PARECE UMA COBRA FUMANDO”.
! Esse “ELENCO” parece-me, são dezenas e poderá chegar a centenas. !
O mais estranho em toda essa história é, que a Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército que é um órgão que tem como uma das suas finalidades, pesquisar, foi tão inocente acreditando que todos os narradores após apresentarem as suas versões sobre o assunto tivessem a mesma “IDÉIA”. Finalizando com a frase “PARECE UMA COBRA FUMANDO”.
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Esse fato além de ser atípico é impossível acontecer. Ele só se “CONCRETIZOU E PERMANECEU NO TEMPO” por uma única razão. Porque todos eles já tinham ouvido falar da “COBRA FUMANDO”. A “COBRA JÁ EXISTIA”.
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Parece-me, que esse procedimento da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército não foi bem “INOCÊNCIA”, eu acho que foi mais “COMODISMO”, forma essa encontrada por aquela Unidade para justificar o arquivamento do processo sumariamente, evitando assim, o trabalho cansativo e desgastante que uma pesquisa poderia ocasionar.
! Apenas como curiosidade : = !
Certa ocasião eu li nos jornais, que foi encontrado no nosso planeta um meteorito. Após anos de pesquisa ficou constatado que o fato teria acontecido a 250.000.000 de anos. A história do meteorito vai continuar sendo pesquisado indefinidamente, a fim de que se descubra qualquer outro indício que nos auxilie a desvendar a origem da existência da Terra. Tudo isso é possível acontecer porque o “Meteorito” existe.
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Diferente da história “A COBRA FUMOU” que está sendo discutida aqui. Se morrer mais alguns Ex-Combatentes não haverá mais nada que possa constatar, analisar ou avaliar, porque a verdadeira história que deu origem ao símbolo que representa um dos maiores feitos da História Militar Brasileira também morrerá.
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História do Meteorito = 250.000.000 de anos =
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História da Cobra Fumou =
70
anos =
! ! A vista do exposto eu vou repetir novamente: !
Vai continuar sendo analisada indefinidamente. A Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército se negou a prosseguir na pesquisa.
A cobra nasceu no IIIº Batalhão do IVº Regimento de Infantaria cujo Quartel era localizado no Parque Dom Pedro IIº como já foi relatado. Nessa Unidade começaram os trabalhos para as convocações com a finalidade de completar o efetivo de guerra do VIº Regimento de Infantaria, com sede na cidade de Caçapava que havia sido designado para compor o “Iº Escalão da Força Expedicionária Brasileira”. Os convocados ao serem transferidos para o VIº Regimento de Infantaria, levaram a “COBRA” que posteriormente se alastrou para todas as unidades que foram sendo incorporadas a F.E.B.
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Excelentíssimo Senhor General de Exército ANTÔNIO GABRIEL ESPER D.D. Comandante Militar do Sudeste
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Tomei a liberdade de me dirigir a Vossa Excelência para relatar um fato realmente importante, cuja solução, só terá êxito se for aprovado e apoiado por uma personalidade marcante, desempenhando um dos mais elevados cargos do Militarismo Brasileiro, como é o caso de Vossa Excelência no Comando Militar do Sudeste.
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Esse fato se refere à expressão que foi adotada ao longo do tempo e que resultou no emblema carismático “A COBRA FUMOU” que identificou e identificará para sempre a “Força Expedicionária Brasileira” que lutou nos campos de batalha da Itália, durante a 2º Guerra Mundial.
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Não obstante toda essa importância, a origem da história da criação desse slogan, bem como o surgimento do Emblema da FEB é desconhecida até os dias de hoje. Não para mim e para aqueles militares que viveram a história e que naquela época, estavam servindo no 3º Batalhão do 4º Regimento de Infantaria sediado no Parque Dom Pedro II na Cidade de São Paulo, onde a “Força Expedicionária Brasileira” nasceu, considerando que a convocação, em São Paulo, era feita através daquele Batalhão e em seguida, os convocados eram encaminhados para o 6º Regimento de Infantaria sediado na Cidade de Caçapava, sendo incorporados imediatamente ao corpo que formava a “Força Expedicionária Brasileira”.
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A vista do exposto, eu peço o obséquio á Vossa Excelência, se possível e se julgar conveniente e oportuno, designar uma comissão afim de que seja feita uma pesquisa no conteúdo do documento anexo, para que os fatos sejam esclarecidos em definitivo e a verdadeira história venha á tona para conhecimento de toda a Nação Brasileira. Esses esclarecimentos são muito importantes para aqueles que tiveram a honra, a dádiva e o privilégio de terem nascido numa época em que puderam servir ao seu País.
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Caso o fato se concretize, esse glorioso emblema a “COBRA FUMOU”, passará a ter a verdadeira identidade histórica e, em qualquer época no futuro, quando perguntarem como ele surgiu, a resposta será: “Ela foi apresentada pelo Excelentíssimo Senhor General de Exército Comandante Militar do Sudeste, baseada no relato feito por um Sargento que viveu a história e serviu na C.P.P.l do lº Btl do 6º R.I. = lº Escalão da Força Expedicionária Brasileira.
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Na certeza de ser atendido nessa pretensão que considera justa, o signatário deixa registrado aqui, os seus agradecimentos pela atenção que a presente possa merecer.
! ! Respeitosamente, ! 23/11/2009
_____________________________ Newton La Scaleia Ex-Sargento da F.E.B. CPPI / lº Btl do 6º R.I.
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A COBRA FUMOU A COBRA VAI FUMAR A COBRA ESTÁ FUMANDO
Muito se falou a respeito da origem da expressão “A COBRA FUMOU”; “A COBRA VAI FUMAR”; “A COBRA ESTÁ FUMANDO” mas a definição que está prevalecendo e que aparece em alguns livros que eu tive a oportunidade de ler é, de que um General em uma das reuniões que decidiam a criação de uma força militar brasileira para participar na 2º Guerra Mundial, teria dito: “É mais fácil uma cobra fumar do que uma força militar brasileira participar do conflito mundial”.
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Essa afirmação, sem significado algum, além de não ter qualquer base de sustentação é ainda, desprovida de qualquer princípio de relacionamento histórico, para que possa ter credibilidade suficiente a fim de que essa tese seja aceita, por terem sido feitas por pessoas alheias a história e, talvez nem tivessem nascido na época em que o fato ocorreu. Não obstante, ela é a que está prevalecendo.
! A VERDADE NARRADA POR AQUELE QUE VIVEU A HISTÓRIA: !
Essas expressões “a cobra fumou, vai fumar ou está fumando” são mais antigas do que a F.E.B.. Ela foi o fruto de um fenômeno local que aconteceu na Cidade de São Paulo.
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Esse fenômeno isoladamente era insignificante e, teria se perdido na história se não fora um outro acontecimento. Este sim, muito importante que foi a decisão da criação da Força Expedicionária Brasileira.
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Esses dois acontecimentos se encaixaram perfeitamente e se fundiram de tal forma que lhes deu a condição capaz de projetar essas “EXPRESSÕES” para sempre no “CENÁRIO” do maior feito da História Militar Brasileira.
! HISTÓRICO !
Na Cidade de São Paulo, na época, os camelôs eram vendedores ambulantes que circulando pela cidade, ofereciam os seus produtos nas casas e principalmente nos bares da cidade. Eram proibidos ficarem parados. No fim da década de l930 e no início da década de l940 surgiram várias vendedores de outros estados, quase todos de Goiás e Mato Grosso. Eles apareceram em grupos de 3 ou 4 pessoas, todos levando uma “MALA” enorme e, se instalavam na Praça da Sé, Praça da República e outros locais onde havia grande fluxo de pessoas. Em determinado momento um deles abria a “MALA” e exibia uma enorme cobra jibóia. Naquela época, a mais de 60 anos atrás, esse tipo de réptil era uma atração fantástica para o povo da Cidade de São Paulo e, logo um número enorme de pessoas se aglomerava em torno da cobra. Um deles enfiava um tubinho, usado nas tecelagens para enrolar fios, na boca da jibóia com um cigarro apagado e com um isqueiro, fingindo que acendia o cigarro, gesticulava e falava daqui a pouco a cobra vai fumar, criando aquela expectativa inédita para o povo paulistano. Em seguida os outros personagens abriam as outras malas e ofereciam os seus produtos: remédio para calo, perfume, produtos para o cabelo e outras quinquilharias.
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Como esse procedimento era proibido, surgiam os fiscais da Prefeitura e naquele momento os personagens fechavam as malas rapidamente e saiam correndo para lados diferentes, cada um levando a sua “MALA”.
! Até aqui não há novidade nenhuma, esses fatos acontecem até nos nossos dias. !
Eis que na mesma época surgiu a grande notícia que comoveu todos os brasileiros. Ficou resolvido que o nosso país iria participar ativamente da 2ª Guerra Mundial, mandando uma força militar para combater nos campos de batalha da Itália. Esse contingente foi denominado “Força Expedicionária Brasileira” e que o primeiro escalão partisse do Estado de São Paulo. A partir daí a Cidade de São Paulo viveu um alvoroço, as convocações começaram a ser feitas e aqueles que eram convocados se apresentavam no Quartel do Parque Dom Pedro II, todos vindo do interior e de outros Estados. Obviamente, todos sem exceção traziam a sua “MALA” a fim de transportar roupas e seus objetos de uso pessoal. Inclusive os oficiais convocados tinham o mesmo procedimento.
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O nosso campo de treinamento principal era no Parque Dom Pedro II em torno do quartel e na várzea do Glicério. Como naquela época ninguém tinha carro, os convocados desciam do bonde na Avenida Rangel Pestana e outros na frente do próprio quartel. De cada bonde que parava, descia uma leva de convocados todos trazendo a sua “MALA”. Nós que estávamos recebendo e dando instrução no parque, todos gritávamos repetidamente “OLHA A COBRA” a “COBRA VAI FUMAR”, era uma gritaria infernal. Eles ficavam todos assustados olhando ao seu redor, uma vez que não sabiam qual a razão daquela algazarra.
! “NA HORA DO ALMOÇO” !
Os militares almoçavam antes e após o almoço, até recomeçarem as instruções, ficávamos todos no pátio do quartel.
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A formação dos convocados era em coluna de três, deixando os seus pertences de lado para irem almoçar. Na volta todos iam procurar escova de dente ou uma toalha para a sua higiene bucal e obviamente tocavam nas “MALAS”. Ao fazerem esses gestos, “JÁ ESPERADOS POR TODOS”, era o suficiente para desencadear aquele coro infernal, provocando uma gritaria que ecoava por todos os recantos do pátio do quartel: “OLHA A COBRA” a “COBRA VAI FUMAR”. Esses acontecimentos se repetiam todos os dias durante o período das convocações.
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“OUTRO ACONTECIMENTO DIGNO DE NOTA QUE PROVA O QUE ESTÁ SENDO AFIRMADO” é de que a expressão “A COBRA FUMOU” é mais antiga do que a F.E.B.
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No início, estavam sendo feitas apenas as convocações, depois os incorporados eram encaminhados ao 6º Regimento de Infantaria, sediado na cidade de Caçapava, unidade determinada para ser o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira para lutar nos campos de batalha da Itália.
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Os convocados, após os exames de rotina eram incorporados e recebiam o fardamento, começando a receber as instruções diárias, duras e cansativas que iniciavam as 7 horas da manhã. Depois de um dia estafante, em razão das instruções recebidas, o soldado retornando ao quartel tomava banho, jantava e sem dinheiro, só havia um lugar para se divertir, principalmente para aqueles que não eram nativos da Cidade de São Paulo. A diversão era pegar um bonde (grátis) e se dirigir a zona do meretrício. 12
Os militares só tinham acesso livre nesse local em horas determinadas. Das 19:00 ás 22:00 horas.
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Nesse período, o fluxo de militares na zona do meretrício era tão grande que houve a necessidade de ser criada uma patrulha militar. Eu era Sargento e comandei essa patrulha várias vezes. Todas as noites havia conflitos e muitas vezes violentos. Os jovens soldados se apaixonavam pelas prostitutas e vice versa. Enciumados, insistiam em permanecer nos quartos após as 22:00 horas.
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As cafetinas reclamavam, considerando que elas só começavam a faturar depois das 22:00 horas, quando os soldados se retirassem. Nesse momento o choque era inevitável e, havia a necessidade da patrulha usar da força física para tirar o militar do recinto, prendendo-o. Esse procedimento se desenrolava durante todas as noites.
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Quando saia o boletim anunciando a escala de serviço para o dia seguinte, aqueles que eram designados para a Patrulha da Zona do Meretrício, comentavam: “AMANHÃ A COBRA VAI FUMAR”.
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Eu fiz questão de citar esse fato, para ficar comprovado que a expressão “COBRA FUMOU” é mais antiga do que a Força Expedicionária Brasileira, uma vez que, nessa ocasião, nós ainda não havíamos sido incorporados a ela.
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“A COBRA FUMOU” “A COBRA VAI FUMAR” “A COBRA ESTÁ FUMANDO”
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= significado = o fato já aconteceu. = significado = o fato vai acontecer. = significado = o fato está acontecendo.
Essa é a historia verdadeira da criação dessas expressões, cujo relato é baseado em fatos concretos acontecidos na Cidade de São Paulo = Berço da Força Expedicionária Brasileira.
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Não adianta ser Ex-Combatente de qualquer patente, de Soldado a General, ter servido em outros escalões nos outros estados. Esses fatos, só sabem aqueles que na época serviram no Exército na Cidade de São Paulo. Foi um fenômeno local que separadamente não tinha significado algum, como já foi dito, mas num determinado momento, coincidentemente se amoldaram e se fundiram criando essas expressões que ficaram eternamente registradas no maior feito da História Militar Brasileira.
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O povo brasileiro é imbatível e um observador emérito daquilo que acontece no cotidiano, transformando tudo que vê em versos.
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No caso ele assimilou a “MALA” que foi a vedete dessa história, considerando que foi o objeto que todos os Ex-Combatentes usavam. A ”COBRA”, o perigo iminente que uma Guerra, pode ocasionar e o desfecho lamentável e desastroso do final de uma batalha, seja qual for o resultado. Dessa mescla diversificada surgiu o slogan, o símbolo, o marco inicial que posteriormente se transformou no “BRASÃO” que identificou a Força Expedicionária Brasileira.
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Excelentíssimo Senhor GENERAL Histórias são Histórias. Tem aqueles que contaram a história e, quem conta sempre acrescenta alguma coisa para torná-la mais interessante. Outros escreveram a história, modificando-a, para que a redação seja mais atraente. Tem aqueles que publicaram as histórias, deturpando-as para se locupletarem delas. Todas elas são aceitas porque não existe ninguém para contestá-las. O mais importante de todas as histórias é que o fato inicial existiu. Raramente existem aqueles que vivem para contar a sua história de um passado distante, mais de 60 anos. O relato que Vossa Excelência acabou de ler, foi de quem viveu a História.
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Agora, existem duas versões para o problema ser solucionado, a do General desconhecido que está prevalecendo e, a do “Sargento que viveu a história”. Nós gostaríamos de saber qual delas Vossa Excelência vai adotar. Para que a resposta cumpra a sua finalidade, tem que ser rápida, considerando que pela imposição da implacabilidade do tempo, a única coisa que o Ex-Combatente não tem, é “TEMPO”.
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Exmo. Senhor General de Exército ANTÔNIO GABRIEL ESPER D.D. Comandante Militar do Sudeste
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Foi com enorme satisfação que recebi a carta de Vossa Excelência, em resposta a minha solicitação feita a respeito do tema controvertido do aparecimento do Emblema “A Cobra Fumou”, que representou a F.E.B. nos campos de batalha na Itália durante a 2º Guerra Mundial. Esse gesto de Vossa Excelência reviveu a “ESPERANÇA PERDIDA” em ver esse grande acontecimento, ficar registrado para sempre, nos anais da história do Militarismo Brasileiro.
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Eu disse reviveu, porque esse feito histórico, não obstante terem passados 64 anos, “NÃO” faz parte do currículo escolar em qualquer nível de ensino em todo território nacional. Se for perguntado para qualquer jovem de ambos os sexos em todo Brasil, o que representa a sigla F.E.B., certamente a resposta será que eles desconhecem o seu significado e nem sabem que o Brasil participou ativamente com tropas de combate, além mar, na 2º Guerra Mundial.
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Quando alguns desses jovens visitarem a Itália, nas regiões onde a F.E.B. atuou e depararem com um dos monumentos erigidos em nossa homenagem, é que vão aprender quem foram os “BRASILIANOS” e o que a F.E.B. representou para aquele povo nos momentos difíceis que viveram durante a 2º Guerra Mundial.
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Esse feito histórico no primeiro momento foi apenas militar, uma participação ativa de mais ou menos 25.000 homens no total, entre exércitos de milhões de combatentes vindos de todas as parte do mundo. Mas, para o futuro desenvolvimento do Brasil ela foi decisiva e determinante, considerando que todas as portas dos países vencedores foram abertas, o que possibilitou o desenvolvimento da Siderurgia Nacional, Vale do Rio Doce e da criação da Petrobras e outras empresas importantes acompanhadas de benefícios que ajudaram sobremaneira a deslanchar o crescimento vertiginoso da indústria brasileira e da tecnologia de ponta que desfrutamos no momento. Inclusive, assistência administrativa no âmbito Federal, Estadual e Municipal.
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Após a guerra, nenhum país sul-americano recebeu a atenção e a ajuda dada ao Brasil. Nós só conseguimos todos esses benefícios em decorrência da participação da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da Itália e de sermos o único país do continente a participar do conflito mundial ao lado das Forças Aliadas. Portanto, a evolução gigantesca que tivemos nesse período deveria ser creditada, principalmente, as Forças Armadas do nosso País.
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A prova desses fatos é que o Brasil antes da guerra estava várias décadas atrás da Argentina em todos os setores de atividade, principalmente na área industrial e na de tecnologia. Atualmente, nós a ultrapassamos em todos os níveis.
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Se não fora a participação da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha na Itália, hoje nós talvez, estaríamos comparados aos países menos desenvolvidos da América do Sul.
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Infelizmente, pela atuação desastrosa dos nossos políticos, a grande maioria da população brasileira não se beneficiou desse enorme progresso que o país teve e continuaram nas mesmas condições ou em piores situações que tinham num passado distante. Considerando que os benefícios das estruturas sociais, além de não evoluírem, pararam no tempo, trazendo enormes prejuízos para a 17
maior parte da população, aumentando ainda mais as diferenças sociais pela má distribuição de renda adotada no nosso país.
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Aos Ex-Combatentes pouco importa se nunca ninguém ouviu ou ouvirá falar dos nossos nomes, o importante para nós é que “SABEMOS” que num determinado momento, participamos de um feito histórico muito importante para o nosso país e que “NÃO PODERÁ SER ESQUECIDO”. Considerando que esse feito, Excelência, é a maior coisa que temos para nos orgulhar na vida.
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Em razão desses fatos é que a resposta de Vossa Excelência foi muito significativa e representou um dos melhores presentes de Natal que recebi nesses 89 anos da minha vida. Nela, talvez reencontremos a “ESPERANÇA PERDIDA” em ver a nossa participação nos Campos de Batalha na Itália, através da Força Expedicionária Brasileira, ficar registrada para sempre entre os maiores feitos da nossa história.
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Muito obrigado Excelentíssimo Senhor General de Exército = Comandante Militar do Sudeste = ANTÔNIO GABRIEL ESPER = pela atenção que nos dispensou.
! ! Respeitosamente, ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! 18
______________________________ Newton La Scaleia Ex-Sargento F.E.B.
Excelentíssimo Senhor General de Exército JOÃO CARLOS VILELA MORGERO D.D. Comandante Militar do Sudeste
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Como todos nós sabemos, apesar de terem passado mais de sessenta anos, até hoje ninguém sabe como surgiu o “Emblema Carismático” a “Cobra Fumou” que representou nos campos de batalha da Itália, um dos maiores feitos da história militar brasileira.
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Sobre esse assunto eu já enviei a esse Comando um histórico, cujo xerox segue anexo solicitando o obséquio de que ele fosse submetido a apreciação de uma comissão a fim de que o problema fosse resolvido definitivamente.
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O que eu desejava era uma resposta seja ela qual for, é claro que se ela for positiva será muito bem vinda, uma vez que os fatos aconteceram da forma que foram relatados na nossa proposta, cujo teor já foi transmitido a vários historiadores que me procuraram para falar sobre a F.E.B.
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É de se notar ainda, Excelentíssimo Senhor General, única e exclusivamente para efeito informativo que o 1º Regimento de Infantaria = Regimento Sampaio = na época da guerra era o preferido do Alto Comando Militar por estar sediado na Capital Federal e ele também tinha um emblema que era representado pela cara de um leão. Esse emblema só não foi o escolhido porque ele apareceu do nada, portanto sem história e por essa razão, sem qualquer base de sustentação. Completamente diferente da “Cobra Fumou” que nasceu no dia a dia no berço da “Força Expedicionária Brasileira” que foi o Batalhão sediado na Cidade de São Paulo onde teve início as convocações, cuja história está contada detalhadamente no expediente que segue anexo.
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O objetivo do relato acima tem a finalidade de solicitar a Vossa Excelência uma resposta seja ela qual for:
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1º = A proposta está sendo apreciada? 2º = Ela foi desconsiderada? 3º = Ela foi indeferida e arquivada?
Qualquer que seja a resposta eu gostaria que Vossa Excelência levasse em consideração o tempo, porque os Ex-Combatentes são diferentes das outras pessoas, todos eles estão na faixa dos 90 anos e por essa razão a única coisa que eles não tem é tempo, considerando que: uma semana, um mês ou um ano para eles é muito, muito “TEMPO”.
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O solicitante tem a certeza de ser atendido nessa pretensão que considera justa, motivo pelo qual deixa consignado a esse Comando os seus agradecimentos pela atenção que a presente possa merecer.
! Respeitosamente, !
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_____________________ Newton La Scaleia Ex-Sargento = 1 º Escalão da F.E.B. CPP1 = lº Batalhão = 6º R.I.
Excelentíssimo Senhor General de Exército JOÃO CARLOS VILELA MORGERO D.D. Comandante Militar do Sudeste
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Há algum tempo atrás eu enviei a esse Comando uma proposta de um fato histórico, acontecido num passado distante em relação a um dos maiores feitos da história Militar Brasileira.
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Aguardei ansiosamente a resposta, mas, infelizmente ela não aconteceu. Em seu lugar a Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército me enviou simplesmente um material informativo com várias folhas impressas onde constavam meros fatos subjetivos, baseados em suposições sem qualquer base de sustentação que já eram do meu conhecimento. Eu vou citar apenas alguns deles:
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I) = Numa reunião qualquer alguém teria dito é mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil participar com tropas na 2º Guerra Mundial. II) = Um Sargento do llº R.I. costumava entrar no quartel fumando cachimbo. Os soldados o apelidaram de a cobra fumando. III) = Uma composição de trem transportando tropa em Minas Gerais ziguezagueava no seu trajeto soltando fumaça, parecia uma cobra fumando.
Como Vossa Excelência pode verificar do que foi dito acima, o ofídio “COBRA”, em todas as argumentações nunca apareceu e, essas versões foram baseadas única e exclusivamente em suposições de outrem. No caso presente é completamente diferente. Eu existo. Eu estou contando. Eu vivi a história. Eu, ainda estou vivo.
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Portanto, “COLOCAR” o relato dos folhetos informativos em igualdade de condições com o histórico apresentado por mim, evidentemente foi um verdadeiro descaso e, uma tremenda injustiça cometida pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército. Considerando que na minha proposta todos os fatos narrados foram verdadeiros.
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Era só pesquisar um pouquinho, retroagindo ao início da década dos anos quarenta do século passado para constatar que, os camelôs com esse tipo de atividade na Cidade de São Paulo existiram em quantidade. As cobras jibóias enormes eram reais, existiram. Os camelôs especializados para colocarem o tubinho na boca da cobra existiram. Os camelôs treinados gesticulando, encenando que iam acender o cigarro na boca da cobra, a fim de atraírem as pessoas para apresentarem os seus produtos, existiram. E, finalmente a “MALA” que foi a vedete de um dos maiores acontecimentos da nossa história militar, também existiu. Uma vez que todos os Ex-Combatentes, de soldado a General usaram esse objeto que foi a figura principal de toda essa história. Sem a “MALA” evidentemente a “Cobra Fumou” não teria nascido.
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O que começou como uma brincadeira diária nos quartéis, acrescido coincidentemente com os acontecimentos acima citados aparentemente sem importância, se fundiram, surgindo esse “SÍMBOLO GLORIOSO” que fincou as suas raízes para sempre na História Militar Brasileira.
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É de se notar ainda, que “MUITO”, muito antes daquela reunião “que supostamente nunca existiu” onde aquele cidadão desconhecido teria dito que era mais fácil uma cobra fumar. “MUITO”, muito antes daquele “Sargento imaginário” entrar no quartel fumando cachimbo e “MUITO”, muito antes 20
daquela “composição fantasmagórica” no Estado de Minas Gerais quando ziguezagueava no seu trajeto soltava fumaça, a “COBRA JÁ ESTAVA FUMANDO” com o Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalha da Itália.
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Como já foi dito anteriormente a “Cobra Fumou” apareceu “MUITO”, muito antes dos folhetos informativos “apócrifos” que me foram enviados. Na realidade, ela surgiu, quando começaram as convocações para completarem o efetivo de guerra das Unidades do 6º Regimento de Infantaria destinadas a formarem a vanguarda da Força Expedicionária Brasileira.
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Foi uma pena, que a minha proposta sequer foi considerada ou analisada, ela foi simplesmente ignorada pela “Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército”. Como essa Entidade se negou a pesquisar a minha versão sobre o assunto, eu tenho a impressão que esse Símbolo Glorioso a “Cobra Fumou” perdeu, talvez, a última oportunidade de ter a sua verdadeira identidade histórica.
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De qualquer forma, embora, lamentando a resposta que eu não recebi, deixo registrado aqui, os meus agradecimentos a esse D.D. Comando pela atenção que me dispensou.
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Respeitosamente,
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_____________________ Newton La Scaleia Ex-Sargento 1º Escalão = F.E.B.
Meus!
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Caros ! Amigos!
Histórias sempre foram histórias. Ninguém reproduz a mesma história com as mesmas palavras. Alguns sempre acrescentam alguma coisa para torná-la mais interessante. Outros desenvolvem um sentimento mais sensível na redação para que ela seja mais emocionante. Mas o fato é, que no final, todos dizem as mesmas coisas. O relato que os Senhores acabaram de ler foi escrito POR QUEM VIVEU A HISTÓRIA. !
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! ________________________! Newton La Scaleia Ex-Sargento! 307 = F.E.B.!
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Ex-Sargento do 1º Escalão da FEB Newton La Scaleia e Melita La Scaleia! 23
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