Exibidor Ed. 13

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Ano IV – nº 13, abril/2014

Qual o próximo passo para o cinema digital no Brasil?

Mercado Estreias às quintas prometem bons frutos

Copa do mundo Como os cinemas vão se comportar se exibirem ou não os jogos

Entrevista Quanta DGT e GDC comentam os últimos detalhes do VPF no Brasil


Misturados.com.br

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JuntoseMisturados

JULHO NOS CINEMAS

JuntoseM


MAIO NOS CINEMAS


editorial

A Digitalização mal começou

H

á quase 120 anos, o mundo conhecia uma nova arte. Após a Música, Dança, Pintura, Escultura, Teatro e Literatura, o Cinema, a Sétima Arte, nascia. E durante quase todo este período, o cinema evoluiu, mantendo sempre a sua essência: a de movimentar imagens através da película. Vimos o som aparecer, a cor, os efeitos especiais, mas a película estava sempre lá. Enfim, no início deste século esta essência começou a mudar e o cinema digital começou a fazer parte da vida de produtores, distribuidores e exibidores. Hoje, com diversos países 100% digitais, outros próximos disso e, como era de se esperar, o Brasil sendo um dos últimos da corrida por esta meta, chegou a hora de pensar no pós-digital. Como será? O que muda na vida de quem trabalha com isso? É partindo deste questionamento que apresentamos nesta edição a matéria de capa “O cinema pós-digitalização”. O objetivo é alertar e informar o exibidor que a corrida mal começou. Temos muitas ações, obrigações e responsabilidade pela frente. A edição também está recheada de ótimas reportagens. Fomos às faculdades de Cinema no Brasil para perguntar o que os professores e acadêmicos falam do mercado de exibição. Também nos divertimos com as vinhetas de segurança dos cinemas para discutir os seus detalhes e as responsabilidades quanto ao bem-estar no interior das salas de projeção. E estando em dia com os acontecimentos da nossa indústria, preparamos reportagens referentes a dois assuntos que irão impactar os cinemas neste primeiro semestre: os lançamentos às quintas-feiras e a Copa do Mundo. Os nossos amigos parceiros do portal Omelete (www.omelete.com.br) começam nesta edição a apresentar infográficos referentes ao comportamento dos frequentadores assíduos de cinema. Os artigos também não podem faltar na composição de nossa revista. Estão presentes os nossos amigos Igor Kupstas, Carla Sobrosa, Marco Bitelli e um carinhoso texto do nosso amigo exibidor Jack Silva pelos 3 anos da Revista. Isso mesmo, chegamos a 3 anos de importantes reportagens, um portal e muita vontade de informar o exibidor ainda mais. Agradecemos o apoio de todos os amigos, parceiros, anunciantes e, principalmente, os exibidores. Como toda edição de aniversário, a imaginação dos anunciantes não tem limites. Parabéns às criações. Sentimos-nos honrados e orgulhosos de sermos os portadores de publicidades tão espetaculares. E que venha a edição 14, de julho. Até lá, nos vemos pelo nosso portal. Um grande abraço,

Marcelo J. L. Lima diretor e editor chefe da revista exibidor

6 Exibidor, abril-2014

Expediente Edição e direção Marcelo J. L. Lima Redação Natalí Alencar (MTB 51480) Fábio Gomes, Cibele Gandolpho, Fábio Guedes, Janaina Pereira Projeto Gráfico e Direção de Arte Raphael Grizilli Assistente de arte Fernando Martinello Revisão Talita Garcez Comercial e anúncios www.exibidor.com.br/anuncie Tel.: (11) 4040 4712 Assinaturas www.exibidor.com.br/assine Tel.: (11) 4040 4712 Colaboradores Carla Sobrosa, Igor Kupstas, Jack Silva, Marcos Bitelli, Espaço Z, Omelete Errata Na 12ª Ed. a TK Architects colaborou com a matéria “50 Cinemas Inspiradores”, no entanto a mesma não foi citada no expediente.

Impressão Vox Editora www.voxeditora.com.br

Tiragem de 2000 exemplares Correspondência Rua Ênio Voss, 78 São Paulo (SP) | 02245-070 Tel: (11) 4040 4705 www.exibidor.com.br A Revista Exibidor é uma publicação trimestral da:

www.tonks.com.br Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Revista Exibidor. Proibida a reprodução parcial ou total do conteúdo sem autorização da Tonks. Este exemplar faz parte do Acervo da Cinemateca do Rio de Janeiro.


DOWNTOWN FILMES. DISTRIBUIDORA I00% NACIONAL


Espaço do Leitor

Queremos saber a sua opinião. Envie seus comentários para:

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“Recebi mais um exemplar da revista e fico feliz ao ver que cada edição está melhor.” Luís Ciocler (Centauro)

“Parabéns pelo Boletim online com a matéria do Cine Belas Artes, belíssima cobertura e relevância.” Igor Kupstas (O2 Play)

“Nossos clientes adoram o Boletim online.” Aline Martins (Primeiro Plano)

Empresas e Instituições Citadas A

E

M

AAM // 24, 25, 26, 27 ANCINE // 25, 26, 27, 40, 46, 68 Agência DM9DDB // 32 Agroup // 12 Allianz Seguros // 32 Apple // 52 Arcoíris // 25

Embrafilme // 64 Esfera // 59 Espaço Itaú de Cinema // 25, 32, 35, 36, 47

Moviecom // 13, 25, 46, 47, 48

B Barco // 25, 48 BBC // 53 BNDES // 13, 24, 25, 26, 27

C California Filmes // 59 CE+S // 26 Centauro // 26 Centerplex // 25, 31, 32, 35, 36, 47, 48, 66 Chilefilms // 12 Christie // 12, 47 Cine 3 – Ferry Boat’s Plaza // 25 Cine Brasil // 50 Cine Imperator // 59 Cine Roxy // 16, 25 Cineart // 25 Cineflix // 25 Cinelive // 34, 35, 54 Cinemark // 12, 47, 49, 50, 53, 55 Cinematográfica Araújo // 25 Cinépolis // 13, 64 Cinesystem // 12, 25, 31, 32, 36, 47, 48, 55

D DC // 20 Disney // 59 Dolby // 12, 14 Doremi // 14, 46 Downtown Filmes // 59

8 Exibidor, abril-2014

F FAAP // 64, 65, 66 FENEEC // 58, 59, 60, 64 FIFA // 35 Filmes da Lata // 64 Fox Film // 13, 20

G GDC // 12, 24, 25, 26, 27, 47 Globo // 35 GNC Cinemas // 13, 25, 59, 60 Google // 52 Grupo Stratus // 12

H Hamilton Lane // 12 Hoyts // 12

I IBOPE // 14 IGN // 20 Il Kino // 55 IMAX // 14, 52 Itaú Seguros // 32

K Kelonik // 26 Kinoosfera Filmes // 66 Kinoplex // 14, 25, 31, 32, 36, 47, 48, 52, 53, 59

L LA Times // 20 Lui Cinematografia // 59

N NEC // 46, 47 Netflix // 52

O Odeon // 74, 75

P Paramount // 49, 59 Paris Filmes // 45, 49, 59, 60 PlayArte // 25 Porto Seguro // 32

Q Quanta DGT // 24, 25, 26, 27

R RioFilme // 16

S Santa Clara // 26 Sesi // 47 Sobral Eventos e Entretenimento // 13 SP Cine // 16

T Tonks // 76

U UCI // 25, 54 UNIC // 49 USP // 64, 65

V Vitrine // 59 Vue Entertainment // 54

W Warner Bros. // 49, 76


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sumário

Mercado cinematográfico se prepara para o futuro após o término da digitalização no Brasil

Notícias/12 Giro pelo mercado

Portal Exibidor/16 Destaques do portal exibidor.com.br

Infográfico/18 O poder dos atores para o consumidor final

Claquete.com/20 Novidades do cinema

Entrevista/24 Integradores falam dos acordos de VPF no Brasil

Segurança/30 Parceria entre exibidores e seguradoras resultam boas vinhetas

Copa do Mundo/34 Agentes do mercado contam como será o comportamento dos

/44

Artigo Mercado/52 Tecnologia e público devem estar mais próximos no cinema

Marketing/53 Além da programação, a sala de cinema pode oferecer inúmeras opções

Mercado/58 Exibidores e distribuidores comentam a mudança do calendário de estreias para quinta

Profissão/63 Como os cursos preparam os alunos para lidar com o mercado de exibição?

Artigo Panorama/68 Especulações sobre a digitalização total dos complexos

Agenda/70 Próximos lançamentos

Trajetória/74

cinemas com ou sem a exibição dos jogos

Odeon, patrimônio histórico do Rio

Artigo Legislação/40

Artigo Especial Leitor/76

O paradoxo da Cota de Tela

A Revista Exibidor comentada por um exibidor

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notícias

Cinemark inaugura salas Prime em Hoyts Chile São Paulo escolhe Christie para acelerar projeção digital ©Divulgação

A Christie anunciou que foi escolhida pela Hoyts Chile, cadeia de exibição pertencente ao Grupo Chilefilms, para auxiliar na digitalização de 127 salas distribuídas em 23 complexos neste país. Quem frequenta o shopping Iguatemi Faria Lima, em São Paulo (SP), encontrará duas novas salas Prime recém-inauguradas no complexo da Cinemark. Bettina Boklis, diretora de marketing da Rede, conta que o novo espaço garante mais comodidade ao público e conta com uma equipe dedicada ao atendimento personalizado. “As salas Prime reúnem requinte e sofisticação à melhor tecnologia disponível na exibição de filmes. Os espectadores poderão ter uma experiência única do começo ao fim”, conta. O Cinemark Iguatemi tem seis salas de exibição, das quais duas são Prime e têm capacidade total para 146 espectadores. Outro destaque é o novo cardápio, com opções como o sanduíche de costela bovina preparado com um toque de manteiga em pão com parmesão; e as lascas de cordeiro em mini pão sírio, que podem ser harmonizadas com a carta de vinhos ou drinks com e sem álcool.

O acordo prevê a instalação dos projetores digitais Christie Solaria, do sistema de gerenciamento das salas Christie Avias-TMS e da solução de áudio Christie Vive Audio, que será utilizada na plataforma Dolby Atmos de som imersivo. Este acordo faz parte do VPF fechado com a GDC que começou em janeiro deste ano e tem previsão de finalização em novembro. Isso inclui a digitalização por parte da Christie das novas salas da Hoyts Chile previstas para 2015 e 2016, que pode chegar a 30.

Cinesystem recebe investimento de R$ 350 milhões e anuncia abertura de capital ©Divulgação

A Rede Cinesystem Cinemas, que opera mais de 100 salas de exibição de cinema em todo o Brasil, anunciou o fechamento de investimento com o Grupo Stratus - empresa brasileira de private equity com foco no middle-market – e também da gestora de fundos Hamilton Lane. A transação, contratada em 2012, prevê investimentos de R$ 350 milhões em cinco anos. A ideia, segundo a exibidora, é se consolidar como um dos cinco maiores exibidores do País, com aproximadamente 350 salas de exibição. O aporte inicial de R$ 40 milhões já resultará na implantação de um modelo de governança nos padrões do mercado de capitais, com os empreendedores alinhados aos investidores em modelo de controle compartilhado. O Fundo Stratus passa a deter 42% do capital da empresa, que terá a holding Agroup, liderada por Marcos Barros, na posição de maior acionista individual.

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BNDES aprova financiamento para GNC Cinemas

Ronaldo Silva deixa a Fox Film

©Divulgação

O BNDES aprovou financiamento de R$ 9,1 milhões para construção de oito novas salas de cinema na Região Sul do Brasil. O valor foi concedido à GNC Cinemas e corresponde a 80% do investimento total necessário para implantação de cinco salas em Gravataí (RS) e três em Balneário Camboriú (SC), onde também serão modernizadas outras cinco salas já existentes.

©Prêmio ED

Depois de 36 anos dedicados à Fox Film, o profissional Ronaldo Silva anunciou sua saída da empresa. O motivo, segundo Ronaldo, que atualmente assumia o cargo de gerente de programação, foi a aposentadoria. “Eu me aposentei e agora vou me dedicar a projetos pessoais”, disse à Revista Exibidor.

Dos recursos aprovados, R$ 2,7 milhões são provenientes do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult) e R$ 6,4 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

Em sua página no Facebook, o profissional falou sobre sua saída e recebeu diversos comentários dos colegas do setor desejando boa sorte e sucesso.

Durante a execução do projeto, a GNC Cinemas prevê a criação de 748 empregos. Com a conclusão, o quadro de funcionários será ampliado de 292 para 342 empregados diretamente e de 578 para 678 empregados de maneira indireta.

Em 2008, Ronaldo Silva completava 30 anos de Fox Film e foi homenageado com o Troféu Alexandre Adamiu do Prêmio ED.

Complexos em São Paulo, Minas Gerais e Paraíba serão modernizados com o RECINE Oito portarias publicadas contemplam novos projetos de modernização e ampliação de complexos cinematográficos em São Paulo, Minas Gerais e Paraíba graças ao RECINE – Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade Cinematográfica. Seis, das oito portarias envolvem a ampliação, modernização ou atualização tecnológica do Grupo Moviecom.

Serão beneficiados os complexos de Moviecom Franca (SP); Moviecom Tivoli, em Santa Barbara D’Oeste (SP); Moviecom Prudenshopping, em Presidente Prudente (SP), Moviecom Penha, em São Paulo (SP); Moviecom Boavista, em São Paulo (SP); Complexo Cinepass Taubaté, em Taubaté (SP); Complexo Cinepass Jaú, em Jáú (SP); Complexo Shopping Jaraguá, em Araraquara (SP); Complexo Maxi

Shopping, em Jundiaí (SP); e Complexo Shopping Vale do Aço, em Ipatinga (MG). A Cinépolis obteve credenciamento para a inclusão de três novas salas no complexo no Shopping Manaíra, em João Pessoa (PB). Finalizando a lista, a Sobral Eventos e Entretenimento também criará 3 novas salas no Complexo Guarujá, na cidade de Guarujá (SP).

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notícias

Kinoplex investe R$ 12 milhões em reforma do complexo de Campinas ©Divulgação

Preferência pelo cinema cresce entre os brasileiros Os brasileiros estão mais interessados no cinema como entretenimento. Segundo o IBOPE, nos últimos cinco anos, a adesão da população ao meio cinema cresceu 43%. As informações são do Target Group Index, do IBOPE Media. Apesar do crescimento, o cinema ainda tem muito espaço para expandir. Apenas 17% da população frequenta cinema (pelo menos uma vez nos últimos 30 dias), mas 88% acompanham filmes regularmente na TV.

A rede de cinemas Kinoplex irá investir R$ 12 milhões na modernização do complexo D. Pedro (Campinas – SP). O local ganhará novas salas de exibição com tecnologias de última geração e nova comunicação visual, além de oferecer duas salas VIPs e uma equipada com IMAX. “Teremos duas salas VIP, com foyer exclusivo todo decorado, que serão inauguradas no primeiro semestre, e uma sala com a tecnologia IMAX, prevista para o segundo semestre deste ano”, afirma Luiz Severiano Ribeiro, presidente do Kinoplex. A reforma ainda dará ao complexo um novo visual, novas sinalizações e poltronas reformadas. Nacionalmente, novos investimentos estão previstos pelo grupo. “Nossa intenção é abrir mais 100 salas no Brasil nos próximos três anos. Só em 2014 serão investidos R$ 25 milhões no processo de digitalização de nossos cinemas”, finaliza Ribeiro. As salas Kinoplex Platinum ficam prontas até junho e a sala IMAX até dezembro.

A pesquisa revela ainda o perfil do cliente que frequenta os cinemas: 65% são classe AB, 46% têm entre 20 e 34 anos e 72% não são casados. O gênero preferido é a Ação/Aventura, apontado por 70% dos entrevistados. Já 57% preferem as comédias e 32% são adeptos das comédias românticas. Com o aumento da procura por cinema, cresceu também os investimentos nessa nova mídia. Os investimentos publicitários em cinema aumentaram 20% na comparação de 2012 e 2013. Confira mais dados da pesquisa em

tonk.es/ibope.

Dolby fecha acordo e inicia processo de compra da Doremi A Dolby fechou um acordo para adquirir a Doremi. A compra foi firmada por US$ 92,5 milhões, mais um adicional de US$ 20 milhões que pode ser pago durante quatro anos. “Dolby e Doremi têm tecnologias complementares. Juntas, poderão avançar na inovação e criar um tipo de experiência cinematográfica que instiga nossos parceiros exibidores”, disse Kevin Yeaman, presidente e CEO dos laboratórios Dolby.

14 Exibidor, abril-2014

“Por mais de 40 anos, a Dolby tem criado inovações tecnológicas para a indústria da exibição, oferecendo aos diretores as ferramentas e as tecnologias para expressar suas visões em diferentes formas”, completa Camille Rizko, fundador e presidente da Doremi. Lucas Crantschaninov, gerente de vendas para cinema da Doremi Brasil, está muito otimista com a notícia, já que a empresa terá o aumento do portfó-

lio com o mix de Áudio e Reprodução Complacente às normas DCI. “Essa junção das duas empresas também nos posiciona estrategicamente no mercado Latino Americano, com um market share ‘invejável’, além de nos colocar em vantagem diante ao futuro do mercado cinematográfico”, disse o profissional à Revista Exibidor. A transação deve ser concluída no final de 2014.



destaquesportal exibidor

www.

.com.br

Exibidor na CinemaCon Um dos acontecimentos mais importantes da indústria cinematográfica, a CinemaCon foi realizada entre os dias 24 e 27 de março e o Portal Exibidor conferiu de perto e diariamente todas as novidades. O anúncio da convenção, as principais premiações e a repercussão da feira estão numa página especial, acesse: exibidor.com.br/cinemacon e confira a cobertura completa.

Cine Roxy completa 80 anos ©Divulgação

Enquanto muitos cinemas encerraram suas atividades devido à concorrência com o modelo “multiplex”, o Cine Roxy se fortaleceu e fez história. Assim, chega aos seus 80 anos como principal exibidor da Baixada Santista. Tal conquista foi destaque do Portal Exibidor. Leia em: tonk.es/cineroxy.

Chega ao mercado a SP Cine ©Divulgação

O Portal Exibidor conversou com o secretário adjunto da cultura Alfredo Manevy para esclarecer algumas dúvidas sobre a criação e implantação da SP Cine, agência voltada para a produção, distribuição e exibição de filmes nos moldes da RioFilme. Confira a entrevista em: tonk.es/spcine.

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16 Exibidor, abril-2014



infogr谩ficoperfil consumidor

O superpoder dos atores P or M arcelo F orlani -

s贸cio - fundador do

18 Exibidor, abril-2014

O melete


A

gora que a temporada de prêmios passou podemos dizer: esqueça o Oscar! Se o que importa é o dinheiro da bilheteria, um ator ou atriz popular vale muito mais do que qualquer estatueta dourada. São eles que levam o público ao cinema e ajudam a encher as salas.

O site Omelete realizou uma pesquisa com os seus internautas e descobriu os astros mais populares do cinema. Robert Downey Jr. e Meryl Streep são os “queridinhos”. Confira abaixo outros artistas que também entraram na lista.

infográfico desenvolvido por

19 Exibidor, abril-2014


claquete.com Zack Snyder fala Hugh Jackman admite que Wolverine deve ganhar um novo intérprete em breve sobre a produção ©Divulgação

Após 14 anos como Wolverine, Hugh Jackman afirmou que, inevitavelmente, um ator mais novo deve assumir o papel do herói. “Qualquer um que acredite que é indispensável no nosso negócio está se enganando. Mas acredito que fui abençoado em ter feito esse personagem por tanto tempo”, afirmou Jackman em entrevista ao site IGN. O ator interpretou o herói sete vezes: X-Men: O Filme (X-Men), X-Men 2 (X-Men 2), X-Men - O Confronto Final (X-Men: The Last Stand), X-Men Ori-

gens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine), Wolverine: Imortal (The Wolverine), X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class) e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past), que será lançado em 22 de maio. “Todo dia que entro no set com as garras e o cabelo, agradeço pela minha sorte”, afirmou o ator ao garantir que o novo longa será um dos melhores da série. “Vocês ainda não conhecem o roteiro, mas eu diria que, provavelmente, este é o melhor de todos eles. É muito legal”, finalizou.

Fox anuncia lançamento de “Trinta”, filme sobre o carnavalesco Joãosinho Trinta ©Divulgação

A Fox Film do Brasil anunciou o lançamento de Trinta, de Paulo Machline, que retrata o primeiro desfile de Joãosinho Trinta no posto de carnavalesco de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, a Salgueiro. Matheus Natchergaele dá vida ao carnavalesco, mostrando sua ida ao Rio, suas apresentações de balé, seu desejo pelos holofotes e os aplausos, até o inovador desfile “O Rei da França na Ilha da Assombração”. O filme conta com nomes como Paolla Oliveira, Ernani Moraes, Paulo Tiefenthaler, Milhem Cortaz, Fabrício Boliveira e Mariana Nunes. Trinta tem estreia prevista para 23 de outubro.

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de “Batman vs Superman” Zack Snyder comentou a responsabilidade de fazer Batman vs Superman (Ainda sem título oficial) e afirmou que entende a responsabilidade de cruzar os dois principais heróis da DC nas telonas. “Estou animado. É bem legal entrar nesse mundo com heróis diferentes coexistindo no mesmo universo, mas também é uma grande responsabilidade. Eles nunca se encontraram no cinema antes, então será histórico”, explicou em entrevista ao LA Times. Snyder falou sobre o elenco, que conta com novidades como Ben Affleck como Batman, Gal Gadot no papel da Mulher Maravilha e Jesse Eisenberg interpretando Lex Luthor. Segundo ele, a escolha dos atores acontece de acordo com o que está no roteiro. “Esperamos que isso leve originalidade e que o público entenda que estamos tentando fazer algo novo e empolgante. Eu conheço o cânone, não sou louco. Sei o que esses personagens precisam em um ponto de vista mitológico. Jesse será um Lex maravilhoso, não vamos esquecer que ele já teve uma indicação ao Oscar - por A Rede Social (The Social Network). Ele é ator pra valer”, finalizou o diretor. Além de dirigir, Snyder escreve o roteiro com David Goyer. O lançamento está previsto para 2016.







O MAIOR CONGRESSO DE EXIBIDORES DA AMÉRICA LATINA ESTÁ CHEGANDO FEIRA PALESTRAS SCREENINGS APRESENTAÇÕES NEGÓCIOS MESAS REDONDAS


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entrevista dobradinha especial ©Divulgação

N ick C onti (GDC)

©Divulgação

L uiz F ernando M orau (Q uanta DGT/AAM)

O VPF na voz dos integradores P or : N atalí A lencar

Quanta DGT / AAM e GDC comentam o andamento dos acordos

A

corrida pela digitalização não para. Alguns exibidores já deram o start no processo por conta e risco com investimentos próprios e os demais, aos poucos, dão sinais de como vão proceder no Roll-out. Os integradores começam a fechar os acordos e já preveem prazos para o início das instalações. Assim, tudo parece caminhar naturalmente, embora o atraso iminente do Brasil é algo ímpar na corrida mundial pela digitalização.

da Digitalização (leia na pg. 44), mas enquanto não se chega

Num cenário de praticamente “prever o futuro”, a Revista Exibidor escolheu como seu tema de capa: O próximo passo

e GDC (Nick Conti – vice presidente). Além disso, você

24 Exibidor, abril-2014

exatamente nesse ponto, é preciso saber como andam os acor-

dos atualmente. Nada melhor que os próprios integradores de VPF para responder.

Por isso, a Exibidor preparou uma entrevista especial no formato “Dobradinha” com os executivos da Quanta

DGT/AAM (Luiz Fernando Morau – diretor comercial) confere o que diz o BNDES sobre o assunto.


Revista Exibidor – Como estão as negociações de VPF no Brasil em relação à sua empresa?

E o que diz o BNDES?

Luiz Fernando Morau (Quanta DGT/AAM) - Já conquistamos 932 salas e pretendemos atingir 1.000 até o final de abril.

O BNDES estima que o processo de financiamento da digitalização

Nick Conti (GDC) - As negociações estão indo muito bem com os exibidores e distribuidores. Nós somos a única empresa do Mercado a assinar o VPF com todos os seis distribuidores de Hollywood e em negociação contínua com os principais distribuidores brasileiros. Os exibidores que fechamos têm tanta confiança em nós que estão entusiasmados em nos ajudar a convencer os distribuidores brasileiros a assinar o acordo com a GDC.

Federal para garantir que o Regime Especial de Tributação para o

Exibidor - Quais exibidores brasileiros fecharam? Morau (Quanta DGT/AAM) - Até o momento, já fechamos com Kinoplex, Cinematográfica Araújo, Centerplex, PlayArte, GNC, Cinesystem, Cineart e Arcoíris. Conti (GDC) - Fechamos com os seguintes exibidores: UCI, Espaço Itaú de Cinemas, Circuito Cinearte, Circuito Espaço, Moviecom, Cineflix, Orient Cinemas, Cine Roxy, Cine 3 Ferry Boat’s Plaza e Cinema Star Laura Alvin. Em alguns casos, estamos trabalhando nos detalhes finais dos contratos, mas os acordos já estão praticamente fechados. Exibidor - Destes, algum já está recebendo o VPF? Quais? Como está funcionando? Morau (Quanta DGT/AAM) - Nenhuma sala foi ativada ainda. A maioria dos equipamentos encontra-se em trânsito e/ou em fabricação. Conti (GDC) - Todos os exibidores estão em processo de fechar os pedidos, importar e/ou instalar os equipamentos, o que, infelizmente, leva um pouco de tempo. Exibidor - Em quanto tempo isso se dará?

das salas já esteja aprovado quando você estiver lendo esta entrevista. A ANCINE promoveu um trabalho institucional perante a Receita Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine) seja processado dentro do prazo. Os exibidores precisam informar dados (CNPJ, capacidade das salas, tamanho das telas) ao integrador para iniciar de fato o processo do Recine na ANCINE. Segundo o BNDES, a Barco confirmou que os equipamentos estão em fase final de produção e serão enviados após o ato declaratório da receita. A Secretaria Estadual de Cultura do Rio, em breve receberá a documentação dos integradores para o processo de isenção de ICMS. Os clientes terão, conforme previsto desde o início da operação, acesso aos empréstimo-ponte disponibilizados pelos fornecedores até o desembaraço dos equipamentos e liberação dos recursos do BNDES. A equipe da Quanta DGT recebeu Marcelo Migliosi para atuar na área de gestão de novos negócios. O diretor comercial da empresa, Luiz Fernando Morau, confirmou a sua participação no processo de digitalização até o “Roll out”. “Até o momento, o BNDES recebeu apenas uma carta consulta da Quanta DGT visando o apoio ao total de 932 salas no âmbito de uma única operação de financiamento. O processo de análise está correndo em paralelo aos últimos ajustes da estruturação jurídica entre as partes envolvidas”, explicou Fernanda Farah, gerente do departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo do BNDES. Alguns exibidores reclamaram da dificuldade em contatar o BNDES e obter retorno. Fernanda respondeu que até o momento, atendeu todos os que nos procuraram pessoalmente ou via email (cinema@ bndes.gov.br). Porém, para acessar à linha de digitalização, os exibidores precisam contatar o agente integrador, que será o tomador de crédito perante o BNDES. “Além das campanhas publicitárias realizadas pelo BNDES, a ANCINE enviou correspondência informativa sobre a linha de financiamento para a sua base cadastral de exibidores. O BNDES também

Morau (Quanta DGT/AAM) - A expectativa é que o primeiro lote entre em operação até meados de maio.

contou com a ajuda de distribuidoras e órgãos de classe na divulga-

Conti (GDC) - Esperamos que as instalações comecem em abril e começaremos a coletar o VPF dos distribuidores imediatamente depois disso.

te o esforço de divulgação, e qualquer ajuda nesse sentido é bem-

ção. Realmente, para que a informação chegue ao conhecimento de todos os exibidores, principalmente os pequenos, é muito importan-vinda”, complementou.

25 Exibidor, abril-2014


entrevista dobradinha especial

Exibidor - Quais as vantagens para quem assinou o acordo com a sua empresa? Morau (Quanta DGT/AAM) - O melhor pacote de benefícios, o que inclui: financiamento ANCINE/BNDES; maior prazo de depreciação dos projetores digitais já existentes; flexibilidade de pagamento/recebimento do VPF; maior e melhor infraestrutura da Integradora; nenhuma exigência de garantia financeira ao exibidor além da assinatura do contrato; total liberdade de escolha dos fornecedores de equipamentos e o melhor TMS no cenário mundial. Conti (GDC) - Prezamos pela simplicidade, transparência e autonomia. Explico a seguir. Simplicidade: Nós estamos com operações totalmente concentradas no Brasil e vendemos nosso programa diretamente aos exibidores, então eles sabem exatamente para quem ligar se surgir algum problema. Não há diversas empresas entre exibidores que recebem os VPFs e distribuidores que pagam os VPFs. Transparência: A GDC tem total transparência ao oferecer o programa de VPF – promover nossa marca no mercado por meio dos exibidores que já fizeram o processo de conversão. Com isso, calculamos os custos totais e o VPF estimado aos clientes e eles sabem exatamente o que estão recebendo e não haverá surpresas no futuro. Do lado do distribuidor, oferecemos o mesmo acordo que foi oferecido aos estúdios de Hollywood. Autonomia: Não estamos tentando controlar as operações dos exibidores e nem intrometer no fluxo das bilheterias. Nós temos trabalhado as regras com os distribuidores que informam quando o VPF é pago ou não. Finalmente, não ditamos de quem o exibidor deve comprar os equipamentos e quem deve fornecer o serviço de manutenção. Revendedores como a Kelonik, CE+S, Santa Clara, Centauro, etc. são muito importantes neste processo e tem relacionamento de longa data com os exibidores, baseado numa relação profunda de confiança. E não é nosso objetivo interromper essa relação. Flexibilidade: Por meio das parcerias com os fabricantes de projetores e financiadores privados, damos assistência aos exibidores em conseguir várias opções de financiamento privado, pois uma companhia é diferente da outra e ter apenas uma escolha não é uma opção. Assim, pagamos os VPFs mensalmente num período mensal fixo para melhor atender as obrigações financeiras dos exi-

26 Exibidor, abril-2014

bidores. Além disso, nossa taxa administrativa do programa é uma porcentagem dos VPFs pagos e não uma taxa fixa. Se o exibidor não receber o pagamento, nós também não recebemos. Exibidor - Quais as desvantagens do seu concorrente? Morau (Quanta DGT/AAM) - Imposição de utilização de um único fabricante de servidores; obrigatoriedade de substituição dos servidores existentes por servidores da marca imposta; menor prazo de depreciação dos projetores já instalados; impossibilidade de utilização da linha ANCINE/BNDES e falta de infraestrutura no Brasil. Conti (GDC) - Não gostaria de comentar as desvantagens do meu concorrente porque pessoalmente sei o quanto é difícil construir um programa como este. Aplaudo os meus concorrentes nos esforços em arranjar financiamento público para esta conversão e acredito que eles, ANCINE e BNDES, estão fazendo um ótimo serviço para o mercado. Ultimamente temos todos o mesmo objetivo em converter o mercado para o digital e temos o prazer de oferecer métodos diferentes para se chegar lá. Exibidor - Vocês estão utilizando recurso do BNDES e como está funcionando? Morau (Quanta DGT/AAM) - Praticamente todos os exibidores optaram pelo recurso ANCINE/BNDES. O processo foi lento para que pudesse ser adequado e organizado, mas adquiriu desempenho e começa a fluir. Conti (GDC) - A GDC não está utilizando diretamente a linha de crédito do BNDES para a digitalização, pois, para nós, seria muito difícil nos adequarmos aos requerimentos e também nos diferenciarmos no mercado de forma a oferecer aos exibidores uma escolha. Entretanto, somos mais do que felizes em ser um provedor de VPF para qualquer empresa independente, que pretende obter financiamento do BNDES direto. Exibidor - Passado as negociações, o fechamento e o recebimento do VPF, como será o relacionamento com os exibidores? Morau (Quanta DGT/AAM) - Começará a segunda fase, na qual serviços e produtos adicionais serão incorporados e oferecidos. Nós acreditamos que nessa fase estaremos so-


©Divulgação

zinhos no desenvolvimento e atendimentos aos exibidores, o que é nosso alvo desde o início. Na chegada de mais um Show de Inverno, olhamos para trás e percebemos quantas e quantas horas de trabalho, retrabalho e mais trabalho foram dedicadas até este momento. O corpo a corpo com os estúdios, exibidores, distribuidores, provedores de serviços, ANCINE, BNDES, fornecedores estratégicos e demais atores anônimos do processo foi algo desgastante, mas extremamente gratificante. Observamos alguns mitos que ficaram pelo caminho, outros que surgiram, mas, no final das contas, o que valerá é a sala de cinema com o TMS ativado, monitorando e remunerando o famoso VPF. A carga burocrática vencida foi monstruosa e nos deixou sequelas, pois não estávamos preparados (creio que ninguém estava) para enfrentar um adversário tão duro e traiçoeiro. Chegou a hora de comemorar? Não, pois o trabalho que vale está apenas começando e espero que, em dezembro de 2019, lembremos de hoje com carinho e reconhecimento. Conti (GDC) - Depois que os contratos de VPF forem assinados e os equipamentos instalados, nós teremos contato constante com os exibidores. Todos os tipos de negócios não funcionam da mesma maneira. Todos esses diferentes cenários irão, inevitavelmente, levantar questões entre o exibidor e o distribuidor, assim como o quanto vão receber/pagar em VPFs. Desde que começamos isso, há seis anos, é um prazer dividir nosso conhecimento e oferecer transparência aos nossos parceiros. O programa do VPF não é um negócio único com data limite para terminar; os exibidores estão confiando em nós pelos próximos anos e espero que eu e o operacional da GDC no Brasil nos tornemos “grandes amigos” dos nossos clientes. Depois que o período de pagamento do VPF terminar, a GDC continuará no Brasil para dar suporte aos clientes e oferecer novos e excitantes produtos para o mercado, assim como o recente Sistema da qualidade de gestão QMS-1000. Sempre estaremos no mercado exibidor não só porque é nossa obrigação, mas porque amamos isso. Exibidor - Será que alguém vai ficar de fora? Morau (Quanta DGT/AAM) - Sim, acreditamos. Ainda existem exibidores que continuam com dúvidas e crêem que esta ação não é para eles, o que será uma pena, pois indepen-

“Para que a informação chegue ao conhecimento de todos os exibidores, principalmente os pequenos, é muito importante o esforço de divulgação” (Fernanda Farah - BNDES) dentemente de serem geradores de VPF ou não, a linha FSA/ ANCINE/BNDES, por si só, já é um imenso benefício. A

linha tem o objetivo de atender a qualquer porte de exibidor, seja ele de uma única sala ou de centenas, e foi desenhada para ter a maior abrangência possível. O exibidor só ficará fora do VPF se for por opção própria.

Conti (GDC) - Todo exibidor é elegível a assinar o programa

de VPF da GDC, então, esperamos que ninguém fique de fora. Fernanda Farah (BNDES) - O exibidor que ficar sem acesso ao VPF será aquele que não buscou informações ou de-

cidiu por conta própria não fazê-lo. O Programa foi criado com o objetivo de propiciar acesso a todos os exibidores do território nacional.

27 Exibidor, abril-2014




segurança

Em cartaz: a segurança Parceria entre exibidores e seguradoras permite a criação de vinhetas criativas para demonstrar os procedimentos obrigatórios e manter a atenção do público P or : C ibele G andolpho

P

restar atenção nos procedimentos de segurança não é algo que muitos gostam de fazer quando estão no cinema. Para prender a atenção do espectador, os exibidores investem em vinhetas divertidas e gráficas. O termo, originado da palavra vignette (“pequena vinha”, em francês), que designava os adornos das Iluminuras na Idade Média, recebeu aplicação em outras mídias, como o rádio, a fotografia e os quadrinhos. No cinema, as vinhetas desempenharam um importante papel desde que surgiram pela primeira vez nos filmes norte-americanos dos anos 50. A função das vinhetas era quebrar a monotonia durante as apresentações dos créditos.

30 Exibidor, abril-2014


Atualmente, as vinhetas são usadas em larga escala para demonstrar os proce-

dimentos de seguranças obrigatórios por

lei. Em cada estado, existe o Código de Proteção e Segurança contra Incêndio (COSCIP). Nele, consta a disposição no qual os exibidores são orientados a cumprir, com grande concentração de público

e ainda um Manual de Segurança e Plano de Escape.

Patricia Cotta, gerente de marketing da rede Kinoplex, diz que “no ramo da ativi-

dade de exibição, a forma mais coerente e

eficaz de divulgar esse manual é por meio

de vinhetas vinculadas antes dos filmes. Tal prática é tradicional entre as exibido-

ras cinematográficas. Se preza muito pela

segurança dos espectadores. A vinheta é o

informativo sobre todos os itens de segurança que o cinema possui e uma forma

de mantê-los informados sobre como agir em caso de alguma eventualidade”, avalia.

dimentos de segurança e bem estar para

Sâmara Kurihara, gerente de marketing do Cinesystem, informa que a maior preocupação da rede é oferecer informações e instruções para o cliente, na medida em que o lazer possa ser usufruído com segurança, além de divertido, emocionante e prazeroso. “A vinheta precisa ser atrativa e principalmente passar as informações sobre segurança e procedimentos para que todos tenham uma sessão segura e agradável”, completa.

Monica Santana, gerente de marketing

Ela explica que o roteiro, além de conter questões de segurança, precisa reforçar que é proibido fumar, que é importante desligar o celular, não conversar durante a sessão, conferir o número da poltrona antes de sentar, não colocar os pés na poltrona da frente, entre outros. São proce-

zes indicativas em caso de falta de ener-

todos. “Todos esses dados são padrão”, diz. da Centerplex, tem a mesma opinião.

“Para nós, exibidores, a vinheta é de

suma importância, pois é por meio dela que podemos informar aos clientes so-

bre a nossas políticas e orientá-los em como usufruir melhor da nossa estru-

tura. Por meio de conteúdos criativos e

animações, informarmos sobre a política

de segurança que entre elas estão saídas de emergência, brigada de incêndio, lu-

gia, locais dos extintores e detectores de fumaça. Além disso, orientação sobre

vídeos, fotos, entrada na sala com latas

e garrafas, uso de celulares, proibido

fumar e conversas paralelas durante as sessões”, conta.

31 Exibidor, abril-2014


segurança Para se tornar eficiente, os exibidores afirmam que a vinheta deve ter orientações sobre qual deve ser a conduta do espectador para manter a sua segurança e a dos demais, como por exemplo, não fumar no cinema e dicas sobre como agir em caso de alguma eventualidade, como por exemplo a existência de barras antipânico e a localização dos extintores de incêndio.

Negociações Basicamente, os exibidores fazem parcerias com seguradoras, como Allianz e Porto Seguro, para produzir suas vinhetas. No Cinesystem, cada parceria pode envolver uma negociação diferente. “Esses acordos contemplam benefícios para ambas as empresas e que podem ir além da produção das vinhetas. Para a seguradora é interessante, pois eles divulgam seu serviço no momento certo, e para o cinema, claro, há muitos benefícios também”, explica Sâmara. No Kinoplex, os seguros são contratados com a Itaú Seguros e as vinhetas são produzidas por eles com a ajuda da rede exibidora. A gerente de marketing ressalta que a grande vantagem é conter uma vinheta bastante completa, por meio da soma do conhecimento do exibidor e da seguradora, promovendo assim a tranquilidade do espectador e, principalmente, o máximo em segurança para todo o público. Já no Centerplex, Monica Santana conta que, nos últimos anos, a rede tem trabalhado com as empresas Porto Seguro e Allianz. “Além do excelente relacionamento, possuímos um acordo, especificamente de permuta no qual, em troca da cobertura de seguro em nossos cinemas, cedemos espaços de mídia, principalmente em tela”, diz.

32 Exibidor, abril-2014

Em cartaz É preciso inovar para conquistar a atenção do público. Recentemente, o Espaço Itaú de Cinema criou uma vinheta fazendo um resgate do cinema clássico que pretende transmitir, de forma bem-humorada, dicas de segurança dentro das salas de cinema. Com um minuto, a nova vinheta, produzida pela agência DM9DDB, traz cenas de Charles Chaplin acompanhadas pelas orientações com fundo em tela preta e música instrumental - mesmo modelo que era adotado pelos filmes da época do cinema mudo. Apostar no cinema antigo também foi a última estratégia do Kinoplex, que já teve vinhetas em animações com personagens em forma de pipoca. Sâmara, do Cinesystem, conta que a rede sempre trabalha com contextualização clara em relação ao roteiro e ao processo criativo. “A última vinheta realizada é baseada no universo dos games, que é comum ao público de cinema. Os Cine Defenders, personagens defensores da segurança e bem-estar das salas de cinema Cinesystem, explicam os procedimentos, alertando os clientes como se estivessem vencendo etapas de um jogo de videogame”, conta. Idealizada em parceria com a Allianz e a empresa Mono 3D, a proposta, bastante original, transmite as mensagens necessárias de uma forma atrativa para todo o público, desde as crianças aos adultos, que se identificam com elementos de jogos tradicionais. Para a Allianz, transmitir uma mensagem importante de segurança, de forma divertida, reforça a ligação da

marca com o tema e facilita a absorção da mensagem pelo público. “A parceria com a Cinesystem reforça a nossa estratégia de exposição da marca, aproximando a Allianz de nossos clientes e potenciais segurados nas mais diversas cidades”, aponta o diretor de gestão de mercado e estratégia da Allianz Seguros, Felipe Gomes. Investir em vinhetas é um ponto crucial para os exibidores que, além de atuarem dentro da lei ao demonstrar as medidas de segurança, fazem essa tarefa de forma divertida e original, a fim de prender a atenção do frequentador do cinema antes do filme começar. Conheça algumas vinhetas no link:

tonk.es/vinhetas.



programação

Copa?

E Daí? P or : N atalí A lencar

Independente da exibição dos jogos nos cinemas, exibidores comentam como pretendem se programar para este período

E

xibir eventos esportivos já se tornou uma fórmula de sucesso para alguns cinemas. A final da UEFA Champions League entre Bayern de Munique e Borussia Dortmund, transmitida ao vivo e em 3D nos cinemas pela Cinelive e ESPN, arrecadou mais de R$ 335 mil e atraiu cerca de nove mil espectadores, ocupando a seleta lista das dez maiores bilheterias do cinema nacional no fim de semana de sua exibição. Para este ano, já está confirmada a mesma transmissão em 24 de maio.

34 Exibidor, abril-2014


Se o futebol europeu no Brasil é recorde mundial, o que dizer das possibilidades que a Copa realizada no “país do futebol” poderia trazer aos exibidores? No entanto, a equação não é tão simples assim. Espera-se que ao ler esta matéria, a situação já seja outra, mas até o fechamento desta pauta, acredite, não havia nenhuma definição sobre a possibilidade da exibição dos jogos nos cinemas brasileiros. Mas a Copa está aí, falta pouco e todos aguardam o desfecho desse jogo. Se o saldo de gols será positivo, só será possível entender quando tudo isso se tornar uma experiência consolidada e não uma expectativa incerta. “Desde 2010, quando nasceu a Cinelive, estamos em contato com a FIFA. No Brasil, ao contrário dos outros países, ela tem uma parceria muito grande com a TV Globo. Já temos um posicionamento da Globo dizendo que não vai interferir, mas a FIFA não se posicionou oficialmente”, disse Laudson Diniz, gerente executivo da Cinelive. Ele explica que no seu entendimento vai acontecer, mas a FIFA está discutindo internamente a quantidade de cinemas e os jogos a serem transmitidos. “Na África do Sul limitaram a 50 cinemas, por exemplo. Nós acreditamos que seja pouco para o Brasil, então estamos no aguardo de um posicionamento oficial”, completou o profissional. Embora ansiosos, os exibidores seguem sua rotina sem mais preocupações, aguardando novas notícias para aí sim definirem como pretendem agir em relação à transmissão dos jogos nos cinemas.

“Para exibição de jogos nos complexos, dependemos muito do que a Cinelive conseguirá negociar. Tudo o que eles conseguirem afetará imediatamente aos nossos cinemas. Já existem empresas e grupos querendo alugar a sala para exibir jogos a clientes e parceiros. Estamos estudando caso a caso”, conta Márcio Eli Lima, diretor da Centerplex. Existe ainda a possibilidade de não se tornar viável a transmissão para o exibidor, mesmo após a liberação da FIFA. “Ainda corre o risco de eles [FIFA] dizerem que vai ter a possibilidade, eu liberar o sinal, mas custar um valor que para o exibidor não compensa, então tudo vai depender dos próximos acertos”, explica Diniz. Enquanto isso, a única definição é que o 3D está descartado. “Uma coisa que está mais certa, é que não vai haver captação em 3D para a Copa, só teremos sinal em HD, 4K e 8K experimental”, informa o gerente executivo da Cinelive.

Programação Muito se comentou sobre o ano de 2014 ser o ano da Copa e como isso afetaria os cinemas. O assunto é um dos mais comentados, ultrapassando inclusive, a premiação do Oscar. As distribuidoras já haviam anunciado alteração no lançamento de alguns filmes em função disso. No entanto, para os exibidores não haverá grandes mudanças. Será um ano normal como nos anteriores em que a competição foi realizada em outros países, independentemente da exibição dos jogos. O cinema não fechará 100% e a programação será normal, com exceção apenas aos dias de jogos do Brasil. É o que diz Adhemar de Oliveira, diretor e responsável pela programação dos cinemas do Espaço Itaú de Cinemas. “O dia em que o Brasil joga é neutro, aniquila a movimentação. Os demais dias não, como

Cinema em Campo Segundo os exibidores entrevistados:

• Cinemas funcionarão normalmente, com exceção apenas nos dias de jogos do Brasil;

• Não haverá programação especial durante a Copa;

• Não está decidido quais e quantos cinemas exibirão os jogos;

• Funcionários dos cinemas terão expediente normal, com liberação apenas no horário dos jogos ou disponibilidade de assistir os jogos no próprio local de trabalho;

• Com ou sem transmissão de jogos, o que conta é a experiência, que será válida também para as Olimpíadas;

As informações acima não são padrão. Cada exibidor deve optar pela estratégia que melhor lhe atender.

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programação foram nas outras Copas. Vai seguir a programação normal com exceção dos dias com jogos do Brasil”, informa. O diretor de programação da Rede Cinesystem Cinemas, Carlos Mauricio Sabbag, também partilha o mesmo pensamento. “A princípio não exibiremos os jogos, mas apenas as exibições agendadas para os horários de jogos do Brasil serão suspensas”. Concorda com eles, Patricia Cotta, da Kinoplex. “Programaremos da mesma forma de sempre, com a maior diversidade de conteúdos disponíveis no mercado e adequando a programação de cada cinema ao perfil do seu público. Analisando dados históricos de competições assim em outros países, acreditamos que vale a pena abrir o cinema em dias de jogos. Por esse motivo nossos cinemas estarão em plena operação durante a Copa do Mundo”. Adhemar explica ainda que tudo vai depender também do posicionamento do Brasil no Campeonato. “Nunca tivemos a experiência de ter uma Copa no Brasil, não acredito que altere tanto, porque são jogos de interesse específico. É lógico que tem os mais agarrados

ao futebol, que vê tudo. Mas, depende muito de como será o desempenho do Brasil, quando a equipe sobe, aí o pessoal começa a ver todos os jogos, se o Brasil não vai bem, desinteressa bastante. Isso em outras regiões, que não era aqui. A única diferença é que o evento agora é aqui”. Sobre a interferência dos shoppings, alguns cinemas não têm a confirmação se abrirão ou não, já outros seguem como nos demais campeonatos mundiais de futebol. “Ainda não temos a informação se haverá alteração no horário de funcionamento dos shoppings onde estamos em atividade, mas caso fechem em outros horários, além dos jogos do Brasil, certamente influenciará na decisão da Rede”, disse Carlos Sabbag. “Até o momento, não recebemos nenhuma informação sobre abertura e/ou fechamento dos shoppings em horários diferenciados durante a Copa do Mundo. Já trabalhamos com horários diferentes das lojas devido à operação do cinema ser distinta e, caso necessário, vamos nos adaptar a qualquer alteração, buscando manter uma oferta mais am-

Críticas - Calendário dos jogos pode influenciar eventos, festivais e Mostras “As empresas afirmam que não têm verba por causa da Copa. Até o MinC abriu edital de R$ 50 milhões para projetos que associem cultura e futebol, mas que só vale para as cidades que sediarão os jogos. E como ficam as outras?” (Adriano Lima,

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organizador do Curta Canoa, em entrevista ao Portal UOL) - Exibição no cinema não empolga “O Futebol, você só vê no estádio, não tem outro jeito. Aqui [cinema] você vê o que o cara da televisão quer que você veja” (Ugo Giorgetti, cineasta, em entrevista ao Placar)

pla e adequada às necessidades do nosso público”, relata Patrícia Cotta.

Funcionários Para os funcionários das redes de cinemas, a situação é a mesma, funcionamento normal, sem grandes mudanças. Em algumas redes os jogos serão disponibilizados no trabalho, em outros cinemas, os funcionários serão liberados apenas no horário dos jogos. “Se for uma hora determinada que depois dê para ter sessão, oferecemos o jogo para os funcionários no próprio ambiente de trabalho”, explica Adhemar, do Espaço Itaú de Cinema. “Quanto aos funcionários, cumprirão o expediente normalmente, mas serão liberados nos jogos do Brasil”, informa Carlos Mauricio Sabbag, da Cinesystem. Patrícia Cotta, da Kinoplex diz que o expediente será normal “como em qualquer outro período do ano, abrindo algumas exceções, especialmente em horários de jogos do Brasil”. Embora, aparentemente, não seja um período de grandes mudanças, com ou sem a exibição da Copa nos cinemas, será um momento de aprender na prática e obter experiência para futuras situações similares. “Será um momento diferente e de aprendizado, pois logo após isto, em dois anos, teremos as Olimpíadas, não acho que afetará como a Copa do Mundo, mas deve ter seu grau de complexidade parecido”, prevê o diretor da Centerplex, Márcio Eli Lima. Preocupada com a atualização desta notícia, a Revista Exibidor manterá um link atualizado com a confirmação ou não da transmissão dos jogos. Acompanhe em: tonk.es/copa2014.


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artigolegislação

O sucesso do cinema brasileiro e o paradoxo da cota de tela

A

s políticas de cotas são implementadas com base nas chamadas “discriminações positivas” visando corrigir eventuais distorções em desfavor de determinados grupos, classes ou categorias de pessoas ou agentes de mercado. Quando se fala de comércio e serviços, de acordo com os tratados e convenções internacionais relacionados a filmes cinematográficos, tais restrições se dão por meio de cotas de projeção. As cotas ou reservas de mercado devem ser sempre temporárias e regressivas à medida que suas imposições geram resultados. O GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio 1947) já previa em 1947 que essas cotas, se existentes, ficassem sujeitas a negociações visando à sua limitação, liberalização ou eliminação. No Brasil, vigora desde 2001, com a criação da ANCINE, uma política de cotas atípica, por vinte (20) anos, ou seja, até 2021, no setor de exibição cinematográfica. Atípica porque o número de dias da cota, por delegação do artigo 55 da Medida Provisória 2228-1/2001 é fixado anualmente por um Decreto do Presidente da República e não por lei. O correto teria sido estabelecer na própria lei os critérios esta cota, sua limitação e forma de eliminação. Ocorre que anualmente às vésperas da virada do ano, enquanto todos estão desembrulhando presentes e preparando para pular ondas na praia, um novo Decreto de cota de tela aparece, com novas regras, incrementando dias e outros detalhes que surpreendem a lógica das cotas.

P or : M arcos A lberto S ant A nna B itelli A primeira surpresa é justamente a falta de exposição formal de critérios objetivos para as novas regras. Uma vez que a fixação da cota dependeria não apenas de serem ouvidas as entidades representativas dos produtores, distribuidores e exibidores (art. 55 da MP), mas da justificativa que deve acompanhar todo ato administrativo, em particular um Decreto, ato vinculado e subordinado. Todavia, o recente Decreto 8.176/2013 novamente elevou a cota de tela, notadamente para os cinemas com mais de seis (06) salas, como aumentou o número de títulos que tais cotas devem ser cumpridas, agravando esse número ainda mais para os cinemas de mais de 05 (cincos) salas. Vale notar que sequer há previsão legal para que seja fixado por Decreto um número mínimo de títulos para cumprimento da cota. Essa exigência que cria dificuldades adicionais ao exibidor para cumprir a cota, afronta a própria MP 2228 e o citado acordo GATT 47, que se restringem exclusivamente ao número de dias mínimo de exibição, em prazo não inferior a um ano. Esse agravamento conflita de forma mais grave com os resultados e recordes obtidos pelo cinema brasileiro de 2013, onde os filmes brasileiros atingiram participação de mercado em público de 18,6%. O sucesso de público e de bilheteria seria um fator para redução da cota e seus encargos e não de aumento. Trata-se do paradoxo do sucesso. A cota vem, via de regra, com o objetivo de ser extinta. Se ela prestou a algum resultado no passado, atualmente se mostra desnecessária.

A elevação da cota é, portanto, o descumprimento do seu propósito, como mecanismo regulador excepcional, temporário, limitado e visando sua própria extinção. O agravamento do número de títulos é outro contrassenso uma vez que o número de títulos que atingem níveis de público e renda relevantes vem aumentando ano a ano. A cada conquista o Decreto vem impondo maiores penalizações, quando, repita-se, o esforço do mercado deveria ser reconhecido, deixando o público ir ao encontro do cinema brasileiro, sem impor novas restrições que são custosas ao exibidor, inibindo o investimento em novos complexos cinematográficos, notadamente aqueles de mais de 05 (cinco) salas. Decididamente a intervenção do Estado brasileiro na questão da cota cinematográfica é uma política de engessamento e penalização do sucesso. Tanto do produtor na conquista do seu público, quanto do distribuidor e do exibidor, que têm que investir tempo e dinheiro no carregamento de títulos em salas vazias, muitas vezes sacrificando a sustentabilidade dos negócios. Os prejuízos pelas falhas aqui mencionadas do Estado brasileiro na política de cotas, tanto na falta de justificativa, quanto na falta de legalidade e violação a tratados internacionais podem vir a ser objeto de contestação e pedidos de ressarcimento indenizatório. Em síntese, quando era para o mercado estar comemorando, o Estado salga o prato no qual todos comem.

Marcos Alberto Sant Anna Bitelli | marcos.bitelli@bitelli.com.br Mestre em Direito pela PUC-SP, Coordenador do Curso Comunicação e Direito do Instituto Internacional de Ciências Sociais, Professor dos Cursos de Pós-Graduação em Direito do COGEAE-PUC, Escola Superior da Advocacia da OAB-SP, especialista em Direito do Entretenimento, Autor de vários livros, consultor jurídico do Sindicato das Empresas Exibidoras do Estado de São Paulo, sócio de Bitelli Advogados.

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CENTAURO PARTICIPA DO ROLLOUT DA CINEMARK & CINÉPOLIS NA AMÉRICA LATINA

Com ampla cobertura no território nacional e estrategicamente bem posicionada, a Centauro Cinema foi escolhida para realizar a conversão digital das maiores redes exibidoras do país, a Cinemark e a Cinépolis.

O foco desta digitalização ocorreu na América Latina, e os países convertidos para digital foram: Cinépolis | Panamá Cinépolis | Peru Cinépolis | Brasil

Cinemark | Argentina Cinemark | Colômbia Cinemark | Peru Cinemark | Brasil (EM ANDAMENTO)

Dos serviços realizados pela equipe da Centauro Cinema, destacamos: • Instalação de projetores digitais • Realização de colorimetria dos projetores • Criação e padronização de macros • Swap de projetores 35mm para digitais • Instalação de servidores • Instalação de automações • Instalação de sistemas de dimerização das salas • Instalação de processadores de áudio • Equalização B-chain das salas • Instalação de UPS • Instalação de TMS • Instalação de LMS • Instalação switchers de rede

Com centenas de instalações de projetores digitais, servidores, sistemas de sonorização, TMS e LMS a Centauro Cinema credencia-se como a mais capacitada empresa brasileira em conversão digital de salas de cinema. Nossa equipe comercial e de projetos tem plena capacidade de elaborar projetos de infraestrutura, planejamento estratégico do rollout, instalação de equipamentos de acordo com as normas da DCI, monitoramento através de nosso NOC e manutenção prevento-corretiva dos equipamentos instalados. Não espere seus equipamentos chegarem para começar a pensar em sua digitalização. Saiba mais sobre as etapas do processo de conversão digital agendando uma apresentação com nossa equipe comercial.

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44 Exibidor, abril-2014


P or : F ábio G omes

Como o mercado cinematográfico está se preparando para os eventos após a digitalização completa dos complexos brasileiros á pouco mais de três anos, o Brasil vivia em outra era em relação às salas de cinema. A projeção de 35mm era a principal opção para exibição e os cinemas do país acompanhavam de longe a mudança digital que ocorria ao redor do mundo. Hoje, o cenário é completamente diferente. A digitalização está cada dia mais consolidada e os acordos de VPF já estão rodando (leia mais na página 24), enquanto os cinemas nacionais estão em plena fase de roll out. “Acredito que até dezembro desse ano teremos 80% do parque digitalizado. Eu vejo, como distribuidor, muitas empresas fazendo negócio, muitos integradores nos procurando. Acredito que até o meio de 2015, tudo estará resolvido. Em dezembro, estaremos bem encaminhados”, explica Márcio Fraccarolli, presidente da Paris Filmes. Porém, a pergunta que fica no ar é: qual o próximo passo para o cinema digital no Brasil?

45 Exibidor, abril-2014


capa

o cinema pós-digitalização

Onde mirar? A demanda de produtos por conta do VPF criou uma situação anormal em relação aos fabricantes de produtos e serviços para cinema digital. As vendas cresceram de uma maneira desproporcional e, com o término da digitalização, é natural que a expectativa gire em torno de uma inevitável queda nos pedidos e que o mercado retorne a sua condição normal. Por conta disso, as mais variadas estratégias estão sendo planejadas para que o “baque” não seja tão grande. Lucas Crantschaninov, gerente de vendas para cinema da Doremi Brasil, explica que a empresa pretende focar em seu portfólio e apresentar diferentes soluções aos exibidores. “Além de servidores, a Doremi possui toda uma linha de equipamentos de cinema, desde a masterização de conteúdo, geração de DCP, até equipamentos para melhorar a experiência em exibição, como aparelhos voltados à acessibilidade

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da

para deficientes auditivos e visuais. Vemos um grande potencial de mercado para todos esses complementos, que serão diferenciais para exibidores uma vez que todas as salas, ou a grande maioria, estarão totalmente digitalizadas”, afirma Crantschaninov. O mercado de exibição, por sua vez, se mostra ávido por novidades tecnológicas pós cinema digital. Visando dar ao espectador o melhor serviço possível, complexos digitalizados ou em fase final de digitalização começam a olhar o que os fabricantes tem de melhor a oferecer. Leonardo Frossard de Faria, sócio-diretor da rede Moviecom, acompanha com atenção as inovações que os fabricantes têm a apresentar e diz que, em breve, o principal objetivo da rede será a atualização de seus equipamentos. “O avanço da tecnologia está acontecendo e a Moviecom acompanha de perto. Projetores de 48 frames, de resolução 4K, a transmissão via satélite de conteúdo e

NEC

substituição dos projetores de lâmpadas por laser são alguns exemplos. Já estamos instalando servidores 48 frames em nossos complexos. Nossas maiores salas irão receber os projetores 4K”, conta Faria. Os projetores a laser já começam a chegar ao Brasil e, em breve, devem substituir os projetores de lâmpada xenon. Com a vantagem de terem uma vida útil maior, esquentarem menos e com uma qualidade de imagem e cor superiores, as fabricantes começam a competição por uma vaga na cabine do exibidor, que já se programa para chegar o mais próximo possível do nível mundial. “Estamos lançando nos próximos meses um projetor a laser que tem inúmeras vantagens competitivas. Estou certo que este novo projetor será o ‘equipamento de desejo’ de todos os exibidores, tanto para os de grande, médio e pequeno porte”, afirma Jorge Dantas, diretor de cinema digital da NEC. A atualização dos equipamentos nos grandes cinemas é vista com importância pelos fabricantes, mas muitos deles ainda acreditam que o mercado brasileiro tem muito que crescer, mesmo que não seja na mesma intensidade da era VPF. Dantas acredita que o parque exibidor nacional ainda se encontra deficitário em termos de quantidade de salas disponíveis para um país do tamanho do Brasil e, por conta disso, conquistar a confiança de complexos emergentes no interior pode ser um diferencial no futuro próximo. “Estamos crescendo, a população está com maior poder econômico. Os incentivos ao mercado exibidor por parte da ANCINE,


como os benefícios fiscais e as linhas de crédito criadas pelo programa ‘Cinema Perto de Você’ e o projeto ‘Cinema da Cidade’, criam oportunidades de investimento na modernização e expansão durante os próximos anos”, finaliza Jorge. Bruno Tavares, diretor da Christie, não pensa somente no interior, mas em pequenos cinemas na capital que desejam entrar para o mundo digital. “Cine Clubes, salas de cultura, cinemas do Sesi, pequenos circuitos no interior do Brasil que não foram contemplados com o VPF devido às características de exibição da sala. Estamos visando esses exibidores a um preço justo”, explica Tavares. Muitos fornecedores têm a mesma visão que os diretores da NEC e da Christie e, por conta disso, entendem que um escritório no Brasil passou a ser uma necessidade. Fabricantes especializados em cinema digital que, até então, não tinham endereço fixo no país começam a desembarcar na nação afim de ter um relacionamento mais próximo com o exibidor. “Com nosso escritório na Av. Paulista (São Paulo - SP), atendemos todos os clientes locais e trabalhamos com a pós-venda diretamente. Assim, mostramos que a postura adotada para o mercado brasileiro não se diferenciará da postura adotada para o resto do mundo. Trabalharemos de forma rápida, resolutiva e sempre tendo em conta que cada cliente é único”, explica Begoña Castrillo, diretora da GDC no Brasil. O atendimento especial envolverá a manutenção de um follow-up intenso com os exibidores, para que nenhum pro-

Fase de digitalização As redes que responderam a reportagem da Revista Exibidor explicaram em qual nível está a digitalização de seus cinemas.

Cinemark – “A rede possui 67 complexos, dos quais 27 operam exclusivamente com a tecnologia digital. A previsão é que o processo de digitalização esteja concluído ainda no primeiro semestre”, explica o diretor de tecnologia Luciano Silva.

Kinoplex – ‘’Até o final deste ano, todos os cinemas serão digitalizados. Atualmente, das 225 salas, 40% são digitais’’, afirma Patrícia Cotta, gerente de marketing.

Espaço Itaú de Cinema – “30% dos nossos complexos estão digitalizados e o término da digitalização está previsto para agosto”, conta o diretor Adhemar Oliveira.

Cinesystem – “Nem todos foram digitalizados, mas a previsão de conclusão total é para este ano”, informa o diretor Carlos Maurício Sabbag.

Moviecom – ‘’Das 90 salas da rede, 32 estão digitalizadas. Nosso plano é que até julho deste ano todos os complexos estejam digitalizados’’, prevê Leonardo Frossard Faria, sócio-diretor da rede.

Centerplex – “40% dos cinemas da rede estão digitalizados e nosso planejamento prevê que até o final de julho estejamos totalmente digitalizados”, vislumbra o diretor Márcio Eli Leão.

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o cinema pós-digitalização

blema passe despercebido por parte dos fabricantes que, além disso, preparam cursos especiais para os funcionários dos seus clientes. “Nosso contato com o exibidor é constante. A Barco investe, ainda, em treinamentos desenvolvidos especialmente para o corpo técnico dos exibidores”, afirma Ricardo Ferrari, diretor de vendas da divisão entretenimento & corporativo da Barco.

De olho na capacitação de profissionais E falando em treinamento, o sucesso do cinema digital no país está fortemente ligado com a capacitação de profissionais. Ao contrário do projetor de 35 mm, os aparelhos digitais exigem um conhecimento profundo no setor de tecnologia e técnicos de TI passaram a ser valorizados. Por conta disso, empresas exibidoras estão sempre abertas a novas possibilidades e maneiras de qualificar seu profissional, além das oferecidas pelos fabricantes, e a evolução desse aprendizado continuará pelos anos que virão. “Nossa equipe já vem sendo treinada em cursos feitos nos EUA e também aqui no Brasil. Os projetores analógicos exigiam também um conhecimento mecânico, e agora, com a digitalização esse conhecimento já não se faz presente. Estamos formando técnicos com conhecimento em informática”, afirmou Leonardo Frossard de Faria, da Moviecom. Uma das principais preocupações que o novo profissional deve ter é o cuidado com a máquina, que é muito mais sen-

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sível que os antigos projetores. Existem programas, como o Network Operating Centre (NOC), que são capazes de fazer uma vistoria minuciosa do aparelho e procurar por possíveis defeitos. Porém, o fator humano, quando o assunto é cuidado e prevenção contra possíveis problemas, ainda não pode ser dispensado.

Ter funcionários que compreendam o bom funcionamento dos aparelhos digitais é fundamental para que o complexo não perca uma sala por conta de um projetor. Afinal, ainda hoje o envio de um novo KDM (Key Delivery Management) de emergência continua sendo um problema para os exibidores.

O exibidor precisará manter alguém responsável pelos cuidados da cabine, pois o equipamento precisa ser limpo e fiscalizado. Afinal, o NOC tem capacidade de detectar problemas técnicos, mas não de limpeza do vidro de projeção, filtros de ar, verificação da temperatura ambiente, entre outras situações.

“Quando há uma troca do número do servidor em um final de semana existe, sim, uma maior demora no recebimento do novo KDM, mas as distribuidoras, de uma forma geral, têm conseguido nos atender mesmo nessas situações”, relata Sabbag.

Apesar de facilitar em diversas áreas do exibidor, a projeção digital ainda apresenta problemas quando alguma parte do aparelho é danificada, como explica Carlos Maurício Sabbag, diretor da rede Cinesystem. “Certamente quando um projetor digital falha, há dificuldades. Ainda que o problema possa ser detectado à distância, nem sempre temos a disponibilidade das peças nas diversas operações e em casos como esse a perda de bilheteria é certa”. “Antigamente, os projetores de 35mm eram bem mais simples de arrumar. Nós conseguíamos, às vezes, consertar com um clips, um elástico, alguma coisa para não perder a sala, nem o filme. Com o digital não. Quebrou, quebrou. E descobrir o que acontece com um projetor que quebrou, qual placa que está danificada para você conseguir consertar é duro”, completa Márcio Eli Leão de Lima, diretor da Centerplex.

Como forma paliativa, os distribuidores estão enviando vários KDMs aos exibidores para que, caso aconteça algum problema no projetor da sala onde está o filme que é o sucesso do momento, o complexo tenha a liberdade de transferi-lo para outra sala. ‘’As distribuidoras de maior porte já tem mais autonomia e uma melhor gestão sobre esse tema. Para essas distribuidoras, existe um processo de diagnosticar qualquer problema com o KDM, antes do envio de um novo. Isso pode demorar ou não. Um fator que influenciará a rapidez da solução será a habilidade e o conhecimento técnico dos envolvidos, o que vale também para o exibidor”, afirma Patrícia Cotta, gerente de marketing da rede Kinoplex. Contudo, os problemas com KDMs devem acabar. Exibidores concordam que o TMS (Theather Management System) aumentará ainda mais de importância nos próximos anos, pois o complexo terá um


servidor único, que receberá vários conteúdos e, sozinho, irá colocar cada KDM em seu projetor específico, agilizando o processo. Luciano Silva, diretor de tecnologia da Cinemark, salienta: “Operar o cinema sem o TMS é deixar de fazer uso de vários recursos que garantam a continuidade da exibição com qualidade”.

Distribuição mais rápida Para receber os conteúdos com maior velocidade, os exibidores contam com a popularização da transmissão via satélite. “Atualmente, recebemos a mídia física no formato de um disco rígido. Mas, no futuro, o envio poderá ser feito via satélite ou até mesmo por redes de fibra óptica, agilizando, assim, a velocidade de recebimento e o número de títulos disponíveis ao público”, afirma Luciano Silva, diretor de tecnologia da Cinemark Internacional. A transmissão via satélite ainda caminha lentamente no país, mas a expectativa é que esse seja o futuro da distribuição. Com ela, elimina-se a necessidade de um intermediário para entregar a mídia física para o exibidor, diminuindo o custo, além da praticidade e rapidez que a mesma proporciona. “Acreditamos que a médio prazo será possível o envio dos KDMs, bem como o ingest (inserção do conteúdo no projetor digital) de filmes via satélite. Mas, para isso é preciso ter uma internet robusta com alta velocidade e a instalação das antenas de recepção”, ressalta Patrícia Cotta, do Kinoplex. A grande vantagem da transmissão via satélite é que os complexos de cidades no interior, ou até mesmo cinemas meno-

O fim da película pelo mundo Nos EUA, onde a digitalização já está presente em mais de 90% dos complexos americanos, a distribuidora Paramount foi a primeira a anunciar que não irá mais distribuir filmes na antiga forma de projeção. A distribuidora explicou, porém, que este ano fará ainda algumas exceções, como o novo filme de Christopher Nolan, Interstellar (ainda sem título em português), que será distribuído em parceria com a Warner e será lançado no final do ano. Segundo um estudo da UNIC (União Internacional de Cinemas da Europa), 85% do mercado europeu chegou ao final de 2013 digitalizado e o crescimento é constante. Países como Bélgica, Dinamarca e Finlândia estão em 100%, enquanto Áustria, França, Alemanha e Reino Unido estão com mais de 90% e prontos para o fim do 35mm. Apesar de parte dos principais mercados mundiais estar pronta para abandonar a película, no Brasil os distribuidores prometem manter o formato conforme a necessidade do mercado. “Nós vamos continuar processando em 35mm até o final. Enquanto tiver matéria prima, nós vamos distribuir nesse formato. Eu acho que a digitalização é uma necessidade da indústria, que ganha rapidez, qualidade, além de dar ao consumidor uma projeção muito mais limpa que a projeção em película”, afirma Márcio Fracarolli, presidente da Paris Filmes. “Aqui [Brasil], os lançamentos da Paramount utilizam mais de 60% das cópias em 35mm, o que inviabiliza a interrupção da distribuição em película a curto prazo”, esclareceu a Paramount em comunicado oficial recentemente enviado aos exibidores.

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o cinema pós-digitalização

res, poderão competir de igual para igual com os grandes complexos da capital, uma vez que não terão mais de aguardar a mídia física. “Para o exibidor que está há quilômetros de distância, com certeza será muito útil, pois o satélite garantirá que as estreias aconteçam na mesma data que a capital, algo que, devido a logística atual, nem sempre é possível, e vários filmes abrem no dia seguinte. Além disso, economizarão com o custo de ir buscar filmes em outras cidades ou de pagar fretes altos”, explica Claudinei Mascaro, da Cine Brasil. Silva, da Cinemark, acredita que a transmissão de eventos como shows, esporte e ballet também devem crescer com a popularização dos satélites (leia mais na página 53). “Como o cinema digital é

uma plataforma mais flexível, é possível que outros conteúdos relevantes, como já acontece com as transmissões ao vivo, conferências e programações alternativas tenham mais espaço nas grades de forma mais constante”, complementa.

técnico e eu fico na mão. Precisamos de

O avanço da distribuição, assim como a atualização constante do exibidor em relação às novas tecnologias e o atendimento diferenciado do fabricante devem andar lado a lado. Porém, exibidores concordam que a união do mercado na capacitação de funcionários precisa ser o foco para a próxima era da digitalização.

buscando sempre soluções em con-

“Temos de fazer um grupo forte para pensar no mercado como um todo. Temos de capacitar o maior número de profissionais possíveis para atender a essa demanda. Porque, amanhã, uma outra exibidora faz uma proposta para o meu

uma solução de mercado. Se pensarmos

individualmente, teremos problemas no futuro”, finaliza Márcio Eli Leão.

O futuro da digitalização só será tran-

quilo se o mercado continuar unido e junto. Mais do que os exibidores, dis-

tribuidores e fornecedores, quem mais ganha com tudo isso é o espectador

que terá sempre um cinema melhor e

com mais qualidade tecnológica e de serviço.

“Com o VPF acontecendo

muito rápido, não vai demorar para

que o parque esteja 100% digitalizado, pois muitas salas já foram digitalizadas

nos últimos anos. A perspectiva é que no final de 2014 o Brasil esteja quase

100% digitalizado”, conclui Claudinei Mascaro, da Cine Brasil.

Próximos passos Agentes do mercado cinematográfico fizeram algumas previsões da era pós-digitalização. Confira: • Instalação de antenas em todos os complexos; • Programações alternativas terão mais espaço nos cinemas; • Mão de obra em TI qualificada o suficiente para suprir a demanda do mercado; • Projeção a laser será a nova aposta; • Equipamentos para acessibilidade nos cinemas voltados aos deficientes auditivos e visuais conquistarão o mercado;

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artigomercado

Avança Hollywood

H

á pouco tempo não tínhamos celular. Hoje trocamos o aparelho a cada ano. Você quer uma TV nova, maior, com uma resolução melhor, não quer? Sua conexão à internet aumentou quantos megas nos últimos anos? Os avanços tecnológicos são ferozes e Hollywood tenta acompanhar. Mas para ir além dos efeitos especiais, é preciso também investimentos estruturais, feitos em quatro mãos pelos produtores com os exibidores, donos das salas.

Avatar – Ansiedade e Medo Lembro bem da ansiedade no mercado pouco antes do lançamento de Avatar (Avatar). O sempre ousado e empreendedor James Cameron prometeu uma nova experiência que só seria realmente aproveitada com a nova tecnologia 3D, investimento caro, que exigia trocar o projetor e muitas vezes a tela.

P or : I gor K upstas ma digital 2K (alta resolução usada nos cinemas) entrasse no circuito brasileiro.

Itaim (São Paulo – SP), e por muito tempo minha sala favorita.

Muitos títulos foram lançados de olho no mesmo filão e a cada ano a quantidade de filmes 3D cresce e a qualidade cai. A tecnologia em si não entrega e o espectador e o exibidor estão sujeitos a adaptações feitas às pressas e produtos inferiores, o que banaliza o passo evolutivo e sensorial.

Cultivar o espectador geek

Além disso, inundar o espectador com opções, mas não comunicar direito corre o risco de ser um grande tiro na água, de deixar a evolução tecnológica do cinema ainda mais distante de um espectador que talvez possa perder.

Hobbits em 24 ou 48?

Acompanhei um grupo de exibidores questionando um funcionário da distribuidora Fox sobre o filme, que até dias antes da estreia era mantido em absoluto segredo. Os donos das salas investiam sem saber bem no quê. Claro, um Titanic (Titanic) na bagagem, filme anterior de Cameron, dono do recorde de bilheteria, ajudava, mas o clima era realmente tenso.

Vi uma atendente de um cinema, na época, com poucos argumentos técnicos, sem saber explicar o que seria o 3D do Avatar. A mãe optou pelo ingresso mais caro porque era o que o filho queria. Vi O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey) em 48 frames em IMAX mas a minha impressão na sala era que a maioria das pessoas não tinha a menor ideia do que isso se tratava. Se o espectador não enxergar vantagem, não vai pagar por ela. Cabe aos provedores destes serviços investirem mais em propaganda e aproximar o público destas qualificações técnicas.

Deu no que deu, a maior bilheteria de todos os tempos, mais de US$ 2 bilhões em arrecadação e um mega empurrão não só para o 3D, mas para que também o cine-

Me lembro com saudades quando fui pela primeira vez em uma sala THX, o selo de qualidade de som da empresa de George Lucas. Foi na sala do Kinoplex

Eu sei exatamente a diferença do último modelo de iPhone pro anterior. As novas gerações acompanham online as novidades das empresas de tecnologia como Google e Apple, que a cada ano lutam desesperadamente para dar o próximo salto evolutivo. As pessoas torcem, vestem a camisa, testam sistemas, avaliam, interagem. O cinema precisa respirar mais desta paixão e atrair este tipo de interesse, tanto de um ponto de vista macro, dos donos das salas, quantos dos funcionários dos cinemas. A cultura “geek”, de fanáticos por tecnologia, está em alta. E a concorrência de serviços nativos digitais, como o Netflix, ameaçam pela agilidade de adaptação, por conversar e entregar ao consumidor o que ele quer. Projeção a laser, holografia, 3D sem óculos, são todos efeitos e tecnologias que em breve poderão estar nas salas de cinema - e o grande público faz pouca ideia. Será que só em 2016, com Avatar 2, conseguiremos uma frenesi de hardware cinematográfico? Em 100 anos a projeção tradicional permaneceu quase inalterada com a mídia física, a película. A regra do digital agora é outra: mais rápida, evolutiva, competitiva com outros meios - estamos mais pro Vale do Silício do que pra Kodak agora. Esse ambiente requer uma mão de obra mais especializada e capaz. Bom todo mundo fazer a lição de casa.

Igor Kupstas Janczukowicz | igorkupstas@gmail.com Jornalista formado pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Marketing pelo Mackenzie. Trabalhou no site de cinema e-Pipoca, no departamento de marketing da Europa Filmes e foi gerente de marketing digital da MOBZ. Atualmente assume o cargo de diretor da distribuidora O2 Play.

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marketing

Aniversários, balé, Ópera, Séries Televisivas, Shows, Teatro, Jogos e Eventos Esportivos, Festivais, Campeonato de videogame, Palestras, Conferências, Parcerias com Escolas, Treinamentos, Convenções, Reuniões Corporativas, Aniversários, Ballet, Ópera, Séries Televisivas, Shows, Teatro, Jogos e Eventos Esportivos, Festivais, Campeonato de videogame, Palestras, Conferências, Parcerias com Escolas, Treinamentos, Convenções, P :J P Reuniões Corporativas,

Soluções além da tela or

anaina

ereira

Muitas opções de conteúdo podem ser oferecidas além da programação de filmes em uma sala de cinema

S

ala de cinema não é mais um lugar onde podemos assistir apenas a filmes. A cada dia os exibidores têm investido em uma

programação alternativa, dando ao público a oportunidade de aproveitar outras atrações dentro de um cinema. Se no exterior

isso já é um sucesso, o Brasil não fica atrás, investindo neste tipo de evento. Um dos exemplos é o Kinoplex, que inclui em sua

programação opções diferenciadas de en-

tretenimento como óperas, balés, jogos, shows e até campeonato de videogame.

“Temos uma experiência muito positiva

com esse tipo de programação. Óperas e jogos de futebol, por exemplo, costumam ter lotação de quase 100% em nossos cine-

mas. O espaço da sala de exibição também

3D, com o espetáculo Carmen e, em 2012,

eventos como palestras, conferências, trei-

House. Segundo Bettina Boklis, diretora de

é uma ótima opção para a realização de

namentos e convenções. Além disso, tam-

bém é possível a realização de reuniões e festas de aniversário”, informa Patrícia

Cotta, gerente de marketing do Kinoplex, acrescentando que, para este ano, além de várias óperas, balés e shows, a empresa está negociando outros conteúdos.

Sempre atenta às novidades do entreteni-

mento, a Rede Cinemark exibiu Armida, do Metropolitan Opera de Nova York em

2010, para convidados. Em outubro do

mesmo ano incluiu na programação dos ci-

nemas a temporada The Met. Em 2011, a

Rede exibiu pela primeira vez uma ópera em

passou a exibir a temporada do Royal Opera marketing da Cinemark, além da programa-

ção alternativa dedicada às óperas e balés, a Rede realiza a transmissão de shows, campeonatos esportivos e lutas (UFC).

“No fim de 2013, em parceria com a BBC, exibimos o episódio comemorativo de 50

anos da série Doctor Who. Recentemente, exibimos o Super Bowl XLVIII em cinco cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre. A proposta da Cinemark é levar aos seus espectadores um conteúdo dife-

renciado e de qualidade. Nesse sentido, a Rede está satisfeita com a receptivida-

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marketing

de do público em relação à programação oferecida”, revela Bettina. Ela ressalta que este ano haverá continuidade na temporada 2013/2014 do Royal Opera House, com a programação de óperas e balés se estendendo até o mês de julho. A UCI também exibe conteúdos alternativos como shows, óperas, balés e eventos de esporte, que ganham espaço na programação durante todo o ano. Desde o fim de 2013, a UCI vem exibindo a atual temporada de espetáculos do Teatro Bolshoi, em Moscou, e o Metropolitan Opera House, em Nova York. Até maio deste ano, as apresentações de óperas e balés continuarão nas telas de 16 cinemas distribuídos em dez cidades brasileiras, com exibição ao vivo e em alta definição. ”Também estamos em negociações para trazer aos cinemas brasileiros o que há de melhor em conteúdo. Ainda no primeiro semestre deste ano exibiremos três shows e três documentários exclusivos. Entre eles, podemos citar os shows de Guns N´ Roses, Peter Gabriel e Elton John”, adianta Monica Portella, diretora de marketing da UCI Brasil. Esses eventos são transmitidos graças à parceria com a Cinelive, pioneira em transmissão de conteúdo digital via satélite. Este

modelo já está em mais de 120 complexos em todo o Brasil, viabilizando apresentações ao vivo de espetáculos culturais e esportivos que já totalizam mais de 200 mil ingressos vendidos. “A distribuição de filmes por satélite para cinemas já acontece no Brasil e foi testada e apresentada a todos os estúdios, sendo que foram validados os cuidados com segurança na proteção dos conteúdos”, explica Laudson Diniz, gerente executivo da Cinelive. Segundo ele, a empresa tem como perspectiva abranger, até o segundo semestre de 2014, 100% das salas de cinema. No Reino Unido, o conteúdo alternativo está cada dia mais em destaque. No ano

passado, a rede Vue Entertainment registrou um aumento de 50% nos espectadores nos

seus eventos e prevê que o projeto dobre seu público este ano, com a transmissão de

shows ao vivo de Elton John e peças de teatro renomadas como Rei Lear.

Se o cinema é palco para tanta diversidade, você deve estar se perguntando: E a Copa? Em relação a este assunto a situação é mais

complexa. Leia uma matéria completa sobre o assunto na página 34.

Variedade no cinema Se a programação dentro das salas dá frutos, a variedade de opções trazidas com o advento da digitalização permite muito mais. Já pensou comemorar seu aniversário dentro de um cinema? Na UCI isso é possível, conforme explica Monica Portella, da UCI Brasil. “Temos o UCI Festa. É quando os complexos da Rede se transformam em lugares para comemorações de aniversário. O espaço fica disponível para decoração e recepção de convidados. Também é possível comemorar a data com uma sessão exclusiva entre amigos”. Mas, nem só de festa vive o cinema. O local pode ser locado por corporações para realizarem reuniões e conferências ou ainda para projetos educativos. “Temos ainda o UCI Corporate, que permite o aluguel de salas para empresas que desejam realizar seus eventos profissionais dentro dos complexos, e onde é possível realizar uma conferência, via satélite, simultâneo com outras cidades. Sessões fechadas para escolas e programas educacionais também podem ser realizados nos cinemas da rede em todo o Brasil”, ressalta a diretora de marketing da rede. ©Divulgação

E spaço UCI F esta

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Quem também busca novas parcerias e ações que diferenciem a grade de programação e tragam benefícios ao público é o Cinesystem. “Seguindo a premissa de ser um agente atuante para a democratização do acesso ao cinema, as programações e projetos são distribuídos ao longo do ano e focam diferentes faixas etárias e interesses”, revela Sâmara Kurihara, gerente de marketing da Cinesystem. Sâmara conta que em Florianópolis (SC), o “Domingo é Dia de Teatro”, realizado semanalmente e gratuitamente em parceria com o Shopping Iguatemi, já está consolidado como opção de lazer e cultura infantil, levando espetáculos teatrais para dentro do cinema. A mesma premissa é seguida pelo “Clubinho de Teatro”, que acontece no Cinesystem do Londrina Norte Shopping (PR). Em outra frente, há o “CinEscola”, que abre oportunidades para que escolas insiram o cinema no cotidiano de seus alunos, e o “CinEmpresarial”, voltado à reunião de grupos empresariais. O espaço dos multiplex também pode ser locado para festas de aniversário. “Somos parceiros da ONG CineMaterna, que realiza sessões de cinema adaptadas às mamães e bebês com até 18 meses de idade. Atualmente, a Rede Cinesystem Cinemas é parceira das sessões do projeto em Vila Velha (ES), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR) e Florianópolis (SC)”, explica Sâmara. Os festivais são outro ponto forte das programações do Cinesystem. Ano passado, por exemplo, a rede foi parceira da Seleção de Filmes Bourbon, em São Leopoldo (RS), do Festival de Cinema de Londrina e do Festival Varilux de Cinema Francês,

que acontece simultaneamente em diversas cidades do país. Ambos com a mesma finalidade, a de dar uma oportunidade de exibir produções independentes fora do circuito comercial.

©Divulgação

Il Kino, um clássico italiano Um dos mais alternativos cinemas internacionais está localizado em Roma. Il Kino era um cineclube criado na década de 1970 e um dos lugares preferidos dos cinéfilos romanos. Devido a problemas financeiros, foi fechado e reaberto em 2011, graças a um grupo de jovens que trabalha com cinema e decidiu se reunir e usar o espaço para criar um lugar onde poderiam mostrar filmes que eram impossíveis de ver em outra sala. Hoje o Il Kino é dividido em dois níveis: o porão abriga o auditório (40 lugares, projetor digital) onde são exibidos os filmes e também onde ocorrem cursos e palestras; e no piso térreo há um café com cadeiras e sofás de couro, e um outro espaço menos formal de projeção. Seu diferencial está na programação temática diária: se em uma segunda-feira você pode assistir a um filme italiano independente, no outro dia um filme cult poderá estar em cartaz. Uma vez por mês o cinema convida alguém do mundo da arte ou do cinema para escolher cinco filmes que significam algo para eles. O evento, famoso em muitos cinemas parisienses, é chamado Carte Blanche (carta branca, em francês), e para os aspirantes a cinéfilos a boa notícia é que qualquer um pode apresentar as suas próprias ideias de programação. E se para os brasileiros ver filmes estrangeiros legendados é algo normal, o mesmo não se pode

“A proposta é levar aos espectadores um conteúdo diferenciado e de qualidade” (Bettina Boklis - Cinemark)

dizer dos italianos. Enquanto a maioria dos multiplex romanos optam por filmes dublados, Il Kino exibe filmes na língua original, com legendas. O cinema também oferece espaço para seminários, encontros com autores e sessões privadas. Uma atração à parte é o bistrô especializado em comida orgânica e com uma carta de vinhos biodinâmicos. Você pode comer e apreciar um bom vinho antes ou depois do filme e também pode levar sua própria comida e bebida para o auditório. Unir a gastronomia ao cinema é um ponto forte do lugar, que oferece brunch por preços justos seguidos de sessões de cinema especiais – recentemente um domingo regado aos clássicos de Martin Scorsese foram precedidos por petiscos à italiana. Democrático em todos os níveis, Il Kino mostra que uma sala de cinema pode ser bem mais do que um lugar para exibir filmes. Basta ter criatividade e ver além do que aparece na tela.

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mercado

Quinta é dia de estreia! P or : N atalí A lencar

Exibidores e distribuidores comentam a mudança e preveem bons frutos

D

esde 13 de março, as estreias dos filmes mudaram seu dia oficial de sexta para a quinta-feira. A alteração foi anunciada em 21 de fevereiro pela FENEEC - Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas – (leia em: tonk.es/estreiasquinta) e a partir daí todos os agentes do mercado estão se adaptando à nova rotina de programação e lançamento dos longas. Assim, o Brasil segue uma realidade bem sucedida em vários países, como Argentina, Peru, Bolívia e Chile, além de outras regiões que estão entre as maiores bilheterias do mundo, como Alemanha, Rússia e Austrália.

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“A Paris Filmes tem uma experiência de distribuição em alguns países da América Latina e os números se mostram eficientes quando começam na quinta-feira. Temos agora a possibilidade, inclusive, de ter os lançamentos até antes do mercado americano”, argumenta o diretor da distribuidora, Márcio Fraccaroli. Alemão (de José Belmonte, da Downtown/ Paris), Need for Speed (Disney), Prenda-me (Esfera/Vitrine), Refém da Paixão (Paramount) e Ninfomaníaca (California Filmes) foram os primeiros filmes a abrir a nova temporada de quinta-feira. De acordo com Patrícia Cotta, gerente de marketing da Kinoplex, a promessa é conquistar mais público e dar mais opção aos clientes. “Concorremos com o barzinho, o futebol, o show de música e precisamos de novidades que atraiam o público. Então, vamos oferecer os filmes inéditos. Além disso, é uma maneira de não concentrar os nossos espectadores apenas no final de semana, trazendo uma oferta mais ampla e mais conforto, com uma melhor distribuição”. Entretanto há ressalvas. “É claro que seria melhor depois que a digitalização já estivesse completa. Ficaria mais fácil de acontecer essa troca. Mas é muito importante e já era previsto há algum tempo”, pondera Hormar Castello Jr., da GNC Cinemas.

Como começou Os exibidores e distribuidores mais experientes se recordam de épocas em que os lançamentos eram feitos às segundas-feiras e até mesmo na própria quinta. A sexta surgiu da necessidade de acompanhar o mercado americano, mas agora o Brasil já tem força econômica para adotar o que melhor se adéqua às suas necessidades.

Assim, o “burburinho” já rolava nos bastidores do mercado ao longo do último ano (2013), precisamente após o último Show de Inverno, em Campos do Jordão (SP), mas a decisão só foi confirmada e divulgada após todos os agentes do mercado cinematográfico esclarecem suas dúvidas. Enquanto isso alguns distribuidores já divulgavam “timidamente” suas mudanças no calendário. Dentre os motivos que culminaram nesta iniciativa, Bruno Wainer, da Downtown Filmes, destaca o fato de aumentar a competitividade dos filmes. “O principal motivo é o fato que outras atrações, como o teatro, estrearem na quinta. Passarmos a estreia dos filmes para este dia aumentará a nossa competitividade. Os distribuidores estão entusiasmados”, acrescenta. Concorda com ele, o dirigente da FENEEC e proprietário da Lui Cinematografia. “Já há algum tempo vinha percebendo que havia uma oportunidade, que é esse novo hábito do brasileiro de começar o fim de semana às quintas feiras. Além disso, as pré-estreias na quinta sempre tinham bastante público, principalmente dos fãs”, afirma Paulinho Lui. Exibidores de menor porte também apostam na mudança. “Tende a beneficiar a cinematografia no Brasil como um todo, ganha o exibidor, o distribuidor, o produtor, além do público. Essa mudança fará com que vôos mais altos possam acontecer na arrecadação dos filmes e o público passa a ter um dia a mais no seu final de semana”, indica Jack Silva, do Cine Imperator (Macapá-AM).

Tudo é uma questão de organização Com a mudança, a rotina de todos exige mais planejamento, organização e ante-

cipação em todos os processos em pelo menos um dia. “Em termos de relatórios internos, estamos trabalhando nisso já há várias semanas, mudamos a cine-semana, começando na quinta e terminando na quarta. O que vai alterar significativamente na minha opinião é a forma de fazer a programação. Teremos que fazer no final de semana para quando chegar na segunda, só ratificar as cotas que entram ou saem. Nas segundas, passar para as distribuidoras e aí está deflagrado o processo que hoje acontece na terça. Antecipação em um dia, essa é a característica”, exemplifica Hormar, da GNC. Paulinho Lui reforça: “Os exibidores vão ter que trabalhar um dia antes. Se antigamente você fechava a programação na terça, vai ter que fechar na segunda, porém vai ter resultados de quatro dias”. As distribuidoras seguem pelo mesmo caminho. “Por enquanto, temos que nos organizar um pouco, porque ainda temos cópias em 35 mm, mas como estamos entrando cada vez mais nesse processo de digitalização, não vai mudar muito”, disse Márcio Fraccaroli, da Paris Filmes. De maneira geral, todos estão dispostos a enfrentar o desafio da mudança, “o que implica numa reorganização de toda a logística da entrega dos filmes nas salas de cinema, antecipação do envio da programação aos meios de comunicação e outros ajustes. É uma oportunidade de crescimento e estamos trabalhando muito para que seja um sucesso”, espera Patrícia Cotta, da Kinoplex. Além dos exibidores e distribuidores terem de se programar para a nova rotina, outros setores envolvidos seguirão o mesmo cami-

59 Exibidor, abril-2014


mercado nho. “A principal mudança é que os órgãos de comunicação, os jornais de serviços, etc...vão ter que se adaptar para informar os seus leitores”, declara Bruno Wainer.

espero, seja o aumento da venda de in-

O consumidor

Segundo Jack, do Imperator, o famo-

A principal dúvida dos consumidores finais é se haverá alteração no preço dos ingressos. “Cada mercado, cada cidade, cada shopping tem uma característica própria, uns tem concorrência, outros não tem, então vamos estudar caso a caso para ver o que vai ser melhor. Para quem tem preços diferenciados, a tendência é a médio prazo o preço das estreias começará nas quintas”, argumenta Hormar, da GNC. Patrícia Cotta esclarece também que essa política será de cada exibidor, que tem a liberdade para agir de acordo com o mercado em que atua e com a experiência de seus anos de relação com o público. Márcio Fraccaroli, executivo da Paris Filmes, alerta que apenas o cliente final tem o poder de dizer se a nova estratégia vai realmente funcionar. “O consumidor é que vai dar para nós a devolutiva se ele quer ou não de quinta, mas o mercado devia fazer a tentativa. Temos que pensar no processo de ser criativo e ter ideias, não podemos ficar parados”. Ele explica ainda que o mercado já devia ter feito isso antes e prevê “é bom que tenha sido feito em março, porque agora em abril e nos próximos meses (maio e junho), vamos entender mais sobre o que estamos falando”. “Com o fim de semana de quinta a domingo e o meio da semana de segunda a quarta, creio que calendário para o público fica mais racional e a consequência,

60 Exibidor, abril-2014

gressos. Acredito que a mudança vai fa-

zer muito bem ao mercado e ao público”, conclui Wainer.

so “boca a boca, corpo a corpo, tete a

tete” tem mais um dia para angariar fãs. “Como os próprios clientes dizem: ‘Ago-

ra não temos que aguardar até a sexta’. As pessoas mais ansiosas pelos filmes vão na estreia, e as mesmas se encarregam de gerar comentários sobre o título lança-

do, expondo inclusive em redes sociais, e desencadeando infinitas mentes curiosas pelo tal filme”.

Ele completa dizendo que com o tempo, principalmente com a chegada dos blockbusters, os resultados aparecerão com maior consistência, as quintas que antes eram de despedida de filmes, agora ganham um novo gás, levando público a um dia que não se mostrava muito positivo, a principal mudança, passa a ser no hábito de alguns clientes, e passarão a ver as quintas-feiras de outra maneira. Assim, a quinta promete. “Achamos que a gente vai conseguir fazer a quinta-feira ser um dos melhores dias do cinema. Com certeza, vamos melhorar o setor e trazer mais espectadores”, encerra Paulinho Lui, da FENEEC.

Benefícios Cliente final • Um dia a mais para acompanhar as estreias; • Aproveitar as quintas-feiras para conferir as novidades do cinema; • Ser o primeiro a indicar os filmes aos amigos durante o final de semana;

Exibidor • Mais uma opção para o cliente; • Final de semana mais longo, com quatro dias e chances de bilheterias mais lucrativas; • Fazer da quinta-feira o dia com mais público, o que até então não acontecia;


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profissão

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Como os cursos de cinema preparam os alunos para lidar com o mercado

A

retomada do cinema brasileiro, iniciada em meados da década de 1990, tem estimulado uma intensa procura pelos cursos audiovisuais, liderada por jovens ávidos em reproduzir nas telonas seus anseios, convicções e maneiras particulares de conceber a arte.

Este movimento natural após sucessos como Carlota Joaquina, Central do Brasil, Tropa de Elite e as inúmeras comédias que estouraram nestes últimos anos, consequentemente, resulta na formação de cada vez mais cineastas, produtores, diretores de arte, roteiristas e técnicos em geral.

Mas e os exibidores, estão preparados para absorver as obras desse exército de recém-formados? Mais: há algum interesse em se aproximar das faculdades para conhecer melhor os novos talentos? Os alunos são orientados desde cedo a enfrentar a realidade do mercado? Com estes e outros questionamentos em mãos, a reportagem da Revista Exibidor foi ouvir professores e formandos dos principais cursos de São Paulo, além de realizadores que estão lançando os seus primeiros longas para traçar um Raio X da situação atual dos cursos e de que maneira é feita a transição

63 Exibidor, abril-2014


profissão da sala de aula à produção cinematográfica profissional. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, a compreensão dos diversos meandros da exibição de filmes no Brasil é abordada durante um semestre inteiro por meio da matéria de Legislação e Mercado Visual, lecionada pelo

professor Carlos Augusto Calil, que presidiu a Embrafilme entre 1979 e 1986 e foi secretário municipal da Cultura de São Paulo de 2005 a 2012, nas gestões de José Serra e Gilberto Kassab.

“Eles têm todas as informações sobre o mercado exibidor e são fornecidas as questões para tomarem um direcionamento. Sobretudo, temos ©Divulgação palestras com exibidores todo ano, que já foram dadas pelo Adhemar Oliveira [Espaço de Cinema] e recentemente temos chamado o Luiz Gonzaga de Luca [vice-presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC) e diretor da Cinépolis], que fez o curso, tem mestrado, conhece bem as regras acadêmicas e hoje está numa posição importante no mercado”, afirma Calil. Aula na ECA (Escola de Comunicação e Artes) da USP

A Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) também oferece uma matéria específica sobre o mercado cinema-

tográfico. Assessor de programação do

Circuito Itaú de Cinema e Circuito Espaço e mestre nas áreas de distribuição e exibição, o professor Humberto Neiva

é o responsável por destrinchar as ques-

tões comerciais e de legislação, mostran-

do o que há de mais novo sob o aspecto tecnológico e tudo o que envolve este apelo ao digital.

Neiva conta que, num primeiro momento, os alunos sentem um certo receio de mergulhar em terreno aparentemente tão pantanoso, mas à medida em que conhecem melhor as lógicas de produção, distribuição e exibição, o interesse aumenta a ponto de o semestre terminar com as turmas lotadas. Afinal, essas aulas são dadas no último ano do curso, quando os futuros profissionais do cinema estão especialmente preocupados com o seu “dia seguinte” na área.

Faculdade é um celeiro mal aproveitado Dida Andrade e Andradina Azevedo, ex-alunos da FAAP (2009) e sócios na Filmes da Lata, são diretores do longa A Bruta Flor do Querer, premiado no último Festival de Gramado com “Melhor Fotografia” e “Melhor Diretor”.

Revista Exibidor: Qual foi o papel da faculdade ao fazê-los entender melhor o mercado? Andradina: A matéria que tivemos sobre distribuição e exibição foi uma das melhores do curso, pois faltava mesmo termos essa noção. Mas talvez falte à faculdade convidar pessoas do mercado para irem em busca de novos diretores. Atualmente, a faculdade é um celeiro mal aproveitado.

64 Exibidor, abril-2014

Dida: Realmente, não fazíamos ideia quando nos formamos de quão difíceis seriam essas necessidades do mercado. Até tínhamos um projeto, aparecemos em umas produtoras, mas não conseguimos entrar como diretores ou função bacana dentro do cinema. Para dar o primeiro passo e quebrar essas barreiras, resolvemos fazer nosso primeiro longa de forma completamente independente, A Bruta Flor do Querer, com orçamento de R$ 30 mil, e ganhamos esses prêmios em Gramado. Devemos lançá-lo em breve.


Há até mesmo quem se entusiasme a ponto de esquecer os holofotes e procurar espaço nos bastidores, atuando diretamente na parte comercial, com distribuição e exibição. “Falo da importância das assessorias de imprensa e de marketing, o que é cota de tela, o que é borderô, todas essas questões que vão enfrentar na área de produção imediatamente, e trago discussões sobre como anda o mercado, os filmes que fazem mais público, enfim, discuto toda estratégia de lançamento, inclusive com aulas práticas de pitching [defesa do projeto], para terem uma noção maior de que fazer cinema não é apenas confeccionar filmes”, explica Neiva. Formado em publicidade pela ESPM, Alexis Müller cursa o último semestre de cinema na FAAP e garante seguir à risca as dicas para se dar bem na carreira de cineasta. Ao concluir o curso, ele pretende unir as suas duas formações para ter diferenciais importantes quando for buscar espaço a seus projetos em festivais e produtoras. “Meu grupo tem a preocupação de trabalhar da maneira

mais dentro do mercado possível. Tirando a parte da captação de recursos, o resto tentamos fazer igual no que diz respeito a cronograma, planejamento e à apresentação do projeto de maneira geral”, diz.

©Fábio Guedes

Discutindo a relação Apesar dessa tendência de os cursos de cinema alertarem cada vez mais cedo os seus alunos para a realidade mercadológica, o relacionamento institucional entre academia e exibidores parece descansar nos braços do desinteresse recíproco. “A relação é mínima e se dá no plano pessoal. Com o Adhemar Oliveira, por exemplo, é muito boa. Depende mais de pessoas de um lado e de outro. Não existe relacionamento institucional”, observa Calil. Este distanciamento, aliado a problemas estruturais do cinema brasileiro, interfere negativamente na formação dos alunos, na avaliação do professor da USP. “Eles são muito influenciados pelo discurso dos cineastas, historicamente hostil contra os distribuidores e exibidores, como se boicotassem o

H umberto

neiva e

M arco D utra

Cenário está cada vez melhor Marco Dutra, ex-aluno da USP (2003) e diretor de Trabalhar Cansa, apresentado no Festival de Cannes de 2011, e de Quando Eu Era vivo, lançado em janeiro último.

Revista Exibidor: Em que medida a faculdade foi importante

Revista Exibidor: Depois de lançar dois longas com sucesso,

para você compreender a área de exibição?

acredita que ficará mais fácil emplacar outros projetos?

Na matéria de legislação, nos foi colocada às claras a lógica do jogo da exibição, que é muito complicada, de mercado mesmo. Não adianta chorar as pitangas. Ninguém vai fazer o favor de deixar os seus filmes em cartaz.

Não acho. A lógica que rege a maior parte dos filmes brasileiros não é totalmente comercial. Não é uma indústria que se sustenta sozinha. Mas tenho a sensação, vendo números, que o cenário está cada vez melhor para os filmes nacionais.

65 Exibidor, abril-2014


profissão ©Fábio Guedes

cinema nacional, o que nem sempre é verdade e sabemos disso.” O diretor executivo do Centerplex, Marcio Lima, concorda com a análise de Calil sobre a grande distância entre empresas de exibição e as universidades. Porém, acredita que a proposta de aproximação deveria partir dos acadêmicos. “Em 17 anos de mercado, nunca tive contato e não vejo perspectivas de melhora no momento. Essa interação tem de partir das faculdades, ao procurar profissionais do mercado para oferecer seus cursos e nós disponibilizarmos o investimento para colocar os projetos em ação”, diz Lima.

G regorio G raziosi e F rancisco G arcia

to quando começam a bater às portas de

produtoras e distribuidoras e não encontram a receptividade imaginada.

Enquanto boa parte dos pretensos cineastas fica pelo caminho ou se encaixa em outras áreas, como a da publicidade, alguns

mais resilientes encontram as brechas para penetrar no mundo real do cinema.

“O mercado é enxuto, mas acho que estamos colocando nele cineastas de boa qualidade, que estão conseguindo trabalhar com longas, uns quatro ou cinco num universo de muitos alunos. A maioria que sai daqui vai para a área de produção ou cria produtoras entre eles mesmos”, afirma o professor Humberto Neiva.

Por mais que os alunos tenham nas salas de aula um panorama geral das lógicas do mercado exibidor, os obstáculos se impõem assim que iniciam a caminhada fora do curso e este cenário dificulta ainda mais a sua entrada nessa já complexa estrutura.

Em entrevista à Revista Exibidor, cinco

Muitos deles só vão compreender de fato as dificuldades de se viabilizar um proje-

acompanharam a reportagem no final de

jovens realizadores contam como fizeram

essa passagem da faculdade para o mercado. Em comum, o fato de terem dirigi-

do e lançado recentemente seus primeiros longa metragens. Os depoimentos cada página.

Foi uma espécie de choque

Cada vez menos entendo o mercado

Gregorio Graziosi, ex-aluno da FAAP (2008) e diretor do longa Obra, produzido no ano passado e que deve ser lançado em breve.

Francisco Garcia, ex-aluno da FAAP (2005), sócio na Kinoosfera Filmes e diretor do longa Cores, lançado no ano passado.

Revista Exibidor: Nove anos depois de se formar e lançar reRevista Exibidor: Depois de ser premiado com vários curtas na época da faculdade, como foi a adaptação ao mercado até a produção do seu longa? Um filme independente precisa dos festivais internacionais para ser vendido e assusta perceber que têm pouco público no país. Há muita dificuldade para chegar à sala de exibição, fica pouco tempo em cartaz, tem dificuldade de conseguir recurso. Foi uma espécie de choque. Mas desde a faculdade já sabia os tipos de filmes que eu iria fazer, mais artísticos, que não iriam estourar bilheteria.

66 Exibidor, abril-2014

centemente seu filme, como é sua relação com o mercado? Tenho dificuldade com o mercado até hoje e estou me defrontando com ele diariamente. Às vezes me questiono sobre o melhor caminho a ser seguido,quais os projetos a serem desenvolvidos. Ficamos num constante envio para editais. Nunca sabemos qual o projeto certo para enviar. Às vezes se lida mais com a razão, outras mais com a emoção. Sinceramente, cada vez menos entendo o mercado. Mas temos conseguido produzir nossos filmes.



artigopanorama

Especulações sobre a digitalização total das salas

V

ivi minha adolescência em Goiânia, que contava então com não mais de 15 salas de cinema quando o país inteiro tinha por volta de 1500. Os shoppings centers abrigavam 2 ou 3 salas e vários cinemas de rua se transformavam em igrejas ou lojas diante de meus olhos. Mesmo sendo uma capital, os filmes demoravam a entrar em cartaz depois de estrearem no sudeste. Os anos se passaram, os multiplexes em shoppings são a configuração dominante da exibição, Goiânia mais que triplicou seu número de salas, e os principais lançamentos chegam a pelo menos um dos cinemas da cidade. Mas, a espera pelos títulos de maior apelo popular ainda continua no Brasil, seja nas cidades do interior, seja nos cinemas que não pertencem a grandes grupos. Se a espera demora mais que um ou dois meses, às vezes o filme nem chega. Com a digitalização total das salas do país, prevista para o início do ano que vem, o principal obstáculo à demora para um filme chegar a um cinema pequeno desaparece. Sem a necessidade de fazer cópias ou transportá-las, para o distribuidor custará o mesmo levar o filme a uma ou 2000 salas. Este artigo pretende especular sobre a possibilidade de estreias verdadeiramente nacionais. Quais as consequências para o exibidor e para o consumidor? Será este o futuro, os blockbusters da vez em todas as sessões do país? Como isto funcionaria? Haveria reações do governo ou outros setores? Para o pequeno exibidor, um lançamento que ocupe todas as salas será o melhor dos mundos. Finalmente terá o mesmo filme dos grandes concorrentes na semana de es-

P or : C arla S obrosa treia, a que realmente importa. Para o empresário acostumado à concorrência, será o maior teste: o que fará o consumidor ir ao seu cinema será, essencialmente, de sua responsabilidade – conforto, localização, atendimento, horários das sessões, serviços. Mais do que nunca, precisará investir em marketing porque o produto será o mesmo. Neste cenário, o consumidor de cinema, por um lado, deixa de ter opções: naquela semana, ou vai ver “o” filme de ação que está em cartaz, ou escolhe outro programa (há quem diga que já vivemos este momento). Numa época em que as possibilidades de acesso ao audiovisual são cada vez maiores e se pode escolher entre centenas de títulos a qualquer hora, em qualquer um dos meios, parece um retrocesso. Por outro lado, pode transformar as sessões dos fins de semana de estreia em grandes eventos, em espetáculos esperados, irresistíveis e obrigatórios. No entanto, a ocupação total do mercado por um só filme, estrangeiro, mesmo que por pouco tempo, pode ser uma ideia que não soe bem aos ouvidos dos produtores brasileiros de cinema e do governo. E embora haja distribuidores decididos a apostar em “mega lançamentos” de filmes nacionais, o mais provável é que o filme norte-americano seja hegemônico nesta configuração. Como agência reguladora, para garantir a cota de tela, a ANCINE poderia decidir se manifestar. Supondo que não haja impedimento político ou legal para os “mega lançamentos”, como isto iria ocorrer? Haveria uma estreia apenas por semana? Para os distribuidores, um mundo sem concorrentes durante uma semana pode significar a atenção total da mídia e do público. As equipes de marke-

ting levariam a criatividade ao limite para criar campanhas massivas que causariam novamente filas gigantes às portas das salas. A rentabilidade seria máxima. A possibilidade do boca a boca, porém, desapareceria. Ora, por mais que a primeira semana seja a mais expressiva, se for a única o lucro do distribuidor cairá muito. Para o exibidor, com uma participação em bilheteria razoável, seria ótimo. Um ano inteiro de estreias semanais. O que nos leva a duas perguntas: há 52 filmes por ano com capacidade de atração de todo o público de cinema? (sendo este um conceito bastante discutível). Outra: Estamos dispostos a abrir mão desta grande vitrine, que é a sala da exibição, para mais de 300 filmes todos os anos? Filmes que fazem um público razoável ou surpreendem, que ganham prêmios e criam público, mas que não atrairiam (será?) as mais de 7 milhões de pessoas que foram ver Homem de Ferro 3 (Iron Man 3), o maior público de 2013. São questões importantes, e testes vêm sendo feitos: seis filmes foram lançados em mais de 1000 salas no ano passado. No outro extremo, mais de 200 ocuparam menos de 30 salas na estreia. A digitalização pode criar mais mercado para diversos filmes. Vai ser preciso encontrar equilíbrio entre a democracia para o exibidor e o poder de escolha para o público. Pode ser que a resposta às questões acima seja: precisamos de apenas seis “mega lançamentos”, os outros têm, cada um, seu tamanho. E, afinal, não foi com este objetivo que os multiplexes foram criados? Para dar opções ao público? Se a intenção fosse ocupar o mercado inteiro com apenas um filme a cada vez, poderíamos ter permanecido com os cinemas-palácio, certo?

Carla Sobrosa | csobrosa@yahoo.com.br Especialista em regulação da atividade cinematográfica e audiovisual, mestre em Comunicação pela UFF-RJ e professora. Coordenou por 8 anos a área de acompanhamento dos mercados de cinema e vídeo doméstico da ANCINE. Atualmente integra a equipe da Superintendência de Fomento, como analista da Coordenação de Acompanhamento de Projetos. Sua dissertação de mestrado teve como tema o consumo de cinema no Brasil após a entrada dos multiplexes estrangeiros, na década de 90. O artigo é uma dissertação pessoal e não representa a opinião da ANCINE.

68 Exibidor, abril-2014



agenda de lançamentos

Filme

24/04/2014

01/05/2014

15/05/2014

22/05/2014

29/05/2014

05/06/2014

12/06/2014

70 Exibidor, abril-2014

Elenco

Distribuidora

A Recompensa (Dom Hemingway)

Richard Shepard

Jude Law, Richard E. Grant, Demián Bichir, Emilia Clarke

H2O

Chinese Puzzle (Ainda sem título em português)

Cédric Klapisch

Romain Duris, Audrey Tautou, Cécile De France

Paris

Marc Webb

Andrew Garfield, Jamie Foxx, Emma Stone, Sally Field, Paul Giamatti, Denis Leary, Dane DeHaan, Martin Sheen, Chris Zylka, Frank Deal, MartonCsokas

Sony

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)

Wes Anderson

Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Tom Wilkinson, Owen Wilson, Tony Revolori

Fox

A Grande Vitória

Stefano Capuzzi

Caio Castro, Sabrina Sato

Downtown

Transcendence - A Revolução (Transcendence)

Wally Pfister

Johnny Depp, Morgan Freeman, Paul Bettany, Kate Mara, Rebecca Hall, Cillian Murphy, Cole Hauser, Clifton Collins Jr., Josh Stewart, Olivia Taylor Dudley, Falk Hentschel

Diamond

Praia do Futuro

Karim Aïnouz

Wagner Moura, Clemens Schic, Sabine Timoteo, Sophie Charlotte

California

Mulheres ao Ataque (The Other Woman)

Nick Cassavetes

Cameron Diaz, Leslie Mann, Kate Upton, Nikolaj CosterWaldau, Taylor Kinney, Nicki Minaj, Don Johnson, Alyshia Ochse, Madison McKinley, Dan Bilzerian

Fox

Sob a Pele (Under The Skin)

Jonathan Glazer

Scarlett Johansson, Antonia Campbell-Hughes, Paul Brannigan

Paris

Godzilla (Godzilla)

Gareth Edwards

Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Aaron Taylor-Johnson, Victor Rasuk, Juliette Binoche, Sally Hawkins, Ken Watanabe, David Strathairn

Warner

Muppets 2: Procurados e Amados (The Muppets Most Wanted)

James Bobin

Tom Hiddleston, Danny Trejo, Salma Hayek, Christoph Waltz, Debby Ryan, Ty Burrell, Tina Fey, Ray Liotta

Disney

Versos de um Crime (Kill Your Darlings)

John Krokidas

Daniel Radcliffe, Dane DeHaan, Michael C. Hall, Jack Huston, Ben Foster, David Cross, Jennifer Jason Leigh, Elizabeth Olsen, John Cullum, Brenda Wehle, Erin Darke

Paris

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past)

Brian Singer

Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Hugh Jackman, Michael Fassbender, James McAvoy

Fox

Draft Day (Ainda sem título em português)

Ivan Reitman

Kevin Costner, Jennifer Garner, Tom Welling

Paris

Malévola (Maleficent)

Robert Stromberg

Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley, Imelda Staunton, Juno Temple, Lesley Manville

Disney

No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow)

Doug Liman

Tom Cruise, Emily Blunt, Charlotte Riley

Warner

Os Homens são de Marte e é pra Lá que Eu Vou

Marcus Bladini

Monica Martelli, Paulo Gustavo, Marcos Palmeira, Ana Lucia Torre, Irene Ravache

Downtown

Juntos e Misturados (Blended)

Frank Coraci

Adam Sandler, Drew Barrymore, Terry Crews

Warner

Vizinhos (Neighbors)

Nicholas Stoller

Seth Rogen, Zac Efron, Rose Byrne, Dave Franco, Jake Johnson, Chasty Ballesteros, Christopher Mintz-Plasse, Lisa Kudrow, Carla Gallo, Ali Cobrin

Universal

3 Dias para Matar (3 Days to Kill)

McG

Kevin Costner, Amber Heard, Hailee Steinfeld, Connie Nielsen, Tómas Lemarquis, Richard Sammel, Marc Andréoni, Bruno Ricci, Jonas Bloquet, Eriq Ebouaney

California

A Culpa é das Estrelas (The Fault in our Stars)

Josh Boone

Shailene Woodley, AnselElgort, Willem Dafoe, Nat Wolff, Laura Dern

Fox

O Espetacular Homem-Aranha2: A Ameaça Electro

(The Amazing Spider-Man 2)

08/05/2014

Direção


Filme

Direção

Elenco

Distribuidora

19/06/2014

Como Treinar Seu Dragão 2 (How To Train Your Dragon 2)

Dean DeBlois

Vozes de: Gerard Butler, Kristen Wiig, Jonah Hill, Jay Baruchel, Kit Harington, Christopher Mintz-Plasse, America Ferrera, T.J. Miller, Craig Ferguson

Fox

Coração de Leão – O Amor Não tem Tamanho (Corazón de León)

Marcos Carnevale

Julieta Diaz, Guillermo Francella, Mauricio Dayub

H2O

O Menino no Espelho

Guilherme Fiuza

Lino Facioli, Mateus Solano, Regiane Alves, Laura Neiva, Gisele Fróes, Ricardo Blat

Downtown

O Homem mais Procurado (A Most Wanted Man)

Anton Corbijn

Robin Wright, Philip Seymour Hoffman, Rachel McAdams, Daniel Brühl

Diamond

13º Distrito (Brick Mansions)

Camille Delamarre

Paul Walker, David Belle, RZA

California

Jersey Boys (Ainda sem título em português)

Clint Eastwood

Christopher Walken, Vincent Piazza, Freya Tingley, John Lloyd Young, Erich Bergen, Michael Lomenda, Kathrine Narducci

Warner

Não Aceitamos Devoluções (No se Aceptan Devoluciones)

Eugenio Derbez

Eugenio Derbez, Karla Souza, Jessica Lindsey

California

Anjos da Lei 2 (22 Jump Street)

Phil Lord e Chris Miller

Jonah Hill, Channing Tatum, Ice Cube, Dave Franco, Amber Stevens, Nick Offerman, Rob Riggle

Sony

Khumba (Ainda sem título em português)

Anthony Silverston

Vozes de: Jake T. Austin, Liam Neeson, Steve Buscemi, Anna Sophia Robb, Laurence Fishburne, Richard E. Grant, Catherine Tate, Charles Adler

Imagem

Causa e Efeito

André Marouco

Maurycio Madruga, Matheus Prestes

Downtown

Séptimo (Ainda sem título em português)

Patxi Amezcua

Ricardo Darín e Belén Rueda

Fox

Walk of Shame (Ainda sem título em português)

Steven Brill

Elizabeth Banks, James Marsden, Oliver Hudson, Gillian Jacobs, Ethan Suplee

Diamond

Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction)

Michael Bay

Mark Wahlberg, Nicola Peltz, Stanley Tucci, Kelsey Grammer, T.J. Miller, Sophia Myles, Peter Cullen, Titus Welliver, Bingbing Li

Paramount

Juntos e Misturados (Blended)

Frank Coraci

Adam Sandler, Drew Barrymore e Terry Crews

Warner

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)

Matt Reeves

Andy Serkis, Angela Kerecz, Gary Oldman, Keri Russell, Jason Clarke, Judy Greer, KodiSmit-McPhee, Toby Kebbell, Kirk Acevedo, Kevin Rankin

Fox

Nautilus 3D

Rodrigo Gava

Vozes de: Isabele Drummond, José Wilker

Downtown

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)

James Gunn

Bradley Cooper (voz), Zoe Saldana, Vin Diesel (voz), Michael Rooker, Chris Pratt, Lee Pace, Benicio Del Toro, Karen Gillan, Djimon Hounsou

Disney

Tim Maia

Mauro Lima

Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Morais, Cauã Reymond, Laila Zaid, Valdinéia Soriano, Paulo Carvalho, Bryan Ruffo, LuisLobianco, George Sauma, Tito Naville, Renata Guida

Downtown

O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending)

Andy Wachowski, Lana Wachowski

Channing Tatum, Mila Kunis, Sean Bean

Warner

A Pelada

Damien Chemin

Bruno Pêgo, Kika Farias, Tuca Andrada e Karen Junqueira

Downtown

Sex Tape (Ainda sem título em português)

Jake Kasdan

Jason Segel, Cameron Diaz, Rob Corddry

Sony

26/06/2014

03/07/2014

17/07/2014

24/07/2014

31/07/2014

07/08/2014

* As datas de lançamento estão sujeitas à alteração

71 Exibidor, abril-2014


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Odeon, patrimônio histórico do Rio P or : F ábio G uedes ©Divulgação

Ú

ltimo grande cinema de rua do Rio de Janeiro, o Cine Odeon surgiu, em 3 de abril de 1926, para sacramentar os projetos ambiciosos do exibidor Francisco Serrador Carbonell de tornar a região da Praça Floriano, no centro da cidade, a “Times Square” brasileira. O empresário espanhol, que já se destacava no ramo de exibição daquela época, havia se encantado com aquele famoso ponto turístico americano durante uma viagem a Nova York e voltara decidido a aplicar os mesmos conceitos arquitetônicos, culturais e comerciais em seu mais novo empreendimento. Para isso, adquiriu alguns anos antes os terrenos da Praça Floriano e arredores para abrigar um conjunto de cinemas, cafés e restaurantes, dando início ao projeto da Cinelândia. Com mais de 600 lugares e arquitetura eclética em estilos neoclássico e art déco, o Odeon nascia com a pompa de principal sala da região e provou do auge da Cinelândia, que reunia os programas preferidos de boêmios, intelectuais, artistas, políticos, madames e populares em geral. Mas os bons tempos duraram apenas até a primeira metade do século. Aos poucos, o eixo cultural da cidade se locomovia para a zona sul, deixando a região central da cidade cada vez mais esquecida.

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A popularização dos multiplex também

deu uma forcinha para afundar ainda mais as salas de cinema de rua, que davam lugar

a igrejas protestantes, drogarias, centros comerciais e outras instalações que em nada rememoravam seus áureos tempos.

O Pathè, por exemplo, virou igreja evangéli-

ca, enquanto os cines Plaza e Palácio foram vendidos recentemente. Dos vizinhos, só sobraram o Rex e o Orly, que hoje exibem filmes pornográficos.

Reviravolta Durante o período degradante do centro do

Rio, o Odeon correu o risco de virar igreja, mas no ano de 2000, graças ao patrocínio da estatal Petrobras BR, toda a sua sala foi reformada e modernizada.

A restauração preservou os aspectos arquitetônicos e trouxe equipamentos de última geração, além de um café e espaço para eventos.

Para ajudar, o “boom” imobiliário fez a região central voltar a se valorizar e dar lugar a uma série de novos empreendimentos comerciais, o que foi fundamental para revitalizar todo o seu entorno. Administrado pelo Grupo Estação, o Odeon optou por exibir apenas filmes clássicos e raros a partir de 2005. Com atrações especiais como o Festival do Rio, Anima Mundi, Curta-Cinema, Maratona e Sessão Cineclube, passou a atrair cada vez mais a juventude, hoje seu principal público.

da Cinelândia, um dos principais atrativos do Odeon é sua aura boêmia e a loca-

lização próxima a vários “points” voltados aos jovens.

“O Odeon possui algo único e cósmico, que une o simples prazer de assistir um

filme, enquanto integra um patrimônio histórico da cidade. E ainda possui essa característica de rua, que o torna próximo

a bares, comércio informal, vida noturna, enfim, é um cinema boêmio, feito para um boêmio cinéfilo”, resume.

“O que mais me atrai nele é poder presenciar a arquitetura interior bem tradicional e vivenciar aquela região da Cinelândia, que reflete muito mais da tradição carioca do que um shopping center”, avalia Paula Valle, estudante de biomedicina, à reportagem da Revista Exibidor.

Passados 87 anos desde sua inauguração,

Para o assistente de administração Fabiano Farias, também assíduo frequentador

ticipar ativamente de todos os grandes

o Cine Odeon não é apenas um cinema

de rua que resistiu aos novos tempos. Pelo contrário: segue mais vivo e lúcido do que nunca, ao emprestar arte, beleza e elegância a uma das regiões mais efer-

vescentes do Rio de Janeiro e, assim, paracontecimentos ao seu redor.

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artigoespecial leitor

Ponto de Vista P or : J ack S ilva

H

á certo tempo conheci uma publicação muito especial, tratava-se de uma revista cuja intenção seria levar a informação mais distinta ao exibidor, independente da sua posição no mercado cinematográfico brasileiro; seja no sul, sudeste, norte e nordeste ou centro-oeste; seja o exibidor que tem uma, duas, ou mil salas, a sua importância seria a mesma, ser leitor.

foi quando passei a ter conhecimento daquele instrumento tão importante a todos que buscam na cinematografia o seu caminho de vida.

Tal revista que vem desenvolvendo a cada ano um trabalho primoroso, demonstrando sua competência em manter seus leitores informados, seja com notícias, dicas, ou até mesmo com anúncios que se mostram úteis em vários momentos.

Muitas das informações adquiridas através deste noticiário mudaram positivamente o modo de funcionar as coisas, por algumas vezes cheguei a apresentar a revista a funcionários, inclusive fazendo reuniões a fim de colocar em prática algumas das 150 dicas (50 por ano) que a Exibidor apresenta nas edições de início de ano. Em especial as de funcionamento da Bombonière, que é fundamental para a lucratividade do cinema. Quanto mais o trabalho flui, mais resultados conseguimos obter, e tais dicas ajudam bastante com isso.

Lembro-me bem do dia em que conheci a Exibidor, foi em um período chuvoso do novembro carioca, ao realizar uma visita no então escritório da Warner Bros; a cada intervalo de ligação que o amigo César tinha que fazer (era dia de programação) eu dava uma rápida observada na revista, já era a 2ª edição,

Depois de um tempo, surgiu o portal online, oferecendo além de informações semanais sempre em primeira mão, um caminho de acesso a fornecedores de equipamentos fundamentais ao estabelecimento.

Uma das páginas que mais gosto, é a “TRAJETÓRIA”. Já trabalho pensando um dia estar naquela página (rsrs...), o que pode levar tempo, mas sonhos não precisam estar só nos pensamentos, devemos seguir em frente com nossos objetivos para alcançá-los. Ao grupo Tonks, proprietário da Exibidor, desejo sucesso pleno, para que possam continuar a nos oferecer tudo aquilo que já vem oferecendo nos últimos 4 anos, e que tão logo a revista chegue as mãos daqueles exibidores que ainda nos dias de hoje, sentem dificuldades de adquirir informação com precisão e coerência. O universo em que vivemos não é feito de apenas um planeta, mas sim de vários astros e estrelas espalhados por todos os cantos. Obrigado Revista Exibidor, que venham mais 4, 10, 100 anos de muita informação. Parabéns a toda equipe da Revista Exibidor, Feliz Aniversário!! De um leitor/exibidor fiel.

Jack Silva Jack Silva é proprietário do Cine Imperator (Macapá-AP). Foi convidado para escrever um artigo sobre a Revista Exibidor e suas conquistas em comemoração aos seus 3 anos de existência.

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