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Primeiro Parágrafo

Exordium Editorial

INDICE

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pg.4

AS FRAQUEZAS DOS GÊNIOSAs Esquisitices da Literatura Russa

pg.6

THE BLACK PAGESO legado de G.K. CHesterton

pg.18

RESENHA

Carta à Uma Senhora Americana - C.S. Lewis

pg.20

ENTREVISTABate Papo com Marvim Mota escritor e podcaster do "Entre Ficções"

EDITORIAL

Oi, tudo bem?

Talvez esta seja a primeira vez que nos falamos, talvez seja a última, mas é um prazer te conhecer. Sei que é preciso um bom tempo para poder se tornar amigo de alguém, vejo que este é o nosso primeiro passo. É sempre bom conhecer uma pessoa nova, melhor ainda é reconhecer quem somos. No meio de tantas falas, Chesterton me ensinou muito sobre autoconhecimento, ele não foi nenhuma espécie de guru, entretanto há em seus escritos esta lição, pois ele sabia quem era. Era um homem comum, com esposa comum, vivendo uma vida comum, estes eram seus maiores tesouros. Ele tanto se conhecia que se fezconhecido por outros e pelo FrankleBrunno que conversou comigo sobrecomo ocorreu seu primeiro contato como Gordo Inglês. Outra pessoa que seconhece (ele pode até dizer que nemtanto), é o escritor e podcaster MarvimMota que conversou comigo sobre quemé e o que faz. Acredito que você vaigostar bastante disso.

Eu reconheço que nesta primeira edição estamos nos fazendo conhecidos por você, caro leitor. Em nossas páginas há paixão, há esperança e muita força de vontade e foi por você que escolhemos cada componente desta edição, não porque somos os melhores, mas, apenas porque você é especial e, para pessoas especiais sempre devemos entregar o melhor. Talvez você nunca tenha ou escutado ou lido nada sobre literatura de cordel, uma carta ou apenas três palavrinhas que te fizessem refletir sobre a vida. Talvez você nem conheça quem é Luciano Diniz, nem Jefferson Gonçalves. Contudo, espero que Ariano Suassuna televe para conhecer Rookmaaker. Sei queé difícil reconhecer quando estamosperdidos ou seguindo outro caminho quenão deveríamos seguir. Todos estão àmercê de um desvio de rota, mas temos aliteratura como bússola para guiar vocêao melhor destino.

Ótima leitura, Gutox Wintermoon

*Viv Groskop

As Fraquezas dosGêniosAs Esquisitices da Literatura Russa

A vida privada e os hábitos pessoais dos grandes escritores russos são fascinantes para mim. Eles são considerados como esses grandes gênios com seus pensamentos elevados. Mas acontece que eles são como nós. Tolstói teve que comer peras cozidas para aliviar seus problemas digestivos. Bulgakov estava obcecado em ter pares de meias suficientes.

Sabendo o quão estranhos - e quão comuns - esses escritores eram, podemos nos sentir mais próximos deles e, mais importante, ao seu trabalho, tantas vezes erroneamente caracterizado como inacessível.

Havia, de fato, muitos aspectos da vida de Tolstói que poderíamos considerar modernos ou mesmo milenares. Ele era um vegetariano estrito que descreveu o ato de comer animais como "imoral". Ele se converteu ao vegetarianismo em meados dos anos 1880, quando estava na casa dos cinquenta, desenvolvendo uma série de pratos de ovos que ele gostava.Uma vez por ano, ele se permitia uma fatia detorta de limão.

E ele era um fã de Vivekananda, o monge indiano que geralmente é creditado por trazer yoga para o Ocidente. Tolstói certa vez escreveu: “Desde as seis da manhã, tenho pensado em Vivekananda. É duvidoso que nesta época o homem tenha se elevado acima desta meditação espiritual altruísta”.

Não há evidências de que o próprio Tolstói tenha praticado yoga, mas ele deve ter sabido dos pensamentos de Vivekananda sobre a prática. Eu gosto de pensar que foram apenas os ovos que ficaram no caminho dele. Quando ouvi pela primeira vez a expressão “FOMO” (Fear of Missing Out)¹, imediatamente pensei em Chekhov.

Ele baseou toda a sua filosofia de vida em questionar nossa obsessão em nos compararmos com os outros, imaginando quão mais rica seria nossa vida se tivéssemos tomado um caminho diferente e sonhando acordado sobre como alguém em algum outro lugar deve tê-la melhor do que nós.

Essa qualidade é resumida no refrão de “Moscou! Moscou! Moscou! ”Em Three Sisters, onde os protagonistas constantemente têm fome de vida em uma cidade que mal conseguem se lembrar e são completamente incapazes de ver que a boa vida que estão realmente perdendo é a vida que está acontecendo ao redor deles.

Infelizmente, Chekhov teve tempo de sobra para sentir o próprio #FOMO, pois passou a maior parte dos últimos seis anos de sua vida sofrendo de hemorragias causadas pela tuberculose. A melhor coisa para sua condição era viver em Yalta (um lugar que ele chamava de "Sibéria quente"), onde ele estava separado de sua amada esposa Olga, que na maioria das vezes era - você adivinhou - em Moscou. Tempos ruins.

A grande poetisa da Rússia do século XX Anna Akhmatova suportou dificuldades pessoais inimagináveis para sobreviver à era de Stalin e continuar escrevendo. Isso culminou na obra-prima “Requiem”, um ciclo de poemas dedicados às mulheres que passavam suas vidas esperando na fila do lado de fora de prisões e acampamentos à espera de notícias de seus entes queridos.

Akhmatova tinha muito pouco dinheiro (já que ela não podia trabalhar oficialmente como escritora) e estava constantemente sob vigilância. Apesar disso, ela se comportou como Norma Desmond em Sunset Boulevard, vestindo roupões de seda preta bordados antes da revolução para leituras de poesia no final dos anos 1930.

Apesar de uma vida que deprimisse as pessoas mais otimistas, Akhmatova também tinha o dom de cultivar amizades próximas com pessoas com excelente senso de humor. Quando ela e sua amiga Nadezhda Mandelstam estavam vivendo em semiexílio em Tashkent, elas perceberam que o NKVD² tinha “visitado” seu apartamento enquanto estavam fora..

De todos os grandes escritores russos,Solzhenitsyn, autor do Arquipélago Gulag, étalvez o mais profundamente ligado aohábito. Eu gosto de pensar nele como oônibus da vida do inferno. O New YorkTimes uma vez o descreveu como uma figurade "severidade quase bíblica" e esse éSolzhenitsyn em um bom dia.

Sempre que penso nele, penso em “All I Wanna Do”, de Sheryl Crow, e na letra “Eu me pergunto se ele já teve um dia de diversão em toda a sua vida.” Até onde eu sei, era normal Solzhenitsyn gastar até 18 horas por dia trabalhando em sua escrita e pesquisa. Diz a lenda que ele nunca respondeu a um telefone tocando. Este era um dever para os outros, como sua esposa. (Metas!) Sua esposa disse uma vez: “Ele não sai de casa há cinco anos

Quando a escritora Lydia Chukovskaya foientrevistada sobre sua amizade comSolzhenitsyn no início dos anos 1970, elafalou sobre como eles mantinham horas deescrita semelhantes (mulher pobre) e comoele estaria ansioso para não perturbá-la. Eledeixava notas na geladeira que dizia coisascomo: "Se você está livre às nove, vamosouvir o rádio juntos". Ele sabia como festejardepois de tudo.

[1]O “FOMO” foi citado pela primeira vez em 2000 por Dan Herman e definido anos depois por Andrew Przybylski e Patrick McGinnis como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem. Além disso, o receio incentiva a ficar sempre conectado para saber de tudo e compartilhar novidades com os outros. [2] Sigla das palavras russas que significam “Comissariado do Povo para os Negócios Interiores”, organismo soviético criado em 1934

*Viv Groskop é jornalista, autora, crítica cultural e comediante. Formada pela Universidade de Cambridge e pela Faculdade de Estudos Eslavos e do Leste Europeu da University College London, é colaboradora regular do The Guardian, do The Observer e do Mail on Sunday e escreveu para muitas outras publicações. Ela é o autor de The Anna Karenina Fix.

Extraído de: https://lithub.com/the-weirdos-of-russian-literature/

THE CAPA BLACK PAGES

UM ENCONTRO FORMIDÁVEL

Gutox Wintermoon

O ano era 2008, eu não sabia que teria um encontro que mudaria minha visão de mundo. Um grande amigo de longa data, o Aslam Sanctus (“Binho” para os mais chegados), trabalhava em uma livraria evangélica e como eu gosto muito de ler, às vezes ia nesta livraria para ver as novidades que tinham chegado. Num desses dias passei na livraria e ficamos lá conversando. Durante a conversa ele me mostrou um livro laranja, era o volume de aniversário de centenário do “Ortodoxia”, livro do G.K. Chesterton. Ainda lembro-me da empolgação quando ele me mostrou o exemplar.

Pedi emprestado e assim levei para casa.

Logo nas primeiras páginas da apresentação do livro eu percebi que nunca tinha lido algo daquela estirpe, isso me fez ter mais vontade de continuar a ler. Confesso que não foi uma leitura fácil logo de inicio, mas dava para entender as coisas que ele falava, pois a fala do Chesterton é clara. Acho que ele se obrigava a ser claro para que as pessoas comuns pudessem entender o que ele queria expressar.

Após “Ortodoxia”, li “O Homem Eterno” que também peguei emprestado com o Aslam, com isso decidi pesquisar mais sobre a vida do Chesterton e assim descobri outros livros. Adquiri alguns e ganhei outros de presente, atualmente possuo oito livros, bem pouco, considerando sua vasta obra. Obrigado. Jannyffer e Andreza!

Em 2013 descobri outra faceta do Chesterton, não sabia que ele escrevia contos policiais. Estava voltando de São Paulo para Bahia, em uma escala de voo em Brasília fui dar uma olhada numa livraria do aeroporto e eis que vejo um livreto com o nome estampado do Chesterton, foi a primeira vez que li algo sobre o Padre Brown, que é um personagem muito intrigante e genial.

Pensei “um padre detetive, isso não dá certo”, mas para minha surpresa, fui pego de surpresa! “A inocência do Padre Brown” é um livro relativamente curto e apesar do cunho de romance policial, tem um cunho filosófico. Inclusive, grandes autores como Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle têm o Padre Brown como o melhor detetive de livros policiais. Christie integrava o clube de escritores de detetive onde Chesterton foi presidente.

Atualmente eu sou um leitor assíduo da literatura “chestertoriana”, e foi por meio dele que conheci outros grandes nomes da literatura mundial. Apesar da discordância em alguns pontos com Chesterton, posso afirmar que ele, ao lado de Tolkien e Lewis, é um dos meus escritores favoritos, não somente pela sua forma de escrever, mas pelo o que ele escreve e para quem escreve. Ele escreve para mim e para você, o homem comum e é o homem comum que muda o mundo.

QUEM É ESSE SUJEITO, E POR QUE NUNCA OUVI FALAR DELE?

*Dale Ahlquist

Já ouvi muitas vezes as perguntas acima, feitas por pessoas que estavam começando a descobrir Chesterton. Tinham começado a ler um livro seu, ou viram uma edição da revista Gilbert!, ou ainda toparam com algumas das suas famosas frases incisivas, que formulam de maneira maravilhosa um pouco desse bom senso tão esquecido. Os que levantavam essas questões, faziam-no num tom de assombro misturado com gratidão e… com uma certa irritação. Estavam deslumbrados com o que tinham descoberto, agradecidos por terem feito essa descoberta e como que incomodados por terem demorado tanto tempo a descobri-la.

“QUEM É ESSE SUJEITO?…”

Gilbert Keith Chesterton (1874 1936) não pode ser resumido numa frase nem num parágrafo. Apesar de se terem escrito excelentes biografias sobre ele, nunca foi realmente “capturado” nas páginas de um livro. Mas, ao invés de esperarmos até ter separado as ovelhas dos cabritos, vamos direto ao ponto e digamos claramente:

Chesterton foi o melhor escritor do século XX. Teve algo a dizer sobre todos os assuntos, e disse-o melhor do que ninguém. Não era, porém, um mero fraseólogo: sabia expressar se muitíssimo bem, mas – o que é mais importante – também tinha coisas muitíssimo boas para expressar. Pois a razão pela qual foi o maior escritor do século XX é que foi o maior pensador do século XX.

Nascido em Londres, Chesterton estudou no Saint Paul’s College, mas não freqüentou a Faculdade, e sim a Escola de Artes. Em 1900, pediram lhe que escrevesse uns artigos de crítica de Arte para uma revista, e partindo daí acabou por tornar-se um dos mais prolíficos escritores de todos os tempos. Chesterton escreveu uma centena de livros, contribuições para outros duzentos, centenas de poemas, incluindo o épico "Ballad of the White Horse", cinco peças de teatro, cinco romances e uns duzentos contos, incluindo a popular série sobre o Padre Brown, o padre detetive.

No entanto, apesar das suas habilidades literárias, Chesterton considerava-se acima de tudo um jornalista. Escreveu mais de 4000 artigos, entre os quais trinta anos de colunas semanais para o Illustrated London News e treze anos de colunas semanais para o Daily News, além dos textos diversos que redigiu para o seu próprio jornal, o G.K.’s Weekly. (Para se ter uma ideia, 4000 artigos equivalem a escrever um artigo por dia, todos os dias, durante onze anos. Se isso não o impressiona, tente fazê-lo, não digo por onze anos, mas por algumas semanas. E lembre se: os artigos devem ser todos bons, tão divertidos quanto profundos, e ainda por cima devem poder ser lidos com proveito daqui a cem anos.)

Chesterton movia se com igual desembaraço em crítica literária ou social, História, Política, Economia, Filosofia e Teologia. O seu estilo é inconfundível, sempre marcado pela humildade, pela consistência, pelo paradoxo, pela sagacidade e pelo encanto.

Tudo o que eles tentavam expressar desajeitadamente em fórmulas acadêmicas foi expressado por Chesterton. Esse homem foi um dos pensadores mais profundos que jamais existiram. Era profundo porque tinha razão, e não podia deixar de tê la; mas também não conseguia deixar de ser modesto e amável; por isso, deixava os que concordavam com ele pensarem que estava certo e era profundo; quanto aos outros, desculpava se por ter razão, e fazia se perdoar a profundidade com o engenho, pois era só o que eles conseguiam ver nele.”

Chesterton discutiu com muitos dos mais célebres intelectuais do seu tempo: George Bernard Shaw, H.G. Wells, Bertrand Russell, Clarence Darrow. Segundo os relatos da época, costumava sair vencedor dessas disputas. O mundo, porém, imortalizou os seus oponentes e esqueceu Chesterton, de modo que hoje só nos dão a ouvir um dos lados da argumentação e nos obrigam a aturar as heranças do socialismo, do relativismo, do materialismo e do ceticismo. A ironia disso é que todos os seus oponentes tratavam Chesterton com a máxima consideração e estima; Shaw, por exemplo, chegou a dizer: “O mundo não agradeceu o suficiente a Chesterton”.

Os seus escritos foram aplaudidos e elogiados por Ernest Hemingway, Graham Greene, Evelyn Waugh, Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez, Karel Capek, Marshall McLuhan, Paul Claudel, Dorothy L. Sayers, Agatha Christie, Sigrid Undset, Ronald Knox, Kingsley Amis, W.H. Auden, Anthony Burgess, E.F. Schumacher, Neil Gaiman e Orson Welles, para só citar alguns poucos. E T.S.

Eliot afirmou que Chesterton “merece o direito perpétuo à nossa lealdade”.

…E POR QUE NUNCA OUVI FALAR DELE?”

Há três respostas possíveis para essa pergunta:

1. Não sei.

2. Você foi enganado.

3. Chesterton é o escritor mais injustamente desprezado do nosso tempo. Talvez esta seja mais uma prova de que a educação é importante demais para ser deixada nas mãos dos burocratas do ensino, e de que a publicação de livros é importante demais para ser deixada nas mãos dos editores. Mas isso não desculpa que se tenha deixado de ensinar Chesterton nas nossas escolas, de reeditar amplamente os seus escritos e de mencioná los com o destaque que merecem nas antologias de textos universitários.

Seja como for, existe uma desculpa para isso: Chesterton é duro de classificar, e se um escritor não pode ser adscrito a uma categoria nem rotulado sumariamente com uma só palavra, corre o risco de escorrer pelo ralo. Mesmo que meça mais de dois metros e pese cento e quarenta quilos. Mas há ainda um outro problema. Os pensadores, os críticos e os comentaristas modernos acharam muito mais conveniente ignorar Chesterton do que fazê lo comparecer numa discussão, porque argumentar com Chesterton equivale a ser derrotado.

*Presidente da American Chesterton Society

Extraído de "Sociedade Chesterton Brasil"

G. K. CHESTERTON

*Gustavo Corção (1896-1978)

Graças à vigilância de Antônio Olinto, na sua “Porta de Livraria” de O Globo, chego ainda a tempo para saudar o centenário de G. K. Chesterton, o incomparável escritor inglês que mais indelevelmente me marcou a alma nos dias em que andei perdido pelo mundo a procurar uma luz, luz de João e Maria, luz de Casa, luz de acolhimento entre as trevas de meu triste exílio. Devo a Chesterton as primeiras alegrias católicas.

No seu grande livro, Ortodoxy, onde esteve mais à vontade para atirar nos braços da cruz seu jogo de inebriantes paradoxos, entre outras descobertas maravilhosas do cristianismo, ele nos diz aquilo que Cristo de si mesmo nos escondeu: “There was some one thing that was too great for God to show us when He walked upon our earth; and I have sometimes fancied that it was His mirth.”

Tentemos traduzir estas palavras de ouro com que Chesterton fecha sua obra-prima: “Uma coisa houve que era n’Ele grande demais para nos ser mostrada enquanto Ele andou por este mundo, e eu penso às vezes que foi sua alegria”. Ou seu riso. Ou seu júbilo. O termo mirth é aqui intraduzível. E ouso dizer que o grande poeta da língua fechou seu livro-jóia sabendo bem que só podia encerrar com um termo impróprio, tratando-se de coisa que esteve sempre presente e, todavia escondida na vida de Jesus.

Outro notável inglês deixou-nos, sobre a poesia, uma definição inesquecível: “poetry is emotion recollected in tranquility”; donde nós tiramos uma definição de liturgia: “liturgy is passion recollected in tranquillity”, cujo teor paradoxal, próprio do Mistério da Fé, parece mostrar, sob as aparências do júbilo e da festa, a dor e o Sangue de nossa Redenção.

Fiel a esse espírito, Chesterton não procurou nos seus tão admirados paradoxos fazer acrobacias verbais, e muito menos procurou jogos para agradar os jovens e os imaturos. Pascal, com seu timbre de abismos, não é mais trágico nem mais sério do que Gilbert Keith Chesterton, em cuja obra, como disse atrás, eu tive a felicidade de encontrar no caminho daquilo que Jesus nos escondeu, isto é, das mais puras e vivas alegrias católicas deste mundo.

Com um extraordinário vigor do Dom da Ciência, que está na linha da Fé e da Esperança, isto é, das virtudes peregrinas, Chesterton viu que o mundo, e mais fortemente os dias deste século de corrida atrás do vento, está desconcertado, subvertido, de cabeça para baixo, e então, para poder descobrir melhor seus erros e suas malícias, punha-se ele mesmo frequentemente de pernas para o ar.

Sua obra de apologia, assim condicionada, fazia função de revulsivo, de purgativo, e operava inopinadas restaurações nos desconcertos do mundo. O personagem principal de O poeta e os loucos era ágil, nessa ginástica, e, em quase todos os contos dessa série, quem diz loucuras é o sábio, o sisudo, o poeta, o sério; e quem fazia as mais desvairadas loucuras era o homem pausado, equilibrado na representação diplomática dos desvarios do tempo.

Chesterton criou, depois de Edgar Poe e Conan Doyle, o tipo de novela policial em que o genial investigador, longe de ser o esmiuçador sagaz e raciocinante, era o Padre Brown, o Padre Vicente O.F.M., seu amado confessor, que tinha os olhos lavados pela Fé e pelo colírio das lágrimas e assim conseguia, mesmo cochilando, descobrir os meandros da malícia mais pela ingenuidade do que pela sagacidade.

Em " A Esfera e a Cruz", espécie de romance simbólico e apocalíptico, reaparece o personagem obsessivo de Chesterton, em luta implacável, mas por fim, cordialíssima, com o ateísmo desvairado da época. Na verdade, porém, não é o ateu Tornbull o adversário; não, em "A Esfera e a Cruz", o espírito hediondo que Chesterton detesta, como detesta o Diabo, é o liberalismo que pretende evitar o confronto e a luta entre o Bem e o Mal.

O personagem mais repugnante da sucessão de figuras que se levantam contra o Combate é o pacifista, contra o qual Chesterton não disfarça sua náusea extrema. Porque Chesterton foi sempre guerreiro. Em tempo e contratempo combateu o bom combate, e guardou a Fé até o momento supremo em que o Padre Vicente, depois de ministrar-lhe a extrema-unção, ajoelhou-se aos pés da cama do agonizante e com piedade profunda beijou a pena que estava à mesa-de-cabeceira, como que a descansala também, depois de ter escrito mais de oitenta volumes a serviço de seu Rei e de sua Dama

Grande falta nos fazem hoje autores como Chesterton, que souberam desarmar, denunciar, desmascarar os ídolos, os ideais dos tempos modernos, que não passam das “antigas virtudes cristãs tornadas loucas” ou perversas.

Na falta dessa leitura saudável, tônica, fortificante, curativa, inebriante do melhor espírito, surgiu em seu lugar, a fazer um sucesso editorial que deveria ruborizar o planeta Terra e empalidecer o planeta Marte, surgiu o repulsivo impostor Teilhard de Chardin, que renega a Fé, abandona os mestre da Companhia de Jesus e da Igreja, para inventar uma gnose tola, de medíocre ciência ensopada com religião ainda pior, graças a cuja fétida composição consegue atrair os espíritos fracos.

Não me canso de agradecer a Deus o fato de ter encontrado Chesterton nos dias de desolação em que, sempre crendo em Deus- Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra, das coisas visíveis e invisíveis, não conseguia, entretanto, encontrar a alameda e a porta de Sua Casa.

A par de todos os defeitos e imperfeições, tenho a alma muito agradecida, porque desde cedo até tarde, na tarde da vida, deume Deus a ventura de sentir a dependência em que vivi de minha mãe, de meus irmãos, de meus alunos, de meus professores, de todos os que neste longo trajeto que já se aproxima do marco assinalado pelo salmista para os vigorosos, sim, sempre tive a ventura de sentir muito melhor o bem que me fizeram e que especialmente reservo aos que me ajudaram na morte para o mundo.

E entre esses reservo um especial lugar no altar que hoje adornei em meu velho coração para lembra G. K. Chesterton.

O resto desta apologia e deste estudo está no livro Três alqueires e uma vaca, que escrevi quando, graças a Chesterton, entre tantos autores e amigos, consegui passar no vestibular da Casa do Pai, isto é, consegui voltar à Fé e à Igreja de meu batismo. Ave Maria!

*GUSTAVO CORÇÃO foi um escritor e pensador católico brasileiro, autor de diversos livros sobre política e conduta, além de um romance. Foi membro da antiga União Democrática Nacional e um expoente do pensamento conservador no Brasil

Artigo ‘G. K. Chesterton’, publicado no jornal O Globo, Rio de Janeiro, 06 de Junho de 1974.

A literatura "Chestertoriana" tem sido apreciada cada vez mais no Brasil. Além da Sociedade Chesterton Brasil que faz um trabalho espetacular publicando artigos e livros do autor, encontramos Frankle Brunno, jovem pastor que é assíduo leitor do Gordo Inglês e administrador da página no Facebook " G.K. Chesterton Brasil". E é sobre sua admiração pelo autor que iremos conversar.

Primeiro Parágrafo- Olá Frankle, bem vindo à revista Primeiro Parágrafo. Para começarmos nos conte um pouco sobre você e como conheceu as obras do Chesterton.

Frankle Brunno- Bom, meu nome é Frankle Brunno, tenho 23 anos, sou órfão de pai e mãe, tive uma infância muito difícil depois da morte de minha mãe num acidente automobilístico, e aos 13 para os 14 anos, tive uma luta interna a respeito da existência de Deus. Estava desacreditando em tudo que fosse ligado a algo divino. Mas, depois de um tempo, me envolvi muito em organizações missionárias religiosas, e dentre as quais pude me destacar numa igreja bastante conhecida no Brasil, rapidamente me tornei pastor. Inclusive o mais jovem do nosso campo e como um bom estudante, me deparei com o Chesterton por indicações de alguns amigos. Lembro que um dia cheguei à Saraiva em SP e comprei mais de 10 livros do Chesterton para presentear amigos e vender alguns. mesmo e de como ele deve ser

PP- Você acredita que se as obras dele fossem utilizadas nas escolas ou faculdades haveria alguma mudança na educação brasileira?

Franklie-Ortodoxia é a obra prima do Chesterton, eu vejo em ortodoxia uma forma fantástica de argumentação, fazendo com que o leitor aprenda o básico do que deveríamos saber a respeito de nossa fé e de como o homem comum deve enxergar o mundo, de como deve pensar sobre si.

PP- Infelizmente sua vasta obra não é tão conhecida no Brasil, mas ultimamente percebe-se que ele tem tido certa notoriedade. O que te levou a criar redes sociais para difundir a “literatura chestertoriana”?

Franklie- Exatamente a escassez de conteúdos conservadores e apologéticos que defendam o cristianismo com boas argumentações.

É possível ler o Chesterton, e perceber que ele tem um grosso calibre intelectual. Foi isso que me chamou a atenção no Chesterton, sem falar da forma paradoxal de argumentar.

PP- De todos os livros do Chesterton que vc já leu, qual te chamou mais atenção?

Ortodoxia é a obra prima do Chesterton, eu vejo em ortodoxia uma forma fantástica de argumentação, fazendo com que o leitor aprenda o básico do que deveríamos saber a respeito de nossa fé e de como o homem comum deve enxergar o mundo, de como deve pensar sobre si mesmo e de como ele deve ser visto pelo próximo.

PP- Você acredita que se as obras dele fossem utilizadas nas escolas ou faculdades haveria alguma mudança na educação brasileira?

Frankle- Sim, o marxismo cultural, na verdade censurou autores conservadores nas universidades e escolas públicas, e quando são citados, boa parte deles são tratados como filósofos que ninguém deveria lhe dar créditos. Chesterton esmagou o marxismo como ninguém, destruiu as vãs filosofias com muito afinco, criticava os erros claros do socialismo e chegou a criar uma visão econômica totalmente liberal que conhecemos hoje como distributismo.

PP- Sabemos que além do facebook e do instagram, vcs vão começar um canal no youtube, qual tipo de conteúdo será abordado?

Frankle- Iremos tentar expor as idéias centrais de Chesterton exposta em suas obras. Por exemplo: em ortodoxia, podemos fazer uma breve analise de cada capítulo e fazer comentários daquilo que é gritante e daquilo que Chesterton trata como se fosse um assunto secundário. Também entramos em contato com a sociedade americana do Chesterton, e eles nos deram a autorização de traduzir e legendar alguns vídeos. Já estamos estudando essa possibilidade.

PP-Além das traduções dos vídeos, já pensou em traduzir algum livro que ainda não esteja em português?

Frankle-Na verdade, ainda não. Mas sabemos que são muitas obras que precisam ser traduzidas, e já estamos de olho em algumas delas para ver essa possibilidade.

PP- Você pretende fazer parcerias com editoras ou até mesmo com outras páginas sobre Chesterton ?

Frankle- Sim, queremos ampliar nossa página abrindo um site, para divulgarmos melhor o Chesterton.

"É POSSÍVEL LER O CHESTERTON, E PERCEBER QUE ELE TEM UM GROSSO CALIBRE INTELECTUAL."

PP- Qual conselho ou qual livro você indicaria para quem gostaria de conhecer Chesterton?

Frankle -Acho que vai depender muito do estilo do leitor, existem pessoas que tem o hábito de ler filosofia cristã com frequência, e outras não, mas para quem quer experimentar o estilo de escrita do Chesterton eu aconselho ler tremendas trivialidades, mas, para quem quer ler algo mais profundo e que seja algumas vezes agressivo ao nosso intelecto e outras vezes lance luz ao nosso saber, com seria começar por Ortodoxia, Hereges e O Homem Eterno, esses às vezes parece colocar nossa cabeça numa aconchegante almofada de tão gostoso de ler que é.

PP- Pra finalizar... Quais são os projetos futuros da Chesterton Brasil?

Frankle-Pretendemos criar modelos de camisas personalizadas com frases, e algumas imagens ilustrativas do Chesterton, canecas, quadros, e isso só faremos para que nosso projeto possa andar com suas próprias pernas sem depender diretamente de doações. Adquirindo nossos produtos, podemos investir em matérias de alta qualidade, equipamentos para o canal, investir em edições e etc.

Para conhecer mais sobre Frankle Brunno e Chesterton acessem: Facebook: G.K. Chesterton-Brasil Instagram: chestertonbrasil www.franklebrunno.com.br

LIVROS DA PRATELEIRA

Quando ouvi a música “Rookmaaker” da banda Palavrantiga eu achei espetacular, não por que eu conhecia, sinceramente não conhecia o autor, mas cantava “Eu leio Rookmaaker, você Jean Paul Sartre”. Sartre eu já tinha um conhecimento da sua filosofia, mas o Rookmaaker, pra mim era novidade. Então, em uma das minhas andanças pela livraria onde tinha amigos que trabalhavam lá vi o “A Arte Não Precisa De Justificativa” e foi como se o autor estivesse escrito cada palavra pra mim e olha que eu já tinha uma ideia parecida com a dele, mas não de forma tão profunda. “Este livro é uma leitura para todos os cristãos que desejam usar seus talentos para a glória daquele que os presenteou. É um chamado aos artistas, artesãos e músicos cristãos para que chorem, orem, pensem e trabalhem. Para o autor, qualquer discussão sobre o papel da arte deve ser precedida por uma afirmação básica: a arte não precisa de justificativa nem por motivos religiosos ou propósitos evangelísticos,nem por fins econômicos ou políticos. É verdade que, quase sempre, vemos os artistas como sumos sacerdotes da cultura — nossos gurus — ou como celebridades e bobos da corte. Ao mesmo tempo, esperamos que eles criem coisas de valor quase eterno, sobre as quais se possa conversar séculos depois. No entanto, se os artistas quiserem alcançar sucesso, é preciso aderir à moda e ter apelo comercial. Para Rookmaaker, esse não é um problema novo." [1]

Formato: Livro Autor: H.R. Rookmaaker Do Que Se Trata: Cristianismo e Arte Páginas: 80 Ano de Lançamento: 2010 Editora: Ultimato

[1] Amazon

Primeiro contato que tive com o Ariano Suassuna foi através do filme homônimo do livro. Pra mim foi um marco no cinema brasileiro. Aquela dose imensa de nordeste, os personagens caricatos e a gama de humor nada forçado. Quem não se acabou de rir com João Grilo e Chicó? Em uma das minhas visitas à Flica (Festa Literária de Cachoeira) me deparei com o exemplar de “Auto da Compadecida” não pensei em duas vezes em comprar um pra mim.

“É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". [2]

[2] Amazon

Formato: Livro Autor: Ariano Suassuna Do que se trata: Teatro Brasileiro Páginas: 162 Ano de Lançamento: 2016 Editora: Nova Fronteira

[3 Palavrinhas Só]

C O N J U R O - V O S , Ó F I L H A S D E J E R U S A L É M , S E E N C O N T R A R D E S O M E U A M A D O , Q U E L H E D I R E I S ? Q U E D E S F A L E Ç O D E A M O R . ( C Â N T I C O D O S C Â N T I C O S 5 . 8 )

* C H A R L E S S P U R G E O N

Esta é a linguagem do crente almejando companheirismo com Jesus: ele desfalece de amor por seu Senhor. As almas cheias da graça divina jamais estão completamente tranquilas, exceto quando se encontram bem próximas de Cristo. Quando estão distantes dele, tais almas perdem a sua paz. Quanto mais perto estiverem de Cristo, tanto mais desfrutarão da perfeita calma celestial. Quanto mais próximo o coração estiver dele, tanto mais repleto estará não somente da paz, mas também da vida, fortaleza e alegria, visto que todas estas coisas dependem da comunhão permanente com o Senhor Jesus

O que o sol significa para o dia; a lua, para a noite, e o orvalho, para a flor – tudo isso é Cristo para nossa alma. O que é o pão para o faminto; a roupa, para o despido; a sombra de uma grande rocha, para o viajante em uma terra fatigante – tudo isso é Cristo para nossa alma. Portanto, se conscientemente, não somos um com Ele, não é de admirar que nosso espírito clame com as palavras do cântico: “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor”. Este sério anelo por Jesus tem uma bênção que o atende: “Bem-aventurados os que têm fome e sede e justiça” (Mateus

5.6).

Supremamente benditos são aqueles que têm sede do Justo. Bendita, é esta sede pois vem de Deus. Se eu não tiver a desabrochada bem-aventurança de ser saciado, a buscarei no doce momento em que brota, momento de vazio e avidez, até ser satisfeito com Cristo. Se eu não me alimentar de Jesus, a próxima porta ao céu será ter fome e sede dele. Existe santidade nessa sede, porque é uma sede que resplandece entre as bem-aventuranças de nosso Senhor. Mas a bênção envolve uma promessa. Pessoas que têm essa fome serão fartas com o que desejam. Se Cristo nos leva a anelarmos por Ele, com certeza Ele mesmo satisfará esses anelos. Quando Cristo vier realmente a nós, quão agradável será esse encontro!

Charles Haddon Spurgeon, referido como C. H. Spurgeon, foi um pregador batista calvinista britânico. Converteu-se ao cristianismo em 6 de janeiro de 1850, aos quinze anos de idade

Extraído de Voltemos Ao Evangelho

RESENHA!

Título: Cartas a uma Senhora Americana Autor: C. S. Lewis Páginas: 160 Acabamento: Brochura Categoria : Atualidade/ Cristianismo

É sempre intrigante quando vemos os pontos fracos dos nossos heróis. Antes de percebê-los, temos como se os heróis fossem indestrutíveis e passiveis de alguma fraqueza.

C.S. Lewis é um dos meus heróis literários, foiatravés dele que encontrei outros heróis da mesmaestirpe, ou até mais. Neste ano eu li “CristianismoPuro e Simples” é um livro que podemos ver umLewis forte e cheio de sabedoria.Alguém que gostaríamos que conversasse conosco durante um café. Ficaríamos calados ouvindo cada uma daquelas palavras que às vezes pareciam um tapa de luva, outras vezes um abraço carinhoso.

Outro livro que li foi “Cartas a uma SenhoraAmericana”, aqui eu vi a humanidade de Lewis nasua forma mais simples e profunda. O livro é umcompilado de cartas, que ele enviava para umasenhora que morava nos Estados Unidos.

A primeira carta começa como resposta a uma que recebera. É transparente que através de cada carta Lewis vai se aproximando mais da sua destinatária. Algo que percebi foi que as primeiras cartas ele assinava como “C.S. Lewis”, mas durante a leitura, ele muda para “Jack; Aos 4 anos ele apontou para si e disse: “Este é Jacksie”, posteriormente alterando para “Jack”.

Esta mudança na assinatura das cartas me pareceu que houve um pouco de abertura para intimidade com Mary. Em algumas cartas ele fala sobre algumas obras: O Problema do Sofrimento, Cartas a Malcon, Surpreendido pela Alegria. O Leão, a Feiticeira e O Guarda-Roupa e a Trilogia Espacial.

A cada carta lida, eu via uma fraqueza no meu herói,mas isso era o que mais cativava a leitura, pois aquelehomem que escreveu todas aquelas coisas em seuslivros, aconselhando e fortalecendo milhares depessoas através das páginas escritas, também sentiadores físicas e emocionais. Durante o livro ele falasobre o casamento com a Joy e todo o processo queela passou durante o câncer como também a suamorte. Foram as partes mais pesadas que eu li. Até porque li este livro após ter lido “Anatomia de uma Dor”,que parece mais um desabafo das dores que o Jacksentia.

Mas apesar de tudo que ele passava não deixava de encorajar e mostrar a presença de Deus na vida humana. Ele fala sobre a vida e morte, sobre nossa morada eterna com carinho e esperança. Devido a questões de saúde algumas cartas foram escritas por seu irmão e por Walter Hooper.Para evitar qualquer tipo de spoiler, apenas digoque este foi um dos melhores livros do Jack que euli na vida. É sensível, é amável, é humano.

LITERA BR

Luciano Diniz sempre foi uma criança que adorava ver histórias em quadrinhos, HQ's e Mangás. Aos sete anos já criou sua primeira comédia de três meninos de bairro de periferia onde passavam o cotidiano de suas travessuras e artes, pouco depois de seu primeiro feito em manuscritos com outra história em quadros de um super-herói chamado thunderman.

Hoje, aos 30 anos, aspirante a escritor e aspirante a filosofia moderna, Músico, Desenhista, Coparticipação do blog Os Malfeitores Do Século XXI, tem desde infância o sonho de compartilhar suas histórias e contos, para o público. Amante de ficção, terror, romance e de seus próprios contos também.

"O Pugilista", livro do autor pode ser lido no wattpad: https://my.w.tt/9axtR6b3gT

Jefferson Gonçalves cursa Filosofia na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana) . Ama ler literatura como também filosofia, mitologia, cinema. Um dos seus hobbies é assistir filmes. No momento está escrevendo o livro "As Crônicas de Asumus"

ENTREVISTA

Certa vez pedi uma biografia ao Marvim para uma entrevista que iríamos gravar para o Arte, Café e Prosa, talk show que eu juntamente com a Luci Motta e Jow Henov apresentávamos na Rádio Exaltar FM, mas acabou não acontecendo. Ele me mandou isto “Marvim Mota é estudante de Letras vernáculas na Uefs, leitor por necessidade, e escrivão de histórias reais que acontecem na própria cabeça. Já plantou uma árvore, rolou uma pedra, e agora tenta escrever um livro." Mas não é bem assim, além de escritor, esse baiano também é hosting do podcast literário “Entre Ficções” spin off do “Curta Ficção”. Presta atenção no papo.

Gutox Wintermoon

Primeiro Parágrafo- E ai, Marvim! Blz? Cara, eu te conheço há alguns anos e pelo que me lembro você já escrevia, mas de uma coisa eu não sei, como foi que você descobriu este “dom” (se é que podemos utilizar o termo) pra escrita?

Marvim Mota- Olha, que eu lembre, eu sempre escrevi histórias. Acredito que isso vem muito do estímulo de minha mãe que sempre que conseguia alguma revista ou livro colocava por perto, alí pra eu dar uma olhada, o que acabou virando um hábito. Daí acho que uma coisa foi puxando outra; leitura, tempo livre, mente fértil e o estímulo apropriado.

Mas claro, é só uma ideia. Sinceramente, eu não lembro de um momento onde isso começou. Também não acho que “dom” seja o termo certo, acredito que assim como qualquer forma de arte a escrita é uma coisa que a gente aprende, com o estímulo certo qualquer um pode fazer e aperfeiçoar.

PP-A literatura, como todo tipo de arte serve para expressar aquilo que seu autor deseja falar. Qual é a mensagem que você deseja transmitir?

Marvim- Não faço ideia. Parece piada, mas é sério. Eu acho que cada conto que escrevi pode passar uma mensagem,

porém não é algo que eu pense quando estou escrevendo. No final, eu só quero contar uma boa história e se isso servir para o crescimento pessoal do leitor vou ficar muito feliz, mas não é algo planejado.

PP-Você como estudante de letras sentiu alguma diferença após ingressar no curso na sua maneira de escrever? Acredita que está obtendo um pouco mais de maturidade?

Marvim- Com certeza, o meio acadêmico tem agregado muito no conhecimento técnico e tudo mais. E o convívio com alguns professores acabou ajudando muito a não ser precipitado.

PP-Sei que você tem uma série de contos aleatórios que se passam no mesmo universo. Vou me ousar e chamar de “marvimverso”. Há uma pretensão de transformá-lo em livro?

Marvim- O plano é esse. Se tudo der certo, vai rolar.

PP- Mudando um pouco de assunto... Você é host de um spin off do podcast “Curta Ficção” chamado “Entreficções” que por sinal eu gosto bastante. Me conta como surgiu a ideia e o convite para participar de um dos principais podcasts literários BR.

Marvim- Na verdade, eu me convidei (kkkkkkk). Eu queria escutar um podcast com essas características, como não tinha, eu decidi fazer. Só fiquei receoso no início de abordar os autores e solicitar um conto pra dramatizar, sendo que ninguém me conhecia e não tinha nenhum material “fechadinho” pra apresentar o programa. Por isso me aproximei da Jana Bianchi e do Thiago Lee na fé do “o não você já tem”, e apresentei a ideia do cast com uns materiais beta que tinha feito. Eles curtiram, abraçaram a ideia, fizeram a ponte com a maioria dos autores e tudo deu certo até aqui.

PP- Como é o processo de produção dos episódios. Você tem algum critério para escolher o autor que deseja trabalhar nos episódios?

Marvim- Pra compor a temporada eu tento variar os gêneros literários, depois organizo pra haver uma variação equilibrada de autores e autoras (na segunda temporada separei também um espaço para pessoas trans), e a partir daí vou selecionando baseado no conteúdo que pode ser gerado na entrevista. A produção passa por várias etapas. Após o(a) autor(a) enviar o conto, eu passo pra Isla Santos que faz a adaptação do texto para manter um ritmo dinâmico pra a mídia. Essa adaptação é repassada a(o) autor(a) pra uma aprovação final e depois disso reunimos a equipe pra gravar as vozes. Por fim, faço a edição de áudio pra controlar os volumes, colocar os efeitos etc. A Entrevista pode ser gravada antes ou depois disso, a depender da agenda do convidado ou da Lei de Murphy.

PP-Você tem algum episódio que acha especial?

Marvim- O conto “Enquanto vagueio pelas cinzas do mundo” do Rodrigo Rahmati, me tocou de maneira muito pessoal. E a entrevista com Lady Sybylla, que foi fantástica, aprendi bastante durante a gravação e antes dela tivemos um bate papo bastante marcante, sobre: vida, representatividade e escrita.

PP-Voltando para a parte da escrita... Como você produz seus contos. Você possui algum método próprio para desenvolvê-los ou segue algum outro padrão? Ou mesmo nem tem padrões?

Marvim- Sinceramente, sou meio desleixado com isso. Mas se tratando do conjunto de contos que estou escrevendo, procuro pensar em um experiência que nunca poderia contar a alguém, que mesmo sendo verdade ninguém acreditaria. A partir daí vou procurando cenários que renderiam uma situação interessante.

PP- Em 2018 mesmo com toda essa crise no mercado editorial, tivemos algumas publicações de autores nacionais que foram bem recebidas pelo público. Você teria algum autor nacional que gostaria de recomendar?

Marvim- Eu realmente não consigo recomendar um autor específico, conheci muita gente boa que precisa ser lida, logo vou indicar fontes. Leiam: a revista Mafagafo, a revista Trasgo e as autoras da editora Dame Blache. Obviamente tem outras fontes bem legais também, mas com essas três vocês irão conhecer muita gente boa de uma vez só. PP-Você teria algum conselho para quem está começando a escrever e também pra quem deseja iniciar um podcast?

Marvim- Pra quem tá começando a escrever aconselho que escute podcast literários, você irá encontrar muita gente mais gabaritada do que eu e que lhe dará ótimos conselhos. E pra quem deseja iniciar um podcast, eu acho que você deveria pensar no que gostaria de ouvir e o que seu podcast vai ter diferente dos outros, afinal “por que vou escutar o seu se tem outro exatamente igual?”.

PP-Foi uma satisfação fazer essa entrevista contigo, espero que tenhamos outras possibilidades. Quais são os planos que o Marvim preparou para 2019?

Marvim- Eu que agradeço o convite, foi uma honra e surpresa participar. Para 2019 planejo,: seguir com a segunda temporada do "EntreFicções" lançar meu site onde vou postar contos do “Marvimverso” (como você disse), terminar o primeiro rascunho de uma novela e sobreviver ao Brasil.

Para conhecer de perto os trabalhos do Marvim e da galera do Curta Ficção acessem: Twitter:curtaficcao Facebook: curtaficcaopodcast www.curtaficcao.com.br

L I T E R A T U R A D E C O R D E L

* D a n i e l a D i a n a

A Literatura de Cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino. Os locais onde ela tem grande destaque são os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará.No Brasil, a literatura de Cordeladquiriu força no século XIX,sobretudo, entre 1930 e 1960. Muitosescritores foram influenciados por esteestilo, dos quais se destacam: JoãoCabral de Melo Neto, Ariano Suassuna,Guimarães Rosa, dentre outros.

O termo “Cordel” é de herança portuguesa. Essa manifestação artística foi introduzida por eles no país em fins do século XVIII. Na Europa, ela começou a aparecer no século XII em outros países, tais quais França, Espanha, Itália, popularizando-se com o Renascimento.Em sua origem, muitos poetas vendiamseus trabalhos nas feiras das cidades.Todavia, com o passar do tempo e oadvento do rádio e da televisão, suapopularidade foi decaindo.

Esse tipo de manifestação tem como principais características a oralidade e a presença de elementos da cultura brasileira. Sua principal função social é de informar, ao mesmo tempo em que diverte os leitores. Oposta à literatura tradicional (impressa nos livros), a literatura de cordel é uma tradição literária regional.Sua forma mais habitual deapresentação são os “folhetos”,pequenos livro com capas dexilogravura que ficam pendurados embarbantes ou cordas, é daí que surge seunome.

A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ela se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma linguagem e temas populares. Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus poemas.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

· Linguagem coloquial (informal)

· Uso de humor, ironia e sarcasmo

· Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, etc.

· Presença de rimas, métrica e oralidade

A literatura de cordel e o repente são duas manifestações populares e culturais distintas. Embora sejam parecidas, cada um possui suas peculiaridades. O repente, feito pelos repentistas, é baseado na poesia falada e improvisada, geralmente acompanhado de instrumentos musicais. Já o cordel, feito pelos cordelistas, é uma poesia popular, com traços de oralidade divulgada em folhetos.

Nas feiras de antigamente e com o intuito de vender sua arte, os cordelistas utilizavam de técnicas de criatividade para atrair o público.

A partir disso, a poesia era recitada (e algumas vezes acompanhada de viola, pandeiro, etc.) e dramatizada nos locais públicos como forma de despertar o interesse da população. Foi justamente esse fato que gerou muita confusão em relação ao repente.

Os autores da literatura de cordel são denominados "cordelistas". Segundo pesquisas atuais, estima-se que há no Brasil cerca de 4.000 artistas em atividade, dos quais se destacam:

· Apolônio Alves dos Santos

· Cego Aderaldo

· Cuica de Santo Amaro

· Guaipuan Vieira

· Firmino Teixeira do Amaral

· João Ferreira de Lima

· João Martins de Athayde

· Manoel Monteiro

· Leandro Gomes de Barros

· José Alves Sobrinho

· Homero do Rego Barros

· Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)

· Téo Azevedo

· Gonçalo Ferreira da Silva

· João de Cristo Rei

*Professora licenciada em Letras Extraído de https://www.todamateria.com.br/literatura-decordel/

CARTAS PARA NINGUÉM

Oi, tudo bem?

Muito obrigado por me escrever, eu bem sei como está se sentindo, mas olha, apesar de não ser tão fácil, é preciso perseverar.

Lembro que quando era mais jovem eu não tinha alguma perspectiva de vida, aliás, eu só vivia em casa sem nada para fazer. De certo modo eu era um pouco preguiçoso à minha maneira, eu acho.

Mas eu sabia que eu tinha que decidir um rumo a tomar, eu escrevia bastante, eram coisas aleatórias e às vezes pareciam não ter sentido, mas eu me sentia bem fazendo aquilo.

Até que houve uma mudança brusca na minha vida, talvez você saiba em outro momento o que aconteceu, por enquanto vou guardar este segredo.

Após várias reviravoltas que aconteceu comigo e algumas pessoas ao meu redor, eis que segui meu sonho e é sobre isso que venho falar com você.

Eu sou a prova viva de que tudo pode dar certo, se você acreditar, mas isso não basta você tem que lutar e fazer com que consiga fazer o que gosta ou conseguir o que almeja, mas lembre-se que isso deve ser da melhor forma possível, com honestidade, humildade e não pisar em ninguém.

Sei que tem tanta gente que por pura ambição comete as piores atrocidades e pior ainda pessoas que nem mesmo esperamos. Triste isso.

Mas você não é assim, você é incrível e pessoas incríveis não se portam de forma medíocre.

Antes de continuar, quero te falar que isso aqui não é nada daquelas coisas de autoajuda, isso não serve para nada, só peço que preste um pouco atenção em você.

Você passará por várias diversidades, muita gente vai querer te humilhar, mas você é muito mais que isso, você é alguém que sonha e sonhadores estão raros neste mundo. Por isso você deve ser diferente, no entanto, isso não tem nada a ver com aquilo que o John Lennon cantava.

A coisa é mais séria.

Essa sua atitude de se auto depreciação não vai ajudar em nada, todo mundo tem seus vícios e suas virtudes, tente o equilíbrio entre eles que você se sairá bem, mas seja persistente e disciplinado, nada cairá do céu.

Você sabe que o que caiu de lá não foi uma boa coisa. Então, sonhe auto, sonhe grande e sonhe muito.

Deixa a procrastinação de lado, busque o melhor para você e siga seu caminho. Não importa se quer ser um grande artista ou seguir bem na sua profissão, ou apenas ter um simples trabalho que você ame e uma família que te faça bem, até mesmo se seu sonho for um casamento com a pessoa que você ama. Sonhe e lute por isso. Acredite que você conseguirá.

Do seu querido amigo, Theodor Mauss

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CONTOS DE FADA NÃO DIZEM ÀS CRIANÇAS QUE DRAGÕES EXISTEM. CRIANÇAS JÁ SABEM QUE DRAGÕES EXISTEM. CONTOS DE FADA DIZEM ÀS CRIANÇAS QUE DRAGÕES PODEM SER MORTOS.

G . K . C H E S T E R T O N

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