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Primeiro Parágrafo Nº 10

ÍNDICE

Advertisement

03 PRINCÍPIOS DE ENSINO DE SANTO AGOSTINHO

07 HOMEM E HOMENS

12 ENTREVISTA

Jannyffer Almeida

15 THE BLACK PAGES

O retrato sublime e impreciso das irmãs Brontë

28 LITERATURA ALBANESA

Editorial

Quem

diria

chegaríamos

aqui?

que

até

Primeiro

A

Parágrafo

foi

programada

para

ter

publicações

mensais,

mas

em

2019

não

pudemos

cumprir

com

o

combinado.

Houve

diversas

dificuldades

e

falta

de

compromisso

por

parte

dos

convidados

para

entrevista.

No

entanto,

estamos aqui!

Esta é a nossa décima edição e não poderíamos comemorar este número

sem algo muito especial. Claro que, todas as edições, nós trabalhamos com

dedicação para apresentar conteúdo de qualidade para vocês, mas nesta

demos nosso melhor possível e trabalhamos com mais afinco!

Este especial com as Irmãs Brontë deveria estar neste número realmente,

pois falar sobre elas é algo que torna tudo mais especial.

Além

das

aclamadas

irmãs,

entrevistei

a

talentosa

professora

Jannyffer

Almeida, que por sinal tem uma admiração pelos clássicos da literatura,

incluindo as Brontë. Também tem uma resenha que a Ana Késya escreveu

sobre

O

Morro

dos

Ventos

Uivantes,

e

confesso

que

está

ótima.

Vocês

precisam ler.

Gostaria que vocês passseassem um pouco pela literatura albanesa. Me

digam, em qual revista vocês teriam contato com a literatura albanesa? Em

nenhuma outra!

Também tem textos de nossos escritores favoritos lá no Litera Br e para

fechar com chave de ouro tem

Meus queridos, convido a todos que façam uma boa viagem por este campo

uma crônica do Gustavo Corção. Pois bem!

florido de boa literatura. Lembrem-se, Agostinho tem muito a que nos

ensinar. Forte abraço!

Augusto Rocha, o editor

P R I N C Í P I O S D E E N S I N O D ES A N T O A G O S T I N H O

P o r v o l t a d e 4 0 0 d . C . , u m d i á c o n o d e C a r t a g o c h a m a d o D e o g r a t i a s p e d i u a S a n t o A g o s t i n h o , e n t ã o b i s p o d e H i p o n a n o n o r t e d a Á f r i c a , s e u c o n s e l h o s o b r e c o m o e n s i n a r a f é à q u e l e s q u e p r o c u r a v a m s e t o r n a r c r i s t ã o s . O u t r o s c r i s t ã o s f r e q u e n t e m e n t e e n v i a v a m c a t e c ú m e n o s ( n o v o s c r i s t ã o s a p r e n d e n d o s o b r e a f é ) a e s s e d i á c o n o e m p a r t i c u l a r p o r q u e e l e e r a c o n h e c i d o p o r s e r v e r s a d o n a f é e t i n h a o d o m d e e l o q u ê n c i a . N o e n t a n t o , o d i á c o n o D e o g r a t i a s t i n h a d ú v i d a s q u a n t o a o s e u p r ó p r i o c o n h e c i m e n t o e m a n e i r a d e e n s i n a r .

C o m o e r a t í p i c o p a r a a q u e l e s q u e e s c r e v e r a m A g o s t i n h o e m b u s c a d e c o n s e l h o s , D e o g r a t i a s r e c e b e u u m l i v r o i n t e i r o e m r e s p o s t a a s u a s p e r g u n t a s . N ã o é u m l i v r o l o n g o , m a s é u m l i v r o e x i g e n t e . C h a m a - s e D e C a t e c h i z a n d i s R u d i b u s ( S o b r e a I n s t r u ç ã o d o s D e s a p r e n d i d o s ) . R e s t a a t é h o j e u m t e x t o c l á s s i c o s o b r e o t e m a d o e n s i n o .

T o d o o c o n s e l h o q u e A g o s t i n h o d á s o b r e o e n s i n o b a s e i a - s e e m u m p r e c e i t o f u n d a m e n t a l : d e v e h a v e r u m r e l a c i o n a m e n t o e n t r e o a l u n o e o p r o f e s s o r . E l e d i z : " A a l m a q u e a n t e s e r a t ó r p i d a f i c a e x c i t a d a a s s i m q u e s e s e n t e a m a d a . . . C o m o q u e p o d e a m a r , o s i n f e r i o r e s a c e n d e m a s s i m q u e e l e d e s c o b r e q u e é a m a d o p o r s e u s u p e r i o r "

F u n d a ç ã o

A a p l i c a ç ã o d e s t e c o n s e l h o e m u m a m b i e n t e e s c o l a r p o d e p a r e c e r ó b v i a - é c l a r o q u e v o c ê a m a s e u f i l h o ! M a s a c h a v e p a r a o a l u n o e m c a s a e p a r a o p r o f e s s o r d a s a l a d e a u l a é q u e a a l m a " f i c a e x c i t a d a a s s i m q u e s e s e n t e a m a d a " . O a l u n o s a b e q u e s e u s p a i s o u p r o f e s s o r e s q u e r e m o m e l h o r p a r a e l e ? I s s o é e x p r e s s o ? É v i v i d o ?

O a m o r é m a i s d o q u e u m s e n t i m e n t o ; é t a m b é m u m a t o . O s a l u n o s s ã o a l t a m e n t e m o t i v a d o s p o r s a b e r e m q u e s e u p r o f e s s o r e s t á t e n t a n d o r e a l m e n t e p r e p a r á - l o s p a r a o m u n d o r e a l , m e s m o q u e s e j a m s o l i c i t a d o s a f a z e r c o i s a s m u i t o d i f í c e i s .

E s s a i d e i a f u n d a m e n t a l a p o i a t o d o s o s p r i n c í p i o s d e A g o s t i n h o . S er e a l m e n t e n ã o n o s i m p o r t a m o s c o m n o s s o s a l u n o s , o r e s t a n t e d e s u a s i d é i a sn ã o p a s s a d e t r u q u e s r e t ó r i c o s .

P r i n c í p i o s

1 . A g o s t i n h o d i s c u t e p r i m e i r o u m p r o b l e m a q u e p o d e c a u s a r c a n s a ç o n o a l u n o : À s v e z e s , o s p r o f e s s o r e s e x p e r i m e n t a m d e s a p o n t a m e n t o o u f r u s t r a ç ã o a o t e r q u e d e s c e r a o n í v e l d o a l u n o . E s s a a t i t u d e p o d e s e i n f i l t r a r f a c i l m e n t e n o t o m d o p r o f e s s o r a o f a l a r c o m u m a t u r m a , r e v e l a n d o a o s a l u n o s u m a i r r i t a ç ã o p o r e s t a r e m t e n d o p r o b l e m a s p a r a d o m i n a r o b á s i c o . I s s o n ã o p a s s a r á d e s p e r c e b i d o p e l o s a l u n o s .

P a r a t r a t a r e s s e p r o b l e m a , A g o s t i n h o i m p l o r a D e o g r a t i a s ( e n ó s ) a l e m b r a r a v i s ã o d a m ã e d e u m a c r i a n ç a p e q u e n a q u e a l i m e n t a s e u f i l h o c o m p e q u e n o s p e d a ç o s n o l u g a r d e p o r ç õ e s m a i o r e s d e t a m a n h o a d u l t o , o u o p a i q u e b a l a n ç a c o m s e u f i l h o e m “ e n c u r t a d o e p a l a v r a s q u e b r a d a s . ” É o a m o r q u e o s m o t i v a , e d e v e s e r o a m o r q u e n o s m o t i v a a e n c o n t r a r a c r i a n ç a o n d e e l a e s t á . U m p r o f e s s o r d e v e c o n h e c e r s e u s a l u n o s e a d a p t a r s e u e n s i n o a o n í v e l d e a p r e n d i z a d o e m a t u r i d a d e .

D e u m a p e r s p e c t i v a p r á t i c a , p o d e m o s a p l i c a r e s s e i n c e n t i v o , a d o t a n d o p l e n a m e n t e o n í v e l d a s h a b i l i d a d e s d e n o s s o s a l u n o s e r e a l i z a n d o p e q u e n o s a t o s , c o m o d e d i c a r u m t e m p o p a r a c o n h e c e r s u a s v i d a s , f o r n e c e n d o a v a l i a ç õ e s c l a s s i f i c a d a s o u n ã o p a r a g a r a n t i r q u e n o s s o e n s i n o s e j a c l a r o e c l a r o . c o m p l e t a m e n t e c o m p r e e n d i d o s e d i r e c i o n a n d o n o s s o e n s i n o p a r a d i f e r e n t e s f o r m a s d e a p r e n d i z a d o ( a u d i t i v o , v i s u a l , t á t i l , e t c . ) . T a m b é m p o d e m o s g a r a n t i r q u e e s t a m o s d a n d o a e l e s t e x t o s a p r o p r i a d o s à i d a d e e n ã o o s l e v a n d o a o p o n t o m a i s a l t o d a a p r e n d i z a g e m a n t e s q u e e l e s e s t e j a m p r o n t o s .

2 . U m s e g u n d o p r o b l e m a q u e A g o s t i n h o t r a t a é o t é d i o q u e o p r o f e s s o r p o d e e n s i n a r a o e n s i n a r c o n s t a n t e m e n t e a s m e s m a s c o i s a s r e p e t i d a m e n t e . O s p r i m e i r o s a n o s d e e n s i n o d e u m n o v o a s s u n t o o u n í v e l s ã o i n t r i g a n t e s e d e s a f i a d o r e s . P o r é m , n o q u a r t o , s e t e o u q u i n z e a n o s , u m a a p a t i a n a t u r a l c o m e ç a a o c o r r e r . E m s e u e s t i l o e l o q u e n t e , A g o s t i n h o d i z : " M u i t a s v e z e s s e n t i m o s m u i t o c a n s a t i v o e x a m i n a r r e p e t i d a m e n t e a s s u n t o s q u e s ã o c o m p l e t a m e n t e f a m i l i a r e s e a d a p t a d o s à s c r i a n ç a s " .

M a s A g o s t i n h o o f e r e c e e s t a s o l u ç ã o : e n c o n t r e a l e g r i a e m r e n o v a r a s c o i s a s a n t i g a s . E l e d i z , N ã o é u m a o c o r r ê n c i a c o m u m c o n o s c o q u e , q u a n d o m o s t r a m o s à s p e s s o a s q u e n u n c a a s v i r a m , c e r t o s e s p a ç o s a m p l o s e b o n i t o s , s e j a n a s c i d a d e s o u n o s c a m p o s , p e l o s q u a i s t e m o s o h á b i t o d e p a s s a r s e m q u a l q u e r s e n s a ç ã o d e p r a z e r , s i m p l e s m e n t e p o r q u e n o s a c o s t u m a m o s a v ê - l o s , e n c o n t r a m o s n o s s o p r ó p r i o p r a z e r r e n o v a d o a o a p r e c i a r a n o v i d a d e d a c e n a ?

A o c o n t e m p l a r a r e s p o s t a d e n o s s o s a l u n o s a a p r e n d e r c o i s a s n o v a s , p o d e m o s s e r r e n o v a d o s . Q u a n d o o s o l h o s d e u m a l u n o s e a r r e g a l a m e e l e e x c l a m a c o m e s p a n t o p o r f i n a l m e n t e e n t e n d e r u m c o n c e i t o d e s a f i a d o r , d e v e m o s s e r m o v i d o s p o r s u a m a r a v i l h o s a a l e g r i a .

3 . E m b o r a p o s s a m o s l a m e n t a r o n ú m e r o d e a l u n o s c o m d i f i c u l d a d e s d e a t e n ç ã o h o j e e m d i a , f i c a c l a r o a o l e r A g o s t i n h o q u e i s s o t a m b é m e r a u m p r o b l e m a e m s e u s d i a s . E l e f a l a d o o u v i n t e q u e i n i c i a l m e n t e e s t á e m p o l g a d o e m a p r e n d e r e d e p o i s " a b r e a b o c a e b o c e j a , e a t é m o s t r a , s e m q u e r e r , u m a d i s p o s i ç ã o d e p a r t i r " .

A r e s p o s t a d e A g o s t i n h o é a s e g u i n t e : o p r o f e s s o r d e v e r e o r i e n t a r a a t e n ç ã o d o a l u n o d i s t r a í d o . E l e d á d u a s m a n e i r a s d e f a z e r i s s o . P r i m e i r o , e l e e x o r t a o p r o f e s s o r a u s a r a s e m o ç õ e s d o o u v i n t e p a r a t o r n á - l o a t e n t o m a i s u m a v e z . E x p l i c i t a m e n t e , e l e i n s t r u i o p r o f e s s o r a p e r m a n e c e r n o t ó p i c o , m a s a u s a r “ u m a a l e g r i a h o n e s t a ” o u u m a e x p l i c a ç ã o o u i l u s t r a ç ã o q u e s e j a i n s p i r a d o r a o u a t é t r i s t e . E v o c a n d o e s s a s e m o ç õ e s , o a l u n o s e d i s t r a i r á d o c a n s a ç o e s e r á o r i e n t a d o a o u v i r n o v a m e n t e a l i ç ã o . N a s s a l a s d e a u l a d e n í v e l s u p e r i o r , e u t a m b é m g o s t o d e r e p r e s e n t a r o a d v o g a d o d o d i a b o e a s s u m i r u m a p o s i ç ã o c h o c a n t e p a r a o s a l u n o s , a f i m d e f o r ç á - l o s a d e f e n d e r s u a p o s i ç ã o - i s s o s e m p r e c h a m a a a t e n ç ã o d e l e s .

S e g u n d o , A g o s t i n h o d i z d i v e r t i d a m e n t e q u e o s e s t u d a n t e s d e v e m r e c e b e r u m a s s e n t o ! ( N a é p o c a d e l e , m u i t a s p a l e s t r a s e r a m o u v i d a s e m p é . ) M a s , n e s s e m e s m o s e n t i d o , n ã o d e v e m o s h e s i t a r e m p e d i r a o s n o s s o s a l u n o s q u e s e l e v a n t e m e s e e s f o r c e m p a r a a j u d a r a r e v i g o r á - l o s .

S a n t o A g o s t i n h o t e m m u i t o m a i s i d e i a s p a r a e n s i n a r e m D e C a t e c h i z a n d i s R u d i b u s q u e d e v e m s e r e x a m i n a d a s , u m a v e z q u e o s e s t u d a n t e s r e a l m e n t e n ã o m u d a r a m a o l o n g o d o s s é c u l o s . A s l u t a s q u e D e o g r a t i a s e A g o s t i n h o c o m p a r t i l h a r a m t a m b é m c o m p a r t i l h a m o s . E m v e z d e t e n t a r t e r n o v a s i d e i a s , v a m o s b e b e r n o p o ç o d o p a s s a d o .

Texto original https://www.memoriapress.com/articles/st-augustines-principles-of-teaching/

HOMEM E HOMENS

M a r t i n C o t h r a n *

Existe uma passagem no Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, na qual Aragorn pede algumas folhas de athelas, uma erva curativa trazida pelos Homens do Oeste para a Terra Média, e que agora é chamada de "rei dos reis". Minas Tirith, a principal cidade de Gondor, está comemorando sua defesa bem-sucedida contra as forças do Lorde das Trevas, cujos exércitos foram esmagados na Batalha dos Campos de Pelennor, mas os feridos de Gondor agora estavam quebrados e precisando de cuidados. Aragorn, o verdadeiro rei de Gondor, roubou à noite a cidade (ele ainda está acampado no campo, aguardando o tempo apropriado para retornar em glória). Disfarçado em uma capa, ele está ajudando a cuidar dos doentes. Aragorn pede athelas, um pedido que é recebido com ceticismo: “Mas infelizmente! senhor, não mantemos essa coisa nas Casas da Cura ”, diz o mestre de ervas. "... Pois não tem virtude que conhecemos, salvo talvez para adoçar um ar sujo, ou para afastar algum peso passageiro."

Aragorn, no entanto, sabe diferente. Ele assegura ao mestre de ervas, comoassegurou ao Hobbit Sam Gamgee no início da história, que, de fato, "temgrandes virtudes":

Então, se Aragorn realmente tinha algum poder esquecido de Westernesse, ou se eram apenas suas palavras da Lady Éowyn que as exercitavam, como a doce influência da erva roubava a câmara, parecia para aqueles que estavam diante daquele vento forte soprou pela janela e não tinha cheiro, mas era um ar totalmente fresco, limpo e jovem, como se antes não tivesse sido respirado por qualquer coisa viva e veio renovado a partir de montanhas nevadas no alto de uma cúpula de estrelas, ou das margens de prata distantes banhadas por mares de espuma.

O efeito é como Aragorn previu: aqueles a quem é administrado não são apenasrevigorados e limpos, mas curados. Athelas é uma erva antiga e, no entanto,tem o poder de promover a cura.

Usar a palavra "virtude" para indicar esse tipo de poder parece natural quando lemos um escritor habilidoso como Tolkien, e, no entanto, quando refletimos de volta, parece estranho. Parece não estar de acordo com a definição da palavra que conhecemos.

De fato, a palavra "virtude" tem uma história interessante. Embora em inglês tenha assumido um tom efeminado, a palavra em si tem origens masculinas. A palavra inglesa deriva do virtus latino, que não só tinha uma conotação masculina, mas na verdade significava "masculinidade". Virtus implica força moral, uma excelência da masculinidade. A palavra em si vem de vir, a palavra latina que significa "homem". Em seu diário militar, as Guerras Gálicas, Júlio César usa a palavra virtus para denotar coragem no campo de batalha, e a Bíblia King James traduz frequentemente a palavra no "poder" inglês, o significado empregado por Tolkien.

Quando dizemos que um ser humano tem “virtude”, não estamos dizendo que ele tem um poder - um poder de fazer certas coisas de uma certa maneira apropriada para quem ele é? A virtude é de fato um poder - um poder que tem a ver com o que é ser homem. A palavra “virtude” em si é uma palavra antiga, e que tem o poder de gerar seu próprio tipo de cura, se pudermos instalá-la novamente.

Existem muitos diagnósticos do que aflige nossa cultura moderna, e um deles é que nós, humanos, pensamos muito de nós mesmos. Muitas vezes ouvimos que o homem se colocou no centro e se fez a medida de todas as coisas. É o humanismo que nos corrompeu, e quanto mais cedo nos livrarmos dele, melhor. Há um sentido em que isso é verdade, mas outro sentido em que é inteiramente falso.

De fato, pensamos demais no homem real; mas pensamos muito pouco no homem ideal. De fato, pode ser que o pensamento moderno seja tão prejudicialmente afetado por não pensar o suficiente sobre o que o homem deveria ser, como em pensar demais nos homens como os encontramos neste mundo.

No Moby Dick de Herman Melville, Ishmael, o narrador, articula uma visão antiga do homem que agora foi praticamente abandonada: Os homens podem parece detestáveis como sociedades anônimas e nações; pode haver escravos, tolos e assassinos; os homens podem ter rostos maus e magros; mas o homem, no ideal, é tão nobre e cintilante, uma criatura tão grandiosa e brilhante que, sobre qualquer defeito ignominioso nele, todos os seus companheiros devem correr para vestir suas vestes mais caras. Aquela masculinidade imaculada que sentimos dentro de nós mesmos, tão longe dentro de nós, que permanece intacta, embora todo o caráter externo pareça ter desaparecido; sangra com mais profunda angústia com o espetáculo não decapitado de um homem arruinado. Tampouco a própria piedade, diante de uma visão tão vergonhosa, sufoca completamente suas repreensões contra as estrelas que o permitem.

Esse é um dos últimos ecos da antiga ordem que dominava no Ocidente: a crença em um homem ideal, um ideal que, através da educação, tentamos aproximar. Nesta passagem, Melville marca uma distinção arrojada entre homem e homem. Homens são o que experimentamos; o homem é aquilo que devemos aspirar a ser. É uma ideia que podemos ver desde Sófocles, que disse: "Maravilhosas são as maravilhas do mundo, mas não são mais maravilhosas que o homem". Melville, como Sófocles antes dele, usou o singular ao se referir ao ideal humano. É essa crença que subjaz a todo o sistema da moralidade clássica.

Esse esquema clássico mais antigo reconheceu duas coisas sobre o homem: a primeira foi que ele tinha uma natureza ideal ou essencial; a segunda era que cada homem individual aproximava-se incompleta e imperfeitamente desse ideal. Essa visão foi compartilhada por todas as culturas pré-modernas, pagãs e cristãs. O cristianismo discordou em parte do paganismo em relação ao que esse homem ideal consistia, mas nem os hebreus, nem os gregos nem os romanos jamais teriam concebido negar a existência desse ideal.

Para os gregos, o ideal do homem estava incorporado na Ilíada, sua grandehistória nacional. A dos romanos foi evocada na Eneida, a história da fundaçãode Roma por Enéias.

Os ideais cristãos deveriam ser encontrados na Bíblia - assim como no vasto tesouro da literatura ocidental que foi influenciado por ela. Era uma crença articulada no livro bíblico de Gênesis e mantida pelos primeiros pais da Igreja: que o homem é a criação mais elevada de Deus e é diferente em espécie dos animais em virtude de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus.

Segundo o filósofo Alasdair MacIntyre, a visão clássica da virtude era simples: era o poder pelo qual o homem passou de homem-como-ele-passou-a-ser a homem-como-ele-seria-se-ele- alcançado-seu-telos, ou propósito. Este telos estava ligado essencialmente à natureza do homem. Ser bom, em outras palavras, era simplesmente agir de acordo com sua natureza. Tornar-se mais virtuoso - tornar-se mais parecido com o homem ideal, expresso nesta natureza humana - era tornar-se mais humano. Para o cristão, isso significava tornar-se mais parecido com o que você foi criado para ser.

Para os gregos e romanos, o poder de fazer isso veio da autodisciplina viril eautogerada. Para os cristãos, esse poder veio pela graça do Espírito Santo.

MacIntyre ressalta que essa visão tradicional da virtude se baseava na visãotradicional do homem: ele era um ser incompleto ou potencial que havia ficadoaquém do cumprimento de sua natureza.

A literatura clássica é o veículo pelo qual propagamos e preservamos nossa civilização. "Somos a única espécie que não conhece sua natureza naturalmente", escreve Russell Banks, "e a cada nova geração deve ser mostrada novamente."

Mas, como athelas na história de Tolkien, a idéia da virtude raramente é mencionada, exceto na voz do ceticismo. As forças sombrias do secularismo moderno que agora dominam nossa cultura, em um ato único na história, abandonaram a crença em um homem ideal. Não há homem; existem apenas homens.

Infelizmente, a virtude é algo que eles não guardam em suas Casas de Educação.

A classe intelectual ocidental, no que o escritor francês Julien Benda chamoude La Trahison les Clercs - "A Traição dos Funcionários" - juntou-se aosinimigos da civilização.

"Tudo sobre nós", disse o crítico literário George Steiner, floresce o novo analfabetismo, o analfabetismo daqueles que sabem ler palavras curtas ou palavras de ódio e astúcia, mas não conseguem captar o significado da linguagem quando ela está em uma condição de beleza ou de verdade.

Mas a virtude ainda tem suas virtudes.

Em sua palestra inaugural em Cambridge em 1954, C. S. Lewis falou de pensadores como ele - e implicitamente, Tolkien e Chesterton - como "homens do velho oeste", homens que, como os homens do oeste de Tolkien, estavam morrendo. Como Lewis previu, eles agora se foram. Mas se cavarmos em seus campos, ainda existem coisas que têm poder cultural para curar.

*Martin Cothran é o diretor da Classical Latin School Association e editor da revista Classoria Teacher da Memoria Press. Ele é autor de vários livros para escolas particulares e domésticas, incluindo os programas de lógica tradicional da Memoria Press, lógica de materiais e retórica clássica, além de Lingua Biblica: Old Testament Stories em latim. Ex-instrutor de latim, lógica e retórica na Highlands Latin School em Louisville, Kentucky. Ele possui um B.A. em filosofia e economia pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e mestrado em apologética cristã pela Simon Greenleaf School (agora parte da Trinity University). Ele é amplamente citado em questões educacionais e outras questões de importância pública e é um convidado frequente do Kentucky Educational Television, do Kentucky Educational Television, um programa semanal de assuntos públicos. Seus artigos sobre eventos atuais foram publicados em vários jornais, incluindo o Louisville Courier-Journal e o Lexington Herald-Leader.

Texto original https://www.memoriapress.com/articles/man-men/

ENTREVISTA

JannyfferALMEIDA

Primeiro Parágrafo: Olá, Jannyffer! É um imenso prazer poder te entrevistar. Para começarmos, eu gostaria que se apresentasse para nossos leitores.

Jannyffer Almeida: Me chamo Jannyffer Almeida, moro em Araguaína-TO, tenho 25 anos. Graduada em Letras-Língua Portuguesa e Literaturas pela UFT, sou professora desde 2015. Fui integrante do grupo de escritores Os Malfeitores do Século XXI, onde pude publicar alguns textos no blog. Além da literatura, tenho um gosto especial pela Teologia, no momento estou cursando Teologia Sistemática. Gosto de rabiscar alguns desenhos e aprecio boas músicas.

PP:Como surgiu, se é que podemos colocar nestes termos, mas de onde vem a sua paixão por literatura?

Jannyffer: Assim que eu aprendi a ler, já quis ler tudo o que aparecia diante de mim. Haha! Eu tinha 7 anos quando me tornei amiga da bibliotecária da escola, então enquanto esperava minha mãe me buscar, ficava lendo, sentada no chão, entre as estantes da biblioteca. Esse foi o início de uma paixão que nunca deixou de ser constante.

PP: Infelizmente há pessoas que não acreditam que a literatura tem o poder de mudar vidas, acham que ler é uma perda de tempo. O que a literatura trouxe de benefício para a sua vida?

Jannyffer: A leitura de boas literaturas me trouxe a formação do meu imaginário, senso crítico, compreensão de diversas realidades e um vocabulário abrangente. A viagem em um livro nunca será vã.

PP: Você possui gênero literário predileto? Se sim, qual é?Jannyffer: Eu gosto muito de romance policial, romance vitoriano, contos e poesias.

PP: Muitos leitores tentam ser escritores, e sei que você também escreve. Suas inspirações para a escrita têm origem nas suas leituras? Já pensou em escrever algum livro?

Jannyffer: Certamente, as boas leituras me inspiram e me ensinam os caminhos para uma boa escrita. Quando criança sempre sonhei em poder algum dia escrever histórias tão boas quanto as que eu lia, então comecei a me arriscar na escrita de poemas. Já pensei em escrever algum livro, mas nunca coloquei esse pensamento em ordem.

PP: Possui um personagem predileto?

Jannyffer: Minha personagem favorita é a Anne Elliot do romance “Persuasão”, de Jane Austen. Na leitura, por muitas vezes, fiquei impressionada com a construção do psicológico da personagem e me fez ter percepções antes não atingidas.

Quando criança sempre sonhei em poder algum dia escrever histórias tão boas quanto as que eu lia

`PP: Moramos num país onde há muitos escritores, porém nossa leitura é um tanto deficiente, podemos ver nitidamente nas redes sociais.Você acredita que um dia nossa forma de ler pode melhorar um dia?

Jannyffer: Acredito e desejo que um dia possamelhorar, mas estou segura de que não estareimais aqui para ver.

PP: Há algum tempo vários canais/páginas sobre leitura vem surgindo e cada um melhor que o outro com conteúdos diversos totalmente aproveitáveis. Você acompanha algum canal ou página com essa temática?

Jannyffer: Sim acompanho alguns! Estes são meusfavoritos: Rodrigo Gurgel, Ju Cirqueira (NuvemLiterária) e Vevsvaladares.

PP: Novamente eu te agradeço por essaentrevista e deixo este espaço para vocêdeixar um último recado para nossos leitores.

Jannyffer: Agradeço ao time da revista Primeiro Parágrafo por esta oportunidade. Desejo muita literatura aos leitores, que vocês sempre tenham sucesso em seus objetivos. Escrevam sempre!

The Black Pages

O RETRATO SUBLIME E IMPRECISO DAS

I R M Ã S B R O N T Ë

Uma biografia define o registro direto de Charlotte, Anne e Emily é uma das histórias mais encantadoras da história literária inglesa. Em julho de 1848, o editor George Smith encontrou esperando por ele em seu escritório em Londres duas “pequenas senhoras bem vestidas, de rosto pálido e aparência ansiosa”. Os menores e mais simples, usando óculos, chegaram até ele com uma carta na mão. Foi dirigido a Currer Bell, o romancista masculino um tanto notório, mais conhecido como o autor de "Jane Eyre". "Onde você conseguiu isso?" Smith perguntou a ela. "Dos correios", respondeu Charlotte Brontë. "Foi endereçado a mim." Foi assim que o segredo das irmãs Brontë foi revelado. O autor mais famoso de Smith era uma mulher - e uma mulher da província.

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Charlotte não se distinguia, com uma cabeça que considerava o Sr. Smith “grande demais para o corpo dela”; ela poderia muito bem ter sido uma missionária, ou até uma cozinheira. Sua irmã mais nova, Anne, tinha uma maneira "curiosamente expressiva de um desejo de proteção e encorajamento, uma espécie de apelo constante". Emily, a irmã do meio, permaneceu em casa em Yorkshire, onde ficava em casa e alimentava os cães.

Smith dificilmente poderia ter imaginado que ele estava presente no nascimento de uma lenda literária tão poderosa quanto a do assassinato de Marlowe ou do suicídio de Chatterton. A história recebida dos Brontë não era tão otimista, mas igualmente sensacional. O mundo logo soube que havia três mulheres de gênio, sem instrução e sem amor, enraizadas em uma casa tão sombria quanto qualquer prisão ou asilo, insultadas por um irmão bêbado e maníaco, oprimidas por um pai severo e às vezes violento, encontrando apenas seu alívio em maravilhosas pequenas caminhadas pelas charnecas de Yorkshire.

Houve uma reação contra esses excessos quando certos fatos infelizmente prosaicos foram introduzidos por Francis Leyland, em sua biografia de 1886. No entanto, a tendência geral continua a ser um tipo de romantismo mórbido, e deve-se dizer que o novo e abrangente trabalho de Juliet Barker, "The Brontës", é o primeiro a se posicionar totalmente contra a lenda. As meninas não eram nem loucas nem más, nem particularmente perigosas de se conhecer. O pai deles, Patrick, era um pai gentil e genial; o irmão deles, Branwell, era um escritor talentoso e engenhoso; Tia Elizabeth Branwell não era a Metodista feroz e dogmática do mito, mas um velho partido bastante vago de visões avançadas. Tudo isso será uma grande decepção para os admiradores mais entusiasmados de Brontë, mas, em troca de suas ilusões, Juliet Barker oferece a eles um relato sedutor e convincente da família sobre os pântanos.

A sra. Gaskell, possivelmente a biógrafa mais crédula e mais sentimental do século XIX, iniciou o processo. Ela já era uma romancista famosa, mas reservou seus melhores toques de ficção para a vida de Charlotte Brontë. Seu retrato sublimemente impreciso foi seguido por obras de vários outros biógrafos, que conseguiram encher seus livros com material mais extravagante do que qualquer coisa encontrada em um romance de Brontë. Uma delas tinha as irmãs comendo “moda cigana” nas charnecas, enquanto outra tentava provar que todos os seus escritos eram baseados em originais irlandeses.

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Patrick Brontë era um irlandês de recursos limitados que, por habilidade e trabalho duro, chegou à Universidade de Cambridge. Ele se tornou um devoto evangélico, então um ministro que conseguiu dar um bom nome ao "musculoso cristianismo". Em 1812, enquanto servia em uma igreja em Hartshead, perto de Dewsbury, Yorkshire, ele conheceu Maria Branwell, sua futura esposa. Ela era brilhante, alerta e enérgica, com sua própria propensão ao fervor religioso. Eles conversaram sobre "o Pai celestial" e "felicidade eterna", mas houve um ou dois toques agradavelmente góticos para resgatar um namoro sóbrio: ele propôs a ela em uma abadia em ruínas, e seu véu nupcial foi perdido em um naufrágio.

Assim, as crianças Brontë emergiram de uma casa piedosa, onde as maquinações das sociedades religiosas locais forneciam o único indício de drama. Patrick cumpriu seus deveres pastorais com consciência e, em uma ocasião notável, pregou à Sociedade Auxiliar Feminina de Bradford por promover o cristianismo entre os judeus. Ele escreveu poemas e histórias que terminavam felizes, como deveriam todas as histórias evangélicas, mas eram estranhamente prescientes das produções posteriores de suas filhas. Maria escreveu também e uma vez compôs um ensaio sobre as virtudes da pobreza. É tudo suficientemente engomado e contido, se não tão sombrio quanto os leitores de "O Morro dos Ventos Uivantes" possam desejar.

Sete anos após o casamento, Patrick Brontë anunciou que "a Providência me chamou para trabalhar em Sua vinha em Haworth". Haworth foi descrito por um clérigo como quase uma “vila pagã”, cujos habitantes tratavam as pessoas “como bestas selvagens”, e é essa a impressão que os biógrafos de Brontë tentaram manter. O fato é, no entanto, que Haworth não era uma represa à beira da desolação, mas uma cidade industrial próspera. Os pântanos adjacentes também têm sido uma fonte de romance, é claro - pelo menos para aqueles que sabem pouco sobre eles.

Cena do fime To Walk Invisible

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A sra. Gaskell os considerava castanhos ameaçadores, mas Barker ressalta que ela os havia visitado apenas na época errada do ano. E o próprio presídio de Brontë não é exatamente a pilha horrível que ela retratou, mas uma casa do final do século XVIII, com alguma elegância e charme. A vista dos pântanos de suas janelas era esplêndida, e não incitava nenhuma associação particularmente grotesca. Aqueles vieram de lugares mais próximos.

Há um ano e meio após a mudança para Haworth, Maria Brontë morreu, gritando continuamente: "Oh Deus, meus pobres filhos, oh Deus, meus pobres filhos!" Quatro anos depois, as duas mais velhas, Maria e Elizabeth, morreram de consumo, contratadas em um colégio interno para as filhas de clérigos. De fato, foram experiências formativas na vida dos irmãos restantes, mas as irmãs Brontë não se tornaram automaticamente os fantasmas silenciosos da imaginação da sra. Gaskell.

Pelo contrário, Barker mostra que sua infância foi essencialmente feliz e que os relatos de sofrimento foram amplamente divulgados como uma forma de desculpar os elementos apaixonados da ficção de Brontë "que os vitorianos consideravam inaceitáveis". Na verdade, os filhos restantes de Brontë eram notáveis apenas nas predileções literárias que compartilhavam, e Barker fornece um retrato maravilhoso de quatro pessoas altamente inteligentes que preferiam a companhia uma da outra à de qualquer outra pessoa e, como resultado, estimulavam a imaginação já superaquecida.

Eles contraíram a "scribblemania" e despejaram um fluxo interminável de prosa e verso escritos em letras muito pequenas em pequenos pedaços de papel. Charlotte e Branwell colaboraram na criação de um mundo fictício conhecido como Angria - e por um tempo, ao que parece, Branwell foi o melhor escritor. Emily e Anne, que se tornaram “como gêmeas, companheiras inseparáveis”, trabalharam juntas em eventos em uma terra chamada Gondal.

Ainda assim, os Brontës precisavam de um campo mais amplo para exibir seus talentos. Parte do motivo de sua imersão nos mundos ficcionais era sem dúvida uma certa insatisfação irritável com o mundo real ao seu redor. E Charlotte era, caracteristicamente, a mais irritável de todas. Ela se considerava feia e acreditava que Haworth era uma “pequena vila miserável”; para uma amiga, ela "parecia não ter interesse ou prazer além do sentimento de dever". Tornou-se governanta e professora, mas não se impressionou com, como escreveu em seu diário, "a apatia e a estupidez hiperbólica e mais asinina desses imbecis gordos" a quem ela tentou instruir.

Os quatro eram romancistas instintivos, principalmente porque não viam distinção entre invenção e realidade; é difícil enfatizar demais o quanto esses mundos irreais significavam para eles, pois parecem ter sonhado, vivido e imaginado muito pouco. Não deveria surpreender, portanto, que sua ficção "madura" provenha diretamente da escrita infantil. As cenas e paixões de "O Morro dos Ventos Uivantes" vêm de Gondal, e Charlotte roubou os capítulos iniciais de "O Professor" de uma das peças de Branwell.

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Ela poderia ser muito dura com as pupilas ... - Um Dolt surgiu com uma lição. Eu pensei que deveria ter vomitado ”, escreveu ela - mas, a partir desse momento, ela também se tornou muito interessante. Ela começou a mostrar todos os sinais da frustração de um jovem escritor: estava com raiva de si mesma por permanecer desconhecida e com raiva do mundo por sua relutância em conhecê-la. Ela enviou alguns poemas para Robert Southey, o poeta laureado, que respondeu que "a literatura não pode ser o negócio da vida de uma mulher, e não deveria ser". Ela tinha 21 anos e embrulhou este terrível conselho com uma nota na própria mão: "Conselhos de Southey a serem mantidos para sempre".

É a vulnerabilidade e o emocionalismo de Charlotte que realmente fazem dela a irmã principal de Brontë- e, de fato, a heroína da biografia de Barker. Ou talvez "heroína" não seja a palavra certa, pois nesse relato notavelmente sincero ela em muitos aspectos surge uma criatura antipática. Nós pensamos que ela era Jane Eyre, mas o tempo todo ela era o Sr. Rochester. Também podemos ter certeza de que essa descrição pouco lisonjeira não é, pela primeira vez, fruto da imaginação biográfica. As avaliações de Barker são tão sóbrias quanto as de um contador.

Ela chama os relatos contemporâneos de Charlotte de "extremamente não confiáveis": a própria Charlotte "exagerou bastante" uma coisa, e outros biógrafos "exageraram bastante" outra; certos relatórios são "improváveis". Se Juliet Barker gosta de soar alguma coisa, é "uma nota de advertência".

Barker foi curadora e bibliotecária do Brontë Parsonage Museum e, nos onze anos que ela pesquisou seu livro, fez um estudo completo de todos os manuscritos disponíveis. Como resultado, seus retratos dos Brontës têm a plenitude da verdade minuciosamente examinada. Charlotte era uma jovem espirituosa e muitas vezes histérica; ela podia ser egoísta, manipuladora e até ocasionalmente maliciosa. Branwell era impulsivo e histriônico; trabalhou sucessivamente como pintor de retratos, tutor e balconista de ferrovias, mas não há dúvida de que o fracasso de suas ambições literárias e artísticas foi o que o levou na direção geral da garrafa.

Anne era obediente e consciente; suspeita-se que ela tenha um caráter mais refinado do que todos os outros juntos, mas estava reservada demais para exibi-lo. Emily buscou conforto em seu próprio mundo imaginativo e não se interessou pelo mundo real. Por esse motivo, ela foi odiada cordialmente por muitas das pessoas que a encontraram. “É curioso”, escreve Barker em um dos momentos mais refrescantes desta biografia sempre revigorante, “que Emily deveria ter conquistado a reputação de ser a mais simpática dos Brontë. . . como todas as evidências apontam para o fato de que ela estava tão absorvida em si mesma e em suas criações literárias, que teve pouco tempo para o genuíno sofrimento de sua família. ”

Imagem do filme To Walk Invisible

Essas "criações literárias" acabaram encontrando uma audiência, por mais chocado que fosse. Charlotte, previsivelmente, foi a força motriz por trás da primeira publicação em forma de livro das obras das irmãs, em 1846, sob os pseudônimos masculinos de Currer, Ellis e Acton Bell. Eles “começaram o mundo”, para usar uma frase contemporânea, com um volume de poemas, dos quais excluíram o trabalho de seu irmão; Barker descreve esse ato como "mesquinho e mesquinho". De fato, a alienação de Branwell dos esforços conjuntos de suas irmãs pode ter sido parcialmente responsável por seu alcoolismo. Não está na moda, nem nunca esteve, ficar do lado masculino nessa situação específica - mas há um argumento a ser argumentado de que o pai e o irmão Brontë foram, em certo sentido, vítimas dessas três mulheres difíceis. A vontade de ferro de Charlotte e o afastamento imaginativo de Emily, por exemplo, devem ter criado uma atmosfera tão inebriante quanto a embriaguez de Branwell....

O livro de poemas vendeu apenas dois exemplares, e Charlotte decidiu que todos deveriam entrar rapidamente em prosa. Ela publicou "Jane Eyre" em 1847; mais tarde naquele mesmo ano, Emily e Anne publicaram "O Morro dos Ventos Uivantes" e "Agnes Gray", respectivamente. "Jane Eyre" foi um sucesso quase sem precedentes. Os outros dois romances se saíram muito melhor do que os poemas, mas seus primeiros críticos geralmente consideravam as narrativas como selvagens e depravadas, e eles estavam, é claro, certos.

"O Morro dos Ventos Uivantes" é uma emanação extraordinária de uma sensibilidade solitária e auto-suficiente, olhando dentro de si e descobrindo uma história inteira da paixão humana. "Agnes Gray" é, francamente, cinza, e a verdade é que Anne Brontë provavelmente não seria lembrada por si mesma - embora seu segundo livro, "O inquilino de Wildfell Hall", possua momentos de horror genuíno. No entanto, ela foi levada à imortalidade nos braços de suas irmãs.

Charlotte é outro caso. Ela era claramente possuidora de gênio e, de todas as irmãs, tinha a mente mais capacitada e mais singular. Ela tinha o traço e selvagem de Emily em algum lugar dentro dela, mas também tinha um senso muito forte da substancialidade das coisas.

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A morte nunca esteve longe dos Brontës. Em 1848, Branwell, meio morto de gim e ópio, completou o processo sucumbindo à tuberculose aos 31 anos de idade. "Em toda a minha vida passada", declarou ele no leito de morte, "nada fiz de bom ou de bom". Charlotte estava mais composta e descreveu sua morte como uma "misericórdia", mas na verdade era apenas o começo de seus problemas. Emily também estava sendo desperdiçada pela tuberculose e recusava sistematicamente ajuda médica. "Ela se apressou em nos deixar", escreveu Charlotte mais tarde.

Era como se mal pudesse esperar para partir de um mundo que mal notara. Anne seguiu alguns meses depois, tão calma e paciente como sempre fora. Os três haviam morrido dentro de oito meses, como se sentissem que pertenciam juntos na morte e na vida.

Charlotte, a única irmã que restou, voltou ao seu trabalho. Parecia ser o único consolo que ela tinha e, após a publicação de "Shirley", no final de 1849, ela recuperou sua ambição. Ela visitou os leões literários de Londres de vez em quando, para uma recepção um tanto confusa. Thackeray a chamou de "uma pessoa muito austera", e uma noite ele saiu de casa para evitar encontrar "a autora". Mas ela nunca se sentiu à vontade na "sociedade".

Ela estava nervosa com estranhos e sempre consciente de sua aparência. Ao ser perguntada se ela gostava de Londres, ela considerou o assunto por alguns instantes e depois respondeu, gravemente: "Sim e não". Em Haworth, ela ficou ainda mais infeliz: muitas vezes estava doente com resfriados e febres, geralmente estava sozinha e incapaz de trabalhar, e sempre estava cercada pelas "lembranças mais tristes" daqueles com quem ela havia compartilhado sua vida. Agora havia apenas o pai dela.

No entanto, eventualmente, ela reuniu as forças necessárias para terminar "Villette" e também para colocar os assuntos de suas irmãs em ordem. Em 1850, ela escreveu um pequeno livro de memórias biográficas, que em retrospecto parece muito mais condescendente do que jamais poderia ter pretendido.

Ela mal se perguntou, disse ela, na "recepção desfavorável" de "O inquilino de Wildfell Hall", pois sua irmã Anne era, afinal, "um pouco mórbida". Barker observa a censura dessa irmã sobrevivente e continua sugerindo (por boas razões) que Charlotte queimou o manuscrito do segundo romance não publicado de Emily - "esse ato de destruição voluntária" baseado na crença de Charlotte de que a "cultura não sofisticada" de sua irmã havia expirado de mau gosto. Seria uma parte da atitude dominante de Charlotte em relação às irmãs na vida, mas é revelado como um dos episódios mais chocantes de toda a história de Brontë. Em suas memórias, Charlotte havia dito que "considerava um dever sagrado limpar a poeira das lápides"; ela quase conseguiu apagar os nomes também.

E então, caro leitor, ela se casou. Ela se casou com a curadora de seu pai, a quem ela certa vez detestara ostensivamente. Ela estava feliz, finalmente, como uma de suas heroínas. Ela escreveu notas divertidas para seus amigos, bem diferente dos severos despachos dos anos anteriores, e tornou-se cada centímetro a esposa ocupada do curador. Nove meses depois, ela estava morta: aos trinta e oito anos, ela era muito velha ou muito frágil para suportar uma gravidez. Agora a lenda poderia florescer. Tudo começou com o que ficou conhecido como "a escola da pobre Charlotte", habilmente assistida pela sra. Gaskell, mas logo se espalhou para as outras irmãs Brontë.

A história deles foi contada por feministas, psicanalistas e historiadores culturais. Se você visitar hoje a Haworth, encontrará canecas e pesos de papel Brontë, dedais e toalhas de chá Brontë, canetas de pena Brontë e conjuntos de bordados: kitsch ou itens de acordo com o gosto. Existem até cabeças de réplicas. Mas Barker percebe que a própria biografia não deve esculpir imagens de pedra ou gesso; e aqui, em "Os Brontës", as três irmãs são restauradas à vida.

Publicado na edição impressa da edição de 18 de setembro de 1995, com a manchete "As Três Irmãs". https://www.newyorker.com/magazine/1995/09/18/the-three-sisters

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Abril de 1814: Maria Bronte (filha de Patrick e Maria) nascida 8 de fevereiro de 1815: Elizabeth Bronte nascida 1815: Patrick torna-se curador em Thornton 21 de abril de 1816: Charlotte Bronte nasceu 26 de junho de 1817: Patrick Branwell Bronte nascido 30 de julho de 1818: Emily Jane Bronte nascida 17 de janeiro de 1820: Anne Bronte nascida 20 de abril de 1820: Patrick se torna reverendo de Haworth; mudanças familiares 15 de setembro de 1821: Maria Bronte (esposa de Patrick) morre de tuberculose

1824: Maria e Elizabeth frequentam a escola Cowan Bridge. Charlotte e Emily seguem no final do ano. 6 de maio de 1825: Maria morre de tuberculose 15 de junho de 1825: Elizabeth morre de tuberculose Junho de 1825: Charlotte e Emily voltam para casa Janeiro de 1831: Charlotte frequenta a Roe Head School Maio de 1832: Charlotte volta para casa 1835: Branwell vai para as Escolas da Royal Academy em Londres, nunca chega às escolas e volta para casa

Julho de 1835: Charlotte se torna professora na Roe Head School. Emily se torna uma aluna lá. Outubro de 1835: Emily volta para casa. Anne toma seu lugar. Setembro de 1837: Emily torna-se professora na Law Hill School Dezembro de 1837: Charlotte e Anne voltam para casa depois que Anne fica doente. Charlotte renuncia a sua posição.

1838: Branwell vai para Bradford para se tornar um pintor de retratos. Março de 1838: Emily volta para casa da Law Hill School Abril de 1839: Anne se torna governanta da família Ingham Dezembro de 1839: Anne é demitida pela família Ingham

Maio de 1840: Anne se torna governanta da família Robinson Agosto de 1840: Branwell trabalha como balconista assistente na Estação Ferroviária Sowerby Bridge Fevereiro de 1842: Charlotte e Emily vão para Bruxelas como alunos no Pensionnat Heger 29 de outubro de 1842: Tia Branwell morre Novembro de 1842: Charlotte e Emily voltam para casa Janeiro de 1843: Charlotte volta a Bruxelas como professora na Pensionnat Heger. Branwell torna-se tutor na Família Robinson

Janeiro de 1844: Charlotte chega em casa 11 de junho de 1845: Anne renuncia ao cargo de governanta da família Robinson Julho de 1845: Branwell é demitido da família Robinson por ter um caso com a Sra. Robinson Maio de 1846: publicação e poemas de Currer, Ellis e Acton Bell 19 de outubro de 1847: Jane Eyre, de Charlotte, publicada Dezembro de 1847: Agnes Gray, de Anne, e Wuthering Heights, de Emily, publicadas Junho de 1848: O Inquilino de Anne de Wildfell Hall publicado

24 de setembro de 1848: Branwell morre de tuberculose 19 de dezembro de 1848: Emily morre de tuberculose 28 de maio de 1849: Anne morre de tuberculose 1849: Shirley de Charlotte é publicada 1853: Villette de Charlotte é publicada 29 de junho de 1854: Charlotte casa com Arthur Bell Nicholls 31 de março de 1855: Charlotte morre de tuberculose e complicações na gravidez 1857: O Professor de Charlotte é publicado 7 de junho de 1861: Morre o Rev. Patrick Bronte

O Morro dos Ventos Uivantes

De Emily Brontë*Por Ana Késya

“Sabes tão bem como eu que, por cada minuto que ela perde a pensar no Linton, gasta mil a pensar em mim! [...] Só duas palavras poderiam descrever o meu futuro: morte e inferno. A minha vida depois de perdê-la seria um inferno. Todavia, cheguei a pensar que ela desse mais valor à amizade de Edgar do que à minha. Que loucura! Nem que ele a amasse com toda a força da sua vil existência, seria capaz de amá-la tanto em oitenta anos como eu num só dia. Catherine tem um coração tão profundo como o meu. Seria mais fácil colocar o mar dentro de uma vasilha, que toda a afeição dela ser monopolizada por ele.”

Caro leitor, você acaba de ler um trecho de uma narrativa composta por amor e obsessão. No centro dos acontecimentos desta história estão Heathcliff e Catherine Earnshaw. Heathcliff, que apresenta uma forma mais rude por ser humilhado e rejeitado; e a altiva e manipuladora Catherine. Ambos desenvolvem uma relação profunda de paixão e também de perversidade.

A história trata-se do declínio de uma família ao longo das gerações. A narração é formada por dois personagens, um chamado Lockwood, que narra parcialmente o presente; e a outra personagem chama-se Nelly, que narra mais o passado e boa parte do livro.

O ENREDO

A leitura inicia-se com o senhor Lockwood, que acaba de alugar uma casa cujo dono é um homem chamado Heathcliff, no qual coincidentemente morava em uma residência próxima à sua casa, nomeada como o Morro dos Ventos Uivantes. Lockwood resolve fazer uma visita à residência do senhor Heatchcliff. Chegando lá, o inquilino e também narrador, percebe um clima um tanto hostil que expandia-se para todos que residiam naquele lugar.

Era como se todos ali possuíssem uma essência de maldade e de total perversidade, especialmente Heatchcliff. Embora o Lockwood se sentisse extremamente desconfortável com esse ambiente, tentou por uma parcela de oportunidades estar próximo de seus vizinhos, já que sua intenção era não se sentir sozinho em um local tão isolado, chamado de Granja dos Tordos. Sua única companhia acabou sendo, na realidade, a governanta da casa que ele havia alugado, uma senhora chamada Ellen, mas que era conhecida pelo apelido de “Nelly”.

Certa noite, Lockwood resolve chamar sua governanta para uma conversa e aproveita a oportunidade para tirar a sua curiosidade sobre aquela família estranha e misteriosa que ele tinha acabado de conhecer. Nelly aproveita para contar a história por trás de toda essa obscuridade da família e começa então a dar origem ao enredamento. Quem começa a narrar agora é a própria Nelly, fazendo uma linha temporal para explicar o quebra-cabeça que envolvia os moradores do Morro dos Ventos Uivantes.

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A partir daí, o leitor começa a entender mais sobre algumas gerações daquela família através dos olhos da Nelly, que mostra tudo o que aconteceu desde o passado até o momento atual. Durante a narrativa é possível captar que Heathcliff é a síntese dessa degradação. Nelly relata que Heatchcliff ou o tal “órfão cigano” que foi então adotado pelo senhor Earnshaw (pai de Catherine), ainda na sua infância era vítima de preconceito na sociedade para a qual foi trazido. Sua criação se dá em meio a inúmeros conflitos — sobretudo com o irmão postiço Hindley, que é menosprezado pelo pai. Por essa razão, Hindley rejeita-o sempre que possível, despertando em Heathcliff um furioso desejo de vingança.

A única pessoa com quem Heatchcliff sentia segurança, além de seu pai adotivo, era com Catherine. De início, ambos tornam-se amigos, mas ao longo do tempo, essa amizade acabou se desenvolvendo em uma paixão avassaladora. Na infância e na juventude, os dois passam os dias nas charnecas da região e constituem um universo particular e inacessível.

Com o passar dos anos, a jovem Cathy resolve se casar com outro homem por convenções sociais, o “bom partido” Edgar Linton, herdeiro da Granja dos Tordos, a propriedade vizinha. As consequências são irreparáveis para todos. Catherine é confrontada por Heatchcliff devido a sua decisão, acaba sucumbindo física e mentalmente, até falecer.

REDEMOINHO SOMBRIO

Heathcliff não é um herói romanesco, assim como é ditado pelos próprios personagens da trama. Um romance ácido, onde é gerado um vórtice de envolvimentos e emoções, é destacado de forma incomum o relacionamento entre Heathcliff e Catherine. O abismo desse enredo aponta-se para o terror psicológico, a ambição e também a vingança. Nesse ínterim agonizante, é cada vez mais claro como eles sugavam a alma um do outro com tanta dor e provocação. Heatchcliff, numa natureza tortuosa, a única coisa pela qual seu coração inclinava-se era para a figura de Cathy. No epílogo desse enlace, o individualismo dos personagens é o grande vencedor desse jogo.

A OBRA

O livro foi publicado no meado do século XIX, pela Emily Brontë, irmã da Charlotte e Anne Brontë. São autoras de “Jane Eyre”, “Agnes Grey” e entre outros que são aclamados pelo público e pela crítica em todo o mundo. “O Morro dos Ventos Uivantes” é aquele livro que classificamos como “fora da caixinha”, pois ele vai muito além de um romance desabrochado, é considerado como uma ficção gótica. Emily Brontë tem uma construção sem igual em sua obra, seu romance mostra uma espécie de experiência sobrenatural, contém uma mensagem agressiva e assinala o mau comportamento, todavia, mantendo sempre os princípios da era vitoriana.

Esse é o tipo de livro que cresce com a releitura, independente do clima tenso, é o tipo de história que merece ser valorizada por completo devido a todos os elementos que se apresenta.

O poder da sua linguagem e a descrição da paixão vívida entre os personagens principais impressionam e deixam perplexos os críticos ao ponto de acreditarem ter sido verdadeiramente escrito por um homem, quando O Morro dos Ventos Uivantes foi publicado em 1847, sob o pseudônimo Ellis Bell. Emily e suas irmãs, que também eram escritoras, resolveram adotar pseudônimos porque naquela época existia um pensamento firme de que produzir literatura era um papel masculino, quase que uma exclusividade dos homens.

Apesar de que tenha recebido muitas críticas na época em que foi lançado, mais tarde o livro foi incluído no cânone dos clássicos da literatura inglesa. É importante mencionar que a obra recebeu várias versões oficiais no cinema e inúmeras adaptações.

Na época em que a obra foi publicada, os críticos reconheciam a intensa força dramática da história de amor e ruína de Heathcliff e Catherine, porém alegavam estar incomodados com elementos da composição. Mesmo com a “violência psicológica da obra”, os críticos compreenderam sua importância na categorização literária. É importante sublinhar a brilhante característica de Emily Brontë. Com todos os seus personagens muito bem desenvolvidos, a autora foi capaz de produzir mistérios em seus personagens, tornando-os maiores do que épocas ou uma categoria de composição literária.

A AUTORA

Emily Jane Brontë. Nascida em julho de 1818, a quinta dos seis filhos de Patrick Brontë, um arcebispo da Igreja da Inglaterra. Em 1820, sua família mudou-se para Haworth, onde o pai de Emily foi um curador, e nestes arredores o seu talento literário brotou. Tinha poucos amigos, era reconhecidamente tímida e reclusa — beirava à misantropia, de acordo com biógrafos. Após algumas tentativas de se tornar professora, frustradas pela saúde frágil, ela retornou à casa da família, em Yorkshire (nordeste do Reino Unido), de onde pouco saiu até falecer, em 1848.

Emily foi uma escritora e poetisa britânica, autora do romance Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes), hoje considerado um clássico da literatura mundial. Durante sua infância, quando passava seu tempo em casa, a sua empregada Thabitha (Taby) costumava contar-lhes histórias, e anos mais tarde Emily a homenageou como a fiel personagem de Nelly Dean, em Wuthering Heights. Emily era autodidata, tinha a capacidade de aprender algo sem ter um professor ou mestre lhe ensinando ou ministrando aulas. Ela aprendeu alemão sozinha através de livros e tocava piano.

A MORTE E UM LEGADO PROMISSOR

No dia 19 de dezembro de 1848, com apenas 30 anos, Emily veio a falecer, depois de contrair tuberculose. Apesar de o seu estado de saúde ter agravado bastante, ela recusou qualquer assistência médica e remédios, dizendo que não queria "veneno, nem médicos" perto dela. Emily Brontë, a autora britânica, conta a história de um dos clássicos da literatura mundial e graças à qualidade e à complexidade dessa construção, o romance resiste até hoje.

É incontestável a importância de Emily Brontë, que transcendeu seu tempo adentrando uma área dominada pelo preconceito de gênero. Sua genialidade e sua coragem acabam deixando uma obra que perdura até hoje tocando as pessoas.

*Ana Késya Menezes é graduanda em Letras Português-Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nascida no dia 6 de março de 1999, na cidade de São Gonçalo (RJ), Ana Késya descobriu sua paixão pela escrita desde que aprendeu a escrever, aos 6 anos. Sendo cristã, ela sempre busca expressar questões do cotidiano com sensibilidade e sob a perspectiva da sua fé. Para conhecer mais seus textos acerca de relacionamentos, vida cristã e resenhas literárias, basta acessar http://anakesya.com .

Literatura Albanesa

P E T E R R . P R I F T I

H T T P S : / / W W W . B R I T A N N I C A . C O M / A R T / A L B A N I A N -L I T E R A T U R E

o corpo das obras escritas produzidas na língua albanesa. O Império Otomano, que governou a Albânia do século 15 ao início do século 20, proibiu publicações em albanês, um decreto que se tornou um sério obstáculo ao desenvolvimento da literatura nessa língua. Os livros em albanês eram raros até o final do século XIX.

O exemplo mais antigo de escrita em albanês é um manuscrito de teologia, filosofia e história, de Teodor Shkodrani, datado de 1210; foi descoberto no final dos anos 90 nos arquivos do Vaticano. Entre outros exemplos iniciais de albanês escrito estão uma fórmula batismal (1462) e o livro Meshari (1555; "A Liturgia" ou "O Missal") do prelado católico romano Gjon Buzuku. A publicação em 1635 do primeiro dicionário albanês foi um marco na história da literatura albanesa.

O autor do Dictionarium latino-epiroticum ("DicionárioLatino-Albanês") foi Frang Bardhi, um bispo católico.

A s p r i m e i r a s o b r a s d a l i t e r a t u r a a l b a n e s a f o r a m e s c r i t a s p o r c l é r i g o s c a t ó l i c o s , c u j o s v í n c u l o s c o m o V a t i c a n o l h e s p e r m i t i r a m c o n t o r n a r a s r e s t r i ç õ e s t u r c a s p u b l i c a n d o s u a s o b r a s f o r a d a A l b â n i a , p r i n c i p a l m e n t e e m R o m a . O s l i v r o s m a i s a n t i g o s , d e m e a d o s d o s é c u l o X V I a m e a d o s d o s é c u l o X V I I I , e r a m p r i n c i p a l m e n t e d e c a r á t e r r e l i g i o s o e d i d á t i c o .

U m a m u d a n ç a o c o r r e u c o m o a d v e n t o d o r o m a n t i s m o e d o s m o v i m e n t o s n a c i o n a l i s t a s d o s s é c u l o s X V I I I e X I X . A v a r i e d a d e d e g ê n e r o s f o i a m p l i a d a p a r a a b r a n g e r f o l c l o r e e l i n g u í s t i c a , e t a m b é m s u r g i r a m l i v r o s d e n a t u r e z a r o m â n t i c a e p a t r i ó t i c a .

O s p r i m e i r o s e s c r i t o r e s a c u l t i v a r o s n o v o s

g ê n e r o s

f o r a m

a l b a n e s e s

h a v i a m

m i g r a d o s é c u l o s a n t e s p a r a a S i c í l i a e o s u l

d a I t á l i a . O s e s c r i t o r e s d e A r b ë r e s h , c o m o

s ã o c o m u m e n t e c h a m a d o s , l u c r a r a m c o m a

a u s ê n c i a d e r e s t r i ç õ e s i m p o s t a s p e l o E s t a d o

n a

I t á l i a

e

p u b l i c a r a m

o s

q u e

l i v r e m e n t e

p a r a

p r e s e r v a r

e

c e l e b r a r

s u a

h e r a n ç a

é t n i c a

a l b a n e s a .

( O t e r m o A r b ë r e s h d e n o t a t a n t o o d i a l e t o q u a n t o a o r i g e m é t n i c a ; é d e r i v a d o d a p a l a v r a A r b ë r i a , o n o m e p e l o q u a l a A l b â n i a e r a c o n h e c i d a d u r a n t e a I d a d e M é d i a . ) O m a i s i m p o r t a n t e e n t r e o s e s c r i t o r e s d e A r b ë r e s h e r a J e r o n i m ( G i r o l a m o ) d e R a d a , c o n s i d e r a d o p o r a l g u n s c r í t i c o s c o m o o m e l h o r p o e t a r o m â n t i c o d a l í n g u a a l b a n e s a . S u a p r i n c i p a l o b r a , m a i s c o n h e c i d a p o r s e u t í t u l o a l b a n ê s K ë n g ë t e M i l o s a o s ( 1 8 3 6 ; " T h e S o n g s o f M i l o s a o " ) , é u m a b a l a d a r o m â n t i c a r e p l e t a d e s e n t i m e n t o s p a t r i ó t i c o s . D e R a d a t a m b é m f o i o f u n d a d o r d o p r i m e i r o p e r i ó d i c o a l b a n ê s , F i á m u r i A r b ë r i t ( " A B a n d e i r a d a A l b â n i a " ) , q u e f o i p u b l i c a d o d e 1 8 8 3 a 1 8 8 8 .

O u t r o s e s c r i t o r e s d e A r b ë r e s h s ã o F r a n c e s c o S a n t o r i , r o m a n c i s t a , p o e t a e d r a m a t u r g o ; D h i m i t ë r K a m a r d a ( D e m e t r i o C a m a r d a ) , f i l ó l o g o e f o l c l o r i s t a ; Z e f ( G i u s e p p e ) S e r e m b e , u m p o e t a ; G a v r i l ( G a b r i e l e ) D a r a ( a m a i s n o v a ) , p o e t a e s á b i a ; e Z e f S k i r o i ( G i u s e p p e S c h i r o ) , p o e t a , p u b l i c i t á r i o e f o l c l o r i s t a .

A a t i v i d a d e l i t e r á r i a g a n h o u i m p u l s o d e p o i s d a f o r m a ç ã o d a L i g a A l b a n e s a d e P r i z r e n , a p r i m e i r a o r g a n i z a ç ã o n a c i o n a l i s t a a l b a n e s a . A l i g a , f u n d a d a e m 1 8 7 8 , e s t i m u l o u o s a l b a n e s e s a i n t e n s i f i c a r s e u s e s f o r ç o s p a r a c o n q u i s t a r a i n d e p e n d ê n c i a d o I m p é r i o O t o m a n o , u m e v e n t o q u e o c o r r e r i a e m 1 9 1 2 . A l b a n e s e s n o e x í l i o - e m C o n s t a n t i n o p l a ( I s t a m b u l ) ; B u c a r e s t e , R o m . ; S o f i a , B u l g . ; C a i r o ; e B o s t o n - f o r m o u s o c i e d a d e s p a t r i ó t i c a s e l i t e r á r i a s p a r a p r o m o v e r a p r o p a g a ç ã o d a l i t e r a t u r a e d a c u l t u r a c o m o i n s t r u m e n t o s p a r a c o n q u i s t a r a i n d e p e n d ê n c i a . O m o t i v o n a c i o n a l t o r n o u - s e a m a r c a r e g i s t r a d a d a l i t e r a t u r a d e s s e p e r í o d o , c o n h e c i d a c o m o R i l i n d j a ( “ R e n a s c e n ç a ” ) , e o s e s c r i t o r e s d a é p o c a p a s s a r a m a s e r c o n h e c i d o s c o l e t i v a m e n t e c o m o R i l i n d a s .

O e s p í r i t o d o R e n a s c i m e n t o a l b a n ê s e n c o n t r o u e x p r e s s ã o , a c i m a d e t u d o , n a o b r a d o p o e t a N a i m F r a s h ë r i . S u a e m o c i o n a n t e h o m e n a g e m à v i d a p a s t o r a l e m B a g ë t i e b u j q ë s i a ( 1 8 8 6 ; " B o v i n o s e C u l t i v o s " ; E n g . T r a d . F r a s h ë r i ' s S o n g o f A l b a n i a ) e s e u p o e m a é p i c o I s t o r i e S k ë n d e r b e u t ( 1 8 9 8 ; " A H i s t ó r i a d e S k a n d e r b e g " ) - e l o g i a n d o S k a n d e r b e g , n a A l b â n i a h e r ó i n a c i o n a l m e d i e v a l - a g i t o u a n a ç ã o a l b a n e s a . H o j e m u i t o s o c o n s i d e r a m o p o e t a n a c i o n a l d a A l b â n i a .

A l i t e r a t u r a a l b a n e s a d e u u m p a s s o h i s t ó r i c o e m 1 9 0 8 , q u a n d o l i n g ü i s t a s , e s t u d i o s o s e e s c r i t o r e s a l b a n e s e s c o n v o c a r a m o C o n g r e s s o d e M o n a s t i r ( h o j e B i t o l a , M a c e d . ) , Q u e a d o t o u o a l f a b e t o a l b a n ê s m o d e r n o b a s e a d o e m l e t r a s l a t i n a s . O c o n g r e s s o f o i p r e s i d i d o p o r M i d ' h a t F r a s h ë r i , q u e p o s t e r i o r m e n t e e s c r e v e u H i d h e s h p u z ë ( 1 9 1 5 ; " C i n z a s e b r a s a s " ) , u m l i v r o d e c o n t o s e r e f l e x õ e s d e n a t u r e z a d i d á t i c a .

N a v i r a d a d o s é c u l o X X , u m a n o t a d e r e a l i s m o , c o m b i n a d a c o m c i n i s m o , a p a r e c e u n a l i t e r a t u r a a l b a n e s a e n q u a n t o e s c r i t o r e s p r o c u r a v a m i d e n t i f i c a r e c o m b a t e r o s m a l e s d a s o c i e d a d e a l b a n e s a , c o m o p o b r e z a , a n a l f a b e t i s m o , f e u d o s d e s a n g u e e b u r o c r a c i a . O s p r i n c i p a i s a u t o r e s d a é p o c a f o r a m G j e r g j F i s h t a , F a i k K o n i t z a ( K o n i c a ) e F a n S . N o l i . F i s h t a - u m n a t i v o d e S h k o d ë r , o c e n t r o l i t e r á r i o d o n o r t e d a A l b â n i a - e r a u m p o d e r o s o s a t i r i s t a , m a s é m a i s c o n h e c i d o p o r s u a l o n g a b a l a d a L a h u t a e m a l c í s ( 1 9 3 7 ; T h e H i g h l a n d L u t e ) , q u e c e l e b r a o v a l o r e a s v i r t u d e s d o s m o n t a n h e s e s a l b a n e s e s .

K o n i t z a , u m d o s p r i n c i p a i s p o l e m i s t a s , é a f i g u r a p i o n e i r a n a c r í t i c a l i t e r á r i a a l b a n e s a . C o m o e d i t o r d a r e s e n h a A l b a n i a ( 1 8 9 7 - 1 9 0 9 ) , e l e e x e r c e u g r a n d e i n f l u ê n c i a s o b r e a s p i r a n t e s a e s c r i t o r e s e n o d e s e n v o l v i m e n t o d a c u l t u r a a l b a n e s a . N o l i é c o n s i d e r a d o p o e t a , c r í t i c o e h i s t o r i a d o r e é c o n h e c i d o p r i n c i p a l m e n t e p o r s u a s t r a d u ç õ e s d e W i l l i a m S h a k e s p e a r e , H e n r i k I b s e n , M i g u e l d e C e r v a n t e s , E d g a r A l l a n P o e e o u t r o s . E n t r e a s f i g u r a s m e n o r e s n e s s e p e r í o d o e s t ã o A s d r e n ( a c r ô n i m o d e A l e k s S t a v r e D r e n o v a ) , u m p o e t a ; Ç a j u p i ( n a í n t e g r a A n d o n Z a k o Ç a j u p i ) , p o e t a e d r a m a t u r g o ; E r n e s t K o l i q i , e s c r i t o r , p o e t a e r o m a n c i s t a ; N d r e M j e d a , p o e t a e l i n g u i s t a ; e M i g j e n i ( a c r ô n i m o d e M i l o s h G j e r g j N i k o l l a ) , p o e t a e r o m a n c i s t a .

U m a f i g u r a s o l i t á r i a n a p a i s a g e m d a l i t e r a t u r a a l b a n e s a d o s é c u l o X X é o p o e t a L a s g u s h P o r a d e c i ( p s e u d ô n i m o d e L l a z a r G u s h o , d o q u a l L a s g u s h é u m a c o n t r a ç ã o ) . R o m p e n d o c o m a t r a d i ç ã o e c o n v e n ç õ e s , e l e i n t r o d u z i u u m n o v o g ê n e r o c o m s u a p o e s i a l í r i c a , q u e é t i n g i d a c o m c o n o t a ç õ e s m í s t i c a s . O s e s c r i t o r e s d a A l b â n i a p ó s - S e g u n d a G u e r r a M u n d i a l t r a b a l h a r a m s o b d i r e t r i z e s i m p o s t a s p e l o e s t a d o , r e s u m i d a s p e l o t e r m o R e a l i s m o S o c i a l i s t a . N o e n t a n t o , o s e s c r i t o r e s m a i s t a l e n t o s o s s u p e r a r a m e s s a s r e s t r i ç õ e s e p r o d u z i r a m o b r a s d e v a l o r l i t e r á r i o i n t r í n s e c o . E n t r e o s m a i s b e m - s u c e d i d o s e s t a v a m D r i t ë r o A g o l l i , F a t o s A r a p i , N a u m P r i f t i e I s m a i l K a d a r e .

O s d o i s p r i m e i r o s s ã o c o n h e c i d o s p r i n c i p a l m e n t e c o m o p o e t a s , e n q u a n t o a r e p u t a ç ã o d e P r i f t i r e p o u s a p r i n c i p a l m e n t e e m s e u s l i v r o s d e c o n t o s , o m a i s p o p u l a r d e l e s é Ç e z m a e f l o r i r i t ( 1 9 6 0 ; A F o n t e D o u r a d a ) . A f i g u r a d e s t a c a d a n a l i t e r a t u r a a l b a n e s a m o d e r n a é K a d a r e , c u j o r o m a n c e i n o v a d o r G j e n e r a l i i u s h t r i s ë s ë v d e k u r ( 1 9 6 3 ; O g e n e r a l d o e x é r c i t o m o r t o ) o c a t a p u l t o u p a r a a f a m a m u n d i a l .

A l i t e r a t u r a a l b a n e s a é t r a d i c i o n a l m e n t e e s c r i t a n o s d o i s p r i n c i p a i s d i a l e t o s a l b a n e s e s : G h e g ( G e g ) n o n o r t e e T o s k n o s u l . E m 1 9 7 2 , n o e n t a n t o , u m C o n g r e s s o d e O r t o g r a f i a r e a l i z a d o e m T i r a n ë , A l b . , F o r m u l o u r e g r a s p a r a u m a l i n g u a g e m l i t e r á r i a u n i f i c a d a c o m b a s e n o s d o i s d i a l e t o s . D e s d e e n t ã o , a m a i o r i a d o s a u t o r e s e m p r e g a o n o v o i d i o m a l i t e r á r i o .

3 Palavrinhas Só

Você nunca irá onde Deus não está. Imagine as próximas horas – onde você estará? Numa escola? Deus habita na sala da escola. Na estrada? A presença dEle paira sobre o trânsito. No ambulatório do hospital, na sala executiva, na sala de estar dos sogros? Deus estará lá. Atos 17:27 diz, “Ele não está longe de cada um de nós”.

Cada um de nós. Deus não tem favoritos. Das multidões nas ruas urbanas aos que vivem isolados em pequenas vilas nos vales e matas, todas as pessoas podem desfrutar da presença de Deus. Mas, muitos não desfrutam! Eles se arrastam pela vida como se não houvesse um Deus que os amasse. Como se a única força fosse a deles. Como se a única solução viesse de dentro, e não de cima.

Eles vivem vidas sem Deus. O salmista determinou “Quando eu estiver com medo, confiarei em ti.” (Salmo 56:3) Coloque a sua esperança em Deus. De repente você se vê demitido. Vozes de dúvidas e medo aumentam o volume. “Como é que pagarei as contas? Quem vai me contratar?” Você acha que perdeu tudo? Decida não cometer este erro. Você não perdeu tudo.

Romanos 11:29 promete que os dons de Deus e o chamado de Deus estão em plena garantia – nunca cancelados, nunca revogados. O que você tem que não pode perder?

Você pode dizer a si mesmo, “Ainda sou filho de Deus. Minha vida é mais do que esta vida. Estes dias são um vapor, um vento que passa. Isso um dia passará. Deus fará algo de bom de tudo isso. Eu me esforçarei, permanecerei fiel, e confiarei nEle, não importa o que acontecer.”

Decida atender ao chamado de Deus para sua vida. Você é filho de Deus. Sua vida é mais do que esta vida, mais do que este coração quebrado, mais do que este tempo difícil. Deus não quebrará uma promessa. Você vai sair dessa.

Livros na Prateleira

Hereges- G.K. Chesterton

H e r e g e s é u m a o b r a e m q u e G . K . C h e s t e r t o n ( 1 8 7 4 – 1 9 3 6 ) e s b o ç a a p r ó p r i a f i l o s o f i a a o i d e n t i f i c a r o s p o n t o s f r a c o s n a s f i l o s o f i a s d e s e u s c o n t e m p o r â n e o s . U m “ h e r e g e ” , e x p l i c a , é “ u m h o m e m c u j a v i s ã o d a s c o i s a s t e m a a u d á c i a d e d i f e r i r d a m i n h a ” . S u a c r í t i c a n ã o s e l i m i t a à a n á l i s e d e a u t o r e s e s p e c í f i c o s .

T e m u m s e n t i d o m a i s g e r a l . P a r t i n d o d a a n á l i s e d o s e r r o s d e u m c o n j u n t o h e t e r o g ê n e o d e e s c r i t o r e s m o d e r n o s , e x p l i c a o q u e c o n s i d e r a e s t a r e r r a d o c o m o p e n s a m e n t o d o m u n d o m o d e r n o . P u b l i c a d o e m 1 9 0 5 , H e r e g e s a b r e c a m i n h o p a r a O r t o d o x i a , q u e s u r g e t r ê s a n o s d e p o i s . O r t o d o x i a a p r e s e n t a a f i l o s o f i a d e C h e s t e r t o n n o q u e c h a m a d e “ c o n j u n t o d e i m a g e n s m e n t a i s ” .

H e r e g e s t r a z u m r e l a t o m a i s a n a l í t i c o d a s f i l o s o f i a s d o s e s c r i t o r e s d e s e u t e m p o . I s s o f o i a l g o p r o v o c a d o r . N a b i o g r a f i a d e C h e s t e r t o n , M a i s i e W a r d ( 1 8 8 9 – 1 9 7 5 ) c o m e n t a s o b r e a a n i m o s i d a d e c o m q u e o l i v r o f o i r e c e b i d o . C r í t i c o s q u e t i n h a m b o a s c o i s a s a d i z e r s o b r e o s e s c r i t o s a n t e r i o r e s d e C h e s t e r t o n a r e s p e i t o d e R o b e r t B r o w n i n g ( 1 8 1 2 – 1 8 8 9 ) o u C h a r l e s D i c k e n s ( 1 8 1 2 – 1 8 7 0 ) f i c a r a m i r r i t a d o s a o p e r c e b e r q u e e l e v o l t a r a a a t e n ç ã o c r í t i c a p a r a o q u e c o n s i d e r a v a “ e r r o s d o s a u t o r e s c o n t e m p o r â n e o s ”

Aprendendo Inteligência-Pierluigi Piazzi

Escrito pelo prof. Pierluigi Piazzi, Aprendendo Inteligência é um manual dedicado aos estudantes de todos os níveis. Com dicas simples e fáceis de por em prática, o livro contraria o conceito de que a inteligência é um fator inato e ensina o leitor a usar a própria inteligência para se tornar uma pessoa mais capacitada.

Além das preciosas dicas, Aprendendo Inteligência também apresenta um panorama do que há de errado nas escolas e na maneira como os alunos encaram os estudo, mostrando que os erros mais comuns podem ser evitados e o tempo pode ser melhor aproveitado, possibilitando que se estude menos e se aprenda muito mais!

GREVE DE MIMLucas Motta

Nascido em Sertãozinho, interior de São Paulo, é um jovem publicitário, escritor, e músico nas horas vagas. Amante de Pablo Neruda, aprendiz de Cartola e melancólico por natureza, suas maiores influências se conectam entre a linha tênue do pós modernismo e o romantismo.

Metade de mim Foi e permaneceu Vida que segue Parte de outro eu Nos detalhes te amei Velho vício E veio o início O meu compromisso Morrer de amor por você O eu lírico canta E encanta outra vez Com os olhos afogados Quebrando o silêncio Sentindo a voz rouca Te trago entre os dedos Minha velha lembrança Herança do Éden Minha pequena Eva O peito aperta A alma afaga O pecador sou eu O brinde dos nossos corpos Puros e famintos Feito canibais

Nova aurora A quinta parte do fim Da primavera ao caos Tão perdidos em nós Os dizeres eternos Hoje tão triviais Como nós Tão a sós Sentindo tudo Em meio ao nada E nada se compara Com o que um dia foi tudo Mas tudo mudou Menos a saudade Sentimento puro O nós perdidos no mundo Mudos e calados Prontos pra navegar Hoje eu sou criança E a vida um trampolim Nosso réquiem Enfim Faço greve de mim Grave fome de nós dois O vasto vão azul A vista tão distante Cada instante Um último momento Como pequenas embarcações Somos nós Eterna partida A nossa poesia Amém

PRISIONEIROS DO SUBTERRÂNEOJoão Dias Ferreira Neto

Escritor, músico e historiador de Olinda - PE. Seu estilo de escrita funde influências do romantismo, simbolismo e surrealismo.

"Fazer sucesso no Brasil vira ofensa", já diria Tom Jobim Sendo filho do underground parece pior: diagnóstico de lepra Talvez por a um bom tempo o sucesso seja cadeira cativa pra boçais E os Mobrais assaltaram o auditório abastecendo os urubus da "indústria cultural" Mas vai aí a pergunta tagarela: - Quem é o culpado dos bons não estarem lá? 'cês brigam e deixam impressões típicas de suínos Com divisões e agressões gratuitas ao sucesso alheio Não melhoram a si mesmos E não deixam ninguém melhorar a si, a eles e ao mundo Aborto eletrônicos, rudes plebeus da burrice coletiva Não me fale suas velhas motivações vencidas Seus ideais perdidos no tempo que nem vocês realmente seguem O fim trágico da ilusão das pedras que atiram em nós Beijam e cospem, armam pedestais pra os chutar A espera de um milagre enterrando os heróis da resistência Pras corridas que 'cês dão, o único prêmio é o cansaço Depois reclama que tá tudo morto Mas olhe o sangue em suas mãos mostrando o autor do assassínio - Prisioneiros do subterrâneo espancam até a morte outro fugitivo do mito da caverna pós-moderno

(Olinda, 12 e 13/05/2020)

QUEM ME DERAFelipe Marcos

24 anos e sou do Rio de Janeiro. Descobri meu interesse pra poesia em 2015 através de um blog coletivo de escrita entre amigos chamado Os Malfeitores do Sec. XXI. Não tem muito segredo. Aprendi a escrever tentando, e aos poucos me aperfeiçoando em expressar meus sentimentos através da escrita.

Quem me dera se sem eu nem perceber um corpo celeste beijasse a terra Reduzisse o tudo, até que o tudo fosse nada E quem me dera se o Eterno me eximisse de meus delitos Pra que nesse momento eu pudesse ter a certeza de que despertaria entre as nuvens Se em um milésimo de coragem eu voasse em direção as estrelas Se num olhar distraído minha sombra deixasse de me perseguir Se a realidade simplesmente se negasse a existir Se um redemoinho sugasse meus imbróglios e os levassem para bem longe E quem dera se apenas os escombros deste solo restassem Há quem sinta esses desejos E cada dia mais eu os compreendo O pó que me formou clama por meu retorno Minha alma clama apenas por bonança E talvez só a encontrará retornando ao pó. ⠀

ACELDAMAJannyffer Almeida

Graduada em Letras-Língua Portuguesa e Literaturas pela UFT, sou professora desde 2015. Fui integrante do grupo de escritores Os Malfeitores do Século XXI, onde pude publicar alguns textos no blog. Além da literatura, tenho um gosto especial pela Teologia, no momento estou cursando Teologia Sistemática. Gosto de rabiscar alguns desenhos e aprecio boas músicas.

"Meus lábios jamais deveriam ter malsinado Aquele Homem!” Fugindo às pressas Tombam tumbas tolas Batem e sucumbem caindo em ossos Antepassados consagrados, sepultados Pode blasfemar e zombar dos seus ossos Após o decesso nenhum mal lhe causará Quando o enganador é enganado A morte está à porta Não há retorno na traição Desejando que aquilo fosse um pesadelo Mas as mãos no pescoço mostravam Não! Não! Seguidor, já é tarde para se livrar Solitário corpo sob vários sóis Vísceras no chão.

Buscando referências para que tendências não interfiram na minha essência, o desaflorar é continuo, mudanças são necessárias...E um dia quem sabe eu possa ser minha própria referência."

Abolir: Verbo transitivo direto; Fazer cessar; Tornar extinto; Revogar; Anular.

É, difícil de acreditar Que em pleno século XXI Liberdade mascarada Na teoria da eugenia Subalterno ao de terno, Caminha para a margem Com sorriso de esperança E lágrimas de desespero

Na fanfic da libertação, Neo Onde já se viu Quem descobriu, Nada achou e quem achou Pouco usufruiu, que

Isso é pra você vê, Só não enxerga quem não quer, que A revolta dos Malê É passo-a-passo Do proceder, e

O Haiti é aqui, Aham...antes fosse Rapadura é doce, pro Cachorro banguelo Tanto faz, Gueto Alcatraz Personifica a realidade, Que é nós por nós... E que o que acontece no breu Tem sempre um toque Europeu Quero ver sair dessa Matrix, Morpheu!

O ABRAÇO NO TEMPOGutox Wintermoon

Cristão, professor, Historiador por formação, bacharelando em Filosofia que tem a Literatura por amante. Tornou-se amigo da Teologia por mera curiosidade. arrisca ser poeta, escritor e caminhar na jornada do herói. Sobrinho de Tolkien, Lewis, Chesterton e adestrador do corvo do Poe. Participou da melhor sociedade de escritores já existente que é Os Malfeitores do Século XXI. Criador da revista Primeiro Parágrafo e do Instituto Maiêutica

https://manuscritosdigitados.wordpress.com

Eu nunca neguei o tempo e cada vez mais ele parece tão próximo, me trata como amigo de eras, mas estou aqui há pouco anos. Observo o vento balançando os braços das árvores, elas parecem felizes com o chacoalhar e soltam risos em forma de folhas no ar. Eu procurei por alguns rascunhos que tinha deixado na estante, eles estavam rasurados como se estivessem desistido de mim.

E é por isso que escrevo novos versos, para que eu não desista da minha literatura. Mesmo que pareça tão vaga e sutil, minha pretensão é poder envolver cada olho que espia essas letras em um papel aveludado para que os corações se aqueçam neste inverno tardio que assola a cidade.

O sono vela cada pensamento que podemos ter e tudo isso pode virar poesia em boas mãos. Por mais distante que seja, eu ponho meus olhos na linha de chegada, afinal a vida é uma maratona que todos nós disputamos com nosso próprio orgulho.

Sempre deixamos rastros, nossas pegadas, amores não e correspondidos, nossaassinatura é aquilo que deixamos marcado em cada pessoa que uma vez foi larpara nós.

Eu apenas desejaria voltar para poder assinar com minha melhor caligrafia e nãomanchar nada ou inserir virgulas em lugares indevidos.

Muitos de nós buscamos a felicidade como se fosse o ápice de tudo que existe,esquecemos de apenas viver e esperar que a felicidade brote sem pretensão.

A fotografia desbota, o quadro entorta e uma hora o céu fica nublado, mas em tudoisso há beleza. A memória se torna um ente querido.

Desde que me entendo por gente eu abracei o tempo, talvez por isso ele me tratecomo amigo de eras apesar de estar aqui há poucos anos.

Mas o importante é que estes versos mesmo rasurados e se algum momento atéeles me abandonarem eu estarei aqui perpetuado sem mácula ou desencanto.

Cartas ParaNinguém

Olá, novamente!

Eu não sei como reagir neste momento que você está passando, mas agradeço por todas as notícias que está me dando. Cada carta que recebo é um alívio, mas infelizmente esta pesou meu coração.

Estamos num momento que não está fácil para ninguém e todas as nossas relações com as outras pessoas se tornam mais sensíveis neste período. Eu tenho tomado muito cuidado para não machucar ninguém com qualquer atitude ou palavra, pois sei como tudo está por aqui.

Infelizmente houve uma perda em sua casa e eu poderia tentar falar qualquer palavra de conforto, mas envio meu abraço que fala mais que qualquer palavra que eu pudesse expressar.

Graças a Deus há outras pessoas contigo e você não está sozinha.

Neste momento não podemos abandonar a esperança, pois ela que nos faz continuar a caminhar e não perecer no meio da estrada.

Lembra que eu estava planejando em ir te visitar? Infelizmente não há possibilidades no momento, mas cabe aqui um carinho especial..

Oro para que tudo ocorra bem a partir de então. esteja firme em Deus, Ele está cuidando de nós.

Logo poderemos nos ver e o momento será de alegria.

Do seu querido amigo, Theodor Mauss

A SEMANA DO GARI

Gustavo Corção

Se o leitor imaginava que o assunto de hoje seria a Carta Apostólica de Paulo VI, enganou-se redondamente. Eu também me enganava, e acabaria escrevendo alguma coisa de meu catálogo de aflições de acaso a vista cansada não fora atraída para o canto da página 3 do mesmo “O Globo” onde começara a ler o documento pontifício. Lá estava, num anúncio discreto e encantador, uma carrocinha de lixeiro cheia de flores, e em cima estes dizeres líricos e proféticos: “... ALGUM DIA SÓ RECOLHEREMOS FLORES...” Fiquei inteirado: estamos na Semana do Gari.

Sim, leitor amigo, na exígua semana de seu irmão varredor que você de longe vê na sua roupa de fogo desbotado a tentar uma façanha maior do que as famosas de Hércules: limpar os caminhos dos homens. Assim sendo, disse eu com meus velhos botões, não posso faltar.

O Papa espera. O gari é que só tem essa escassa oportunidade de cantar sua esperança. Não posso faltar. Creio que, entre as recordações vez por outra aqui largadas, já disse qual foi o meu primeiro (e último) cargo público. Repito hoje com muita honra: fiscal de lixeiro. Naquele tempo, lá em casa, as vacas andavam esqueléticas. Eu precisava arranjar umemprego, e arranjaram-me aquele.

Assinava o ponto em São Cristóvão, às 4 horas de madrugada, e recebia do chefe o itinerário que devia percorrer a carrocinha puxada por um burro e conduzida à distância por um lixeiro maltrapilho que mandava o burro parar e andar com uns gritos especiais que só o animal entendia.

Devia eu acompanhá-los de longe. Nos primeiros dias pareceu-me odioso o ofício de fiscalizar um pobre tão pobre. Morreria de vergonha se ele me visse e soubesse que eu o espiava. Tentei seguir itinerários diferentes, mas então afligia-me a idéia de não estar obedecendo à ordem que me haviam dado. Afinal encontrei uma fórmula: em vez de acompanhá-lo de longe como fiscal, acompanha-lo-ia de perto como lixeiro suplente ou como amigo. E assim as quatro horas de serviço encurtaram para nós ambos porque íamos andando e conversando. Lembro-me bem de um que tinha a minha idade e deixara em Muriaé uma namorada chamada Emília.

Abriu-se comigo: como se conheceram, quem era ela, o que diziam quando conversavam na praça da Matriz. Um dia perguntou-me se eu poderia pôr numa carta toda a saudade que fervia nele. Mas essa carta deveria começar assim: “Idolatrada Emília”. Verti na carta, a seu pedido, todas as clássicas comparações das partes do corpo com as demais riquezas do universo — alabastro, marfim, safira, asa de graúna etc. — e pedi-lhe que abrisse mão do“idolatrada”, mas ele ficou irredutível.

Outras vezes filosofávamos; e enquanto o burrico obediente ia arrastando devagar as sobras, os detritos e as sujeiras de uma longa rua adormecida, nós dois, irmãos pelo lixo, conversávamos sobre as coisas simples e luminosas que são os assuntos irresistíveis de todas as almas eternizadas pela humildade e pela pobreza. Não me lembram hoje os nomes dos garis que fiscalizei ou acompanhei, mas de uma coisa estou certo: não é como intruso, nem como letrado discursador, que me intrometo na semana dos varredores; entro na festa como um velho gari aposentado que, mercê daquela prática adquirida, se obstina em querer ainda hoje despejar o lixo que afeia e entristece a Cidade de Deus. E por falar em Cidade de Deus, junto os pés e num salto galgo vinte anos de vida mal vivida. Acho-me agora às portas daquela Cidade a procurar, como num pesadelo, o itinerário de um gari extraviado. Nessa procura encontrei um moço poeta que acabara de escrever um poema que começava assim:

Varredor que varres a rua,Tu varres o Reino de Deus...

E que terminava numa esperança parecida com o anúncio de hoje. Chamava-se Lauro Barbosa, tinha idade para ser meu filho, mas teve mão para guiar-me como um pai, como um padre. Recordar ou coçar, é só começar. Se a coluna das quintas e sábados não tivesse seus limites, e não devesse eu, por vocação de lixeiro perpétuo, assinar ponto e obedecer, a recordação vadia se espraiaria, e todo o papel do jornal seria pouco para patentear a gratidão que carrego por tudo o que vi e ouvi e pelo que recebi de todos, a começar pelos humildes companheiros de perambulantes e fedorentas matinas.

Cada um de nós traz em si encolhido, recolhido, um personagem de Dostoievsky. O meu já várias vezes me compeliu a beijar o chão por onde passam os pés, e a beijar os objetos, acadeira, esta mesa, que mãos invisíveis continuam a aplainar para mim, eternamente. Hoje, o meu Marmeladov me atira de joelhos, com um cachação, a me dizer severamente que não seja esquecediço e que reze pelos meus irmãos varredores que aqui, ou alhures, continuam a varrer o Reino de Deus.

Eu também, amigo e irmão gari de antigamente e de hoje, eu também vivo a acompanhar uma carrocinha, a recolher lixo e a sonhar um dia em que SÓ RECOLHEREMOS FLORES... Quem foi o poeta municipal, perdão, estadual que escreveu para nós garis estas palavras que soam como orações? Deus o acrescente. Deus lhe pague. O Rei David, grande Profeta e cantor, nunca fez, que eu saiba, a experiência de lixeiro que nós fizemos, mas sua alma imensa adivinhou a dor comum de todos os peregrinos, e por isso pôde concluir na substância de seu Salmo esta esperança de lixeiro:

. . . vão andando, chorando, carregando lixo, masum dia, ALGUM DIA, voltarão jubilosos, cantando esobraçando palmas e ramos de flores...

https://permanencia.org.br/drupal/node/312

É INÚTIL DIZER QUE OS SERES HUMANOS DEVERIAM CONTENTAR-SE COM A TRANQUILIDADE. ELES PRECISAM DA AÇÃO. E, SE NÃO A ENCONTRAM, IRÃO CRIÁ-LA. MILHÕES ESTÃO CONDENADOS A UM DESTINO MAIS PACATO QUE O MEU, MILHÕES VIVEM UMA REVOLTA SILENCIOSA CONTRA SUA SORTE.

CHARLOTTE BRONTË

ABOLIR"Tiago Sant'Anna AKA. TiCão

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