Arte(vista) 2014

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Django

“A alma de Django nunca

será verdadeiramente livre...”

Mafalda

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“Mafalda luta pela

contrução de uma sociedade melhor.”

Shameless

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“Uma série envolvente e divertida...”

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3D street art

“...ilusão de ótica de um inexplicável realismo.”


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Editorial

É com o verão à porta que a Arte (vista) dá o ar da sua graça! Foi uma equipa empenhada que

se bateu para fazer chegar até si o melhor de acordo com os nossos princípios e dentro de um amplo leque de temáticas.

A Cultura e Arte são as protagonistas deste nosso projeto. Estas duas vertentes, que se demarcam

no panorama das expressões artísticas contemporâneas, foram as que nos mobilizaram, de certa forma, quanto à criação e formação deste projeto e à sua construção.

No corrente número pretendemos fornecer uma vasta informação, objetiva e clara, de forma

regular, sobre os mais variados assuntos, tanto a nível nacional, regional e internacional. A aposta num design de qualidade e inovador é indispensável, tendo o primordial intuito de manter um equilíbrio entre a informação transmitida, nunca esquecendo de cativar os leitores. A «Arte(Vista)» assume-se como um espaço independente, diverso e arrojado, regendo-se pelos valores éticos e deontológicos do jornalismo. Defende a livre expressão de ideias, a leveza informativa e a distinção clara entre opinião e informação. O pluralismo de conteúdos e matérias é e será para nós uma missão a seguir.

O cinema, a literatura, a arte urbana, a fotografia, a dança, as séries televisivas, a banda

desenhada e a moda, dão corpo à revista e preenchem as páginas da mesma, sendo estes alguns dos principais postulados no que toca à arte contemporânea. Dizia Ivan Turgueniev que a «A arte de um povo é a sua alma viva, o seu pensamento, a sua língua no significado mais alto da palavra; quando atinge a sua expressão plena, torna-se património de toda a humanidade, quase mais do que a ciência, justamente porque a arte é a alma falante e pensante do homem, e a alma não morre, mas sobrevive à existência física do corpo e do povo.», para nós não há melhor definição possível!

A direção da revista assume, então, que cada contributo e tempo despendido por cada um de

nós, valeu a pena para que a revista e a sua redação chegassem a bom porto e atingissem, de facto, o objetivo pretendido no início deste projeto. Nesta revista, que é tão nossa, colocamos nela, de forma inequívoca, os valores que regem a nossa identidade. «Deus quer, o homem sonha e a obra nasce.». Assim o dizia o grande Fernando Pessoa, e é com total convicção que a direção da revista reitera, em nome de toda a equipa, que foi, sem dúvida, enriquecedor e prazeroso fazer parte deste projeto.

O que todos sentimos com o culminar deste número lembra-nos que, embora tenhamos origens,

percursos de vida, opiniões ou pensamentos diferentes, os nossos corações batem em uníssono para que consigamos ter uma revista coesa, íntegra e cheia de qualidade.

Por Miguel Domingos e Fernando Gamito

Diretor Geral Miguel Domingos

Diretor Adjunto Fernando Gamito

Diretores de arte Alexandre Carvalheiro Catarina Gil


A a n a c i s ú m

7ª arte

4 - Arte(Vista) - Cinema


M

úsica é um elemento indissociável da 7ª arte: desde os tempos do cinema mudo, em que partituras inteiras eram compostas para serem tocadas ao vivo, até aos dias de hoje, em que certas canções têm mais destaque que o próprio filme em que estão incorporadas. Esta associação entre as duas (e por vezes mais) formas artísticas é feita, nalguns casos, de forma ignóbil, e noutros de forma mais ou menos acertada. No entanto, quando realizador, compositor, atores e toda a equipa técnica se encontram em perfeita harmonia, por vezes, acontece magia. Acontecem aqueles flagrantes e dissimulados momentos, pelos quais os amantes de cinema “rezam”, cada vez que as luzes se apagam na sua “igreja”. Convida-vos a participar numa demanda que visa encontrar e debater momentos destes, em que música e imagem se mesclam perfeitamente. Momentos mágicos que estão dispersos em incontáveis cenas produzidas ao longo dos tempos. Para começar esta aventura, a proposta é um filme que raramente é mencionado: principalmente, considerando a cena em questão. Falo-vos de “Perfume de Mulher” de Martin Brest. Nomeado, em 1993, para 4 Oscares, incluindo o de melhor filme, este drama americano é recordado sobretudo por ser a causa do único galardão da Academia atribuído à lenda viva, Al Pacino.

No papel do cego Tenente-Coronel Frank Slade, Pacino é colocado sob a tutela de um jovem interpretado por Chris O’Donnell. Estando ambos em encruzilhadas distintas nas suas vidas, têm de encontrar forma de conviver e sobreviver através de uma aprendizagem mutua. Em determinada altura do filme, Frank convida uma bonita mulher para dançar o tango num restaurante. A música que a orquestra presente toca é um clássico do músico argentino Carlos Gardel: “Por una Cabeza”. Embora a música tenha letra, a versão utilizada, tocada pelo grupo “The Tango Project” não faz uso da mesma. Reconhecida como um dos maiores hinos cinematográficos de todos os tempos, esta música é também utilizada por Steven Spielberg ao apresentar-nos o protagonista de “A Lista de Schindler”, Oskar Schindler. Tango é um estilo musical do qual é inseparável uma carga sexual bastante evidente. Os seus acordes parecem afligir o ouvinte, ao ponto de o fazer procurar pelo seu par: para a dança e para o resto da vida.

Arrancando discreta e nervosamente, a música dá tempo para o par se conhecer. Uma vez ganha a confiança, ambos se enrolam numa doce e frenética luta pelo prazer do outro, que culminará num abraço artístico, criando como que uma estátua eterna, exposta para que todos os contemplem. Ora, a personagem de Al Pacino fica, tal como o título do filme indicia, “embriagado” na presença de belas mulheres e de tudo o que lhes é inerente: o toque, o riso, a voz, a pele e, principalmente, o perfume. Mantendo um registo irónico, soturno e carrancudo durante toda a película, o protagonista mostra nesta cena uma felicidade e excitação incontidas, como se fosse um rapazinho a dançar com a rapariga dos seus sonhos. E esta é a magia que se procura no cinema: esquece-se a ficção e um sorriso rasgado começa a surgir nos lábios do espetador, como se a felicidade destas personagens fosse de uma vital importância. E afinal de contas: não é?

Catarina Perez e Diogo Simão

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A vida de uma futura lenda:

Michael Fassbender Nascido a 2 de Abril de 1977, de mãe Irlandesa e pai Alemão, passou os primeiros anos em terras germânicas, a juventude na pátria da mãe e com 19 anos perseguiu os seus sonhos de representação para Londres. Por volta de 1999, já tinha estrelado e produzido adaptações teatrais de Cães Danados de Quentin Tarantino e Três Irmãs de Anton Chekhov. Steven Spielberg: ao longo da sua carreira, o realizador têm-se demonstrado um perspicaz avaliador de talentos, mesmo em tenra idade. Não deve, por isso, ser surpresa que o primeiro papel de Fassbender na televisão tenha sido na famosa minissérie do realizador, Irmãos de Armas. Desta, e até 2006, seguem-se um sem número de participações televisivas menores, numa busca intensa por reconhecimento. Reconhecimento esse que apareceria em 2006, quando o ator é escolhido para desempenhar o papel de Stelios no filme 300, de Zack Snyder. Na sua estreia cinematográfica, o público e a crítica ficaram inequivocamente deliciados com o carisma e versatilidade do

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britânico. Com apenas alguns minutos no ecrã demonstrou o sarcasmo de um comediante, a emotividade de um ator shakespeariano e a intensidade de uma estrela de ação: tudo facetas que, como futuramente viria a ser confirmado, eram apenas a ponta do iceberg dos talentos deste ator. Em 2008 ganhou o seu primeiro Prémio do Cinema Independente Britânico com Fome. Nesta sua colaboração com o realizador britânico Steve McQueen, perdeu cerca de 20kg para contar a história real de Bobby Sands: um militante da IRA que, em conjunto com alguns companheiros, viviam em condições inumanas na prisão, recusando-se a comer como forma de protesto. O filme foi selecionado para o Festival de Cannes catapultando o nome de Fassbender para as bocas do mundo. Em 2009, o ator viu-se envolvido em dois dos melhores projectos do

ano: Sacanas sem Lei de Quentin Tarantino e Fish Tank de Andrea Arnold. No primeiro representa um agente britânico, infiltrado em solo alemão. Na mítica «cena da cave», é a capacidade dual de Fassbender, enquanto germano-irlandês, que carrega o enredo. Em Fish Tank, o ator mostra um lado mais romântico, camu-


flando uma potencial malicia: características que nunca tinham sido vistas da sua parte. Seguiram-se 3 dos filmes menos honrosos da carreira de Michael: Town Creek de Joel Schumacher, Centurião de Neil Marshall e Jonah Hex de Jimmy Hayward. Embora fracos na opinião da crítica, estes projectos permitiram ao artista trabalhar com alguns veteranos do ofício (o realizador Schumacher, Paul Freeman, John Malkovich, respetivamente) e versar-se em áreas da representação que ainda lhe permaneciam vedadas. E o que lhe deixou também de estar vedado foram as portas de Hollywood. Em 2011, Michael Fassbender teve 5 grandes filmes com a sua cara estampada nos posters publicitários. No primeiro deles, Jane Eyre, adaptado por Cary Fukunaga (que no futuro realizaria a série True Detective) do livro de Charlotte Brontë, Fassbender interpreta o solitário protagonista masculino da trama que se apaixona por Mia Wasikowska. Romântico e dramático, este papel nada tinha haver com o que se seguiria na sua carreira. Falo da sua participação em X-Men: O Inicio, no papel do icónico Magneto. Representando a versão mais jovem e brutal da personagem de Sir Ian McKellen n o s

X-Men originais, o irlandês vê-se aqui confirmado enquanto

A-Lister de grandes produções cinematográficas. Este seu papel tornou-o num favorito entre a grande comunidade de geeks por todo o mundo. Seguiram-se os dois filmes que, segundo o próprio, mais exigiram o seu envolvimento físico e psicológico. Um Método Perigoso de David Cronenberg, que conta também no elenco com Keira Knightley, Viggo Mortensen e o grande Vicent Cassel, revela a história de Carl Jung e Sigmund Freud, e como das suas interacções e experiências nasceu a psicanálise. Embora todos estes filmes, e respectivas prestações de Michael, tenham sido brutais a muitos níveis diferentes, nada tinha preparado o mundo para o que se seguiu. Vergonha, também realizado por Steve McQueen, centra-se totalmente no ator que desempenha o papel de ninfomaníaco. A camara segue-o indiscriminadamente por uma Nova Iorque vazia de sentimentos, mostrando apenas um desejo obsessivo por sexo. Este papel, que muitos consideram o melhor da sua carreira, valeu-lhe a sua primeira nomeação para um Globo de Ouro, para um BAFTA e o seu segundo Prémio do Cinema Independente Britânico. No final do ano trabalhou ainda com o conceituado realizador Steven Soderbergh, no filme Uma Traição Fatal, um thriller de acção repleto de estrelas respeitadas. Afinal de contas, depois de tanto esforço, o homem merecia descansar e aproveitar os frutos do seu sucesso! Em 2012, voou com Noomi Rapace, Charlize Theron, Idris Elba e Guy Pearce em Prometheus, o regresso do realizador Ridley Scott à ficção científica que o fez famoso. Odiado por uns, adorado por outros, o filme foi, não obstante uma aventura de autodescoberta para o protagonista, tendo que desempenhar

o papel de um robô, “completamente” desprovido de sentimentos. 2013 foi ambíguo, uma vez que inclui um dos maiores sucessos da sua carreira, assim como um dos maiores falhanços. Refiro-me a 12 Anos Escravo, a sua terceira parceria com Steve McQueen, e a O Conselheiro, novamente de Ridley Scott. Enquanto o primeiro foi um sucesso critico e financeiro, vencendo o prémio da Academia para melhor filme do ano e representando a primeira nomeação de Fassbender para o Oscar de melhor actor secundário, o segundo foi uma decepção monumental. Ambos os filmes tinham elencos de luxo e realizadores competentes, no entanto os guiões eram de bastante diferentes em termos de interpretação. Enquanto o primeiro era explícito, sem medo de mostrar o pesadelo da escravatura, o segundo deixava várias questões respondidas através de imperceptíveis linhas de diálogo: uma característica dos livros do argumentista estreante Cormac McCarthy. Uma estrela em ascensão ininterrupta, Michael Fassbender tem 10 variadíssimos projectos já anunciados para o seu futuro: entre eles uma adaptação da peça MacBeth de William Shakespeare, um filme de Terrence Malick com um dos melhores elencos de todos os tempos, o regresso aos universos de Prometheus e X-Men, assim como a adaptação à 7ª arte de um dos maiores êxitos do mundo dos videojogos, Assassin’s Creed. O que se poderá então esperar deste jovem astro de 37 anos? Exactamente o mesmo que ele anunciou ao mundo que sabia fazer na primeira vez que apareceu no grande ecrã: tudo. Afinal de contas, ele próprio o admite: Passei demasiado tempo sem emprego e agora estou fazer tudo o que posso enquanto o sol brilha! E ao que parece, o sol ainda vai brilhar por muitos anos vindouros.

Bruno Martins e Diogo Simão


RESENHA CRÍTICA Fernando Gamito e Miguel Domingos

Django Li Quentin Tarantino, realizador de cinema e ator, é sem sombra de dúvidas um vulto incontornável do cinema, nos dias que correm.

Nasceu a 27 de Março de 1963 no Tennessee, filho de Toni Tarantino – ator e músico descendente de italianos – e Connie McHugh – descendente de irlandeses e índios «Cherokees». Em 1992, através da sua realização do filme «Cães Danados», tornou-se famoso no «mundo» cinematográfico. Dois anos depois, seguiu esse sucesso

com «Pulp Fiction», que estreou no Festival de Cannes, no qual venceu o prestigiado Prémio Palma de Ouro. Outro dos seus maiores sucessos foi Django Libertado, tema principal desta recensão crítica.


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jango Libertado é um filme da autoria de Quentin Tarantino, um dos maiores génios do cinema. Esta película é um reflorescimento do género fílmico western spaghetti - que é um subgénero de western -, típico de produções italianas e espanholas, com Tarantino a aproveitar tudo o que este tipo de filme tem para os seus próprios propó-

talidade dos seres humanos mudou, principalmente no que diz respeito a temas como os que são abordados no filme, principalmente a questão da escravidão e da liberdade, temáticas que têm feito correr muita tinta. Esta história decorre no sul dos Estados Unidos da América, tendo início algures no Texas, em 1858, precisamente dois anos antes da Guerra Civil, também conhecida como a Guerra da Secessão, um acontecimento com uma enorme importância para a «questão» da escravatura, pois levou à sua

da qual tinha sido separado há vários anos, situação provocada pelo comércio de escravos. Esta demanda leva-os ao encontro de Calvin Candie, proprietário de «Candyland», uma plantação vil no Mississippi, onde se incitava os escravos, treinando-os, a combaterem entre si por desporto, para o divertimento dos seus «amos» e, também, por dinheiro. Quando acabam por se conseguirem aproximar de Candie, Stephen – escravo de

abolição e à garantia de direitos civis aos escravos libertos. Neste filme deparamo-nos com a história de Django, um escravo que foi escolhido e «comprado» ou, melhor, adquirido, por um antigo dentista e no momento caçador de recompensas alemão, Dr. King Schultz, que necessitava da sua ajuda para capturar os irmãos Brittle, conhecidos assassinos. Após essa «missão», os dois continuam juntos a recolher recompensas e a perseguir os criminosos mais procurados do Sul. Para além disto, Django tinha em mente o seu outro e primordial objetivo, encontrar e salvar Broomhilda, a sua mulher,

Calvin Candie que merecia a sua total confiança e que era tratado de maneira superior a todos os restantes – começa a desconfiar das reais intenções de Django e Dr. Schultz e do porquê da sua vinda a «Candyland». Isto faz com que o seu disfarce seja descoberto e ao se aperceber da traição, Calvin Candie jura vingança a ambos. Assim, «Django e Schultz, ao tentarem escapar com Broomhilda, terão que escolher entre a independência e a solidariedade, entre o sacrifício e a sobrevivência…» Django Libertado explora bastantes questões, que vão para além do simples western que este pode parecer.

ibertado sitos e objetivos. Há que ter em linha de conta o ano de estreia desta obra, 2012, cerca de cento e cinquenta anos após o que nos é mostrado e divulgado através deste produto cinematográfico. Esta questão pode parecer pouco significativa, mas o mundo evoluiu e mudou de forma alucinante e vertiginosa neste espaço de tempo. Depois de todos estes anos passados, mais de um século, o pensamento e a men-


Temas como a vida, a liberdade, a escravidão, a busca da vingança têm uma presença bastante acentuada nesta trama de Quentin Tarantino. «Não existe nenhum passeio fácil para a liberdade em lado nenhum, e muitos de nós teremos que atravessar o vale da sombra da morte vezes sem conta até que consigamos atingir o cume da montanha dos nossos desejos.» (MANDELA, N.). São poucas as frases que

melhor se pod e m enquadrar na vida de Django, um humilde escravo que teve que sofrer bastante às mãos de pessoas desprezíveis, seus «amos» e proprietários, mas que no fim viu tudo isso ser recompensado. E isso foi possível graças à extrema bondade de um antigo dentista alemão, que certamente não estava familiarizado com aquela política de escravidão que vinha sendo praticada nos Estados Unidos da América até então. Ao libertá-lo e oferecer-lhe a sua ajuda - não sem, no entanto, precisar de Django – Dr. King Schultz concedeu a Django uma hipótese de vida livre, uma sensação que ele

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já não sabia como era. Assim, (Schultz) permitiu que Django lutasse pelo amor da sua vida, a sua mulher, que também era escrava, e embarcasse numa jornada para a procurar e salvar da escravidão. «The D is silent. Payback won’t be » . Esta frase, que em português se traduz para

«O D é silencioso. A vingança não vai ser», foi proferida por Django, quando se refere à maneira como deve ser enunciado o seu nome. Ao dizer que a sua vingança não será silenciosa, apercebemo-nos de que este é, de facto, o seu maior objetivo, que se interliga com o salvamento da sua mulher da escravidão. A sede de vingança que corre nas veias de Django, por tudo o que sofreu e todas as tormentas que passou enquanto era escravizado, juntamente com a sua mulher - até serem separados - é bem evidente em todas as suas

ações. A alma de Django nunca será verdadeiramente livre até que este consiga libertar a sua mulher e se vingue do seu opressor. Pode-se, também, fazer referência ao nome dado à personagem principal desta história. O nome Django era frequentemente usado nos anos 60’ para heróis vingadores em westerns italianos. Mais especificamente, foi utilizado no protagonista interpretado por Franco Nero em Django, de Sergio Corbucci, um filme de 1966, banido da Grã-Bretanha por 25 anos, graças à sua extrema violência. Nero, durante esse filme de 66’, tem um confronto com membros do Ku Klux Klan, algo a que Tarantino faz referência quando King Schultz e Django, numa sequência bem divertida e humorística, desafiam um grupo encapuzado de maneira semelhante aos KKK. Do ponto de vista técnico pouco há a dizer. O filme é bom, bem editado e com uma banda sonora que se adequa perfeitamente ao decorrer da ação, os planos são bem intercalados e conseguem fazer, por vezes, com que o espetador seja transportado para o lado de dentro da tela. «Django Libertado é um longo, poderoso


filme (…), seus pontos psicológicos feitos com subtileza considerável e juízo» . A nível interpretativo, o realizador, que também faz uma aparição como ator, consegue reunir interpretações notáveis. Christoph Waltz e o seu Dr. King Schultz são ao mesmo tempo hilariantes e intimidantes, uma grande e magnífica prestação. Atrevemo-nos a dizer que o filme não seria igual sem a sua presença. Leonardo DiCaprio presenteia-nos com um homem rico e absolutamente demente - demência essa que DiCaprio incorpora com distinção. Jamie Foxx e Samuel L. Jackson não surpreendem, apesar de não se poderem considerar más interpretações, pois é o que lhes é exigido naturalmente, graças ao estatuto que adquiriram em Hollywood e para terem o privilégio de constar num elenco de Tarantino. Tirando momentos que considera-

mos um pouco entediantes, mas que acabam por ser pequenos «jogos» previamente preparados por Quentin Tarantino para a grande apoteose final, trata-se de um típico Tarantino, que em nada envergonha os grandes westerns e consegue fazer passar a sua mensagem humanitária, mesmo que embebida em muitos tiros e repleto de sangue. Mas, afinal de contas, a realidade não se limita às lindas flores brancas que crescem nos verdes campos e em músicas delicodoces… Bravo Sr. Tarantino! De referir também que o filme Django Libertado foi condecorado com dois prémios dos Óscares da Academia: Christoph Waltz ganhou o prémio de melhor performance como ator secundário e Quentin Tarantino ganhou a estatueta de melhor argumento com este excelente filme!

11 - Arte(Vista) - cinema



A literatura no cinema O problema da adaptação de textos literários é praticamente tão antigo quanto o cinema. Se este nasceu dividido entre o documental (Lumiére) e a fantasia (Meliès), logo surgiu a ficção como meta possível. Afinal, a narração de histórias é uma necessidade humana que remonta aos primórdios da espécie, desde o momento, em que as pessoas se reuniam em volta da fogueira. Assim, nada mais natural que o cinema aplicasse o seu potencial narrativo e se apropriasse de histórias já contadas. Isto é, consagradas através de artes muito mais antigas como a literatura e o teatro. Muito embora literatura e cinema sejam dois modos de expressão diferentes, senão até opostos. Num romance, não é tanto a história o mais importante, mas a maneira como é contada. Isto é, quais as metáforas, o tipo de narração, em primeira ou terceira pessoa, o estilo directo ou indirecto, o uso pessoal

do vocabulário, etc. Enfim, o cunho pessoal que modifica a seu modo, os recursos da língua. No cinema, esse estilo é de ordem audiovisual – fotografia, movimento da câmara, ou uso da música e do som, direcções de actores, etc. Ao levar uma obra literária para o cinema trata-se mais de uma adaptação do que propriamente de uma transposição de um meio para o outro. É como se o filme negasse o livro para melhor encontrar a sua tradução neste novo meio. Eis aqui claramente o problema da adaptação de obras literárias ao cinema – a fidelidade à obra inicial. Sempre existiu a preocupação em não trair a fonte literária original. Como se o realizador não quisesse decepcionar o escritor com uma obra final que não fizesse jus à sua fonte. E talvez essa preocupação tenha sido a principal razão dos maus filmes baseados em livros óptimos e consa-

grados que a sétima arte já produziu. Casos como Madame “Bovary de Flaubert”, ou o “Diabo no Corpo, de Radiguet”, que procuraram ser tão fieis que acabaram por desfigurar as obras de origem. Não é por acaso que Alfred Hitchcok afirma que “se grandes livros dão péssimos filmes então o melhor mesmo é filmar maus livros”. Os escritores tendem naturalmente a achar que os filmes devem obedecer à obra “mãe”, por outro lado, os cineastas entendem que a linguagem das telas é outra e que o compromisso do cinema é com os espectadores, não com os leitores. É necessário fazer um filme bom e, muitas vezes, o livro transposto tal e qual para as telas não implica necessariamente que esse objectivo será alcançado. Por melhor que seja o livro e o guionista. No entanto, também é fácil encontrar exemplos de obras-primas muito bem transpostas para a tela e que deram origem a grandes sucessos de bilheteira. É o caso da “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles; “Orgulho e preconceito” de Jane Austen; “ “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago; “Chocolate” de Joanne Harris ; “ O Homem da Máscara de Ferro” de Alenxandre Dumas; entre tantas outras grandes obras literárias que deram origem a grandes filmes.

Sílvia Guerreiro

13 - Arte(Vista) - LITERATURA


Literatura Brasileira Marcelo Mirisola Mateus Vidigal Marcelo Mirisola é um dos principais nomes da literatura contemporânea brasileira. Nascido em São Paulo, o escritor de 47 anos carrega uma bagagem de 13 livros autorais, além de outros feitos em colaboração e peças escritas. Dono de uma prosa feroz, Mirisola possui uma longa lista de admiradores e desafetos. O nome do último livro lançado do escritor traz consigo uma imagem que é, por si só, um soco na barriga: O Cristo Empalado. A obra é uma síntese de quase 40 textos, que vão de crónicas a ensaios do autor, publicados maioritariamente no site Congresso em Foco e na Revista Cult. Atualmente, assina também uma coluna no site Yahoo. Mirisola destoa. Autor do prefácio do Cristo, Aldir Blanc, notável compositor e escritor brasileiro, descreve o escritor e os seus textos como paradoxais, dizendo que eles “nos iluminam por suas sombras, nos redimem lançando maldições, nos lavam a alma ao enfiá-la de cabeça no pântano em que vivemos”. Se há dúvidas de que a avaliação exalta a obra, Blanc finaliza: “Nós, embora atolados em profunda miséria, temos o Montaigne do século 21. O nome dele é Marcelo Mirisola”. O autor cedeu-me esta entrevista aquando do meu estágio num jornal de Brasília chamado Correio Braziliense. Como depois viria a fazer um perfil do escritor, esta entrevista acabou por não ser publicada. Mirisola conversou sobre O Cristo Empalado e sobre literatura: “A cruz é que leva Cristo nas costas, e não o contrário.” O Cristo Empalado . De onde surgiu a ideia de ‘empalar’ Cristo? Como foi o momento/pensamento que deu origem à crônica e que, posteriormente, daria nome ao seu último livro?

A ideia é simples. A Igreja não resistiria uma semana com a figura de um Cristo empalado. Imagina sua avó. Em vez de usar um crucifixo no pescoço, imagina a velha usando uma estaca num lugar escuro e catinguento, onde só ela - e seu avô? - tem acesso. Não ia rolar, simples assim. Por isso que eu digo lá na crônica: não é o Cristo que carrega a cruz, mas a cruz que carrega o Cristo nas costas. Em Charque, você diz que reescreveria Animais de Estimação se pudesse. Em qual dos seus livros você considera que não é preciso mudar nada? Todos os outros encontram-se al dente. Menos nesse Cristo saído do forno. Tem uma crônica lá “Criação de Negrinhos” que, depois de publicada, não me agradou. Repetitiva, ingênua. Também em Charque você diz:”Eu uso a primeira pessoa, não falo na primeira pessoa”. Incomoda a você a confusão feita por leitores e até críticos entre narrador e autor? Faz parte do jogo literário causar essa confusão? Incomoda quando essa confusão é feita por catedráticos que deviam saber a diferença entre autor e narrador. De resto, eu me divirto. Com a escolha da lista da Feira de Frankfurt, você se posicionou contra a ausência do seu nome e de alguns outros escritores. Você acredita que o autor que se recusa a buscar camaradagem e boa convivência com certos nomes do meio literário está fadado a ser ignorado por esse mundo? Você sente que sua literatura é menos prestigiada por parte da imprensa e da crítica devido às suas posições fortes? Pensando bem, até que foi bom ter sido excluído desse “mundo” que tem o eterno filho do pipoqueiro como porta-voz. Azar deles. Ainda sobre a Feira de Frankfurt e meio literário. Há uma tendência de pensamento que afirma que a literatura brasileira está em crescente, firmando-se profissionalmente e que nunca esteve melhor. Como você enxerga a produção brasileira hoje? Para você, houve alguma melhora? Enquanto os escritores brasileiros continuarem atrelados a projetos e planilhas em vez de pensar em liberdade e subversão, enquanto forem empregadinhos de banqueiros e subvencionados pelo Estado, bem, meu caro, isso que você chama de tendência não vai se transformar em algo diferente de... tendência.


O país do futuro, enfim, terá os escritores do futuro que merece. Dos escritores contemporâneos no Brasil, há algum deles que, para você, mereça ser lido? Quais autores não valem a pena? E fora do Brasil? A meia dúzia dos mesmos que foi excluída da lista Frankfurt. Não vou citar os nomes de sempre. Você sabe quais são. Fora do Brasil tem um russo maravilhoso que eu descobri recentemente, estou completamente chapado com o cara. Já ouviu falar de um tal de Tolstói? Para publicar Fátima fez os pé na choperia, você precisou arcar com parte dos custos. Hoje, depois de tanto tempo, você já passou por algumas editoras. Ainda encontra dificuldade para publicação dos livros? Quais seriam? Qual a tua visão do mercado editorial? Hoje, é bem mais fácil publicar. E bem mais fácil não ser lido. Encontro dificuldades para amarrar os sapatos, e a cada dia que passa as mulheres estão mais malucas. O mercado editorial deve estar bem, pra publicar tanta porcaria e continuar aí, firme e forte. Nas editoras em que você publicou, houve alguma tentativa de mudança do seu texto? Você aceitou alguma delas? Em que ponto acredita ser válida a interferência da editora (se é que existe)? Nunca. Sinto falta, mas eles não teriam coragem de meter o bedelho. Em uma entrevista recente ao Rogério Skylab, você se disse frustrado por ter perdido a selvageria dos primeiros livros e que corria o risco de se repetir ao tentar reencontrar essa voz. Reinaldo Moraes, na orelha de Memórias da Sauna Finlandensa, também já havia apontado algumas mudanças na sua prosa depois de Joana a contragosto. Por que você acredita que essa mudança aconteceu? Porque eu envelheci, e fiquei mais chato. Ainda quanto às modificações na sua escrita, essa sensação de perder a força passou? No Cristo Empalado ou em Hosana Poluída, seu próximo romance, acredita ter recuperado a selvageria?

Há novos escritores, mesmo que ainda desconhecidos, influenciados pela sua escrita. Além do “desista de escrever” ou do “não copiem meu estilo”, há algo que queira dizer a eles? Não enviem originais! Sobre o processo da escrita: Acredita que exista talento ou vocação para a literatura? (Não acredito em talento) Se não existe o talento, o que diferencia o bom do mau escritor, na tua visão? Existe afinidade. Literatura é entretenimento. O bom escritor é como o bom amigo, ele não vai te ocupar nem vai encher o teu saco de graça. Quando julga que o seu texto está pronto e é hora de publicá-lo? Quando envio pra editora. O que te motiva a escrever? Ah, se eu soubesse velejar... Qual acredita ser a relação entre a melancolia e a literatura? A mesma relação da felicidade com a literatura. Se o cabra não for bom, ele vai ser apenas mais um melancólico ou será apenas mais um cara feliz no mundo. Por que escrever? Ah, se eu soubesse velejar... Vou pedir que preveja teu próprio futuro. Depois de morto, quem será e como será lembrado o escritor Marcelo Mirisola? O marujo que nunca velejou. Qual foi a sua reação ao ler o prefácio feiro pelo Aldir Blanc? Vi grandeza, com uma solidez que é rara na praça hoje em dia.

A selvageria dos primeiros livros jamais, isso acabou. Mas adquiri outras habilidades.. que naturalmente não vou entregar aqui. Recomendo a leitura dos livros, e aquela célebre sabedoria de buteco: dedo e língua não broxam. 15 - Revista Arte(Vista) - 2014 - literatura


Aristotles e Dante Descobrem Os Segredos do Universo Cristiana Ramos Aristotle é um jovem de 15 anos, quando o livro começa. Sem amigos, solitário por escolha, e à procura de um propósito para a sua existência. Num dia quente de verão de 1987, Ari, como está habituado a que lhe chamem, faz uma promessa a si mesmo que irá aprender a nadar naquele verão. E aí conhece Dante, que sem preocupações se oferece para o ensinar. Assim é o começo de uma amizade que irá atravessar barreiras e desvendar mistérios escondidos em ambos os rapazes. A história tem lugar em El Paso, nos Estados Unidos, e vêm à cabeça imagens de ruas de cor alaranjada do sol, casas humildes e frescas, e estradas rodeadas por deserto. Aristotle cresceu neste ambiente, filho de uma professora e de um ex-combatente do Vietname. Com o seu cérebro constantemente a perguntar-se acerca do seu irmão que está na prisão ou porque é que o seu pai não fala sobre a guerra, assuntos que nunca são nem nunca foram discutidos em sua casa. Ari e Dante são o oposto um do outro. Enquanto que Ari é calado, introvertido, e tem em si aquela raiva interior que aparece sem alguma razão, Dante é adorado por todos, humilde e com uma leveza no seu ser. Dante provém de um ambiente intelectual, filho único de pais que conseguiram ultrapassar os estereotípicos empregos de salário mínimo com que a sua raça está associada. Ambos os rapazes tentam conciliar as suas raízes mexicanas com o estilo de vida americano, lidando com os estereótipos e estigmas do resto do mundo. Dante não se sente mexicano suficiente, tendo a pele mais clara que o resto da sua família, e constantemente repete a Ari “Mas tu és mais mexicano que eu.” Dante, entretanto, parte para Chicago durante um ano, devido a uma oferta de emprego do seu pai,

que é professor universitário. Nesse tempo afastados, Ari e Dante comunicam por cartas escritas que detalham novas experiências vividas, da parte de Dante, e os acontecimentos do dia-a-dia, por parte de Ari. Ao longo de dois anos, podemos acompanhar esta amizade e vê-la a criar raízes e testemunhamos os dois rapazes a crescer um com o outro e em si mesmos. Aristotle And Dante Discover The Secrets Of The Universe é um livro sobre homossexualidade e descoberta pessoal, mas nunca é explicitamente sexual. Dante é mais aberto acerca da sua sexualidade, contando a Ari as suas experiências em beijar rapazes por cartas escritas. Ari apaixona-se por Dante sem estar ciente disso, e custa-lhe a aceitar esse facto, mas eventualmente o aceita, o que o liberta de um peso que carrega dentro de si. Os pais de ambos são também de referenciar, não são só pais, são pessoas. Pessoas com passados, e acontecimentos que os magoaram e que ainda vivem dentro de si. Adoram os seus filhos como mais ninguém e por isso os aceitam da maneira como são, incentivando-os até a aceitarem-se a si mesmos. Aristotle And Dante Discover The Secrets Of The Universe é sobre muitas coisas – é sobre crescer, aceitarmo-nos como somos, amizade, enfrentar o passado, viver com desapontamento e raiva, mas mais que tudo é sobre a complexidade das relações que temos no decorrer das nossas vidas. É um livro maravilhoso, sincero, espantosamente escrito e se o lerem, não se arrependerão. *Infelizmente, ainda não se encontra traduzido em português.


Luis SepÚlveda na Feira do Livro

Após o sucesso da passagem de Luis Sepúlveda pela Feira do Livro de Lisboa no ano passado, o autor regressa ao Parque Eduardo VII nos dias 7 e 8 de junho. O ano passado o autor veio dar sessões de autógrafos que duraram várias horas, este ano veio dar a conhecer História de um caracol que descobriu a importância da lentidão.

“Os caracóis que vivem no prado chamado País do Dente-de-Leão, sob a frondosa planta do calicanto, estão habituados a um estilo de vida pachorrento e silencioso, escondidos do olhar ávido dos outros animais, e a chamar uns aos outros simplesmente «caracol»”. Este novo livro dedicado a jovens e adultos conta, a aventura de um caracol sem nome que se encontra descontente com a sua lentidão, procura então ultrapassar os limites que lhe tentavam impor e parte numa viagem para o desconhecido. Tendo sido publicada a 17 de abril e ilustrada por Paulo Galindro, esta novidade foca-se na rebeldia de ultrapassar barreiras impostas e preconceitos, em busca da liberdade. Em Portugal, este livro conta com a presença assídua nas listas dos livros mais vendidos das principais livrarias do país.História de um caracol que descobriu a importância da lentidão é mais um dos outros livros do género já publicados pela Porto Editora. Entre eles encontramos História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar que conta com aproximadamente 90 mil exemplares vendidos em Portugal, e de História de um gato e de um rato que se tornaram amigos, lançado no ano passado com grande sucesso. Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, em 1949. Na sua vasta lista de obras, podemos destacar os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. No entanto, Mundo do Fim do Mundo, Patagónia Express, Encontros de Amor num País em Guerra, Diário de um Killer Sentimental ou A Sombra do que Fomos (Prémio Primavera de Romance em 2009), também conquistaram um lugar na casa de milhões de leitores.

Catarina Arraes


A História do

MANGÁ

resumia-se à vida quotidiana, ainda que, mais tarde, as paisagens naturais começassem a ser incorporadas como um dos seus temas principais. É muito difícil pensar no Japão sem o associar de imediato ao mangá, aquelas histórias em banda desenhada que tanto nos deliciam e que têm o poder de nos levar em viagens fantásticas até outras realidades. Da simples vida quotidiana a universos paralelos repletos de magia e mistérios, os mangás preenchem a nossa vida de sonhos, alegria, paixão, tristeza, revolta… Um autêntico misto de emoções! As origens do mangá no Japão remontam para o período Nara, no século VIII, com o aparecimento dos primeiros rolos de pintura japonesa, conhecidos como emakimono. Os emakimono consistiam numa ilustração única, gravada num pergaminho com vários metros de comprimento, que ao desenrolar-se apresentava uma história. A partir da Era Edo, que se prolongou desde o século XVII até meados do século XIX, os emakimono são substituídos por livros, dando início ao uso das estampas para ilustração. Nasce, assim, a estampa japonesa, o ukiyo-e, um estilo de pintura semelhante à xilografia. O ukiyo-e era a principal forma de gravura em madeira da época e o tema das ilustrações

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É um dos precursores do estilo ukiyo-e, o artista Katsushika Hokusai, quem utiliza a palavra mangá pela primeira vez para caracterizar o seu trabalho – Hokusai Manga, uma compilação de livros com representações do movimento do corpo humano, além de ilustrações da vida quotidiana através de narrativas cómicas. Aliás, até nos dias de hoje, a representação do dia-a-dia continua a ser um dos temas mais recorrentes nos mangás.


Com a Restauração Meiji, na segunda metade do século XIX, observaram-se profundas mudanças nas estruturas políticas, económicas e sociais do Japão. No intuito de sair do clima de isolamento cultural que vivia há dois séculos, o país reabriu os seus portos ao Ocidente. O contacto da cultura japonesa com a arte ocidental, e vice-versa, permitiu que a linguagem mangá começasse a consolidar-se. Com a chegada dos jornalistas europeus Charles Wirgman e George Bigot ao Japão, foram introduzidos os primeiros cartoons no país. O inglês Charles Wirgman, através da sua revista de humor Japan Punch, introduziu as charges políticas e uso de balões de fala.

Por sua vez, o francês George Bigot, ao dispor os balões em sequência como numa narrativa, acaba por influenciar os jovens artistas japoneses nesse sentido. Serão essas charges de teor político e o consequente uso de balões de fala dispostos num padrão narrativo que impulsionarão o desenvolvimento e estabelecimento da linguagem mangá no Japão. Já no início do século XX, influenciado pelo trabalho de Charles Wirgman, Rakuten Kitazawa é o primeiro ilustrador japonês a criar histórias de banda desenhada numeradas com personagens regulares, recuperando o termo mangá para descrever as suas obras. Contudo, as publicações mangá da altura ainda eram muito direccionadas para um público adulto, devido à grande carga política que continham. Será apenas no final da Era Taisho, que compreende o período entre 1912 e 1925, que serão publicadas as primeiras histórias infantis, rompendo com a linha temática que se tinha vindo a manter até então. Com a difusão do mangá entre o público mais jovem, os artistas japoneses começam a desenvolver um estilo narrativo próprio, libertando-se pouco a pouco das influências ocidentais.

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Entretanto, com o despoletar da Crise de 1929, o Japão entra num período de profunda devastação económica que se veio a refletir na indústria dos mangás. Assistiu-se a uma divisão entre os mangás destinados ao público adulto e infantil, assim como entre os mangás para rapazes e raparigas. Mais tarde, o contínuo período de recessão económica a nível mundial e o consequente fortalecimento dos regimes totalitários acaba por desencadear a II Guerra Mundial. A produção de mangás no Japão cai drasticamente e instala-se no país um forte mecanismo de censura do governo, sendo permitidas unicamente as publicações que fizessem propaganda militar. A situação de retracção artística perdurou até ao fim da II Guerra, quando brotou o fenómeno akai hon (livros vermelhos), que surgiu como resposta à situação de devastação político-económica que adveio da derrota da nação japonesa. Os akai hon eram pequenos livros de capa vermelha, simples e baratos, que surgiram como uma alternativa de produção no período pós-guerra. Em plena época de fervilhamento criativo, surge Osamu Tezuka, um desenha-

dor que revoluciona a linguaguem do mangá conhecida até então. Influenciado pelo trabalho de Walt Disney e Max Fleischer, Tezuka vai redefinir as características do estilo mangá através da criação de personagens com expressões faciais exageradas, sendo caracterizadas sobretudo pelos seus olhos grandes e expressivos; enquadramentos cinematográficos, para dotar as histórias de uma maior carga emocional e elementos metalinguísticos, como linhas de velocidade, onomatopeias, etc. Do trabalho de Osama Tezuka destacam-se títulos de inegável valor, tais como: Astro Boy (Tetsuwan Atomu); Kimba, o Leão Branco (Jungle Taitei) e A Princesa e O Cavaleiro (Ribbon no Kishi), que posteriormente foram adaptados para televisão. Estavam, assim, abertas as portas para o início da era moderna do mangá e delineados os princípios básicos para a criação dos animes, desenhos animados com os princípios básicos do estilo mangá. Atualmente, o Japão é o maior produtor e consumidor de bandas desenhadas e desenhos animados do mundo. Estima-se que aproximadamente 50% do papel utilizado no país seja destinado à impressão de mangás, que é hoje uma das mais populares formas de comunicação consumida em todo o mundo.

Catarina Gil

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A UEN

Q PE A REBELDE

Quem não conhece ou nunca ouviu falar da irreverente menina argentina chamada Mafalda? Talvez já a conheçam, mas permitam-me que partilhe convosco a minha admiração por esta pequena rebelde.

A Mafalda é uma personagem de banda desenhada da autoria de Joaquín Salvador Lavado Tejón, um desenhador argentino conhecido como Quino. Apesar do curto período que as suas histórias duraram, de 1964 a 1973, Mafalda é uma das personagens de banda desenhada mais famosas na Argentina e das mais conhecidas mundialmente. Ao criar esta personagem, o autor conseguiu criar uma heroína diferente – uma criança que não aceita o mundo em que vive e, por isso, questiona-o fervorosamente. De facto, esta menina de 6 anos é uma personagem caricata, inconformada com o mundo e constantemente à procura da resposta aos infinitos “porquês” da vida. De entre as coisas que ela mais odeia estão a guerra, o racismo, a injustiça, e, acima de tudo, sopa (como eu te compreendo Mafalda…)! A sua maior paixão são os Beatles e é uma defensora dos direitos humanos, da democracia e da paz.

A grande carga de criticidade que as histórias da Mafalda apresentam remonta para o período pós-guerra, na década de 1960. Os acontecimentos que marcam esta época histórica têm a ver, entre outros, com o despoletar da Guerra Fria. Foi uma altura de intensos conflitos sociais, económicos, políticos e culturais que comprometeram o ambiente de estabilidade mundial e inspiraram o nascimento da personagem de Quino. Mafalda, uma criança de uma típica família argentina de classe média, representa o anticonformismo da humanidade numa época conturbada, mas com fé num futuro melhor. Efetivamente, todo o contexto histórico em que surgem e se perpetuam as histórias da Mafalda, foram fortes influências aos problemas políticos e sociais sobre os quais recaem as reflexões da personagem. O autor Quino, sob um período de conturbação mundial, encontrou na Mafalda uma forma humorística e sarcástica de expressar as suas ideias sobre uma série de temas polémicos como o feminismo, a educação, a cultura, o poder, a censura, as crenças, etc.

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Ao questionar um conjunto de valores, regras e hábitos pré-estabelecidos, Mafalda luta pela construção de uma sociedade melhor. Tal como afirmou Quino, quando questionado acerca da possibilidade de sermos capazes de modificar algo no mundo através do humor: “Não, acho que não. Mas ajuda. É aquele pequeno grão de areia com o qual contribuímos para que as coisas mudem”. De facto, creio que a pequena Mafalda e todos os demais personagens que integram o seu mundo, representam esses tais “grãos de areia” a que Quino se refere. São pequenos gestos, pequenas reflexões sobre o mundo que muitas vezes levam o próprio leitor a reflectir sobre uma série de questões que incomodam a sociedade e dificilmente são postas em causa. Por ser uma personagem sempre atual, que aborda questões pertinentes como a liberdade ou o poder, Mafalda fez e continua a fazer sucesso pelo mundo. Para além disso, a obra de Quino demonstra-nos que a banda desenhada não é somente um produto de entretenimento descartável. A banda desenhada vai muito para além disso. E certamente que a Mafalda concordará comigo quando afirmo que a banda desenhada é, sem sombra de dúvida, uma arte! A Nona Arte!

Catarina GIl

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Banshee, mais uma grande série!

H

á séries que se destinam a ser um sucesso, e a ser olhadas por todos nós como uma obra de arte, Banshee é um desses casos. Com uma história improvável esta obra prendeu a atenção de vários espectadores por todo o planeta. Banshee estreou em 2013 e faz ainda hoje sucesso. Esta produção foi criada nos Estados Unidos por Jonathan Tropper e David Schickler e neste momento já conta com duas temporadas disponíveis para serem visualizadas e será lançada uma nova temporada em 2015. Banshee conta a história de Lucas Hood ( Anthony Starr). Um ex-condenado, devido a um roubo de joias, que após ser libertado assume a identidade de um sheriff que é assassinado numa rixa de bar, e com esta identidade Hood continua a cometer as suas atividades criminosas, agora com muito mais segurança. Este ex-condenado é assombrado pelos inimigos do passado que o perseguem e lhe dificultam a vida. Após assumir a identidade de Lucas Hood deixa uma marca muito própria na maneira como impõe justiça na cidade de Banshee, marca esta que é baseada na violência. Outra personagem muito importante nesta série é Proctor, homem que controla os negócios ilegais em Banshee e que devido a isso está em confronto constantemente com o Sheriff desta pequena cidade da Pensilvânia. Toda a história retratada por esta série cativa o espectador, quer seja devido à grande quantidade de ação que está presente em cada episódio, quer seja pelo cenário improvável em que toda a história se desenvolve. Cada episódio transforma-se assim num desafio para Lucas Hood que o resolve quase sempre de maneira pouco ortodoxa o que torna a história sempre interessante. Outro dos motivos pelo qual esta produção se torna tão boa é o facto de lucas Hood ter bastantes histórias do passado mal resolvidas que o perseguem durante todas as temporadas, o que faz com que o mesmo esteja constante


mente em conflito com inimigos que de uma forma ou de outra o encontram em Banshee e procuram um ajuste de contas. A personalidade de Hood também é um dos ingredientes para a qualidade que esta história apresenta aos que a seguem. Quase bipolar, o Sheriff de Banshee é capaz de praticar o bem mas ao mesmo tempo pratica o mal, o que leva o espectador a estar em constante excitação pois espera que a certa altura Hood seja apanhado e que sofra um ajuste de contas por parte dos indivíduos que prejudica. Esta História tem todas as características de uma grande série. Tal como Breaking Bad de Vince Gilligam, Banshe tem a capacidade de nos colar ao ecrã e fazer com que a espera pelo próximo episódio pareça uma eternidade. Com um episódio de abertura quase perfeito esta obra prendeu quase todos que assistem ao mesmo tornando-os depois completamente viciados no jogo de crime e corrupção que acontece nesta pequena cidade Amish da Pensilvânia. Com uma cotação de 8.3 em 10 valores, atribuída pela IMDB, podemos perceber que recebeu um bom feedback por parte dos espectadores e que tem tudo para se tornar numa melhores séries do seu género nos últimos tempos, o que é provável que venha a acontecer.

Dinis Mestre

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“This is not a story about forgiveness…”

Raquel Figueiredo

Revenge

é a frase presente no primeiro episódio da primeira temporada, que nos teletransporta para o universo de vingança de

Amanda Clarke, e dita o perfil incontornável da série.

Revenge, conta a história de Emily Thorne (Emily VanCamp), que na verdade é Amanda Clarke, filha de David Clarke (James Tupper), um homem que morreu inocente, culpado de crimes que não cometeu e traído pela mulher que amou, Victoria Grayson (Neé Harper). O pai de Amanda, foi o bode expiatório de uma sórdida conspiração da família Grayson, sendo julgado e condenado por terrorismo. Na cadeia, David morre e Amanda é enviada para um reformatório, onde cresce revoltada com o próprio pai. Ao completar 18 anos, a protagonista sai do reformatório e recebe a generosa herança do seu pai acompanhada de uma caixa, onde o mesmo relata todos os detalhes de como os Grayson destruíram a sua vida. É este o momento da série, em que percepcionamos a transformação emocional total de Amanda, ela abre mão da sua inocência, da sua vida e inclusivé do seu nome para vingar o pai. Amanda Clarke não existe mais, tudo o que amava foi-lhe retirado. A mesma, confronta-nos com o facto de que a verdadeira satisfação apenas pode ser encontrada em uma de duas coisas... no perdão absoluto ou na reivindicação mortal. Para Emily, apenas resta a vingança. E é isso mesmo que impede o público em geral, de questionar as suas acções, nós apaixonamo-nos pela sua entrega ao ódio, pela sua devoção ao sentido de ‘família’. Ela sacrifica quem é, para fazer justiça e é esse o tipo de amor que impressiona... O incondicional.


Com uma nova identidade – Emily Thorne - a protagonista regressa aos Hamptons, a sua cidade natal. O seu plano é infiltrar-se no meio social dos seus inimigos e aproximar-se de cada um que esteve envolvido na acusação injusta do seu pai e destrui-lo. Um por um. Para isso, ela conta com a ajuda de Nolan Ross (Gabriel Mann) um jovem bem-sucedido empresário que era amigo do seu pai, David Clarke e que se transforma no seu melhor amigo e braço direito. Os poderosos Grayson estão no topo da sua lista negra, mas muitos são os que estiveram envolvidos. Emily não pretende deixar pontas soltas. Existem também vários outros factores no desenrolar da história como Jack Porter (Nick Wechsler) , o seu amor de infância, que a transporta sempre para quem custumava ser. Ou Aiden, o homem que ama, e que sempre esteve consigo na ‘sua frente de batalha’.

A terceira e última temporada, foi de tirar o fôlego, no entanto, deixou no ar uma conspiração que pode mudar tudo o que contávamos ser um facto consumado até então. Fica a grande questão: ‘Terá tudo valido a pena?’ afinal sejamos sinceros, Emily abriu mão da vida ao lado do Jack, perdeu a melhor amiga, e agora, como se não bastasse, perdeu o amor da sua vida, o homem que a protegeu e lutou por ela até o último segundo, Aiden. Recomendo vivamente esta série aos que não conhecem. Aos que conhecem e acompanham, sei a sensação... Vamos esperar pelo regresso e pelas respostas a todas as perguntas.

Ao longo da trama, assistimos ao amadurecimento da personagem principal. Emily, não é mais a rapariga indefesa e maltratada dos primeiros episódios. Cometeu inúmeras maldades, e ainda que eventualmente faça uma expressão triste, de quem teve uma lembrança ruim, está determinada em concluir a sua jornada.

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Sons Of A Inês Oliveira

A

série em análise, estreou pela primeira vez em Portugal em 2008, e conta a história de um grupo de motoqueiros fora-da-lei, os Sons of Anarchy. A história desenrola-se na cidade ficcionada de Charming, no Estado da California nos EUA, cidade que o grupo quer, acima de tudo proteger. Assim, o enredo desenvolve-se em torno de Charming, das famílias dos membros do grupo, dos seus problemas com outros grupos rivais e, claro, o seu relacionamento com as forças de autoridade. O protagonista, Jax Teller (Charlie Hunnan), filho de John Teller um dos fundadores do grupo, começa a questionar-se sobre o rumo que o mesmo está a seguir, após começar a ler uma espécie de diário que o pai lhe deixou. O admirável nesta série, na minha opinião, é o fato de, mesmo que por vezes (muito poucas) previsível, o enredo consegue tomar um rumo em que nunca se fica a saber tudo numa temporada, muito menos num episódio. No caso do diário, este aparece desde o início da série mas, só na terceira temporada, é que tomamos total conhecimento do conteúdo do mesmo e como a história relatada influência o resto do grupo. No que diz respeito às personagens, aponto o fato de todas terem os seus “pecados” e não

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serem totalmente boas nem más, como outra caraterística muito positiva nesta série. Todos os membros fizeram coisas que não são consideradas corretas mas, por outro lado todos sofrem. Deste modo, Sons of Anarchy, permite que, num episódio se odeie uma personagem e noutro se nutra uma certa compaixão e, até mesmo pena. Por exemplo, no caso de Gemma Teller (Katey Sagal) mãe de Jax Teller e mulher de Clay Morrow (Ron Perlman), nas primeiras temporadas, devido a coisas que lhe acontecem e, pelo seu caráter maternal, é uma personagem muito adorada. O seu caráter manipulatório é, muitas vezes, visto como algo positivo mas, ao longo do desenrolar da história, torna-se exagerado, sendo, na minha opinião, uma personagem odiosa. Voltando agora ao protagonista e, avaliando-o


Anarchy

enquanto personagem, para mim este é mais um anti-herói e, uma das principais razões para ver esta série. Existe um crescimento notório da personagem, nas primeiras temporadas é apenas um miúdo que quer tirar o grupo dos “maus caminhos” e, tentar seguir as pisadas do pai. No entanto, quando assume a presidência do grupo, a paixão por aquilo que faz, apesar de sempre negada, é evidente. Jax Teller, assume este cargo, com os argumentos de que é temporário e com um propósito. Contudo, isto começa a soar como desculpa pois, por mais motivos que existam, o protagonista continua com as suas eternas promessas à sua mulher Tara Knowles (Maggie Siff), sempre sem efeito. Assim sendo, mesmo que descabido, penso que em certos momentos, se pode comparar Jax Teller com o tão famoso Walter White de Breaking Bad (“I liked, i was good at it and i was alive” – Walter White). Em suma, e fazendo agora um apanhado de tudo o que é

positivo nesta série: o enredo, na primeira e segunda temporada com a agente Stahl (Ally Walker) que nos faz desejar a sua morte todos os dias. Nas restantes com os irlandeses, e outras personagens odiosas ou não e, com o evoluir da história entre o próprio grupo, pois os valores de origem do mesmo vão-se perdendo. O final de cada temporada, que dá vontade de começar logo a ver a outra. Cenas com muita violência, o que para mim, é tido como um ponto bastante positivo. Pelo fato de, muitas vezes, o grupo estar a passar por momentos em que pensamos que tudo vai correr mal e depois, por algum motivo, ou pela genialidade de Jax Teller, tudo corre pelo melhor. A sede de vingança (retalitation) de todos os membros do grupo, nada é deixado para trás. E quando pensamos que sim e que o assunto está esquecido, acontece o contrário. A qualidade do elenco, Charlie Hunnan, conhecido pelo filme Green Street Hooligans, Ron Perlman por Helboy e Maggie Siff de outras séries televisivas, como é o caso de Mad Men. Neste ponto, volto a referir, também, o das personagens, e a história que está associada a todas elas. Para finalizar, a efemeridade das mesmas. O fato de nunca se saber o que vai acontecer a nenhumas das personagens e o constante suspense é algo de deve ser admirado e tido em conta nesta série.

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The Vampi The Vampire Diaries

(Diários do Vampiro) é uma série de drama e suspense desenvolvida por Kevin Williamson e Julie Plec, que é baseada na série de livros com o mesmo nome escrita por L. J. Smith. Esta série segue o desenrolar de vários eventos na cidade de Mystic Falls, Virginia. O foco principal da série é um triângulo amoroso entre a protagonista, Elena Gilbert (Nina Doberv) e os irmãos, Stefan (Paul Wesley) e Damon Salvatore (Ian Somerhalder). Logo no primeiro episódio da primeira temporada, percebemos que o passado e presente sombrio dos irmãos Salvatore, o seu regresso a Mystic Falls e as ligações amorosas, sociais e profissionais vão ser o foco principal. Já á bastante tempo que livros, filmes e séries sobre seres místicos, sombrios e de “contos de fadas” são editados, mas se anteriormente tinham um público-alvo muito restrito, agora são adorados por um grupo muito mais geral. O que os distingue de serem bons ou maus é na realidade o cuidado com pormenores e factos, que a meu ver é o que faz desta uma boa série de distração e com que se pode passar um bom bocado. Temos o exemplo das bruxas da série que são descendentes dos Druidas e Salem, o que deu uma boa base e fundamentou as personagens. Temos os irmãos Salvatore com uma pesada historia que se vai completando ao longo das temporadas, nunca deixa o espectador com a posse total da história, o que é bom pois a partir do momento em que a história está contada e as próximas fases vão ser duros e longos episódios de acontecimentos do diaa-dia muitas vezes repetidos a série perde por completo o seu interesse. No entanto Diários

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do Vampiro agarra o espectador de tal forma com uma quantidade muitas vezes inacreditável de acontecimentos que nos faz querer sempre mais. Por mais que haja episódios ou partes de temporadas como é o caso do fim da 5ª Temporada que fica um pouco á quem do que nos habituou


ire Diaries

Patrícia Victório

Kevin Williamson e Julie Plec, temos sempre o personagem Damon Salvatore que nunca desilude e nos premeia muitas vezes com um excelente cocktail entre as suas abordagens charmosas, maléficas e carregadas de sarcasmos e ironias inteligentes que dão uma dose essencial de humor negro á série. Stefan, o Salvatore “bonzinho” é muitas vezes o equilíbrio

entre bom e mau, mas torna-se uma personagem cansativa ao longo das temporadas por ser tão reprimido, deprimido e nostálgico. Quanto às outras personagens são em boa dose normais e aberrações, não á exageros do normal citando agora o filme “Crepúsculo” em que a personagem Bela (humana que se apaixona por um vampiro) é uma rapariga ingénua e boazinha, como não mais haverá. Nem ridículo de aberração, como novamente o “Crepúsculo” que nos premiou com vampiros que brilham como um diamante quando expostos ao Sol. Para quem gosta de uma série intrigante, sobrenatural e com um bom toque de comédia aconselho Diário do Vampiro, sendo que, mesmo destacando-se pela positiva, não foge ao género de séries de vampiros habituais mas com uma história muito mais interessante por detrás de cada personagem. Na realidade é uma série criada para vender e satisfazer o maior numero possível de pessoas, produzida para o espectador ver, rir, chorar, mas não opinar, uma produção para a Cultura de Massas, em que o que importa não é o conhecimento que dá mas a simplicidade de ideias para ser absorvida sem nenhum tipo de esforço, o verdadeiro incentivo à cultura do ócio.

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Gallagher , é este o nome da família mais dramática, cómica e irreverente da televisão norte-americana. Sobrevive, a muito custo, na sociedade americana, e surpreende-nos a cada episódio. Vivem num bairro, do lado sul de Chicago, bastante violento, onde carregar uma arma é quase tão banal como comer um chupa-chupa. A esta família de cinco crianças e Fiona, a irmã mais velha que faz tudo para conseguir pagar as contas, colocar comida na mesa e proporcionar aos irmãos a oportunidade de estudarem como qualquer criança, somamos ainda Frank: o pai desta família que há muitos anos, e após a sua esposa bipolar e mãe dos seus filhos o ter deixado, trocou as aulas de filosofia que lecionava na Universidade por garrafas de álcool, drogas e tudo o que pudesse inibir os sentimentos e fazê-lo esquecer o sucedido, sem se importar com a vida dos seus filhos, roubando ainda o dinheiro que a familia consegue juntar para gastar no seu vício. Fiona assume assim a liderança da casa. O desprendimento da sua vida em função da dos irmãos, e a tentativa de alcançar a sobriedade do pai, acaba por nos aproximar emocionalmente desta personagem. Certa noite, ela conhece um homem por quem se apaixona. Dá-se pelo nome de Steve, e como se problemas não faltassem a esta casa, segredos, isso é o que não falta também a este homem que ganha a vida no contrabando de carros roubados. Fiona parece não ter sorte nem no amor. Apesar de ser a irmã mais velha, e aquela que arranja inúmeros trabalhos, trata da casa e

da família, todos os irmãos colaboram e cuidam uns dos outros. Lip, está quase a terminar o secundário. É o génio da família, no entanto gosta de manter a sua faceta rebelde e está sempre a tramar alguma. Este faz todo o tipo de trabalhos possíveis e imaginários, mantendo sempre o seu lema, “pobre só tem duas formas de ganhar dinheiro, roubando o enganando”. Ian, o ruivinho da família, trabalha numa mercearia de um casal muçulmano, acabando por se envolver com o patrão. Irreverência realmente é o que não faltou aos criadores desta serie, uma história gay para colmatar este enredo já de sí controverso. Carl, o verdadeiro mauzão da família, não gosta da escola e só tem amigos rebeldes, fazendo asneiras atrás de asneiras. Juntamente com Debbie, pouco mais velha mas extremamente adulta e responsável, formam uma cresce em casa nas férias de verão, cuidando dos filhos dos vizinhos, para ajudar a juntar dinheiro para o inverno. Por fim, temos o pequeno Liam, estranhamente, o único mulato da familia. É o bebé que, como qualquer criança, faz a delicia de todos. Com a ajuda dos vizinhos e amigos Verónica e Kev, da força e união que têm, estes seis irmãos sobrevivem às mais diversas peripécias, e acima de tudo divertem-se. Não medem esforços para conseguirem o que querem, não sendo por vezes da forma mais correta. Esta série é sem dúvida

envolvente, divertida e desperta-nos para algumas realidade que por vezes nos passam ao lado. Passando por várias fases e géneros, desde o drama à comédia, Shameless é uma série

que tem muito para nos dar e que nos apaixona a cada episódio. exibidas, Shameless é uma série que tem muito para nos dar e que nos apaixona a cada episódio.


Alexandre Carvalheiro

Shameless U.S.


V

oltando ao ano de 1988, e recordando a greve de argumentistas americanos que surpreendeu o mundo televisivo e afetou profundamente as grandes cadeias televisivas com a fraquíssima produção de filmes e programas, estamos

num momento marcante para o famoso canal de televisão americano FOX (pertencente à FOX Broacasting Company). Com os recursos esgotados e com falta de conteúdo para produzir, o canal comprou um novo conceito de programa televisivo e eis que surge então a famosa série “Cops- Caught in the act”.

Criada por John Langley e Malcolm Barbour, estreou a 11 de março de 1989 e conta já com mais de 650 episódios, o prémio “American Television Awar” e várias nomeações para um Emmy. Produção da 20th Century Fox Television, Barbour/ Langley Productions, Fox Television Stations e Langley Productions, tem

como grande referência o tema musical que introduz episódios de 25 minutos, “Bad Boys” do grupo Inner Circle e a mensagem de introdução, “COPS is filmed on location with the men and women of law enforcement. All suspects are innocent until proven guilty in a

court of law.” Cops é uma série ao estilo documentário, difundida pela FOX Crime em Portugal, carregada do melhor que a América tem para oferecer, entretenimento. Uma equipa de filmagem, munida apenas com um colete à prova

de bala, acompanha os turnos de polícias de variadíssimas cidades mostrando-nos , enquanto espetadores, como é ser policia nos Estados Unidos da América. A série Cops tem registado ao longo dos anos situações que vão desde uma operação stop, episódio de violên-

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Cops

Duarte Drago

cia doméstica, assaltos, a perseguições de alta velocidade na via pública. Sem censura, mostra como é ser polícia nos Estados Unidos da América. Há que referir a vertente educacional de Cops, não é preciso ser a pessoa mais inteligente do mundo para perceber que, na maioria dos casos, os “criminosos” são um pouco limitados. Desculpas esfarrapadas, ataques de pânico, falhas de memória, desespero, bebedeiras, a mensagem é clara - “Kids, don’t do drugs”. Esta série brinda o espetador, ao longo de 25 minutos, com “suspeitos” imprevisíveis, alguns já são procurados, estão drogados, são nervosos e outros tantos que por vezes nem sabem quem são ao certo. Todos eles reunidos numa compilação de indivíduos, que no fundo representam tudo aquilo que o mundo não precisa a sentir na pele o quão doloroso pode ser ultrapassar a linha que separar a ordem da desordem. A série televisiva Cops é um dos programas mais duradouras na história da televisão americana, encaixa perfeitamente no contexto de um país onde a violência é bastante elevada e faz uso disso mesmo para difundir a imagem de uma nação que tem problemas mas que os sabe controlar, seja a bem ou a mal, arranjando sempre uma maneira bastante democrática de resolver o problema. Há com certeza episódios que não terão sido transmitidos talvez porque não convém ou talvez porque simplesmente “não interessam”, a verdade é que em Cops já vi de tudo e isso é alarmante para um programa televisivo disponível em horário nobre e que acabou por inspirar a produção de séries ainda mais violentas.

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História da F H

oje em dia, muitos são aqueles que utilizam máquinas de fotografar, mas poucos são os que conhecem a história da fotografia. Não querendo dar uma aula de história, apenas vos vou falar do que realmente importa saber. A primeira fotografia nasce a preto e branco e remonta ao ano 1826, atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce,

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a imagem foi produzida com uma câmara e precisou de oito horas de exposição à luz solar. Ainda assim, a invenção da fotografia não pode ser atribuída a uma só pessoa, mas sim a um grupo. Alguns avanços tecnológicos depois, surge a fotografia colorida, sendo a primeira tirada no ano 1861 pelo físico, James Clerk Maxwell.

A partir de 1888, a fotografia populariza-se como produto de consumo, o que veio chamar a atenção de marcas fotográficas, como é o caso da Kodak que começou por espalhar uma onda de marketing dizendo que todos poderiam tirar fotografias sem precisarem de um fotógrafo profissional.


a Fotografia

Ana Raquel Santos e Catarina Martins

Desde então, o mercado fotográfico evoluiu tecnologicamente, estabelecendo o filme colorido e o foco automático como padrão. Essas inovações melhoraram a captação de imagem, a qualidade de reprodução e a rapidez de processamento, sem nunca interferir nos princípios básicos da fotografia. Uma grande mudança, deu-se no séc. XX com a digitalização dos sistemas

fotográficos. A fotografia digital veio revolucionar o mundo da fotografia, minimizando custos, reduzindo etapas, acelerando processos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão de imagens.

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, z t i v o b i e L e i n An s i a m a f a r g ó t A fo o d n u m o d a g a p bem

A

briu os olhos pela primeira vez em Waterbury, Connecticut no dia 2 de Outubro de 1949. E a sua visão foi o que a levou mais além. O seu pai Samuel Leibovitz era um coronel da Força Aérea dos Estados Unidos da América e a sua mãe, Marilyn Edith, uma bailarina de dança moderna. Devido às carreiras dos pais, a família andava mudava-se constantemente, assim, as primeiras fotos da artista são tiradas nas Filipinas, quando os pais lhe compram a sua primeira máquina fotográfica em 1968, pela altura da Guerra do Vietname. Na sua escola secundária em Northwood, começou o interesse pela música, escrevendo até algumas musicas. Já no San Francisco Art Institute estudou pintu-

ra. Durante e após tudo isto, a sua paixão e aptidão para a fotografia foram aumentando. Especialmente quando esteve em Israel em 1969. Em 1970 regressa aos Estados Unidos, altura em que começa a trabalhar para a recém-lançada Rolling Stone Magazine, algo que faria até 1983. Em 1971 e 1972 é a “enviada especial” para acompanhar os concertos dos Rolling Stones e em 1973 torna-se a fotografa oficial da banda. A 8 de Dezembro de 1980 dá-se uma das fotografias mais memoráveis da sua carreira, fotografando John Lennon e Yoko Ono, 5 horas antes do assassinado do cantor. Finalizado o seu tempo na Rolling Stone, em 1983, junta-se à re-lançada Vanity Fair. No mesmo ano lança o seu primeiro livro.

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No ano seguinte é nomeada a fotografa do ano pela American Sociaty Magazine Photographers. Em 1991, torna-se a primeira mulher a expor na National Portrait Gallery. Exposição com a qual corre o mundo. Em 1996 lança um novo livro e em 1998, começa a trabalhar com a revista Vogue Desde 1989 teve uma relação com a escritora Susan Sontag, até a morte da mesma em 2004. Em 2001 nasce a sua primeira filha, Cameron. E com recurso a uma barriga de aluguer,

Annie

é novamente mãe, desta vez dos gémeos Susan e Samuel, em 2005.


Serão os olhos aqueles que mais denunciam o nosso passado e o nosso futuro? A fotografia é uma arte cada vez mais desenvolvida e tem como objetivo guardar um momento numa imagem. Com as imagens que vemos em baixo, podemos refletir no tão simples e ao mesmo tempo complexo significado que poderá ter cada pormenor de uma fotografia. Focando-nos mais neste caso, podemos refletir no que esconde o nosso olhar, os nossos olhos. Não é por acaso que existe o tão famoso ditado ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’, ou seja, podemos perceber muitas coisas através da imagem, se a pessoa está feliz, triste, assustada, se está com raiva ou simplesmente intimidada, estes são sem dúvida alguns dos sentimentos que

podemos encontrar nas mais variadas fotografias que encontramos ao longo do mundo. Podemos também encontrar dentro das fotografias a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas

sado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá. Somos nós próprios os criadores do nosso futuro e conseguimos construi-lo da melhor maneira olhando para o passado, para os erros que c o m e t e m o s, para que não os voltemos a repetir, mas também para as boas coisas que desempenhámos ao longo da nossa vida. Somos também um ‘enconderijo’ de etapas pelas quais passámos, mas que de certa que já faleceram, as pessoas forma as demonstramos, sem que desapareceram. A fotogra- nos apercebermos, através do fia faz com que as pessoas se nosso simples e humilde olhar. lembrem do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. A memória veincula o pasRaquel Guerreiro


EXPOSIÇÃO DO WORLD PRESS PHOTO 2014 CHEGA A LISBOA

Os trabalhos premiados do maior concurso de fotografia do mundo de 2014 está a ser apresentado durante este mês de maio no Museu da Eletricidade, em Lisboa. Desde 30 de abril que a exposição está aberta a todo o público, com os bilhetes simbólicos, rondando um e dois euros. O dinheiro angariado dos bilhetes vai reverter no apoio do projeto UMAD - Unidades Móveis de Apoio ao Domicílio – apoio social e clínico a crianças com doenças graves ou crónicas, permitindo-lhes assim ter alta hospitalar e regressar a suas casas, desenvolvido pela Fundação do Gil com o apoio da Fundação EDP. A fotografia vencedora, foi da autoria de John Stanmeyer e é demominada de “Signal”, captada no dia 26 de fevereiro de 2013 e publicada

World Press Photo 2014, que conta com mais de 90,000 trabalhos de cerca de 6,000 fotógrafos de todo o mundo, está exposto na cidade lisboeta.

na revista National Geographic. Na imagem podemos ver várias pessoas na costa de Djibouti a tentar apanhar rede telefónica da Somália, onde é menos dispendioso. Um dos membros do júri, Jillian Edelstein, declarou que a fotografia abria uma grande discussão de temas contemporais, tais como «a tecnologia, a globalização, a migração, a pobreza, o desespero, a alienação e a humanidade». Na edição de 2014 concorreram cerca de 98,671 fotografias de 5,754 fotógrafos de 132 nacionalidades diferentes e cerca de 53 fotógrafos de 25 nacionalidades foram premiados e distinguidos pelo seu exímio trabalho.

Mariana Gonçalves 40 - Arte(Vista) fotografia


Nos nossos dias, as fotografias estão presentes de um modo impressionante, sejam tiradas com tablets, smartphones, máquinas fotográficas digitais ou semiprofissionais, são partilhadas em redes sociais ou aceites na imprensa. De um momento para o outro, uma imagem que pode até não ter muita qualidade, pode tornar-se viral devido ao impacto que tem para quem olha para ela. Vivemos numa “era digital”, onde as pessoas preferem uma pesquisa de imagens na inter -

tos tipos, origens, estilos e qualidades diferentes, uma imagem tem a capacidade de nos transmitir uma realidade, repassando o conhecimento adquirido. Assim como um jornalista, um fotógrafo tem de ter uma curiosidade constante. Olhar para uma paisagem verde e procurar pormenores que a torne numa fotografia de tal modo interessante, revelando mais do que uma simples paisagem verde e que seja capaz de passar o momento e uma história. Se eu não tiver uma máquina fotográfica profissional com uma boa resolução, posso tirar igualmente boas fotografias com uma máquina digital de 12 megapixéis, mesmo sem

Foto gra fia atu na alid ade

net do que analisar uma exposição num Museu, e sim, é um modo prático de obter a informação de uma imagem, mas o contacto visual não é o mesmo! Um fotógrafo não tem necessariamente de ser profissional ou famoso, pode ser um desconhecido amador. Pessoas que estão atrás de uma câmara fotográfica e guardam um momento, através de uma imagem para a posterioridade, por algum motivo. São instantes que ficam congelados, como se depois o passado voltasse a estar presente. Uma fotografia que pode até nem ter sido tirada por um motivo em especial, mas vai ter eventualmente um significado intrínseco. Existem milhões de fotografias que vemos, mas raramente paramos para pensar que estas foram vistas por um ser humano, observadas e por fim, capturadas. De mui-

truques de iluminação ou filtros capazes de fazer milagres, basta ter uma boa capacidade ótica e criatividade – ver com os olhos o que o coração está a sentir.

Daniela Filipe

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O vandalismo que se transformou em arte T

a arte urbana, demonstra as várias formas de expressão de sentimenal como acontece com quatos através de desenhos e não só. se tudo que é novo e que foge aos Conhecida também como street padrões conhecidos como “norart ou cultura urbana, esta refemais”, a arte urbana também foi re-se a manifestações artísticas, descriminada e menosprezada. desenvolvidas no espaço público, E, infelizmente, em alguns casos distinguindo-se das manifestações ainda é. Contudo, ao longo dos de caráter institucional ou empreanos, esta foi-se constituindo como sarial. Este tipo de arte aparece uma forma de fazer arte e não como um meio de valorizar o trade vandalizar o espaço público. balho de muitos que, na sua maioAbrangendo vários estilos artístiria, eram menosprezados e vistos cos (alguns mais ricos em detalhes como vândalos. As manifestações que outros) que vão do Grafite e críticas sociais que utilizam como ao Estêncil, passando por stickers, porta-voz este tipo de arte são, poster-bomber, intervenções, flash não só, uma forma de criticar ou mob, danças de rua, entre outras, satirizar a sociedade, como tam-

bém de embelezá-la. Graças a arte urbana, as ruas transformam-se em galerias cujos críticos são toda uma população que vagueia pelas ruas. Estas obras surgiram para quebrar barreiras, para animar, reconfortar e dar a conhecer novas formas de arte que não as estereotipadas pelas sociedades. Assim, a arte urbana pretende designar todo o tipo de expressões artísticas que são feitas dentro do contexto urbano, pondo-se a margem das instituições públicas.

Isarina João

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s u s e J e d e i c é p s e a m u ” ca “Sou e t o c s i d a n o t s Cri Frans Roberto Ribeiro da Silva também conhecido como DJ

Respect, tem 25 anos e nasceu na ilha do Maio, em Cabo Verde. O jovem vive em Portugal desde Setembro de 2009, e considera-se africano não por ter nascido em África, mas por África ter nascido nele. Quando foi o teu primeiro contacto com a arte de ser Disc Jokey? O meu primeiro contacto foi quando eu estava no 9ºano de escolaridade. Um amigo meu que é DJ na ilha ia atuar num torneio, e o Benfica ia jogar outra vez (risos). Como ele era Benfiquista, pediu-me para tomar conta do material, eu nunca tinha mexido em nada daquilo. Em casa costumava mexer na aparelhagem, mas um contacto direto nunca tinha tido. A partir desse contacto quando surgiu o interesse e a vontade de ser DJ? Aconteceu seguidamente àquele acontecimento. O meu pai é emigrante, e quando ele ia de férias levava CD’s com músicas novas, e eu ficava mesmo à frente da aparelhagem a ouvi-las. Era muito viciado na

música e sempre a tive alta dentro de casa. A minha mãe sempre me chateava a cabeça para baixar o volume, mas não havia outra solução, eu gostava daquilo (risos). Por que razão colocaste o nome de Respect? Qual o seu significado? O nome surgiu quando eu entrei no liceu. Nesta altura, comecei a aprender inglês e vi aquela palavra. Há muitas pessoas que pensam que Respect é para alguém me respeitar, mas é exatamente o oposto. Respect significa o respeito que eu tenho pela música que é uma forma de transmitir mensagens, entre outras coisas. Quando foi a primeira vez que tocaste e qual era o equipamento que tinhas? Já o tinhas todo? Não tinha o equipamento todo. Em Cabo Verde eu já tocava Pitch mas não tinha muitas oportunidades de praticar. Dou graças a Deus por ter vindo para Portugal. Quando cheguei cá, fui a uma loja da Fnac com um amigo meu e vi uma controladora da Hercules. Fascinei-me por aquilo, não

hesitei duas vezes, e tirei logo dinheiro da mesada para poder comprá-la. Passado um ano, comecei a trabalhar nas festas da secção de estudantes africanos, e dei a conhecer-me por este meio. Depois comecei a atuar em discotecas, e acabei por adquirir vários instrumentos aos quais chamo a minha esposa (risos). Quais são os estilos e música africana que mais gostas? Eu sou polivalente, ou pelo menos tento ser. Não é por ser DJ africano, mas a noite africana é muito rica porque é uma mistura de culturas e de ritmos, onde podemos encontrar a Kizomba, Funaná, Semba, Afro-House, que agora está muito na moda, Zouk Love, Reggae Music, Ragga, Hip-Hop. Enfim, é toda uma mistura de culturas que me agrada muito. Para além da música africana tens outras influências musicais? Tenho, como disse tento ser polivalente. Pessoalmente há várias músicas que costumo ouvir como as orquestras. Porém, na noite tento ser fiel à música africana, também para desenvolver as minhas atuações. Para mim este estilo tem muitas mensagens e eu tento


transmiti-las. De certa forma, sinto-me um agente cultural, sou uma espécie de Jesus Cristo na discoteca, sem querer ofender o santo nome de Deus em vão (risos). Preferes tocar em discotecas ou fazer performances noutros locais, noutro tipo de eventos? Posso dizer que estou mais acostumado em discotecas. Independentemente do local, o que eu gosto realmente é de tocar para as pessoas. Por vezes estou em festas pequenas como aniversários e estou por lá a tocar. Os meus amigos costumam dizer que sou um viciado no meu trabalho e que não convivo o suficiente, mas é uma coisa que me agrada imenso. Gosto que as pessoas estejam a sentir a minha música.

no caminho certo para chegar um dia ao auge. Achas que a música africana é cada vez mais bem aceite em Portugal? A música africana é cada vez mais bem aceite em Portugal e é bonito de se ver. Antes, quando estava na discoteca, costumava tocar somente para africanos, mas agora quando toco e vejo toda uma mistura de peles e culturas, acho muito bonito. É um processo de aculturação, todos nós saímos, todos nós nos queremos divertir e todos frequentamos as mesmas festas.

Como vês a música africana atualmente? Costumo dizer às pessoas que a música africana atualmente já atingiu um grande patamar. Não digo que não estivesse à espera disto. Na minha opinião, este estilo de música sempre teve muito potencial, e acho que ainda tem capacidade para mais. Penso que está

Qual é a coisa mais difícil na arte de ser DJ? A coisa mais difícil é agradar a todos. No final há sempre alguém que faz uma crítica negativa ou que faz um elogio. É como eu digo, há um misto de pessoas e cada uma tem o seu gosto próprio. É muito difícil alcançar a 100% a satisfação das pessoas, mas eu tento. Qual é a principal habilidade que um DJ deve ter? Principalmente acho que um DJ tem de saber fazer a leitura da pista de dança. Claro que também precisa de ter um bom ouvido para poder fazer as mixagens.

Como fazes a seleção de músicas para as tuas atuações? Tento fazer sempre o meu trabalho de casa. Pesquiso sempre músicas novas para estar sempre atualizado. Em relação à seleção eu costumo fazer sempre na hora porque o DJ funciona de acordo com o que a pista pede. Todo o DJ tem de saber fazer uma leitura de pista e eu tento fazer isso no meu dia-a-dia. Quando te começaste a aperceber do teu sucesso? Sinceramente, não sei se é sucesso, mas se for é bom. Acho que fiquei a ser mais conhecido em 2011 numa festa de receção aos caloiros africanos. A minha caminhada no Algarve começou a partir daqui.

Holanda. Estou sempre conectando-me com pessoas para ver se consigo tocar em novos locais.

Pretendes progredir na carreira de DJ e quem sabe levar o nome de África para todos os lados? Esse é o meu sonho. É aquilo que eu falei de Jesus Cristo, esse é o meu evangelho. Sou um agente cultural, e sinto que nasci para transmitir a minha cultura. Por isso, dou o meu máximo pela música em geral, mas dou mais ainda pela música africana porque quero que seja reconhecida e valorizada. Em que locais já atuaste? Existem muito poucos lugares no Algarve que ainda não fui. Já toquei em Faro, Almancil, Portimão, Albufeira, Lagos, Tavira, entre outros. Fora do Algarve, já toquei em Coimbra, Porto, e em Lisboa também já o fiz mas em festas relativas à minha ilha. Fora do país, posso dizer que já toquei duas vezes em Canárias e uma vez na

Carina Fernandes e Carolina Hermano


o c r a m i t i f f a e r r g p O m “ e s a r a p vida tanto não é 100% graffiti.

Nuno Miguel Viegas nasceu

em 1985, e cresceu na cidade de Quarteira. Licenciado em Artes e recentemente mestrado em Comunicação, Cultura e Artes, o antigo aluno da Universidade do Algarve é um apaixonado pela arte do graffiti, e desde 1999 que a explora. É autor de inúmeros trabalhos mas afirma não possuir o estilo próprio. O graffiti é desde sempre um hobbie, contudo marcou a sua vida para sempre.

ou com marcador, na parede, num comboio ou num metro. Isso para mim são graffitis. Noto que muitos dos que se fazem atualmente são apelidados de graffiti mas são pinturas de mural.

Quando é que te iniciaste no graffiti? Eu comecei a pintar em 1999. Nessa altura, em que comecei a sair da casca, o Hip-Hop estava muito evidente em Quarteira, e eu desde cedo fui abraçado por essa cultura. O graffiti foi o primeiro elemento dessa cultura à qual eu me associei. Fazia parte do meu dia-a-dia, e eu comecei a ver os graffitis das pessoas de fora e também de cá, mas eram muito poucos os que pintavam em Quarteira. Qual é o teu nome de graffiter? O meu nome de graffiter é METIS, e às vezes uso MATIS.

O que é que o graffiti significa para ti? Para mim acima de tudo, o graffiti é uma atitude que leva a marcar o espaço. Não é tanto o facto de pintar uma parede, mas a atitude que leva a fazer esse ato quer seja com spray

Concordas com o aparecimento do graffiti nas galerias ou é uma arte só das ruas? É a tal coisa, o graffiti para mim é uma atitude e é possível transportá-la para dentro de uma galeria, mas é teatral. Para mim não é tão genuíno, porém não quero desvalorizar os artistas que lá expõem. Na galeria a atitude, a adrenalina e o feeling não é o mesmo, acaba por se perrder um pouco. O que vai para dentro da galeria tem como raiz o graffiti, no en-

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O que é que achas que deve ser feito para promover o graffiti? O graffiti não deve, nem tem que ser promovido. De certa forma, difunde-se como uma praga, por assim dizer. As pessoas vêm as paredes pintadas uma e outra vez e acabam por ganhar esse fascínio. Logo, começam a pintar por gosto próprio e por se identificarem naquela atitude e movimento, a promoção aqui é desnecessária. Achas que o graffiti tem sucesso no nosso país? Será que tem futuro? A evolução do graffiti começa a ser aceite em Portugal. Repito que, para mim, o graffiti é vandalismo e esse, no nosso país, não é aceite. Aliás, acredito que não seja aceite em nenhuma parte do mundo, ninguém gosta de ver as paredes de prédio com graffiti, com uma coisa feita em dois minutos em que o righter não teve tempo nenhum de se expressar. Há pouco tempo aconteceu algo impensável para mim, fui convidado para pintar no hotel de 6 estrelas, Conrad. Como é que uma coisa de uma sociedade de elite absorve o graffiti? Como é que me chamam para um evento desta natureza? Fiquei pensando sobre o que é que se passava ali. Deram muita importância àquele evento pois foi gasto imenso dinheiro, e foram despendidas imensas energias tanto no sta-


a h n i u a m

o e”

ff do hotel como da Associação Artcatto, envolvida também no projeto. Sem dúvida, esta é uma prova, que hoje-em-dia o graffiti é mais do que Street Art, e já começou a ser aceite pela nossa sociedade. Esta arte terá tendência a se desenvolver nos próximos anos. Quando é que sentiste que a tua arte começou a ganhar destaque? Atualmente não diria que tem destaque porque não estou tão ativo quanto gostaria de estar. Contudo, acredito que o meu nome já tenha corrido Portugal de Norte a Sul, não como METIS, mas pela minha fundação, a Policromia, nascida em 2001. Quando o graffiti se iniciou no Algarve, acredito que o meu nome tenha chegado lá em cima. Agora, as pessoas poderão não me conhecer mas, se entrarem no movimento, mais tarde ou mais cedo vão ouvir falar do meu nome. Acho que fiz parte do núcleo de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento desta cultura, não só do graffiti mas também da música Hip-Hop no Algarve. O que é que mais gostas de pintar? Quais os suportes que utilizas? Enquanto graffiter, o que gosto mais de pintar é uma boa parede de cimento, de preferência já com uma tinta plástica por cima para que o spray segure melhor. Mas mais importante que a pintura em si é o convívio que há em torno do meu grupo, e a dedicação que existe para que se concretize um trabalho final bom.

s

e Fernand Carina

rmano

ina He e Carol

O que é que um artista de rua tem de ter para ser bem-sucedido? Tem que possuir criatividade, atitude e sociabilidade. Claro que também tem de ser uma pessoa com dom para executar os trabalhos. Não basta ter grandes ideias e depois não conseguir executá-las. Houve alguma época em que gostavas de fazer um maior número de graffitis? Porquê? Há cinco anos para cá tenho feito uma média de dez graffitis por ano. Antes disso, houve alturas que tinha por hábito ir pintar praticamente todos os fins-de-semana. Entre 2005 e 2007, lembro-me de explorar a zona de Olhão com o coletivo da Policromia. Acho que esta foi a altura em que estive mais ferrenho no graffiti. Atualmente não tenho esta fixação, mas continuo a sentir o bichinho. Qual é o pior erro que um graffiter pode cometer? Ser apanhado (risos). Para mim, é muito importante nunca faltar ao respeito a ninguém. O respeito é extremamente importante neste movimento, mas erros em geral acho que não existem.

A tua formação em Artes na Universidade do Algarve melhorou de alguma forma o teu percurso como graffiter? A formação em Artes abriu a minha mente para outras técnicas e também para explorar outras áreas. Apesar disso, o graffiti teve sempre vincado nessas outras disciplinas, em termos conceptuais. Por que decidiste fundar a Policromia e quais os seus objetivos? A Policromia surgiu em 2001. Foi criada em conjunto com o meu amigo, que se iniciou no graffiti na mesma altura que eu. O principal objetivo era o distanciamento do graffiti, já com uma visão apontada à pintura mural. A Policromia significa multiplicidade de cores. Portanto, queríamos trabalhar o graffiti com várias cores e afastar-nos um pouco do vandalismo. Para além disso, queríamos criar trabalhos elaborados e explorar novas técnicas, cores, e desenvolver as ferramentas que conhecíamos. Estas pinturas com uma maior elaboração chegaram a aparecer em revistas dirigidas ao graffiti e também ao Hip-Hop. Por estas razões, a Policromia percorreu todo o país, e talvez além-fronteiras graças à nossa atitude.

O que é que o graffiti te deu? Foi a minha ponte para o mundo das artes e para a posição em que estou hoje. Tudo o que nós fazemos constrói o nosso ser, e o graffiti marcou a minha vida para sempre.

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Quando o chã vida – 3D Street “3D Joe and Max” é o nome que representa os artistas britânicos Joe Hill e Max Lowry, uma referência mundial na street art que nos últimos anos tem percorrido o Mundo a encantar tudo e todos com as suas criações. As suas pinturas em 3D impressionam quer pelas grandes proporções, quer pelos detalhes minuciosamente elaborados de cores, contornos, sombras e formas. O chão e as paredes das ruas, galerias e centros comerciais são as telas das criações de Joe e Max onde predomina a irreverência, a criatividade e muita, muita imaginação. A produção de cada pintura demora várias horas, e o efeito final resulta numa ilusão de ótica de um inexplicável realismo. Nos vários espaços urbanos por onde deixam o seu trabalho, o objetivo principal é chamar a atenção dos que por ali passam para que interajam com a pintura. O resultado final são fotografias cómicas que acabam por dar o brilho final à ilustração, fazendo assim o registo daquilo que, pouco depois, poderá desaparecer.

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O reconhecimento mundial do trabalho destes d tas tem-los levado a colaborar em campanhas d ting com a Google, Mec Saatachi, a BBC, Sprite e a fundação “Save the Children”. Em 2011, Jo entraram para o Guinness World Records ao cria e mais longa pintura 3D de sempre. A dupla decorou uma zona comercial em Londres com um gigantesco abismo e uma queda de água. Este trabalho foi patrocinado pela marca Reebok numa representação da modalidade de Cross Fit.

Claudia Hall Henriques


達o ganha

t Art

dois artisde markee, EasyJet oe e Max ar a maior

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A Fábrica dos sentidos Entrevista a Marco Tomé, Mató por Diogo Gonçalves A fábrica dos sentidos é um espaço de co-working, multi-ateliers composto por diversos espaços de artistas diferentes, alguns projetos mais experimentais, são áreas de experimentação, é um espaço de associações culturais, instituições de solidariedade social, é um espaço aberto á sociedade, aberto a todos, basicamente é isso e tudo o que quiserem que seja. É tudo isso e muito mais. Há quanto tempo existe a fábrica dos sentidos? Nós estamos cá desde o dia 27 de Setembro de 2012, foi a primeira vez que cá entrámos no edifício, contamos com várias pessoas, o Jesus que vinha com o projeto da fábrica da democracia que juntou aqui, a Eunice a titular particular, o resto das pessoas que compõem o espaço, o Iuri, uma série deles, mais umas pessoas de algumas associações. Abrimos as portas no dia 27 setembro de 2013, estamos à cerca de 7 meses com as portas abertas. O nosso horário de abertura é entre as quinze horas e as vinte e duas horas todos os dias de quarta-feira a domingo. Visitem-nos. Que custos existem inerentes à fábrica dos sentidos? Nós ainda temos por cá espaços de ateliers com uma renda simbólica, trata-se de um projeto cooperativo onde as pessoas dividem os custos totais do espaço, aqui no caso são a renda, a eletricidade, a água, todos os custos que uma estrutura como esta pode ter, esses são divididos pelos artistas e tentamos que com setenta e cinco euros que cada um pague de renda por mês, custear isso tudo. Depois existe a parte do bar estamos a gerar um windcamp para contribuir para essa dinâmica para pagar essas despesas, aí ainda não conseguimos fazer mas estamos

a trabalhar para o conseguir, e enfim se existirem pessoas que tenham interesse e precisem de espaço venham porque estão a contribuir para a causa e sobretudo estão a fazer-nos chegar mais rapidamente ao equilíbrio da balança e a contribuir para a continuidade do projeto que nesta altura do campeonato já não se põe em questão, mas podemos sempre melhorar, se formos mais podemos fazer melhor e é por aí! Por isso venham á fabrica, esses 75 euros dão direito ao uso da sala dos workshops onde as pessoas poderão ter mais algum wincome com os workshops que possam realizar, à sala de eventos ao uso da cozinha, aos balneários, e todas as mais valias que existem aqui no espaço, por isso se precisarem dessas condições venham cá e empreendam e façam-se á vida porque tem que ser assim. Qual é o objetivo do projeto fábrica dos sentidos? O nosso objetivo com a criação deste projeto é criar condições para todas as pessoas que queiram desenvolver projetos sejam culturais ou não, ou projetos mais alternativos, tenham condições para o fazer. Nós aqui criamos as condições para que cada um possa desenvolver a sua parte, além da parte de trabalharmos todos em conjunto e nos podermos ajudar e tornar até muitas das vezes, mais pluridisciplinares com os projetos que se desenvolvam, somos um projeto completamente aberto e o objetivo é continuar desta forma a ser cooperativo, social para todos que queiram cá vir e que queiram usar e precisem destas condições para se lançarem para apreenderem e fazerem que o Algarve seja reconhecido quer a nível nacional, quer a nível internacional… que lá chegaremos um dia.

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my private industry , que vêm cá contar como chegaram à musica que ouvem hoje, as quintas feiras temos o cinema em parceria com o cineclube onde temos projetado imensos filmes, á sexta-feira temos o made in Algarve onde rodamos os artistas que são produtores de música que vêm mostrar ao vivo aquilo que produzem em estúdio, ao fim de semana vão rodando os eventos, temos os contos do Jó para os miúdos e também para os graúdos. No primeiro domingo de cada mês temos o evento threewayaudio selection que é um evento de reggae. Temos vários dj’s que costumam cá vir com frequência no primeiro domingo de cada mês. O último domingo de cada mês é sempre a feira vintage, tem tido uma grande aceitação pela população da região. Rodamos sobretudo eventos de entrada Esse é um dos nossos objetivos e sabemos que ape- gratuita podem cá vir e não pagam nada para sar de tudo ainda que existam algumas pessoas entrar. Poderão existir eventos de entrada paga que nunca cá vieram, que já ouviram falar de nós, na sala de eventos, na sala Cosy que nós abrimos que sabem o que estamos a fazer e que acom- recentemente onde alguns eventos serão pagos panham de alguma forma a nossa programação mas entradas são sempre simbólicas que reverteque é diária e permanente, nós todos os dias que rão a favor dos artistas que apresentam esses esabrimos a porta temos sempre eventos diferente petáculos, as vezes concertos. Venham à fábrica! acontecer, durante a semana de quarta a sexta-feira, temos o rewine onde convidamos artistas locais, dj’s diferentes que vêm ca tocar, o rewine Qual o impacto que acha que a fábrica dos sentidos tem na cidade de Faro? O impacto que este projeto tem tido até aqui quer na cidade quer na região a nosso ver tem sido positivo. Na região o projeto tem sido bem recebido, nós somos visitados por pessoas de todas as cidades do Algarve, inclusive a proximidade baixo alentejo que nos visitam, estrangeiros residentes essencialmente, os estrangeiros turistas que nos têm visitado muito, a nível da cidade de Faro, há uma parte da sociedade farense que já usa os espaço, já goza das condições que aqui estão criadas, mas ainda existe algumas outras pessoas que não conhecem o espaço, que nós temos a certeza que quando conhecerem vão ficar apaixonadas, como os restantes.

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Festival

A

, é vez mais a d a c , a mod arios mais v n te n e s e r ssa está p á não pa J algo que . s to x te con ou pelos s k e e w adíssimos n las fashio ssam. apenas pe t style que a atrave e tree a tornou-s ic s ú looks de s m a o . oda a b ara todos p é Associar m o ã n te» que numa «ar que cesso no u s e d lo séo xemp O maior e a looks festivaleiro os d ito decorre, to s l diz respe a v ti s e f as/o . Este Coachella alifórnia e para tod os aC ara os anos, n piração p s in e d . le esfi s esperam o n nós, um d e u q de verão festivais io no armár e u q a ir e (ou a man perar um Da mesm im e v e d ulher looks de uma m le black dress, os litt tal for e d vários…) m a r os toma festivaleir

ma proporções épicas que são, praticamente, assinalados como um dress code que acaba por se sobrepor à própria música e ao ambiente de festival em si. Porém, muitas das opções de outfits que reinam nestes festivais (sobretudo no Coachella) acabam por não aliar o conforto ao bom gosto visto e isso é algo que devemos ter em consideração, pois, afinal, ninguém vai para um festival ficar parado. Coroas de flores, franjas e mini shorts são alguns dos itens mais em voga nesta celebração de estilo. Deixo algumas sugestões de imagens do Coachella para que também vocês possam retirar a vossa inspiração.

arida

Ana Marg

53 - Arte(Vista) - moda



A Pioneira da Moda em Portugal Catarina Vicente

Ana Salazar nasceu a 19 de

Julho de 1941, em Lisboa e foi considerada a pioneira da moda em Portugal. Esta estilista levou o nome da moda Portuguesa até aos mais importantes centros criativos mundiais, rompeu com padrões e concedeu uma maior liberdade às mulheres, criando, assim, nos vários acontecimentos de moda, destinados a grandes audiências, como desfiles, exposições, e outros tipos de eventos onde pudessem ser apresentados estilos inovadores de roupa. Ao longo da sua carreira, elaborou e apresentou coleções, destinadas a ser vendidas nas suas próprias lojas e noutros ese no tabelecimentos, em estrangeiro. Abriu uma loja em França, mais precisamente em Paris, que foi considerada como um dos novos templos da moda da capital gaulesa. Assinou o primeiro contrato com um grupo francês, que passou a fabricar, comercializar e distribuir as suas coleções a nível internacional, divulgando e apresentando o conceituado nome Ana Salazar ao mundo da moda. Estendeu a sua veia artística à criação de perfumes (femininos e masculinos), óculos, azulejos e de uma escultura. voltou a inovar com Nos a abertura de um espaço, onde eram criadas peças de vestuários especiais, após um atendimento personalizado. No fim desta Foi galardoada com inúmeros prémios e distinções, como o Globo de Ouro, o Troféu Sena da Silva do Centro Português de Design, a condecoração de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e muitos mais. Dotada de originalidade, ousadia e irreverência no estilo, Ana Salazar distinguiu-se na história da moda europeia, como a mais excêntrica criadora Portuguesa.

Portugal

anos 90,

55 - Arte(Vista) - moda


Swimwear 2


2014

Com o Verão aí à porta, não há nada que chame mais a atenção ao público feminino que… Biquínis. Toda a mulher gosta de ter um biquíni adequado ao seu tipo de corpo, sem ter que fugir as tendências da estação ou sem ser preciso estar fora de moda. Como todo o tipo de roupa, os biquínis também têm tendências a seguir e cabe a cada mulher seguir e expressar-se através da sua própria moda. Se na rua anda cheia de charme, porque não passá-lo para o areal? Pois, os biquínis também são moda. Pode conjugar toalha de praia, acessórios, vestidos, óculos de sol, lenços ou chapéus, para da melhor forma marcar pela diferença… Mas não se esqueça: nada de exageros, tente sempre optar por um look fresco e confortável. Todas as estações os biquínis sofrem alterações e, este ano, como não poderia deixar de ser, notamos algumas diferenças de géneros. A moda é uma arte cíclica e todos os anos vão surgindo coisas que ouvimos as nossas mães dizerem: «quando era miúda usei isso». Pois bem, nesta estação o que está mais «in» é o hot pant, ou seja a cueca de biquíni com o gancho subido, como antigamente se usava, sendo indicado para todas aquelas mulheres que desejam esconder aquilo que têm a mais, e não só. Dá, também, para as amantes do estilo vintage, ou que gostam de estar sempre a par das últimas novidades. Todas aquelas cuecas que não são hot pant sofrem, também, algumas modificações. Sendo estas mais reduzidas, têm, ainda, um pouco de tecido a mais e um “cós” mais elevado do que o que estamos habituados a ver nos areais.

Como todo o tipo de roupa, os biquínis também se adequam a cada tipo de corpo: - Se não houve tempo para exercitar seu corpo ou não gosta de exercício físico e acha que tem umas gordurinhas a mais, optar por um fato de banho, é a melhor solução, pois, hoje em dia, usar um fato de banho já não é só para as mais «cheiinhas». Existem imensos modelos, que estão bem na moda e como se pode ver os «triquinis» já vão sendo uma opção para as mais elegantes. Outra opção é, sem dúvida, como já foi referido, o biquíni de cintura subida; - Para quem tem um peito grande, é aconselhável o uso de uma parte de cima em V com alças mais grossas. Ou então, use e abuse das cores e estampados na cueca em vez de no sutiã, assim desvia a atenção do peito e torna a sua silhueta mais equilibrada; - Se tem o peito pequeno, os biquínis com aro ou push-up são os mais aconselháveis. Pode, também, optar por biquínis com adereços como laços ou franjas/folhos, pois tudo isto são pormenores que, para além de ficarem bem, dão um pouco mais de

volume dando o efeito desejado; - Se tem o rabo e os quadris grandes ou, pelo contrário, pequenos, a solução aqui é desviar a atenção destas áreas do corpo. Se considera que as dimensões das mesmas são maiores que o que desejaria, pode optar por cuecas mais simples, sem estampados, listas, laços, fitas, ou qualquer outro adereço e ainda cuecas mais cavadas nas coxas o que dá a sensação de pernas mais longas. Se acha que tem os quadris e rabo demasiado pequenos, a solução é abusar de adereços nas cuecas. É importante que use cuequinhas mais cavadas e mais pequenas, para que fique mais pele à mostra, dando assim a sensação de quem tem um rabo maior. Para as amantes da moda, estes são alguns conselhos a ter em atenção esta época balnear. Bons Mergulhos!

Mariana Vilaça

57 - Arte(Vista) - moda


O que é nacional

C

ampeão Português, Fortunado Frederico e Mário Cunha & Filhos, são nomes bem portugueses, assim como o calçado de sucesso mundial que produzem. Num país afundado pela crise, existe quem consiga superá-la e estabelecer-se num mercado internacional, produzindo para grandes marcas como Lacoste, Zara, Massimo Dutti e Cavalli. Fundado em 1955 e exportando 45% das suas vendas, Campeão Português consegue uma forte posição no mercado externo, trabalhando para algumas marcas muito vendidas mundialmente e, ao mesmo tempo, produz mercadorias para as suas marcas próprias Sporstyle e Camport, com lojas espalhadas por todo o país. A marca muito conhecida pelo público feminino, Fly London, pertence a Fortunato Frederico, e vende 20 milhões de euros, tendo como cliente a atriz Sarah Jessica Parker e

É bom!

os músicos dos Rolling Stones. Representada numa rede de noventa sapatarias das marcas Sapatalia e Foreva, Fortunato Frederico conta com 600 trabalhadores e cinco fábricas pelo país, fatura 50 milhões de euros e exporta 95% da produção. E, por sua vez, Mário Cunha & Filhos produz para a sua marca própria, Nobrand, que representa 50% das vendas da empresa. Com um total de 13,3 milhões de euros faturados, tem como clientes Cavali e US Pólo, tendo como maiores compradores o Japão e os Estados Unidos da América. A indústria portuguesa de calçado está a dar cartas lá fora e é cada vez mais procurada por países dos quatro cantos do mundo. Numa mistura única de qualidade, design, conforto e estilo, o calçado nacional é um fenómeno à escala global.

João Mota


Street style… Já ouviu falar?

D

e onde surge a moda? As novas tendências, padrões ou cores? As novas formas de se vestir e conjugar acessórios e roupa? De certeza que já ouviu falar sobre street style (moda de rua em inglês). No entanto, são poucas as pessoas que conhecem o verdadeiro significado para a moda atual. Este novo estilo trata a moda dos indivíduos e não das marcas, independentemente, da classe social e cultura. É a partir da observação da moda do dia-a-dia, que surgem os blogs especializados no street style. Estes desprendem-se dos desfiles de moda e aproximam-se do consumidor, comunicando diretamente com ele, numa relação mais próxima, que visa mostrar um pouco do gosto pessoal de cada indivíduo, o estilo de cada pessoa. Os blogs de moda urbana são os novos ditadores da moda mun-

dial, porque inspiram-se em pessoas comuns. Recheados de fotos bastante profissionais, os blogs fazem um registo de looks carregados de pura personalidade. Não dá para não retirar algumas inspirações para nós próprios! É na rua onde se capturam as cores, culturas, tendências... É na rua que

Catarina Lopes

surge a moda. A moda é cíclica, a moda é o nosso cunho pessoal. Sem pertencer a nenhum grupo específico, podemos criar, com o street style, um visual que conjugue na perfeição vários estilos, sem perder o nosso «ADN».

59 -Arte(Vista) - moda


Posições iniciais da dança clássica / Ballet

Paralelo ou 6ª posição

1ª Posição

3ª Posição

1ª posição

2ª posição

4ª Posição

Bras-Bras

3ª Posição

2ª Posição

5ª Posição

Demi-second

4ª Posição


4ª posição cruzada

os em 5ª

Passé ou Retiré com braç Posição

5ª Posição

4ª Posição Alongé com braços em 3º Arabesque

Tendú em Plié com allongé epoulmant

4º Arabesque

Developé a la seconde

Tendú a la seconde com port de bras


Salsa na Esec Inês Coelho

No âmbito da Unidade Curricular de Produção de eventos o pavilhão de Escola Superior de Educação e Comunicação recebeu um workshop de salsa. Este evento organizado por alunas de Educação Social contou com alguns patrocínios e muita animação. Para aprender mais sobre esta dança latina era necessário a inscrição prévia. Uma das organizadoras realça a importância de eventos desportivos no âmbito escolar, “É importante promover e incutir em todos nós a dança, o desporto, qualquer tipo de atividade para que podemos descontrair dos nossos testes, os nossos trabalhos e todo este mundo que nos envolve”. Considera fundamental a prática do desporto para uma vida saudável e feliz.

62 - Arte(Vista) - dança

Enquadrado na Academia de Salsa do Algarve, o professor Lino Nunes foi quem conduziu todo o workshop. Define a Salsa como “ (…) latina, alegre, muito sexy e muito viva (…)”. Os participantes tiveram oportunidade de aprender os passos básicos da salsa assim como uma pequena coreografia criada especialmente para iniciantes. O objetivo do professor é “ (…) tentar com que se apercebam da atitude e espírito da salsa (…)”. Contou com dez participantes femininas e apenas um masculino. É importante realçar a pouca adesão masculina neste tipo de atividade contudo para Lino já não é novidade “uma coisa a ressalvar é o fato dos rapazes terem aderido pouco” dado que é uma dança a par. O úni-

co rapaz presente não pareceu incomodado com este fato, “já estava à espera pois infelizmente nestas coisas os rapazes costumam ser mais acanhados”. No fim do workshop os alunos saíram com uma perspetiva diferente da salsa e tiveram direito a um lanche oferecido pelo patrocinador do evento. O professor teve muito gosto em participar neste evento e espera por mais iniciativas deste género.


A arte de dançar U

m desafio, um caminho, uma evolução, um benefício, um desinteresse, uma busca, uma arte... São estas as palavras que me surgem quando penso na dança nos nossos tempos... A evolução das artes a que assistimos ao longo do século XXI leva ao aumento do interesse por parte do público em geral. E a dança não é exceção, o interesse “de todos” por esta arte começa a surgir por uma simples recomendação médica dada por pediatras aos pais, para a prática da dança, do ballet clássico, dos seus educandos. E porquê? A par da natação é uma das atividades mais completas e que mais benefícios físicos e psicológicos traz à criança! Mas aqueles que considero serem os maiores potenciadores da prática de dança (clássica, contemporânea, danças de salão, hip-hop...),

qualificados para ensinarem crianças, jovens e adultos?”, infelizmente a legislação do Governo Português para esta questão é quase nula, levando a que qualquer um que considere ter jeito, a tornar-se professor da “noite para o dia”. E aqui penso que o público em geral podia informar-se um pouco mais acerca da formação dos professores quando procura uma escola para praticar ou para colocar o educando a praticar esta arte... Aqui encontramos o desinteresse, o desinteresse do Governo Português na legislação no que toca aos professores de dança e o desinteresse nas artes, afinal vivemos com um governo que “dispensou” o Ministério da Cultura. Será um país mais rico sem No entanto, este boom tem a riqueza da cultura?!?! os seus aspectos positivos e negativos... Temos mais praticantes, logo temos o aparecimento de mais professores... e a questão coloca-se “Serão estes professores devidamente Carolina M. Carvalho do aumento da curiosidade do público e da popularização desta arte, foram sem dúvida os media, e considero especificamente, programas como o Achas que sabes dançar?, Dança com as estrelas, ou a versão americana So you think you can dance? transmitida por canais lusos, que fizeram Portugal dar o salto na dança. Cada vez mais assistimos à procura de escolas de dança para iniciar a prática da atividade, para aprender esta arte tão nobre. Os cursos profissionais, vocacionais e artísticos têm crescido, e essas escolas a par de escolas privadas com profissionais devidamente licenciados e certificados são os melhores sítios para a prática da dança.

m e ça n Da A . . . l a g u t r Po ar Barão e M a ip il F , o t ascimen

ta Cardoso

Ângela P. N

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Nome:

Carla Sofia do Vale Ribeiro Idade:

24 anos Naturalidade:

Porto Residência:

Lisboa e Olhão

64 - Arte(Vista) - dança


Que escola superior e curso frequentaste? Eu frequentei a Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa onde conclui a Licenciatura em Dança – Criação/Interpretação. Quais foram as competências essenciais que tiraste do curso? Foram diversas. Tal como o nome do curso indica somos preparados tanto a nível interpretativo, mais como bailarino, como a nível criativo, ou seja trabalhamos a capacidade de coreografar também. Depois claro, também tem uma vertente mais ligada para o ensino e metodologias pedagógicas, para assim estarmos aptos a poder transmitir todos os restantes conhecimentos adquiridos. Que exigências tens que ter com o corpo diariamente para estar apta para dançar e ensinar? Na verdade deveria ter muito mais. Mas sim, tento ter algum cuidado com a minha alimentação diária, bem como com a minha resistência física. Trabalho diariamente o corpo para que nunca perca a sua tonicidade e elasticidade -Quais os cuidados essenciais a ter antes de dançar? Se é referente a um espectáculo, então é extremamente importante fazer um aquec-

imento prévio para que o corpo possa estar preparado para qualquer tipo de movimento. É importante também comer antes, mas com o cuidado de não comer em demasia e também com algum tempo de antecedência. O que fazes no teu dia-a-dia como professora de Dança? Enquanto professora de dança, o meu objectivo é poder e conseguir transmitir tudo aquilo que adquiri e continuo a adquiri-lo aos meus alunos. O maior prazer que tenho é poder ver que fiz parte e contribui no desenvolvimento de cada um deles e que foi cumprido o meu objectivo de lhes mostrar realmente o prazer de dançar.

Que perspectivas tens de futuro em relação à dança em Portugal? Eu costumo dizer que sou uma sonhadora, continuo sempre a acreditar no melhor. Penso que ao longo destes últimos anos o prazer e o gosto pela arte da dança têm vindo a crescer a pouco e pouco. Havendo sempre locais onde isto é mais notório, como é natural, acredito que continuará a crescer no nosso país.

Que mensagem dás aos que gostam desta arte ou que esperam explorar este mundo? Para dançar não existe idade, não existe género, não existe raça. Todos podemos dançar. Mesmo que de forma diferente uns dos Trabalhas com que faixas outros, essa é a ideia. Poetárias? Qual é a principal dermos explorar lados nosdiferença entre elas? sos que desconhecemos e Trabalho com todas as faix- dá-los a conhecer ao outro. as etárias. Neste ano lectivo tenho alunos desde os 3 aos 30 anos. Claro que as diferenças são imensas. A coordenação não é mesma, a capacidade de memorização, capacidade de assimilação logo as exigências para cada idade são diferentes.

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Escola Superior de Educação e Comunicação Ciências da Comunicação 2º ano Expressões Artísticas Contemporâneas Professora Doutora Mirian Tavares 2013/2014


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