Senac elementos da economia e finanças

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Sumário

CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 1 ................................................................................... 6 CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA.................................................................................................................. 6 O QUE É ECONOMIA? .................................................................................................................................... 6 MICROECONOMIA ......................................................................................................................................... 6 MACROECONOMIA ........................................................................................................................................ 6 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 2 ................................................................................... 7 O DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR .................................................................................................................. 7 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 3 ................................................................................... 8 PROBLEMA DA ESCASSEZ: A FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO ............................................................... 8 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 4 ................................................................................... 9 ÍNDICES DE PREÇOS NO BRASIL......................................................................................................................... 9 QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS MAIS UTILIZADOS NO PAÍS? ................................................................ 9 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 5 ................................................................................. 10 COMO CALCULAR E INTERPRETAR AS VARIAÇÕES DE PREÇOS A PARTIR DE NÚMEROS ÍNDICES? ..................................... 10 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 6 ................................................................................. 11 CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS ................................................................................................................. 11 MERCADO DE TRABALHO EM FINANÇAS........................................................................................................... 12 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 7 ................................................................................. 12 OPORTUNIDADES DE CARREIRA EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA......................................................................... 12 OPORTUNIDADE DE CARREIRA EM SERVIÇOS FINANCEIROS .................................................................................. 13 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 8 ................................................................................. 13 PRINCIPAIS ATIVIDADES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO ................................................................................... 13 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 9 ................................................................................. 14 OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .................................................................................................... 14 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 10 ............................................................................... 15 OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO X MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DOS PROPRIETÁRIOS .......................................................................................................................................... 15 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 11 ............................................................................... 16 OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA: MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO X MAXIMIZAÇÃO DA RIQUEZA DOS PROPRIETÁRIOS (CONTINUAÇÃO...)................................................................................................................. 16 CONCEPÇÃO DE ECONOMIA E FINANÇAS - PARTE 12 ............................................................................... 17 SEPARAÇÃO ENTRE PROPRIEDADE E GESTÃO: POSSIBILIDADE DE CONFLITOS DE AGÊNCIA .......................................... 17 DEMANDA E OFERTA - PARTE 1................................................................................................................. 18 BÁSICO SOBRE OFERTA E DEMANDA ............................................................................................................... 18 A) CURVA DE OFERTA .................................................................................................................................. 18 DEMANDA E OFERTA - PARTE 2................................................................................................................. 18 B) CURVA DE DEMANDA ............................................................................................................................... 18

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DEMANDA E OFERTA - PARTE 3................................................................................................................. 19 C) MECANISMO DE MERCADO ....................................................................................................................... 19

DEMANDA E OFERTA - PARTE 4 ................................................................................................................ 20 D) MUDANÇAS NO EQUILÍBRIO DO MERCADO................................................................................................... 20

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 1 .................................................................................... 20 TEORIA DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR ........................................................................................................... 20 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 2 .................................................................................... 21 A) RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA: O QUE O CONSUMIDOR PODE GASTAR................................................................... 21

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 3 .................................................................................... 22 B) PREFERÊNCIAS: O QUE O CONSUMIDOR QUER................................................................................................ 22

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 4 .................................................................................... 23 C) OTIMIZAÇÃO: O QUE O CONSUMIDOR ESCOLHE.............................................................................................. 23 D) EFEITO RENDA E EFEITO SUBSTITUIÇÃO ....................................................................................................... 24

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR - PARTE 5 .................................................................................... 24 METAS DE POLÍTICAS MACROECONÔMICAS - PARTE 1 ............................................................................ 25 POLÍTICA MONETÁRIA: EFEITOS SOBRE A TAXA DE JUROS BÁSICA E A INFLAÇÃO ........................................................ 25 METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 2................................................................................ 26 POLÍTICA FISCAL: IMPACTOS DA INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL NA ECONOMIA ..................................................... 26 METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 3................................................................................ 27 POLÍTICA CAMBIAL: O VALOR DA MOEDA E AS REPERCUSSÕES NA BALANÇA COMERCIAL............................................. 27 METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 4................................................................................ 28 CRESCIMENTO ECONÔMICO .......................................................................................................................... 28 METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA - PARTE 5................................................................................ 29 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA .............................................................................................................................. 29 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 1 .................................................................................. 30 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA ........................................................................................................... 30 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: CONCEITO E FUNÇÕES............................................................................................ 31 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 2 .................................................................................. 31 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) .......................................................................................................... 31 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 3 .................................................................................. 32 A) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA NORMATIVO DO SFN .................................................. 32

AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 4 .................................................................................. 33 B) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO DO SFN ......................................... 33

AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 5 .................................................................................. 34 B) PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES QUE COMPÕEM O SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO DO SFN (CONTINUAÇÃO ...) ............... 34

AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 6 .................................................................................. 35 MERCADO FINANCEIRO ................................................................................................................................ 35 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 7 .................................................................................. 36 SEGMENTOS DO MERCADO FINANCEIRO.......................................................................................................... 36

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AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 8 .................................................................................. 37 JUROS E TAXAS DE JUROS.............................................................................................................................. 37 A) TAXA EFETIVA ......................................................................................................................................... 37 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 9 .................................................................................. 38 B) TAXA REAL ............................................................................................................................................. 38 C) TAXAS EQUIVALENTES .............................................................................................................................. 38

AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 10 ................................................................................ 39 APLICAÇÕES DE RENDA FIXA.......................................................................................................................... 39 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 11 ................................................................................ 40 APLICAÇÃO EM RENDA FIXA (CONTINUAÇÃO...) ................................................................................................ 40 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 12 ................................................................................ 40 APLICAÇÃO EM RENDA FIXA (CONTINUAÇÃO...) ................................................................................................ 40 AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA - PARTE 13 ................................................................................ 41 MERCADO DE AÇÕES ................................................................................................................................... 41 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 1 .................................................................................. 42 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA: DECISÕES DE CURTO PRAZO...................................................................................... 42 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 2 .................................................................................. 43 ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES ......................................................................................................... 43 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 3 .................................................................................. 44 ORÇAMENTO DE CAIXA ................................................................................................................................ 44 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 4 .................................................................................. 45 SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE BAUMOL ................................................................................................. 45 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 5 .................................................................................. 46 SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE BAUMOL (CONTINUAÇÃO...) ........................................................................ 46 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 6 .................................................................................. 46 SALDO IDEAL DE CAIXA: MODELO DE CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL ..................................................................... 46 OUTRAS TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃO DE SALDO ............................................................................................... 47 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 7 .................................................................................. 47 ADMINISTRAÇÃO DE DUPLICATAS A RECEBER .................................................................................................... 47 MODELOS DE CRÉDITO E SELEÇÃO DE CLIENTES: OS 5 CS DO CRÉDITO ................................................................... 47 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 8 .................................................................................. 48 MODELOS DE CRÉDITO E SELEÇÃO DE CLIENTES: PONTUAÇÃO DE CRÉDITO (CRÉDIT SCORE)....................................... 48 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 9 .................................................................................. 49 VARIAÇÕES NA POLÍTICA DE CRÉDITO .............................................................................................................. 49 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 10 ................................................................................ 50 VARIAÇÕES NA POLÍTICA DE CRÉDITO (CONTINUAÇÃO...) .................................................................................... 50 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 11 ................................................................................ 51 DESCONTOS PARA PAGAMENTOS À VISTA ........................................................................................................ 51 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 12 ................................................................................ 52 POLÍTICA DE COBRANÇA ............................................................................................................................... 52

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 13 ................................................................................ 52 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES ..................................................................................................................... 52 A) ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES: CLASSIFICAÇÃO ABC..................................................................................... 53 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - PARTE 14 ................................................................................ 53 B) ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES: LOTE ECONÔMICO DE COMPRA (LEC) .............................................................. 53

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 1 ............................................................................. 54 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ........................................................................................................ 54 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 2 ............................................................................. 55 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 3 ............................................................................. 56 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 4 ............................................................................. 57 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 5 ............................................................................. 58 EXEMPLOS DE CÁLCULO DOS ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS ......................................................................... 58 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 6 ............................................................................. 60 BÁSICO SOBRE RISCO E RETORNO ................................................................................................................... 60 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 7 ............................................................................. 61 CALCULANDO O RETORNO ............................................................................................................................ 61 CUSTO DE OPORTUNIDADE ........................................................................................................................... 61 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 8 ............................................................................. 61 ESTRUTURA E CUSTO DE CAPITAL ................................................................................................................... 61 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 9 ............................................................................. 62 A) CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................................. 62

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 10 ........................................................................... 63 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 11 ........................................................................... 64 B) CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO...................................................................................................................... 64

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 12 ........................................................................... 64 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 13 ........................................................................... 65 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) E ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL................................................ 66 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 14 ........................................................................... 66 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) E ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL (CONTINUAÇÃO...) ...................... 66 CUSTO MARGINAL PONDERADO DE CAPITAL (CMGPC)...................................................................................... 67 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 15 ........................................................................... 68 FLUXO DE CAIXA E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ................................................................................................ 68 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 16 ........................................................................... 69 A) PAYBACK ............................................................................................................................................... 69

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 17 ........................................................................... 71 B) VALOR PRESENTE LÍQUIDO ........................................................................................................................ 71

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA - PARTE 18 ........................................................................... 71 C) TAXA INTERNA DE RETORNO ...................................................................................................................... 71

VPL OU TIR? QUAL DOS MÉTODOS DEVE SER ESCOLHIDO? ................................................................................. 72

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Concepção de Economia e Finanças - Parte 1 Conceitos Básicos de Economia O que é Economia? A economia é uma ciência social que tem como questão chave compatibilizar a administração de recursos escassos com as necessidades ilimitadas dos indivíduos. Nas economias capitalistas, os recursos não são alocados por um único planejador central (Estado), mas pelos atos combinados de milhões de famílias e empresas. Assim, os economistas estudam como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e como investem suas economias; e como elas interagem umas com as outras: por exemplo, como as ações conjuntas de compradores e vendedores irão definir as quantidades a serem produzidas e os preços a serem cobrados por determinado bem ou serviço. Além disso, os economistas também analisam as forças e tendências que afetam a economia como um todo, incluindo o crescimento da renda média, a evolução do desemprego e a variação de preços ocorrida em determinado período. A partir desses diferentes enfoques a economia divide-se em dois grandes campos de análise: a Microeconomia e a Macroeconomia.

Microeconomia A microeconomia é o estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como elas interagem em mercados específicos. São exemplos de objeto de análise da microeconomia: como as escolhas dos consumidores são influenciadas pelas variações de preços e de rendas; de que maneira as empresas determinam o número de trabalhadores que irão contratar, o preço que irão cobrar por seus produtos e a quantidade total que irão disponibilizar no mercado.

Macroeconomia A macroeconomia corresponde ao estudo dos fenômenos da economia como um todo, ou seja, trata das quantidades econômicas agregadas, tais como o nível e a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), taxas de juros, desemprego e inflação. Muitas vezes a distinção entre esses dois campos torna-se bastante complicada, em virtude da inter-relação demandada em determinadas análises, como por exemplo, identificar quais os impactos de uma redução de impostos sobre as contas do governo (macroeconomia) e sobre a produção e o consumo geral de bens e serviços (microeconomia).

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Concepção de Economia e Finanças - Parte 2 O Diagrama do Fluxo Circular A economia consiste em milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades - comprar, vender, trabalhar, contratar, fabricar, etc. Para entendermos melhor como funciona esse sistema precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como a economia está organizada e como seus participantes interagem uns com os outros. No geral, os modelos consistem em simplificações da realidade visando facilitar o entendimento de situações práticas mais complexas. Assim, como as maquetes utilizadas em um curso de astronomia não mostram todas as estrelas existentes no sistema solar, os modelos econômicos também não conseguem incluir todas as características presentes no mundo real, centrando-se nos principais aspectos que movimentam a economia. Nesse sentido, o Diagrama do Fluxo Circular consiste em uma simplificação bastante utilizada na compreensão de como funciona um sistema econômico. Esse modelo considera apenas dois tomadores de decisões: as empresas que produzem bens e serviços usando insumos como trabalho, terra e capital (prédios e máquinas), os quais são chamados fatores de produção; e as famílias que são proprietárias dos referidos fatores de produção e consomem todos os bens e serviços que as empresas produzem.

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O conjunto externo de setas do diagrama representa o fluxo de dinheiro realizado entre as famílias e as empresas enquanto o conjunto interno de setas indica o correspondente fluxo de insumos e produtos. Esses fluxos ou interações ocorrem em dois tipos de mercados. No mercado de bens e serviços as famílias são compradoras e as empresas produtoras. Por outro lado, no mercado de fatores de produção as famílias são vendedoras e as empresas compradoras. As empresas usam parte da receita de suas vendas para o pagamento de fatores de produção, como salários e aluguéis. O que sobra é o lucro dos proprietários da empresa, que por outro lado também são membros das famílias. Conforme pode ser percebido, o Diagrama do Fluxo Circular consiste em um modelo simples da economia, não incluindo governo, sistema financeiro, comércio internacional dentre outros fatores. Contudo, é justamente a sua simplicidade que permite um fácil entendimento de como os componentes básicos da economia se encaixam.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 3 Problema da escassez: A fronteira de possibilidades de produção Conforme inicialmente destacado, a ciência econômica tem por natureza administrar o problema da escassez. Um modelo bastante simples que ajuda a explicar as implicações da escassez sobre o conjunto de todo uma economia é a chamada Fronteira ou Curva de Possibilidades de Produção (CPP). Esse modelo demonstra graficamente as combinações de produto que uma economia pode produzir de maneira conjunta, dados os fatores de produção e a tecnologia disponíveis. Assim como os demais modelos, a CPP simplifica a economia real a partir da suposição que apenas dois bens sejam fabricados e que seus processos produtivos consomem todos os fatores de produção disponíveis.

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No hipotético exemplo acima estamos supondo que sejam produzidos apenas computadores e televisores na economia. Os extremos da CPP nos mostram que caso todos os recursos fossem utilizados para fabricação de computadores seriam produzidas 1.000 unidades desse produto e nenhuma televisão. Do contrário, caso fossem produzidos apenas televisores teríamos 4.000 unidades desse produto e nenhum computador. O ponto "A" representa uma alternativa intermediária para a sociedade, onde a divisão dos fatores produtivos resultaria em uma produção conjunta de 800 computadores e 2.000 televisores. O ponto "B" representa uma situação de ineficiência econômica, uma vez que por algum motivo os recursos produtivos disponíveis na economia não estão sendo utilizados da melhor maneira possível, como por exemplo, um alto nível de desemprego ou um baixo nível de produtividade. Por outro lado, o ponto "C" identifica uma situação impossível de ser alcançada pela economia, seja em virtude da insuficiência de recursos disponíveis ou da tecnologia disponível. Por último, o ponto "D" dá uma ideia dos custos envolvidos em nossas tomadas de decisões. O custo de se aumentar a produção de televisores de 2.000 para 2.500 unidades equivale à diminuição de 100 unidades de computadores. Em linhas gerais, o custo de alguma coisa é aquilo de que desistimos para obtê-la, comumente chamado de custo de oportunidade (mais adiante iremos retomar novamente esse conceito).

Concepção de Economia e Finanças - Parte 4 Índices de Preços no Brasil Índices de preços são números que agregam e representam os preços de uma determinada cesta de produtos. Sua variação mede, portanto, a variação média dos preços dos produtos dessa cesta. Podem se referir, por exemplo, a preços ao consumidor, preços ao produtor, custos de produção ou preços de exportação e importação. No Brasil existem diversos índices que medem as variações de diferentes preços. Contudo, os índices mais difundidos são os índices de preços ao consumidor, os quais medem a variação do custo de vida de variados segmentos da população brasileira.

Quais são os principais índices de preços mais utilizados no país? Os diversos índices de preços construídos no Brasil ao longo de nossa história visaram atender diferentes finalidades. O IGP-M - Índice Geral de Preços de Mercado - calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi criado originalmente para ser utilizado no reajuste de operações financeiras. Por sua vez, o INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor - calculado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o índice balizador dos reajustes de salários, enquanto o IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - também calculado pelo IBGE, corrige os balanços e demonstrações financeiras trimestrais das companhias abertas, além de ser o medidor oficial da inflação no país. A tabela abaixo resume as características centrais dos

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principais índices de preços utilizados no país (Instituto responsável, área de abrangência, período de coleta de dados e faixa de renda pesquisada).

Instituto Índice

Índices Componentes

IPCA15 IBGE

Faixa de Renda

1 a 40 SM Não há

IPCA INPC

IGP-10

FGV

FIPE

Área de Abrangência

11 maiores Regiões Metropolitanas

1 a 6 SM IPA IPC INCC

IGP-M

IPA IPC INCC

IGP-DI

IPA IPC INCC

IPCFipe

não há

1 a 33 SM no IPC, que é computado juntamente com os Índices de Preços no Atacado (IPA) e na Construção Civil (INCC).

1 a 20 SM

12 maiores Regiões Metropolitanas

Município de São Paulo

Coleta

Divulgação

Início da Série

dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência

até o dia 25 do mês de referência

2000

dia 1º ao dia 30 do mês de referência

até o dia 15 do mês subsequente

1979

dia 11 do mês anterior ao dia 10 do mês de referência

até o dia 20 do mês de referência

1994

dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência 1º Prévia dia 21 a 30 2º Prévia dia 21 a 10

até o dia 30 do mês de referência 1º Prévia - até dia 10 2º Prévia - até dia 20

1989

dia 1º do mês anterior ao dia 30 do mês de referência

até o dia 10 do mês subsequente

1944

dia 1º do mês anterior ao dia 30 do mês de referência

até o dia 10 do mês subsequente

1939

Fonte: IBGE, FGV e FIPE.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 5 Como calcular e interpretar as variações de preços a partir de números índices? Vamos supor que você possua alguma despesa fixa, como o aluguel, por exemplo, cuja correção anual esteja vinculada à variação do IGP-M. Interessado em acompanhar a evolução do referido índice, você teve acesso a seguinte tabela: Índices Mensais do IGP-M (data base agosto de 1994) MESES

ÍNDICE

nov/09

405,98

dez/09

404,92

jan/10

407,48

fev/10

412,28

10


mar/10

416,16

abr/10

419,36

mai/10

424,35

jun/10

427,96

jul/10

428,60

ago/10

431,90

set/10

436,87

out/10

441,28

nov/10

447,68

Sabendo que o aniversário do seu contrato de aluguel corresponde ao mês de novembro qual será o percentual de reajuste a ser considerado para o próximo ano? A partir dos índices situados na segunda coluna da tabela se torna bastante simples calcular a variação percentual do IGP-M ocorrida entre os meses de dezembro de 2009 e novembro de 2010, conforme demonstrado abaixo: 447,68 (índice Nov/2009) 405,95 (índice Nov/2010)

= 1,1027 ou em % (1,1027 - 1) x 100 = 10,27%

Essa regra pode ser utilizada para calcular a variação entre qualquer intervalo de tempo. Por exemplo, a variação do IGP-M ocorrida no mês de novembro de 2010 foi de 1,45% enquanto a variação acumulada nos últimos 3 meses foi de 3,65% e entre o período de agosto de 1994 (data-base de cálculo, correspondente a um índice igual a 100) a novembro de 2010 uma variação total de aproximadamente 348%.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 6 Conceitos Básicos de Finanças Conforme abordado no componente curricular Teoria e Fundamentos da Administração, a função finanças consiste em uma das mais importantes atividades gerenciais existentes em uma organização, na medida em que todas as tomadas de decisões realizadas em outras áreas acabam de certa forma necessitando de aprovação do setor financeiro (contratação de pessoal e treinamento pelo RH, novos investimentos em publicidade demandados pelo marketing, dentre outros). Em linhas gerais, podemos afirmar que a área de finanças afeta diretamente a vida de todas as pessoas e de todas as organizações, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos, ou seja, independentemente da tipologia e dos diferentes objetivos implícitos às mesmas. Em termos de conceituação, podemos definir finanças como a arte ou a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Finanças tem sua atenção voltada para os processos, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos.

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Mercado de Trabalho em Finanças As oportunidades de carreiras na área de finanças podem ser genericamente divididas em duas grandes áreas: administração financeira e serviços financeiros. a) Administração Financeira: corresponde às responsabilidades do administrador financeiro em uma empresa, tais como a realização de orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração de crédito, análise de investimentos, captação de fundos, análise de riscos e estudos de viabilidade econômica-financeira. Os profissionais que exercem essas funções em uma organização são chamadas de administradores financeiros.

b) Serviços Financeiros: corresponde a área de finanças voltada à concepção e à prestação de assessoria, tanto quanto à entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas ou governos. Essa área envolve uma série de importantes e crescentes oportunidades de trabalhos em bancos e instituições correlatas (atendimento a pessoa física e jurídica), de planejamento das finanças pessoais, de investimento, de bens imóveis e de seguros.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 7 Oportunidades de Carreira em Administração Financeira Cargo

Descrição

Analista financeiro

Responsável principalmente pela preparação e análise dos planos financeiros e orçamentários da empresa. Incluem previsão financeira e análise de desempenho baseada em índices.

Analista/gerente de orçamentos de capital

Responsável pela avaliação e recomendação de propostas de investimentos em ativos. Também se envolve em aspectos financeiros quando da implementação dos investimentos aprovados.

Gerente de projetos financeiros

Responsável pela captação de financiamentos para investimentos em ativos; negocia com consultores, bancos e assessores jurídicos.

Gerente de caixa

Controla e mantém os saldos diários de caixa da empresa, podendo se envolver com os procedimentos de cobrança, pagamentos, contatos com bancos, empréstimos e aplicações de curto prazo.

Analista/gerente de crédito

Administra a política de crédito da empresa por meio da análise e avaliação das solicitações de crédito.

Administrador de fundos de pensão (aposentadoria)

Responsável pela coordenação dos ativos e passivos do fundo de pensão dos empregados. Administra investimentos, contrata ou supervisiona o desempenho dessas atividades.

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Oportunidade de Carreira em Serviços Financeiros Área

Bancos e instituições correlatas

Planejamento das finanças pessoais

Oportunidade de Carreira

Descrição

Analistas de crédito

Avaliam e fazem recomendações relativas à concessão de empréstimos (financiamentos) a empresas e pessoas físicas (consumo e/ou investimentos)

Gerentes de bancos de varejo

Administram agências e supervisionam os programas oferecidos pelo banco a seus clientes

Gerentes de conta

Oferecem diversos serviços financeiros a seus clientes, como planejamento de finanças pessoais (previdência, planos de capitalização, etc.), investimentos, bens imóveis (o crédito imobiliário tem ganhado muita importância no país) e seguros.

Consultores financeiros

Podem ser tanto profissionais liberais ou trabalharem como empregados, prestando aconselhamento (consultoria) a indivíduos com respeito a todos os aspectos da administração de suas finanças pessoais, tais como, orçamento, impostos, investimentos, aquisição de imóveis, aposentadoria, etc. Profissionais de diversas áreas detentores de significativa quantidade de recursos e pouco tempo para administrar suas finanças pessoais tem lançado mão de serviços dessa natureza (artistas, empresários, esportistas, dentre outros).

Agentes e corretores

Relacionam propriedades comerciais e residenciais para venda ou aluguel, pesquisam compradores e locatários, mostram e negociam tais propriedades.

Avaliadores Bens Imóveis

Estimam o valor de mercado dos imóveis a serem comercializados

Financiadores

Análise de crédito com relação à capacidade de endividamento dos compradores

Administradores de imóveis (imobiliárias)

Lidam com operações do dia-a-dia para que os proprietários obtenham o máximo retorno

Corretores

Vendem apólices, visitam e prospectam clientes, calculam prêmios e franquias e prestam serviços de assistência em caso de sinistros.

Subscritores ou analistas de riscos

Selecionam e avaliam os riscos que sua empresa irá segurar, fixando os respectivos prêmios correspondentes.

Seguros

Concepção de Economia e Finanças - Parte 8 Principais atividades do administrador financeiro Basicamente as atividades de um administrador financeiro podem ser divididas em três categorias principais: realizar análises e planejamentos financeiros; tomar decisões de investimento; e tomar decisões de financiamento. Especialmente com relação a essas duas últimas atividades, destacamos a importância de se conhecer bem a lógica e o funcionamento de um fluxo de caixa na vida de um administrador financeiro, assunto esse a ser melhor abordado na última semana de nosso componente curricular.

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a) Análise e Planejamento Financeiro Diz respeito à transformação dos dados financeiros em informações que permitam monitorar a situação financeira da empresa; avaliar a necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva e determinar aumentos ou reduções dos financiamentos requeridos. Objetiva desenvolver planos que assegurem que os recursos adequados estarão disponíveis para o alcance dos objetivos organizacionais.

b) Decisões de Investimento Em linhas gerais se refere às combinações de ativos permanente e circulante que a organização deve investir. Conforme visto de maneira mais detalhada no componente curricular de contabilidade, os ativos circulante e permanente se diferenciam basicamente pela liquidez apresentada, ou seja, pela capacidade de serem convertidos em recursos monetários (circulante tem maior liquidez e o permanente tem menor liquidez). Portanto, tal combinação é fundamental para a consecução dos objetivos organizacionais.

c) Decisões de Financiamento Se por um lado as decisões de investimento estão atreladas ao ativo da organização, por outro as decisões de financiamento estão vinculadas ao passivo. Assim, o administrador deve comparar e analisar as opções de financiamento de curto e longo prazo, bem como as fontes de financiamento a serem utilizadas - capital próprio ou de terceiros.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 9 Objetivos da Administração Financeira No geral, cabe à administração financeira gerir racionalmente os recursos financeiros de uma empresa. Uma vez tais recursos sendo escassos, cabem ao setor financeiro tomar as decisões a fim de obter deles o melhor benefício futuro. Tomar uma decisão implica fazer uma escolha entre duas ou mais alternativas de ação, como por exemplo, aplicar recursos em aplicações de curto ou longo prazo, investir no aumento da planta produtiva ou na aquisição de maquinário, dentre diversas outras decisões que impliquem desembolsos financeiros. O que irá definir a decisão a ser tomada é o objetivo da empresa, ou seja, escolher a ação que melhor contribua à consecução dos objetivos organizacionais. O objetivo de uma empresa pode ser descrito de várias maneiras, como a maxi mização dos lucros, maior participação no mercado (sharing), maximização das vendas e da riqueza de seus proprietários, etc. Na verdade, todos esses objetivos estão de certa forma interrelacionados, especialmente a maximização dos lucros e da riqueza dos

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proprietários, os quais, apesar de parecerem sinônimos à primeira vista, podem ser conflitantes no que se refere às tomadas de decisões. a) Maximização dos lucros: Considerada com bastante frequência como o principal objetivo de qualquer empresa. Assim, as decisões da área financeira teriam como objetivo gerar o maior lucro possível no curto prazo, como por exemplo, tomando decisões que resultem em manutenções inadequadas de maquinário, reduções de gastos com publicidade, adiamento de investimentos, contratações de funcionários menos qualificados dentre outras medidas mais imediatistas que visem prioritariamente reduzir custos.

b) Maximização da riqueza dos proprietários: Consistem em medidas que não estão focadas no curto prazo, mas sim, que objetivem valorizar o preço de mercado das ações da empresa. Portanto, não importam apenas os lucros presentes, mas principalmente a capacidade da empresa em gerar lucros futuros (visão de longo prazo), sua estrutura de capital, solidez e capacidade de crescimento.

Concepção de Economia e Finanças - Parte 10 Objetivos da Administração Financeira: Maximização do Lucro x Maximização da Riqueza dos Proprietários Para ilustramos melhor o possível conflito entre esses dois objetivos, vamos tomar como exemplo a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) abaixo, onde o lucro líquido do período foi de R$ 8.100,00 e o valor investido foi de R$ 40.000,00, sendo este exclusivamente oriundo de capital próprio, ou seja, não havendo tomada de empréstimo por parte da empresa. Demonstração do Resultado Exercício - 20XX (Em R$) Receita operacional Custo dos produtos vendidos

45.000,00 (20.000,00)

Lucro bruto

25.000,00

Despesas administrativas

(7.000,00)

Despesas de vendas

(4.500,00)

Despesas financeiras Lucro antes do imposto de renda

13.500,00

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Provisão para o imposto de renda*

(5.400,00)

Lucro líquido

8.100,00

*Alíquota de IR de 40% Patrimônio Líquido = Lucro Líquido + Capital Próprio = R$ 48.100,00

Supondo que a custo de oportunidade do capital é de 15%, ou seja, a remuneração paga por outros investimentos disponíveis no mercado financeiro, podemos calcular o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL), o qual representa a taxa de remuneração obtida pelo próprio capital, da seguinte forma. RSPL =(

RSPL =(

Lucro líquido Patrimônio líquido

- Lucro retido no exercício) x 100

R$ 8.100,00 R$ 48.100,00- R$ 8.100

) x 100 = 20,25%

Concepção de Economia e Finanças - Parte 11 Objetivos da Administração Financeira: Maximização do Lucro x Maximização da Riqueza dos Proprietários (continuação...). Na medida em que a taxa de remuneração obtida foi superior ao referido custo de oportunidade (20,25% > 15%), podemos concluir que nesse caso houve valorização do valor da ação da empresa, ou seja, aumento da riqueza de seus proprietários concomitantemente a uma variação positiva do lucro. Agora, vamos supor que apenas R$ 20.000,00 seja oriundo de capital próprio e que os R$ 20.000,00 restante tenha sido tomado no mercado financeiro com juros anuais de 20%. Demonstração do Resultado Exercício - 20XX (Em R$) Receita operacional Custo dos produtos vendidos

45.000,00 (20.000,00)

Lucro bruto

25.000,00

Despesas administrativas

(7.000,00)

Despesas de vendas

(4.500,00)

Despesas financeiras

(4.000,00)

Lucro antes do imposto de renda Provisão para o imposto de renda* Lucro líquido

9.500,00 (3.800,00) 5.700,00

*Alíquota de IR de 40% Patrimônio Líquido = Lucro Líquido + Capital Próprio = R$ 25.700

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Calculando-se o novo RPSL observa-se que apesar do lucro da empresa ter caído no curto prazo (R$ 5.700,00 < R$ 8.100,00), o valor de mercado das ações subiu em virtude do maior RPSL alcançado (28,50% > 20,25%), comprovando que os objetivos de maximização do lucro e da riqueza dos proprietários podem sim serem conflitantes, resultando no que se denominou chamar conflitos de agência. RSPL =(

R$ 5.700,00 R$ 25.700,00- R$ 5.700

) x 100 = 28,50%

Concepção de Economia e Finanças - Parte 12 Separação entre Propriedade e Gestão: Possibilidade de Conflitos de Agência À medida que uma empresa vai crescendo o proprietário geralmente vai se distanciando das atividades operacionais, contratando gestores para o desempenho de suas antigas funções. Nos casos onde a empresa cresce muito para ser financiada por apenas uma única pessoa ela abre seu capital e o antigo empreendedor passa a ser seu acionista, contratando agora administradores profissionais, os quais ficam responsáveis pelas tomadas de decisões da empresa em seus níveis hierárquicos mais altos. Assim, ocorre a separação entre a propriedade e a gestão da empresa, sendo o acionista conhecido como o principal e os administradores seus agentes. Em determinados casos, essa distinção de papéis pode resultar em interesses distintos, sendo as ações do agente incompatíveis com os objetivos de longo prazo dos acionistas. Por exemplo, nos casos onde os administradores recebam percentuais de remuneração sobre o lucro, eles poderiam privilegiar ganhos de curto prazo em detrimento de valorizações de longo prazo (valor das ações). Outra situação seria a adoção de políticas mais conservadoras por parte do administrador como forma de preservar seu emprego, evitando riscos que viessem a prejudicar sua reputação no mercado. Essas e outras situações são incentivadas principalmente pela assimetria de informações que passa a existir entre agente e principal, exigindo do segundo mecanismos que venham a fortalecer seus controles. Assim, o conceito de Gestão Corporativa vem ganhando força nas organizações contemporâneas, representando um conjunto de mecanismos internos e externos que visam harmonizar os interesses e as ações de administradores e acionistas. Um exemplo disso fica por conta das políticas de remuneração dos administradores baseadas em participação acionária, incentivando a adoção de políticas e estratégias comerciais que objetivassem lucros sólidos e estruturados de longo prazo. Os Conselhos de Administração também consistem em um importante mecanismo de controle que os administradores lançam mão. Em linhas gerais, os Conselhos de Administração formulam políticas gerais para as empresas, monitorando seus gestores e verificando periodicamente se suas tomadas de decisões estão alinhadas com a de seus acionistas. Por último, mas não menos importante, citamos também a realização de auditorias externas e a consequente transparência dada às ações dos administradores.

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Demanda e Oferta - Parte 1 Básico sobre Oferta e Demanda Conhecer a lógica existente no relacionamento entre oferta e demanda consiste em prérequisito básico para a realização de qualquer análise microeconômica. A chamada lei da oferta e da demanda estabelece a relação existente entre a oferta de um bem ou serviço (quantidade que será oferecida) e a sua demanda (procura). A partir dela é possível determinar as quantidades e os preços que serão estabelecidos para os diferentes bens e serviços produzidos em uma economia. Nos períodos onde a oferta supera a demanda, o preço do bem ou serviço diminui. Por outro lado, quando a oferta é inferior a demanda, o preço se eleva. Para uma melhor compreensão dessa lógica de mercado, vamos analisar agora a chamadas curvas de oferta e demanda.

a) Curva de Oferta A curva de oferta estabelece a relação entre a quantidade de mercadorias que os produtores estarão dispostos a vender e o seu preço. Em outras palavras, preços mais altos incentivam aumentos de produção, seja pelas empresas já existentes que teriam interesse em aumentar suas vendas ou pela entrada de novos concorrentes. Assim, a curva de oferta possui inclinação positiva indicando que maiores preços (eixo vertical do gráfico) resultam em maiores quantidades ofertadas pelos produtores (eixo horizontal do gráfico). Cabe ressaltar, que além do preço outros fatores também influenciam na oferta de qualquer bem ou serviço, como por exemplo, a redução dos custos de produção da empresa (salários, matéria prima, taxa de juros para financiamento, etc.). Em suma, conforme visualizado na animação abaixo, quando ocorrem apenas variações de preço as quantidades se ajustam ao longo da própria curva de oferta. Contudo, quando outros fatores impactam a oferta, como, por exemplo, redução de custos produtivos, o ajuste nas quantidades se dá através de deslocamentos ou mudanças da curva de oferta.

Demanda e Oferta - Parte 2 b) Curva de Demanda A curva de demanda estabelece a relação entre a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir e seu preço. Em outras palavras, quanto maior for o preço de determinado bem ou serviço menos os indivíduos irão consumir. Do contrário, quanto menores forem os preços, maior será a procura. Assim, diferentemente da curva de oferta, a curva de demanda possui inclinação negativa, indicando que quanto maior for o preço (eixo vertical do gráfico) de um bem ou serviço menor serão as quantidades demandadas do mesmo (eixo horizontal do gráfico). Cabe ressaltar, que além do preço outros fatores também influenciam na demanda de qualquer bem ou serviço, como por exemplo, o aumento da renda dos indivíduos, o preço de outros bens, sazonalidades e clima. Em suma, conforme visualizado na animação abaixo, quando ocorrem apenas variações de preço as quantidades se ajustam ao longo da própria curva de demanda.

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Contudo, quando outros fatores impactam a demanda, como, por exemplo, a renda, o ajuste nas quantidades se dá através de deslocamentos ou mudanças da curva de demanda.

Demanda e Oferta - Parte 3 c) Mecanismo de Mercado Conhecidas as curvas da demanda e da oferta e as relações que as mesmas indicam entre preços e quantidade, cabe agora colocá-las juntas em um mesmo gráfico. A combinação dessas duas curvas permite identificarmos como se dá o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado. No ponto de equilíbrio a oferta e a demanda de um determinado bem ou serviço são iguais, ou seja, indicando que não existe escassez ou excesso de oferta. Essa tendência dos preços a se modificarem em livre mercado até que haja a igualdade entre oferta e demanda é chamado de mecanismo de mercado, ou ainda, a "mão invisível do mercado" originalmente citada pelo economista Adam Smith no século 18. Além do preço e da quantidade de equilíbrio identificados no gráfico abaixo (P 0 ,Q 0), interessante destacarmos que os preços P1 e P2 apresentam respectivamente as referidas situações de excesso e escassez de oferta. No preço P 1, os produtores disponibilizariam no m ercado quantidades superiores ao que seria demandado pelos consumidores. Como efeito, para que todo esse excedente fosse vendido os preços seriam reduzidos até o ponto P 0 . Por fim, a redução de preço reduziria a quantidade ofertada pelos produtores conduzi ndo o mercado a situação de equilíbrio (mecanismo de mercado). Raciocínio inverso vale para o ponto P 2 , onde a escassez de oferta ocasionaria um natural aumento de preço enquanto os consumidores estivessem dispostos a pagar mais pelo bem ou serviço em questão, conduzindo novamente o mercado a uma situação de equilíbrio.

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Demanda e Oferta - Parte 4 d) Mudanças no Equilíbrio do Mercado A partir de uma situação de equilíbrio as condições de oferta e demanda podem ser modificadas, implicando deslocamentos de suas respectivas curvas conforme anteriormente explicado. A título de exemplo vamos supor que em um determinado mercado o lucro auferido pelas empresas tenha chamado à atenção de novos empreendedores. Com o ingresso de novas empresas (concorrentes) o mer cado passou a ofertar uma maior quantidade desse produto, deslocando a curva de oferta para a direita, conforme mostrado na animação abaixo. Como consequência disso, o preço do produto diminuiu, gerando um novo ponto de equilíbrio onde os preços são mais baixos e a quantidade produzida é maior na comparação com a situação original. Agora vamos supor que a partir de uma situação de equilíbrio ocorra um aumento significativo de demanda ao ponto de deslocar sua respectiva curva para direita. Vamos tomar como exemplo o recente caso do álcool gel que em virtude do vírus H1N1 teve o seu perfil de demanda fantasticamente alterado. Conforme demonstrado na animação abaixo, o deslocamento da demanda ocasionou um novo equilíbrio onde o preço e as quantidades ficaram acima dos níveis originais.

Comportamento do Consumidor - Parte 1 Teoria da Escolha do Consumidor É comum entrarmos em uma loja e nos depararmos com diversos produtos que gostaríamos de comprar. Naturalmente, como os recursos financeiro são limitados, não podemos comprar tudo àquilo que desejamos. Sendo assim, levamos em consideração os preços dos vários produtos à venda e adquirimos um conjunto de bens que, dada a nossa disponibilidade de recursos, melhor atenda as nossas necessidades. Como vimos anteriorm ente, a curva de demanda de um bem reflete a disposição do consumidor em pagar por ele. Quando o preço de um bem aumenta, os consumidores estão dispostos a pagar mais por menos unidades, de modo que a quantidade demandada diminui. Agora analisaremos de man eira mais detalhada as decisões que estão por trás da curva de demanda, compreendendo o comportamento do consumidor através de três análises distintas:

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1. Restrição Orçamentária: não se consegue consumir tudo aquilo que se deseja, uma vez que a renda dos indivíduos é limitada e os desejos de consumo não, restringindo a quantidade de mercadorias que podem ser de fato adquiridas. 2. Preferências do Consumidor: essa etapa consiste em encontrar uma forma prática de descrever por que os indivíduos poderiam preferir uma mercadoria ou cesta de mercadorias a outra. 3. Escolhas do Consumidor: diante de uma renda limitada e de suas preferências, os consumidores irão adquirir as combinações de mercadorias que maior satisfação lhes proporcione. Na medida em que tais combinações dependerão dos vários preços dos bens disponíveis, o entendimento das escolhas do consumidor permitirá uma melhor compreensão da demanda.

Comportamento do Consumidor - Parte 2 a) Restrição Orçamentária: o que o consumidor pode gastar A partir de um exemplo simplificando contendo apenas duas opções de compra, vamos analisar como as limitações de renda interferem em nossas decisões de consumo. É obvio que no mundo real as pessoas compram milhares de diferentes tipos de bens. Mas admitir que existam apenas dois bens simplifica o problema sem alterar a compreensão básica a respeito da escolha do consumidor. Vamos supor que um indivíduo tenha uma renda de R$ 1 mil e que gaste todo esse valor exclusivamente na compra de jogos de videogame e de livros e que os preços desses bens sejam respectivamente R$ 10 e R$ 50. A tabela abaixo mostra algumas das combinações de jogos e livros que esse consumidor pode optar sem ultrapassar sua limitação financeira de R$ 1 mil. Por exemplo, se ele optar em comprar apenas jogos poderá comprar 100 unidades desse produto. Por outro lado, se a escolha for comprar apenas livros, ele poderá adquirir no máximo 20 exemplares.

Quantidade de Quantidade Jogos de de Livros Computador 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Despesa com Jogos (R$) 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0

Despesa com Despesa Livros Total (R$) (R$) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000

A representação gráfica ao lado da tabela ilustra todas as combinações possíveis entre jogos (eixo vertical) e livros (eixo horizontal), A linha que liga os máximos de consumo de

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cada item é chamada de linha de restrição orçamentária, a qual indica o limite das combinações de consumo de bens que o consumidor pode adquirir. A inclinação da restrição orçamentária mede a taxa que o consumidor pode trocar um bem pelo outro. A inclinação entre dois pontos é calculada pela variação da distância vertical dividida pela variação da distância horizontal. Do ponto A ao ponto B a distância vertical é de 100 jogos de computador e a distância horizontal é de 20 livros, ou seja, uma inclinação de 5 jogos por livro. Assim, podemos dizer que um livro custa 5 vezes mais do que um jogo, de modo que o custo de oportunidade de um livro equivale a 5 jogos de computador. A análise da restrição orçamentária, portanto, nos indica o comportamento do consumidor a partir de sua renda e dos preços dos produtos disponíveis para consumo, restando agora analisarmos como funcionam suas preferências.

Comportamento do Consumidor - Parte 3 b) Preferências: o que o consumidor quer As preferências do consumidor lhe permitem escolher entre diferentes combinações de jogos de computador e livros. Se você oferecer duas opções de combinações ele irá escolher aquela que melhor atenda as suas necessidades. Se ambas atenderem igualmente suas preferências dizemos que o consumidor é indiferente entre essas duas combinações. Graficamente as preferências do consumidor são apresentadas nas chamadas curvas de indiferença. Observem na figura abaixo que os pontos A, B e C situados na curva de indiferença 1 possuem combinações que proporcionam ao consumidor o mesmo nível de satisfação. Interessante destacar que ao longo de uma curva de indiferença diminuições de consumo de um bem são supridas pelo aumento no consumo de outro. Reparem como a perda de jogos de computador presente na passagem do ponto C para o B é compensada pelo aumento no consumo de livros. Essa troca de um bem pelo outro é chamada de taxa marginal de substituição. No geral, a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar um bem por outro depende da quantidade de bens que ele já está consumindo. No nosso exemplo, a taxa à qual o consumidor está disposto a trocar jogos por livros depende da quantidade que ele possui destes dois bens. Não é a toa que do ponto C para o ponto B o consumidor para aumentar uma pequena quantidade de livros abriu mão de razoável quantidade de jogos, enquanto do ponto B para o ponto A para o consumidor abrir mão da mesma quantidade de jogos ele exigiu uma quantidade bem superior de livros. Em suma, o desejo de consumir uma unidade adicional de qualquer bem é sempre inferior à primeira, por isso a taxa marginal de substituição é decrescente ao longo de uma curva de indiferença.

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O ponto D está situado em outra linha de indiferença onde as combinações podem ser realizadas com maiores quantidades de produtos. Apesar da quantidade de jogos adquiridos serem maior no ponto C, o acréscimo de livros obtidos no ponto D é mais do que suficiente para tornar esse ponto preferível ao primeiro. Na comparação com os pontos B e A fica claro compreender a preferência pelo ponto D, uma vez que ele proporciona maiores quantidades de consumo dos dois bens. Os ensinamentos que as curvas de indiferença nos trazem e que precisam ficar claros podem ser resumidos da seguinte forma:  

Os consumidores sempre preferem maiores quantidades; A vontade de substituir um bem pelo outro depende da quantidade de cada um que o consumidor dispõe.

Comportamento do Consumidor - Parte 4 c) Otimização: o que o consumidor escolhe Ciente de sua limitação financeira e conhecedor de suas preferências a escolha do consumidor irá recair na combinação de produtos que melhor atendam as suas necessidade respeitando o montante de recursos disponível. Graficamente, a combinação das curvas de indiferença e da linha de restrição orçamentária permitem visualizar com mais clareza essa situação. Observem no gráfico abaixo que o ponto ótimo corresponde à situação onde a curva de indiferença tangencia a linha orçamentária. Assim, mesmo que o ponto A dê ao consumidor maior satisfação do que em C, o seu orçamento não permite que ele consuma A. Da mesma forma, o ponto B apresenta uma combinação que não preenche o total de renda disponível para o consumidor. Em suma, dentre as curvas de indiferenças disponíveis, o ponto C é aquele que permite a maior satisfação do consumidor sem extrapolar a sua limitação financeira.

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d) Efeito Renda e Efeito Substituição Vamos supor que o preço do livro tenha diminuído enquanto o preço dos jogos se manteve constante. Essa redução de preço resultará em uma maior quantidade de recursos disponível para o consumidor, aumentando a sua sensação de riqueza. A partir dessa constatação, os consumidores poderão adquirir mais quantidades de ambos os bens sendo que o "quanto" ele irá aumentar de cada um depende dos efeitos renda e substituição proporcionados. Em síntese, a redução no preço do livro ocasionaria um efeito renda positivo para ambos os bens, pois o consumidor estaria com mais dinheiro disponível e, portanto, apto a consumir mais de ambos. Contudo, a queda no preço do livro alterou o preço relativo dos bens, na medida em que o livro tornou-se mais barato em relação ao consumo de jogos eletrônicos. Bem

Efeito Renda

Efeito Substituição

Efeito Total

O consumidor está Os jogos estão relativamente mais Os efeitos renda e substituição Jogos de mais rico, portanto baratos, portanto, o consumidor agem no mesmo sentido, portanto Computador compra mais jogos. compra mais jogos. o consumidor compra mais jogos.

Livros

O consumidor está mais rico, portanto compra mais livros.

Os efeitos renda e substituição Os livros estão relativamente mais agem em direções opostas, caros, portanto, o consumidor portanto, o efeito total sobre o compra menos livros. consumo de livros é incerto.

Comportamento do Consumidor - Parte 5 Uma vez entendida a lógica existente nas tomadas de decisões de um consumidor, algumas situações em especifico merecem ser melhor analisadas.

Bens Substitutos e Bens Complementares A demanda por um bem ou serviço também pode ser afetada pelo preço de outros. Quando a demanda de um bem ou serviço aumenta em decorrência do aumento de preço de outro, dizemos que estes são bens substitutos. Por exemplo, quando o preço da manteiga sobe a tendência é que aumente a demanda por margarina, o mesmo ocorrendo entre a carne de frango e a carne de gado e diversos outros exemplos. Por outro lado, quando a demanda de um bem ou serviço cai em virtude do aumento do preço de outro, dizemos que este são bens complementares. Por exemplo, se o preço da costela subir provavelmente irá cair a procura por sal grosso e carvão no Rio Grande do Sul.

Clima e Sazonalidades No que se refere aos impactos do clima e da sazonalidade sobre a procura de um bem, é só imaginarmos a demanda por roupas de lã no inverno e por carne de peru no natal e seus respectivos impactos em termos de preço praticado.

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Bens Normais, Bens Inferiores e Bens de Giffen Quando um bem ou serviço tem o seu consumo aumentado em virtude de aumento da renda do consumidor dizemos que este é um bem normal. Por outro lado, contraditoriamente alguns produtos passam a ser menos consumidos quando a renda dos consumidores aumenta. Por exemplo, o miojo e o bife de hamburger podem ser considerados bens inferiores quando um aumento de renda proporcione ao consumidor substituir os mesmos por maiores quantidades de massa fresca e carne da gado. Por último, existem bens que quando o preço sobe, contraditoriamente o seu consumo aumenta, como por exemplo, o pão. Isso porque, em determinadas faixas de renda o aumento do preço de produtos como o pão diminui a capacidade de consumo de outros produtos, sendo mais racional utilizar o dinheiro restante para consumir mais pães do que menores quantidades de outros itens. Esses bens são chamados Bens de Giffen.

Metas de Políticas Macroeconômicas - Parte 1 Política Monetária: efeitos sobre a taxa de juros básica e a inflação A política monetária é aquela por meio da qual o governo controla a taxa de juros da economia pela contração ou expansão da oferta de moeda. O controle da taxa de juros básica é um dos principais mecanismos de controle da inflação que o governo dispõe. De maneira bastante simples, a inflação pode ser entendida como a perda do poder de compra da moeda, resultante do aumento geral de preço na economia.

A década de 80 no Brasil foi fortemente caracterizada pela existência de altas taxas inflacionárias.

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Um dos principais fatores geradores de inflação é o desequilíbrio entre oferta e demanda. Conforme abordado anteriormente, quando a demanda supera a oferta o equilíbrio do mercado se dará mediante aumento de preços. Assim, quando o governo promove uma contração da oferta de moeda, a tendência é aumentar a taxas de juro básica da economia. Com esse aumento, cresce a atratividade por investimentos no mercado financeiro, principalmente em títulos da dívida pública, o que provoca uma escassez de crédito para o setor produtivo. Como reflexo disso, as taxas de juros dos financiamentos oferecidos pelas instituições aumentam, inibindo a capacidade de investimentos das empresas e o crescimento da economia. Em geral, juros altos desestimulam o consumo, principalmente de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos, imóveis, etc.), uma vez que esses bens costumam ser adquiridos por meio de financiamentos cujas prestações ficam mais caras. Com a elevação das taxas de juros ocorre uma diminuição do consumo e dos investimentos, reduzindo o nível da atividade econômica e das vendas para o mercado interno. Em virtude da queda nas vendas as empresas faturam menos, diminuem a produção e geram desemprego, diminuindo a circulação de renda e dando início a um círculo vicioso conhecido como recessão. Por outro lado, quando há expansão da oferta monetária, o efeito é exatamente o contrário. Com a expansão da oferta de moeda a tendência é baixar as taxas de juros básicas da economia, o que diminui a atratividade por investimentos no mercado financeiro. Em outras palavras, a maior oferta de moeda provoca uma redução nas taxas de juros dos financiamentos efetuados pelas instituições, o que incentiva a capacidade de investimentos da empresa. Juros baixos estimulam o consumo, aumentam os investimentos e o nível de emprego, gerando um ciclo virtuoso de crescimento econômico. Para maiores detalhes acerca do regime de metas inflacionários utilizado no Brasil, recomendamos fortemente a leitura do excelente material didático elaborado pelo Banco Central a esse respeito. Clique aqui e faça a leitura.

Metas de Política Macroeconômica - Parte 2 Política Fiscal: impactos da intervenção governamental na economia Política fiscal envolve as decisões do governo sobre quanto gastar e quanto arrecadar. Sua principal fonte de recursos são os tributos (taxas e impostos) cobrados da sociedade. Por outro lado, as despesas do governo podem ser divididas da seguinte forma:

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    

Despesas Correntes: gastos para a manutenção e funcionamento da máquina pública (salário de servidores, luz, água, etc); Transferências: repasses de dinheiro sob a modalidade de programas governamentais, como o bolsa família, por exemplo; Juros: consistem nos encargos da divida pública, ou seja, na remuneração paga aos detentores de títulos públicos; Investimentos: incremento de capacidade produtiva, como estradas, usinas, construções, obras públicas, etc. Subsídios: benefícios concedidos a empresas com vistas a assegurar preços mais baixos ao consumidor final.

Quando o governo gasta mais do que arrecada ele cria uma situação de déficit público. O governo financia seu déficit basicamente através da venda de títulos públicos ou da emissão de moeda. A venda de títulos aumenta o endividamento do governo enquanto a emissão de moeda tende a gerar inflação. Isto porque, quando a quantidade de moeda disponível em uma economia é superior a disponibilidade total de bens e serviços para consumo o ajuste entre oferta e demanda se dará mediante aumentos de preços. Em síntese, reduções de impostos aumentam a capacidade de consumo dos indivíduos, dando início ao círculo vicioso descrito no item anterior. Por outro lado, aumentos da carga tributária inibem o consumo e a produção, gerando efeitos negativos sobre o crescimento econômico do país. A situação é complexa porque o efeito multiplicador dos gastos públicos quase sempre é positivo para as empresas e para os indivíduos, especialmente no que se refere a investimentos diretos em infraestrutura e em assistência social, além de contribuírem fortemente com a geração de empregos. Outro fator importante diz respeito às intervenções governamentais em momentos de crise econômica, como ocorreu recentemente com a crise financeira mundial. Nesse caso, o governo norte americano injetou alguns bilhões de dólares na economia, socorrendo instituições financeiras e a indústria automotiva. No Brasil, o governo reduziu impostos como forma de incentivar o consumo e manter a economia aquecida durante o período de crise. Mais recentemente ainda, a Comunidade Europeia injetou alguns bilhões de Euros para socorrer as economias da Grécia e da Irlanda do Norte.

Metas de Política Macroeconômica - Parte 3 Política Cambial: o valor da moeda e as repercussões na balança comercial Quando ocorrem transações entre países, surge a necessidade de se fixar a relação de troca entre as moedas de cada parceiro comercial, ou seja, a taxa de câmbio. Assim, taxa de câmbio nada mais é do que o preço, em moeda nacional, de uma unidade de outra moeda estrangeira. A decisão de valorizar ou desvalorizar a moeda de um país é parte integrante da sua política cambial. O grande dilema nesse tipo de decisão se refere aos impactos trazidos sobre as exportações e importações de um país. A valorização da

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moeda doméstica inibe as exportações, afetando negativamente a balança comercial de um país (o valor das exportações de um país menos o valor das importações). Por outro lado, incentiva as importações, aumentando a concorrência interna e reduzindo os preços finais para os consumidores. Quando o volume de importações supera o total de exportações de uma economia dizemos que existe um déficit comercial. Na hipótese de uma desvalorização da moeda quem ganha são os exportadores, que conseguem colocar seus produtos com maior facilidade no mercado externo. O aumento das exportações gera empregos e divisas para o país. Além disso, muitos insumos utilizados no país são de origem estrangeira e, portanto, o aumento de seus custos de importação levaria a aumentos de preços de diversos produtos comercializados internamente, ocasionado pressões inflacionárias. Quando o volume de exportações é superior ao volume de importações dizemos que existe um superávit comercial. A balança comercial é o principal item que compõe o Balanço de Pagamentos de um país, o qual consiste no registro de todas as transações realizadas (comerciais e financeiras) com o exterior, indicando o volume de reservas internacionais existentes. De maneira bastante resumida, podemos concluir que quando a balança comercial é negativa o país está gastando mais do que a renda interna disponível, sendo necessário contrair empréstimos junto aos mercados financeiros internacionais para cobrir seus déficits correntes. No Brasil, a taxa cambial é definida por um sistema de bandas, onde são estabelecidas faixas ou limites em que o câmbio pode flutuar livremente. Na medida em que o preço da moeda estrangeira consiste em uma das variáveis mais importantes da economia conforme rapidamente aqui abordado, mesmo no caso da adoção de um sistema de câmbio flutuante, o governo pode intervir no mercado através da compra e venda de divisas internacionais pelo Banco Central.

Metas de Política Macroeconômica - Parte 4 Crescimento Econômico O crescimento econômico de um país é medido através das variações anualmente registradas em seu Produto Interno Bruto (PIB) o qual corresponde ao somatório em valores monetários de todos os bens e serviços internamente produzidos. Para se tiver uma ideia da importância do crescimento econômico para qualquer país, uma taxa anual de crescimento da ordem de 2% permite dobrar a renda per capita em um período de 35 anos. O crescimento é fruto da produtividade existente no país, ou seja, da quantidade de bens e serviços produzida em cada hora de trabalho. Sendo assim, percebe-se a importância dos recursos humanos, naturais, físicos e da tecnologia disponível na busca pela produtividade, sendo tais elementos objeto de diferentes políticas públicas que visem estimular o crescimento econômico.

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Incentivar a poupança interna é uma das alternativas encontradas pelos governos, na medida em que maiores níveis de poupança aumentam a quantidade de recursos disponíveis para financiamentos de longo prazo, como por exemplo, para o financiamento de obras, infraestrutura e para aquisição de bens de capital. Especificamente no que se refere à infraestrutura, frisamos que esta é considerada como um dos principais gargalos ao crescimento econômico brasileiro, sendo objeto de maior parte das ações previstas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Crescimento econômico requer novas e melhores estradas, ampliação do potencial modernização de portos e aeroportos e desenvolvimento do transporte aquaviário como requisitos a um melhor escoamento da produção. No mesmo sentido, crescimento demanda maiores consumos de água, saneamento e energia, sendo estes setores caracterizados pela alta necessidade de investimentos. Em termos de capital humano, a educação também é outro importante pilar das políticas públicas governamentais. Mão de obra qualificada significa maior produtividade, bem como pode propiciar o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de aumentarem a produtividade. No mesmo sentido, garantir os direitos de propriedade e a estabilidade política incentivam maiores volumes de investimento privado, reduzindo os riscos de quebras unilaterais de contrato ou de golpes de Estado que venham afetar a atividade produtiva de empresas nacionais ou estrangeiras residentes no país. Apesar de ser peça indispensável para uma maior qualidade de vida da população de qualquer país, o crescimento econômico não garante uma distribuição equitativa de renda entre seus habitantes.

Metas de Política Macroeconômica - Parte 5 Distribuição de Renda Conforme anteriormente indicado, uma elevada renda (PIB) per capita não garante que os recursos disponíveis em uma economia estejam sendo distribuídos de maneira equitativa entre seus habitantes. Nos países em desenvolvimento, em especial no Brasil, a distribuição de renda tem sido um problema há muito tempo enfrentado pelos governos. De maneira mais usual, a distribuição de renda tem sido medida através de indicadores que permitem visualizar qual a parcela de renda apropriada pelos percentis mais pobres e mais ricos de um país. O principal indicador utilizado é o índice de Gini, onde um número situado entre 0 e 1 indicaria como a renda está sendo distribuída. No limite, um índice igual a 0 representaria uma perfeita distribuição de renda, sendo que quanto mais próximo de 1 ele fosse maior seria o nível de concentração registrado no país. O Brasil possui uma das piores distribuições de renda no mundo conforme pode ser observada na tabela abaixo organizada pelo Banco Mundial em 2002.

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Distribuição de Renda no Brasil e no Mundo País Japão Alemanha Canadá Índia Reino Unido China Estados Unidos Rússia Nigéria México África do Sul Brasil

10% mais pobres 10% mais ricos 4,80 3,30 2,80 3,50 2,60 2,40 1,80 1,70 1,60 1,60 1,10 1,00

21,70 23,70 23,80 33,50 27,30 30,40 30,50 38,70 40,80 41,10 45,90 46,70

Razão 4,50 7,20 8,50 9,60 10,50 12,70 16,90 22,80 25,50 25,70 41,70 46,70

Essa tabela mostra a porcentagem da renda que os 10% mais ricos e os 10% mais pobres da população detêm. A razão entre esses dois números mede a diferença entre ricos e pobres.

As razões para tamanha discrepância no Brasil podem ser percebidas desde o início da sua história, como por exemplo, o processo de colonização exploratória e a forte divisão de classes iniciada no período imperial e que até hoje marcam a nossa cultura. Além disso, o longo período inflacionário a que o país esteve submentido também colaborou com más distribuições hoje vigentes, na medida em que muitas pessoas sem acesso ao sistema financeiro e, portanto, incapazes de protegerem seus recursos monetários, tinham seu poder de compra diariamente diminuído. Também podemos destacar a matriz tributária existente onde os impostos indiretos que incidem basicamente sobre o consumo respondem por uma parcela do total arrecadada pelos governos muito superior aos impostos incidentes sobre a renda, lucros e propriedades. Assim, estaria invertida a lógica tributária de redistribuir melhor a renda do país. Não é a toa que o Brasil tenha um longo histórico de programas assistenciais, como mais recentemente o bolsa família, onde através de repasses diretos o governo tenta minimizar os problemas de distribuição existentes. No mesmo sentido, a fixação de salários mínimos mais elevados também é uma alternativa de se tentar melhorar a distribuição de renda brasileira. Contudo, ambos os casos podem ser entendidos, no limite, como alternativas paliativas que não se sustentariam em um horizonte maior de tempo. Assim, mudanças na matriz tributária e contínuos investimentos em educação podem ser alternativas interessantes para uma melhor redistribuição de renda em longo prazo.

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 1 Ambiente Operacional da Empresa Corresponde ao ambiente onde a empresa realiza suas operações com vistas a executar uma adequada administração financeira. Assim, o conhecimento do ambiente operacional da empresa é de fundamental importância para o administrador financeiro, porque lhe permite realizar uma gestão eficiente do fluxo de caixa, fazer proteção para diversos ativos financeiros e fornecer subsídios para a captação de recursos (empréstimos

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e financiamentos) de curto e longo prazo. De um modo geral, conhecer o ambiente operacional implica compreender o papel das Instituições Financeiras, a estrutura do Sistema Financeiro Nacional e o funcionamento dos principais componentes do mercado financeiro, além dos impactos trazidos pelas políticas macroeconômicas do governo já analisadas na semana anterior de nosso componente curricular.

Instituições Financeiras: Conceito e Funções As instituições financeiras são intermediárias que canalizam as poupanças de indivíduos, empresas e governos para empréstimos ou investimento. As poupanças dos consumidores individuais constituem grande parte dos fundos das instituições financeiras. Os indivíduos não só atuam como fornecedores de fundos às instituições financeiras, mas também demandam delas recursos na forma de empréstimos. Contudo, os indivíduos enquanto grupo poupam mais dinheiro do que tomam emprestado e por isso são chamados de fornecedores líquidos às instituições financeiras. Por outro lado, empresas e os governos, que também fornecem e tomam recursos junto às instituições financeiras, em sua maioria tomam emprestados mais dinheiro do que poupam e por isso são chamados de tomadores líquidos de fundos. No geral, o principal exemplo de instituição financeira são os bancos, os quais prestam diversos serviços aos seus clientes (sociedade) e ao governo, serviços esses chamados de função social dos bancos. Dentre os diferentes serviços oferecidos a seus clientes podemos citar a disponibilização de caixas automáticos, cartões de crédito, cheques especiais (limites), conta poupança, seguro, recebimento de salários dentre outros. Apesar dos serviços já representarem hoje cerca de 20% do faturamento total dos bancos (em 1994 era apenas 4%), no Brasil, diferentemente dos demais países, a principal fonte de receita continua sendo o spread bancário - clique aqui e leia sobre este assunto - (o Brasil possui o 4º mais spread bancário do mundo). No que se refere aos serviços prestados ao governo, as intermediações no recolhimento de tributos e no pagamento de benefícios realizadas pelo bancos, tem proporcionado ao setor público uma significativa redução de custos operacionais, além de conferir maior agilidade e rapidez no atendimento ao cidadão.

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 2 Sistema Financeiro Nacional (SFN) Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. De maneira bastante simplificada podemos classificar as instituições integrantes do SFN em dois diferentes subsistemas: normativo - estabelece regras e normatizações; e de intermediação - responsável pelas operações.

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Ambiente Operacional da Empresa - Parte 3 a) Principais Instituições que compõem o Subsistema Normativo do SFN Conselho Monetário Nacional (CMN): Composto pelos Ministros da Fazenda, Planejamento e pelo Presidente do Banco Central, possui como principais atribuições estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e de crédito; e regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras. Juntamente com o Banco Central, consiste em uma das autoridades monetárias do sistema.

Banco Central do Brasil (BACEN): Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que deve cumprir e fazer cumprir as atribuições e disposições legais do CMN. São exemplos de responsabilidades do BACEN: emitir moeda; recolher os depósitos compulsórios dos bancos; realizar operações de redesconto e empréstimo a instituições financeiras; controlar e fiscalizar o crédito e o fluxo de capital estrangeiro; ser o depositário das reservas de ouro e moeda estrangeira no país; autorizar o financiamento e a fiscalização das instituições financeiras presentes em território brasileiro.

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Comissão de Valores Mobiliários (CVM): Órgão normativo voltado para o desenvolvimento, disciplina e fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e tesouro nacional, basicamente o mercado de ações e debêntures. Cabe à CVM estimular a aplicação de poupança no mercado acionário; assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores; proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e outros atos ilegais visando manipular preços nos mercados de ações; fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto.

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 4 b) Principais instituições que compõem o Subsistema de Intermediação do SFN Baco do Brasil (BB): Operando como banco múltiplo tradicional, o BB conserva funções de agente financeiro do governo federal, executando políticas de crédito rural e industrial. As principais atribuições do BB consistem em administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis; realizar operações cambiais por conta própria ou por conta do BACEN; adquirir e financiar estoques de produtos exportáveis e efetuar pagamentos e suprimentos para execução do orçamento da União. Assim como BNDES o BB é considerado um dos agentes especiais desse subsistema.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): Instituição não monetária responsável pela política de investimentos de longo prazo do governo federal, consistindo na principal entidade de fomento do país. Os principais objetivos do BNDES são impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país; fortalecer o setor empresarial nacional; promover o crescimento e a diversificação das exportações.

Caixa Econômica Federal (CEF): Banco múltiplo responsável pela operacionalização das políticas do governo federal para habitação popular e saneamento básico a partir da captação de recursos em cadernetas de poupanças e do direcionamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A CEF também é responsável pela administração de loterias e de programas sociais.

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Bancos Múltiplos: Instituições financeiras que operam carteiras de banco comercial; de investimento; de crédito imobiliário; de crédito, financiamento e investimento; de arrendamento mercantil (leasing) e de desenvolvimento. A CEF e o BB são típicos exemplos de bancos múltiplos.

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 5 b) Principais Instituições que compõem o Subsistema de Intermediação do SFN (continuação...) Bancos Comerciais: Possuem como objetivo proporcionar recursos necessários para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. São atividades típicas dos bancos comerciais receber depósitos a vista; efetuar empréstimos de curto prazo, descontar títulos; prestar serviços de cobrança e transferência de fundos; obter recursos externos e em instituições oficiais para repasse a terceiros; realizar operações de crédito rural, de câmbio e comércio internacional. Bancos de Desenvolvimento: Bancos estaduais ou regionais voltados para o desenvolvimento econômico e social da região, como por exemplo, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Consistem em instituições financeiras não monetárias que atuam como agentes financeiros do BNDES. Bancos de Investimentos: Entidades privadas especializadas em operações de participação ou financiamento a médio e longo prazos de capital fixo ou de giro. Além de capitais próprios, podem captar recursos de terceiros, do exterior; operar como agentes financeiros do BNDES e oferecer serviços, tais como, leasing financeiro; administrar fundos de investimentos e de ações; operações de lançamento de títulos no mercado local e no exterior; assessorar o mercado em operações de fusões, cisões e aquisições de empresas. Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (financeiras): Objetivam financiar bens de consumo duráveis por meio do crédito direto ao consumidor ("crediário"). Como não podem manter contas correntes, captam recursos através da colocação de letras de câmbio e recibos de depósito bancário (RDB).

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Ambiente Operacional da Empresa - Parte 6 Mercado Financeiro Retomando a ideia central contida no simplificado modelo de fluxo circular apresentado em nossa primeira semana, temos que em um sistema econômico as unidades familiares, as empresas, o governo e o setor externo interagem por meio dos fluxos reais (fatores de produção, produtos e serviços) e dos fluxos monetários (pagamentos pelos produtos e serviços adquiridos, pagamento de impostos e remuneração dos fatores de produção). Nesse sistema, o mercado financeiro desempenha um papel importante ao promover a intermediação de recursos entre os agentes superavitários (gastam menos do que recebem) e os deficitários (gastam mais do que recebem) de uma economia. Enquanto os agentes superavitários recebem juros pelo capital aplicado, ou seja, são remunerados por adiarem o consumo (os economistas chamam isso de prêmio pela renúncia à liquidez), os deficitários se dispõem a pagarem juros por usufruírem antecipadamente suas receitas. Os emprestadores não estão dispostos a cederem gratuitamente e sem determinadas garantias as suas poupanças. Da mesma forma, os investidores não estão dispostos a financiar os seus projetos a qualquer preço. Além disso, os montantes que um dado investidor necessita nem sempre são compatíveis com o montante que cada emprestador individual está disposto a libertar para aquele projeto específico. As economias de mercado precisam, portanto, de mecanismos que assegurem a conciliação destes interesses conflitantes, e é justamente essa a função do m ercado financeiro. Sendo um mercado, permite que as atividades de financiamento da economia sejam organizadas de forma a garantir a compatibilização de preços, prazos, montantes, riscos e garantias exigidos por aqueles que cedem e absorvem os recursos disponíveis. De um modo geral, as empresas apresentam períodos que se alternam entre deficitários e superavitários, cabendo aos administradores financeiros conhecer as possibilidades de aplicação e obtenção de recursos oferecidos pelos diferentes segmentos do mercado.

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Fluxo de Fundos no Mercado Financeiro

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 7 Segmentos do Mercado Financeiro No geral, são quatro os segmentos do mercado financeiro utilizados pelas empresas brasileiras: o monetário, o de créditos, o de capital e o cambial. Mercado Monetário: É o mercado onde se concentram as operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo com vistas a garantir a liquidez da economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política Monetária. Mercado de Crédito: Esse segmento atende às necessidades de crédito de curto e de médio prazos dos agentes econômicos, principalmente, as solicitações de financiamento de bens duráveis pelos consumidores e de capital de giro pelas empresas. Atuam nesse mercado diversas instituições financeiras e não financeiras. Mercado de Capitais: Tem como objetivo canalizar recursos de médio e longo prazo para agentes deficitários, através das operações de compra e de venda de títulos e valores mobiliários (ações e debêntures), efetuadas entre empresas, investidores e intermediários. A Comissão de Valores Mobiliários é o principal órgão responsável pelo controle, normatização e fiscalização deste mercado.

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Mercado Cambial: Corresponde ao mercado onde são realizadas operações de compra e venda de moedas estrangeiras conversíveis (podem ser convertidas em reais). Atuam nesse mercado os agentes voltados ao comércio internacional, e as operações são feitas sob a intermediação de instituições financeiras autorizadas (bancárias e não bancárias). O BACEN é o responsável pela administração, fiscalização e controle das operações de câmbio e da taxa de câmbio atuando através de sua Política Cambial.

SEGMENTOS

PRAZOS

FINALIDADE

TIPO DE INTERMEDIAÇÃO

Monetário

Curtíssimo e curto

Controle da liquidez monetária da economia, suprimentos momentâneos de caixa.

Bancária e não bancária

Crédito

Curto, médio e aleatório.

Financiamento do consumo e capital de giro das empresas

Bancária e não bancária

Capitais

Médio, longo e indeterminado.

Financiamento de capitais fixo, de giro e especiais (habitação).

Não bancária (bolsa de valores e mercado de balcão)

Câmbio

À vista e curto

Conversão de valores estrangeiras e nacional

em

moedas

Bancária e auxiliar (corretoras)

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 8 Juros e Taxas de Juros Sabendo que o juro corresponde à remuneração do capital, bem como dando sequência ao conhecimento já desenvolvido no componente de matemática financeira aplicada, vamos abordar agora diferentes taxas de juros utilizadas no mercado financeiro.

a) Taxa Efetiva Diz respeito à taxa que de fato recebemos ou pagamos em uma operação, sendo calculada a partir da divisão dos juros recebidos ou pagos no final de um período pelo capital inicialmente emprestado ou aplicado.

Taxa Efetiva =

Juros recebidos ou pagos x 100 capital inicial

A taxa efetiva pode ser decomposta em duas partes: uma compreendendo a recuperação do poder de compra do investidor, ou seja, correspondente à inflação, e a outra, referente ao seu ganho real (percentual acima da inflação). Taxa Efetiva = {[(1 + taxa de inflação) x (1 + taxa real)] - 1} X 100 Exemplo: suponhamos que um investidor tenha recebido 6% ao ano de juros reais e mais 4% referentes à taxa de inflação do período, qual foi a taxa efetivamente recebida?

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Taxa Efetiva = {[(1 + 0,04) x (1 + 0,06)] - 1} X 100 = 10,24% ao ano

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 9 b) Taxa Real A taxa de juros real é calculada a partir da taxa efetiva descontados os efeitos inflacionários do período

Taxa Real =

[

(1 + taxa efetiva) -1 x 100 (1 + taxa de inflação)

]

Exemplo: suponhamos que uma aplicação tenha proporcionado a um investidor a taxa de juros efetiva de 18% no semestre e que a taxa de inflação registrada nesse mesmo período tenha sido de 4%, qual foi a taxa real recebida?

Taxa Real =

[

(1 + 0,18) (1 + 0,04)

]

-1 x 100 = 13,46%

c) Taxas Equivalentes Dizemos que duas taxas são equivalentes quando são aplicadas sobre um mesmo capital para um mesmo intervalo de tempo e produzem o mesmo montante. iq = [(1+i)

- 1] x 100

onde: iq= taxa para o prazo que eu quero i = taxa para o prazo que eu tenho q = prazo que eu quero t = prazo que eu tenho Exemplo: qual seria a taxa equivalente mensal (i m) de uma aplicação cuja taxa anual é de 12%? im = [(1+0,12)

- 1] x 100 = 0,95%

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Ambiente Operacional da Empresa - Parte 10 Aplicações de Renda Fixa Títulos de renda fixa são aqueles cuja remuneração está previamente contratada, ou seja, a rentabilidade nominal é previamente definida não havendo risco. Os administradores financeiros frequentemente investem recursos de suas empresas em aplicações de renda fixa, sendo bastante vasta a quantidade de alternativas disponíveis no mercado financeiro brasileiro (CDB, RDB, Títulos Públicos, Caderneta de Poupança, Fundos de Investimentos, etc). Nesse sentido, torna-se necessário tomar alguns cuidados quando da escolha da aplicação que melhor rendimento poderá propiciar a empresa. Exemplo1: vamos supor que determinada empresa disponha em seu caixa R$ 3 milhões que somente serão investidos em um projeto previsto para daqui a um ano. Para não deixar os recursos ociosos a empresa decidiu aplicar esse valor em um título pré-fixado pelo prazo de 252 dias úteis (360 dias corridos) à taxa de 15% ao ano e estimando uma inflação de 4%. Além disso, sobre o rendimento da aplicação incidirá IR de 20%. Qual o erro que o administrador financeiro está sujeito nessa hipótese? Tomar a decisão de investimento com base em um retorno de 15%, ou seja, comparar a taxa bruta com outras alternativas de aplicação disponível no mercado. Observe abaixo como na verdade o parâmetro para tomada de decisão será uma taxa de 7,69% ao ano.

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Ambiente Operacional da Empresa - Parte 11 Aplicação em Renda Fixa (continuação...) Outro exemplo importante de ser comentado diz respeito às aplicações em títulos públicos, os quais são emitidos pelo governo para financiar a dívida política e controlar a liquidez do mercado (política monetária). Os exemplos mais comuns de títulos públicos são as Letras do Tesouro Nacional (LTN) e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Nas remunerações pré-fixadas esses títulos geralmente são negociados com deságio sobre o "valor de face", ou seja, valores inferiores ao valor nominal do título. Exemplo 2: vamos supor que estamos negociando R$ 15 milhões de LTN com resgate programado para 252 dias úteis (360 dias) e remunerados a uma taxa pré-fixada de 10% ao ano. O IR sobre a remuneração será de 20%. Qual é a taxa efetiva líquida dessa aplicação? Observe abaixo que o primeiro passo a ser dado é calcular o valor de compra do título a partir do deságio informado. A taxa nominal de 10% anunciada na verdade renderá 8% para a empresa (nominal porque nesse exemplo não estamos considerando a inflação para fins de calcularmos a taxa real).

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 12 Aplicação em Renda Fixa (continuação...) O último exemplo que será dado refere-se aos chamados fundos de investimento os quais são constituídos sob a forma de condomínio, reunindo recursos de pessoas físicas e jurídicas com objetivos comuns (rentabilidade). Esses recursos são aplicados em carteiras de títulos diversificados sendo cobrado dos investidores uma taxa de administração pelas

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instituições responsáveis por seu gerenciamento. No geral, esses fundos podem ser divididos em dois grandes grupos: renda variável e fixa. Nos fundos de investimento de renda fixa, a carteira é composta por ações e outros títulos. Nos fundos de investimento de renda fixa, a carteira é composta basicamente por CDBs, títulos públicos e debêntures e o rendimento é baseado em juros pré ou pós-fixados. Exemplo3: vamos supor que uma empresa tenha aplicado R$ 100 mil em um fundo de renda fixa no dia 12/12/2009. Nessa data o valor da cota era de R$ 1,622878. Assim, essa empresa possuía 61.618,93 cotas naquele dia.

Quantidade de cotas =

Quantidade de cotas =

Valor aplicado Valor da cota

R$ 100.000,00 1,622878

= 61.618,93

Agora vamos supor que em 12/06/2010 cada cota estava avaliada em R$ 1,690721. Qual a rentabilidade auferida no semestre e qual o valor atualizado em reais na data de 12/06/2010?

Rentabilidade =

[(

Rentabilidade =

[(

Valor atual da cota Valor anterior da cota R$ 1,690721 1,622878

) -1] x 100

) -1] x 100 =4,18%

Valor atualizado da aplicação = Quantidade de cotas x Valor atual da cota Valor atualizado da aplicação = 61.618,96 x R$ 1,690721 = R$ 104.180,41

Ambiente Operacional da Empresa - Parte 13 Mercado de Ações As ações consistem em título nominativos de renda variável (maior risco), emitidos por sociedades anônimas e que correspondem a uma fração do capital social, por isso, dizemos que os acionistas são co-proprietários da empresa. As ações dividem-se em dois tipos: 

Preferenciais: concedem prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso do capital em caso de dissolução da sociedade, restringindo o direito a voto nas assembleias deliberativas da empresa. Ordinárias: concedem a seus proprietários direito a voto nas assembleias deliberativas da empresa, seja na eleição de diretores, na aprovação de demonstrações contábeis, aprovação de estatutos sociais, etc.

.

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A emissão de novas ações, conhecida como subscrição, corresponde ao mercado primário de ações, pois os recursos provenientes de sua captação ingressam diretamente no fluxo de caixa da empresa. Após seu lançamento no mercado primário, as ações passam a ser negociadas no chamado mercado secundário, ou seja, diretamente entre seus proprietários sem resultarem em ingresso de recursos no caixa da empresa emissora. As negociações do mercado secundário ocorrem de duas maneiras: 

Bolsa de valores: negociações abertas e realizadas por sistema de leilão, ou seja, a venda acontece para quem oferece melhor lance. O arremate e/ou a negociação é feita por pregão de viva-voz ou com auxílio de sistema informatizado; Mercado de Balcão: a negociação ocorre diretamente entre os proprietários de ações, sendo os valores negociados e não leiloados como na bolsa de valores.

Os ganhos no mercado acionário decorrem basicamente de duas fontes: da venda das ações por preços superiores ao inicialmente pago ou pelo recebimento de dividendos (distribuição do lucro sobre o capital). Na venda de ações também incide imposto de renda sobre a rentabilidade aferida. Geralmente as bolsas de valores calculam índices que representam o comportamento médio dos principais papéis ali negociados. No Brasil, o principal índice é o IBOVESPA (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).

Noções de Administração de Caixa - Parte 1 Administração de Caixa: decisões de curto prazo Uma boa gestão das contas que integram o ativo e o passivo circulante de uma empresa são de fundamental importância para garantir uma adequada liquidez sem prejudicar a rentabilidade exigida pelos fornecedores de capital. Para faci litar esse entendimento vamos dividir a análise em duas partes, iniciando com os aspectos relativos à importância da liquidez. Em linhas gerais a liquidez de uma empresa é associada à necessidade que esta possui de honrar suas obrigações nas datas de vencimento. Para isso, torna-se indispensável um adequado gerenciamento de suas disponibilidades, duplicatas a receber e estoques. As disponibilidades correspondem aos valores disponíveis no caixa da empresa, incluindo os seus depósitos em conta corrente e as aplicações de alta liquidez. Tais valores são oriundos da comercialização de seus bens e serviços, os quais necessitam de estoques para serem produzidos e geram duplicatas a receber. Portanto, quanto maior for o volume de recursos investidos em cada uma dessas contas maior será a capacidade de liquidez da empresa e menor o seu risco de inadimplência. Contudo, altos investimentos nesses ativos atrapalham a rentabilidade do capital investido na empresa, uma vez que investimentos de longo prazo possuem retornos mais altos na comparação com aplicações de curto prazo. Em outras palavras, o que estamos querendo dizer pode ser exemplificado da seguinte forma:

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  

Manter saldos de caixa acima do mínimo necessário não proporciona melhorias de rentabilidade; Manter saldos de duplicatas a receber elevado pode sinalizar ineficiência de cobranças ou prática equivocada de política de crédito aos clientes; Manter saldo de estoque acima do montante considerado normal não melhora a eficiência da produção e das vendas.

Em linhas gerais, esse gerenciamento de curto prazo recebe o nome de administração do capital de giro, o qual corresponde aos recursos que estão em constante movimentação, seja na forma de ativos ou passivos circulantes. Conforme visualizado abaixo, a administração do capital de giro envolve dois ciclos: operacional e financeiro. Enquanto o primeiro corresponde ao intervalo de tempo que vai desde a compra da matéria prima o recebimento pela venda do produto, o segundo se envolve exclusivamente as entradas e saídas de caixa.

Noções de Administração de Caixa - Parte 2 Administração das Disponibilidades Conforme já explicado, as disponibilidades correspondem aos recursos monetários que a empresa mantém para pagar suas obrigações imediatas. A manutenção dessas disponibilidades pela empresa pode ser justificada pelas seguintes razões:

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 

Transações: recursos monetários em disponibilidade para efetuar pagamentos programados, como salários, fornecedores e impostos a recolher; Reserva: recursos monetários superiores às necessidades de transações mantidos por precaução em virtude de eventuais erros de projeção ou ocorrência de fatos não previstos, sendo geralmente aplicados em títulos de alta liquidez; Especulação: recursos monetários mantidos em aplicações de alta liquidez com o intuito de aproveitar eventuais oportunidades de mercado, como por exemplo, a aquisição de matérias primas por preços abaixo do mercado; Reciprocidade bancária: saldos mínimos mantidos em conta bancária com o intuito de manter um bom relacionamento com o banco e com isso usufruir de futuras vantagens, como a concessão de linhas de créditos com melhores prazos e taxas de juros.

Os custos de se manter saldos monetários em disponibilidade podem ser medidos pela remuneração que tais valores deixam de receber caso fossem aplicados no mercado financeiro. Mesmo as aplicações realizadas em título de alta liquidez geram custos de oportunidade, uma vez comparadas às rentabilidades percebidas entre investimentos de curto e longo prazo. Por outro lado, os benefícios da liquidez podem ser expressos pelas taxas de juros que as empresas deixam de pagar às instituições financeiras quando seus administradores realizam empréstimos de curto prazo. Antes de analisarmos qual é a medida ideal de liquidez, vamos conferir de que forma um sistemático controle das entradas e saídas de uma empresa pode colaborar com sua administração de caixa.

Noções de Administração de Caixa - Parte 3 Orçamento de Caixa O Orçamento de Caixa consiste em uma simples, porém eficiente ferramenta de controle das entradas e saídas de curto prazo de uma empresa. Através dessa planilha, o técnico financeiro consegue projetar melhor o momento de aplicar recursos excedentes ou obter financiamentos de curto prazo para fechar seu caixa. O exemplo abaixo parte de um volume de vendas inicial no valor R$ 400.000,00 e um saldo final (total de recebimentos menos total de pagamentos) de R$ 70.000,00. Para os meses seguintes existem projeções de vendas e uma estimativa de que 25% serão efetuadas à vista e o restante pago em até 30 dias (ingresso no mês seguinte). Além disso, também estão lançadas algumas despesas fixas (salários, aluguéis e impostos), empréstimo bancário e uma necessidade de saldo mínimo de caixa no valor de R$ 40 mil. A título de simplificação, a remuneração recebida pela aplicação dos saldos excedentes (junho e julho) e os juros pagos a título de financiamento (agosto e setembro) não estão lançados no hipotético demonstrativo.

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ORÇAMENTO DE CAIXA (R$) Vendas realizadas Vendas projetadas Recebimentos Vendas à vista Duplicatas 1 TOTAL DE RECEBIMENTOS Pagamentos Fornecedores Salários Aluguéis Impostos Empréstimo bancário 2 TOTAL DE PAGAMENTOS 3 FLUXO LÍQUIDO DE CAIXA (1 - 2) 4 SALDO INICIAL 5 SALDO INICIAL (3 + 4) 6 SALDO MÍNIMO DE CAIXA 7a SALDO EXCEDENTE (5 - 6) 7b VALOR A FINANCIAR (5 - 6)

MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO 400.000 380.000 420.000 440.000 460.000 95.000 105.000 110.000 300.000 285.000 315.000 395.000 390.000 425.000

115.000 330.000 445.000

220.000 60.000 16.500 50.000

240.000 60.000 16.500 75.000

346.500 48.500 70.000 70.000 118.500 40.000 78.500

240.000 250.000 60.000 60.000 16.500 16.500 60.000 50.000 120.000 376.500 496.500 13.500 (71.500) 78.500 52.000 92.000 (19.500) 40.000 40.000 52.000 (59.500)

391.500 53.500 (59.500) (6.000) 40.000 (46.000)

Noções de Administração de Caixa - Parte 4 Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Baumol Na planilha anterior a indicação de um saldo médio de caixa de R$ 30 mil foi arbitrado. Contudo, existem modelos que ajudam o administrador financeiro a definir com maior exatidão o valor médio de caixa a ser mantido. Um deles é o modelo de Baumol, que tem como princípio igualar os custos de conversão aos custos de oportunidade, ou seja, os custos de "transformar" as aplicações em dinheiro (impostos, taxas e comissões) e a remuneração que tais recursos deixam de produzir. Dada a necessidade de recursos prevista para determinado período, o referido modelo apresenta o número de resgates que igualará os custos de oportunidade aos custos de conversão envolvidos. Vamos supor que uma empresa tenha previsto uma necessidade de recursos para transação no valor de R$ 1,156 milhão para o próximo ano e que as aplicações em título de alta liquidez proporcionam rendimentos anuais de 10%. Além, disso a cada resgate de títulos se incorre em custos de R$ 50,00 oriundos de impostos (IR e IOF) e taxas de administração. O valor de cada resgate pode ser calculado da seguinte forma:

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A partir do valor do resgate fica fácil definirmos qual a quantidade de resgates a serem feitos durante o período:

Quantidade de resgates =

Quantidade de resgates =

Necessidade de recursos Valor de cada resgate R$ 1.156.000,00 R$ 34.000,00

= 34

Noções de Administração de Caixa - Parte 5 Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Baumol (continuação...) Assim, calculado o valor de cada resgate em R$ 34 mil o saldo médio ideal de caixa corresponderia a R$ 17 mil (R$ 34 mil dividido por 2). Observem que esse saldo médio permite a referida igualdade entre os custos de oportunidade e os custos de conversão. Os 34 resgates implicariam R$ 1.700 de custos de conversão (34 x R$ 50,00) enquanto um saldo médio de R$ 17 mil geraria o mesmo valor de custo de oportunidade (R$ 17 mil x 10%). O custo total seria de R$ 3.400,00 (R$ 1.700,00 + R$ 1.700,00) OBS: Qualquer valor de resgate superior aos R$ 34 mil implicaria um menor número de transações e com isso um menor custo de conversão. Por outro lado, o saldo médio de caixa seria maior implicando maior custo de oportunidade. Da mesma forma, resgates inferiores aumentariam o número de transações e com isso o custo de conversão total, paralelamente a uma diminuição do saldo médio do custo de oportunidade. Em ambas as hipótese não haveria a igualdade entre custos de transação e custos de oportunidade e o custo total seria superior a RS 3.400,00.

Noções de Administração de Caixa - Parte 6 Saldo Ideal de Caixa: Modelo de Caixa Mínimo Operacional Esse modelo é mais simples que o modelo de Baumol, contudo, também é bastante utilizado na administração do caixa das empresas. Para determinar o saldo de caixa basta dividir o montante de desembolso anual previsto pelo giro de caixa, sendo este obtido pela divisão do número de dias do ano comercial (360 dias) pelo ciclo financeiro. A título de

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exemplo, suponha um ciclo financeiro de 30 dias e um desembolso anual previsto de R$ 1.080.000,00. A partir de um giro de caixa de 12 vezes (360 dias dividido por 30 dias) o caixa mínimo operacional é calculado da seguinte forma:

Caixa mínimo operacional =

R$ 1.080.000,00 12

= R$ 90.000,00

Fica entendido aqui que para a empresa ter um saldo de caixa inferior a R$ 80 mil ela precisaria aumentar o seu giro de caixa, ou seja, reduzir o seu ciclo financeiro.

Outras técnicas de determinação de saldo a) Percentual fixo sobre as vendas: algumas empresas entendem como aceitável um saldo de caixa equivalente a um percentual sobre as vendas. Por exemplo, uma empresa com média de vendas equivalente a R$ 2 milhões teria um saldo médio ideal de R$ 100 mil caso entendesse como adequado um parâmetro de 5%.

b) Análise dos custos de conversão: toda aplicação de curto prazo a ser feita deve levar em consideração os custos de conversão envolvidos. Em alguns casos, aplicações de curto prazo podem incorrer em custos superiores aos rendimentos obtidos, o que levaria a conversões onde o valor sacado seria inferior ao valor depositado. Mesmo que IOF (imposto sobre operação financeira) e o Imposto de Renda incidam apenas sobre os rendimentos, a maioria dos fundos cobram taxa administração que independem da rentabilidade auferida.

Noções de Administração de Caixa - Parte 7 Administração de Duplicatas a Receber As duplicatas a receber surgem das vendas de produtos e serviços realizadas a crédito pelas organizações. Nessas transações, a organização vendedora financia o cliente pelo prazo estipulado para que ele efetue a quitação. Oferecer crédito consiste em uma política que permite a empresa aumentar suas vendas e, por conseguinte, seus lucros. Por outro lado, a decisão de vender a prazo traz consigo maiores custos para a empresa, em virtude do incremento administrativo em termos de crédito e cobrança requeridos, além de um risco maior de inadimplência. Tais fatores evidenciam a necessidade da formulação de adequadas políticas de crédito para qualquer organização.

Modelos de Crédito e Seleção de Clientes: os 5 Cs do Crédito Modelo cuja principal característica consiste na análise realizada pelo especialista de crédito da empresa. Avaliação subjetiva cuja análise baseia-se em aspectos que visam traçar o perfil do cliente. Em virtude de não possuir uma modelagem automatizada, essa

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alternativa é utilizada com mais frequência em cenários onde não existam grandes carteiras de clientes cujo tratamento personalizado seria inviável. 

  

Caráter: informações baseadas no histórico de crédito do cliente, tais como junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e ao banco de dados do SERASA, que é uma empresa que presta serviço aos bancos e outras instituições financeiras; Condições: referem-se aos impactos trazidos pelo ambiente aos negócios da empresa, tais como sazonalidades, conjuntura, concorrência, pressões de grupos ambientais, etc. Capacidade: habilidade do cliente em proporcionar renda ao seu negócio, trazendo prosperidade para ambas as partes; Capital: situação financeira do cliente e sua respectiva capacidade de pagamento; Colateral: diz respeito às garantias oferecidas pelo cliente para obtenção do crédito

Noções de Administração de Caixa - Parte 8 Modelos de Crédito e Seleção de Clientes: Pontuação de Crédito (Crédit Score) São modelos quantitativos de análise de crédito que permitem analisar se é possível ou não novas concessões de créditos a potenciais clientes. Essas modelagens atribuem pesos (valores) a várias características dos clientes, resultando em uma nota final que permite classificá-los em diferentes grupos de riscos que podem variar de acordo com o limite de crédito ou com o prazo para pagamento. Os modelos de pontuação de crédito são informatizados e permitem aos analistas gerenciarem grandes carteiras de clientes de maneira facilitada. No que se refere às pessoas jurídicas, são usualmente levados em consideração o tempo de vida da empresa, nível de faturamento, índices de liquidez e endividamento. Para as pessoas físicas, podem ser avaliadas a renda, número de dependentes, capacidade de endividamento, sexo, idade, profissão, dentre outros. Os pesos a serem utilizados em cada item da análise e as faixas de risco a serem consideradas dependem da avaliação feita por cada empresa, não existindo uma "regra de bolo" pré-definida e podendo variar conforme o caso. A título de exemplo suponha que uma empresa qualquer, cujo seu mercado de clientes seja formado apenas por pessoas jurídicas, tenha considerado apenas quatro itens para análise de crédito: tempo de atividade, faturamento bruto mensal, imóvel próprio e histórico de pagamentos. A partir dos pesos atribuídos pela empresa a cada um desses fatores, o exemplo abaixo traz uma hipotética análise de crédito realizada. Nesse caso, o crédito seria disponibilizado ao cliente, porém, não em condições especiais.

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VARIÁVEIS

PONTUAÇÃO PESO PONTUAÇÃO PONDERADA

Tempo de atividade

50

25%

12,5

Faturamento bruto mensal

60

20%

12

Imóvel próprio

100

20%

20

Histórico de pagamentos

70

35%

24,5

100%

69

TOTAL

Limites: a) Até 50 pontos: negado o crédito b) Entre 51 e 70 pontos: aprovado o crédito com valor máximo a ser definido pela Diretoria c) Acima d e70: aprovado o crédito em condições especiais

Noções de Administração de Caixa - Parte 9 Variações na Política de Crédito Em linhas gerais, políticas mais rígidas de crédito diminuem o número de vendas, contudo, diminuem os custos administrativos (cobrança e análise) e os riscos de inadimplência. Por sua vez, políticas mais brandas de crediário alargam a base de clientes relativamente a um aumento dos riscos de inadimplência e dos custos administrativos. O ideal seria conseguir estabelecer uma política cujo acréscimo de lucro obtido com o aumento do número de vendas fosse, no mínimo, igual ao custo de oportunidade envolvida em tal escolha. Para deixar essa ideia mais clara vamos analisar passo-a-passo como uma modificação na política de crédito pode ter seus efeitos monitorados. Vamos partir do exemplo abaixo onde uma hipotética expansão na política de crédito aumentou a receita, as despesas e o lucro da seguinte forma: SITUAÇÃO ATUAL (R$)

NOVA SITUAÇÃO (R$)

NOVOS CLIENTES

1 Receita

60.000

72.000

12.000

2 Custos variáveis e despesas variáveis

(30.000)

(36.000)

(6.000)

3 Margem de contribuição (1 - 2)

30.000

36.000

6.000

4 Custos fixos e despesas fixas

(15.000)

(15.000)

0

5 Lucro Operacional (3 - 4)

15.000

21.000

6.000

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Nesse exemplo, observamos que o lucro da empresa aumentou R$ 6 mil, contudo, para uma correta análise acerca dos custos e benefícios envolvidos torna-se também necessário verificarmos os custos totais trazidos por essa alteração na política de crédito. O primeiro passo é compararmos os investimentos em duplicatas a receber realizados antes de depois da alteração da política de crédito.

Investimento em duplicatas a receber =

Custos variáveis + Despesas variáveis anual Giro das duplicatas a receber

Por sua vez, o giro das duplicatas a receber é calculado da seguinte forma:

Giro das duplicatas a receber =

360 dias Prazo médio de cobrança

Noções de Administração de Caixa - Parte 10 Variações na Política de Crédito (continuação...) Sabendo que o período de cobrança passou de 40 para 45 dias podemos agora calcular e, posteriormente, comparar os investimentos em duplicatas a receber realizados em ambos os períodos.

Investimentos em duplicatas a receber (situação atual) =

Investimentos em duplicatas a receber (nova situação) =

R$ 30.000,00 (360 dias/40dias) R$ 36.000,00 (360 dias/45dias)

R$ 3.333,33

R$ 4.500,00

Vamos supor que o percentual de clientes incobráveis tenha passado de 2% para 3,5%, ou seja, de R$ 1.200,00 (R$ 60.000,00 X 2%) para R$ 2.520,00 (R$ 72.000,00 x 3,5%). Logo, o incremento dos incobráveis foi de R$ 1.320,00. Abaixo, segue o resumo da análise dos custos e benefícios envolvidos na mudança da política de crédito da empresa. Nesse caso, a expansão da política de crédito pode ser entendida como benéfica, na medida em que os benefícios por ela proporcionados superaram os custos envolvidos. Assim, observamos que o investimento em duplicatas a receber aumentou R$ 1.166,67 (R$ 4.500,00 menos R$ 3.333,33). Supondo que a empresa exige um retorno de 20% sobre o capital investido, uma vez que este é o rendimento pago pelas demais alternativas de investimento disponíveis no mercado, concluímos que o custo de oportunidade envolvido nessa tomada de decisão foi de R$ 233,33 (R$ 1.166,67 x 20%). Uma vez tendo sido calculado o custo de oportunidade envolvido, resta agora apenas identificarmos as perdas financeiras decorrentes da inadimplência.

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Lucro operacional marginal

R$ 6.000,00

Custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber

(R$

Perdas marginais com devedores incobráveis

(R$ 1.320,00)

Efeito marginal

233,33)

R$ 4.446,67

Noções de Administração de Caixa - Parte 11 Descontos para Pagamentos à Vista A concessão de descontos financeiros é uma estratégia bastante utilizada pelas empresas para incentivarem as compras à vista. Assim como na concessão de maiores prazos para pagamento, essa alternativa também necessita ser analisada sob ponto de vista de seus custos e benefícios. Semelhante ao exemplo anterior, vamos supor que a empresa projete um aumento de 30% em suas vendas a partir da concessão de descontos de 3% para compras à vista, o que reduziria o prazo médio de cobrança de 40 para 36 dias e a quantidade de clientes incobráveis de 2% para 1%. Além do custo de oportunidade e das perdas com clientes incobráveis, precisamos considerar também a redução de receita decorrente do desconto de 3%.

SITUAÇÃO ATUAL (R$)

NOVA SITUAÇÃO (R$)

NOVOS CLIENTES

60.000

78.000

18.000

(30.000)

(39.000)

(9.000)

3 Margem de contribuição (1 - 2)

30.000

39.000

9.000

4 Custos fixos e despesas fixas

(15.000)

(15.000)

0

15.000

24.000

9.000

1 Receita 2 Custos variáveis e despesas variáveis

5 Lucro Operacional (3 - 4)

Investimentos em duplicatas a receber (nova situação) =

R$ 39.000,00 (360 dias/36 dias)

R$ 4.500,00

Perdas com clientes incobráveis (nova situação) = R$ 78.000,00 x 1% = R$ 780,00 Desconto financeiro = R$ 78.000,00 x 3% = R$ 2.340,00 Logo, comparando os custos da nova proposta com os custos da situação atual, bem como mantendo a rentabilidade dos investimentos alternativos em 20% (custo de oportunidade), observamos que os benefícios líquidos trazidos por essa política seriam inclusive superiores ao da proposta anteriormente analisada, cujo foco foi a concessão de maiores prazos para pagamento (flexibilidade de crédito).

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Lucro operacional marginal

R$ 9.000,00

Custo de oportunidade do investimento marginal em duplicatas a receber (R$

113,33)

Perdas marginais com devedores incobráveis

420,00

Desconto financeiro Efeito marginal

R$

(R$ 2.340,00) R$ 6.966,67

Noções de Administração de Caixa - Parte 12 Política de Cobrança O principal objetivo de uma política de cobrança é manter o saldo de incobráveis e o prazo médio de recebimentos em níveis razoáveis que não prejudiquem as necessidades de liquidez da empresa. Em muitos casos a opção pela terceirização desse serviço tem sido bastante frequente, cuja cobrança passa então a ser realizada por escritórios especializados. Contudo, independente da forma a ser executada a política de cobrança da empresa (telefonema, email, restrições ao crédito, fiadores, etc.), o importante é que os custos administrativos decorrentes da mesma não superem as perdas com a inadimplência. Graficamente podemos ilustrar melhor esse tipo de situação. Observem que entre os pontos A e B o aumento com os custos de cobrança se equipara ao montante financeiro recuperado pela empresa. A partir desse ponto, como por exemplo, entre os pontos B e C, os aumentos com despesa de cobrança são mais do que proporcionais ao montante financeiro efetivamente recuperado pela empresa, o que demonstra uma indesejável relação custo benefício proporcionada pela política de recuperação de crédito vigente.

Noções de Administração de Caixa - Parte 13 Administração de Estoques Os estoques correspondem às quantidades de matérias-primas, produtos semi elaborados e acabados que são mantidos em situação de disponibilidade pela empresa, com o objetivo de atender a necessidade de produção ou demanda dos clientes. Ao mesmo tempo em que a manutenção de estoques é necessária para um bom andamento das atividades produtivas da empresa, o excesso de investimento nessa conta tende a ser prejudicial, uma vez que os custos envolvidos não são desprezíveis, como por exemplo, o

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custo de não realização de determinada venda, de armazenagem ou da contratação de seguros. No limite, o ideal seria que o controle acerca da demanda fosse preciso de tal forma que não houvesse a necessidade de estoques, contudo, essa hipótese é inviável, razão pela qual algum nível de estoque sempre será necessário.

a) Administração de estoques: Classificação ABC Em linhas gerais, essa metodologia consiste em segregar os estoques conforme sua representatividade em termos de valor. Classificando os estoques em três categorias distintas percebe-se na, grande maioria dos casos, a seguinte estratificação:   

Classe A: itens cujos valores são mais relevantes, correspondendo em média à 20% do total físico estocado e à 80% do valor investido nessa conta; Classe B: itens de valor intermediário, correspondendo em média à 30% do total físico estocado e à 10% do valor investido nessa conta; Classe C: itens de valor mais baixo, correspondendo em média à 50% do total físico estocado e à 10% do valor investido nessa conta.

Na prática, esses percentuais não necessariamente estarão dispostos dessa forma, contudo, o principal aqui é destacarmos que essa abordagem permite ao administrador concentrar melhor suas ações em termos de gerenciamento de estoque, mais especificamente no que se refere à Classe A, onde volumes menores impactam de maneira mais significativa do ponto de vista financeiro.

Noções de Administração de Caixa - Parte 14 b) Administração de estoques: Lote Econômico de Compra (LEC) Esse método de gerenciamento de estoques consiste na determinação de uma quantidade ótima a ser adquirida pela empresa no intuito de minimizar seus custos de estocagem e compra. Em outras palavras, sempre que os custos de manutenção de estoques (armazenagem, seguros, movimentação, perdas e custo de oportunidade) forem inferiores aos custos de reposição (inspeção do lote, acompanhamento do pedido, preparação e emissão da compra e demais despesas administrativas envolvidas) é interessante para empresa continuar investindo nessa conta. Do contrário, quando os custos de manutenção forem maiores do que os custos de reposição significa que a empresa já possui um volume de estoques superior a sua necessidade.

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A título de exemplo, vamos supor que determinada empresa utilize 3.000 unidades de insumo a cada ano. O custo de cada pedido de compra é de R$ 56,25 e a manutenção de cada unidade no estoque é de R$ 15,00 por ano.

O valor de 150 unidades calculado corresponde a um saldo médio de estoques equivalente a 75 unidades (150 dividido por 2) e a um volume de pedidos anual igual a 20 compras (3.000 dividido por 150). Observem que nesse ponto o custo de reposição (20 pedidos x R$ 56,25) é igual ao custo de manutenção (75 unidades x R$ 15,00), ou seja, ambos R$ 1.125,00.

Noções de Administração Financeira - Parte 1 Indicadores Econômico-Financeiros Uma das formas mais usuais de se analisar a saúde financeira de uma empresa é através da utilização de indicadores econômico-financeiros. Esses indicadores são obtidos por intermédio da relação entre as contas ou grupos de contas existentes nas principais demonstrações contábeis já estudadas por vocês no componente curricular de contabilidade. No geral, os indicadores econômico-financeiros podem ser divididos em 4 grupos de análise: índices de liquidez, índices de atividades, índices de endividamento e índice de lucratividade. A elaboração desses índices permite ao

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analista financeiro comparar a situação da sua empresa com outras de mesmo porte ou que atuam no mesmo setor. a) Índices de Liquidez: medem a capacidade da empresa de cumprir suas obrigações de curto prazo nas corretas datas de vencimento, ou seja, quanto à empresa tem de bens e direitos para cada real (R$) de obrigações. Índice de Liquidez Corrente: mede quanto a empresa tem de bens e direitos a curto prazo para cada real (R$) de obrigações a curto prazo.

Índice de Liquidez Corrente =

Ativo Circulante Passivo Circulante

Índice de Liquidez Geral: mede quanto a empresa tem de bens e direitos de curto e longo prazo para cada real (R$) de obrigações a curto e longo prazo.

Índice de Liquidez Corrente =

(Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo)

Índice de Liquidez Imediata: evidencia quanto a empresa tem de dinheiro (caixa) disponível para cada real (R$) de obrigações a curto prazo.

Índice de Liquidez Imediata =

Disponibilidades Passivo Circulante

Noções de Administração Financeira - Parte 2 Índice de Liquidez Seca: mede o quanto a empresa possui de bens e direitos mais rapidamente conversíveis em dinheiro (maior liquidez) para cada real (R$) em obrigações de curto prazo.

Índice de Liquidez Seca =

(Ativo Circulante - Estoques) Passivo Circulante

b) Índices de Atividade: medem o tempo que a empresa demora, em média, para receber duplicatas de clientes, pagar fornecedores e renovar estoques, por isso a terminologia atividade. Prazo Médio de Cobrança: indica o tempo médio (número de dias) que a empresa leva para receber o pagamento de suas vendas.

Prazo Médio de Cobrança =

Duplicatas a Receber (Vendas Anuais/360dias)

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Prazo Médio de Pagamentos: indica o tempo médio (número de dias) que a empresa leva para pagar seus fornecedores. Ne medida em que o total de compras anuais a prazo não é explicitado nas informações contábeis, considera-se para fins de cálculo como uma porcentagem do custo dos produtos vendidos (compras anuais a prazo = custo dos produtos vendidos x percentual estimado).

Prazo Médio de Pagamentos:

Duplicatas a Pagar (Compras Anuais/360 dias)

Prazo Médio de Estocagem: indica o tempo médio (número de dias) que os estoques levam para serem renovados Estoque (Custo dos Produtos Vendidos/360 dias)

Prazo Médio de Estocagem =

Noções de Administração Financeira - Parte 3 c) Índices de Endividamento: indicam a política de obtenção de recursos praticada pela empresa - capital próprio ou de terceiros. Endividamento Geral: indica a relação percentual entre os capitais de terceiros de curto e longo prazo e o ativo total da empresa.

Endividamento Geral =

(

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Ativo Total

) x 100

Imobilização do Patrimônio Líquido: aponta quanto do ativo permanente é financiado pelo patrimônio líquido, indicando maior ou menos dependência do capital de terceiros (quanto maior for esse índice menor será a dependência e vice versa). Ativo Permanente

Imobilização do Patrimônio Líquido =

( Patrimônio Líquido ) x 100

Exigível a Longo Prazo/Patrimônio Líquido: indica a composição dos recursos de longo prazo, evidenciando a relação entre o capital de terceiros de longo prazo e o patrimônio líquido. Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido

=

(

Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido

) x 100

d) Índices de Lucratividade: evidenciam a rentabilidade da empresa. Margem Bruta: mostra a relação entre o lucro bruto e a receita operacional líquida, fornecendo assim a indicação mais direta de quanto a empresa está ganhando como resultado direto de sua atividade. Consiste em um bom indicador de produtividade, ou

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seja, se compararmos duas empresas através desse índice, aquela que tiver maior margem bruta será a mais produtiva (eficiência nos processos, ganho de escala, estrutura de custos, etc.). Lucro Bruto

Margem Bruta =

( Receita Operacional Líquida ) x 100

Noções de Administração Financeira - Parte 4 Margem Operacional: mostra a relação entre o lucro operacional e a receita operacional líquida, fornecendo assim um bom indicador de eficiência operacional da empresa. Em outras palavras, se compararmos duas empresas de mesma atividade, aquela que tem maior margem operacional é a que apresenta melhores resultados para cada real vendido (custos operacionais mais reduzidos). Lucro Operacional

Margem Operacional =

( Receita Operacional Líquida ) x 100

Margem Líquida: mostra a relação entre o lucro operacional e a receita operacional líquida, sendo um dos indicadores de rentabilidade mais utilizado na comparação de empresas. Lucro Líquido

Margem Líquida =

( Receita Operacional Líquida ) x 100

Taxa de Retorno sobre o Ativo Total: mostra a relação entre o lucro operacional e o ativo total, também conhecido como "retorno sobre ativo total".

Taxa de Retorno sobre o Ativo Total =

(

Lucro Operacional Ativo Total

) x 100

Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido: indica o retorno sobre o capital dos proprietários, também é conhecido como "retorno sobre o capital líquido". (A parcela do lucro líquido do exercício que não foi distribuída (lucro retido no exercício) deve ser deduzida do patrimônio líquido). Lucro Líquido

Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido

( Patrimônio Líquido - Lucro Retido no Exercício ) x 100

=

Lucro por Ação: indica o lucro gerado por ação da empresa. Lucro Líquido1

Lucro por Ação =

( Quantidade de Ações )

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Noções de Administração Financeira - Parte 5 Exemplos de Cálculo dos Índices Econômico-Financeiros

ATIVO

31/12/09

CIRCULANTE

83.300

CIRCULANTE

61.000

Financeiro

14.800

Financeiro

13.000

Caixa e bancos

14.000

Empréstimos bancários

8.000

800

Duplicatas descontadas

5.000

Aplicações financeiras

PASSIVO

31/12/09

Operacional

68.500

Operacional

48.000

Duplicatas a receber

37.000

Duplicatas a pagar

21.200

Estoques

31.500

Outras obrigações

26.800

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

35.700

PERMANENTE Investimentos Imobilizado Diferido

125.700 15.700 94.350 15.650

TOTAL DO ATIVO

209.000

PATRIMONIO LÍQUIDO

112.300

Capital

69.000

Reservas de lucros

43.300

TOTAL PASSIVO

209.000

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS (em R$) 2009 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

330.000

(-) CUSTO OPERACIONAL Custo dos produtos vendidos (=) LUCRO BRUTO

(210.000) 12.000

(-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas administrativas

(33.000)

Despesas de vendas

(24.000)

(=) LUCRO OPERACIONAL

63.000

(-) Despesas financeiras líquidas

(6.555)

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(+/-) Resultados não operacionais

0

(=) LUCRO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DO IMPOSTO DE RENDA (-) PROVISÕES PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E O IMPOSTO DE RENDA

56.445 (19.756)

(=) LUCRO APÓS A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E O IMPOSTO DE RENDA

36.689

(-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES (=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCICIO

0 36.689

A partir das demonstrações contábeis acima (DRE e Balanço de Pagamentos) o quadro a seguir apresenta o cálculo dos principais indicadores econômico-financeiros estudados até aqui. Além das informações já disponibilizadas nas demonstrações contábeis, também é conhecido que:    

Todas as vendas da empresa são efetuadas a prazo; As compras anuais a prazo representam 80% do custo dos produtos vendidos; A empresa não distribuiu dividendos; A empresa possui 100 mil ações ordinárias em circulação.

CLASSIFICAÇÃO

ÍNDICES

2009

Corrente

1,37

Geral

0,86

Imediata

0,24

Seca

0,85

Liquidez

Atividades

Endividamento

Lucratividade

Período médio de cobrança

40 dias

Período médio dos pagamentos

45 dias

Período médio de estocagem

54 dias

Endividamento geral

46,27%

Imobilização do patrimônio líquido

111,93%

Exigível a longo prazo/patrimônio líquido

31,79%

Margem bruta

36,36%

Margem operacional

19,09%

Margem líquida

11,12%

Taxa de retorno sobre o ativo total

30,14%

Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido

48,52%

59


Noções de Administração Financeira - Parte 6 Básico sobre Risco e Retorno Em linhas gerais, os investimentos são realizados sob condições de incertezas acerca de seus resultados futuros. Contudo, o investidor deve sempre condicionar o retorno exigido de um investimento ou aplicação ao risco envolvido, ou seja, quanto maior for o risco, maior o retorno e vice-versa. Qualquer tomada de decisão que envolva investimento pressupõe a existência de mais de uma alternativa, portanto, aos escolhermos apenas uma estamos descartando os benefícios trazidos pelas demais. Em cenários onde os riscos são semelhantes, o investimento escolhido deve ter um retorno, no mínimo, idêntico a melhor alternativa desprezada. Uma típica comparação que pode ser feita nesse sentido é entre os rendimentos pagos pela caderneta de poupança e um investimento no mercado de ações. Historicamente, os investimentos em ações tem se mostrado rentáveis no longo prazo, contudo, seus riscos são altos e uma eventual necessidade de resgate a curto prazo pode implicar prejuízos ao investidor. Nesse sentido, enquanto aplicar na caderneta de poupança rende aproximadamente 6% ao ano um investimento em ações, por exemplo, poderia render lucros de 15% ou prejuízos de 20%, Em termos de conceituação, podemos definir que o risco está associado à variabilidade do retorno de um investimento e resulta da possibilidade de ganhos ou prejuízos que o mesmo pode obter. Por outro lado, o retorno corresponde aos ganhos ou prejuízos proporcionados por um investimento, tanto no que se refere à valorização do ativo adquirido quanto ao fluxo de caixa por ele proporcionado (ingressos de receitas). Já a incerteza está associada á ausência de conhecimentos ou informações sobre os acontecimentos futuros, não possibilitando assim, estimar os riscos envolvidos no negócio.

Graficamente a relação entre risco e investimento fica mais fácil de ser percebida. Observem que quando o risco é "0" o retorno exigido é de 4%, aumentando para 8% e 12% conforme o risco envolvido no investimento começa a crescer (eixo horizontal).

60


Noções de Administração Financeira - Parte 7 Calculando o Retorno Vamos supor que um investidor tenha aplicado em determinado ano seus recursos na bolsa de valores, adquirindo ações de duas empresas distintas cujos riscos são, a priori, os mesmos. Ao todo, foram investidos R$ 80 mil, sendo R$ 20 mil na empresa X e R$ 60 mil na empresa Y. Ao final desse ano, as ações da empresa X estavam valendo R$ 25 mil enquanto as da empresa X permaneceram em R$ 60 mil. Durante esse período, o investidor recebeu R$ 1.000 de dividendos da empresa X e R$ 6.000 da empresa Y. Os dados acima nos fornecem informações tanto acerca da valorização ocorrida no preço das ações (ativo) como dos dividendos recebidos durante o período (fluxo de caixa), ou seja, permitindo calcularmos o retorno obtido em cada um dos investimentos realizados. ((preço final da ação - preço inicial da ação) + dividendos) Taxa de Retorno = preço inicial da ação ((R$ 25.000,00 - R$ 20.000,00) + R$ 1.000) = 30%

Taxa de Retorno x =

R$ 20.000,00 ((R$ 60.000,00 - R$ 60.000,00) + R$ 6.000)

Taxa de Retorno y=

= 10% R$ 60.000,00

Custo de Oportunidade Ao longo desse componente curricular já comentamos diversas vezes sobre o conceito de custo de oportunidade, contudo, o exemplo acima permite retomarmos novamente essa questão de maneira mais aprofundada. Entendo o custo de oportunidade como aquilo que abrimos mão para a obtenção de alguma coisa, vamos imaginar que a rentabilidade da alternativa Y fosse previamente conhecida pelo investidos. Ao abrir mão dessa alternativa pelo investimento X, o investidor assume um custo de oportunidade equivalente a 10%, ou seja, para que a sua escolha seja rentável ela deverá obter, no mínimo, uma taxa superior à obtida pela opção Y. Muito importante destacarmos que em análises de investimentos o conceito de custo de oportunidade somente é valido quando o risco envolvido entre as opções de escolha forem iguais.

Noções de Administração Financeira - Parte 8 Estrutura e Custo de Capital A estrutura de capital de uma empresa consiste na combinação de recursos próprios e recursos de terceiros, conforme visualizado no lado direito do Balanço de Pagamentos. O capital de terceiros é basicamente formado por empréstimos e financiamentos tomados

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pelas empresas junto às instituições financeira e através da negociação de debêntures, que são títulos de crédito emitidos pelas próprias empresas com juros e condições de resgate pré-definidos. Por outro lado, o capital próprio advém da venda de ações da empresa e de suas reservas de lucros acumuladas. Tanto o capital de terceiros como o capital próprio possuem custos para empresa, os quais necessitam serem adequadamente combinados visando a formação de uma estrutura ótima de capital, ou seja, aquela que representa o menor custo de financiamento para a realização de investimentos de longo prazo (custo de capital). É justamente o custo de capital que define a taxa mínima de atratividade que um investimento deve ter, ou seja, parâmetro indispensável para a tomada de decisão da empresa. Como regra geral, o capital de terceiros é mais barato do que o capital próprio. Enquanto o capital de terceiros possui um custo pré-fixado contratualmente, o capital próprio recebe uma remuneração residual, ou seja, será pago durante toda a vida útil da empresa. Esse custo mais alto cobrado pelo capital próprio diz respeito ao maior risco na comparação com o capital de terceiros, principalmente no caso de insolvência da empresa. Contudo, o fato do capital de terceiros ser mais barato para a empresa não significa que sua utilização não possua limites. O uso demasiado dessa fonte pode acarretar em níveis elevados de endividamento, os quais podem acarretar riscos de inadimplência e aumentar os custos desse capital. Assim, um correto balanceamento dessas fontes é a melhor alternativa para a empresa, sendo indispensável para isso conhecer como os custos de capital são formados.

Noções de Administração Financeira - Parte 9 a) Capital de Terceiros Conforme explicado esse tipo de capital refere-se ao exigível a longo prazo da empresa, dividido basicamente entre os financiamentos e empréstimos tomados e as captações realizadas através da emissão de debêntures. Benefícios do Imposto de Renda: Diferentemente do capital próprio, os juros pagos aos financiadores dessa fonte de capital podem ser abatidos do Imposto de Renda das empresas. Por exemplo, se uma empresa tomar emprestado de um banco o valor de R$ 200 mil com juros anuais de 20% ao ano, os R$ 40 mil de encargos a serem pagos ao final do período poderão ser descontados do IR a ser recolhido. Supondo uma alíquota de IR equivalente a 40% podemos calcular a despesa financeira e a taxa de juros líquida da seguinte forma:

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Despesas Financeiras Líquidas (juros) = Despesas com juros x (1 - Alíquota de IR) Despesas Financeiras Líquidas (juros) = R$ 40.000,00 x (1 - 0,40) = R$ 24.000,00 Taxa de Juros Líquida = Taxa de Juros Contratada x (1 - IR) Taxa de Juros Líquida = 20% x (1 - 0,40) = 12

Em suma, para fins de tomada de decisão a taxa de juros a ser levada em conta deve ser 12% e a despesa total R$ 24.000,00. Contudo, em toda a captação de recursos de terceiros realizada haverá outros encargos como impostos, comissões e taxas de abertura de crédito, as quais também devem ser levadas em consideração.

Noções de Administração Financeira - Parte 10 Debêntures: Na venda de uma debênture a empresa emissora assume as despesas administrativas relativas à operação. Além disso, na grande maioria das vezes os títulos são vendidos com deságio, ou seja, com valores inferiores ao valor de face (valor nominal) do título. O custo de capital dessa fonte de financiamento é dada pela Taxa Interna de Retorno (TIR) obtida através de seu respectivo fluxo de caixa. De maneira bastante simplificada, a TIR corresponde à taxa de desconto que iguala os valores futuros de um fluxo de caixa ao valor do investimento inicial. Com relação ao fluxo de caixa, o qual será melhor detalhado logo a seguir, podemos afirmar que ele corresponde a todas as entradas e saídas registradas pela empresa em um dado período de tempo, geralmente ligado a um projeto específico. Vamos supor que uma determinada empresa tenha emitido debêntures no valor nominal de R$ 110 mil, com deságio de R$ 3 mil e arcando com um total de despesas operacionais de R$ 5 mil, o que resultou em um valor líquido recebido de R$ 102 mil. O prazo para resgate desse título é de 4 anos, a alíquota vigente do IR é de 35% e a taxa de juros anual contratada é de 20%.     

Valor nominal: R$ 110.000,00 (-) Deságio: R$ 3.000,00 (-) Despesas relativas à colocação das debêntures no mercado: R$ 5.000,00 (=) Valor líquido recebido: R$ 102.000,00 Juros anuais brutos: R$ 110.000,00 x 20% = R$ 22.000,00

A partir do ingresso inicial de R$ 102 mil no ano "0" e dos totais desembolsados nos anos 1, 2, 3 e 4 podemos calcular a TIR desse financiamento utilizando a ferramenta Excel. Para ver como é calculada a TIR, acesse o link da simulação de nome TIR Debêntures que está no ambiente virtual.

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Assim, observa-se que o custo de capital da debênture é de 15,58% ao ano, sendo este o retorno mínimo exigido para qualquer investimento a ser realizado a partir do valor líquido recebido.

Noções de Administração Financeira - Parte 11 Empréstimos e Financiamentos: A determinação do custo desse capital é semelhante ao cálculo das debêntures, sendo também obtido através da TIR de seu fluxo de caixa, usufruindo dos benefícios fiscais (IR) proporcionados pelos encargos financeiros (juros) e arcando com custos relativos à operação cobrados pelas instituições financeiras. Supondo um empréstimo de 4 anos no valor de R$ 300 mil com taxas e comissões bancárias no valor de R$ 20 mil, juros anuais contratados de 25% e alíquota de IR equivalente a 35%, podemos calcular a TIR repetindo o procedimento anterior.    

Valor nominal do empréstimo: R$ 300.000,00 (-) Taxas e comissões bancárias: R$ 20.000,00 (=) Valor líquido recebido: R$ 280.000,00 Juros anuais brutos: R$ 300.000,00 x 25% = R$ 75.000,00

Para ver como é calculado um empréstimo, acesse o link da simulação de nome TIR Empréstimos que está no ambiente virtual.

b) Custo de Capital Próprio Corresponde aos recursos investidos pelos proprietários da empresa (acionistas) e os lucros retidos. De maneira bastante simples, o custo de capital próprio deve corresponder à remuneração da melhor alternativa de investimento dos quais os investidores abriram mão ao aplicarem seus recursos na empresa.

Noções de Administração Financeira - Parte 12 Custo das Ações dos Lucros Retidos: Atualmente os analistas financeiros dispõem de técnicas avançadas e complexas que permitem definir como maior precisão o custo de capital utilizado pelas empresas, como por exemplo, o modelo CAPM (Modelo de Precificação de Ativos Financeiros) e suas variações. Contudo, objetivando apenas dar uma ideia geral sobre como estes custos são formados, vamos utilizar aqui um modelo bastante simplificado de cálculo. A título de exemplo vamos supor que as ações ordinárias de uma determinada empresa estejam sendo cotadas a R$ 20,00 cada e que o dividendo previsto para o próximo ano seja de R$

64


3,00 por ação. Além disso, vamos supor que os dividendos distribuídos pela empresa tenham crescido nos últimos anos a uma taxa de 3,5%. Pergunta: qual a taxa de remuneração que o acionista está esperando? A partir da fórmula abaixo é possível responder essa questão.

K=

D1

+g

P0 Onde: K = taxa de desconto compatível ao risco assumido pelo acionista; D1 = dividendo esperado por ação P0 = preço corrente da ação g = taxa anual esperada de crescimento dos dividendos das ações Logo:

K=

R$ 3,00 R$2,00

+ 3,5% = 0,15 + 0,035 = 18,5%

Noções de Administração Financeira - Parte 13 Custo das Ações e dos Lucros Retidos (continuação...): Dois pontos devem ser chamados a atenção quando do uso dessa metodologia para o cálculo do custo de capital próprio: quando forem ações preferenciais ou quando se tratarem de novas ações. De acordo com a legislação brasileira, as ações preferenciais devem ter dividendos fixos ou mínimos. No caso de ser um dividendo fixo, o item "g" do cálculo passa a ser "0". Por outro lado, sendo um dividendo mínimo, o item "D 1" irá corresponder ao valor mínimo a ser pago de dividendo enquanto o "g" representará normalmente a taxa de crescimento esperado. Para o caso de novas ações, a diferença fica por conta do valor de "P0" (preço corrente da ação), que deverá levar em consideração o deságio e os custos de colocação do papel no mercado. Por exemplo, se no cálculo anteriormente realizado estivéssemos falando de novas ações, com deságio de R$ 0,80 por ação e custos de colocação equivalentes a R$ 0,50 por ação, a remuneração requerida seria de 19,54%.

65


Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) e Estrutura Ótima de Capital A combinação entre capitais de terceiros e capital próprio resulta no Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC). Esse custo, nada mais é do que a média dos custos das diferentes fontes de capital ponderados pela participação relativa de cada uma delas na estrutura de capital da empresa. A partir da hipotética estrutura de capital abaixo podemos tranquilamente calcular o CMPC dessa empresa. VALOR CONTÁBIL

PROPORÇÃO CUSTO (TAXA DE CADA DE FONTE REMUNERAÇÃO)

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Debêntures

R$

100.000,00

13,33%

14,06%

Empréstimos

R$

200.000,00

26,67%

14,61%

Ações ordinárias

R$

300.000,00

40,00%

18,51%

Ações Preferenciais

R$

150.000,00

20,00%

16,50%

Total

R$

750.000,00

100,00%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CMPC = (13,33% X 0,1406) + (26,67% X 0,1461) + (40% X 0,1850) + (20% X 0,1650) = 16,47% Cabe destacarmos, que nessa simulação foram considerados os valores (custos) históricos contidos no hipotética demonstração acima utilizada. Contudo, antes de calcularmos o CMPC, torna-se necessário primeiro atualizarmos o valor referente às fontes de capital próprio de acordo com o valor de mercado das mesmas. De maneira mais específica, as ações devem ser cotadas conforme a cotação atual na bolsa de valores. Em termos práticos, tal atualização modificaria o custo do capital próprio, trazendo com isso modificações na participação de cada fonte e na taxa do CMPC.

Noções de Administração Financeira - Parte 14 Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) e Estrutura Ótima de Capital (continuação...) A partir do cálculo do CMPC a empresa poderá definir qual combinação de capital próprio e capital de terceiros irá lhe proporcionar o menor custo de capital. Na tabela abaixo podemos visualizar uma simulação onde constam 7 possíveis combinações, os custos de cada fonte, a participação relativa de cada um na estrutura da empresa e o respectivo CMPC. Nesse exemplo hipotético, verificamos que a opção 4 é a que menor CMPC

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proporciona para empresa, sendo combinado 40% de recursos de terceiros e 60% de capital próprio. CAPITAL DE TERCEIROS

CAPITAL PRÓPRIO

ESTRUTURA

CMPC Taxa (Custo)

R$

Taxa (Custo)

R$

1

100.000

10,00% 900.000

23,00%

21,70%

2

200.000

10,00% 800.000

22,00%

19,60%

3

300.000

11,00% 700.000

21,50%

18,35%

4

400.000

12,50% 600.000

21,50%

17,90%

5

500.000

15,05% 500.000

23,00%

19,00%

6

600.000

18,00% 400.000

26,00%

21,20%

7

700.000

22,00% 300.000

30,00%

24,40%

Custo Marginal Ponderado de Capital (CMgPC) De maneira bastante simples, o CMgPC se refere às taxas de retorno que novos investimentos irão requerer da empresa. A partir de definida a estrutura ótima de capital da mesma (percentuais de participação de capitais próprios e de terceiros) os novos projetos terão seus custos ponderados afim de serem verificadas suas respectivas possibilidades de implantação. Tomando como exemplo a estrutura de capital ótima anteriormente citada (60% de capital próprio e 40% capital de terceiros), podemos analisar as alternativas de investimento abaixo. Nesse caso, observamos que somente a alternativa "A" possui uma TIR (rentabilidade) esperada superior ao seu CMgPC, ou seja, somente esse projeto seria passível de aprovação. ESTRUTURA DE CAPITAL

R$

PARTICIPAÇÃO DE CADA FONTE

CUSTO DE CADA FONTE

CUSTO PONDERADO

Projeto A EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos

60.000

40%

15,50%

6,20%

Ações ordinárias

60.000

40%

20,00%

8,00%

Ações preferenciais

30.000

20%

17,00%

3,40%

150.000

100%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TOTAIS e CMgPC

17,60%

Projeto B EXIGÍVEL A LONGO

67


PRAZO Empréstimos

72.000

40%

21,00%

8,40%

Ações ordinárias

68.000

38%

25,00%

9,44%

Ações preferenciais

40.000

22%

21,00%

4,67%

180.000

100%

80.000

40%

23,00%

9,20%

Ações ordinárias

70.000

35%

26,00%

9,10%

Ações preferenciais

50.000

25%

22,50%

5,63%

200.000

100%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TOTAIS e CMgPC

22,51%

Projeto C EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TOTAIS e CMgPC

PROJETOS

TIR (%) ESPERADA

23,93%

CMgPC

A

19,00%

17,60%

B

21,00%

22,51%

C

22,50%

23,93%

Noções de Administração Financeira - Parte 15 Fluxo de Caixa e Análise de Investimentos Frequentemente os analistas financeiros estão tomando decisões acerca de novos investimentos, os quais podem estar relacionados a diferentes objetivos organizacionais. Uma empresa interessada em expandir pode adquirir uma nova planta produtiva, maquinários, ampliar prédios já existentes, dentre outros investimentos. A princípio, a decisão de investir ou não tem como parâmetro inicial o Custo Marginal Ponderado de Capital, ou seja, o novo investimento a ser realizado necessita ter uma rentabilidade no mínimo igual à sua estrutura de capital. No entanto, dependendo do objetivo da empresa, não necessariamente esse critério será decisivo em suas escolhas, como por exemplo, na execução de projetos sociais ou resultantes de estratégias comerciais de longo prazo (ingresso em novos mercados ou criação de novas oportunidades de negócio).

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Em termos de análises financeiras, diversos são os métodos que podem ser utilizados a partir do fluxo de caixa do projeto, tais como, o Payback, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). O fluxo de caixa é formado por três variáveis básicas: investimento inicial, entradas de caixa e fluxo de caixa residual. O primeiro se refere ao montante de recursos líquidos investidos na implantação do projeto; o segundo diz respeito aos ingressos de receita na empresa decorrentes do investimento realizado; enquanto o terceiro corresponde ao valor líquido resultante da venda do ativo após o término da vida útil do projeto. No que se refere ao tipo de projeto, em linhas gerais esses podem ser classificados de três maneiras distintas: 

Projetos Independentes: são projetos cujas análises não competem com outras, ou seja, uma vez tendo retornos mais vantajosos do que o CMgPC da empresa poderão ser implementados conjuntamente. Por exemplo, um projeto para ampliação da planta produtiva e outro para aquisição de novos bens de capital; Projetos Mutuamente Excludentes: são projetos concorrentes, cuja escolha se dará pelo empreendimento com maior rentabilidade a partir do CMgPC da empresa. Por exemplo, a aquisição de determinado maquinário disponível em dois fornecedores distintos; Projetos Contingentes (Complementares): são projetos que se complementam para o atendimento de um mesmo objetivo, como por exemplo, a compra de um maquinário e sua respectiva instalação.

Noções de Administração Financeira - Parte 16 a) Payback O método do Payback tem como objetivo conhecer o tempo necessário para recuperação do investimento. Assim, na escolha entre projetos excludentes, teria êxito o projeto que retornasse o capital investido no menor tempo possível, independente da rentabilidade propiciada. Assim, uma das principais limitações desse tipo de análise diz respeito a não consideração dos fluxos de caixa ocorridos após o retorno do investimento. Conforme abaixo exemplificado, o projeto A, cujo payback é mais atrativo, possui um retorno total inferior ao projeto B, o que poderia conduzir o administrador a tomar uma decisão equivocada sob o ponto de vista da rentabilidade obtida em cada alternativa.

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PROJETO A ANO

FLUXO DE CAIXA R$

PROJETO B

FLUXO ACUMULADO R$

FLUXO DE CAIXA R$

FLUXO ACUMULADO R$

0

(160.000)

(160.000)

(200.000)

(200.000)

1

40.000

(120.000)

30.000

(170.000)

2

40.000

(80.000)

40.000

(130.000)

3

40.000

(40.000)

50.000

(80.000)

4

40.000

0

60.000

(20.000)

5

40.000

40.000

80.000

60.000

6

40.000

80.000

85.000

145.000

7

40.000

120.000

90.000

235.000

8

40.000

160.000

95.000

330.000

Payback = 3 anos

Payback > 4 anos

Outra fragilidade desse modelo diz respeito ao fato de não serem considerados os valores atualizados em sua análise. Em outras palavras, antes de ser analisado o retorno dado pelo investimento torna-se necessário trazer a valor presente todos os fluxos de caixa do projeto. No geral, a taxa de desconto a ser utilizada no cálculo corresponderá ao CMgPC da empresa, ou seja, a taxa de atratividade mínima que o novo investimento deverá ter. Abaixo, segue um exemplo de como uma análise de Payback realizada com base em valores nominais pode trazer prejuízo na tomada de decisão da empresa. Nesse exemplo, a taxa de desconto considerada foi de 20% ao ano. PROJETO A ANO

PROJETO B

FLUXO FLUXO DE FLUXO DE ACUMULADO CAIXA R$ CAIXA R$ R$

FLUXO ACUMULADO R$

0

-72.700

-72.700

-72.700

-72.700

1

14.375

-58.325

11.979

-60.721

2

23.805

-34.520

16.531

-44.190

3

30.600

-3.920

17.708

-26.481

4

38.618

34.698

18.624

-7.858

5

48.272

82.970

19.399

11.542

Payback < 3 anos

Payback < 4 anos

O valor presente (VP) é calculado da seguinte forma:

VP =

Valor Futuro (1 + taxa de desconto) número de períodos que serão descontados

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VP ANO 1 =

VP ANO 2 =

R$ 14.375,00 (1 + 0,20)1 R$ 23.805,00 (1 + 0,20)2

= R$ 11.979,00

= R$ 16.531,00

Por último, cabe destacar que o Payback é uma metodologia que pode ser combinada com as alternativas do VPL e da TIR, ou seja, a partir de serem estudadas as rentabilidades de cada projeto e estas serem semelhantes ou pouco diferenciadas, poderia ser escolhida aquela em que menos tempo retornasse o capital total investido.

Noções de Administração Financeira - Parte 17 b) Valor Presente Líquido O Valor Presente Líquido corresponde a diferença entre o valor descontado do fluxo de caixa para a data de seu investimento inicial menos o valor inicial investido. Em outras palavras, o VPL apresenta em termos reais qual o valor líquido que o projeto retornou para a empresa. A taxa de desconto a ser utilizada para o cálculo do VPL corresponde a Taxa de Atratividade Mínima, ou seja, ao CMgPC da empresa. Assim, tratando-se de projetos não excludentes, bastaria à empresa possuir um VPL > 0 para que seu investimento fosse aceito. Contudo, tratando-se de investimentos excludentes, a escolha iria recair sobre o projeto cujo VPL calculado fosse maior. Abaixo segue um exemplo de fluxo de caixa e de como podemos calcular seu VPL através da ferramenta Excel. No referido exemplo, a Taxa de Atratividade Mínima foi de 18% ao ano e o projeto B possui um melhor VPL do que o projeto A. Para ver como é calculado o Valor Presente Líquido (VPL), acesse o link da simulação de nome VPL que está no ambiente virtual.

OBS: Observe que o último passo em cada cálculo foi descontar dos fluxos de caixa o valor presente do valor do investimento inicialmente realizado, por isso o nome de Valor Presente Líquido (Valor Presente dos fluxos de caixas recebidos entre os anos 1 e 6 menos o investimento inicialmente realizado).

Noções de Administração Financeira - Parte 18 c) Taxa Interna de Retorno A TIR consiste em uma taxa de desconto que iguala o valor presente do fluxo de caixa ao valor do investimento inicial de um projeto. Assim, se utilizarmos a TIR para descontar a taxa de um projeto seu VPL será igual a zero. Para análise de projetos excludentes, será escolhido o projeto com a maior TIR, desde que essa taxa seja superior à taxa mínima de

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atratividades (CMgPC) exigida pela empresa. Abaixo, apresentamos mais um exemplo de aplicação TIR com a realização de seu respectivo cálculo através da ferramenta Excel. Para ver como é calculada a TIR, acesse o link da simulação de nome TIR que está no ambiente virtual.

VPL ou TIR? Qual dos métodos deve ser escolhido? No cotidiano das empresas frequentemente as metodologias do VPL e da TIR são utilizadas por seus analistas financeiros para tomada de decisões acerca dos novos investimentos. A diferença básica entre cada um desses modelos diz respeito a como eles preveem que os fluxos de caixa positivos ocorridos ao longo da vida útil do projeto serão reinvestidos pela empresa. Em outras palavras, enquanto o VPL pressupõe que os saldos positivos de caixa serão reaplicados pela empresa à taxa correspondente ao seu custo de capital (CMgPC), a TIR prevê que estes mesmos saldos positivos serão reaplicados pela própria TIR do projeto. Assim, observamos que o VPL é um método mais conservador, pois assume que a empresa dificilmente encontrará outras aplicações que venham a render exatamente a mesma coisa que o projeto atual, diferentemente da ideia implícita no modelo da TIR.

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