MotoPortugal, N º 231, Janeiro 2014

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Noticiário

Motocross: alterações aos calendários FACE AO CALENDÁRIO INICIALMENTE APRESENTADO em Dezembro, os Campeonatos Nacionais de Motocross sofreram diversas alterações. Entretanto, ficaram definidos os calendários de dois Regionais, Norte e Sintra MX. Quanto aos Campeonatos Nacionais Elite, MX1, MX2 e Júnior, mantêm-se as duas primeiras provas – em Freixo de Espada à Cinta e Marinha das Ondas –, a de Moçarria mudou de data, e o restante calendário foi reestruturado. Já os Iniciados estarão nas cinco jornadas com locais já definidos para a Elite, tendo depois mais três, num total de oito. O calendário de Infantis integra seis provas, calendarizadas entre Março e Junho. Também o Campeonato Regional Norte/ PentaControl terá seis jornadas, enquanto o “Sintra MX” inclui cinco provas. Quanto ao Campeonato Regional Centro-Sul/ Rómoto, dentro em breve serão conhecidos os circuitos, mas para já estão cativas as seguintes datas para as provas dessa competição: 16 de Março, 20 de Abril, 4 de Maio, 15 de Junho e 13 de Julho.

Calendários Motocross 2014 ELITE - MX1 / MX2 / JÚNIOR 23 de Março Freixo de Espada à Cinta 6 de Abril Marinha das Ondas 27 de Abril Ponte de Sôr 18 de Maio A designar 8 de Junho Moçarria 29 de Junho Vieira do Minho EUROPEU DE 65/85 CC 21/22 de Junho Fernão Joanes INICIADOS 23 de Março Freixo de Espada à Cinta 6 de Abril Marinha das Ondas 27 de Abril Ponte de Sôr 8 de Junho Moçarria 29 de Junho Vieira do Minho 6 de Julho Vagos 10 de Agosto Soalhães 7 de Setembro Valpaços INFANTIS 9 de Março S. Mamede do Coronado 23 de Março Freixo de Espada à Cinta 13 de Abril Fernandinho 27 de Abril Ponte de Sôr 18 de Maio A designar 8 de Junho Moçarria REGIONAL NORTE / PENTACONTROL 9 de Março S. Mamede do Coronado 11 de Maio Vieira do Minho 25 de Maio Baião 6 de Julho Vagos 10 de Agosto Soalhães 7 de Setembro Valpaços REGIONAL SINTRA MX 2 de Março TT Arena – Setúbal 30 de Março La Vacada – Charneca Caparica 11 de Maio TT Terrugem - Sintra 1 de Junho Lapa – Malveira 28 de Setembro A designar

FICHA TÉCNICA Edição: Direção da Federação de Motociclismo de Portugal; Fotografia: Arquivo Motociclismo; Produção: Motorpress Lisboa. Impressão e distribuição: Lidergraf 2 motoportugal


Taça do Mundo de Bajas FACE AO CALENDÁRIO inicialmente previsto para a primeira edição da Taça do Mundo de Bajas, a Federação Internacional de Motociclismo anunciou uma alteração no que respeita à jornada portuguesa, que passa a ser a Baja de Idanha-a-Nova, em vez de Portalegre. Em consequência, a Baja de Idanha-a-Nova, organizada pela Escuderia de Castelo Branco, a disputar em 12 e 13 de Setembro, será pontuável para a Taça do Mundo e Campeonato da Europa de Bajas, além do Nacional de TT. Relativamente à Baja de Portalegre, integrará apenas o calendário do Campeonato Nacional.

Miguel Oliveira prepara época

Salão da Batalha em Abril CONTRARIAMENTE ao que se encontrava previsto, o salão Lisboa Moto Show não terá a sua segunda edição em 2014, e na mesma data – de 3 a 6 de abril – foi entretanto anunciado o regresso da Expomoto – Salão da Batalha, que terá assim a sua 22ª edição após um ano de interregno. Recorde-se que o Lisboa Moto Show encontrava-se na lista de eventos da Feira Internacional de Lisboa para 2014, previsto para os dias 3 a 6 de abril, mas entretanto o evento foi retirado do site da Feira Internacional de Lisboa, surgindo em seu lugar um salão de bicicletas, que se irá realizar a par do salão Motorclássico. A razão deve-se, segundo os responsáveis da

FIL, à impossibilidade das principais marcas garantirem a sua presença já este ano, apesar dos bons resultados do evento realizado em Abril de 2013, pelo que a segunda edição do Lisboa Moto Show passará para 2015. Desta forma, abriu-se a porta para o regresso do Salão da Batalha, com a 22ª Expomoto a surgir anunciada para os dias 3 a 6 de abril, o que constitui também uma mudança de figurino para o evento organizado pela Exposalão, que passa agora a ter somente quatro dias (no lugar dos nove anteriores), e irá realizar-se mais para a frente no calendário, em vez da data habitual que era em finais de Janeiro, inícios de Fevereiro.

MIGUEL OLIVEIRA JÁ COMEÇOU a preparar a nova temporada do Mundial de Moto3, primeiro com três dias de testes em Valência, e na semana seguinte com outros três dias em Jerez (estes últimos já após o fecho desta edição da Moto Portugal). No traçado valenciano, o piloto português trabalhou com a nova versão da Mahindra MGP30, e voltou a cotar-se como o melhor dos pilotos que não dispõem de motores KTM, sendo, no agregado dos tempos dos três dias, o 9º mais rápido. Mas, mais do que isso, e logo num primeiro contacto em que “fazer tempos” não era prioritário, o piloto português melhorou em quase sete décimas a marca obtida em novembro passado durante o G.P. da Comunidade Valenciana. Na altura, Miguel Oliveira tinha feito 1m40,898s em corrida (1m40,979s na qualificação), e nestes testes conseguiu o registo de 1m40,206s, ao segundo dia, ficando, no total, a 0,752s do mais rápido, o italiano Niccolò Antonelli. Quanto a Arthur Sissis, o colega de equipa de Oliveira na Mahindra, foi o 12º mais rápido com a marca de 1m40,409s. Segundo Miguel Oliveira, o plano é “ter mais informação, mais quilómetros, e podermos construir um bom setting base. Estou satisfeito por ter sido mais rápido e constante comparativamente ao meu melhor registo do ano passado. “A nova Mahindra é diferente da MGP30 de 2013, mais leve e com nova aerodinâmica. “Com os dados da passada temporada construímos uma base sobre a qual trabalhamos sem alterações significativas. Estes dias serviram sobretudo para recolher informação sobre o novo motor, bastante diferente do ano passado”, declarou o piloto português, com a nova MGP30 a ter agora mais 5 cavalos face à versão de 2013. motoportugal 3


Regulamentos Velocidade Texto: MP/Reg. Nac. Velocidade

O que muda

este ano 4 motoportugal

Fizemos um apanhado das principais alteraçþes para as provas de Velocidade na temporada de 2014.


AS MODIFICAÇÕES NO REGULAMENTO DE VELOCIDADE para a época de 2014 incidiram, na sua maioria, nas competições sob a alçada da Comissão de Motos Clássicas. Assim, o facto mais significativo diz respeito à passagem ao troféu de Motos Clássicas, que este ano passa a ter estatuto de Campeonato Nacional – o Campeonato de Motos Clássicas Fuchs Silkolene (são elegíveis para classificação de Motos Clássicas todos os motociclos de duas rodas, com data de fabrico até 31 de Dezembro de 1981.) As distâncias de corrida sofreram um ligeiro aumento. Assim, “as corridas devem respeitar uma distância mínima de 35 km e máxima de 45 km”. Nota também para o facto de que “um piloto só pode verificar uma moto”. Quanto a pontuações, por prova (geral e classe) ou para o campeonato, fica definido que: 13.3. A classificação geral no Campeonato é o somatório da pontuação obtida por cada piloto em cada corrida na sua classe, ou seja, a pontuação na classe e na geral de cada piloto é a mesma. 13.4. As pontuações dos pilotos só são válidas se tiverem participado pelo menos em 4 provas do Campeonato. Após eliminação dos pontos do (s) piloto (s), os seus pontos serão atribuídos ao concorrente imediatamente a seguir, e assim sucessivamente. No entanto, estes pilotos participam na cerimónia de pódio, se assim se classificarem. 13.7 Um piloto pode correr em diferentes corridas nas várias classes, pontuando em cada corrida para a classe que se inscreveu. Na classificação geral a sua pontuação será igual à soma de todas as suas pontuações nas diferentes classes que tenha participado.

Quanto à outra competição gerida pela Comissão de Motos Clássicas da Federação de Motociclismo de Portugal, o Troféu Século XX – Taça Luís Carreira, verificaram-se alterações nas classes, que passam a ser as abaixo designadas, sendo que “são elegíveis para classificação todos os motociclos de duas rodas, com data de fabrico entre 1 de Janeiro de 1982 e 31 de Dezembro de 1999. Classes: LC1- 2T até 500 cc Todos os Tipos de Motores / 4T até 750 cc Todos os Tipos de Motores LC2 - 2T acima de 500 cc / 4T acima de 750 cc até 1991 LC3 - Classic Superbikes: motos acima de 750 cc entre 1991 e 1999 Também aqui as distâncias de corrida foram aumentadas, sendo que, para 2014, “as corridas devem respeitar uma distância mínima de 40 km e máxima de 50 km. No que respeita às pontuações, e tal como nas Motos Clássicas, “a classificação geral no Campeonato é o somatório da pontuação obtida por cada piloto em cada corrida na sua classe, ou seja, a pontuação na classe e na geral de cada piloto é a mesma.” No ponto 12.4, fica assente que “as pontuações dos pilotos só são válidas se tiverem participado pelo menos em 4 provas do Campeonato. Após eliminação dos pontos do (s) piloto (s), os seus pontos serão atribuídos ao concorrente imediatamente a seguir, e assim sucessivamente. No entanto, estes pilotos participam na cerimónia de pódio, se assim se classificarem. Igualmente se refere que “um piloto pode correr em diferentes corridas nas várias classes, pon-

tuando em cada corrida para a classe que se inscreveu. Na classificação geral a sua pontuação será igual à soma de todas as suas pontuações nas diferentes classes que tenha participado.” Em termos técnicos, e num aditamento para todas as classes (exceto motos clássicas) que já havia sido publicado, determina-se que todas as motos “devem ser equipadas com uma protecção da manete de travão, destinada a proteger a manete de ser activada acidentalmente em caso de colisão com outra moto.” Refere-se igualmente a necessidade de uma Luz de Segurança Traseira (não aplicável às Motos Clássicas), sendo que “todas as motos dos Campeonatos devem ter uma luz vermelha em funcionamento montada na parte de trás do assento, para ser utilizada nas Corridas de Chuva ou em condições de fraca visibilidade, conforme declarado pelo Director de Prova. A luz de segurança traseira deve cumprir os seguintes requisitos: a. A direcção de iluminação tem ser paralela à linha de centro da moto (executando direcção) e, deve ser claramente visível a partir da traseira da moto, pelo menos, 15 graus para ambos os lados esquerdo e direito do centro da linha da moto. b. Deve ser montada de forma segura no final do assento / parte traseira da carenagem e aproximadamente na linha central da moto. Em caso de litígio sobre a posição de montagem ou visibilidade da luz de segurança, a decisão do Delegado Técnico da FMP prevalece. c. A produção de energia / luminosidade deverá ser equivalente a, aproximadamente 10-15W (incandescente) ou 3-5W (Led). A luz de ser acionada por um botão on/off.”

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13ª Gala dos Campeões F.M.P. Texto e fotos: F.M.P.

Os melhores de 2013 Os diversos Campeões Nacionais da época passada foram homenageados em mais uma Gala anual da Federação de Motociclismo de Portugal. A F.M.P. - FEDERAÇÃO DE MOTOCICLISMO DE PORTUGAL, levou a efeito, pela décima terceira vez, a sua Gala dos Campeões, que teve lugar no anfiteatro do Casino Estoril no dia 25 de Janeiro. Presentes estiveram a grande maioria dos vencedores dos diversos campeonatos nacionais de motociclismo, e também os vencedores de Campeonatos da Europa Bianchi Prata, o Campeão Mundial de TT Paulo Gonçalves, os membros das diversas seleções nacionais – Enduro, Motocross, Trial e Quad-Cross – e, ainda, alguns dos pilotos lusos presentes no recente Dakar. Para além dos pilotos e acompanhantes, representantes das marcas, elementos da F.M.P. E imprensa, estiveram igualmente na Gala os Presidentes do IPDJ, Prof. Augusto Baganha – também em representação do Secretário de Estado do Desporto - e da Confederação do Desporto, Prof. Carlos Cardoso, além de Alexandre Silva em representação da Câmara de Cascais. A entrega de prémios teve início com uma exceção, a de um vencedor de um troféu, no caso Paulo Sotero, que venceu a primeira edição do Troféu Século XX – Taça Luís Carreira, que subiu ao placo para receber o seu prémio, seguido depois dos pilotos que triunfaram nas diversas modalidades, que forma sendo 6 motoportugal

chamadas por ordem alfabética, designadamente o Enduro, Quad-Cross, Motocross, Supercross, Todo-o-Terreno, Trial e Velocidade. Depois, foram ainda homenageados os membros das seleções nacionais, sendo que a formação júnior de Enduro, que venceu o Enduro Europeu das Nações e esteve presente nos ISDE, viu serem entregues também as medalhas conquistadas nos “Seis Dias”. Ao palco subiram também os Campeões da Europa Diogo Ventura, Pedro Bianchi Prata e Rui Costa (este último por representação), que conquistaram, respetivamente, os títulos continentais de Enduro E2 Junior, Bajas Absoluto e M2, e Bajas M3. Dos sete “dakarianos” que uma semana antes tinham estado na América do Sul, apenas puderam deslocar-se à Gala dos Campeões três deles, Mário Patrão, Pedro Bianchi Prata e Paulo Gonçalves, sendo que este último, como é natural, fechou a entrega de prémios com chave de ouro, ao receber o seu diploma de Campeão do Mundo de Ralis TT. Depois da entrega de prémios, seguiu-se um jantar, proporcionando animado momento de convívio entre os campeões, dirigentes federativos, representantes de marcas e órgãos de comunicação social.


Dakar

Os três "dakarianos" que estiveram presentes na gala, Mário Patrão, Paulo Gonçalves e Bianchi Prata, com o Presidente da FMP, Manuel Marinheiro

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13ª Gala dos Campeões F.M.P. Enduro

Seleção QX

Motocross

Quadcross

Após cada entrega de diploma individual, os pilotos de cada modalidade posavam para a foto de conjunto, ao lado de representantes da marcas campeãs e dos membros das Comissões da FMP

Supercross

Trial

Os pilotos que representaram as diversas seleções nacionais de motociclismo também foram homenageados nesta gala - as formações de QuadCross, Motocross, Trial e Enduro

Velocidade

SBK

Enduro, Quad-Cross, Motocross, Supercross, Todo-o-Terreno, Trial e Velocidade, foram as disciplinas cujos Campeões Nacionais foram galardoados nesta 13ª Gala da FMP

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Seleção Enduro

Campeão do Mundo

Seleção Trial

Todo-o-Terreno

Para fechar com chave de ouro, Paulo Gonçalves exibiu o seu diploma de Campeão Mundial de Ralis Todo-oTerreno conquistado em 2013, ele que esteve também no grupo dos pilotos que estiveram no último Dakar

Campeões da Europa

Homanagem aos pilotos que conquistaram títulos europeus: Diogo Ventura (Enduro E2 Junior), Pedro Bianchi Prata (Bajas Absoluto e classe M2) e Rui Costa, por representação, em Bajas classe M3

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Dakar 2014 Texto e fotos: Moto Portugal

Esperanças e desilusões

Sete portugueses à partida nas motos para o Dakar 2014, e quatro à chegada naquela que foi das mais árduas edições de sempre. NÃO TERÁ SIDO O DAKAR MAIS DURO DA HISTÓRIA, mas certamente que foi a edição mais massacrante desde que a prova se disputa na América do Sul, num ano que em os pilotos portugueses nas motos partiam com justificadas ambições. A verdade é que, em termos realistas, e sem sequer ter em linha de conta motivos patrióticos, a armada lusa contava com três candidatos à vitória, integrados nas duas mais fortes equipas de fábrica: Ruben Faria na KTM oficial, pela primeira vez sem ter missão de aguadeiro, e com ordem para atacar, e Hélder Rodrigues e Paulo Gonçalves na Honda, que enfrentava o seu segundo ano de regresso oficial ao Dakar com uma formação de “assalto”. Ruben Faria tinha contra si o facto de não estar ainda a 100% desde a sua lesão no Rali dos Sertões, enquanto Paulo Gonçalves tinha a moral no “top” pois tinha-se sagrado Campeão Mundial de TT ao cabo de uma época excelente. Hélder Rodrigues - o piloto nacional com maior currículo 10 motoportugal

na prova, incluindo dois pódios e 100% de provas terminadas, sempre no top 10 - partia com o objetivo assumido de vencer a prova, depois de ter colaborado ativamente no desenvolvimento por parte da HRC de uma CRF 450 Rally completamente nova, que começou a ser preparada pouco após o Dakar de 2013. Os restantes quatro membros da armada lusa eram Pedro Bianchi Prata (Husqvarna), outro homem que esteve à chegada em todas as edições do Dakar em que participou (e já são sete, com esta), uma carreira que teve início ainda com as versões africanas da prova, Pedro Oliveira (Speebrain), que fazia o seu quarto Dakar, e que já havia demonstrado a sua rapidez em mais de uma ocasião, Mário Patrão, o pluricampeão nacional de TT, pelo segundo ano consecutivo a alinhar a sua Suzuki no Dakar, depois de uma excelente estreia em 2013, e, finalmente, Victor Oliveira (Husqvarna), que


Paulo Gonçalves e Hélder Rodrigues, dois portugueses com sortes diversas

iria por fim cumprir o seu sonho de alinhar num Dakar, depois de se ter visto impossibilitado de o fazer no ano passado, a quinze dias da prova. A prova, que este ano visitava pela primeira a Bolívia - apenas para as motos, que tinham várias etapas separadas dos carros -, arrancou de Rosario, na Argentina, a 5 de janeiro, para chegar a Valparaíso, na costa chilena do Pacífico. Nas primeiras etapas “só deu Honda” com Joan Barreda a assumir a liderança, e Sam Sunderland a ganhar também uma etapa, enquanto os dois portugueses da formação japonesa tinham sortes diversas. Hélder Rodrigues teve um começo abaixo do esperado, a braços com problemas de saúde e alguns percalços na sua moto, começando depois, bem a seu jeito, a subir paulatinamente na classificação; por seu lado, Paulo Gonçalves começou por ser o melhor português, ao chegar em 5º lugar no dia inaugural e em 8º no seguinte, mas na terceira etapa perdeu muito tempo quando saiu da pista correta, e teve ainda de prestar auxílio a Ruben Faria, que sofreria uma queda nesta tirada, depois de também ele se ter perdido, e seria forçado a abandonar. Felizmente, sem consequências físicas para o piloto algarvio, que foi segundo em 2013. Ruben Faria foi 12º na primeira etapa, e no segundo dia foi o melhor português, com o 4º tempo, mas tudo acabaria neste dia que ligava San Rafael a San Juan. Era a primeira baixa na armada lusa, de um dos nossos candidatos à vitória, e no mesmo dia em que outro dos favoritos portugueses, Paulo Gonçalves, caía para o 42º posto da geral. A primeira semana foi mais curta que a segunda, com seis dias de prova, enquanto que, após o dia de descanso em Salta, mais sete etapas esperavam a caravana. Mas foi na primeira semana que mais baixas houve, em particular na fatídica 5ª etapa, de Chilecito para Tucumán. Foi a mais longa especial do rali e também a que viria a ser mais demolidora, com temperaturas a rondar os 50 graus, muitos pilotos a terem de dormir no percurso, e mesmo a morte de um motociclista por exaustão, o belga Eric Palante. Entre os portugueses também se registou um abandono nessa tirada, o de Paulo Gonçalves, que via a sua CRF 450 Rally pegar fogo, depois de ervas secas se terem incendiado entre o motor e o coletor da Honda,

Ruben Faria foi obrigado a abandonar devido a uma queda sofrida durante a 3ª etapa, ele que tinha sido quarto no dia anterior

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Dakar 2014

Alguns azares não permitiram, neste seu segundo Dakar, a Mário Patrão ir mais longe que o 30º posto final

Dakar 2014 Classificações finais Class. Piloto (moto) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. ….. 24. 29. 30.

Bianchi Prata manteve imaculado o seu currículo de finalista em todas as edições do Dakar que realizou

Marc Coma (KTM) Jordi Viladoms (KTM) Olivier Pain (Yamaha) Cyril Després (Yamaha) Hélder Rodrigues (Honda) Kuba Przygonski (KTM) Joan Barreda (Honda) Daniel Gouet (Honda) Stefan Svitko (KTM) David Casteu (KTM) Pedro Oliveira (Speedbrain) Pedro Bianchi Prata (Husqvarna) Mário Patrão (Suzuki)

Tempo 54h11’10 a 1h53’43 a 2h01’09 a 2h02’30 a 2h12’25 a 2h32’35 a 2h55’33 a 3h10’34 a 3h50’35 a 3h58’28 a 10h38’29 a 11h42’17 a 11h49’31

com o fogo a alastrar rapidamente. À chegada a Salta para um merecido dia de descanso, estavam ainda em prova cinco pilotos lusos nas motos: Hélder Rodrigues já era oitavo da geral, Bianchi Prata era 23º e Pedro Oliveira 24º, enquanto Mário Patrão recuperava para o 37º lugar, após um começo com alguns problemas na sua moto. Quanto ao “rookie” Victor Oliveira, chegaria a ser 36º na terceira etapa (o seu melhor resultado nas 11 etapas que disputou), mas no dia seguinte ficou parado com problemas mecânicos, sendo-lhe averbado uma penalização de 12 horas que o atirou para o 75º posto da geral. Após o dia de descanso, e enquanto automóveis e camiões faziam uma etapa em “boucle” com partida e chegada a Salta, os pilotos de motos e quads iriam entrar na Bolívia pela primeira vez na história da prova, rumo ao Salar de Uyuni, gigantesco lago salgado em cujas margens estava instalado o bivouac. Hélder Rodrigues foi o 7º do dia, mas a grande surpresa foi Mário Patrão, 8º mais rápido nesta tirada. Aliás, a partir daqui o Campeão Nacional de TT não mais parou de ganhar terreno, e nas seis etapas seguintes ficou por quatro vezes nos 20 primeiros e uma em 25º lugar. No entanto, na antepenúltima etapa perdeu muito tempo, num incidente pouco comum: ao reabastecer a moto, esta caiu para o lado, ficando com o guiador pendurado. Tinha-se partido um parafuso muito difícil de substituir, e o piloto de Seia perdeu muito tempo, sendo apenas 48º do dia. No dia seguinte os pilotos de motos sairam da Bolívia para o Chile, indo reencontrar a caravana ao bivouac de Calama, após uma etapa com “fundo branco” passando em torno do Salar de Uyuni. Hélder Rodrigues fez uma boa etapa, sendo o 4º colocado. O piloto da Honda manteve o 8º posto da geral e recuperou terreno para os homens que o precediam. A “carga” de Hélder Rodrigues continuou, e na etapa seguinte foi quinto, subindo de imediato dois lugares na geral, para o sexto posto. Nas quatro etapas até ao pódio de Valparaíso, Hélder Rodrigues não mais deixou o top 5 na etapas, sendo consecutivamente 2º, 5º, 4º e 3º, para terminar assim no 5º posto da geral, e melhor piloto da armada Honda, que entretanto tinha

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Dakar 2014

visto Joan Barreda atrasar-se após uma queda em que danificou bastante a sua CRF 450 Rally. Na frente, Marc Coma fazia uma prova imperial. Tinha assumido a liderança do rali na difícil 5ª etapa, e não mais a largou, controlando a prova com grande eficácia, e chegando a Valparaíso com 1h52m sobre o 2º colocado, que era precisamente o seu companheiro de equipa e “aguadeiro” Jordi Viladoms, conseguindo assim a dupla da KTM repetir o feito de Cyril Després e Ruben Faria em 2013. Em seguida terminaram as duas Yamaha de Olivier Pain e de Cyril Després, acrescentando mais “peso” à derrota da Honda, que viu Hélder Rodrigues ser 5º e Barreda 7º, com a KTM de Kuba Przygonski entre eles. O chileno Daniel Gouet, o eslovaco Ivan Svitko e o francês David Casteu completaram o top 10. Quanto aos restantes pilotos lusos, registe-se o abandono de Victor Oliveira na 11ª etapa, a apenas dois dias do final, ele que tanto lutou e a tanto resistiu neste seu ano de estreia. Pedro Oliveira chegou ao final em 24º lugar, após uma prova eficaz e regular, sempre em boa toada, e Pedro Bianchi Prata foi 29º colocado, fugindo finalmente, por pouco, ao “crónico” 30º posto que já tinha sido seu algumas vezes. O piloto portuense terminou duas etapas entre os vinte primeiros (15º na durríssima 5ª etapa e 19º na seguinte), com alguns problemas físicos pelo meio, nunca arriscando em demasia e mantendo um ritmo constante e eficaz Esse 30º lugar acabou por ficar, afinal, para Mário Patrão, a 7 minutos do seu compatriota, essencialmente devido ao atraso sofrido na 11ª etapa com o guiador partido. Sete pilotos portugueses à partida nas motos, quatro à chegada (todos nos 30 primeiros), com um 5º posto para Hélder Rodrigues, acabou por não ser um balanço negativo para a armada lusa, em particular numa prova com tão elevado grau de dureza. Para o ano estaremos de volta, e novamente com pilotos para lutarem pela vitória! 14 motoportugal

Em cima, Paulo Gonçalves. Em baixo, Victor Oliveira (49), que abandonou a dois dias do final nesta sua estreia, e Pedro Oliveira (44), a chegar ao fim em 24º após mais uma boa prova


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