Moto Portugal 241 Jan/Fev 2015

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Jan./Fev. 2015 nº 241

ORGÃO OFICIAL da FEDERAÇÃO de MOTOCICLISMO de PORTUGAL

Federação de Motociclismo de Portugal, Largo Vitorino Damásio, 3 C - Pavilhão 1 - 1200 - 872 Lisboa Tel: 213936030/Fax: 213971457 www.fmportugal.pt fmp-geral@netcabo.pt

Editorial De 30 de Janeiro a 1 de Fevereiro decorreu o 2º Salão dos Campeões, no Exposalão da Batalha, onde pilotos, equipas, marcas, patrocinadores, organizadores e público puderam confraternizar e apreciar as máquinas dos campeões. Esta iniciativa conjunta da FMP e da FPAK foi este ano implementada com a realização da Gala dos Campeões de ambas as Federações, no dia 31 de Janeiro, e honrada com a presença de várias individualidades do mundo desportivo entre as quais me permito destacar o Exmo. Sr. Secretário de Estado do Desporto e Juventude, Dr. Emídio Guerreiro, o Exmo. Presidente da Câmara da Batalha, Dr. Paulo Santos, o Exmo. Presidente da Confederação do Desporto de Portugal, Prof. Paula Cardoso, e o Exmo. Presidente da Fundação do Desporto, Dr. Carlos Marta.

A FMP homenageou nesta Gala, além dos Campeões Nacionais, dos pilotos das Seleções Nacionais e dos participantes no Dakar, como era hábito, também os vencedores dos Troféus e ainda os segundos e terceiros classificados dos Campeonatos e Troféus. Relativamente a galardões FMP, o Paulo Gonçalves foi distinguido com o “Colar de Mérito” e a Rita Vieira com o “Diploma de Mérito”. No dia 1 de Fevereiro, ainda no Exposalão da Batalha, apresentámos o “17º Portugal de Lés-a-Lés” e o “1º Portugal de Lés-a-Lés Off Road”, perante uma grande plateia de aficionados. Uma palavra final de reconhecimento aos nossos pilotos participantes no Dakar que, mais uma vez, dignificaram Portugal e o Motociclismo e demonstraram que a vitória não só é possível como está cada vez mais próxima! Manuel Marinheiro


Noticiário

II Salão

dos Campeões

A FEDERAÇÃO DE MOTOCICLISMO DE PORTUGAL, em conjunto com a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, voltaram a unir esforços, pelo segundo ano consecutivo, para levar aos pavilhões da Exposalão, na Batalha, mais uma edição do Salão dos Campeões, onde marcaram presença várias motos e carros Campeões Nacionais em 2014, bem como os respe-

tivos pilotos, que levaram a cabo sessões de autógrafos e geraram assim muita interação com os fãs. No Salão dos Campeões, que decorreu de 30 de janeiro a 1 de fevereiro, marcaram presença também vários pilotos com carreiras internacionais, casos de Paulo Gonçalves ou de Miguel Oliveira, e muitos outros que estiveram na Batalha também

para a Gala dos Campeões, de que damos conta noutro local desta edição. Já no d o min go, a F e d er a ç ão d e Motociclismo de Portugal procedeu à apresentação de dois eventos mototurísticos, o Portugal de Lés-a-Lés, assinalando-se a abertura das inscrições, e o Lés-a-Lés Off-road, este em estreia e a despertar grande expetativa.

Pilotos, motos e automóveis Campeões Nacionais voltaram à Exposalão, na Batalha, pelo segundo ano consecutivo, para mais uma edição do Salão dos Campeões, num evento de três dias que teve outros motivos para se estar presente, como a Gala dos Campeões da FMP e da FPAK, e ainda a apresentação do Lés-a-Lés e do Lés-a-Lés Off Road

FICHA TÉCNICA Revista MotoPortugal Editor: Federação de Motociclismo de Portugal Edição: 03/2014 Fotografia: Arquivo Motociclismo Produção: Motorpress Lisboa Impressão: Lidergraf Sustainable Printing Depósito Legal Nº 375670/14 Nota: Isento de registo na ERC (Entidade reguladora para a Comunicação Social), ao abrigo do Decreto Regulamento 8/99 de 09/06 - Artigo 12º- Nº1 - A. 2 motoportugal


Comunicado da Comissão Médica Mundial de Enduro em Gouveia APROVEITANDO A REALIZAÇÃO, NA FIL, da Feira Internacional de Turismo (BTL), foi apresentada oficialmente a prova portuguesa pontuável para o Mundial de Enduro 2015, que terá lugar em Gouveia de 15 a 17 de maio. Na apresentação oficial do evento, que decorreu no stand do Turismo Centro Portugal, marcaram presença, entre outros, Luís Tadeu Marques, Presidente da Câmara Municipal de Gouveia, Manuel Marinheiro, Presidente da FMP, Paulo Gonçalves e Mário Patrão, pilotos de TT, padrinhos do GP de Portugal de Enduro, e, ainda Luís Correia, um dos dois portugueses participantes a tempo inteiro no Campeonato do Mundo de Enduro em 2015. Gouveia receberá durante três dias um extenso programa de competi-

ção por trilhos serranos com vista para o deslumbrante cenário da Serra da Estrela. A ação central da prova terá a particularidade inédita de se concentrar no Parque Senhora dos Verdes, propriedade local com cerca de 2000 hectares, dos quais 22 vedados e infraestruturados para receber público e participantes. O GP de Portugal terá início no final de tarde de sexta-feira, 15 de maio, com a realização de uma “Superespecial”. Sábado e domingo, 16 e 17 de maio, os participantes farão quatro voltas a um percurso na ordem dos 50 quilómetros, onde estarão incluídas as passagens pelas três especiais cronometradas Enduro, Cross e Extreme, todas elas situadas no Parque Senhora dos Verdes e com fáceis acessos ao público.

A COMISSÃO MÉDICA da Federação de Motociclismo de Portugal comunica que foram levados a cabo controlos Anti Dopagem nas seguintes modalidades e provas: Trial em Paredes, dia 30 de novembro de 2014, Velocidade em Portimão, a 2 de novembro de 2014, Enduro em Alcanena, a 21 de setembro de 2014, Todo-o-Terreno em Idanha-a-Nova, a 13 de setembro de 2014 e Supercross em Poutena, a 3 de agosto de 2014. Foram ainda levados a cabo três controlos Anti Dopagem fora de competição. Os controlos foram efetuados pela Federação de Motociclismo de Portugal com o Conselho Nacional de Antidopagem. Não foram detetadas quaisquer substâncias proibidas ou evidência de uso de métodos proibidos nas amostras recolhidas, específicas dos regulamentos do motociclismo. Os pilotos controlados foram: Ruben Carvalho, Diogo Vieira, Henrique Raposo e Rita Vieira (Trial); Romeu Leite, Pedro Nuno Barbosa e Tomás Barbosa Santos (Velocidade); Filipe Sampaio, Jorge Leite e Carlos Alberto Vieira Pedrosa (Enduro); Mário Patrão e Luís Carvalho (Todo-o-Terreno); Miguel Gaboleiro, Sandro Peixe e Hugo Santos (Supercross). Pilotos controlados fora de competição: Hélder Rodrigues (10/5/2014), Miguel Oliveira (27/3/2014), Gonçalo Reis (24/3/2014) e Ruben Faria (30/5/2014).

Lisboa Moto Show regressa em abril! JÁ FOI APRESENTADA OFICIALMENTE em conferência de imprensa a edição 2015 do Lisboa Moto Show, o salão nacional de motos que, de 9 a 12 de abril (quinta a domingo), estará nos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações. O evento seguirá os moldes da edição de 2013, que se saldou por um sucesso de afluência, com quase 50 mil visitantes, a que não terá sido estranho o formato de quatro dias e a integração com outros dois certames que decorriam, nos mesmos dias, nos pavilhões anexos, o Motor Clássico e o Mundo Abreu. Este ano, para além das exposições referidas e do Lisboa Moto Show, a FIL vai receber nas mesmas datas a 45ª edição da Nauticampo, um salão que se tornou num dos grandes “clássicos” da FIL mas que, devido às dificuldades do mercado, não se realizava desde 2011. Neste sentido, irá haver um bilhete conjunto, pelo menos para o Moto Show e para a Nauticampo, permitindo que se visitem ambos os certames pelo preço de um. Tal como em 2013, o Lisboa Moto Show terá uma área de 15 mil metros quadrados, incluindo a área coberta e os espaços ao ar livre onde irão decorrer atividades paralelas, como test rides e uma prova de Trial Urbano. Esta edição tem uma parceria com a Federação de Motociclismo de Portugal, que abrangerá, para além do Trial, outras ações a revelar, entre as quais a coordenação dos eventos programados com o Dia Nacional do Motociclista, que se realiza a 12 de abril perto da capital, em Torres Vedras. Está ainda prevista mais uma edição do Scooter Day e a realização de espetáculos musicais, complementos de programa que se pretende animado e irá, certamente, superar aquilo a que assistimos em abril de 2013.


Mototurismo Texto e fotos: J. Serra/Comiss. Mototurismo

Concentração Invernal

“Eskimós”

O Eco Resort do Vale do Rossim, na Serra da Estrela, foi palco de mais uma edição da concentração invernal Eskimós, nos passados dias 6,7 e 8 de fevereiro. ESTE ANO os motociclistas foram confrontados por uma verdadeira prova de dureza e coragem, pois as condições climatéricas foram muito agrestes, com as temperaturas a baixarem para os 12º negativos, um “frio de rachar” e um vento intenso e permanente durante todo o fim-de-semana. Valeram as preciosas 30 toneladas de lenha cedidas pelo Eco Resort, para minimizar as duras condições adversas e assim aquecerem todos os motociclistas presentes. O cenário que encontrámos foi de neve, muita neve, e foram muitos os motociclistas que se deslocaram até à Serra da Estrela - cerca de 500 - para conviverem e participarem na 8ª concentração dos “Eskimós”. De salientar a forte presença dos nossos hermanos espanhóis e a participação de alguns ingleses, franceses e sul-africanos. Durante todo o fim-de-semana os motociclistas passaram o tempo à volta das várias fogueiras que cada grupo criou, divertindo-se e convivendo, não faltando os saborosos petiscos típicos da Serra: vários tipos de queijo, presunto, chouriço, pão, vinho e Zimbro, entre outras bebidas, para “aquecer a alma”, criando-se assim um verdadeiro ambiente de camaradagem e calor humano. Agradece-se o apoio de toda a logística envolvente, como a lenha e as tendas (onde foram servidas as saborosas refeições confecionadas pelos elementos do Moto Clube de Vila do Conde), uma ajuda preciosa e imprescindível para que a concentração decorresse com sucesso. Está assim, mais uma vez, de parabéns o Moto Clube de Vila do Conde pela excelente concentração invernal que organizou e pelo espetacular fim-de-semana que proporcionou a todos os motociclistas presentes. Mais uma vez o desafio foi superado! 4 motoportugal

A neve não faltou ao encontro no Vale do Rossim, Serra da Estrela, para mais uma edição dos "Eskimós" do Moto Clube de Vila do Conde. Uma concentração "só para duros"!


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Dakar 2015 Texto: Rodrigo Castro e M.P. Fotos: Equipas

Um ano de grandes emoções Com Paulo Gonçalves em 2º lugar e na luta com Marc Coma até ao fim, este foi mais um Dakar de grandes emoções para os portugueses, que viram ainda Ruben Faria terminar em 6º e Hélder Rodrigues em 12º. O DAKAR 2015 FOI UMA DAS MAIS EMOCIONANTES e duras edições da prova nos últimos anos, sendo que para nós, portugueses, este facto foi teve uma dimensão muito maior, uma vez que um dos dois pilotos em luta pela vitória até ao final foi Paulo Gonçalves, que terminou em segundo lugar a 16m53s do vencedor, Marc Coma, mesmo tendo sofrido 17 minutos de penalização. Foi o quarto pódio para um motociclista português no Dakar, depois dos dois terceiros postos de Hélder Rodrigues e do 2º lugar de Ruben Faria em 2013 - mas, aqui, sem a mesma agitação, uma vez que, na altura, Ruben era obrigado a secundar o seu chefe de fila, Cyril Després. Foram quatro os portugueses que alinharam de moto neste Dakar - Paulo Gonçalves, Ruben Faria, Hélder Rodrigues e Mário Patrão, sendo que este último foi o único que não esteve à chegada em Buenos Aires, abandonano à 10ª etapa após diversos contratempos mecânicos. Na primeira semana de prova Joan “Bang Bang“ Barreda voltou a confirmar a sua habitual rapidez, chegando ao final da primeira metade do Dakar na liderança. Marc Coma mantinha uma aproximação cautelosa 6 motoportugal

ao desenrolar da prova, sabendo de antemão que, com duas etapas maratona, tudo poderia ser jogado nessa altura. Joan Barreda sofria o seu primeiro percalço na etapa 7, ganha por Paulo Gonçalves, quando partia o guiador da sua moto numa zona de lama. Mesmo assim o espanhol da Honda conseguia manter a liderança da prova, perdendo apenas 6 minutos, o que só prova o enorme esforço efetuado para chegar ao bivouac da primeira etapa maratona. Todavia, seria a etapa número 8 que, em grande parte, iria decidir o desfecho deste Dakar, com muitos a terem problemas, mas seriam os pilotos Honda os mais afetados. As CRF 450 Rally de Barreda e Hélder Rodrigues ficavam ficar paradas depois de umas largas centenas de quilómetros sobre o Salar de Uyuni, resultado do mar de sal que atacou componentes elétricos, os menos protegidos. As KTM também sofriam, Villadoms, desistia, no reabastecimento e nas imagens de televisão viu-se Marc Coma em nítidas dificuldades para colocar a sua moto em funcionamento fruto do acumular de sal e lama nos radiadores que levou ao sobreaquecimento dos motores.


Mesmo não estando nas melhores condições a nível físico, Ruben Faria foi 6º no final de mais esta edição do Dakar

CLASSIFICAÇÃO GERAL Class. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. ... 12.

Piloto (moto) Marc Coma, ESP (KTM) Paulo Gonçalves, POR (Honda) Toby Price, AUS (KTM) Pablo Quintanilla, CHL (KTM) Stefan Svitko, SVK (KTM) Ruben Faria, POR (KTM) David Casteu, FRA (KTM) Ivan Jakes, SVK (KTM) Laia Sanz, ESP (Honda) Oliver Pain, FRA (Yamaha)

Tempo 46:03:49 a 16m53s a 23m14s a 38m38s a 44m17s a 1h57m a 2h00m a 2h18m a 2h24m a 3h09m

Hélder Rodrigues, POR (Honda)

a 4h00m

Alguns azares e a necessidade de ajudar a equipa, não permitiram a Hélder Rodrigues melhor que o 12º posto final

No final da etapa 8 Barreda perdia três horas depois de ter sido rebocado e, com isso, a liderança da prova. Rodrigues também perdia cerca de três horas no deserto a arranjar a sua moto, para depois a levar até ao final. Na segunda etapa maratona, mais uma vez, a Honda via-se a braços com problemas mecânicos. Desta vez era a moto de Paulo Gonçalves que tinha problemas no seu motor e, como o português era agora o piloto prioritário, era obrigado a trocar de motor com Barreda, que tinha um motor revisto. Barreda trocava de motor com Jeremias Israel e o chileno ficava a pé, sendo obrigado a desistir. Speedy Gonçalves” acumulava 15 minutos de penalização pela troca de motor e ainda mais dois por excesso de velocidade, e, no final de duas semanas da mais dura competição, num dos Dakar mais disputados de sempre, a diferença entre o vencedor, Marc Coma, e Paulo Gonçalves foi de menos de 17 minutos.... Ruben Faria voltava a fazer uma prova ao seu melhor estilo, cauteloso depois de uma lesão recente na clavícula, todavia, seria um pulso que iria arreliar o piloto algarvio durante grande parte da prova. Mas, uma vez

mais, com o acumular de pressão sobre Marc Coma, Faria assumiu o papel de “escudeiro” do seu companheiro de equipa, seguindo-o como uma sombra até ao final e terminando ao mesmo tempo no 6º lugar da geral. Hélder Rodrigues, apesar das suas duas vitórias em especiais, teve um Dakar difícil, com uma arreliadora gripe no início e depois com os problemas mecânicos sofridos no Salar de Uyuni. Contas feitas às três horas perdidas, Hélder Rodrigues poderia estar dentro do “Top Cinco” mas, no final, este será o pior resultado de sempre do “Estrelinha” na história das suas nove participações no Dakar. Azarada seria também a participação de Mário Patrão que nunca teve hipótese de brilhar fruto de muitos problemas mecânicos na sua moto. Mas este Dakar também não esteve isento de polémicas, nomeadamente na já referida primeira etapa maratona, que voltava a trazer drama ao Dakar, em pleno Salar de Uyuni, na Bolívia - a maior superfície salgada do mundo, com mais de 10.000 quilómetros quadrados de extensão. Para além da dimensão brutal do Salar, a altitude, acima dos 3.500 metros, também serve de condicionante à prestação de motos e pilotos. motoportugal 7


Dakar 2015

O multicampeão Nacional de Todo-o-Terreno, Mário Patrão, foi alvo dos mais diversos azares mecânicos ao longo da prova, que acabaram por ditar o seu abandono

Em baixo: Paulo Gonçalves (7) à partida para mais uma especial, e Ruben Faria (11) no pódio de chegada em Buenos Aires, o mesmo local de onde a caravana partira duas semanas antes

As motos seriam surpreendidas por uma autêntica tempestade na noite anterior à partida, que se estendeu durante a maior parte da travessia do deserto de sal. As temperaturas abaixo de 0˚, a chuva intensa, as fracas condições de visibilidade, e o deserto do Salar, que se transformava num autêntico mar com 15 centímetros de água em alguns locais, levou a uma pequena revolta por parte de alguns pilotos a pedirem a anulação da etapa. A ideia seria fazer um arranque simbólico, tendo em conta a presença do Presidente da República da Bolívia, Evo Morales. Nas imagens de televisão ouvia-se Paulo Gonçalves, visivelmente insatisfeito com Etienne Lavigne, a dizer que” não somos cães para irmos atrás dos outros”. Certo é que a direção de prova garantia que as condições estavam reunidas, depois dos helicópteros terem feito o reconhecimento de uma parte do percurso. Com as motos lançadas no Salar em linha reta com velocidades de ponta acima dos 160 km/hora, pilotos envolvidos em sacos de plástico para combaterem o frio e a chuva, a água salgada, com uma densidade de sal nove vezes superior à água do mar, começou por provocar diversas baixas em termos mecânicos, algumas quedas mas seria o frio que colocaria bastantes concorrentes fora de combate todos eles com sintomas de hipotermia. Após 100 quilómetros a organização colocava um ponto final na primeira parte da oitava etapa, mas o mal estava feito. As Honda de Barreda e Rodrigues sofriam graves problemas em termos mecânicos, Villadoms desistia e Marc Coma também mostrava algum nervosismo depois da 8 motoportugal

sua moto ter vacilado após o reabastecimento. Certo é que os comentários não foram os mais agradáveis, com Coma a referir que desta vez a organização passou dos limites, tendo colocado a vida dos pilotos em risco, enquanto que Joan Barreda referia que o Dakar era uma competição para motos de duas rodas e não para jet ski. Uma palavra ainda para a prova de Laia Sanz, 9ª classificada ao cabo de uma grande prova. Campeã do Mundo de Trial, Campeã do Mundo de Enduro e, agora, uma notável presença no Dakar desde a sua primeira participação em 2011 onde terminou em 39º. Já em 2014 Laia Sanz tinha provado ter todas as capacidades para lutar praticamente em pé de igualdade com os homens nos ralis, onde por vezes se chega aos limites físicos e psicológicos dos participantes. Este ano Sanz vinha para a prova com os mesmos objetivos de sempre. Terminar o melhor possível (30 primeiros???), sem quedas, percalços de maior e com a moto inteira, eram estas as palavras de Laia antes do arranque. Ao contrário de 2014, desta vez Sanz dispôs da mais evoluída evolução da Honda CRF Rally em nítido contraste com a versão de produção utilizada no ano passado e que a levou até ao 16º posto final. Num Dakar épico, a princesa do deserto chegou ao fim de algumas etapas exausta, mas sempre em posições de destaque. Um 19º lugar foi a pior classificação de Sanz numa etapa deste ano e, no final, a entrada no Top 10 foi um prémio mais do que merecido para a nova estrela do mundo do “Off Road”.


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Velocidade Texto e fotos: MP/FMP

CALENDÁRIO CNV 2015 Data 19 de abril 3 de maio 24 de maio 28 de junho 19 de julho 20 de setembro 4 de outubro

Local Estoril I Braga I Estoril II Braga II Portimão Estoril III Braga III

Na grelha para 2015 O Campeonato Nacional de Velocidade regressa em abril, com algumas alterações. É JÁ A 19 DE ABRIL QUE ARRANCA A EDIÇÃO 2015 do Campeonato Nacional de Velocidade, para uma temporada composta por sete jornadas – três no Autódromo do Estoril, outra tantas no Circuito Vasco Sameiro, em Braga, e uma ronda no Autódromo do Algarve. No que respeita a novidades nas classes de Campeonato, a maior alteração diz respeito à criação de uma nova categoria dentro da classe de Superbike, a Superbike Evo, para motos em que, sobre a sua base de série, apenas serão permitidas alterações a nível de carenagem, escape e discos de travão. Sem alterações significativas permanece a classe de Superstock 600. Nas competições do Campeonato Moto Junior, as 125GP partilham a classe com as Moto3 e as 85 (2T) com as Moto4. Já as duas competições de Velocidade sob a alçada da Comissão de Motos Clássicas, nomeadamente o Campeonato Nacional Fuchs Silkolene de Clássicas e o Troféu Século XX – Taça Luís Carreira, verificam-se algumas alterações, a que iremos aqui dar maior destaque. Em qualquer das competições desaparecem as classificações gerais, deixando assim de existir um Campeão Absoluto ou vencedor do Troféu à Geral. Nas Motos Clássicas mantêm-se as três classes, enquanto no Troféu Século XX as classes foram reformuladas, existindo quatro categorias. Quanto ao calendário, e relativamente ao escalonamento anunciado em dezembro quando da Assembleia Geral da FMP, as datas das provas do Campeonato Nacional de Velocidade para 2015 sofreram alguns ajustes, ficando estabelecidas da forma que publicamos nesta página. 10 motoportugal


Troféu Século XX NO TROFÉU SÉCULO XX – Taça Luís Carreira, que em 2015 cumpre a sua terceira edição, poderão participar “todos os motociclos de duas rodas, com data de fabrico entre 1 de janeiro de 1982 e 31 de dezembro de 1999”, que passam as estar dispostos nas seguintes quatro classes: LC1 - Motos de 1 de janeiro 1982 a 31 de dezembro de 1992. Qualquer cilindrada com a máxima potência de catálogo de 120 cv. LC2 - Motos de 1 de janeiro 1993 a 31 de dezembro de 1999. 4 cilindros até 600 cc; 3 cilindros até 675 cc; 2 cilindros até 750 cc. LC3 - Motos de 1 de janeiro 1993 a 31 de dezembro de 1999. 4 cilindros até 750 cc; 3 cilindros até 900cc; 2 cilindros até 999 cc. LC4 - Motos de 1 de janeiro 1993 a 31 de dezembro de 1999. 4 cilindros ou mais a partir de 750 cc a 999 cc, todos os anos. Às motos genuínas de competição a Comissão Técnica de Motos Clássica (CTMC) atribuirá a classe que lhe parecer mais conveniente, tendo

em conta a relação entre modelo da moto e a experiência do piloto. As classes correspondentes à moto devem ser validadas pela CTMC. Os pilotos devem enviar à CTMC a Ficha Técnica (FT) devidamente preenchida. A FT deverá dar entrada pelo menos 30 dias antes da primeira prova do ano e 15 dias antes das restantes provas caso não tenha participado na primeira prova. A FT deverá acompanhar sempre a moto em todas as ocasiões e, sobretudo, durante as Verificações Técnicas antes das provas. Desta Ficha deverão constar a marca, o modelo e o ano de fabrico da moto; o número de quadro (ou o modelo de quadro se não tiver número); o número do motor; a cilindrada, assim como os valores exatos de diâmetro e curso; a lista das modificações realizadas, acompanhadas das respetivas fotos. Todas as modificações realizadas durante o ano deverão ser objeto de uma alteração da FT apresentada à CTMC nas Verificações Técnicas da prova seguinte.

Mais informações e regulamento integral à disposição na Federação de Motociclismo de Portugal e respetivos meios online.

Campeonato Fuchs Silkolene de Motos Clássicas CONFORME REZA O REGULAMENTO, são elegíveis para classificação como Motos Clássicas todos os motociclos de duas rodas, com data de fabrico até 31 de dezembro de 1981, mas serão ainda elegíveis todas as motos “réplicas e reconstruções com data posterior à referida desde que tenham as mesmas características técnicas e aparência dos modelos equivalentes produzidos até 31 de dezembro de 1981, e tenham sido aprovadas pela Comissão Técnica de Motos Clássicas (CTMC). As classes C1, C2 e C3 estão assim definidas em termos técnicos base: C1 - motos produzidas até 31.12.1975 e monocilíndricas 2T até 350 cc, bicilíndricas e tricilíndricas 2T até 250 cc (*); todos os tipos de motores a 4T até 500 cc. C2 - motos produzidas até 31.12.1977 e 2T

até 500 cc (*), 4T até 750 cc C3 - motos produzidas até 31.12.1981 e 2T até 750 cc, 4T até 1200 cc (*) as motos a 2T de 250 cc a 500 cc de refrigeração líquida e quadro cantilever, ex. Yamaha TZ, AJS TSS350, Suzuki RG500, competem na classe C3. No ponto 3.4 e 3.4.1 do regulamento de Clássicas refere-se ainda, respetivamente, que “podem ser admitidas outras motos de 2T e 4T, desde que sejam elegíveis para o ICGP. Estas motos correrão sempre na classe C3” e que “caso a moto não tenha correspondência às classes estabelecidas mas que tenha interesse histórico e desportivo a CTMC poderá, se assim o entender, e a título excecional, permitir ao concorrente, participar em provas do campeonato. Nessa

situação ser-lhe-á atribuído um número de competição, que começará com o número 0, partirá do último lugar da grelha e não se qualificará, independentemente da sua posição no final da prova e consequentemente não obterá nenhum (uns) ponto (s) na classificação do Campeonato Nacional de Motos Clássicas. Finalmente, é acrescentado ao regulamento um ponto que estabelece que: “Independentemente de estar dentro do número de pilotos definido pelo Regulamento Particular, um piloto só poderá alinhar na corrida se tiver realizado um mínimo de 2 (duas) voltas cronometradas. Devido à especificidade desta competição não se aplica o tempo mínimo de qualificação definido no art. 13.2do Anexo A - Regulamento Desportivo.”

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Gala dos Campeões Texto: M.P. Fotos: Paulo Maria /Interslide

Estrelas brilham na Batalha

A Gala dos Campeões 2014 da FMP teve lugar na Exposalão, Batalha, numa organização conjunta com a FPAK.

Paulo Gonçalves, Campeão Mundial de TT 2013 e recente 2º colocado no Dakar, com o Colar de Mérito da FMP. À direita, Rita Vieira recebeu o Diploma de Mérito, e Sandro Lobo (Infantis A)

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Miguel Oliveira foi um dos pilotos portugueses presentes que representa Portugal em campeonatos do Mundo, aqui com o Campeão Nacional de Superbike 2014, André Pires

Quad-Cross, Todo-oTerreno, Motocross ou Velocidade Clássicas, algumas das modalidades regidas pela FMP cujos melhores representantes não faltaram à chamada nesta Gala

DEPOIS DE, NO INÍCIO DE 2014, a Federação de Motociclismo de Portugal (FMP) se ter associado à sua congénere dos automóveis, a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) para a realização do 1º Salão dos Campeões, realizado nos pavilhões da Exposalão, na Batalha, neste segundo ano a animação alargou-se com a organização, no mesmo fim de semana, da Gala da entrega de prémios aos Campeões Nacionais da época passada, gala que, pela primeira vez, decorreu em paralelo com idêntico evento de consagração dos campeões da FPAK. Uma vez mais, estiveram presentes os vencedores dos diversos campeonatos nacionais, tendo

sido homenageados também os membros das várias seleções nacionais de motociclismo, num evento que contou igualmente com a presença de alguns pilotos que defendem as cores de Portugal ao mais alto nível em competições internacionais, casos de Paulo Gonçalves, Miguel Oliveira, Luís Correia e Diogo Ventura. Assim, no sábado 31 de janeiro, os campeões das motos e automóveis puderam confraternizar em cerimónia comum, em animado convívio que também envolveu representantes de marcas e dirigentes desportivos. O evento contou ainda com a presença do Secretário de Estado do Desporto, Emídio Guerreiro, e do presidente da

Confederação do Desporto de Portugal, Carlos Cardoso. Como habitualmente, a FMP entregou ainda os seus galardões anuais, com Paulo Gonçalves a ser distinguido com o Colar de Mérito da FMP, e Rita Vieira distinguida com o Diploma de Mérito desta entidade. Já no domingo, tal como damos conta noutro local desta edição, a FMP apresentou o 17º Portugal de Lés-a-Lés e da primeira edição do Lés-a-Lés Off-road. No primeiro caso, este ano os participantes vão arrancar do norte, em Sabrosa, seguindo por Castelo Branco até Albufeira. Quanto ao Lés-a-Lés Off-Road, terá início em Bragança, com chegada a Lagos após três dias de aventura. motoportugal 13


Gala dos Campeões

Ariana Pinto foi mais uma Senhora a subir ao palco nesta Gala conjunta organizada pela FMP e pela FPAK

José Rita (Comissão de TT) com Paulo Gonçalves e Ricardo Carvalho. Em baixo, algumas das melhores esperanças do Motociclismo nacional, nomeadamente Pedro Nuno (Velocidade), Carlos Gonzallo (Velocidade), Sandro Peixe (MX/SX) e Sebastian Bühler (Todo-o-Terreno)

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Paulo Alberto e Rodrigo Castro (Comissão de MX), ladeiam Miguel Gaboleiro (Campeão de Supercross, classe SX2)




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