Moto Portugal 251Fevereiro 2016

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fevereiro 2016 nº 251

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FEDERAÇÃO DE MOTOCICLISMO DE PORTUGAL, Largo Vitorino Damásio, 3 C - Pavilhão 1 - 1200 - 872 Lisboa Tel: 213936030/Fax: 213971457


Noticiario

Chegou a Z Cup!

Depois das Ninja 300, a Kawasaki lança em Portugal um troféu para as naked Z 800. A recente apresentação do Troféu Z Cup,a disputar com as Kawasaki Z 800, vem complementar uma oferta bastante vasta para a Velocidade nacional em 2016. O promotor do troféu, Paulo Vicente, em parceria com a Multimoto e a FMP, já correu na Z Cup espanhola, tendo participado em várias rondas do CNV em 2013, e tem bem presente as mais valias desta competição. Assim, por 12.500 € vai ser possível participar nas provas integradas no Nacional de Velocidade e numa prova espanhola, já incluindo os custos da licença desportiva, inscrições, box e transponders incluídos. Caso haja menos de oito pilotos inscritos nesta temporada de 2016, estes participarão integrados nas provas do Troféu Luís Carreira. Caso sejam mais de oito, passarão a ter uma prova própria, disputada em duas mangas. As Z 800 do troféui virão preparadas com um kit composto por uma extensa lista de peças, estando previstas facilidades de pagamento e, ainda, a CALENDÁRIO Z CUP PT 2016 possibilidade de ser partilhar a moto com outro 07 e 08 de Maio Estoril I piloto, alternando consoante as preferências. 21 e 22 de Maio Portimão Há ainda a possibilidade de oferecer serviços 18 e 19 de Junho Braga I técnicos e de logística, tanto para trocar de 09 e 10 de Julho Estoril II pneus como para levar e trazer a moto para 23 e 24 de Julho Braga II as corridas. Um serviço de financiamento está 24 e 25 de Setembro Estoril III previsto para aquisição da moto e, se pretender, 1 e 2 de Outubro Jerez (*) o piloto pode entregá-la no final. 15 e 16 de Outubro Braga III 29 e 30 de Outubro Estoril IV Pode obter mais informações na rede (*) opcional nacional de concessionários da Kawasaki.

Manuel Marinheiro Presidente da FMP

Editorial A temporada desportiva nacional de 2016 abriu com a primeira prova do Campeonato Regional MX Ribatejo. 136 pilotos estiveram presentes no Rebocho, ficando bem patente a “fome de corridas” que já apertava e o bom trabalho que tem vindo a ser efetuado nos últimos anos pelas organizações dos vários Campeonatos de Motocross Regionais, em conjunto com a FMP. A nível internacional, temos já o nosso campeão Luís Oliveira a destacar-se no Campeonato Mundial de Super Enduro, onde, após três de seis provas, ocupa um excelente segundo lugar na classe Júnior, tendo já vencido uma manga na última prova na Argentina. Na Velocidade, para além da Escola Oneundret Racing (dos 4 aos 12 anos), do “Objetivo Velocidade 2020” (dos 8 aos 12 anos), do troféu “Kawasaki Ninja 300 Cup” (dos 12 aos 22 anos) e da “Copa Estoril Dunlop Motoval” (a partir dos 15 anos), foi agora apresentada mais uma nova competição para 2016, o Troféu “Kawasaki Z800 Cup” (a partir dos 20 anos). Motos, motivos, incentivos e competições não faltam para ir para as pistas, seja qual for a idade!

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12 Horas de Portimão mudam de data A ronda do Campeonato do Mundo de Resistência agendada para o Autódromo Internacional do Algarve, inicialmente prevista para o final de junho, foi alterada para os dias 11 e 12 de junho. A organização optou por alterar a data da corrida de resistência em virtude do feriado nacional de 10 Junho e da inexistência de corridas, nesse fim-de-semana, tanto do Campeonato do Mundo de Superbike e de Moto GP.

Impressão: Lidergraf Sustainable Printing, Depósito Legal nº 375670/14 Nota: Isento de registo na ERC (Entidade reguladora para a Comunicação Social), ao abrigo do Decreto Regulamento 8/99 de 09/06 - Artigo 12º- Nº1 - A. 2 MOTO

EQUIPAMENTO Fato Alpinestars “Motegi” (Valor de 950 €) PARTICIPAÇÃO Licenças Inscrições Transponder (Valor de 1.305 €) ACOLHIMENTO Boxes Cattering para duas pessoas Verificações no local Aconselhamento técnico Sobressalentes no local (Valor de 1.150 €)

Luís Oliveira vence na Argentina

As 12 Horas de Portimão serão transmitidas em direto pelo Eurosport – o que não dispensa a viagem ao Algarve, para aquela que promete ser uma grande festa das motos. Outra novidade é a participação da Parkalgar Racing Team na ronda de Portimão, com uma equipa que a organização não revelou ainda mais que afirma ser “de sonho”.

FICHA TÉCNICA Revista MotoPortugal Editor: Federação de Motociclismo de Portugal Edição: nº 251, fevereiro 2016; Produção: F.M.P.

KIT COPA Carenagem Carbonvice Escape Remus + Quickshifter IRC Amortecedor de direção Bitubo Amortecedor traseiro Bitubo Forquilha modificada AG Racing Tubos malhas de aço Galfer Cavaletes + apoios de cavalete Puig Peseiras racing Gilles Touling Proteções motor GBR + cogumelos Puig Tampão de gasolina e de óleo Puig Filtro de ar Sprint Filter + explosafe Kit gráfico AQD (Valor de 4.950 €)

MX Ribatejo 2016 com 136 pilotos

Depois dos pódios nas primeiras rondas europeias do Campeonato do Mundo de Super Enduro, Luís Oliveira deu sequência à sua bem sucedida incursão no Mundial com a ronda sul-americana, vencendo a primeira manga da classe Júnior na Argentina. O piloto da Yamaha foi depois 2º na corrida seguinte e 5º na última ronda da noite, seguindo para a prova seguinte, no Brasil, a somente 29 pontos do líder, com duas jornadas ainda

por disputar após a ronda de Belo Horizonte. “Foi uma corrida positiva, sempre muito renhida. Estou muito satisfeito com a performance da minha moto e também com o que consegui fazer”, começa por explicar Luís Oliveira. “O mais importante foi que ganhei pontos e que me aproximei do primeiro classificado. Agora estou focado no Brasil que é já no próximo fim-desemana.” (Prova já disputada após o fecho desta edição).

Começou na pista da Quinta Grande, no Rebocho, o Regional MX Ribatejo 2016. Com organização a cargo do Moto Clube da Glória os 1400 metros do traçado ribatejano receberam um fantástico número de 136 pilotos distribuídos pelas diversas categorias em competição, desde as 50 cc até às MX2 e MX1. Um dia recheado de provas que ditou nove vencedores de categoria e onde estiveram igualmente presentes Hélder Rodrigues e Miguel Gaboleiro, pilotos convidados que vieram até ao Rebocho para um dia de treinos. O piso arenoso do carismático traçado e um dia seco proporcionou as melhores condições a todos os pilotos e também ao sempre apaixonado público da região do Ribatejo que mais uma vez respondeu de forma positiva ao chamamento do clube anfitrião, sedeado na terra natal de César e Sandro Peixe, pilotos históricos do MX nacional. A próxima prova do MX Ribatejo 2016 será no dia 13 de Março na pista do Alqueidão.

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Livro de Ouro

Texto: Moto Portugal Fotos: Arquivo do piloto

BERNARDO VILLAR

O AFRICANO

Bernardo Villar fala-nos do Dakar, dos bons e maus momentos, dos “dois amores” que o dividem e de projetos para o futuro. Este homem não pára! UM DOS RESPONSÁVEIS POR ABRIR CAMINHO À ATUAL GERAÇÃO DE OURO DE PILOTOS PORTUGUESES NOS RALLYS RAIDS, Bernardo Villar ainda não deu por encerrada a sua carreira desportiva, ainda que agora num ritmo mais descontraído (pelo menos até entrar em pista...). Mas se à coisa que há muito merece é, sem dúvida, um lugar no Livro de Ouro do Motociclismo nacional. MOTO PORTUGAL - A tua carreira – que ainda não terminou – já vai longa e tem passado por diversas modalidades. Quando é que começaste com as motos e qual foi o início na competição? BERNARDO VILLAR - O início concreto nas motos foi na minha quinta, com as “Zundapp” dos trabalhadores rurais; depois a minha primeira “moto” foi uma Peugeot de acelerar que nunca trabalhou, e mais tarde tive uma Casal de 4, foi aí que aprendi a andar. A nível desportivo, só muito mais tarde. Por insistência de um grande amigo, inscrevi-me nos “2FF”, Dois Dias Figueira da Foz 4 MOTO

em 1982, com uma Yamaha 125 DT MX - a minha rica moto do dia a dia, inscrito na classe 2, a qual, para meu espanto, venci! Logicamente, a partir daí foi “sempre a dar-lhe!!” M.P. - O Dakar terá sido a prova que melhores momentos te trouxe, mas talvez também alguns dos piores. Queres recordar os pontos mais altos e os mais dolorosos do teu percurso no Dakar? B.V. - Levaria muito tempo a responder, pois houve muitos, quer para um lado, quer para o outro, mas só vou falar de um de cada, não quer dizer que sejam os mais importantes. Quando tento recordar os melhores momentos do Dakar, basta pensar nele, pois todos são grandes momentos, do princípio ao fim, mas há uns que vêm mais rápido à memória – como, por exemplo, a vitória numa “especial”, sem dúvida algo que me fez orgulhar de mim próprio, pois as condições físicas em que o fiz não podiam ser piores. Quanto aos maus, só me lembro dos abandonos,

BERNARDO CABRAL POSSER DE ANDRADE VILLAR Nascido a 6 de maio de 1962 Natural de Lisboa Residente em Pinhal Novo

O "C.V." no Dakar 8 participações de moto 1994 Honda 23º 1995 Yamaha 14º 1996 KTM abandono 1998 KTM abandono 1999 KTM 16º 2000 KTM 9º 2001 KTM 10º (1º Maratona) 2002 KTM 15º (+ 5 participações de carro)

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Livro de Ouro A Velocidade e o Todo-o-terreno são duas paixões. "No fundo, eu gosto é de motos"

foram dois em oito participações de moto, um pior que o outro, pois parti o fémur e o braço. Mas o pior foi que estava bem classificado (7º) e faltavam três dias para acabar e um para deixar o deserto. Perdi um grande resultado. A outra vez que abandonei foi em Marrocos, num acidente frontal contra um marroquino que adormeceu... Os danos não foram graves, mas obrigaram ao abandono. M.P. - Pioneiros, rivais, parceiros… como foi a tua relação com o Paulo Marques ao longo dos anos nas provas africanas? B.V. - Conheci o “Marquês” como adversário, no Moto Rally de Sesimbra, e ele deu logo deu um enorme bilhete a todos. Depois ficámos amigos na prova seguinte, que foi em Palmela - ele queria repetir a dose, eu queria brilhar em casa... resultado: conhecemo-nos melhor no hospital de Palmela! Ficámos amigos até hoje, quase sempre "rivais", sobretudo no Dakar, mas devo dizer que gerimos muito bem essa situação. Mas não foi o único rival que tive, lembro outros (não todos), no Enduro o Alex Pires e o Mário Brás, no TT eram muitos, pois tentava lutar à geral, mas na classe 4T era o Pedro Meneses, o Rodolfo Sampaio, o Mário Brás, o João Lopes... Na Velocidade também havia muita concorrência e tive fortes adversários, como o Joaquim Cidade, o Vizela ou o Jorge Dias, mas uma coisa é certa: eramos amigos até à hora da partida. Num reparo à parte, adorei ser adversário (em Velocidade) do meu ídolo, mentor e professor, passados vinte e tal anos destes factos - competi à séria contra ele, deu-me um gozo brutal e foi um grande momento para mim: Clássicas 2013, Maninho Sobral! M.P. - Terão havido muitas e muitas histórias curiosas para contar. Queres partilhar alguma connosco? 6 MOTO

B.V. - Histórias há muitas, mas prefiro chamar-lhe “momentos”, e às vezes, faço um pequeno apanhado dos bons momentos que tive na minha vida desportiva, uns mais marcantes que outros e em diversas disciplinas. Não devo esconder que também gostei muito de fazer o Dakar em quatro rodas, sobretudo porque fui sempre bem acompanhado. Fiz o Dakar de carro cinco vezes, duas com o José Lucas (Lucapower), duas com o Pedro Gameiro e uma com o Paulo Marques. Devo dizer que todos foram excelente companhia, é uma aventura completamente diferente, muito mais divertida, pois havia sempre companhia, ao contrario da solidão de motard. A nível desportivo, penso que o ponto alto foi a minha participação em 2002; tive o privilégio de conseguir a maior equipa de sempre (nacional) privada no Dakar, a Actimel Racing Team, consegui reunir as condições necessárias para inscrever dois pilotos que iriam lutar pelo top 5, um 4x4 de assistência rápida e um camião 6x6 de assistência. Foi uma bela experiência e uma satisfação pessoal muito grande, pois a equipa foi muito elogiada na altura pela sua organização e desempenho. Foi com essa equipa que ganhei uma etapa no Dakar. M.P. - Se bem que o Todo-o-terreno tenha sido a modalidade onde mais te destacaste, o teu palmarés conta também com muitas incursões na Velocidade. Entre as pistas de terra e os circuitos de Velocidade, é um caso de “eu tenho dois amores”? B.V. - Nesta questão, tocaram na ferida! Claro que já percebi que o que gosto é de andar de moto: quando ando na terra, acho que é ali que prefiro estar, e quando estou em pista penso “isto é que é!” Em que ficamos? Supermotard? Estupidamente foi das poucas disciplinas que nunca fiz, talvez fosse a correta!! Mas, devo confessar, acho que a Velocidade

ganha por um ou dois pontos percentuais. Um dos meus sonhos de miúdo era participar nas 24h Bol d'Or, mas o destino puxou-me para sul, fui parar a África. O Dakar era uma corrida impensável de fazer, mas acabei por lá estar 13 vezes à partida. Mas fiquem descansados que ainda não perdi a mania do cocktail: ando de moto de TT “africana” regularmente, faço um pouco de Motocross e participo nas Clássicas de Velocidade... será que nunca mais me decido? M.P. - Na verdade, ultimamente tens estado muito ativo no Campeonato Nacional de Clássicas. Este ano é para continuar? B.V. - Para este ano penso continuar com a minha Honda 900 Bol d'Or, estou apenas a ver se fica mais fiável a nível de carburadores, e mais umas pequenas alterações. Já agora, nunca fui Campeão Nacional em Velocidade. No ano passado fiquei em segundo e gostava de ganhar este ano, vou ver se consigo. M.P. - Mais algum projeto em vista relacionado com motos? Existe alguma coisa que ainda gostasses de fazer em termos de competição, mesmo que meramente com a intenção de te divertires? B.V. - Sabes que não sou homem para estar parado, mas também tenho a noção que não posso fazer o que fazia. No entanto, há uma coisa que gostava, de estar ligado a uma equipa off road no sentido de ajudar e organizar, pois muito se pode fazer quando se tem experiência nessa área. No aspeto desportivo gostava de voltar a participar num rally em África, à semelhança do que fiz em 2011 no Merzouga Rally, de moto. Como novidade absoluta, fica registada a minha vontade de participar no África Eco Race aos comandos de um Buggy, possivelmente com o Paulo Marques. Estou de momento a fazer os primeiros contactos com possíveis patrocinadores.


Dakar 2016

Texto: Moto Portugal Fotos: Equipas

A ROÇAR A GLÓRIA! Hélder Rodrigues foi 5º da geral e Mário Patrão venceu a classe Maratona, num Dakar que cheio de momentos quentes, alergrias e desapontamentos. E alguma polémica.

Mário Patrão (em cima) foi 13º e venceu a Classe Maratona. À direita, Ruben Faria

Hélder Rodrigues (foto de abertura), Paulo Gonçalves, Ruben Faria, Mário Patrão e Bianchi Prata

O AUSTRALIANO TOBY PRICE OFERECEU À KTM O SEU 15º TRIUNFO CONSECUTIVO NO DAKAR, sendo acompanhado ao pódio pelo privado eslovaco Stefan Svitko (também em KTM) e pelo chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna) – no fundo, completando um pódio totalmente “Made in Mattighoffen”, sendo a formação oficial da Husky, afinal, um “spinoff” da KTM. Kevin Benavides, da formação Honda South America, foi 4º e o melhor estreante, com Hélder Rodrigues (Yamaha) a completar o top 5, ele que mantém imaculado o seu recorde de chegadas ao final no Dakar – nada menos que dez participações consecutivas (as duas primeiras ainda em África), nove delas no Top 10 8 MOTO

(foi apenas 12º em 2015) e com dois pódios pelo meio. Impressionante! Mas a edição de 2016 do Dakar era uma daquelas em que os portugueses depositavam justificadas esperanças. Com cinco pilotos à partida nas motos, três deles integrados em formações de fábrica, as ambições à vitória eram uma realidade. Para mais, os dois homens que dividiram entre si as vitórias nas motos nas anteriores dez edições do Dakar, Cyril Després e Marc Coma, não constavam da lista de inscritos nas motos, pelo que o trono estava vago. Després já havia passado para os automóveis em 2015, e Marc Coma assumiu funções de diretor de prova dentro da organização da ASO

(e, na opinão de muitos, teria sido preferível ter ficado aos comandos da KTM...) Os candidatos ao pódio eram muitos, e entre eles os nossos três “oficiais”: Hélder Rodrigues estava de regresso à Yamaha, Paulo Gonçalves estava motivadíssimo neste seu terceiro Dakar como piloto oficial Honda, e Ruben Faria trocava as cores da KTM de fábrica pela equipa “irmã” da Husqvarna. Sem tantos meios à disposição, como meros pilotos privados (mas comprovados), estavam também presentes Mário Patrão, desta vez com uma KTM para este seu quarto Dakar, após três anos com a Suzuki e apostando na classe Maratona,

e ainda Pedro Bianchi Prata (Honda), regressando ao Dakar como piloto após um ano em que tinha estado presente apenas como chefe de equipa. Hélder Rodrigues teve uma primeira semana de prova atribulada, devido à doença que o afetou, mas na segunda metade atacou e ganhou posições – e uma etapa -, terminando no 5º posto. Pela sua experiência e andamento, acabou por saber a pouco, pois não fossem os problemas na primeira metade da prova, e o pódio seriam um alvo perfeitamente ao seu alcance. Mário Patrão foi o segundo melhor português na prova, após uma grande segunda metade do rali, terminando num brilhante 13º posto da geral

e vencendo a classe Maratona, após um grande duelo com o romeno Emanuel Gyenes - que já tinha ganho a categoria em três ocasiões. O multicampeão nacional de TT afirma-se cada vez mais como um piloto a ter em conta pelas equipas oficiais. Quanto a Pedro Bianchi Prata (Honda), a regressar com a sua própria estrutura e numa Honda CRF450 com o kit desenvolvido pelo próprio, atingiu a meta no 69º lugar após vários percalços mecânicos na segunda semana de prova, inclusivamente uma troca de motor. Quanto a Paulo Gonçalves e Ruben Faria, integrados nas formações de fábrica da Honda e

Husqvarna, respetivamente, estiveram em grande nível, mas ambos foram forçados a abandonar por queda. Ruben Faria chegou a ocupar o 2º posto, e era 7º colocado quando caiu na sexta etapa, desistindo após ter fraturado um pulso. Já Paulo Gonçalves foi uma das grandes figuras desta edição, ele que era um dos principais candidatos ao triunfo, após o 2º lugar no ano passado. O piloto de Esposende viu a sua prova em risco várias vezes, começou azarado mas rapidamente trepou posições e passou a liderar a partir da quarta etapa, posição que segurou durante quatro dias. Abandonou por queda na 11ª e antepenúltima etapa, após várias peripécias, como a penalização P

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Dakar 2016

Hélder Rodrigues (em baixo) teve uma primeira semana de prova marcada por azares e debilitado pela doença, mas atacou forte na segunda semana, rumo ao quinto lugar da geral

Paulo Gonçalves (foto central) foi um dos grandes protagonistas desta edição do Dakar, liderando a prova durante quatro dias

após um problema mecânico na encurtada 9ª etapa, que só lhe foi comunicada quase dois dias depois. O arranque competitivo da prova, que largou de Buenos Aires rumo a Rosario, teve lugar num curto prólogo de 11 km (cujos tempos acabaram por contar para a classificação, ao contrário do previsto inicialmente), que iria estabelecer a ordem de partida para o primeiro dia “a sério”, que ligaria Rosario a Villa Carlos Paz. Os portugueses estiveram em grande no prólogo, com Ruben Faria a igualar o melhor tempo de Joan Barreda (ele que viria a abandonar novamente a prova), e Hélder Rodrigues a colocar a WR450 Rally logo a seguir. Paulo Gonçalves começava mal, com problemas na moto que não o deixaram ir além do 50º tempo. 10 MOTO

No dia seguinte, o da 1ª etapa, o piloto da Honda teve um problema elétrico na sua moto que o teria levado a deixar de lado, logo ali, quaisquer hipóteses de discutir os lugares cimeiros. No entanto, as chuvas torrenciais levaram a organização a anular esta etapa inaugural por completo – um golpe de sorte para Paulo Gonçalves, que assim manteve incólumes as suas aspirações à vitória. Esta foi apenas a primeira das muitas alterações efetuadas ao figurino da prova. Teríamos ainda várias etapas encurtadas e com setores anulados devido à excessiva subida de rios ou ao calor extremo que deixou vários concorrentes em dificuldades. Foi aqui que surgiram algumas polémicas, como a da 9ª etapa (em que Paulo Gonçalves viu o motor da sua Honda ceder devido a um furo no

radiador, sendo novamente “salvo” pelo anular de parte da especial). Foram atribuídos tempos nominais a parte da caravana, anulada parte da especial a partir de CP2, e, depois, de CP1. A organização, não comunicando atempadamente a razão de ser da maioria das decisões, deu azo a especulações e informação cruzada que não favoreceu a imagem da prova. Na frente, depois da penalização – e posteriormente da queda na 11ª etapa – de Paulo Gonçalves, Toby Price ficou à vontade para rumar à vitória, bem escoltado pelo privado Stefan Svitko e pelo “rookie” de luxo que é Antoine Meo, vencedor de duas etapas e 7º no final, bem como por Pablo Quintanilla, que acabaria em terceiro depois de ter sido 4º no ano anterior.

O primeiro australiano a vencer o Dakar conseguiu a proeza logo à segunda tentativa, depois do pódio na estreia em 2015, e deu sequência ao domínio KTM na prova durante a última década e meia. Curiosidade é ainda o facto de nada menos de que sete dos 12 primeiros colocados serem estrantes absolutos na prova – Kevin Benavides (4º), Adrien Van Beveren (6º), Antoine Meo (7º), Ricky Brabec (9º), Armand Monleón (10º), Michael Metge (11º) e Jacopo Cerrutti (12º), o que atesta bem o caráter atípico desta edição, com muito mais de Baja do que de Rally Raid puro e duro. É o Dakar a perder a sua essência, já muito beliscada após a passagem para a América do Sul? Julgamos que sim, mas ainda há como recuperar a mística. Aguardemos por 2017!

CLASSIFICAÇÃO GERAL - FINAL 1º Tony Price 2º Stefan Svitko 3º Pablo Quintanilla 4º Kevin Benavides 5º Hélder Rodrigues 6º Adrien Van Beveren 7º Antoine Meo 8º Gerard Farrés 9º Ricky Brabec 10º Armand Monleón 11º Adrien Metge 12º Jacopo Cerutti 13º Mário Patrão 14º Emanuel Gyenes 15º Laia Sanz 69º Pedro Bianchi Prata

KTM KTM Husqvarna Honda Yamaha Yamaha KTM KTM Honda KTM Honda Husqvarna KTM KTM KTM Honda P

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48h09m15s a 39m41s a 48m48s a 54m47s a 55m44s a 1h46,29s a 1h56m47s a 2h01m00s a 2h11m27s a 3h27m49s a 3h50m05s a 4h11m40s a 4h14m32s (1º Classe Maratona) a 4h18m48s a 4h33m28s a 22h28m35s R

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Motocross

Texto: Comissão MX F.M.P. / M.P. Fotos: Comissão MX F.M.P.

MX PRONTO

Tudo a postos para o arranque do Campeonato Nacional de Motocross 2016. Vamos ver o que muda.

PARA A LARGADA!

O futuro em estágio

O Campeonato Nacional de Motocross arranca em março com as rondas de Freixo de Espada à Cinta e Casais de São Quintino

O C A M P E O N AT O N A C I O N A L D E MOTOCROSS TEM O SEU ARRANQUE MARCADO JÁ PARA O DIA 20 DE MARÇO em Freixo de Espada à Cinta, primeira de uma agenda de sete jornadas para a elite do MX luso. Para este ano, o Nacional de MX mantém o mesmo figurino base da temporada anterior, com algumas alterações, que passamos a referir em seguida. O que muda para 2016: - Eliminação da manga de qualificação nas classes de MX1 e MX2, passando a efetuar-se duas sessões de treinos: uma sessão livre de 25 minutos e outra cronometrada de 20 minutos, a que se adicionam mais cinco minutos para treino de arranques. 12 MOTO

- Da mesma forma, os Iniciados irão efetuar duas sessões de treinos: uma de 15 minutos livre e mais outra cronometrada de 15 minutos, a que se acrescentam também mais cinco minutos de arranques - As classes de Iniciados, Infantis A e B passam a pagar uma taxa de inscrição no valor de 15€ nas provas do Campeonato Nacional. - Aumento da taxa de inscrição nas provas do Nacional de 15 € para 20 € Entretanto, algumas das competições do motocross nacional sofreram ajustes aos seus calendários, a pedido dos clubes, nomeadamente os Nacionais de Infantis A e B, Iniciados e Regional PentaControl (Norte). Com as alterações propostas e o novo escalonamento, os respetivos calendários ficarão assim definidos:

No passado dia 6 de fevereiro realizou-se em Pegões, na pista do MXSpot, o primeiro estágio do ano de Motocross da F.M.P. Foi feito um treino de captação para as classes juvenis, que são o futuro da modalidade, tendo sido efetuados um vasto número de exercícios para melhorar a eficácia e o rendimento dos pilotos. Realizou-se um treino onde se exigiu e se trabalhou fundamentalmente a técnica em curva, travagens e posição em cima da moto. Trabalhou-se ainda a técnica de entrada em saltos simples e também com a entrada para o salto com regos, onde a dificuldade era bastante elevada. Foram igualmente efetuados vários testes de arranque, tendo em conta a postura a adotar para a saída da grelha. Durante o dia foram feitas várias palestras para incentivar os pilotos e melhorar a compreensão das técnicas treinadas durante os exercícios práticos. Foi um grande dia de Motocross, e aqui deixamos o agradecimento a todos os que nele participaram.

CALÉNDÁRIO 2016 Campeonato Nacional de Motocross 20 de março Freixo de Espada à Cinta 27 de março Casais de São Quintino 10 de abril Marinha das Ondas 1 de maio Granho 29 de maio Moçarria 12 de junho Vieira do Minho 19 de junho Fernão Joanes Campeonato Nacional de MX Iniciados 13 de Março Alqueidão (com MX Ribatejo) 27 de Março Casais S. Quintino 10 de Abril Marinha das Ondas 29 de Maio Moçarria 12 de Junho Vieira do Minho

10 de Julho Vagos (com Pentacontrol) 21 de Agosto Seia (com Pentacontrol) 4 de Setembro Valpaços (com Pentacontrol) Campeonato Nacional de MX Infantis B 20 de Março Freixo de Espada à Cinta 1 de Maio Granho/ Glória do Ribatejo 8 de Maio Lustosa (com Pentacontrol) 22 de Maio S. João da Pesqueira (com Pentacontrol) 29 de Maio Moçarria 4 de Setembro Valpaços (com Pentacontrol) 11 de Setembro local a definir (com Sintra MX)

8 de Maio Lustosa (com Pentacontrol) 22 de Maio S. João da Pesqueira (com Pentacontrol) 29 de Maio Moçarria 5 de Junho Carrazeda de Ansiães (com Pentacontrol) 11 de Setembro local a definir (com Sintra MX) Campeonato Regional MX PentaControl - Norte 8 de Maio Lustosa 22 de Maio São João da Pesqueira 5 de Junho Carrazeda de Ansiães 10 de Julho Vagos 21 de Agosto Seia 4 de Setembro Valpaços

Campeonato Nacional MX Infantis A 1 de Maio Granho/Glória do Ribatejo

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Mototurismo

Texto e fotos:João Serra, Comissão Mototurismo FMP

ESKIMÓS ABREM ÉPOCA COM NEVE A concentração invernal do Moto Clube de Vila do Conde, "Eskimós", abriu a época de mototurismo.

NOS DIAS 5, 6 E 7 DE FEVEREIRO deu-se início a mais uma época mototurística nacional, com a 9ª edição dos “Eskimós”, Concentração Invernal organizada pelo Moto Clube de Vila do Conde. Esta foi muito rigorosa e dura com as mais diversas e agrestes condições climatéricas. Durante todo o fim-de-semana o clima apresentou-se bem diverso. Começou com um sol radioso mas no sábado ao fim da tarde mudou radicalmente e houve de tudo, desde chuva torrencial, ventos fortes e queda de granizo, um frio de rachar com as temperaturas a descerem até aos 10º negativos, acabando com muita neve durante a noite até de madrugada. Um lindo cenário branco desejado por todos os participantes. Mais uma vez, o local escolhido pelo Moto Clube Vila de Conde para a realização desta Concentração Invernal foi o “Eco Resort” no Vale do Rossim, um bom parque de campismo situado em pleno coração da Serra da Estrela. A cada ano que passa a participação de motociclistas aumenta nos Eskimós, e estiveram representados de Norte a Sul do País e, mais uma, vez a aderência de estrangeiros aumentou, desde espanhóis, ingleses a belgas, alemães e franceses. O ambiente, como sempre, é excelente - boa disposição, bons petiscos, grandiosa camaradagem à volta das fogueiras, uma verdadeira recompensa 14 MOTO

para quem enfrenta a dureza do frio extremo. No bar convívio, o DJ e a banda animaram as noites. De salientar ainda as saborosas refeições que são servidas durante todo o fim-de-semana. O Moto Clube de Vila do Conde está de parabéns pelo sucesso dos Eskimós, por todo o esforço e sacrifício, pela excelente capacidade de organização e ordenação de tudo o que envolve a Concentração. Sabemos que tudo isto é possível devido ao dinâmico e simpático grupo de trabalho que se une e trabalha com dedicação, e à colaboração do Eco Resort do Vale do Rossim, o que dá origem a que tudo funcione na perfeição. De agradecer à organização este ano a abertura do igloo gigante e bar durante toda a noite, para que alguns motociclistas pudessem dormir devido à chuva forte que ensopou algumas tendas durante a tarde de sábado. O Moto Clube de Vila do Conde agradece o apoio da Câmara Municipal de Gouveia, Junta Freguesia de Valhelhas, GNR Brigada da Montanha, Bombeiros Voluntários de Gouveia, Instituto Nacional Área Protegida Serra da Estrela, Estradas de Portugal (limpa neves) e Eco Resort Vale do Rossim, pois a sua colaboração foi valiosa e essencial para que esta concentração decorresse com êxito. A todos os que colaboraram, um muito obrigado.



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