Segredos Para o Sucesso Espiritual

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Segredos Para o Sucesso Espiritual

Por Fรกbio Cancela (GSD)


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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus amigos especiais que precisarão permanecer anônimos, uma vez que o céu tem sido muito generoso para comigo, dando-me amigos que realmente são mais chegados que um irmão. Aos meus irmãos, porque me ensinaram o verdadeiro sentido da palavra família. Aos meus queridos pais, por haverem me dado amor e caráter como sua melhor herança. Aos meus filhos, por serem muito mais do que um pai poderia desejar. Eu agradeço a minha linda e leal esposa, porque, literalmente, dividiu comigo todas as lágrimas ao longo do processo que resultou nesta experiência escrita. Agradeço especialmente a Deus, por me defender de mim mesmo, a fim de que eu permita que os Seus planos se realizem em minha vida.

O Autor


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PREFÁCIO

Eu não me arrogo o direito de ser o originador de nenhum dos ensinamentos aqui expostos; uma vez que estes são, no máximo, uma pálida tentativa de plagiar o texto sagrado e uma somatória, ou mesmo, apenas uma amalgamação, do conhecimento já exposto por muitos outros autores ao longo dos séculos. E se de tudo, ainda houvesse algo de original ao longo destas páginas, tenho absoluta consciência de que algo assim tão precioso teria nascido como fruto da direta influência do Espírito do Senhor, e, portanto, o seu verdadeiro autor ainda assim seria outro. Portanto, não há uma bibliografia específica, uma vez que este livro não é um trabalho de exaustiva pesquisa para a defesa de uma tese, mas apenas o resultado escrito de uma experiência com Deus. Ainda que as palavras humanas sejam inapropriadas para expressar, com transparência, o verdadeiro sentimento do coração humano, ainda assim, e acima de tudo, eu gostaria de agradecer a Deus pela pacienciosa direção no todo do processo que culminou nesta experiência escrita. Oro ao Eterno para que, de todo o exposto, somente o que for aprovado pelo crivo do Espírito Santo, medre na terra fértil do teu coração, nasça, cresça e frutifique para a vida eterna. O Autor


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SUMÁRIO AGRADECIMENTOS.............................................................2 SUMÁRIO...........................................................................4 INTRODUÇÃO.....................................................................5 CAPÍTULO 01.....................................................................9 CAPÍTULO 02...................................................................13 CAPÍTULO 03...................................................................28 CAPÍTULO 06...................................................................32 CAPÍTULO 08...................................................................42


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INTRODUÇÃO O Milagre do Amor Em 1983, com algum esforço e muitas dívidas, compramos a casinha dos nossos sonhos. Não era uma coisa que se diga “– ó, que linda casa!” Mas, era o melhor que, com muito esforço, podíamos comprar. Era bem localizada e ficava na mesma rua em que eu havia morado com os meus pais por tantos anos. A casa tinha quatro quartos e um lindo quintal com algumas árvores frutíferas. Quando vistoriávamos a casa para um possível negócio, nos apaixonamos por um casal de aves da raça carijó. Não sei se elas eram brancas salpicadas de preto ou pretas salpicadas de branco, mas, uma das exigências que fizemos, foi que só compraríamos a casa se o casal de aves carijós viesse junto. Desejávamos que, desde cedo, os nossos filhos aprendessem a amar os animais. Então, para completar a família, resolvemos comprar mais algumas galinhas e um cão. Fomos à casa do Carlos, um amigo cristão que amestrava cães. Quando lhe perguntamos se havia algum cão que nos vendesse, sem titubear, ele respondeu que não. Lembrei-lhe de que um outro amigo nos falara de um tal cão negro, que ele possivelmente possuía. Mas, ao citarmos o tal cão, ele enrubesceu e, mostrando na mão um enorme ferimento, ainda não completamente cicatrizado, disse: “Eu nunca lhes venderia um animal tão violento e insano quanto aquele perigosíssimo cão negro.” Insisti que queria vê-lo, e foi amor à primeira vista. O grande cão negro havia feito um enorme buraco no chão, onde dormia entocado como se fora um tatu. O homem, com excessiva autoridade, chamou o cão: “Muleque! Muleque!” Mas não houve qualquer resposta. Apanhando um chicote de cavalo que estava na cerca, o fez estralar no ar. Ao ouvir o brado do chicote, o cão colocou sua enorme cabeça pra fora do buraco. Ele tinha um olhar irado que expressava a sua dor e descaso pela vida. Confesso que fiquei assustado. O cão era enorme e, apesar dos maus tratos, inspirava respeito. Voou num repentino salto em direção ao adestrador tentando desesperadamente devorá-lo com os dentes, mas a esticada corrente de ferro impediu-o de concretizar o seu ato de terrorismo branco. Entendendo a impossibilidade, o cão negro olhou pra nós como se suplicasse socorro.


6 Foi realmente amor à primeira vista, nos apaixonamos por aquele grande cão negro. O proprietário do lugar, apontando para o cão disse: Estou pensando em sacrificá-lo, é o primeiro cão que eu, em todos estes anos, não consegui adestrar; e ele ainda quase me aleijou a mão. Debaixo de alguma advertência e muito protesto do homem, paguei o preço pelo grande cão negro e disse que o levaria para um teste. Se ao fim de duas semanas eu não tivesse feito progressos com o cão, o homem poderia ir buscá-lo e ficar com o dinheiro que eu já lhe havia pagado. Quando o tal cão negro chegou, eu já lhe havia preparado uma enorme casa feita de madeira grossa. Ficava a uns dois palmos do chão, e a enorme entrada era grande o suficiente para que aquele enorme corpo negro pudesse passar. O cão foi atado a uma forte corrente ligada ao tronco de uma grossa limeira, isso tudo para limitar o seu perigoso raio de ação. Mas o tal cão, Muleque, logo disse a que veio. Enquanto eu tentava amistosamente aproximar dele uma respeitável tigela de ração de boa qualidade, a fim de amenizar a sua fome, o enorme cão negro, rangendo os dentes, investiu contra mim. Ele latia alto, em tom grave e irado; dava marradas na minha direção, numa tentativa de me intimidar. E, como não podendo me alcançar, por causa do curto raio de ação limitado pela corrente, voltou-se irascível contra aquela grossa corrente de ferro e, numa insana atitude, começou a mordê-la como que para se vingar. De longe era possível ouvir o horrível barulho dos enormes dentes esfolando o ferro nu da corrente. Assim que recuei a uma distância segura, imediatamente o cão começou a cavar ao lado da casa, embaixo da limeira. Fez um enorme buraco na terra e, sem tocar na ração, entrou na cova que havia aberto com as próprias patas, e mesmo chovendo forte, acomodou-se dentro daquela cova úmida, como se quisesse morrer para o mundo. Falando brandamente e valendo-me da sua enorme fome, fruto dos seus já três dias de clausura, eu iniciei um ritual de amizade dia após dia, por muitos dias. Ao cabo de três semanas, Carlos, o amestrador, veio buscá-lo, certo de que, para o bem e a segurança de todos, levaria aquele enorme cão negro para sacrificá-lo. Surpreendeu-se ao ver que eu o estava lavando, bem preso pela corrente ao portão da garagem. A grossa corrente era mantida esticada, de tal maneira que ele não me pudesse alcançar com seus lindos e enormes dentes brancos, caso ele resolvesse acabar com a nossa recente e acidentada amizade.


7 O assoberbado homem ficou paralisado ao ver-me derramar creolina nas partes íntimas do animal para poder curá-lo daquela terrível doença que, além de derrubar boa parte do seu pelo negro como quem põe fogo numa floresta, também lhe deixava a carne no vivo, fazendo purgar um líquido amarelado. Com dor no coração eu colocava aquele ardente líquido nas suas feridas enquanto o cão rosnava pra mim como que dizendo: “Por favor, novo amigo, ou você joga um pouco de água para refrescar o meu sofrimento ou sai do raio de ação dos meus dentes.” O surpreso Carlos foi embora acrescentando que nunca vira tamanha mudança de comportamento. Seis meses depois, quando o Carlos passou em minha casa para saber a quantas andava o tal cão negro, ficou pasmo quando eu, abrindo o portão, soltei o Muleque para correr livre. O grande cão negro saiu correndo como de costume e, enquanto o seu grande corpo negro reluzia brilhando ao sol como se fora azul marinho, ele corria, velozmente, de maneira a podermos ouvir o seu trote a alguma distância como o de um cavalo puro sangue, com os seus novos 50 quilos de músculos negros. Carlos, não se contendo pela surpresa, disse: “Eu nunca vi uma mudança tão radical; como pode este cão haver sido tão violento, e se tornar num animal tão dócil, a ponto de poder correr solto como se fosse um cordeiro.” Agora eu havia recebido de Deus um chamado para me tornar um ministro do Senhor. Havia passado no vestibular para teologia, e precisava me mudar para a faculdade que distava uns 600 quilômetros da minha casa. Estava com um grande problema, pois não poderia levar comigo para o campus o meu grande amigo negro. Foi com muita dor no coração, que eu e a Linda fomos à casa da Tereza, uma boa amiga que, ao conhecer a história do nosso lindo cão negro, aprendera a amá-lo. Eu disse a Tereza que por razões de mudança para faculdade eu precisaria deixar o meu negro amigo na responsabilidade de alguém que o amasse e o tratasse como alguém da família. Foi com alguma dor no coração, por compreender nosso dilema, que ela se candidatou ao cargo de nova família do Muleque. Por uma série de dificuldades de comunicação, na época, perdemos contato com ela, até que, seis meses depois viemos visitar os nossos familiares. E, na primeira oportunidade que tivemos, corremos para ver o nosso, literalmente grande, amigo Muleque. O quintal era grande e, assim que cumprimentamos a Tereza, eu assobiei para chamar o meu grande amigo negro, pois eu gostaria muito de matar a saudade de vê-lo correr de maneira imponente, como de costume.


8 Tereza escondeu a face por entre as mãos e balançando a cabeça, falou com a voz embargada dizendo: “Fábio, o Muleque não está mais aqui.” Primeiro pensei que ela o tivesse dado a alguém por ser ele um cão de enorme estatura, ou porque talvez tivesse estranhado a nova família. Mas, ela ainda choramingando, soluçou: “o Muleque morreu!” Procurando minimizar a sua dor, eu disse compreender o fato de que a sua rua era um pouco movimentada, especialmente pelos caminhões que descarregavam soja no porto, para exportação. Mas ela me interrompeu dizendo: “não foi um acidente!” Eu, tentando absorver o impacto da má notícia, tentei acudi-la dizendo: “Eu entendo, porque a doença não manda aviso e ceifa a quem amamos.“ E ela, mais sentida ainda, não podendo mais descrever os fatos, me puxou pelo braço, levando-me até o local onde estava a casa do antigo morador negro e, reunindo forças disse: “Você amarrou a sua corrente aqui, nesta árvore, e enquanto vocês estiveram lanchando ele brincou com os meus filhos e se comportou como se estivesse visitando amigos. Mas, quando vocês se despediram dele para ir embora, seu comportamento mudou, ele ficou muito ansioso. Ele se recusou a comer e a dormir, por muitos dias. Passava todo tempo olhando na direção do portão, como que acreditando que os seus amigos voltariam para buscá-lo. Os dias se passavam, e nos esforçamos para ajudá-lo, mas, tudo o que fizemos não resultou em nenhum efeito positivo. Dia após dia ele esperou, até que numa estranha atitude para um cão, ele cavou uma enorme cova ao lado da casa que vocês trouxeram, entrou ali decidido a não sair mais, até que recuperasse uma razão para viver. Nós tentamos de tudo, mas nada devolvia àquele lindo animal o gosto pela vida. Vendo que o Muleque, sem ajuda profissional, morreria, buscamos o veterinário que, usando tudo o que os seus muitos anos de experiência lhe ensinaram, tentou reanimá-lo. Ministrou soro na veia várias vezes, para ver se salvava o animal. Mas o Muleque nunca mais saiu daquela cova que ele mesmo construiu. Mais tarde, disse ela, eu fui entender que aquele lindo cão negro não havia se suicidado, como tudo indicava. A verdade é que ele só não conseguiu sobreviver distante daqueles a quem ele amava. Eu entendi que foi o amor que vocês derramaram sobre ele que lhe deu algum motivo para viver. O amor dele por vocês era o único motivo para a sua existência, e quando vocês se foram, ele não tinha mais motivos para continuar vivendo. O nosso amigo Muleque, nos ensinou que uma fera só pode ser realmente transformada pelo poder do amor.


9 Amigo, só a percepção do verdadeiro amor de Jesus por você, e a prática do amor teu por Jesus, será capaz de transformar a essência do teu coração pecador.

CAPÍTULO 01 1º SEGREDO: De Vilão do Evangelho a Herói da Fé Saulo foi contemporâneo de Cristo, ainda que nunca se tenham encontrado. Nasceu com direitos de cidadão romano, provavelmente herdados de seu pai, que deve tê-los conseguido por algum bom serviço prestado à Roma. A sua cidade de origem era Tarso, capital da província Romana da Cilícia, que ficava a sudoeste da Ásia Menor. Saulo teve o privilégio de uma educação superior em Tarso, cidade que era conhecida por possuir uma universidade, tão renomada quanto à de Alexandria. Seu pai era um judeu benjamita, da seita dos fariseus, e como tal, Saulo era um judeu de linhagem pura, e não mestiça, como os odiados samaritanos. Sendo um tradicionalista assim como seu pai, pertencia a seita dos fariseus que tinham como característica maior a determinação com que praticavam os seus muitos rituais de purificação. Saulo era um homem letrado uma vez que tivera o privilégio de estudar aos pés do reconhecido sábio Gamaliél. Sendo jovem e de muitos predicados; em Saulo as autoridades viam um futuro muito promissor. Como judeu de linhagem milenar, Saulo conhecia e reverenciava a tradição de seus pais e antepassados.

Saulo era um homem sincero que, inconscientemente, perseguia a verdade. Um dia, Saulo se deu conta de que uma estranha epidemia estava ameaçando a sorte da sua amada igreja judaica. Esta suposta nova verdade chamada cristianismo, que enfocava um obscuro morto de nome Jesus, estava abduzindo os outrora fiéis devotos do judaísmo, fazendo-os


10 abandonar as tradições de seus pais, em favor desta nova filosofia que pregava este duvidoso bastardo Galileu, conhecido como o Nazareno. O suposto Messias era um homem sem passado, sobre quem pairava uma confusa história de adultério materno envolvendo uma estranha entidade, a quem insistiam em chamar de o Espírito Santo, Mateus 1:20. Aquele mesmo Galileu que por suas blasfêmias, ao alegar igualdade com o Criador, morrera merecidamente, erguido no amaldiçoado madeiro, estendido entre o céu e a terra, Deuteronômio 21:23. Saulo percebeu que essa igrejinha de fundo de quintal, que defendia duvidosas “verdades” inventadas pelo homem chamado Cristo, estava trazendo sérios prejuízos ao seu amado judaísmo. Saulo tinha absoluta certeza quanto à verdade que professava, então, a fim de que a verdade de seus pais pudesse sobreviver, em seu ardente zelo farisaico, ele decidiu que aquele erro ameaçador precisava ser debelado a todo custo. Em sua ignorância, Saulo passou não só a desprezar o crucificado e falso Messias, como também a considerar seus discípulos, elementos perniciosos, tanto para a sua amada religião, como para a segurança e permanência do estado judaico. Sendo assim, Saulo tomou para si a responsabilidade de fazer justiça com as próprias mãos, e saiu ao encalço dos apostatados judeus, a fim de forçá-los a ab-rogar da nova fé e voltar para a sua amada igreja judaica, ou morrer a pedradas. O texto sagrado de Atos 9:1 diz: “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os que eram do Caminho...”. Saulo perseguia, aprisionava, castigava e, após julgar, mandava apedrejar os que aceitavam o Galileu como sendo o prometido Messias do Altíssimo. Com esta radical atitude Saulo acreditava sinceramente estar prestando um bom serviço a Deus e ao estado. Ele tinha absoluta convicção quanto à verdade, porém, estava sinceramente enganado.

Sinceridade não é sinônimo de estar certo. Nesta vida todos nós cometemos muitos enganos. Um dia, enquanto eu era aluno do terceiro ano primário, fui surpreendido com o estranho sumiço da minha caneta jogadeira. Eu podia perder muita coisa importante neste mundo, mas nunca a minha preciosa caneta jogadeira, afinal, daquela esferográfica dependia o sucesso de toda a minha carreira acadêmica. E dando falta da minha inseparável jogadeira, comecei a dar um show na classe, acusando deslavadamente os meus,


11 “outrora”, companheiros de classe, uma vez que eu sabia que canetas não têm pernas para se perderem por conta própria. Em tom grave, me coloquei em pé, e do alto dos meus quase um metro e trinta, bradei com força, clamando em socorro da minha amada jogadeira: “Ninguém sai dessa sala até que apareça a minha caneta jogadeira.” Minha professora me chamou à mesa, e perguntando o que estava acontecendo, pediu que eu não gritasse. Ainda inflamado, eu disse: Não quero nem saber, roubaram a minha caneta jogadeira, e alguém tem que me devolver! Para minha surpresa, a minha “antes”, amiga e professora, começou a rir da minha desgraça. Rir? Como pode alguém rir numa hora dessas? Afinal, alguém havia roubado a minha caneta jogadeira. Entrei em pânico ao ver aquele enorme desdém da minha professora para com a minha caneta jogadeira; eu, consternado, decretei: “Se a senhora vai ficar aí, rindo desta séria situação, e não vai fazer nada para recuperar a minha jogadeira, eu mesmo vou falar com a diretora para ela mandar revistar todos nesta sala, afinal, um destes alunos é um ladrão.” E, para o meu espanto maior, a minha “antes”, boa amiga e professora, não se contendo, passou a rir mais alto, desconsiderando totalmente toda a minha dor. Agora, eu já em pânico, pondo fim a nossa antiga amizade, disse: “Eu não entendo como você professora, pode rir numa hora séria como esta, afinal, alguém aqui nesta sala não é apenas um aluno, mas, um verdadeiro ladrão. Foi quando ela, ainda rindo, disse: “Fabinho, serve esta caneta que está enfiada atrás da sua orelha?” Amigos, por certo todos nós poderíamos contar uma história engraçada a respeito de algum engano que em algum momento de nossa vida já cometemos. Conheço pessoas que me confessaram haver errado em muitos sentidos na vida: na escolha da namorada, no atalho tomado durante uma viagem de férias, na faculdade que tiveram que abandonar por causa do engano na escolha da profissão; outros se enganaram quanto a um amigo em quem confiavam, e até mesmo quanto a um casamento mal sucedido. Foi só quando Saulo caiu, literalmente por terra, que com ele caíram todas as suas pré-concebidas convicções religiosas. Deus permitiu que Saulo caísse por terra, para que ele tivesse o seu coração subjugado pela verdade. Devido a nossa acirrada postura mental, podemos assumir uma quase que idolatria das nossas próprias ideias, assim como fez o filho pródigo. Por vezes, obrigamos o céu a derrubar por terra todas as nossas pré-concebidas opiniões a fim de que a verdade possa subjugar o nosso coração.


12 Ao ver o Ser Divino no meio daquela suplantadora luz do meio dia, Saulo ficou literal e fisicamente cego. Torna-se um fato curioso que enquanto Saulo tinha visão perfeita, não percebeu a Cristo e nem enxergou a Verdade, mas, quando foi cegado pelo insuportável resplendor daquela incrível luz, ele viu a Jesus e enxergou claramente toda a Verdade que inconscientemente procurava. Também merece destaque o fato de que naquele instante Saulo estava totalmente cego, e por estar cego, ele não enxergou o caminho nem os soldados, estava literalmente cego para com tudo e para com todos à sua volta. A única visão que lhe era clara em meio a toda a sua cegueira física era a maravilhosa e iluminada pessoa de Jesus. Quando um homem sincero se depara com a verdade de Deus, como Saulo se deparou, só haverá olhos para o reino de Deus e todas as recompensas deste mundo serão de somenos importância. Lembre-se: O primeiro e mais claro fruto da aceitação da Verdade no coração de um homem sincero, é relegar ao segundo plano todas as coisas deste mundo, para viver focado pelos olhos da fé, nas realidades do reino de Deus e na iluminada pessoa de Cristo Jesus.


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CAPÍTULO 02 2º SEGREDO: A Verdadeira Verdade Podemos nos enganar quanto a tudo nesta vida, menos quanto à Verdade. É certo que nós vamos nos enganar em muitas ocasiões nesta vida. Haverá engano quanto a algumas decisões e escolhas, e até mesmo com algum prejuízo. Podemos nos enganar quanto à combinação da roupa para o baile de formatura, ou até mesmo quanto à noiva a quem escolhemos para casar. Nós só não podemos nos enganar quanto à nossa salvação. Perceba que Jesus disse: “estreita é a porta... e apertado o caminho que conduz à vida...”, Mateus 7:14. Note que a porta e o caminho estão no singular, assim como, “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”, João 14:6. Só há uma porta, um caminho, uma verdade e uma vida eterna. Repare que tudo aqui está absolutamente no singular.

Nada, exceto a Verdade Verdadeira, nos libertará Em João 8:32, Jesus Disse: “Conhecereis a verdade, e (só) a (verdadeira) verdade vos libertará”. Repare que nenhuma outra verdade, a não ser a Verdadeira Verdade, nos libertará. Repare também que ninguém será realmente liberto antes de conhecer a única e Verdadeira Verdade. Por que estou enfatizando o fato de que estas palavras estão no singular? Porque existem muitos milhares de versões para aquela que é a única verdade de Deus. Muitos dizem que não importam as diferenças quanto à verdade que adotamos, uma vez que adoramos o mesmo Deus. Ora, se verdadeiramente adorássemos o mesmo Deus, deveríamos no mínimo, adotar a mesma verdade, uma vez que Deus não está dividido. De acordo com as palavras do próprio Jesus, a verdade tem uma única e estreita porta: “estreita é a porta e apertado é o caminho que


14 conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. , Mateus 7:13 e 14 – Estas palavras são literais e o seu ensino contundente. A porta é estreita no sentido de que nos é exigido nada menos do que tudo, para entrar por ela. Lembre-se, foi Jesus mesmo quem disse que é preciso prestar muita atenção quanto à verdade, pois “são poucos os que acertam com ela”. Não se surpreenda de eu estar enfatizando este aspecto da verdade, pois foi o próprio apóstolo Paulo quem disse que se outro evangelho (verdade sobre as boas novas de salvação) fosse pregado, que seja anátema, “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”, Gálatas 1:8. É preciso prestar muita atenção no evangelho que é verdade e no evangelho que na verdade é anátema. Ao dizer que não há duas Verdades, não quero dizer com isto que só há uma igreja cristã e que só esta possui toda a verdade de Deus. Mas, não é preciso ser um doutor em teologia para saber que nem tudo o que as igrejas pregam como sendo a verdade, está em conformidade com o evangelho anunciado por Jesus ou em harmonia com o Livro Sagrado, que é a única regra de fé e prática para todo cristão.

Só há uma maneira de definir se a verdade que nós adotamos como tal, é mesmo a Verdadeira Verdade. Ao examinar as verdades professadas pelas diversas denominações religiosas, é preciso fazê-lo tendo como pano de fundo a Bíblia sagrada. As verdades, por mais agradáveis e atraentes que nos sejam apresentadas, precisam ser passadas pelo crivo das Escrituras. Não importa qual seja a fé que professamos, de acordo com a Bíblia sagrada, só seremos libertos se a nossa verdade estiver em plena harmonia com todas as Escrituras. Quaisquer verdades que nos sejam apresentadas, por mais convenientes que possam ser, só devem ser aceitas e adotadas, se alcançarem a aprovação de um, “assim diz o Senhor”. Qualquer coisa menos do que isto, pode até ser parte da Verdade, mas ainda não é toda a Verdade e nem trará toda a libertação que precisamos. Lembre-se, Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e (só) a (verdadeira) verdade vos libertará”, João 8:32.


15 Insisto em dizer que você pode errar em quase tudo na vida, só não tem o direito de errar quanto à verdade de Deus, pois desta única verdade depende o teu futuro eterno. Só esta Verdadeira Verdade e tão somente esta Verdade, realmente nos libertará: dos vícios, dos preconceitos, da falta de amor, da desobediência, da escravidão aos bens materiais, da subserviência ao eu próprio, do engano de outras não verdades, nos libertará da escravidão do pecado, do medo da morte e da incerteza quanto ao futuro. Em fim, esta é a única Verdade que te deixará completamente livre para ser como o apóstolo Paulo, prisioneiro apenas de Cristo e do Seu amor.

Todos nós temos 50% de chance de estar enganados quanto à verdade que adotamos como regra de fé. Discutiam duas pessoas sinceras sobre os seus próprios critérios quanto ao que é a Verdade. O primeiro era um homem espiritual, bem intencionado e que acreditava que nas seguidas reencarnações estava a base da vida futura, assegurada pela evolução do espírito. Ele acreditava que esta evolução do espírito é fruto direto das boas obras de caridade ao longo de tais reencarnações. O segundo homem era um protestante. Este, como os demais apóstolos de Jesus, acreditava integralmente na Bíblia. Acreditava também que o homem nasce e morre uma só vez, depois disso, o juízo, Eclesiastes 9:4,5,9,10. Este homem protestante se considerava um candidato ao reino dos céus, apenas pela graça de Cristo, sem merecimento das boas obras. Enquanto ambos, acaloradamente, defendiam as diferenças peculiares da sua adotada teologia, o crente disse: “Como somos pessoas espirituais, precisamos ser tolerantes e justos para com o nosso próximo, você não acha meu irmão?” O outro rapidamente concordou dizendo: “Cultivar essas qualidades faz parte da evolução espiritual.” Então o cristão propôs uma parábola, dizendo: Temos duas verdades, sendo que uma é contrária e impossibilita a outra. Ambas não podem ser verdades ao mesmo tempo, concorda? Sim respondeu o espiritualista. Logo, disse o crente, um de nós está errado? Com toda certeza, acrescentou o outro. Então, como supostos bons praticantes dos bons ensinos de Jesus, precisamos dar um ao outro o direito da possibilidade de estar tão certo quanto nós mesmos pretendemos estar certos, ok? Certo, respondeu o outro. Eu proponho que admitamos que


16 exista uma possibilidade de cada um de nós estarmos 50% certos. Hipoteticamente daremos cinquenta por cento de chance de estar certo, tanto para você quanto para mim, acha justo? O outro disse: certo, muito justo; e arrematou: concordar com isto faz parte da uma evolução espiritual. O crente disse: eu vou propor uma parábola, você pode concordar ou discordar, usando o seu direito de escolha dado por Deus, ok? Ok, respondeu o seu companheiro. Disse o crente: Suponha que você tenha razão; suponha que eu esteja errado, suponha que a minha escolha em ser um crente seja uma perda de tempo. Suponha que os apóstolos estavam equivocados em crer em Jesus como um Salvador, uma vez que não existe juízo, e o futuro do espírito se dará pela evolução oriunda das muitas reencarnações. Suponha que todos os grandes homens da Bíblia eram realmente ignorantes quanto às coisas espirituais e que eles tenham morrido no desconhecimento da evolução espiritual. Suponha que você tenha razão em tudo o que diz: Em verdade, não existe o pecado, não existe o juízo e nem há um paraíso a alcançar. Suponha que eu fui um tolo em acreditar que o homem vem à Terra com uma única missão, aceitar ou não, Jesus como o seu Salvador pessoal. Admitamos que eu tenha sido um tolo em ter me abstido dos prazeres desta vida, ditos ilícitos pela ignorância bíblica. Suponha que você tem razão, e que o homem segue evoluindo a cada nova reencarnação: Aquele que hoje é um soldado, na próxima vida será um sargento e depois reencarnará num capitão depois será um general, e assim por diante. E que esse processo se repete continuamente, bem como a evolução do seu espírito que seguirá evoluindo até chegar a ser um espírito iluminado. A pergunta que fica é: O que eu realmente eu perdi? A resposta foi imediata: Você foi um tolo em temer um juízo que não existe, e perdeu os prazeres desta vida que você poderia ter desfrutado. O crente então respondeu: Bem, a meu ver, não perdi nada. Apenas usei o meu direito de escolha e preferi não me desgastar perdendo noites insones. Evitei muito sofrimento quando escolhi não ser infiel a minha esposa. Vivi mais e com muito mais saúde por me abster de certos alimentos nocivos ou prejudiciais. E, por fim, imagino que fiz uma boa escolha quando decidi não me escravizar com o álcool, ou mesmo não me suicidar com o fumo ou com as drogas. Apostei no time dos apóstolos e profetas a quem considero homens sábios e creio que por isso devem ser seguidos. Ademais, se os seus 50% estiverem certos e os meus, errados, ainda assim estarei bem, uma vez que, de acordo com a sua teoria de


17 evolução, eu terei sido sincero e, na minha inocente ignorância, ainda terei como recompensa alguma evolução. Reencarnarei num plano cada vez melhor e poderei, mesmo em toda a minha santa ignorância, continuar reencarnando até alcançar a mesma iluminação espiritual que você. Mas suponha que os meus 50% quanto à verdade estejam certos. Suponha que as literais palavras da Bíblia sejam verdadeiras. Suponha que “o homem só vive uma vez, e depois disso, o juízo”. O que você teria perdido? Você teria perdido absolutamente tudo. De acordo a verdade da Bíblia, você teria se divertido com o pecado por alguns poucos anos. Se muito, teria desfrutado de uns 90 anos de prazer, com algum sentimento de culpa, o que por si só já diminui muito o prazer. Se os meus 50% estiverem certos, você teria desperdiçado a sua única chance de viver desfrutando prazeres inimagináveis por toda uma eternidade.

A Bíblia é o único padrão para determinar qual é a Verdade. Amigos, a genuína e Verdadeira Verdade, até por sua definitiva continuidade ou fim absoluto de tudo, é uma escolha pessoal, intransferível e que não permite falhas sem o prejuízo de tudo; absolutamente tudo! Alguns escolhem morrer na voluntária ignorância da verdade, estes, tiveram todas as chances necessárias para abraçar a verdade, porém escolheram a rejeitá-la. Estes não poderão reclamar uma segunda oportunidade, até porque, se uma outra segunda chance lhe fosse dada, ela seria novamente subjugada pela intransigência do nosso orgulho em não admitir o nosso engano, ou por havermos defendido uma teoria pessoal que acaba por ser uma idolatria da nossa própria opinião. Aquele que busca a verdade deve fazê-lo totalmente cônscio da rara preciosidade da pérola que procura. Se a Bíblia estiver certa quanto à teoria da verdade que expõe; esta é a única coisa neste lado do universo que justificaria uma vida inteira dedicada à busca deste precioso tesouro, a Verdade. Da descoberta deste tesouro tudo depende, absolutamente tudo! Da Verdade depende a nossa continuidade eterna ou final definitivo de todos os sonhos. Pense seriamente nisto! Existe algo curioso quanto à existência de uma verdade divina, e de como esta verdade é professada com total peculiaridade por esta ou aquela religião. Na grande maioria das vezes a verdade é vista pelas pessoas como alguém que escolhe um time de futebol para torcer, ou um


18 partido político para votar; do tipo: eu tenho o meu e você tem o seu, e sobre futebol, religião e política não se discute. Talvez quanto ao futebol e política esta máxima tenha lá a sua parcela de razão, mas, quanto a Verdade... Não é um caso para se discutir, mas para se ter total sinceridade e absoluto cuidado a fim de não errar. O problema é que esta é uma Verdade definitiva, em volta da qual gravitam e dependem todas as outras. Se esta Verdade básica estiver certa, todas as demais que orbitam ao redor desta, sobreviverão; mas, se esta Verdade estiver errada, as demais já não existem. Não dá para cada qual escolher uma Verdade conforme a sua conveniência; não é seguro escolher uma Verdade para agradar quem quer que seja. Errar quanto à verdade, não pode ser uma possibilidade. Precisamos estar absolutamente certos quanto à Verdade adotada, porque em tudo ela determinará se haverá ou não, um amanhã para nós.

Só um encontro com a Verdade definirá se nós somos sinceros ou não. Foi feita uma pesquisa na internet tendo como tema: Você se arrepende da vida que levou até aqui? Você faria algo diferente? Inúmeros entrevistados admitiram haver errado, mas afirmaram não se arrepender, nem desejar mudança. Por razões do orgulho, e até para que ninguém duvide da nossa maturidade de escolha, temos muita dificuldade para admitir que nos enganamos em algumas escolhas ou decisões que tomamos. É difícil admitir que nos equivocamos quanto ao namorado, à faculdade, à profissão etc... Mas quando o assunto é religião, como no caso de Saulo, a dificuldade para admitir o engano, beira à impossibilidade. Voltar atrás quanto à religião, envolve enfrentar o olhar de muitos, envolve admitir que nós estivemos errados, envolve muitas mudanças de atitude e até alguma rejeição por parte daqueles a quem amamos. Saulo havia nascido judeu, e seguindo seu pai, adotou como base de sua fé a seita dos fariseus que eram ainda mais ferrenhamente apegados ao cerimonialismo e às tradições. Nós brasileiros não temos muito apego às tradições familiares... Mas os judeus, ainda mais naquela época, eram muito orgulhosos de sua linhagem. Saulo era um benjamita, e como tal, sentia orgulho em honrar as tradições de seus pais; e seus pais, por sua vez, honravam as tradições dos pais de seus pais e assim foi sempre, por milhares de anos. Quanto à


19 religião, esse assunto era ainda mais sério e contundente, uma vez que envolvia não só o passado e o futuro da sua amada igreja judaica, como também o cumprimento da promessa feita ao patriarca Abraão. Para Saulo admitir que havia uma possibilidade de que os seus pais e os seus honrados antepassados, como Abraão, Isaque e Jacó, estiveram errados quanto à Verdade que sempre professaram, era uma total impossibilidade.

Amigos, nem sempre a Verdade é conveniente. Por vezes, um encontro com a Verdade tira o nosso sossego e vira o nosso mundo de cabeça para baixo. Só a Verdade expõe os nossos defeitos de caráter, arraigados por anos; só a Verdade exige abstinências aparentemente impossíveis. A Verdade espera de nós nada menos que o nosso melhor, e isto nos assusta. Ao se deparar com a Verdade, muitos se justificam tentando se convencer de que não é esse o melhor momento, ou que não era essa a maneira mais adequada para tudo acontecer. O certo é que aceitar a Verdadeira Verdade exige nada menos do que o sacrifício de tudo. Só a Verdade de Deus é capaz de transformar um homem. Só a Verdade de Deus leva o homem a um verdadeiro nascer do Espírito (conversão). Só a Verdade de Deus tem força suficiente para aparar as arestas do nosso caráter. É só mediante um encontro com esta verdade que o nosso coração definirá o que, em nós, é sincero engano quanto à Verdade e o que em nós é ignorância voluntária. Ao analisarmos a vida de Saulo, percebemos que ninguém duvidaria do fato de que ele era um religioso devoto e totalmente sincero. Mas lembre-se: Nem toda a sinceridade do mundo será capaz de transformar uma única mentira em Verdade. Afinal, um sincero engano se define quando este engano se depara com a Verdade dos fatos.

Um engano voluntário não é um verdadeiro engano. Quando eu namorava Linda, e já estávamos noivos, ocorreu um fato inusitado. Era um jantar em família, e eu estava ao lado da minha noiva, então me levantei para lavar as mãos. Ocorreu que a minha noiva, depois que eu havia saído também se levantou para a mesma tarefa.


20 A família era numerosa, cinco irmãos e seis irmãs. E uma das minhas cunhadas, que tinha a mesma estatura, o mesmo cabelo, praticamente a mesma idade, que a minha noiva, veio e se assentou no mesmo lugar em que antes estivera a minha noiva. Eu havia saído primeiro para o toalete, e voltei antes que a minha noiva. A título de brincadeira, eu vim por trás daquela que eu pensava ser a minha futura esposa, e coloquei as minhas mãos nos dois lados do seu rosto. Eu estava em pé e ela sentada de costas. Enquanto ela permanecia parada pensando que era apenas mais uma brincadeira do, “Advinha quem é?” Eu rapidamente virei o seu rosto para trás, me inclinei para beijá-la. Todos na mesa ficaram suspensos no ar. E foi só quando os nossos lábios estavam próximos uns cinco centímetros de distância, um do outro, que eu percebi o terrível engano. Amigos, a minha cunhada era tão jovem quanto minha noiva, e muito bonita, e eu poderia ter continuado com o meu, “sincero engano”, e aproveitado a ocasião. Mas eu deixei de estar “sinceramente enganado” no exato momento em que eu percebi a Verdade dos fatos. Lembre-se: A sinceridade do nosso engano acaba no exato momento em que nos deparamos com a Verdade dos fatos. Nem toda sinceridade do mundo pode transformar o engano em verdade, assim como nem todas as minhas melhores intenções transformariam a minha cunhada em minha noiva. Saulo era um homem totalmente sincero, ele vivia à luz de toda a verdade que possuía, e Deus não permitiria que um homem tão sincero quanto Saulo permanecesse enganado quanto à Verdade, para sempre. Eu tenho certeza que este livro não te veio à mão por coincidência, pois para Deus só existem providências. Isso me faz pensar que enquanto escrevo estas linhas, sei que existe uma forte possibilidade de que eu possa estar escrevendo para alguém sincero que, como o sinceramente enganado Saulo, possa, como ele, estar enganado quanto à Verdade que professa. Não se entristeça de eu te dizer isto. Perceba que descobrir que estava enganado, foi justo o que possibilitou ao sincero, mas enganado, Saulo, abraçar a verdade. O Altíssimo, por Seu Espírito, com toda certeza tentou algumas vezes revelar a Sua Verdade ao sinceramente enganado Saulo de Tarso em tempos de paz, mas, por certo, Saulo calou a voz do Espírito Santo. O que estava em jogo, naquela ocasião, era a salvação de um homem sinceramente enganado, por quem Jesus veio morrer, e por quem o céu faria tudo ao seu alcance para esgotar todas as oportunidades possíveis a fim de que Saulo não se perdesse. Aliás, é melhor um homem perder o seu olho do que, por conservá-lo, não entrar no paraíso.


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Que perigo nós corremos por não aceitar a Verdade em tempos de paz? A maravilhosa história contada na Bíblia, sobre o amor de Deus, mostra-nos claramente que a Divindade está disposta a fazer sacrifícios inimagináveis a fim de nos conceder vida eterna. Um dos problemas que nós seres humanos enfrentamos após a entrada do pecado, é que a nossa natureza caída tem fortes inclinações egoístas. Agora, a nossa inclinação natural é viver para satisfazer o eu próprio. Pensamos pouco em Deus e quase nada no próximo. Se eu te dissesse que eu amo muito a minha mãe, isto não te causaria emoção nenhuma, afinal é bastante normal um filho amar a sua mãe. Mas se eu te perguntasse se você ama muito a sua mãe, você, já com alguma emoção, diria: eu a amo de todo o meu coração. E eu acharia isso muito normal. Mas se eu te perguntasse se você ama muito a minha mãe. Aí você diria: Sinto muito, mas, eu nem a conheço. E todos nós acharíamos isso muito normal. Mas, se eu te perguntasse se você ama a sua sogra, tanto quanto ama a sua mãe, já que ela é mãe da tua esposa, e você a conhece muito bem. Você diria, eu a amo sim, mas não como amo a minha mãe. Eu sei, você ainda não viu nada de especial no que foi dito. Mas Jesus disse que nós deveríamos amar ao próximo, inclusive aos inimigos. Logo, por causa do pecado, o nosso amor é parcial e egoístico. Está havendo aí, algum nepotismo amoroso. Sei que você ainda está tentando descobrir aonde eu quero chegar. É fácil, Jesus amou a Sua mãe tanto quanto Ele amou a minha e a tua mãe, porque o Seu amor não sofria influência do egoísmo do pecado. O que me faz perceber que na nova vida, eu e você amaremos a minha, a tua e mãe de Jesus, igualmente, sem a parcialidade que hoje o pecado nos impõe. Quase todos nós usamos esta vida, que é a nossa única chance de existência futura, aplicando-nos em luta constante para satisfazer os nossos desejos mais acariciados. Diante do altar do deus dos nossos desejos imediatos, muitos de nós sacrificamos a harmonia do nosso lar, sacrificamos o bem-estar dos nossos filhos, sacrificamos uma longevidade com saúde, e até uma vida eterna num lugar onde nunca mais se levantará o pecado uma segunda vez, e tudo será perfeito, como já o foi no princípio. Por vezes, nos entrincheiramos tanto atrás da satisfação dos nossos desejos pessoais insanos, que Deus tem que permitir ao inimigo nos amputar para que o céu nos possa salvar.


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Por vezes obrigamos o céu a nos amputar para conseguir nos salvar. Suponha que um dia, a sua amada e bondosa mãezinha viesse a você reclamando de uma constante e aguda dor nas pernas, dizendo a você que está se sentindo muito mal. Ao ver o sofrimento daquela a quem você ama muito; você reúne forças, que nem sabe que tinha, apanha sua mãe nos braços e corre para o hospital. Uma equipe de seis bons médicos, dentre eles, dois especialista em circulação; após examiná-la, aquele que parece ser o chefe da equipe te chama do lado e dá a má notícia. O seu quadro clínico é urgentíssimo. Aquela antiga dorzinha é uma trombose em fase terminal, ela terá que ser operada imediatamente, pois sua única chance de vida é amputar a perna esquerda. Ele diz claramente: É preciso amputar para salvar. E para terminar o triste relatório, o médico arremata, dizendo: Você é o único parente próximo num raio de 3000 km, só você pode salvá-la, você terá que assinar um documento autorizando tal amputação. O que você faria? Assinava é claro, com muita dor, mas assinava. Afinal, é preciso amputar para salvá-la. Amigos, nenhum bom filho em sã consciência deixaria de amputar uma das pernas da sua própria mãe para salvá-la. Um bom filho daria o seu próprio rim, ou até mesmo o próprio coração, para salvar alguém a quem ama tanto. Por vezes, por nossas equivocadas escolhas, Deus se vê obrigado permitir a nossa amputação para poder nos salvar. O sofrimento para o nosso próprio bem é o último recurso permitido pelo céu; mas, a todo custo, é preciso salvar, e por vezes, será preciso salvar-nos de nós mesmos através de alguma amputação.

Apedrejaram Estevão tentando matar Jesus. Em seu desenfreado e equivocado zelo, Saulo iniciou uma caça aberta e autorizada àqueles que eram do Caminho. Perseguia-os e aprisionava-os sob as mais cruéis ameaças: Ou você ab-roga da sua fé em Cristo e volta para o seio de Abraão ou sofrerá, acorrentado ao tronco, seguidas quarentenas de açoites; e se isso não te trouxer de volta, te apedrejaremos até a morte. Desta maneira Saulo reconduziu ao judaísmo muitos que preferiram ab-rogar da nova fé, a ter que enfrentar tamanho sofrimento.


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Estevão, o homem perdão. Um dia, Saulo aprisionou um homem de nome Estevão, o levou para o cárcere e deu-lhe a única escolha possível a fim de evitar o apedrejamento: ab-rogar da fé em Jesus o Nazareno. Porém, Estevão, não podendo abdicar do seu amor por Jesus, escolheu morrer apedrejado. Saulo, comandando aquele show de horrores, levou Estevão para fora da cidade. Ali havia um lugar propício para o apedrejamento e onde, providencialmente, havia muitas pedras grandes o suficiente para ferir gravemente a fim de matar um homem. Saulo deu o ultimato final a Estevão: Você ab-roga da fé em Cristo, ou te apedrejamos? Todos esperavam que aquele apostatado judeu, se julgando injustiçado de forma tão cruel, fosse aproveitar suas últimas palavras para amaldiçoar os que ora lhe matavam a pedradas. Mas, para surpresa de todos, à medida que ele recebia as pedradas e esvai-se em sangue caindo ao solo; Estevão olhou nos olhos de Saulo e disse: “Deus, eu gostaria de pedir que o Senhor abençoasse com o conhecimento da Tua Verdade e salvasse os que hoje, por causa da minha fé no Messias, me matam a pedradas”.

É preciso dar a outra face do coração. Ao menos uma vez, quando meninos, penso que quase todos nós, em nossa infância, já vivemos um fato curioso assemelhado a este que vou relatar: Eu me refiro àquele fato em que, quando ainda estávamos no primário, e as nossas mães eram verbalmente ofendidas por algum amigo de escola, ficávamos irados e de crista arrepiada, e furiosos, saíamos em socorro da nossa amada progenitora, lutando com o xingador com extremada fúria, como se as nossas mães estivessem sangrando pela ofensa sofrida. Quando, a bem da verdade, elas estavam seguras em nossa casa, totalmente inconscientes da ofensa sofrida, tricotando ilesas, enquanto aguardam o pão assar. Quando são ofendidos àqueles a quem amamos, saímos em seu socorro, lutando como verdadeiros heróis, porque “não levamos desaforo pra casa”. Em verdade, no interior de cada coração humano, existe um pedestal; um trono invisível, no qual, repetidamente, entronizamos alguém, ou alguma coisa, a quem dedicamos a nossa mais estimada consideração. Esta sutil forma de adoração, é um ato inconsciente que quase sempre


24 passa-nos despercebido. Este objeto de tamanha devoção, e a quem devotamos até uma quase que idolatria, acaba por reclamar a submissão da nossa vontade e do nosso ser como um todo. Este caro objeto de devoção age como uma potente mola mestra, que habita invisivelmente o trono de cada coração humano, possuindo um poder tão grande de servilismo, comparável apenas à nossa subserviência a Deus ou ao inimigo dEle. É uma força de atração tão irresistível que nos leva, até mesmo, a submeter-lhe completamente a nossa vontade. Como que obrigando-nos a ajoelhar o nosso coração perante o seu altar de soberania. Este sinistro processo se assemelha a um fenômeno de difícil compreensão. Comumente, faz-nos sentir como se a ofensa que, supostamente sofremos, fosse uma honrada bandeira a ser desfraldada e protegida à custa de todo o nosso esforço, nosso sacrifício pessoal, nosso suor e lágrimas de sangue. Esse enganoso sentimento de abstrato patriotismo à defesa justiça própria é, em verdade, um inimigo voraz que disputa com Deus o trono do nosso coração. Ele está sempre a dissimular, camuflado pelo extremado zelo à justiça própria, ou de muitas outras maneiras. No entanto, este poderoso enigma pode ser desvendado por duas palavras: EU PRÓPRIO! Parafraseando o que Jesus disse, temos: “Quando te ferirem uma face do rosto, dá-lhe também a outra.” E mais: “Perdoa-lhes pelo menos quatrocentos e noventa vezes.” Analisando estas palavras, concluímos que, se nós desejamos realmente viver na prática estes ensinos cristãos, urge identificar em nosso caráter este foco infeccioso chamado eu próprio, a fim de que Deus o possa subverter, despedaçando-o sobre a Rocha que é Cristo. O eu próprio é um mal terrível que está firmemente arraigado no íntimo de todos nós, mas, em verdade, ele não é um fruto originário do ser humano. Ele é uma sutil hibridação surgida pela amalgamação do egoísmo com o egocentrismo. Nasceu no coração de um majestoso anjo, que após este estranho parto, se tornou o pai do eu próprio e o adversário de Deus. Poderíamos chamar de eu próprio o fruto dessa concepção enigmática, que reclama os aplausos e a subserviência de todo o nosso ser. Talvez, pudéssemos considerá-lo como originário da fusão de dois elementos: o desejo do primeiro lugar, mais a necessidade do reconhecimento e dos aplausos. Satanás originou o eu próprio quando resolveu colocar o seu trono de “o mais exaltado dos anjos” acima do trono do próprio Criador.


25 Depois, seduziu Adão e Eva a que assim também o fizessem, a fim de que eles, buscando igualdade com o Criador, satisfizessem a sua própria vontade, desconsiderando assim a vontade de Deus. Usando esta mesma artimanha para com os nossos primeiros pais, Satanás trouxe o eu próprio para dentro da história humana. Hoje, sem o saber, nós seguimos o mesmo rumo tomado por aqueles que originaram o pecado no universo e na Terra. Uma vez que, inconscientemente, passamos toda a nossa vida tentando satisfazer os nossos desejos, que em verdade não são, necessariamente os nossos, mas, os desejos do eu próprio, que é o pecado que habita em nós, Romanos 7:12. De sorte, que nós nem precisaríamos tê-lo herdado de Adão e Eva, pois nós mesmos o conceberíamos como filho de uma grande prole, em cada ato ou pensamento, toda vez que colocássemos a nossa vontade acima da vontade de Deus; e isto, por si só, se repetiria em nossa vida, quase que a cada novo instante. Sim, amigo, quando você se sente irremediavelmente ofendido lá no íntimo da alma, por alguma verdadeira ou imaginária injustiça sofrida, saiba que o verdadeiro ofendido não é você, mas o eu próprio, que não pode conviver com nenhum tipo de resistência à sua soberana vontade, ele não resiste à ideia de um segundo lugar e muito menos a dividir o trono do teu coração. Se você realmente almeja destronar o eu próprio do seu coração e vacinar-se contra esse sutil ídolo sem nome ou imagem; o parafraseado conselho de Cristo é: “Quando te tomarem a capa e deres também a túnica, as dê limpas e passadas”. – “Quando te obrigarem andar uma milha e terminares de andar a segunda, que ao terminares tenhas carregado o teu ofensor às costas”. – “quando te baterem no rosto, e deres a outra face; lembre-se: é preciso dar também a outra face do coração”. Isto significa dizer que, mais do que apenas aceitar a ofensa recebida, sem revidar, é preciso perdoar verdadeiramente o nosso ofensor, e ainda mais, é preciso amá-lo de todo o nosso coração, apesar da injustiça sofrida. Nós não temos que amar aquele que nos fere porque ele mereça o nosso amor, mas porque amamos Cristo, que amando muito o nosso ofensor, sacrificou-se também por ele. As palavras de Estevão que foram surpreendentes para Saulo, teriam sido consideradas como absolutamente óbvias para Moisés, quando ele disse a Deus: “ou perdoas este Teu povo ou risca o meu nome do Teu livro da vida”, Êxodo 32:32. Só a verdadeira verdade produz o grande milagre de transformar os valores do coração, convertendo o outrora perseguidor Saulo, num


26 homem capaz de ser decapitado por amor ao mesmo Cristo a quem antes perseguia. As palavras de Estevão abalaram profundamente o sinceramente enganado Saulo. Aquelas palavras eram a mão do Espírito Santo batendo à porta do seu coração. Deus sempre dará a todos os homens, todas as oportunidades possíveis e necessárias para um encontro pessoal com a verdade. Antes de desistir do pecador, Jesus fará o inimaginável a fim de esgotar até a última oportunidade para nos salvar. Se ainda assim, nos restar no coração alguma dúvida quanto ao Seu desejo de nos resgatar, gentilmente Ele moverá o nosso olhar para a cruz, no alto do Gólgota, esperando que compreendamos a Sua silenciosa declaração de amor, pintada em vermelho, num surrealismo que pode ser compreendido até mesmo por aqueles que não receberam o privilégio da visão.

Todo aquele que é realmente sincero encontrará a Verdade. Quando a primeira dúvida surgiu no coração de Saulo, por ocasião da morte de Estevão, ele sentiu até uma pontinha de vergonha, afinal, pensar na possibilidade de Jesus ser o Messias, era de certa forma, atraiçoar a tradição de seus pais. Era quase o mesmo que declarar que todos os patriarcas e profetas estiveram errados. Afinal, como um judeu iria imaginar um engano tão grave quanto às promessas de Deus feita a todos os seus antepassados? O outrora totalmente convicto Saulo, agora já carregava consigo muitas dúvidas quanto à Verdade. Munindo-se de soldados e de documentos de autorização, Saulo foi para a cidade de Damasco, local que se havia tornado um refúgio para os perseguidos cristãos. Ali nos cemitérios, e à noite, ao silêncio das madrugadas, é que eles podiam adorar a Jesus, o Nazareno. Ao aproximar-se da entrada da cidade, Saulo conjecturava consigo mesmo sobre qual seria a melhor estratégia para capturar os cristãos. Foi neste ambiente de ameaças, sem palavras, que Saulo foi surpreendido por uma poderosa luz. Era um clarão extremamente forte, tão forte que suplantando em muito a luz do sol do meio dia, fez tremer a terra como num terremoto local e toda guarnição caiu por terra. Assim como também caíram por terra todos os mais acariciados e milenares pré-conceitos religiosos que Saulo de Tarso nutria quase que como uma idolatria. O que este implacável perseguidor viu, foi aquela luz da verdade que ao iluminar a mente humana, causa um enorme abalo sísmico no


27 coração, estremecendo as suas estruturas a ponto de alterar até os mais arraigados valores morais. Amigos, Saulo era um expoente, um erudito, um religioso como poucos. Ele era também um dos setenta sábios do Sinédrio, eleição que alcançara possivelmente como fruto da sua implacável perseguição aos cristãos. Portanto, como membro do Sinédrio, Saulo era provavelmente casado, uma vez que para ser eleito membro do conselho do Sinédrio, entre outras coisas, o homem deveria ser casado. Saulo era uma autoridade visivelmente em ascensão em sua nação. Mas, como a quase totalidade das demais autoridades religiosas de sua orgulhosa nação sacerdotal, Saulo estava nas trevas quanto à verdade. As mesmas trevas que hoje cegam os olhos espirituais da grande maioria daqueles que habitam a Terra. A cegueira de Saulo era literal, mas não física. Era como a cegueira da grande maioria dos humanos de todos os tempos, que quase sempre viveram na obscuridade das trevas espirituais causadas pelo desconhecimento dos predicados de Deus. Conhecer e adotar os predicados de Deus ilumina o nosso ser trazendo a luz da verdade à nossa alma, fazendo-nos brilhar nas trevas unicamente pelo refletir do caráter puro de Jesus. E note que, esse é o único brilho que é permitido ao cristão possuir, livre do risco de exaltar a si mesmo. Saulo havia vivido por muitos anos à luz das tradições de sua religião, sem jamais ter alcançado o verdadeiro conhecimento de Deus. E nos surpreenderíamos ao ver que esta triste experiência é a realidade religiosa da grande maioria no mundo cristão hoje. Neste dias, os homens buscam a religião muito mais por causa das curas e milagres (pães e peixes) do que para livrar-se da condenação do pecado. Os homens buscam muito mais uma religião de autoajuda do que aquela que enfatiza conversão. Eles desejam uma religião de conveniências muito mais do que aquela do renegar-se a si mesmo e do carregar a cruz. Tais homens adotam uma religião que se rende a deuses estáticos assemelhados a si mesmos, muito mais do que aquela que enfatiza a adoração de um Deus que requer de nós um companheirismo ininterrupto e espera do seu adorador um sério compromisso de obediência e de constante abnegação. Saulo estava cego por adorar a Deus na cegueira do desconhecimento do Seu caráter e do Seu amor.


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CAPÍTULO 03 3º SEGREDO: Jesus, a Consubstanciação de Deus. Por que Saulo foi o único a ver a Jesus e a ouvir a Sua voz? Naquela ocasião, Saulo se fazia acompanhar por alguns soldados que lhe conferiam autoridade. O relato bíblico apresenta os fatos ocorridos: Saulo e os demais ouviram um forte som vindo do céu, viram também uma luz tão altipotente que ofuscou até mesmo a poderosa luz do sol do meio dia. O texto tem como destaque maior, o fato de que os que acompanhavam Saulo ouviram o som, mas, não discerniram as palavras ditas; viram a luz, mas não discerniram a imponente figura de Cristo. Então, eu pergunto uma vez mais: Por que só Saulo ouviu a voz e viu a Jesus? Sabemos que Jesus veio a este mundo para salvar o pecador. Nas Suas próprias palavras: “... pois não vim chamar justos e sim pecadores ao arrependimento”, Mateus 9:13. Conhecendo os predicados de Deus tais como apresentados na vida de Jesus, sabemos que Deus não age com parcialidade escolhendo a quem quer salvar e a quem deseja condenar. Pois esta postura de violação do direito de escolha deslustraria a Sua figura de um Deus de amor. Portanto, mais uma vez, a pergunta que não quer calar é: Por que só Saulo viu e ouviu a Jesus? Porque entre todos os que ali estavam, só Saulo era sincero e amava suficientemente a Verdadeira Verdade a ponto de sacrificar, literalmente, tudo em sua vida, por amor a esta Verdade, mesmo que a aceitação desta Verdade viesse a abreviar-lhe a vida. Saulo, realmente, amava a Verdade mais do que a sua própria religião ou a tradição de seus pais. Amar desesperadamente a Verdade e buscá-la de todo o seu coração foi o que fez Saulo se tornar um grande ícone do sucesso espiritual. Ninguém chegará a conhecer a Verdade de Deus senão pelo Espírito de Deus: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”, João 13:16. Dura coisa é recalcitrar contra os


29 aguilhões da verdade. Paulo estava sinceramente enganado enquanto perseguia e aprisionava aos que pertenciam à seita que era chamada de o Caminho. Mas foi justamente a sua sinceridade, o que fez com que o Céu lhe colocasse frente a frente com a Verdade. A primeira condição para encontrar a Verdade é a total sinceridade de propósito. A segunda condição para alguém encontrar a Verdade, é buscá-la de todo o coração. A terceira condição para alguém encontrar a Verdade, é estar disposto a sacrificar tudo por amor a esta preciosa Verdade. Quando Saulo encontrou a surpreendente e contrária Verdade, mesmo apesar de toda a inconveniência para a sua atual realidade própria, Saulo abdicou de tudo em favor desta arrebatadora Verdade. Observe o seguinte texto: “Amarás, pois, o Senhor, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”, Marcos 12:30. Note que há quatro palavras especiais neste texto: “todo, toda, todo e toda”. Esse quarteto de palavras se resume em apenas um dueto: todo e toda. E este casal de palavras pode ser amalgamado em apenas uma, “Tudo”. Paulo amou a Jesus e a Sua Verdade com tudo que tinha e com tudo que era. Foi esta total disposição de dedicar tudo à Verdade, que fez com que, o agora Paulo, se tornasse uma bênção para toda a humanidade. Nos dias de hoje, os homens têm buscado a Deus por muitos motivos e razões diferentes; uns por causa das suas frustrações amorosas, outros por razões de crise financeiras, outros ainda por problemas de doenças. Todas estas, são boas razões para se buscar a Deus, mas o céu provará a sua motivação quanto à sinceridade da sua busca pela verdade. Deus dará a todos uma real oportunidade para encontrá-la, a fim de provar-lhes a sinceridade. Se assim não fosse, haveria uma injustiça para com o pecador. Ninguém que busque a Deus com sinceridade de propósito ficará sem ter uma oportunidade real de conhecer a abraçar toda a Verdade. Porém, nem sempre será uma tarefa fácil abraçar tal Verdade. Por vezes, ela se apresentará de maneira tão inconveniente como o foi para Saulo. Espero e oro para que o Altíssimo, pelo Seu Espírito, examine o meu coração e purifique as minhas intenções ao escrever este livro. Clamo a Deus para que só o que for aprovado pelo escrutínio do Eterno, medre na terra fértil do teu coração, nasça, cresça e frutifique para a vida eterna. Sei que se Deus assim o permitir, este livro será lido por muitas pessoas especiais, que por um milagre do céu, verão muito além do que aquilo que eu fui capaz de anotar. Particularmente eu não acredito em coincidências, mas, em providências. Então, eu peço a Deus para que, ao


30 ler estas páginas, Ele fale ao teu coração suavemente e Se revele a você de maneira tão clara que o teu coração sinta o desejo de se render ao Soberano, cada vez mais e mais. Clamo ao Divino para que esta leitura auxilie você a perceber mais claramente, quão imensuravelmente grande, é o amor do Criador por você, e quão prazeroso é para o Senhor o teu sentimento de reciprocidade. Lute com todas as tuas forças para abraçar toda a Verdade, pois só a verdade te libertará de todos e de tudo, e fará de você o mais afortunado dentre os homens. Suplico em meu coração para que dentre todas as inúmeras pessoas que lerão estas páginas, você, em especial, seja como Saulo, talvez a única pessoa sinceramente disposta a reconhecer a Verdade e a depor a sua vida como um sacrifício vivo perante o altar de Deus, abdicando de tudo em favor desta preciosa verdade chamada Jesus. Sei que é muito para um mortal, mas lembre-se no passado toda a verdade já dependeu da fé de um único homem chamado Noé.

Deus tinha um sério problema para resolver. Por vezes mesmo nós, aqueles que nos consideramos cristãos, corremos o risco de nos enganar quanto ao cumprimento do texto: ...“e este evangelho do reino será pregado em todo o mundo e então virá o fim”. Após o pecado, Deus tinha um sério problema para resolver: Os nossos primeiros pais pecaram e precisavam morrer por se haverem identificado com o pecado. As consequências do pecado precisavam ser destruídas a fim de que a Terra não vivesse a triste experiência do sofrimento, da injustiça e da dor por toda a eternidade. Era preciso nos salvar dessa triste e irrevogável sorte, “porque Eu sou Deus e não mudo... em quem não há sombra de variação...”. Malaquias 3:6 e o Caráter de Deus não pode ser aperfeiçoado, uma vez que Ele é a eterna perfeição. Deus não podia mudar as bases do Seu perfeito governo, desejava salvar o pecador, mas precisava fazê-lo sem cometer injustiças. Tinha que salvar, mas precisava cumprir o seu dito: “Certamente morrerás...”, Gênesis 3:1. Foi aí que o plano da salvação concebido por Deus desde a eternidade, entrou em ação. Jesus era o Verbo, a ação da Palavra de Deus, a materialização do Caráter Divino. Ele era a luz do Senhor que por amor, deixou o Seu trono no céu, nasceu em forma humana, fazendo-se a


31 luz do evangelho encarnado. Assim o evangelho das boas novas da salvação andou entre os homens, e pode não só ser ouvido como também visto e tocado.

As trevas espirituais nascem do desconhecimento dos predicados de Deus. Quando Jesus voltou ao céu, Ele disse: “enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”, João 9:5. Ele disse também aos doze: “Vós sois a luz do mundo”, Marcos 5:14 Note que aqui, Jesus não disse que nós teríamos uma luz do evangelho para pregar com a voz, mas disse que nós seríamos a verdadeira luz do mundo. Este mundo não está em trevas pela falta de luz física que ainda envolve boa parte do planeta. As trevas que envolvem este mundo não são físicas, mas espirituais. Estas trevas nascem na ignorância humana quanto aos predicados de Deus. Os homens olham para o lado procurando alguma referência, quando, em verdade, deveriam olhar para cima. Por causa da sua voluntária ignorância, os homens humanizam a Deus, numa inconsciente tentativa de adorar um deus a quem possam manipular. O que desconhecemos não são os princípios morais, mas as qualidades de Deus, a Sua bondade, misericórdia, o Seu amor e a Sua quase insana vontade de nos fazer felizes eternamente. Jesus espera que aqueles que se dizem Seus seguidores aprendam com Deus a amar tão profundamente que, como Ele, passem a viver, tão somente, para proporcionar amor ao próximo. A Terra será iluminada, sim, não só por palavras pregadas, mas por sermões vividos; por homens e mulheres que sejam na prática, a luz do evangelho da verdade, encarnado e andando entre os homens. Jesus foi a consubstanciação de Deus entre os homens. Lembre-se: Ainda que a salvação seja pela graça, não é barata. Por isso, precisamos mais do que apenas aceitar a Sua salvação; precisamos viver como Ele viveu, sentir como Ele sentiu, amar como Ele amou...


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CAPÍTULO 06 6º SEGREDO: Jesus, Minha Força Motriz, Meu Alvo Supremo Combater o bom combate da fé é sinônimo de nunca cruzar a linha de chegada. Viver como um verdadeiro cristão é o mesmo que competir como um maratonista de olimpíada. É como se você se preparasse para uma competição olímpica por muitos anos, e dedicasse todos os momentos da sua vida a uma preparação que exigiu muita dor e sofrimento, abstinência total e absoluta. Você teve que abdicar do seu lazer, pois tinha que treinar enquanto todos os seus poucos amigos se divertiam. Teve que deixar para trás a sua linda namorada por não ter tempo para ela. E por causa das suas muitas viagens, até a sua educação acadêmica teve que ser negligenciada, tudo por causa do seu objetivo maior que era ver a medalha de ouro pendurada no seu pescoço enquanto você, orgulhoso, no lugar mais alto do pódio, fazia o mundo o mundo ouvir o hino nacional da sua pátria amada, salve! Salve!. Depois de tantos anos, suor e lágrimas, enfim, o grande dia chegou. O seu coração está batendo muito mais rápido do que de costume, suas mãos estão suadas, você aperta um lábio contra o outro e olha fixamente para frente. Seus preparados músculos estão mais retesados do que você gostaria que estivessem: afinal aquele é o momento mais esperado de toda a sua vida de total dedicação. Então, o diretor de prova dá a tão sonhada ordem: LARGADA! Os dois primeiros quilômetros são percorridos meio que no atropelo porque você tem que se livrar das lebres que, sem muito preparo e sem escrúpulos, saem na frente tentando ter o seu minuto de fama. Logo se destacam os pelotões: E, como o planejado, você está no pelotão da frente. Você vai vencendo quilômetro após quilômetro, e tentando se convencer de que a terrível falta de ar que você está sentindo, é fruto apenas do inescrupuloso esforço feito, e está totalmente controlada. Seu corpo está num ritmo tão alucinante que você tem a impressão de que é o único que está encontrando dificuldades para se


33 manter no pelotão de elite. Mas, você treinou muito, a sua vida toda, e está totalmente determinado, agora é tudo ou nada. À medida que os quilômetros vão avançando, a terrível dor também avança, e agora, já se faz sentir no corpo todo; tudo em você parece que vai se desmontar. Mas é a sua maior oportunidade de provar a todos que você merece estar onde chegou. Então, você se concentra mais fortemente para ignorar a dor, e segue tentando não deixar o pelotão de elite escapar. Agora, você já está vencendo o quilômetro 21, e está totalmente concentrado em manter um ritmo forte. Está tentando administrar a insuportável tortura, com o firme pensamento de que, aquele que puder suportar o maior flagelo será o vencedor. Segue racionalizando e dizendo para si mesmo que toda esta intensa dor que parece fazer de você um vulcão prestes a explodir, logo vai passar. Tenta confortar-se dizendo para si mesmo que você já chegou à metade da prova, e que agora só falta mais um esforço do tamanho da mortificação já alcançada. Estamos agora no quilômetro 30, e você já está clamando a todos os deuses olímpicos que este esforço suicida termine logo, antes que ele acabe com você. Os demais corredores parecem não participar do seu sofrimento e começam a se distanciar, apesar de você já estar muito acima do seu limite, e por mais que você, serrando os dentes e arrancando energia da alma, se esforce, dois deles já te convenceram que vão seguir sumindo no horizonte. Você olha orgulhoso para as cores da bandeira da sua idolatrada pátria amada, salve, salve, e não consegue crer que alguém possa estar aguentando ainda maior martírio e dor do que você. Então, buscando forças que estão muito além da sua vontade, aperta os punhos, tentado dar mais velocidade a um corpo que, de tão dolorido, parece que vai se desmanchar. É quando, para o seu desespero maior, você descobre que não há mais nada a fazer, uma vez que já não consegue mais, nem mesmo, sentir as pernas... Você tenta se consolar dizendo para si mesmo: Eu fiz o meu melhor, não me faltou garra, nem força de vontade; eu dei tudo de mim. E é justo neste momento fatídico que você percebe que os dois primeiros, que iam a sua frente, também estavam muito acima do seu limite, e agora sentem o extraordinário esforço feito para se desgarrarem, e começam a perder ritmo. Então, vendo a nova e real possibilidade de vitória à sua frente, você vai arrancando forças das entranhas da alma e, forçando ainda mais o seu ritmo, começa a alcançá-los. Vou vencer! Esse pensamento desperta uma desconhecida reserva de energia e você se mantém focado neste novo objetivo, vou me superar; é vencer ou morrer. E você segue em frente, lutando todo tempo contra os seus próprios limites. Os quilômetros vão se sucedendo enquanto você se


34 concentra em superar a dor que teimosamente insiste em aumentar. Agora você já está no quilômetro 40, e começa a se delinear o final da prova. Você sabe que haverá um alívio da dor quando cruzar a faixa de chegada. Segue correndo no seu extremado limite enquanto olha fixamente para diante, tentando entender porque os últimos 350 metros que ainda restam, parecem trazer mais sofrimento que toda a prova já cumprida. Aí você pensa: é preciso continuar, pois só haverá recompensa quando eu cruzar a linha de chegada. Eu preciso cruzar a linha de chegada! Nada estará ganho enquanto eu não cruzar... Sim, eu preciso cruzar a linha de chegada, eu vou vencer... Só depende de mim. Estou muito bem preparado. Mas tudo em seu corpo dói tanto, que os seus olhos estão turvos, cada um dos seus braços pesa uma tonelada e aquilo que você ainda não comeu, insiste em querer voltar. São só mais uns poucos metros, mas a dor é tão intensa que faz parecer que o fim nunca vai chegar. Depois de uns poucos segundos que, devido ao seu insuportável sofrimento, pareceram anos, finalmente você começa ver a aglomeração de pessoas que gritam o teu nome tresloucadamente. As grandes motocicletas já não te acompanham mais. Agora é só você e o túnel de cones listrados, é o fim; vai acabar todo o seu sofrimento. A dor foi desesperadora e te perseguiu quilômetro após quilômetro, por todo o longo percurso, mas. finalmente, você conseguiu. Os seus turvos olhos percebem que há uma grande faixa branca estendida logo à frente. Você segue arrancando as últimas forças das desgastadas fibras dos seus já martirizados músculos, que insistem em doer como se estivessem, literalmente, em chamas. Buscando alívio, você tenta ler na faixa a tão almejada palavra CHEGADA! Aliás, o que você mais deseja na vida agora é apenas o alívio de ler na faixa a palavra: CHEGADA! Então, como um último esforço, você levanta os seus turvos e avermelhados olhos, ardidos por causa do suor, e tenta ler a mais querida e esperada dentre todas as palavras: CHEGADA! Mas, para sua total surpresa, o que está escrito na faixa é a palavra: LARGADA! O que? LARGADA! Você pensa: algo está errado... Houve um terrível engano... Isto parece um pesadelo... Não pode ser. Mas, é: LARGADA! Na vida de todo verdadeiro cristão, que escolheu combater o bom combate da fé, ao fim de cada descomunal esforço para permanecer na fé, no lugar da palavra CHEGADA, você sempre encontrará escrita a palavra LARGADA!


35 Enquanto houver vida no corpo e persistência na fé, para o verdadeiro cristão, sempre será preciso RELARGAR! Não importa quanto esforço você já tenha feito. Nem mesmo faz diferença se você já subiu no pódio. No final de cada terrível esforço feito, vai sempre estar escrito na faixa a palavra LARGADA! ...e outra vez, LARGADA! ...e outra, LARGADA! ...e mais uma vez, LARGADA! ...e sempre: LARGADA! Eu sei que você se surpreendeu ao ouvir esta parábola do recomeçar após cada etapa vencida de um sofrimento não merecido. Esta parábola é inédita, porque só me ocorreu agora. Mas você há de convir comigo que ela tem lá, o seu fundo de razão. Entendo que esta ilustração do caminhar cristão pode até soar como uma desanimadora parábola, mas, não se desespere. Note que, em verdade, não se trata de um recomeço literal, como se todo o teu esforço e toda a tua árdua trajetória houvessem sido em vão. Perceba que é um recomeço sim, mas não é uma nova LARGADA literal. É uma largada para um outro novo desafio, sendo que todos os frutos de todas as tuas carreiras passadas ficam armazenados e você nunca recomeça de volta no mesmo lugar, lá no início, lá no primeiro estágio. Você vai RELARGAR, sim, mas vai recomeçar sempre no exato ponto em que parou. Por haver cumprido satisfatoriamente aquela etapa, o seu recomeço é sempre em um nível mais elevado, num nível superior, num estágio mais avançado. Absolutamente nada do seu tremendo esforço foi perdido. Quando analisamos mais detidamente a vida dos grandes heróis da Bíblia, como Paulo, por exemplo, vemos claramente os seus inúmeros recomeços, em cada nova etapa, a cada novo desfio. Mas, também é possível notar que cada reinício em sua carreira, em favor do bom combate da fé, partiu sempre de um nível superior ao já alcançado, num sentido sempre crescente. Lembre-se: Qualquer pessoa que deseje chegar onde você está, terá que cumprir a mesma distância que você já cumpriu. Talvez até por outros caminhos, é certo, mas proporcionalmente, em essência, o fará com o mesmo esforço. Cada um competindo consigo mesmo. Cada um sendo exigido conforme a sua própria capacidade, mas lembre-se: não há atalhos, nem é possível pular as duríssimas etapas do bom combate da fé. É preciso aceitar o processo de: LARGADA! LARGADA! LARGADA!... A tão sonhada palavra CHEGADA, só será alcançada quando findar o nosso bom combate da f,é e isso só ocorrerá quando a morte nos alcançar, ou quando Cristo vier nas nuvens do céu. Por isso é preciso aceitar o processo, e relargar tantas vezes quantas Deus ache necessário.


36 Mas lembre-se: Nunca relargaremos do mesmo ponto de origem ou do mesmo ponto inicial, exceto, se não completarmos satisfatoriamente aquela etapa da carreira. É o Espírito Santo quem nos move para frente e para cima, em direção ao reino de Deus. É ele quem nos fortalece e nos motiva a continuarmos, apesar da dor e do sofrimento presente. Só o Espírito do Senhor pode nos convencer a largar novamente, mesmo diante do perigo, da dor e do sofrimento que nos esperam a cada quilômetro da nossa maratona espiritual. É Ele quem estabelece o reino de Deus em nosso interior. É o Espírito do Altíssimo quem faz do reino de Deus o soberano alvo de nossa existência, e por fim, é Ele quem nos move em direção à salvação eterna em Cristo Jesus.

O reino de Deus não á apenas um lugar. Você já se perguntou: Em que consiste o reino de Deus? Ou, qual é a essência deste reino divino? Ou mesmo, quando e como, participaremos dele? O reino de Deus é muito mais do que tão somente um lugar chamado paraíso, para onde irão os remidos. Jesus disse que o reino de Deus pode ser vivido pelos homens, ainda enquanto aqui na Terra: “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu. Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”, Lucas 17:20. Se o reino de Deus está dento de nós, este reino tem a ver com os valores do coração, com os motivos dos nossos atos; tem a ver com transformação da nossa vida, com a renovação dos nossos princípios e dos nossos desejos mais acariciados. O livro de Atos, no capítulo 14:22, diz: “fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.” Note que o autor do livro, em Atos 14, diz que para entrar neste estado de coisas (reino de Deus) é preciso passar através de muitas tribulações. Na carta aos Romanos no capítulo 14:17, Paulo diz: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”. Perceba que na carta aos romanos, Paulo diz claramente que o reino de Deus não é comida, nem bebida, antes, é um estado de justiça, de paz e alegria no Espírito Santo.


37 Jesus usou outra simbologia para exemplificar o reino de Deus: “E disse mais, a que assemelharemos o reino de Deus?...” “é como um grão de mostarda...”, Marcos 4:30-32. Sim, o reino de Deus é algo dinâmico como uma majestosa árvore da mostardeira, cuja vida está contida no interior de um insignificante grão de mostarda, mas que, ao crescer, tornase abrangente como uma grande árvore, onde todos os tipos de pássaros do céu são convidados a nela fazer o seu ninho. O reino de Deus é também um milagre espiritual: dinâmico, abrangente, progressivo e obedece ao princípio do crescimento.

O reino de Deus assemelha-se ao processo do fermento: dinâmico, crescente e abrangente. Tentando elucidar o que realmente significa o reino de Deus, Jesus disse: “O reino de Deus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha...”, Lucas 13:20,21. Note que o fermento que leveda toda a massa é algo exterior, e que para agir precisa ser adicionado à massa, a fim de alterar a sua consistência e acrescentar dinamismo. Existe uma mola mestra por trás de cada gesto humano. Sim, por trás de cada ação humana existe uma causa, uma intenção, um elemento motivador. Esta máxima faz-nos esbarrar em um sério problema. Se considerarmos que ao apresentar a parábola do fermento, Jesus, implicitamente, disse que: assim como a massa é diretamente alterada pela ação dinâmica do fermento, assim também as ações que nascem no coração humano são diretamente afetadas pelos valores morais que compõe este coração. Em outras palavras o que a parábola quer dizer é que: Uma vez que os valores do nosso coração dão o timbre ao elemento motivador, aos nossos sentimentos e emoções, assim também determinarão a intensidade, o cunho e a direção das nossas ações. Então, podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que pelos frutos, absolutamente tudo em nós será revelado. Eu sei que isto agora está um pouco confuso, mas, vamos adiante e compreenderemos um pouco melhor. Este é um conceito muito profundo e requer uma maior reflexão. Apesar de toda ajuda que este axioma possa nos fornecer, ainda assim fica-nos uma grande incógnita: Se o elemento motivador das ações humanas se esconde no íntimo do coração de cada um, e se, o coração é, em tudo, enganoso e dissimulável, como diz o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas e desesperadamente


38 corrupto, quem o conhecerá?”, Jeremias 17:9. Como saber qual é o naipe deste coração? E como dar boa índole a ele? Nem mesmo os mais avançados computadores poderão avaliar os atos humanos e dizer com exata precisão quais foram as suas verdadeiras intenções ao praticá-los. O texto sagrado deixa transparecer que o fermento da verdade, uma vez aceito no coração, comunicará o seu próprio timbre a todas as intenções e atos do elemento fermentado; isto é: Uma vez aceito o fermento da verdade; como consequência natural, ele afetará os valores morais e pessoais do homem, impondo assim um novo naipe às nossas intenções e, consequentemente, aos nossos atos. O reino de Deus é como um corante mágico da alma, que tinge o coração dando a ele a sua textura, cor, aroma e sabor segundo a sua própria natureza divina. Esta parábola desvela-nos quais são os verdadeiros valores pessoais que ocultamos em nosso interior, quando analisamos as nossas reações perante os fatos da vida, sejam triviais ou extremados. Ela nos ensina que o coração de um homem que recebeu a adição do fermento da verdade e tem o seu coração verdadeiramente levedado pelo amor de Cristo, será um coração profundamente convertido. Tão convertido quanto o coração do apóstolo Paulo, que foi um homem que amou muito o pecador a ponto de sacrificar-se por ele, mesmo que este, sem razão o tenha ferido. Este levedado coração amará o seu ofensor não porque este mereça o seu amor, mas porque Cristo, amando o seu agressor morreu por ele. O elemento motivador do nosso amor terá origem no amor que temos por Cristo, e no amor que Ele tem por todos nós, pecadores. Num homem verdadeiramente convertido, o coração não luta mais por aplausos ou mesmo por reconhecimento. Este não ambiciona mais os primeiros lugares, não tenta prevalecer pela própria imposição, nem mesmo, permite ao seu egoísmo fazê-lo o centro de tudo. Pense nisto! Paulo disse: "Examinai-vos a vós mesmos (para saberdes) se realmente estais na fé;" II Cor. 13:5. Se ao praticar o autoexame paulino, você perceber que ainda se ofende quando as suas intenções são mal-interpretadas e as suas ideias resistidas; é porque o seu coração ainda não assimilou, de todo, o fermento do amor de Cristo; e os seus sentimentos e intenções ainda não estão refletindo muito bem os predicados do Altíssimo. Urge admitir que ainda há muito segmento do nosso coração que precisa ser levedado pelo fermento do amor de Jesus. Sabe amigo, se o elemento motivador do nosso coração ainda é a acirrada defesa dos nossos direitos pessoais. Se a mola mestra da nossa


39 vida ainda é a incessante busca por justiça própria, é porque o fermento da verdade ainda não nos fermentou de todo. Se entrevistássemos o apóstolo Paulo, e lhe pedíssemos um conselho sobre este assunto, penso que a sua resposta seria: - "desventurado homem que sou...”, Romanos 7:23. É preciso admitir-nos naturalmente inclinados para o mal. - “Dia após dia morro!”, I Coríntios 15:31. É necessário submeternos ao processo divino da santificação a fim de vivermos em essência o reino de Deus, mesmo enquanto ainda aqui na Terra. - “Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão”, I Coríntios 9:27. É preciso renegar-nos a nós mesmos e aos nossos desejos e vontade, a fim de sentirmos prazer ao fazermos a vontade de Deus. É preciso condenar o eu próprio à morte pela inanição da sua vontade. - “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim...". Gálatas 2:20. Suplique a Deus para que Ele despedace o teu eu próprio sobre a preciosa Rocha que é Cristo, a fim de que, só aquilo que você já assimilou do caráter de Jesus, possa transparecer. Amigo, peça ao Altíssimo que através do Seu Espírito, faça com que o precioso fermento da verdade levede absolutamente tudo em você.

VOCÊ PRECISA FAZER SUPREMO

DE JESUS O SEU

ALVO

Surpreso e atônito, Saulo perguntou para o Ser Divino envolto na Luz: - “Quem és Tu, Senhor?” Atos 9:5. E a resposta foi: “Eu Sou Jesus, (a Verdade) a quem tu persegues”, Atos 9:5. O primeiro passo em direção à salvação é conhecer e aceitar a maior de todas as Verdades, Jesus. Este primeiro passo é também chamado conversão. Amigo, conhecer Jesus envolve muito mais do que apenas ouvir falar da profundidade dos seus ensinos ou da influência do seu personagem para toda a humanidade. Não basta um conhecimento intelectual de Cristo e de Suas realizações, é preciso conhecê-Lo numa experiência pessoal, profunda e superior. Lembre-se de que os discípulos já haviam se tornado discípulos de tempo integral, quando Pedro o negou. Isto mostra que nem mesmo Pedro, tendo visto e vivido os milagres de Jesus, ou mesmo tendo andado sobre as águas, esteve livre de negá-Lo por três vezes. Tanto Pedro quanto Paulo, só começaram a ser grandes apóstolos de Cristo quando


40 fizeram de Jesus o seu ALVO SUPREMO; e isto nem sempre se dá à primeira vista. O ALVO SUPREMO é aquela mola mestra que atrai os nossos mais acariciados esforços, subjuga os nossos mais fortes desejos e move as nossas maiores realizações. SDG Ninguém nunca irá mais longe, ou realizará algo que esteja além, ou acima do seu alvo supremo. Exemplo: Após uma brilhante vitória numa corrida de kart, enquanto os chefes da equipe e os mecânicos iam comemorar, Ayrton Senna apanhava mais um ou dois galões de combustível e voltava para a mesma pista, a fim de refazer, por incansáveis vezes, as mesmas curvas onde ele sabia que podia melhorar. Um atleta de alto nível, como Mark Spits só se tornou um fenômeno olímpico, porque submeteu tudo em sua vida à busca do seu alvo supremo, sete medalhas de ouro. É certo que todos nós possuímos muitos alvos importantes na vida: Cursar uma faculdade, casar e ter filhos, ser bem sucedido na profissão, etc... Estes alvos são muito nobres e importantes, mas, ainda que sejam muito importantes, eles não deveriam deter a nossa motivação maior. Note que os extraordinários e surpreendentes feitos dos grandes heróis só ocorreram porque eles fizeram da busca do seu alvo supremo, a realização, o motivo maior da sua vida. É aí que surge o extraordinário. Quando estudamos a vida de um cristão como o apóstolo Paulo, vemos que ele, após o seu encontro com Cristo, realizou a maior obra de evangelismo que o mundo já viu... Isto, em verdade, é um feito muito mais importante do que conquistar sete medalhas olímpicas, e é, certamente, muito mais extraordinário do que ser um piloto tri-campeão mundial de fórmula um. Você já se perguntou como um homem como Paulo realizou um feito tão extraordinário? Onde Paulo encontrou forças para começar e recomeçar, tantas vezes quanto necessárias se fizeram, em meio a tamanho sofrimento, a fim de cumprir o “Ide” de Jesus? A única resposta plausível é que Paulo fez de Jesus Cristo o seu tudo. Paulo encontrou em Jesus a sua maior realização. Jesus se tornou o seu alvo supremo. Jesus era a única, e a maior razão da vida de Paulo. Todo homem que, como o apóstolo Paulo, encontre em Jesus a razão maior da sua existência, realizará feitos extraordinários. Qualquer homem que, como Paulo, descubra realmente quem é Jesus, fará dEle o seu alvo supremo e será, como Paulo, uma bênção para toda a humanidade.


41 Em Damasco, Saulo deu o seu primeiro passo na verdade, e nunca mais parou de caminhar com Jesus.


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CAPÍTULO 08 8º SEGREDO: A Falsa Teologia do Não Sofrimento O perigoso engano da teologia do não sofrimento. Os sofrimentos, não merecidos ou não buscados, são como um instrumento nas mãos de Deus para aparar as arestas do nosso caráter. Estes momentos de extrema dificuldade servem para nos revelar onde estamos, e em que precisamos melhorar. Só à medida que a imagem de Deus é em nós restaurada, revelamos Jesus mais claramente em nossos pensamentos e atitudes de amor. O sofrimento anunciado por Jesus ao convertido Paulo, 15“Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; 16pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” Atos 9:15-16, não era uma vingança por sua antiga perseguição, mas sim, parte daquele já citado, único e indispensável processo de santificação, a fim de aumentar a sua dependência de Deus de tal maneira que ele pudesse realizar uma tão maravilhosa e abrangente obra, como a que ele realizou. APLICAÇÃO: Em meu coração, tenho a forte convicção de que, à medida que você lê estas páginas, escritas letra por letra em espírito de oração, a luz do céu vai brilhando mais e mais claramente no íntimo do seu coração. Por vezes você tremerá diante dessa nova luz, como Saulo. Mas lembre-se: O tamanho do teu sucesso na vida espiritual dependerá somente da sinceridade da tua reação diante de Cristo e da luz da verdade que dEle dimana. Você pode ser tão grande quanto o apóstolo Paulo foi. Só depende de você. Eu não estou dizendo nenhuma blasfêmia, ao dizer que você pode ser tão grande quanto Paulo, pois sei que Deus coloca diante de você a mesma luz que colocou diante dele, e o mesmo direito de escolha. A grandeza espiritual de Paulo pode ser vivida por você, uma vez que esta depende apenas da sua capacidade de crer e confiar.


43 Ter fé não foi um privilégio dado apenas a Paulo, mas está à disposição de todos os que a escolherem praticar. Deus não é injusto nem exclusivista. Saiba que a mesma fé que esteve à disposição de Paulo e de todos os grandes da Bíblia, está também à sua disposição, basta você escolher confiar. Eu sei que você vai dizer que só houve um Paulo, ou um só Moisés, e isso é totalmente verdade, mas também só existe um você, e quão grande na fé você vai ser só depende de você. O engano que estava entronizado no coração de Saulo era algo tão arraigado, que todos os melhores métodos usados por Deus anteriormente não alcançaram o objetivo proposto. O engano de Paulo foi semelhante ao de Jacó, que em sua obstinada busca pela primogenitura espiritual, levou o céu aos extremos, a ponto de ter que, literalmente, lutar com um anjo para descobrir qual era o foco infeccioso do seu caráter, que o impedia de receber a bênção da primogenitura espiritual que o céu vinha tentando lhe conceder há tantos anos. Por certo, Deus já havia tentado muitos outros processos para apresentar a verdade a Saulo em tempos de paz, mas nada havia sido suficientemente eficaz para derrubar as barreiras que impediam o sincero Saulo de ver e conhecer a verdade, Jesus. Por vezes, obrigamos o Altíssimo a permitir que um acontecimento extremo ocorra em nossa vida, como foi na vida de Pedro, com a sua desprezível negação. Alguns de nós obrigamos Deus a ir a extremos, a fim de que haja uma conscientização das nossas deficiências pessoais. Então, Deus usa o Seu último recurso, que é permitir o sofrimento, para que possa derribar as barreiras do nosso coração, fazendo-nos aceitar o Seu oferecimento de salvação. Esta nossa nova e voluntária subserviência apoderar-se-á dos predicados de Deus, e assim assimilaremos muito do caráter de Jesus. O que se ouve hoje, como pregação do evangelho, é uma amalgamação das boas novas da salvação com a prosperidade material. A mídia evangélica divulga a plenos pulmões que ser um cristão e praticar a verdade é ser um vitorioso em todos os segmentos de nossa vida, todo tempo. O que muitos pregadores divulgam como evangelho de Deus é, na verdade, uma ininterrupta sequência de milagres em todos os segmentos da sociedade. Este método é quase sempre o mesmo, e tem dado tão certo que vem sendo adotado até pelas igrejas mais tradicionais. Como marketing, usa-se a imagem de uma pessoa de boa aparência, de idade adequada. Nunca um idoso com aparência declinada, ou mesmo um jovem com aparência de miséria financeira. Nunca um doente, ou uma pessoa cuja aparência sugira pobreza. Não há uma pregação efetiva, sobre a pessoa ou sobre o sacrifício de Cristo. O enfoque é no sucesso financeiro, e segue-se uma série de testemunhos de


44 vitórias financeiras, como nos programas de autoajuda, ou nos planos da pirâmide. O bem aparentado entrevistado descreve, com riqueza de detalhes, a sua vida anterior: uma vida de decepções, de lutas, de vícios, de total desarmonia no lar e, por fim, fala do naufrágio financeiro. Então, relata como encontrou a nova luz, e como isso mudou a sua vida. Descreve como a sua adesão à nova fé o tornou vitorioso. Agora, diz ele, eu fiz um plano com Deus, e tudo mudou, não há mais violência no lar, estamos em eterna lua de mel, meus filhos estão livres das drogas, e todos os três passaram no vestibular para medicina na universidade federal. Agora, apenas dois anos depois que eu conheci esta igreja, eu tenho um patrimônio avaliado em quinze milhões de reais, e tudo isto graças a essa minha nova fé. Esta estratégia, do não sofrimento, dos muitos milagres e do sucesso em tudo, é um marketing tão forte e poderoso que até quem, no passado, já pregou o verdadeiro evangelho de Cristo, mudou para garantir a sua sobrevivência como denominação religiosa. Muitos, dentre os sinceros que buscam tal “evangelho”, não percebem que, como os dez leprosos, estão buscando o sucesso financeiro e a cura do corpo, e não a libertação do pecado. A pergunta que deveríamos fazer é: Este foi o método usado por Jesus quando andou entre nós? Jesus se valeu das curas para atrair os homens a fim de que estes tivessem com Ele uma experiência de salvação. O milagre nunca foi praticado por Jesus como um fim em si mesmo, como hoje é apresentado. Jesus fez duras observações aos que eram movidos por bens materiais: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”, Mateus 16:24. Moisés foi criado para ser o herdeiro e substituto de faraó. Por amor a Deus, e ao seu povo, Moisés abdicou de tudo. Então, vemos que ele foi rejeitado por seu próprio povo, perseguido pelos egípcios e acabou sendo desterrado para o deserto de Midiã, por quarenta longos anos. Depois vemos a total dedicação de Moisés ao povo de Israel por oitenta anos; e a frustrante recompensa que ele recebeu, por sua total dedicação a Deus e a Seu povo, foi chegar à fronteira de Canaã, mas não receber o privilégio de conduzir o seu povo à tão longamente esperada terra prometida. Outro bom exemplo de alguém que tomou a cruz é o do grande patriarca Jacó, cuja experiência de vida gerou o povo de Israel. Ele buscou com total dedicação a primogenitura espiritual que lhe fora prometida por Deus. E a sua obsessão por ser o líder espiritual do seu povo foi tamanha, que ele lançou mão do subterfúgio da mentira para conseguir o seu almejado objetivo. Quando vemos a vitória de Jacó, ao vencer a luta com o


45 anjo e, mesmo depois disso, passar 20 longos anos chorando a mentirosa morte de José, o seu amado filho de Raquel, tido como morto por vinte anos... Observando a obstinada dedicação de Paulo a pregar o evangelho do amor de Cristo e, mesmo depois de salvar a tantos, receber como recompensa o ser injustamente aprisionado por anos, e adoecer na masmorra, sendo mesmo impedido de pregar o evangelho a que tanto amava...

Há perigo em acumular as bênçãos de Deus em nossos aumentados celeiros. Sabe amigo, a salvação é de graça, mas não é barata. Desfrutar o privilégio de viver com Cristo pela eternidade requer nada menos do que tudo que somos e possuímos. Lembre-se, uma vez Jesus disse: “Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus”, Mateus 19:23. Muitos pregadores, por piedade, tentam atenuar este texto minimizado a terrível verdade exposta aqui por Jesus. Note o tom grave deste outro texto: “Ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino dos céus.” Mateus 19:24. É preciso muito esforço mental para minimizar a gravidade da afirmação de Cristo nestes textos. Lembre-se: O jovem rico ao ser orientado por Jesus quanto ao dever de guardar os dez mandamentos, sinceramente afirmou que os vinha observando desde a sua juventude. Então Jesus foi direto ao foco infeccioso do seu caráter. “Vai, disse Ele. Vende tudo o que tens (desfaça-se da sua riqueza material) e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu, e (só depois de se desfazer daquilo que te escraviza) vem e segue-me”. “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”. Marcos 10:23 “Quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!”. Marcos 10:24 Com toda certeza Jesus, aqui, não está dizendo que é pecado ser rico, não. Mas, você deve convir comigo que Jesus está dizendo, literalmente, que é muito difícil um rico entrar no reino dos céus. Ele disse


46 que, um rico entrar no reino de Deus é quase tão impossível, quanto um camelo passar pelo buraco de uma agulha. O problema maior não é a riqueza em si mesma, mas o poder que ela exerce sobre o seu suposto possuidor. A riqueza domina e escraviza aquele que pensa possuí-la. Talvez, a maior dificuldade para um rico entrar no reino do céu esteja no fato de que, para tanto, ele precisaria estar totalmente consciente de que tudo que adquiriu, ou possui, é literal propriedade de Deus. Seus dotes materiais pertencem literalmente ao Criador, que é o único e o verdadeiro proprietário de tudo. Lembre-se que, de acordo com a Bíblia, o Altíssimo apenas nos escolheu como mordomos, para administrarmos tais recursos sob o rigor das regras do reino de céus, e nunca para retê-los egoisticamente, a fim de gastá-los na satisfação dos nossos supérfluos desejos. Os bens que a um homem rico, lhe foram concedidos, não o foram para desfrutar de luxo ou mesmo para serem gastos em divertimento ou prazer. Estes recursos não nos foram concedidos para satisfazer o nosso insaciável desejo de consumo. Deus concede bens aos homens com o intuito de que estes os utilizem como Jesus o faria. Quando Jesus multiplicou os pães, o fez para repartir. Seus milagres não recebiam remuneração nem favores. Jesus teve tudo, mas, ao morrer, só possuía a roupa do corpo, cuja melhor parte, nem mesmo a Ele pertencia. O maior problema da riqueza não é a riqueza em si, mas enfrentar o egoísmo de repartir o excesso da bênção recebida, porque nunca consideraremos algo tão precioso como excesso, uma vez que nunca chegaremos à conclusão de que já possuímos o bastante. Se depender do coração humano, nunca consideraremos como excesso nenhuma parte do que, com esforço, adquirimos. O nosso excesso poderia ser a resposta da oração de um sofredor que está ao nosso lado, mas o nosso egoísmo é o que nos impede de reconhecer a necessidade alheia. Se alcançássemos diante das bênçãos recebidas, a adequada postura de mordomos, como Deus planejou que fossemos, nós literalmente nos tornaríamos uma extensão da reposta de Deus às orações e às necessidades do sofredor.


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A teologia dos milagres versus a teologia da verdadeira conversão. Devido à dura realidade de uma vida de sofrimentos, os homens passam todo o tempo correndo atrás da solução imediata para algum problema grave. Nos dias de hoje, assim como há dois mil anos, os homens seguem correndo de um lado para o outro em busca dos solucionadores milagres que Jesus pode realizar. De certa forma, estamos todos clamando por algum milagre: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim porque estou desempregado; tem misericórdia de mim porque eu preciso desesperadamente de um milagre para esta doença terminal; preciso de um milagre imediato porque eu sofri um grande revés financeiro, estou falido, acabado, perdi todo fruto de uma vida de trabalho; preciso de um milagre imediato por que o meu casamento está aos pedaços; preciso de um milagre urgente porque o meu único filho está chafurdado nas drogas. Quem dentre nós está totalmente isento desta má sorte? Quem dentre nós não vive ao menos um destes problemas? Todos os homens têm os seus muitos milagres para pedir a Jesus, mas Saulo recebeu o maior dentre todos os milagres que Jesus podia lhe conceder, a sua conversão. O milagre da CONVERSÃO é o maior dentre todos os milagres que Jesus pode realizar, e Ele ainda realiza nos dias de hoje. Sim amigos, o texto sagrado diz que eram dez os homens leprosos que buscavam por um milagre em Jesus. E ao se depararem com a oportunidade clamaram a Ele, dizendo: “Jesus Mestre, compadece-te de nós.” Lucas 17:13 Com estas palavras eles demonstravam acreditar que estavam na presença do prometido Messias. Jesus podia lhes haver curado de imediato, mas não o fez; provou-lhes a fé, mandando-os ir apresentar-se aos sacerdotes. Talvez alguém dentre os leprosos tenha murmurado dizendo: Estamos perdendo tempo; se ele, realmente nos pudesse curar, o teria feito na mesma hora. Mas, pode ser que o samaritano que estava entre eles tenha argumentado: O que temos nós a perder? Se nos apresentarmos ao sacerdote e o milagre não ocorrer, o máximo que nos pode acontecer é continuarmos leprosos; mas, e se, ao nos apresentarmos a eles, ocorrer um milagre? Pense nisso, nunca mais precisaremos gritar "imundo", cada vez que uma pessoa se aproximar, para adverti-la de que até o ar que respiramos é infeccioso. Nunca mais teremos que viver nos lixões da cidade, disputando com urubus e com os ratos os restos de comida que vêm misturado com o lixo. Estaremos curados, livres para voltar a viver na sociedade, poderemos trabalhar


48 novamente, voltar para o nosso lar, poderemos almoçar numa mesa com a nossa esposa e filhos. Essa argumentação os convenceu. E ao darem eles o passo da fé, foram curados. Quanta bênção. Quando um dos ex-leprosos voltou para agradecer, Jesus lhe perguntou: “Não eram dez os que foram curados?”... “não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este samaritano?” – “Vai, a tua fé te salvou”, Lucas 17:17. Lucas 17, ao apresentar a maravilhosa história da purificação dos dez leprosos, revela também que existe um milagre muito maior do que o milagre de curar um leproso. Aqui Jesus nos ensina que os dez leprosos haviam sido curados do corpo, mas só um deles fora curado no espírito. Os outros nove, mesmo não voltando para agradecer, receberam o milagre da cura do corpo. Porém, só o que voltou para dar glória a Deus foi curado do pecado, e pode receber a salvação. Logo, receber o milagre da cura do corpo é uma bênção maravilhosa, pois tal milagre resulta em saúde para gozar esta vida de maneira saudável, próspera e feliz. Mas, receber o milagre da conversão significa receber centuplicadamente mais, porque a conversão do coração humano é a maior de todas as bênçãos que poderíamos receber. O milagre da conversão não só nos concede a serenidade para viver esta vida, mas, também nos assegura uma vida repleta de privilégios, ao lado de Cristo, por toda a eternidade. Lembre-se: Os dez leprosos receberam o milagre da cura do corpo, mas, apenas um deles alcançou o precioso milagre da salvação.

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