Pelado, pelado. Nu com a mão no bolso
A informação esbarra em você pelo e-mail, na sala, na cozinha, no trabalho, na escola, no semáfaro e até naquela discussão na churrascaria. E você, nem aí. Até sua mãe já comentou como é saudável. Você já tá careca de saber que carne vermelha não é bom para o coração e já ouviu falar muitas vezes que não há realmente algum tipo de carne que seja boa de verdade para o coração. Recentemente leu alguns artigos e viu muitos vídeos. Ficou convencido de que a indústria do leite e dos ovos é o inferno para os animais e, além do mais, também não é boa para o coração. Nem pros rins. Nem pra cabeça. Nem pro dedão do pé. Até já disse numa rodinha que leite não evita osteoporose e que, ao contrário, causa. Surpreendeu a todos, mas ainda, nem aí. A piadinha da falta de proteínas não cola mais, é muito anos 80 pra você. É a primeira que se derrete ao ver um cachorrinho: “ai que fofoooo!” e se orgulha dizendo que ama animais. Ou é aquele durão que, se derretendo por dentro, diz sem se soltar muito: “Simpático mesmo o bicho. Eu curto”. Mas, nem aí. Você já tá ciente de que o desmatamento da Amazônia é causado por 2 grandes fatores: 1°: Animais de corte – 2°: Soja (para animais de corte). Com isso, há alguns meses, você já concluiu que uma alimentação com ingredientes de origem animal é péssima para o meio ambiente, contribuindo mais para o efeito estufa do que todos os meios de transporte somados. Você é uma pessoa antenada e não falta argumento quando o assunto da rodinha é “carne”. Mas, quando a rodinha é num churrasco, nem aí. É um entusiasta da Segunda Sem Carne, adorou a ideia, mas quando bate as 11h30 do primeiro dia útil da semana, chega a salivar pensando no bife do almoço. Aí, esquece a campanha e deixa pra outra segunda. Na outra segunda, nem aí. Admira a filosofia vegana, afinal faz todo sentido do mundo pra você seguir uma filosofia de vida que preza pelo não sofrimento dos animais, pela preservação do meio ambiente e pelo bem das pessoas. Mas quando está em pé escolhendo o que comer num self-service ou sentado lendo o cardápio para o jantar, nem aí. Quase não acreditou quando soube que milhares de pessoas ao redor do mundo vivem muito bem sem comer nenhum tipo de derivado animal mas, hoje, pesquisas depois, repete com orgulho alheio aos amigos do escritório que “Sim, é possível”. Adora a comida vegana bem preparada e faz questão de elogiar e compartilahr receitas. Mas na hora do lanche da tarde, com todas aquelas opções de doces e salgados da padaria da esquina, nem aí. A você parece injusto “ter” que se abster de suas guloseimas preferidas ou ter que pesquisar guloseimas idênticas sem crueldade, mas diz a quem faz: “Um dia vou ser assim”. Você é do tipo que troca o bife pelo frango grelhado, troca o frango grelado por um filé de peixe e que troca, eventualmente, o filé de peixe por uma torta de legumes. Mas no outro dia, você recomeça o ciclo. Nem aí.
Você tem as informações, você conhece e sabe de tudo. O que falta? Que empurrãozinho você está esperando? Que mão divina você está aguardando? Que prazo é esse? Que esquizofrenia é essa? O que você precisa? Não seja uma pessoa pelada convicta, ViSta-se no dia a dia.