modernistas a semana de 1922 em reflexĂŁo
galeria de arte andrĂŠ abertura dia 3 de abril, Ă s 20h de 3 a 28 de abril de 2012
modernistas, 90 anos. a semana de 1922 em reflexão. oficialmente o movimento modernista irrompe, no brasil, com a semana de arte moderna realizada no teatro municipal de são paulo, apresentando novas ideias artísticas. a “nova” poesia através da declamação. a “nova” música por meio de concertos. a “nova” arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. o adjetivo “novo”, marcando todas estas manifestações, propunha algo a ser recebido com curiosidade ou interesse. logo após a realização da semana, alguns artistas fundamentais que dela participaram acabaram voltando para a europa (ou indo pela primeira vez, no caso de di cavalcanti), dificultando a continuidade do processo que se iniciara. por outro lado, outros artistas igualmente importantes chegavam após estudos no continente, como tarsila do amaral, um dos grandes pilares do modernismo brasileiro. não resta dúvida que a semana integrou grandes personalidades da cultura da época e pode ser considerada importante marco do modernismo brasileiro, com sua intenção nitidamente antiacadêmica. além disso, discute-se o “modernismo” das obras de artes plásticas que apresentavam várias tendências distintas e talvez não tivessem tantos elementos de ruptura quanto seus autores e os idealizadores da semana pretendiam. mas a sua atual importância deve ser comemorada e dessa forma idealizamos uma mostra para desenvolver uma compreensão hoje, do que eles fizeram no passado. separamos o espaço entre a primeira e a segunda geração de artistas plásticos modernistas e tentamos dar uma real ligação da literatura, arquitetura e música, através de bate-papos com críticos e complementando com um concerto intimista com a obra de villa lobos e de seus seguidores. em um primeiro plano modernista trazemos tarsila do amaral com uma água forte e um desenho, ambos sobre papel, que demonstram a singela personalidade desta artista de cores e traços fortes. anita malfatti está presente com a fazendinha, que representa exatamente a forma como ela queria pintar, uma pintura simples, facilmente compreendida por todos. já di cavalcanti foi o furacão da semana. as telas desta exposição contêm todas as formas as quais di gostava de pintar, com influência do cubismo e os temas brasileiros em todas elas. victor brecheret está bem representado com obras da década de vinte como a madona de 1924, cabeça de tocadora de guitarra da mesma década
e a peça ídolo que participou da semana. barca é um dos estudos para o monumento às bandeiras. além de desenhos a nanquim e tinta china com estudos preciosíssimos dos anos 1941 e 1950. vicente do rego monteiro, artista múltiplo, coloca sensação de volume em suas obras e suas telas na exposição mostram bem a característica de sua pintura que apresenta forte influência do cubismo. antônio gomide aparece com estudos para estamparia, aquarelas que são de 1920 e traduzem a fase inicial de sua carreira. a aquarela de cícero dias exposta nesta homenagem é uma delicada e sutil explosão de cores e mostra uma leveza e uma delicadeza pertinentes à técnica. já no que diz respeito à 2ª geração de modernistas apresentamos uma seleção vasta e rica. pancetti está representado por uma paisagem que é uma de suas temáticas preferidas, feito com pinceladas lisas e batidas. guignard está presente com são sebastião, tela dos anos 60 de tema religioso, muito comum em sua produção e como toda sua obra, tem o desenho como base predominante. portinari sempre se preocupou com as questões sociais do brasil assim como mostra o grafite borracha. ainda temos telas dos anos 20 e dos anos 40 e pode-se verificar nelas o que sempre quis passar em suas pinturas, o sentimento. é nítida a mudança na obra de bonadei observando as telas escolhidas. seu aprendizado acadêmico pode ser visto em retrato feminino e nos óleos dos anos 60 é possível observar sua mudança de direção para a simplificação dos traços e para o abstracionismo. clóvis graciano sempre com seu figurativismo impecável e no óleo músicos, de 1972, retrata uma de suas temáticas preferidas tanto nas telas como nos murais. já pennacchi, figurativo que pintava com grande poesia as pessoas simples, do campo, caboclos e pessoas do povo, tem na mostra uma representação do que há de mais genuíno em seu trabalho. carlos scliar sempre inovou em sua criação. gostava de pesquisar técnicas diferentes, têmpera, acrílico, artes gráficas e colagens. as obras expostas têm a utilização de colagens, técnica muito representativa em sua obra. nos anos 20 artistas de diversas frentes, literatura, arquitetura, artes plásticas e música, negavam a arte acadêmica, influenciados pelas tendências e movimentos como o cubismo, o expressionismo e diversas ramificações pósimpressionistas. hoje a arte brasileira é uma mescla destes movimentos e tem sua personalidade definida em todos os segmentos artísticos. nossa homenagem a estes artistas corajosos que enfrentaram vaias e indignação para poderem reinventar a arte brasileira e modernizar a forma de expressão artística em todos os moldes é mais do que justa, moderna, reflexiva. sônia skroski
palestras
03 de abril 19h00 palestra “o espírito moderno” por kátia canton 20h00 abertura da mostra 21h00 concerto “raízes e frutos modernistas” com o quarteto pererê
26 de abril 19h00 palestra “modernismo ontem e hoje: o caso da arquitetura” por guilherme wisnick 20h30 palestra “o modernismo na literatura brasileira” por rita alves
28 de abril 14h00 término da exposição
guilherme wisnik arquiteto e ensaísta. professor da escola da cidade, formado pela fau-usp, mestre em história social pela fflch-usp e doutorando pela fau-usp. autor de lucio costa, caetano veloso e estado crítico: à deriva nas cidades e organizador do volume 54 da revista espanhola 2g sobre a obra de vilanova artigas. autor do ensaio “modernidade congênita”, em arquitetura moderna brasileira e “hipóteses acerca da relação entre a obra de álvaro siza e o brasil”, em álvaro siza modern redux. é colaborador do jornal folha de são paulo, e curador do projeto de arte pública margem (2010), pelo itaú cultural.
kátia canton jornalista, crítica de arte, curadora e professora associada do museu de arte contemporânea da usp na divisão de arte e educação. mestre e phd em artes interdisciplinares pela new york university e livre-docente em teoria e crítica de artes pela eca usp. docente do programa de pós-graduação interunidades em estética e história da arte da usp. foi chefe da divisão de exposições temporárias, da divisão de curadoria e da divisão de arte e educação do museu de arte contemporânea da usp.
quarteto pererê formado a partir das comemorações dos 80 anos da semana de arte moderna dedica-se à música instrumental brasileira. inspira-se no saci pererê, uma confluência dos mitos brasílicos fixada no imaginário e na cultura popular, que resulta em uma sonoridade imaginativa e alegórica. gravaram dois álbuns independentes, ebulição de 2004 e balaio de 2009. o repertório tem composições a oito mãos, arranjos e inventivas, unindo “tradição e modernidade” na poética musical brasileira. composto por alessandro ferreira (violão de sete cordas), edson tadeu (gaita), francisco andrade (viola caipira e violão) e tchelo nunes (violino).
rita alves formada em letras e estudos socias e pós graduação em gestão de patrimônio histórico e cultural e extensão em literatura comparada e crítica literária na usp. membro fundadora do instituto orlando villas boas. foi diretora de comunicação da g-onze (organização para o desenvolvimento da arte e da cultura). está preparando o processo de tombamento da alvorada, manifestação cultural do morro da mangueira, rj e também o processo de criação do memorial iconográfico da música brasileira. coordena a organização dos livros de mário luiz thompson.
raĂzes
anita malfatti “tomei a liberdade de pintar ao meu modo.”
nasceu em são paulo, sp em 1889. faleceu em são paulo, sp em 1964. sua pintura foi o estopim da vanguarda do modernismo brasileiro. já em 1917 uma mostra com 53 de seus mais arrojados trabalhos chocaram a provinciana e acadêmica são paulo. era expressionista antes de saber o que significava o termo. a pintura de anita parece estar em um eterno descompasso com sua cidade. a são paulo cosmopolita se constrange ao observar as telas toscas, adocicadas e falsamente ingênuas que passa a produzir após a fase modernista. depois de pintar obras como “o homem amarelo”, “a boba” e “mulher de cabelos verdes”, não quer mais ser vanguarda, nem acadêmica. quer uma pintura simples, facilmente compreendida por todos.
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a fazendinha, 65 x 92 cm, 贸leo sobre tela, s/d
antônio gomide “a seriedade votiva, o amor adornante que alimenta pela sua arte, faz dele um místico da pintura.” mário de andrade nasceu em itapetininga, sp em 1895. faleceu em ubatuba, sp em 1967. pesquisador aplicado, artista engajado, pintor, desenhista, gravador, escultor e professor de artes plásticas. morando em paris antes de 22, teve contato com artistas de vanguarda européia e acompanhou as tendências locais da época como o cubismo e a art déco. de volta ao brasil nos anos 20, aproximou-se do movimento de renovação das artes plásticas. esta aproximação marca a fase de readaptação aos cenários brasileiros e a ruptura no estilo vanguardista parisiense. chegou a produzir obras com características diferentes ao mesmo tempo. outra fase que marcou a vida do artista foi quando se empenhou em registrar a cultura popular, seus sambas e suas macumbas. a inspiração cubista do trabalho inicial de gomide se opõe às fases posteriores, caracterizadas por uma abordagem mais espontânea e por um repertório mais diversificado.
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composição geométrica I, 16,3 x 11 cm, aquarela sobre papel, déc. 20 composição geométrica II, 17,5 x 17,5 cm, aquarela sobre papel, 1922
cícero dias “eu pinto pernambuco, eu pinto o recife, eu pinto os canaviais e o verde do mar de recife.” nasceu em escada, pe em 1907. faleceu em paris, na frança em 2003. segundo flávio de aquino, a arte de cícero dias nos prova que “a pintura pode perfeitamente expressar um profundo sentimento de vida e de movimento, tem intenso sentido orgânico, sem recorrer às formas da nossa realidade quotidiana. ao primeiro contato com esta arte alegre e violeta o espectador sente imediatamente uma explosão de cor e, logo após, um subseqüente sentimento de vida”. nos anos 20 sua obra era composta de desenhos e aquarelas, todos com uma leveza e delicadeza de efeito que a pintura a óleo não conseguia dar. já nos anos 30 volta-se à tradição pernambucana com a paisagem rural alternando-se à paisagem urbana de recife e olinda. em sua vida madura suas figuras são submetidas a uma simplificação geométrica que lembra o cubismo de braque e picasso.
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mulher com flores, 35 x 25 cm, aquarela sobre papel, 1932
emiliano di cavalcanti “criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe!”
nasceu no rio de janeiro, rj em 1897. faleceu no rio de janeiro, rj em 1976. foi autodidata e pioneiro da arte moderna no brasil. seus primeiros trabalhos foram influenciados por aubrey beardsley e pelo art noveau. amigo de mário de andrade e oswald de andrade, teve um papel central na semana de arte moderna de 1922, expondo 12 pinturas, criando o catálogo e o programa do evento. em seu livro “viagem de minha vida – testamento da alvorada”, di assinala que foi o idealizador da semana de arte moderna e que teve a semana de deauville, na frança, como modelo. assim ele sugeriu a paulo prado a realização de “uma semana de escândalos literários e artísticos de meter estribos na burguesiazinha paulistana”. com estilo artístico marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos como diego rivera, abordou temas tipicamente brasileiros como o samba, festas populares, operários e favelas, utilizando as cores do brasil em suas obras, em conjunto com toques de sentimentos e expressões marcantes dos personagens retratados.
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carnaval, 73 x 54 cm, 贸leo sobre tela, 1973
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garrafas, potes, cubos e cadeira, 82 x 100 cm, 贸leo sobre tela, 1964 [7] muro e mulatas, 53 x 73 cm, 贸leo sobre tela, d茅c. 50 [8] tourada, 27 x 41 cm, 贸leo sobre tela, s/d
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vicente do rego monteiro “a vida é tudo o que tenho. a vida e somente a vida. é sobre ela que estou construindo a minha obra.” nasceu em recife, pe em 1889. faleceu em são paulo, sp em 1964. foi um aliado das ideias da semana de 22 juntamente com mário de andrade e di cavalcanti. expôs 10 telas durante a semana. desde 1920 sua pintura teve linguagem contemporânea, além de elementos resultantes da pesquisa da temática indígena brasileira. seus quadros utilizam imagens mitológicas, de conteúdo mágico ou sagrado, que se misturam com tradições da arte pernambucana, barroca, marajoara, além de apresentarem forte influência do cubismo da escola de paris. artista múltiplo sempre deu mais atenção aos temas nacionais sem seguir prerrogativas e sim seu próprio instinto. as características de sua arte são a plasticidade, a sensação volumétrica que se desprende dos planos, a textura quase imaterial, o forte desenho esquematizado e a ciência da composição.
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os frades franciscanos, 79 x 71 cm, 贸leo sobre tela, d茅c. 60
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[10] sem título, 80 x 110 cm, óleo sobre tela, déc. 60 menino e ovelha, 46 x 55 cm, óleo diluído sobre cartão, s/d [12] vaso de flores, 67 x 49,5 cm, pintura sobre cartão, s/d
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victor brecheret — o que você seria caso não fosse um artista? — “nada.”
nasceu em farnese di castro, itália em 1894. faleceu em são paulo, sp em 1955. o escultor teve papel diferenciado e fundamental no modernismo brasileiro. além disso, se destacou nos anos 20 e 30 como artista da escola de paris e nas décadas de 40 e 50 no cenário artístico de são paulo, com monumentos públicos, funerários e decorativos de fachadas, como o “monumento às bandeiras”, hoje um dos símbolos da cidade. na década de 40 introduziu elementos brasileiros em sua obra, interessado na arte indígena. as peças escultóricas aproximam-se da abstração, formas essenciais, primitivas, com um torneado rústico, caracterizando a fase de maturidade do artista, esculturas quase abstratas em suas deformações e encadeamento orgânico de volumes. foi consagrado o melhor escultor nacional na 1ª bienal de são paulo, em 51.
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madona, 34 x 24,5 x 9 cm, bronze polido, 1924 o beijo, 30 x 25 x 10 cm, bronze polido, s/d [15] tocadora de guitarra, 89 x 45 x 16,5 cm, bronze polido, 1927 [13] [14]
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cabeça de tocadora de guitarra, 33 x 31 x 12,5 cm, bronze patinado, déc. 20 ídolo, 35 x 48 x 24 cm, bronze patinado, 1922 [18] barca, 31 x 110 x 9 cm, bronze patinado, déc. 10/20 [16] [17]
tarsila do amaral “quero ser uma pintora da minha terra.”
nasceu em capivari, sp em 1886. faleceu em são paulo, sp em 1973. suas obras, de cores intensas e temas regionais, seguiam o conceito nacionalista do modernismo. em 1928, pintou como presente de aniversário para oswald o “abaporu” – homem que come, em tupi. o quadro mostra uma figura solitária de pés imensos, sentada sobre uma planície verde, com o braço dobrado repousando no joelho e a mão sustentando o peso de uma minúscula cabeça. pintora e desenhista, foi uma das figuras centrais da pintura brasileira e da primeira fase do movimento modernista brasileiro. foi influenciada pelo cubismo no início de carreira e na fase antropofágica deixou-se influenciar pelo surrealismo.
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louvor à natureza, 15,9 x 23 cm, água forte sobre papel, 1971 paisagem com 3 casas e cactos à direita, 7,8 x 12,4 cm, tinta esferográfica sobre papel, 1971
frutos
alberto da veiga guignard “minha profissão como artista requereu muito exercício, boa vontade e principalmente uma grande tenacidade. sem isto nada se faz.” nasceu em nova friburgo, rj em 1896. faleceu em belo horizonte, mg em 1962. sua produção compreende paisagens, retratos, pinturas de gênero e de temática religiosa. tinha um desenho insinuante e grácil, que possuía importância ascendente em relação à cor. os métodos aplicados por guignard causaram grande repercussão, atraindo muitos alunos, hoje artistas consagrados, que ansiavam por uma linguagem anticonvencional, provocando reações bruscas por parte dos professores e alunos que ainda estavam arraigados aos moldes acadêmicos julgados então ultrapassados. guignard amava, mesmo, as montanhas de minas gerais, seu céu e suas cores, as manchas nos muros e o seu povo. colaborou para a formação de artistas que romperam com a linguagem acadêmica e ajudou a consolidar o modernismo nas artes plásticas em minas.
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s찾o sebasti찾o, 49 x 30 cm, 처leo sobre tela, 1961
aldo bonadei “não se poderia imaginar um artista plenamente satisfeito ou também que o mesmo ao começar um quadro saiba como esse vá terminar. há o imprevisto.” nasceu em são paulo, sp em 1906. faleceu em são paulo, sp em 1974. considerado pioneiro da arte abstrata no brasil, já na década de 40 seu trabalho apresentava certas características subjetivas atribuídas à influência que a música trouxe para a sua pintura. seu aprendizado foi acadêmico, mas caminhou rumo à simplificação de seus planos pictóricos, absorvendo os exemplos de cézanne e de um cubismo moderado. concentrou-se em alguns temas, como paisagens, naturezas mortas e flores. sua liberdade criativa porém o leva por caminhos muito variados e sempre pessoais, com uma palheta pictórica que alcança por vezes alturas cromáticas muito intensas. suas experimentações no campo da abstração expressam por sua vez uma constante tensão entre uma representação figurativa lírica e uma racionalidade muito subjetiva, operando assim em um só artista uma multiplicidade de forças expressivas em permanente elaboração.
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retrato feminino, 85,5 x 75 cm, 贸leo sobre tela, 1943
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sem título, 93 x 73 cm, óleo sobre tela, 1964 sem título, 25 x 35 cm, óleo sobre cartão sobre placa, 1966
cândido portinari “o alvo da minha pintura é o sentimento. para mim, a técnica é meramente um meio. porém, um meio indispensável.” nasceu em brodowski, sp em 1903. faleceu no rio de janeiro, rj em 1962. retratou questões sociais do brasil e utilizou alguns elementos artísticos da arte moderna européia. suas obras de arte refletem influências do surrealismo, cubismo e da arte dos muralistas mexicanos. sua arte figurativa valorizou as tradições da pintura. companheiro de poetas, escritores, jornalistas e diplomatas, portinari participou da elite intelectual brasileira numa época em que se verificava uma notável mudança da atitude estética e na cultura do país, os tempos de arte moderna. sempre preocupado em caracterizar o tipo brasileiro, retratou a vida rural brasileira, a tragédia das migrações nordestinas e o trabalho duro nos portos. um dos artistas brasileiros mais reconhecidos popularmente, é autor de quase cinco mil obras, entre elas os painéis “guerra e paz” da sede da onu em nova york e o mural da biblioteca do congresso em washington.
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marinha, 23,5 x 33 cm, 贸leo sobre cart茫o, 1927
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borracha, 30,9 x 43,1 cm, grafite sobre papel, 1948 [27] ant煤rios, 60 x 74 cm, 贸leo sobre tela, 1944
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carlos scliar “gostaria que meus quadros incutissem esperança e força a todos.”
nasceu em santa maria, rs em 1920. faleceu no rio de janeiro, rj em 2001. foi desenhista, gravurista, pintor, ilustrador, cenógrafo, roteirista e designer gráfico. gravurista por opção apaixonou-se pela serigrafia, em cuja técnica desenvolveu várias séries. aliás, uma das importantes características de carlos scliar era a sua capacidade de inovar, buscando novos materiais que lhe servissem de base e técnicas as mais variadas, desde têmpera até o acrílico, passando pelas artes gráficas. pintou quadros, mas também fez murais e até ilustrou vários bilhetes da loteria federal. scliar trabalhava incessantemente. como temas recorrentes pintava retratos, marinhas, paisagens e naturezas-mortas, caminhando do figurativismo para uma abstração cada vez maior, principalmente em seus últimos 25 anos de carreira.
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garrafa, bule e flores, 75 x 55 cm, vinil e colagem encerados sobre tela, 1986
clóvis graciano “é uma forma de levar a arte ao povo, de imortalizar momentos históricos, de maneira a que todos tenham possibilidades de vê-los. a tela pertence a uma minoria. o painel a todos quantos queiram vê-lo.” nasceu em araras, sp em 1907. faleceu em são paulo, sp em 1988. pintor, desenhista, cenógrafo, gravador, ilustrador. a partir dos anos 50 dedicou-se principalmente à pintura de murais. ao longo de sua carreira permaneceu fiel ao figurativismo, nunca tendo sentido a sedução pelo abstracionismo. tratou constantemente de temas sociais, como o dos retirantes, além de temas de músicos e de dança. executou cerca de 120 painéis inspirados em episódios da história paulista. seus quadros são quase sempre muito simples na intencionalidade da expressão estética. fez “retrato de tarsila”, homenagem a uma das pioneiras da pintura moderna brasileira, utilizando o rosa e o azul, que tarsila chamava de suas “cores caipiras”. graciano é um dos grandes mestres da pintura brasileira e usou uma temática que colocava em primeiro plano músicos e a sua terra com uma grande leveza poética.
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m煤sicos, 82 x 60,5 cm, 贸leo sobre tela, 1972
fulvio pennacchi “eu adoro figuras, principalmente se retratam homens do campo, nossos caboclos, essa gente simples e ingênua, eles movimentam cada tela, acho mesmo que o lado humano é básico na arte.” nasceu na toscana, itália em 1905. faleceu em são paulo, sp em 1992. pintor, ceramista e professor, fixou-se em são paulo em 1929. de sólida formação artística e conhecedor de várias técnicas, não se deixou influenciar pelas diversas correntes da história da arte, mantendo-se fiel ao figurativismo. autodidata na pintura em afresco e em cerâmica foi considerado um grande muralista. executou diversos painéis para residências particulares, prédios oficiais e igrejas, registrando temas religiosos e temas ligados ao seu novo mundo. todos os murais realizados até 1939 eram feitos a óleo, a partir dos anos 40 ele empregou exclusivamente a velha técnica do afresco. a temática de pennacchi divide-se entre temas sacros, que pinta com grande rigor na marcação das figuras, e cenas e pessoas do povo, que trabalha com maior liberdade. construiu obras de imensa riqueza poéticas, de uma singeleza raras vezes observada.
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sem t铆tulo, 30 x 40 cm, 贸leo sobre duratex, 1985 sem t铆tulo, 30 x 20 cm, 贸leo sobre duratex, 1986
josé pancetti “tudo que pinto é com amor. só sei pintar com amor.”
nasceu em campinas, sp em 1902. faleceu no rio de janeiro, rj em 1958. pintor brasileiro, considerado um dos maiores paisagistas modernos no brasil. os temas característicos de suas obras são as naturezas-mortas, os retratos, as paisagens e as marinhas que é o tema mais conhecido de suas pinturas. inicialmente elas foram elaboradas de forma analítica, em pinceladas lisas e batidas e organizadas em planos geométricos, sem ondas e sem vento, tornam-se, com o tempo, mais limpas e, por fim, beiram a abstração, reduzidas à areia, à luz e ao mar. suas obras têm uma atmosfera onírica, não raro revelada através de tons de azul melancólicos, tratados por pancetti com o rigor de um grande colorista. foi um pintor natural, que conseguiu captar tudo ao seu redor com um colorido sedutor.
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paisagem, 27,5 x 12,5 cm, 贸leo sobre tela, s/d
curadoria sônia skroski coordenação juliana blau apoio audrey prendergast lucia elena prianti fotos alan teixeira rômulo fialdini revisão adriana cintra projeto gráfico fonte design impressão printcrom agradecimentos james lisboa sandra brecheret silvia de souza tarsila do amaral
rua estados unidos 2280 são paulo sp brasil tel. (11) 3081.6664 | 3081.9697 | 3083.4887 infoarte@galeriandre.com.br www.galeriandre.com.br
este catálogo foi composto nas fontes futuresque e frutiger. na capa, reproduz-se a imagem de autoria de di cavalcanti utilizada no catálogo da semana de arte moderna de 1922. o projeto gráfico adotou como padrão o uso de caracteres minúsculos em todos os textos, sendo os caracteres originalmente maiúsculos coloridos em vermelho. foram impressos 6200 exemplares em março de 2012.