Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 37 - Ano V - Belo Horizonte, abril de 2014
HORA DO JOGO E
specialistas explicam como aspectos físicos e psicológicos podem influenciar jogadores e equipes na Copa do Mundo de Futebol. Fatores como clima, tempo de repouso após os treinamentos e pressão da torcida também são passíveis de interferência no desempenho dos atletas.
Páginas 4 e 5
INSTITUCIONAL Novos diretores da Faculdade tomam posse
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PESQUISA Socialização melhora qualidade de vida dos idosos
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MEMÓRIA DAAB descomemora 50 anos do Golpe Militar
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Ilustração: Juliana Guimarães
Editorial Às vésperas da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, o Saúde Informa destaca a contribuição da medicina do esporte e da psicologia para melhorar a qualidade técnica das equipes. Especialistas explicam como aspectos físicos e psicológicos podem interferir no desempenho dos jogadores. Esta edição traz também o registro de um importante momento institucional: a posse da nova Diretoria da Faculdade de Medicina da UFMG, cujo mandato se estende pelos próximos quatro anos. O professor do Departamento de Cirurgia, Tarcizo Afonso Nunes, e o professor Humberto José Alves, do Departamento de Anatomia e Imagem, foram empossados como diretor e vice-diretor, respectivamente, depois de serem eleitos pela maioria da comunidade acadêmica, no pleito realizado no final de 2013. Na seção de Divulgação Científica, uma pesquisa realizada com mais de 2 mil idosos revela o peso das relações sociais na qualidade de vida dessa população. Na página dedicada à memória, acompanhamos o evento que lembrou a resistência de professores e alunos da Faculdade de Medina contra a Ditadura. E mais: confira dicas para dormir bem. Boa leitura!
Publicações O que é Afamed
Elaborado ao longo de 10 anos, o livro apresenta a história da Associação dos Funcionários Aposentados da Faculdade de Medicina da UFMG (Afamed), desde sua fundação, em 1985. A associação atende também aos aposentados do Hospital das Clínicas e da Escola de Enfermagem e realiza reuniões mensais, além de atividades como aulas de informática e dança. A autora é a fundadora da Associação, Margarida Rosa Vieira. Editora B
1º Congresso de de 1º 1º Congresso Congresso de
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22 a 24 de de maio de de 2014 22 22aa24 24 de maio maio de 2014 2014 Inscriç›es a partir do dia 15/11/2013 Inscriç›es a partir do dia 15/11/2013
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Ensino da Medicina no Brasil e em Minas Gerais
O livro registra o desenvolvimento do ensino da Medicina no Brasil e em diferentes partes do mundo, destacando a trajetória do curso na UFMG. É assinado pelo professor João Amílcar Salgado, fundador do Centro de Memória da Faculdade de Medicina da UFMG. O autor também foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira da História da Medicina, em 1997, e um dos líderes do processo de institucionalização da residência médica na UFMG. Edição do autor
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Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Vice-Diretor: Professor Humberto José Alves – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg Prof. 9945MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Rodrigues, Mariana Pires e Lucas Rodrigues – Estagiários: Karla Escarmigliat, Karen Costa, Deborah Castro e Rayza Kamke. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Bruno Dayrell - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 55 térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; facebook.com/medicinaufmgoficial; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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INSTITUCIONAIS
Novos diretores da Faculdade de Medicina tomam posse Solenidade reuniu autoridades, professores, funcionários e alunos da Unidade, além de familiares dos empossados 20º diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, o professor Tarcizo Afonso Nunes, tomou posse no último dia 11 de abril, juntamente com seu vice, o professor Humberto José Alves, para a gestão 2014-2018. A solenidade foi realizada no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG. Em seu discurso de posse, Tarcizo Nunes falou dos objetivos da nova gestão. “O principal papel de uma instituição de ensino não é ser um centro de pesquisa e extensão de excelência, mas usufruir da excelência desses dois pilares como forte propulsor para conseguir a excelência no ensino. Não pouparemos esforços junto à comunidade para atingir este objetivo”, afirmou. O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jaime Arturo Ramírez, foi quem assinou o termo de posse dos novos gestores. Em seu pronunciamento, ele também mencionou a importância da interseção entre ensino, pesquisa e extensão. “Convido os colegas desta Faculdade para identificar os temas pertinentes do nosso tempo na área da saúde, para elaborarmos os projetos estruturantes de pesquisa e ensino que nos tirem do lugar de conforto e nos permitam trabalhar em conjunto com outras unidades da UFMG, como em alguns casos já fazemos. Assim, tenho certeza, estaremos contribuindo para a sociedade, que para nós contribui e tanto de nós espera”, disse. Homenagem O coordenador do Centro de Tecnologia em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, Cláudio Souza, apresentou a trajetória de Tarcizo Nunes aos presentes. Souza lembrou que, em 1994, convocou Nunes para ser subchefe do Departamento de Cirurgia, dando início à sua trajetória administrativa na Unidade. “O professor Tarcizo está suficientemente preparado e qualificado para exercer o cargo para o qual foi eleito com expressiva maioria, pois passou por todas as instâncias administrativas desta casa. Ressalte-se ainda que durante toda sua trajetória acadêmica nunca se afastou de seus alunos nos diferentes níveis”, disse Souza.
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Foto: Bruna Carvalho
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Alessandra Ribeiro e Larissa Rodrigues
Tarcizo Nunes afirmou que irá buscar a excelência no ensino
Balanço Ao transmitir o cargo para Tarcizo Nunes, o diretor Francisco José Penna (gestões 2006-2010 e 2010-2014) agradeceu o colega, seu vice-diretor nos dois mandatos, e aproveitou para prestar contas das realizações ao longo dos oito anos. Penna destacou a atenção dada à recuperação da memória da Faculdade, especialmente por ocasião do centenário de fundação da escola, em 2011. Ele citou a reorganização do Centro de Memória, a edição do livro comemorativo do centenário e a recuperação da fachada da Faculdade de Medicina, com a instalação da porta de entrada do prédio original. “Esta ação é emblemática de que nossa Faculdade, voltada para o futuro, respeita e reverencia seu passado, sua história”, declarou. Foto: Bruna Carvalho
Diversas autoridades prestigiaram a solenidade de posse
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MEDICINA DO ESPORTE
Corpo e mente saudávei
Especialistas explicam como aspectos físicos e psicológicos Lucas Rodrigues
Clima
As condições climáticas também podem comprometer o rendimento dos atletas e contribuir para o aumento do risco de lesões. O alerta é do diretor científico da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte (Smexe), Haroldo Christo Aleixo, profissional dos departamentos médicos do Clube Atlético Mineiro e do Minas Tênis Clube, graduado na Faculdade de Medicina da UFMG 4
Fora de campo No caso da Seleção Brasileira, jogar em casa supõe torcida a favor, relativo conforto e muita confiança. Por outro lado, as pressões interna e externa podem representar um problema significativo, já que, em alguns casos, isso acontece de forma velada, ou seja, perpassa pelo inconsciente do atleta. É o que afirma o psicólogo do Núcleo de Apoio Psicopedagógico ao Estudante da Faculdade de Medicina da UFMG, Gilmar Tadeu Fidelis, que acompanha as equipes de vôlei do Mackenzie Esporte Clube e recebe atletas de outras modalidades, inclusive o futebol, no próprio consultório. Segundo ele, no contexto de uma Copa do Mundo, o objetivo é fazer com que os atletas de alto rendimento, com mais ou menos idade e experiência, não sintam pressão internamente e resistam à pressão externa, ligada às expectativas do torcedor. “Jogar em casa é uma ‘faca de dois gumes’. Não é incomum os anfitriões serem vaiados quando estão jogando mal ou perdendo. Isso
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em 1991. “Algumas seleções jogarão em condições climáticas absolutamente diversas entre um jogo e outro. Temperatura, umidade do ar, pluviosidade, tudo diferente. Muitas dessas seleções estão vindo de climas temperados e frios, então vai ser difícil se aclimatarem”, avalia. “Dentro do campo, o maior problema nesta Copa talvez seja a hipertermia, que é o aumento da temperatura do corpo. Mesmo que a competição ocorra na época do inverno, as temperaturas são elevadas, acima de 30°, dependendo do local”, acrescenta Aleixo. Segundo o médico, na medida em que o indivíduo pratica uma atividade física, o organismo produz calor naturalmente. Mas esse calor tem que ser dissipado de alguma forma, de preferência através da evaporação, e o clima contribui para isso. Sendo assim, um clima com temperatura e umidade do ar elevadas favorece a ocorrência da hipertermia, que exige uma hidratação adequada. Por isso, quanto mais cedo a chegada ao país-sede, melhor. Pensando nos fatores citados, Aleixo recomenda que as delegações estejam no local da competição por, no mínimo, duas semanas. Minas Gerais receberá atletas de três países vizinhos: as seleções da Argentina e do Chile se hospedarão em Belo Horizonte, enquanto a uruguaia ficará em Sete Lagoas. Para o médico, essas escolhas vão além da localização central e do clima mais estável. “O Estado tem bons hospitais que atenderão não só o atleta, mas também as intercorrências de uma maneira geral, sejam elas cirúrgicas, clínicas, que possam ocorrer com a população estrangeira”, opina.
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que uma seleção precisa para ser campeã mundial de futebol, além dos melhores jogadores convocados e uma preparação adequada? Se o esporte mais popular do país é definido como uma “caixinha de surpresas”, essa receita é uma incógnita, até porque cada Copa do Mundo tem um país anfitrião – com cultura, clima, fusos horários e distâncias geográficas diferentes. No caso da Seleção Brasileira, a equipe terá que viajar mais de 4 mil quilômetros durante a competição. A distância a ser percorrida é ainda maior para outras cinco seleções, caso da norte-americana, que irá percorrer 5,6 mil quilômetros, maior trajeto entre as 32 equipes inscritas no torneio. Além dos longos deslocamentos, o calendário de competições é apertado para os jogadores brasileiros, inclusive os que atuam na Europa e encaram o fim da temporada local. Um grupo de atletas profissionais chegou a organizar o movimento Bom Senso Futebol Clube, em defesa da diminuição do calendário de jogos e do aumento das férias, mas não conseguiu mudanças práticas no ano da Copa.
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is para entrar em campo
s podem influenciar jogadores e equipes na Copa do Mundo é típico da torcida brasileira, acostumada às vitórias”, opina. Apesar de os fatores psicológicos influenciarem o desempenho esportivo, ainda mais em uma competição de alto nível, Fidelis considera que no Brasil há pouca preparação nesse sentido, a começar pelas divisões de base. “A maioria dos técnicos não trabalha com psicólogos. Quando isso acontece, há uma confusão de papéis, porque o psicólogo não é um motivador. Ele faz trabalhos preventivos para situações adversas de uma competição”, compara. Para o profissional, realizar esse tipo de trabalho em grupo é ainda mais complexo, uma vez que existem vários personagens, cada um com uma função. Na chamada psicologia de grupo, o líder, que pode ser o capitão, é aquele que exerce o papel mais importante, já que é referência para o time dentro e fora de campo. Ele seria uma espécie de avatar do técnico, até porque no futebol não existem interIlustração: Juliana Guimarães
valos técnicos ou substituições temporárias durante as partidas. Personagens No elenco atual da Seleção Brasileira, poucos jogadores atuaram em Copas. O destaque é Neymar, que aos 22 anos já acumula vivências no Barcelona, da Espanha, e na Seleção Brasileira. “Ele é jovem, falta o que nós chamamos de maturidade, que junto com a experiência e respeito adquiridos constrói essa liderança. Hoje, eu não vejo ninguém que seja referência na Seleção”, pondera Fidelis. Na última vez em que o Brasil foi campeão mundial, em 2002, o técnico também era Luiz Felipe Scolari, o Felipão, gaúcho de 65 anos conhecido por desempenhar um trabalho funcional e afetivo. “Quando você fala em família, você traz o atleta para outro contexto de relação dentro da sua visão de trabalho, até porque muitos deles vêm de famílias desagregadoras”, pontua Fidelis. “Existem técnicos que conversam olho a olho com cada jogador, tendo um cuidado redobrado com os mais jovens”, completa. Treinamento Há algumas décadas, acreditava-se que o desempenho de um atleta estava relacionado somente à quantidade de treinos. Com o passar dos anos, a partir do conhecimento científico e do próprio estudo epidemiológico dessas questões, houve uma mudança de paradigma: a pessoa deve sim adotar uma rotina de treinamentos, em algumas ocasiões até de forma mais intensa, mas dividindo esse tempo com repouso e regeneração. “A recuperação é tão importante quanto
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o treinamento”, resume o médico Haroldo Aleixo. A medicina do esporte permitiu o acesso e a divisão de novos conhecimentos não só aos atletas, mas ainda àqueles que os atendem. Para o médico, esses conceitos têm permitido equilibrar a preparação física dos grupos, trabalhando também fatores individuais, como idade, sexo, modalidade e objetivo daquele período de treinos, por exemplo, a Copa do Mundo. “Assim, é possível estabelecer novos planos de treinamento específicos, em conjunto com uma equipe multifuncional que envolva técnicos, fisioterapeutas e preparadores físicos, dentre outros”, explica Aleixo. A título de comparação, ele cita a Seleção Brasileira campeã em 1970, que encantou o mundo com um futebol vistoso, mas com uma intensidade de jogo muito menor em relação à atual, que lida com número e frequência maiores de competições. “Isso também responde ao questionamento: por que os atletas de hoje se lesionam mais? Eles praticam atividades físicas de uma forma bem mais intensa do que antes”, justifica. Atualmente, como forma de prevenção, grandes clubes de diferentes modalidades têm à disposição um catálogo de informações sobre as condições em que as lesões dos atletas acontecem, além da utilização de modelos para monitorar o treinamento. Estes envolvem desde ferramentas bioquímicas, como a dosagem de elementos hormonais, até fatores psicobiológicos, que incluem questionários de humor e diários dos atletas. “A gente procura associar esses dados entre a equipe multiprofissional: informação psíquica com a bioquímica, sintomas, rendimento do atleta. E tenta traçar um diagnóstico, que pode ser positivo ou negativo”, conclui Haroldo Aleixo. 5
QUALIDADE DE VIDA
Durma bem Higiene do sono ajuda organismo a regular seu próprio ritmo Karla Escarmigliat
O privilégio de ter uma boa noite de sono para recuperar as energias após uma intensa rotina de atividades nem sempre é para todos. Muitas pessoas têm dificuldades para dormir e, por isso, costumam acordar irritadas e impacientes. Entretanto, muitas dessas queixas podem ser amenizadas com a prática de hábitos simples, mas que fazem toda a diferença, chamados de higiene do sono. O professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Maurício Viotti, explica que o organismo humano funciona em função do chamado ritmo circadiano, que reconhece as variações entre dia e noite. Esse ritmo é importante para o funcionamento harmonioso do corpo.
“Quem dorme mal tem maior propensão para infartos e derrames, doenças como diabetes, além de piora no desempenho em geral” Para se ter uma ideia, alguns hormônios são liberados conforme nossos olhos registram o cair da noite. A glândula pineal, por exemplo, localizada no centro do cérebro, inicia a produção de melatonina à noite para auxiliar o nosso organismo a regular o ciclo do sono. De acordo com o professor, a higiene do sono é justamente o conjunto de medidas que
favorecem a organização desse ritmo. “As funções ficam mais sincronizadas. Dormir mal desorganiza o ritmo interno”, diz. Orientações Estabelecer um horário regular para dormir e acordar é uma das recomendações para quem deseja dormir bem a noite inteira. “Quem acorda mais tarde, consequentemente, dormirá mais tarde. Forçar a dormir é mais difícil. Mas acordando mais cedo, naturalmente a pessoa dormirá mais cedo. O sono regulariza”, orienta Maurício Viotti. Além disso, é preciso estabelecer uma rotina, para que o sono possa vir naturalmente. Caminhar pela manhã, para o organismo perceber que já está de dia, tomar banho antes de dormir ou fazer um pequeno lanche, sem muitos condimentos, são exemplos de comportamentos que levam a um sono reparador. Viotti acrescenta que trabalhar mais intensamente no período noturno, principalmente diante uma tela de computador, ou em ambientes muito iluminados, dificulta a produção do hormônio melatonina. O professor ressalta que a higiene do sono é a primeira e principal medida para se ter uma boa noite de sono. Entretanto, se essas atitudes não ajudarem a diminuir os quadros de insônia, é preciso procurar ajuda especializada, em laboratórios do sono. “Eles irão investigar as causas da má qualidade do sono com técnicas específicas”, explica. Para Viotti, o importante é dormir bem. “Quem dorme mal tem maior propensão para infartos e derrames, doenças como diabetes, além de piora no desempenho em geral”, conclui o especialista.
O que NÃO fazer: Exercícios físicos muito intensos não devem ser praticados antes de dormir. Segundo o especialista, eles podem diminuir o sono, já que o corpo leva mais tempo para desacelerar. O consumo de bebidas alcoólicas, ao contrário do que muitos pensam, também não contribui para a boa qualidade do sono. O professor esclarece que a bebida costuma fragmentar o sono, com muitos despertares. Assim, quando o indivíduo acorda, a sensação é de ainda estar cansado. Atitudes como fugir do café e de outros estimulantes, como o chá preto, o mate e alguns refrigerantes, à noite, também fazem parte da higiene do sono. Outra dica do especialista é de usar o quarto só para dormir. “Evitar ler, falar ao telefone ou comer entre os lençóis. Se a pessoa estiver com insônia, esperar que o sono venha novamente para depois voltar para cama.”, orienta. 6
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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Socialização ajuda idosos nas atividades cotidianas
Satisfação do idoso com o contexto social pode ser decisiva para sua melhor capacidade funcional Deborah Castros
satisfação do idoso com seu contexto social pode influenciar sua capacidade de fazer atividades básicas da vida diária, como ir ao banheiro, tomar banho, vestir-se, comer, transferir-se da cama para uma cadeira ou até mesmo caminhar de um cômodo a outro. É o que revela pesquisa realizada a partir de um inquérito com 2055 idosos a partir de 60 anos, moradores de residências na zona urbana da Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Percebemos que os idosos que estavam insatisfeitos ou indiferentes com as relações sociais tinham pior desempenho nessas atividades”, afirma a fisioterapeuta Juliana Lustosa Torres, autora da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. “A maior socialização do idoso com amigos está associada com o melhor desempenho funcional”, completa. Segundo Juliana Torres, não é possível saber se foi a incapacidade ou a insatisfação com o contexto social que aconteceu primeiro. Mas ela ressalta que as intervenções para melhorar a satisfação do idoso com sua socialização podem ser benéficas tanto para a prevenção como para a recuperação das limitações funcionais. Metodologia A análise considerou componentes da rede social, como a situação conjugal e a frequência de visita de parentes e amigos nos últimos 30 dias, além do apoio social, que diz respeito à satisfação com as relações pessoais e à existência de pessoas com quem o idoso pode contar. Os dados foram analisados com base no modelo Hurdle, inédito em pesquisas no Brasil, que avalia se a pessoa tem incapacidade física e o grau dessa incapacidade. De acordo com o resultado, o método possibilita verificar as variáveis associadas com ter ou não a dificuldade e o número de vezes em que ela ocorre. Componente social Os resultados do trabalho mostram que o ambiente social no qual o idoso está inserido também influencia em seu desempenho funcional, e não apenas nas questões físicas e cognitivas. A satisfação do idoso com seu contexto social e o contato com amigos podem ser decisivos para a promoção e recuperação da saúde, em relação à melhor funcionalidade.
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Envelhecimento da população O envelhecimento da população é uma realidade presente em diversas nações. No Brasil, de acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros acima de 65 anos deve praticamente quadruplicar até o ano de 2060.
“Percebemos que a incapacidade funcional possui três aspectos. Além do físico e psicológico, há o componente social e este merece um enfoque diferencial das autoridades”, sugere Juliana. Ela propõe ao governo, por exemplo, que já oferece ginástica para os idosos, que desenvolva também modos de incentivar que eles saiam de casa, encontrem outras pessoas e não fiquem restritos ao seu domicílio, por exemplo. A pesquisadora sugere, ainda, a utilização dos resultados desse estudo na prática de todos os profissionais de saúde, principalmente os que trabalham na área de geriatria, para que atentem aos fatores emocionais, além do físico. ”Como fisioterapeuta, além do meu trabalho normal, ao ver que um idoso possui algum déficit funcional, posso tentar incentivar que sua família realize visitas, que ele saia de casa para encontrar amigos ou fale ao telefone. Quanto mais conseguirmos fazer com que o idoso seja funcional, melhor será para a família e para o governo”, defende. Título: Relações sociais e desempenho funcional de idosos da região metropolitana de Belo Horizonte Nível: Mestrado Autora: Juliana Lustosa Torres Orientadora: Maria Fernanda F. Lima e Costa Coorientadora: Rosângela Corrêa Dias Programa: Saúde Pública Defesa: 1º de agosto de 2013
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MEMÓRIA
Acontece
Regime militar: descomemorar para não esquecer
Rádio
Evento reuniu militantes, ex-alunos e professores que participaram da resistência à Ditadura Mariana Pires
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Brasil lembrou, em abril, os 50 anos do Golpe Militar de 1964, que resultou no regime militar ditatorial no qual o país ficou imerso até 1985. Palco de resistência, reuniões e episódios de invasão durante o regime, a sede do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), do curso de Medicina da UFMG, promoveu, no dia 3 de abril, o evento 50 anos do golpe militar: descomemoração. A invasão da Faculdade de Medicina em 1968 e o cerco ao III Encontro Nacional dos Estudantes (III ENE), realizado no campus Saúde, em 1977, foram lembrados. “O DAAB e a Faculdade sempre foram e sempre vão ser palcos de luta por democracia plena e justiça social”, afirmou a estudante Ana Laura Rabelo, membro do DAAB. Um dos convidados, o ex-aluno Eduardo Mota frisou: “A luta pelas liberdades democráticas está longe de acabar. Infelizmente, nem a tortura acabou no Brasil ainda. Se muito vale o feito, mais vale o que será”, afirmou. Além dele, participaram da mesa de honra os professores do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Antônio Thomaz Matta Machado e Apolo Lisboa; a servidora aposentada da UFMG, Emely Salazar; o professor da UFMG, Eduardo Motta Albuquerque; Heloísa Greco, do Instituto Helena Greco; e o ex-aluno José Afonso Assis Cabral.
1977 José Afonso Assis Cabral estava no DAAB quando houve o cerco da polícia para impedir a realização do III ENE. Ele contou que os policiais tinham os nomes tampados, como garantia de impunidade caso cometessem algum crime. Cerca de 400 estudantes foram presos sob a Lei de Segurança Nacional. A repercussão do episódio chamou a atenção de diversas esferas da sociedade, que se tornaram mais mobilizadas para lutar contra o regime. Já Eduardo Mota participava da gestão do diretório naquele ano. Segundo ele, na época, havia um contexto de mudança no Brasil. As principais palavras que regiam o movimento da sociedade eram reconstrução e reorganização. A geração era autoconfiante. “Era o fim da festa da ditadura, e o início da nossa”. Foto: Bruna Carvalho
Cirurgia plástica Estão abertas as inscrições para o I Simpósio de Cirurgia Plástica da UFMG, que acontece nos dias 8 e 9 de maio. O evento irá abordar os principais temas acerca da Cirurgia Plástica, de estética à reconstrução. O curso, voltado para estudantes de Medicina, terá carga horária de 15 horas/aula. Inscrições no site: www.cursoseeventos.ufmg.br
Nova chefia do IMA O Departamento de Anatomia e Imagem (IMA) recebe inscrições de candidatos aos cargos de chefe e subchefe do departamento, com mandato de dois anos. A candidatura é aberta a todos os professores vinculados ao IMA, que estejam em exercício. Inscrições abertas até o dia 5 de maio, no Laboratório de Multiusuários (1º andar). Para mais informações, acesse: www.medicina.ufmg.br/editais
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1968 Apolo Heringer participava de movimentos sociais e estava na Faculdade de Medicina quando, em 1968, houve a invasão do prédio da Unidade pela polícia. O local estava ocupado pelos alunos. Neste dia, o Departamento de
Ordem Política e Social (Dops) prendeu 154 estudantes. As aulas foram suspensas e as dependências do DAAB foram interditadas por semanas. Para Apolo, hoje o contexto é diferente. “A luta não é capitalismo versus socialismo, isso é simplismo. Para mudar alguma coisa, o caminho é ter coragem de pensar, falar, estudar muito, e não admitir intolerância e preconceito”, opinou.
O programa de rádio Saúde com Ciência, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, atingiu, em abril, a marca de 40 emissoras parceiras. A mais recente parceria foi firmada com a Rádio Vale FM 96,7, do Vale do Jequitinhonha. Ao todo, são 38 emissoras mineiras, dentre elas a Rádio UFMG Educativa (104,5 FM), além de uma rádio do Paraná e outra dos Estados Unidos.
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