Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 5 - Ano I - Belo Horizonte, setembro de 2010
TRANSPLANTES Número de cirurgias cresce no Brasil
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OSCE Avaliação testa desempenho de alunos
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PEDIATRIA Conheça a caderneta de saúde da criança
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issertação confirma eficácia do Projeto Frutos do Morro e classifica capacitação de educadores como essencial: “jovens se espelham no aprendizado adquirido para enfrentar situações do dia a dia”. Página 3
Prevenir e combater a violência é possível Fotografia: Krisley de Castro
Editorial
Saúde e cidadania
Publicações
Plural
Q
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ivilidade, saúde, doação e reconhecimento marcam esta edição do Saúde Informa. A capa traz matéria sobre o combate à violência. Dissertação, defendida na Faculdade, fala sobre o projeto de extensão Frutos do Morro e aponta a educação e atividades em grupo como ferramentas de prevenção da violência. Outra boa notícia é a ampliação do número de transplantes no Brasil e em Minas Gerais. O professor Agnaldo Lima faz breve análise dos dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e opina sobre o tema. Entre outros assuntos, o leitor também vai conhecer as novidades e a importância da Caderneta de Saúde da Criança. O documento facilita o diálogo entre os profissionais de saúde e os pais e possibilita o acompanhamento do desenvolvimento da criança.
Saúde do português
Podemos prevenir a violência Foi lançado, no último dia 8 de setembro, o livro “Podemos Prevenir a Violência – teorias e práticas”, organizado pela professora Elza Machado de Melo, do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS). A obra apresenta aspectos teóricos e práticos para a prevenção e o enfrentamento da violência. Nas palavras do professor Francisco Campos, também do MPS, que assina o prefácio, “o livro não tem a pretensão de apresentar saberes acabados, ao contrário, é apenas um dentre múltiplos pontos de partida, em uma palavra, um convite ao debate”. Durante o evento, também foram lançados a versão em língua portuguesa dos textos “Guia Metodológico para a Multiplicação de Observatórios Municipais de Violência e Sistematização de experiências sobre Sistemas de Vigilância, Observatórios ou Sistemas de Informação de Violência na América Latina. Observatórios de Violência: Melhores Práticas”; e o Manual de Avaliação de Programas de Prevenção da Violência, de autoria de Andréa Maria Silveira e Betânia Totino Peixoto. Todas as obras foram editadas e são distribuídas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).
uando eu era professor da disciplina “Obstetrícia”, João Carlos era meu aluno. Dotado de grandes qualidades, estudioso, habilidoso, certo dia, durante atendimento no ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia, veio-lhe a dúvida: plural de gravidez. Percebi o vacilo e imediatamente disse: “não escutei com clareza a sua pergunta, e, por certo, a paciente também não”. Demonstrando ligeireza de raciocínio, perguntou desta vez: “quantas gestações a senhora teve?”. Lembrei-me do caso que o gramático Celso Cunha conta de um fazendeiro que tinha viajado ao Rio e, ao escrever para a família resolveu relatar um episódio que viu num circo. No meio da carta, veio a dúvida: “Eu gostei, mesmo, foi dos dois anões”. Ou seria “anãos”? Embora estivesse com as duas formas corretas na memória (a primeira de que se lembrou era apenas a mais usada), depois de alguns momentos de hesitação, terminou por redigir: “eu gostei, mesmo, foi de um anão e de outro anão”. (CUNHA, 1976: 68). Anos depois, me encontro com o Dr. João Carlos, hoje profissional de grande projeção nas Minas Gerais. Contou-me ele que, apesar de ter optado por outra especialidade, ao ver uma grávida, ainda sorri por lembrar-se do fato. A partir daquela ocasião, faz questão de, sempre que pode, dizer gravidezes. “Aliás, a minha mulher já teve cinco gravidezes”, me disse sorrindo da própria ‘sorte’. João Carlos realmente aprendeu bem o plural. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
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Parabéns a todos os secretários da Medicina
O Fotomontagem: Ana Cláudia Ferreira
Dia do Secretário, comemorado em 30 de setembro, é em reconhecimento ao trabalho fundamental desses profissionais. Edilberto Mendes, chefe do Departamento de Propedêutica Complementar, considera indispensável para que a Instituição possa gerar e transmitir conhecimento visando à formação de recursos humanos especializados. Sirley Carvalho, chefe da Fonoaudiologia, concorda: “A secretária viabiliza as condições para a concretização das atividades”, afirma. “A partir deste trabalho, a equipe pode se concentrar e ser mais produtiva”, conclui o coordenador do Centro de Graduação, Fernando dos Reis, para quem agilidade, empatia, gentileza e compromisso espelham a forma como o setor quer ser reconhecido. Veja o que os secretários pensam: Geraldo Guimarães: “Eu e a Magda Belchior, que é a titular, nos esforçamos para ver o resultado na prática”. Marília Souza (esquerda): “Jogo de cintura e conhecimento das atividades” Lúcia Pinheiro (centro): “Cuidar para tudo acontecer no prazo e com qualidade” Neusa Pereira (direita): “Trabalhar sob pressão e saber se relacionar com segmentos acadêmicos”
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Divulgação Científica
Projeto social pode ser arma importante no combate à violência Estudo da UFMG comprova eficiência de oficinas educativas como forma de fortalecer vínculos afetivos e promover comportamento menos agressivo entre jovens carentes
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tividades em grupo alimentam o respeito mútuo “A violência pode ser combatida e prevenida. O e desencorajam o uso de violência na solução de estudo ajuda a provar isso”, avalia Elza Machado de problemas”. Este é, segundo Adriana Braga Chaves, psi- Melo, orientadora da pesquisa e coordenadora do Projecóloga e autora de dissertação de mestrado sobre o tema, to Saúde e Paz. “A dissertação mostra que ações sociais, um dos principais méritos do projeto Frutos do Morro, como este projeto, têm papel preponderante no procesação conjunta da Faculdade de Medicina da UFMG e do so de promoção da paz”, afirma. Ministério da Saúde, em parceria com diversas entidades públicas e privadas. O poder do bom exemplo Além de preencher parte do período em que essas Mas, para alcançar as metas propostas pelo crianças estão fora da escola, a convivência orientada nas Projeto, a capacitação dos educadores é essencial. A oficinas promovidas pelo Frutos do Morro apresenta pesquisadora garante que a forma como eles agem um modo pacífico de resolver difiinfluencia, e muito, no comportaculdades. Adriana Chaves percebeu mento dos jovens. “A postura ética “Eu quero só dizer, eu quero desses orientadores é muito imporas mudanças com base em entrevistas, grupos focais e observação dos tante. Eles são alguns dos principais só falar um pouco desse participantes. “Com o passar das modelos das crianças atendidas. Afi‘Frutos’ que chegou para semanas, as crianças começaram a nal, não basta apenas ocupar o temresolver os conflitos sem que fosabalar... Não viemos aqui po dos jovens para afastá-los da viose necessário o uso da força ou a te passar sermão, nem dizer lência”, declara. agressão verbal”, destaca a autora. Os resultados da dissertaque estamos com a verdade ção demonstram que a mudança de Freud explica e com a razão. Nem achamos postura não se restringe ao momenO texto de Sigmund Freud to em que os alunos estão nas oficiaqui ninguém melhor que “Psicologia de grupo e análise do nas. “Durante as entrevistas muitos ninguém. O que é bom eu”, mediou e sustentou teoricaafirmaram se espelhar no aprendizamente todas as discussões, dando do adquirido no projeto para enfrenpra mim, quero pra você subsídios para a compreensão do tar situações em casa e na escola”, também!” fenômeno da identificação e sua reRap criado em oficina na Escola Municipal explica Adriana Chaves. Segundo lação com a formação e o fortaleciela, os alunos também declararam do Morro das Pedras mento de vínculos emocionais entre transmitir esses conhecimentos para os sujeitos do grupo estudado. outras pessoas de sua convivência. Foto: Arquivo do Projeto Frutos do Morro
Equipe do Frutos do Morro e alunos do Projeto na Oficina de Jiu-Jitsu
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Número de transpl
Mudanças em hospitais explicam o núme
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fila de espera por transplantes de órgãos está andando mais rápido. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), no primeiro semestre de 2010, as doações de rim, fígado e pulmão atingiram números recordes. A taxa de 10 doadores por milhão de população (pmp), meta prevista para o ano inteiro, foi praticamente alcançada em seis meses, chegando a 9,9 doadores pmp. De acordo com o professor Agnaldo Lima, do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador da equipe de transplantes de fígado do Hospital das Clínicas da UFMG, mudanças práticas adotadas pelos hospitais paulistas podem explicar os números que colocam São Paulo como o maior realizador de transplantes pmp, mais que o dobro da taxa média do país. “São Paulo profissionalizou as atividades das comissões intra-hospitalares de transplantes responsáveis por identificar doadores, cuidar dos pacientes e abordar as famílias, tornando o processo mais eficaz”, reflete.
O paciente que não apresenta qualquer tipo de atividade cerebral, sem respiração espontânea, mas que mantém as funções cardíacas, é submetido a exames médicos, com intervalos de pelo menos seis horas, que confirmem a morte encefálica.
Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
Depois da recuperação, o paciente que recebe os órgãos pode levar uma vida normal, constituir família, ter filhos, produzir e atuar ativamente na sociedade.
Os órgãos são conservados até o momento do transplante, respeitando a vida útil de cada um. Enquanto os rins podem ficar de 24 a 36 horas fora do corpo, o fígado pode ser conservado por 12 horas desde a retirada. O coração, por sua vez, só tem quatro horas antes de ser transplantado.
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lantes bate recorde
Vida
ero crescente de transplantes de órgãos
O sangue do doador em potencial é submetido a diversos testes obrigatórios, que garantem a segurança do paciente que receberá os órgãos.
Uma equipe especializada aborda a família do doador. De acordo com a legislação vigente, os transplantes só podem acontecer com autorização familiar.
As equipes responsáveis por cada um dos órgãos são acionadas. Todos os órgãos devem ser retirados simultaneamente.
Encontro No dia 30 de outubro, o Hospital das Clínicas da UFMG promove o XII Encontro de Pacientes Transplantados e Pacientes em Fila de Espera, na Praça da Liberdade. O evento contará com palestras para os pacientes e familiares, além de um espaço para confraternização e troca de experiências.
Em Minas Gerais Agnaldo Lima ressalta que a melhora na taxa de captação também ocorreu em Minas Gerais, mas em índices mais modestos. “Em Minas, os transplantes de córnea cresceram muito, o que indica uma maior identificação de doadores. Os números mostram progresso, mas o transplante de órgãos sólidos, como coração, fígado ou pâncreas, cresceu em taxas menos significativas, aquém do desejável”, analisa. Ele explica que, enquanto a retirada das córneas pode acontecer até seis horas depois que o coração do doador parou de bater, os órgãos sólidos precisam receber sangue até o momento da retirada, o que afeta diretamente o número de transplantes, uma vez que é difícil manter o doador estável enquanto são realizados os exames obrigatórios. “Com exceção dos rins e do fígado, que podem ser doados também com o paciente vivo, os transplantes de órgãos sólidos só acontecem quando o paciente tem morte encefálica, caracterizada pela falta de atividade cerebral enquanto o coração continua batendo, e isto acontece com uma minoria”, esclarece o professor. Perspectivas Lima pondera que, para aumentar as taxas de transplantes de órgãos sólidos, seria necessário um maior investimento na infraestrutura dos hospitais públicos que atendem urgências e uma mudança na percepção das instituições e dos médicos quanto ao papel dos doadores. “Ainda temos uma estrutura limitada para a realização dos transplantes, sendo necessária a ampliação do número de hospitais que realizam procedimentos mais complexos. Além disto, os hospitais, principalmente particulares, tendem a encarar o doador em potencial como, somente, um paciente falecido. É preciso deixar esta visão de lado e percebê-lo como um personagem importante, que pode ajudar a salvar várias vidas”, avalia.
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História
Que sala é esta?
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ndar pelos corredores da Faculdade de Medicina da UFMG é um passeio pela história da Unidade. Quem circula pelo prédio repara nas várias salas que ganharam nomes em homenagem a pessoas que fazem parte da memória da Faculdade. Quem são as pessoas que dão nome às salas da Faculdade? O Saúde Informa responde.
Sala Aurélio Pires (térreo): Próxima à Diretoria, a sala é uma homenagem a um dos fundadores da Faculdade. Farmacêutico, defendeu com fervor, no início do século XX, a criação de uma Escola de Medicina em Minas Gerais. A sala tem uma galeria com os quadros dos professores eméritos da Faculdade de Medicina. Anfiteatro Amilcar Vianna Martins (térreo): Em 1930, assumiu o cargo de professor assistente da cadeira de Fisiologia e, mais tarde, a cadeira de Histologia e de Parasitologia. Ele foi, também, diretor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, onde recebeu o título de emérito em 1979, quando retornou do exílio. Nas palavras do professor Ajax Pinto Ferreira, coordenador do Centro de Memória da Faculdade de Medicina (Cememor), “foi uma das maiores expressões mundiais em parasitologia e um pesquisador incansável”. Sala Dona Carminha (térreo): “Ela começou na Faculdade quando era adolescente. Seu pai era chefe do almoxarifado, e ela vinha ajudá-lo. Mesmo aposentada continuou por aqui, ela adorava a Medicina”, conta Maurílio Elias, superintendente administrativo da Faculdade. A homenagem à funcionária foi aprovada por unanimidade pela Congregação. “Foi uma quebra de protocolo. Há uma regra que diz que só se pode colocar nomes em homenagem a quem já faleceu, e no caso da Dona Carminha a sala foi inaugurada na presença dela, em novembro de 2007”, relembra Maurílio. Laboratório Professor Luigi Bogliolo (terceiro andar): No Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal, a sala homenageia o catedrático, chefe do setor por 33 anos. “As aulas dele eram fantásticas. Ele fazia uma autópsia e ia desenvolvendo um raciocínio clínico impressionante, dizia que isso era ler o livro da natureza”, lembra o professor Luiz Otávio Savassi Rocha, aluno e assistente de Bogliolo e autor do livro Vida e Obra de Luigi Bogliolo. 6
Sala José Ferreira das Graças (terceiro andar): O funcionário trabalhou por mais de vinte anos na Faculdade. A sala que recebeu seu nome, por decisão unânime do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal, fica dentro da sala da biópsia, no terceiro andar, onde passava a maior parte do seu tempo. “Técnico de necropsia, era a pessoa mais envolvida nas atividades do setor. Ajudava nas aulas, no serviço de biópsias, na organização do trabalho. Dava um apoio completo”, conta o professor do Departamento Geraldo Brasileiro. Centro de Microscopia Eletrônica Professor Washington Luiz Tafuri (terceiro andar): O Centro homenageia o discípulo de Bogliolo, que fez descobertas que marcaram a história da Patologia. “Ele, sem dúvida, é o idealizador e foi quem implantou o Centro de Microscopia na Medicina. Por isso merece a homenagem”, afirma o professor Brasileiro. Sala Professor Yeddo Peixoto de Figueiredo (Primeiro andar): O professor João Amilcar Salgado, do Cememor, conta que Yeddo estava em vias de se tornar um grande cientista, quando descobriu que estava com uma doença cardíaca grave. “Ele faleceu precocemente e por isso foi homenageado”, afirma. O professor era discípulo de José Noronha Perez, um dos maiores microbiologista de Minas. Sala Liberato João Affonso Di Dio (subsolo): Falecido em 2004, Di Dio é considerado “o pai de todos os anatomistas que estão em exercício em nossa Faculdade”, de acordo com o professor Ernesto Lentz, do Departamento de Cirurgia, em entrevista ao Boletim da UFMG, em 2004. A sala que leva seu nome foi onde o professor ministrou sua primeira aula na Faculdade. Laboratório Professor Lineu Freire Maia (Segundo andar): Foi inaugurado em março deste ano. Na ocasião, o professor José Renan da Cunha Melo, do Departamento de Cirugia, afirmou que a homenagem “tem a pretensão de fazer justiça e reconhecer quem possui mérito”. Freire Maia era reconhecido internacionalmente como um dos principais estudiosos das toxinas do escorpião Tityus serrulatu.
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Ensino
Desempenho e competência testados na prática
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undamental para o aperfeiçoamento do processo de avaliação dos estudantes do curso de Medicina, a avaliação Objetiva e Estruturada do Exame Clínico (Osce) foi implantada na Faculdade de Medicina da UFMG no ano passado. Realizado a cada semestre, o Osce avalia alunos matriculados nos Internatos, a partir do 10º período. A professora Eliane Gontijo, coordenadora da Comissão Permanente de Avaliação da Faculdade de Medicina UFMG, conta que este foi um passo muito importante. Para ela, os exames convencionais são eficazes para testar os conhecimentos adquiridos pelos alunos. “Entretanto, lembrando o conceito de competência, que é a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes para a resolução de problemas, é essencial que os estudantes sejam avaliados além de aspectos teóricos”, explica a professora. “O que importa é avaliar o desempenho - quando ele tem de demonstrar que consegue integrar o que sabe teoricamente - com o que sabe fazer e o faz com humanismo e ética”, conclui.
Os estudantes passam por cinco estações, sendo que cada uma prioriza um dos enfoques clínicos básicos: anamnese, exame físico, interpretação de exames complementares/raciocínio clínico, conduta e orientação ao paciente. Na sexta estação, os alunos avaliam o processo e se autoavaliam. As provas contemplam o conteúdo dos internatos de Urgência e Trauma, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica e Cirurgia.
Fotos: Bruna Carvalho
Revendo os erros Após cada uma das avaliações, os coordenadores discutem as questões com os alunos, dando o retorno de cada situação avaliada. O processo, chamado de Devolutiva, oferece ao aluno a oportunidade de saber a melhor atuação em cada caso e conhecer suas falhas de aprendizagem, ainda em tempo de corrigi-las. “É dever do professor mostrar as fragilidades de aprendizagem para que o momento da avaliação seja, também, uma oportunidade de aprender. Infelizmente, as Normas Acadêmicas da UFMG não reconhecem que algumas competências são tão essenciais que o aluno não deveria ser aprovado ao obter 60% de desempenho. Um médico não pode saber fazer 60% de uma reanimação cardio-pulmonar”, pondera a professora Eliane. Ela assegura que a presença na atividade é tão importante para a formação profissional quanto a avaliação em si. “Esta é a oportunidade de o aluno aprender e ser capaz de realizar um atendimento de qualidade para a população”, garante. Além disto, “já existe uma recomendação da Comissão Nacional de Residência Médica de que seja utilizada, também, uma avaliação prática dos candidatos, ao estilo do Osce no processo de seleção”, conta.
Conheça a avaliação Osce No Osce, os alunos são apresentados a um cenário de atuação, uma situação clínica, na qual devem cumprir uma lista de atividades pré-definidas, que incluem o desempenho técnico e as atitudes em relação ao paciente. Isto em cinco minutos, e sob a observação de um professor avaliador.
ObservaPED
Acontece
Saúde da Criança Foto: Bruna Carvalho
J
Caderneta é aliada dos pais no acompanhamento dos filhos
á conhece a nova Caderneta de Saúde da Criança? O documento, criado em 2005, é uma evolução do antigo Cartão da Criança, que continha apenas algumas informações sobre o desenvolvimento infantil e o cartão de vacinação. Já a Caderneta é um espaço para registro detalhado do crescimento da criança e também funciona como um guia para os pais, com informações sobre a alimentação correta, vacinação, segurança, entre outros. O documento é entregue a todos os pais logo após o nascimento do bebê, em hospitais e maternidades, e possui versões diferentes para meninos e meninas. A versão atual, lançada no primeiro semestre desse ano, traz dados e gráficos atualizados. É também a primeira caderneta que apresenta divisão clara entre a seção reservada aos pais e a específica para o profissional de saúde. A professora Lúcia Horta, responsável pelo eixo relativo à Caderneta no Observatório de Saúde da Criança e do Adolescente (ObservaPED), afirma que o documento possibilita o diálogo entre os profissionais de saúde e os pais da criança. “A partir dos dados, os pais estarão mais instruídos para conversar e até mesmo cobrar do profissional”,
explica a professora. A professora chama atenção também para a importância do preenchimento correto do documento. “Pode-se formar um ciclo vicioso: Se o profissional não valorizar o documento, o paciente também não irá valorizar, e isso pode prejudicar um instrumento que é fundamental para a criança”, aponta Lúcia. Juliana Righi dos Santos, pediatra do Setor de Neonatologia do Hospital das Clínicas da UFMG, considera o documento de extrema importância. “Ali consta a história de saúde da criança. Sempre orientamos as mães e pais a levar a Caderneta em todas as consultas médicas de seus filhos”, conta. As mães também aprovaram a nova Caderneta. Carolina Gonçalves após ouvir as instruções do residente que lhe entregou o documento, considera as orientações úteis. “Vai me ajudar muito, vou poder acompanhar o peso e o tamanho do meu filho”, relata. Já Waldilene Aparecida Moreira, que deu a luz a gêmeos, admite que desde o parto não teve disposição física para olhar o documento com calma. “Mas quando voltar pra casa, vou ler as orientações todas com cuidado”, afirma ela.
Lei da palmada O projeto ObservaPED reabriu o fórum eletrônico online para debater a questão da punição física na educação da criança, polêmico e significativo no âmbito da saúde infanto-juvenil. Dê a sua opinião sobre a “Lei da Palmada” na página www.medicina.ufmg.br/observaped/forum.
Titulares Foram empossadas, este mês, as professoras Maria Isabel Toulson Davisson Correia e Teresa Cristina de Abreu Ferrari, para o cargo de Titular dos Departamentos de Cirurgia (CIR) e de Clínica Médica (CLM), respectivamente.
Livro “O menino que jantava manga”, lançado no último mês, reúne as memórias do professor Pedro Raso, emérito da Faculdade de Medicina da UFMG. O livro está disponível para interessados na secretaria da Diretoria da Faculdade, sala 81, no térreo da Unidade.
Expediente
IMPRESSO
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Ennio Rodrigues, Estefânia Mesquita e Renata Ferreira. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@ medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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