Saúde Informa 06

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 6 - Ano I - Belo Horizonte, outubro de 2010

Idoso e acompanhante:

opiniões divergentes na consulta

T

ese do programa de Saúde Pública da UFMG questiona confiabilidade de informações prestadas por acompanhantes de idosos. Página 3

SAÚDE DA FAMÍLIA O papel da universidade na Estratégia

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PÓS-GRADUAÇÃO Cursos são avaliados positivamente pela Capes EXTENSÃO Encontro vai discutir Formação Pedagógica no ensino

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7 Fotografia: Bruna Carvalho


Editorial

Evolução e futuro

A

preocupação com a evolução da Medicina para o futuro da saúde é tema marcante na edição de outubro do Saúde Informa. Já em sua capa, o boletim traz matéria sobre uma tese que questiona a eficácia da metodologia que se baseia em entrevista de pessoas próximas a idosos nas consultas médicas, e que termina por influir no planejamento de políticas públicas mais assertivas e eficazes. Outro estudo, presente nessa edição, é o que avalia o ritmo crescente de expansão da Estratégia de Saúde da Família, do Ministério da Saúde, e o papel da Universidade nesse crescimento. A pesquisa, desenvolvida por pesquisador do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), aponta a necessidade de reflexão sobre os modelos adotados. A evolução da PósGraduação na Faculdade também é destaque. Em entrevista, o coordenador do Centro de Pós-Graduação, professor Manoel Otávio da Costa Rocha, comenta a boa avaliação dos programas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Outras notícias são a formação pedagógica na Medicina, tema de seminário em novembro, e a organização do Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem) de 2011, que será sediado pela Faculdade. O Saúde Informa destaca ainda a história da Biblioteca do campus Saúde e a importância do trabalho dos jovens da Cruz Vermelha na Instituição. Boa leitura! 2

Publicações Medicina laboratorial para o clínico O livro, escrito pelas professoras Elza Erichsen, Luciana de Gouvêa, Rosa Malena e Silvana Santos, do Departamento de Propedêutica Complementar da Faculdade de Medicina da UFMG (PRO), ganhou, este mês, o terceiro lugar do Prêmio Jabuti, na categoria Ciências Naturais e Ciências da Saúde. A proposta do livro nasceu há muitos anos, quando professores envolvidos na disciplina Laboratório Clínico, hoje chamada Patologia Clínica, detectaram a deficiência de um material neste formato. O livro conta com exemplos práticos de como conduzir a avaliação clínica e pedir exames de maneira pertinente. Ed. Coopmed Clínica Cirúrgica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Editada pelo professor Andy Petroianu, do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, a obra reúne artigos de mais de cem médicos e pesquisadores da área, de diversas instituições. A publicação faz parte do projeto do Colégio Brasileiro de Cirurgiões de ampliar as atividades de Educação Continuada para o aperfeiçoamento e atualização do cirurgião e, segundo Orlando Marques Vieira, ex-presidente do CBC, que assina o prefácio, é completo e útil para ser consultado nas dúvidas de cirurgiões, residentes e estudantes de graduação. Ed. Atheneu Câncer - Uma bênção que aconteceu na minha vida Patrícia Karla Fontes Bergerhoff, técnica do Laboratório de Triagem Neonatal do Núcleo de Pesquisa e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad) é autora da autobiografia. No livro, ela conta o sofrimento com o câncer de ovário, a frustração dos sonhos, tristeza e desânimo em viver. Por outro lado, a fé, os profissionais da saúde e a família a ajudaram a enxergar coisas boas no horizonte, além da doença. A cada livro vendido outro é doado às instituições de tratamento de pessoas com câncer. Ed. da Autora.

Saúde do português

Erros e acertos no uso de expressões médicas

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o uso diário da terminologia médica, tanto na confecção de prontuários, aulas, relatórios, quanto em publicações, cometemos vários “escorregões” que com pequeno cuidado podemos evitar. Há alguns anos, ao entrar no bloco cirúrgico do Hospital das Clínicas, como fazia sempre às quartas-feiras, encontro o professor Josefino, profissional de grande reputação, merecedor de todo nosso respeito, discutindo com o seu residente do primeiro ano. Zefino, como nós amigos o chamamos, esfregava as mãos, dando sinais claros de impaciência. Aproximei-me para saber o motivo da sua impaciência àquela hora da manhã. “Tô aqui, há 15 minutos, dizendo a esse menino para levar o ventilador para a sala de cirurgia e ele insiste em dizer que o nome correto é respirador. Olhe que ele não saiu ainda da fralda”. Professor Zefino estava coberto de razão. Do ponto de vista semântico, ventilador é termo mais exato, visto que tal aparelho ventila, ou seja, produz e regula fluxo de ar, e não respira como faz o paciente. Respirar é função orgânica, significa absorver o oxigênio do ar ou da água e expelir o gás carbônico, função fisiológica própria de organismos vivos. Por conseguinte, são termos mais adequados: ventilação mecânica, respiração assistida (apenas auxiliada pelo ventilador), respiração controlada (com ritmo imposto pelo ventilador). Ao mestre Zefino, nossa homenagem. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

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Divulgação Científica

Conflito de gerações Tese questiona eficácia de método que entrevista pessoas mais próximas ao invés dos próprios indivíduos.

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uais diferenças existem entre as informações fornecidas pelos idosos e as opiniões de seus parentes ou acompanhantes? Essa foi uma das principais questões feitas por uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG com o objetivo de investigar a concordância de informações não apenas entre idosos e parentes, mas também de mais de um parente entre si. “Os mais jovens avaliam a saúde dos idosos pior do que os próprios idosos”, conclui a fonoaudióloga Renata Jardim, autora do estudo que integra sua tese, defendida junto ao Programa de PósGraduação em Saúde Pública da UFMG. A pesquisadora comparou e analisou as respostas de 471 adultos e 239 idosos em inquérito de saúde aplicado, em 2007, numa comunidade urbana de baixa renda. Na opinião de 21% dos familiares entrevistados, a saúde dos idosos é ruim ou muito ruim. Por outro lado, apenas 15% dos idosos classificam da mesma forma sua própria saúde. Essa diferença pode parecer pequena, mas é preocupante, observa o estudo, no qual a concordância das avaliações entre idosos e seus familiares, medida por meio de uma metodologia específica, o Kappa, foi de apenas 0,26. O método usa pontuação que vai de 0 a 1, sendo zero a discordância total. “Já para perguntas objetivas as respostas são semelhantes”, observa a pesquisadora. Ela cita como exemplo a pergunta sobre ‘fumar ou não?’, onde há concordância em 85% das vezes, com kappa de 0,71. Divergências Na avaliação do idoso, a saúde ruim está associada positivamente à sua idade e, principalmente, à presença de restrições ou incapacidade de realizar atividades diárias, como se vestir, alimentar ou andar cerca de cem metros. Já os familiares tendem a replicar um modelo biomédico, que associa saúde ruim com a presença de diagnóstico de doenças crônicas, mais do que as conseqüências destas para a independência e a autonomia do indivíduo. Renata Jardim acredita que uma possível explicação da diferença de respostas

entre os idosos e seus familiares possa ser explicada por diferenças na percepção do que é ter ou manter a saúde ao longo da vida, já que a maioria dos familiares entrevistados (88%) tinha menos de 60 anos. Além disso, parece que o estado de saúde do informante influencia a forma como ele avalia a saúde do idoso. Familiares que relataram que sua saúde era pior tiveram chance três vezes maior de avaliar a do idoso da mesma forma. Uma das saídas apontadas é que principalmente perguntas subjetivas sejam respondidas exclusivamente pelo próprio indivíduo. Aí incluídas as relacionadas à avaliação geral da saúde, como: “De um modo geral, você considera o seu próprio estado de saúde como? Muito bom, bom, regular, ruim ou muito ruim?”. Qualidade da informação O valor do estudo está no fato de que essa metodologia de levantamento estatístico de informações é utilizada tanto por profissionais de saúde, quanto por outras pesquisas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE. O formulário aplicado usou perguntas similares às usadas no suplemento saúde do PNAD. A pesquisa nacional prevê o uso do informante secundário para investigar dados sobre saúde. A versão de 2003 teve 41% das entrevistas dos idosos respondidas por uma pessoa próxima. Entre os adultos, essa porcentagem foi de 59%. Segundo a pesquisadora, os resultados mostram que é preciso melhorar a confiabilidade de pesquisas que escutam os chamados “informantes secundários” no lugar do próprio indivíduo, mas alerta que não há ainda uma solução ideal para situações em que seja necessário empregar a informação substituta, o que exige novas pesquisas. “A precisão das informações em saúde é fundamental para se estabelecer perfis epidemiológicos e demográficos, analisar estatísticas e estudos que possam embasar o planejamento de políticas públicas mais assertivas e eficazes”, ressalta.

Quando idosos e familiares concordam Valores medidos pelo Kappa*

Tabagismo 0,71 Hipertensão 0,60 Avaliação da Saúde 0,26 Consulta médica no último ano 0,40 Informantes secundários são indivíduos que fornecem informações sobre saúde no lugar da pessoa pesquisada.

A discordância entre idosos e familiares foi maior quando: Os familiares eram mais velhos, tinham maior escolaridade e disseram conhecer pouco ou muito pouco a saúde dos idosos.

A introdução da pergunta sobre o quanto o informante secundário conhece sobre a saúde do indivíduo pesquisado em estudos e, mesmo em situações ambulatoriais, pode permitir uma análise crítica mais objetiva sobre a qualidade das informações fornecidas.

* Coeficiente que avalia grau de concordância entre observadores, além da obtida pela probabilidade. Varia de 0 a 1.

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Título: Uso do informante secundário em pesquisas de saúde: concordância e viés Autora: Renata Jardim Nível: Doutorado Programa: Pós-Graduação em Saúde Pública / Epidemiologia Orientadora: Professora Sandhi Maria Barreto Defesa: 8 de março de 2010

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Pesquisa

A universidade e a Estratégia de Saúde da Família Aprofundar o conhecimento na UFMG pode ser um ponto de partida para o aperfeiçoamento da oferta de cursos de especialização em Saúde da Família

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cias e lições aprendidas em um curso e as apliquem nas rande parte da responsabilidade pela existência de aulas ministradas em outro”, completa. profissionais de saúde qualificados no país cabe às universidades públicas. Elas desenvolvem várias iniciativas de capacitação dos profissionais vinculados à Estratégia Desafio de crescer com qualidade de Saúde da Família (ESF). Raphael Aguiar, pesquisador “O crescimento da Estratégia resultou na abertura do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de um novo mercado de trabalho em saúde para milhares de Medicina da UFMG (Nescon), defendeu recentemende profissionais de nível médio, técnico e universitário, te, na Faculdade de Educação da UFMG a tese de doutoque passou a demandar novos conhecimentos, habilidades rado A universidade e as políticas de educação permanente para a e atitudes por parte desse contingente”, explicou Aguiar. Estratégia Saúde da Família: um estudo de caso, onde aponta diO Ministério da Foto: Leo Rodrigues ficuldades e desafios enSaúde e secretarias estafrentados pela UFMG duais propuseram uma nessa tarefa. parceria com as univerO pesquisador sidades federais, onde analisou as iniciativas deveriam se desenvolver de capacitação para a as atividades de capaciEstratégia de Saúde da tação, através de cursos Família que foram ou de especialização, de ainda são desenvolvidas residências médicas e no âmbito da UFMG, e multiprofissionais, enapontou a necessidade tre outras iniciativas. A de uma reflexão sobre UFMG foi uma das inso modelo de financiatituições que aceitaram mento, de gestão e de o desafio e desde então diálogo entre as iniciadesenvolve cursos de tivas. especialização para váAguiar identifirias categorias de procou um ponto de tenfissionais da Saúde da são na relação entre o Família. Ministério da Saúde, O ritmo de exprincipal financiador pansão da ESF evidendas especializações, e ciou que as universidauniversidades. Devido des teriam dificuldade à diferença de natureza, em acompanhar esse o primeiro trabalha com processo. Em 2003, situações complexas e a Estratégia envolvia prazos geralmente cur47.750 profissionais, e tos, a segunda pode faoutros 13.750 foram O estudante Álvaro Teixeira da Costa no zer uso de autonomia e Internato Rural em Lassance, Minas Gerais incorporados até 2005. tempo para a apreciação Mas apenas 3.624 vae aprovação de propostas de qualidade. gas de especialização e Em seu estudo, o que mais incomodou Aguiar foi 1.558 vagas de residências haviam sido criadas nesse pea fragmentação das iniciativas. “Como os recursos são liríodo. A situação se torna mais problemática pela alta roberados a partir de editais distintos, diferentes grupos astatividade profissional: continuamente, recém-formados e sumem a organização de diferentes iniciativas sem buscar profissionais despreparados substituem aqueles que largainformação sobre o que já está sendo feito e de como vam a ESF. está sendo feito. Existem cursos de viés semelhante onde É diante desse panorama que, em sua pesquisa, Ranão há compartilhamento de interesses, recursos, ações e phael Aguiar defendeu um papel mais pró-ativo da univerbibliografia”, alerta o pesquisador. Segundo ele, a mínisidade. “O papel da UFMG e das outras instituições não ma interação existente entre as iniciativas é quase sempre pode se resumir apenas em prover iniciativas educacionais decorrente do fato de que 22,42% dos docentes estão ou quando demandadas pelo Ministério: deve também refleestiveram vinculados a mais de uma iniciativa. “É razoável tir sobre o processo como um todo, questionando, avasupor que esses docentes carreguem consigo as experiênliando e apontando alternativas”, defende ele. 4

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Pós-Graduação

Avaliação da Capes confirma qualidade das Pós de Medicina Todos os cursos receberam notas positivas, dois chegaram ao nível de excelência

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ois cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG apresentaram níveis de excelência dentro do padrão internacional, pela última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os programas em Saúde Pública e em Infectologia e Medicina Tropical foram avaliados, respectivamente, com as notas seis e sete, as maiores do sistema da Capes. Todos os programas foram bem avaliados. Os programas de Patologia e de Farmacologia Bioquímica e Molecular receberam nota cinco, avaliados como ótimos. Os cursos de Ciências Aplicadas à Cirurgia e à Oftalmologia, de Ciências Aplicadas “Nosso desempenho à Saúde do Adulto, de foi reconhecido. Saúde da Criança e do Adolescente e de Saúde Mas a avaliação da Mulher foram consiconstitui processo derados bons e recebecontínuo de reflexão ram a nota quatro. e aperfeiçoamento, O diretor da Faculdade de Medicina indispensável para da UFMG, professor o desenvolvimento Francisco Penna, diz que o resultado confir- contínuo dos programas ma a qualidade dos proe para que o nível de gramas. “Não tivemos qualidade seja mantido nenhum curso avaliaou ampliado” do com a nota regular. Professor Manoel Otávio da Costa Rocha Além disto, recebemos, pela primeira vez, o conceito máximo da avaliação, o que mostra o ótimo desempenho frente aos outros programas existentes no Brasil”, ressalta o diretor. Ele aponta, ainda, que a UFMG ficou bem situada na avaliação, “com um percentual significativo de cursos de excelência internacional”. O coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG (CPG), professor Manoel Otávio da Costa Rocha, também ressalta o bom despenho obtido. “Todos os nossos oito programas receberam boas avaliações. Este resultado é, fundamentalmente, fruto da dedicação e talento dos professores e alunos, e temos motivos para estarmos orgulhosos”, comemora. Para o coordenador, é importante reconhecer o trabalho desenvolvido há tantos anos para a evolução da Pós-Graduação na instituição. “Desde a criação, em 1968, nossos programas se expandiram bastante. Houve grande aumento no número de alunos, de professores, de linhas de pesquisas e, sobretudo, da produção acadêmica. Passamos a receber alunos não médicos, melhorando o perfil de interdisciplinaridade de nossos cursos, estudantes de outros estados e países, além de promover intercâmbio e cooperação com outras instituições de ensino”, explica.

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Rocha pondera que, diante dos resultados favoráveis, aumentam os desafios e as responsabilidades. “Nosso desempenho foi reconhecido. Mas a avaliação constitui processo contínuo de reflexão e aperfeiçoamento, indispensável para o desenvolvimento contínuo dos programas e para que o nível de qualidade seja mantido ou ampliado”. O professor observa, ainda, que “é necessário haver cada vez mais apoio institucional, no que diz respeito à infraestrutura e à constituição de equipes administrativas capacitadas para manutenção da cultura de cada Programa, agilidade na tramitação dos processos e adequada confecção dos relatórios.”

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Pessoas

Profissionais em formação, atividades essenciais

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Foto: Bruna Carvalho

em os guardas jovens, nosso serviço inteiro fica parado. Caso ficassem muito tempo fora, as coisas complicariam, o nosso funcionamento entraria em colapso”, confessa Luiz Roberto Pires, chefe da Seção de Protocolo da Faculdade de Medicina da UFMG. Ele orienta o trabalho de três adolescentes em sua seção, e teve de suspender parte dos serviços no dia 27 de setembro, quando os guardas jovens contínuos da Cruz Vermelha participaram da comemoração do dia do trabalhador adolescente, que aconteceu no Centro Esportivo Universitário da UFMG (CEU). Na Seção de Pessoal, além de serviço acumulado, a falta dos jovens gerou mudanças no clima do setor. “Eles são expansivos, bem humorados e trazem isto para o trabalho. Quando faltam, o setor perde um pouco de alegria”, comenta a chefe da Seção, Elizabeth Torres. Além do Protocolo e da Seção de Pessoal, outros quatro setores da Faculdade contam com os jovens em seus quadros: Assessoria de Comunicação Social, Centro de Pós-Graduação, Biblioteca e Secretaria Geral. Mas todos os setores são afetados com a ausência dos adolescentes. “O serviço dos meninos é de suma importância para a fluência do trabalho de toda a unidade. Eles são responsáveis por funções das quais todos nós dependemos, como o trâmite de documentos, por exemplo”, lembra a psicóloga da Seção de Recursos Humanos, Maria Aparecida Miranda. Ela ressalta que, mesmo realizando tarefas tão essenciais para o funcionamento da Faculdade, muitas pessoas ainda não reconhecem de maneira adequada o trabalho dos guardas jovens. “Algumas pessoas não valorizam propriamente as atividades dos adolescentes, outras nem sabem quais são as atividades designadas a eles. É hora de todos se conscientizarem de que estes jovens são profissionais em formação e que nós contribuímos para o tipo de profissional que eles virão a ser”, alerta.

São direitos dos Guardas Jovens Contínuos da Cruz Vermelha Férias regulamentares de 30 dias corridos, após um ano de trabalho. Refeições a baixo custo nos restaurantes universitários. 13º salário, pago no mês de dezembro Utilização das dependências do CEU, após a confecção da carteira de acesso e o pagamento da semestralidade. Não são funções dos Guardas Jovens Contínuos da Cruz Vermelha Abertura ou fechamento dos setores. Transporte de valores. Vigilância patrimonial. Transporte de cargas superiores a 11 quilos, para o gênero masculino, e a 7 quilos, para o gênero feminino. Serviços particulares para funcionários do setor.

Maria Aparecida com os jovens da Faculdade de Medicina


Congresso

Medicina se prepara para receber o Cobem em 2011

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Programação São quatro eixos temáticos: Valores profissionais, atitudes, comportamentos e ética; Formação e desenvolvimento docente; Metodologias de ensino-aprendizagem; Processos avaliativos institucionais. Eliane afirma que os debates poderão ser o grande diferencial do Cobem 2011, que se propõe a expor várias perspectivas e opiniões diferentes, proporcionando o compartilhamento de experiências. Além dessas atividades, o congresso contará também com programação sócio-cultural, com um concurso de cartoons, fotos e vídeos, discussões literárias e uma sessão de cinema comentado, o MedCine. Participe A comissão organizadora do evento ressalta o caráter inclusivo da preparação do Cobem 2011 e convida o corpo docente e discente a colaborar, sugerindo temas, palestrantes, cursos e oficinas.

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A formação pedagógica e o ensino da Medicina

ossibilitar ao estudante o desenvolvimento do conhecimento e da habilidade prática necessários para o exercício da Medicina é um processo complexo e que leva tempo. Por outro lado, a formação adequada para o professor de Medicina também é uma questão a ser debatida segundo a professora Maria Isabel Correia, coordenadora do Centro de Extensão da Faculdade de Medicina da UFMG (Cenex). “É necessário sensibilizar alunos e professores para a importância da pedagogia para o ensino de medicina, para melhorar esse ensino como um todo, respeitando os princípios éticos”, afirma ela, que organiza o Seminário de Formação Pedagógica da Faculdade de Medicina da UFMG (ver quadro). Desafios na formação Segundo a professora Maria Isabel é preciso modificar a estrutura unilateral professor-aluno de passagem do conhecimento. Para a professora Alamanda Kfoury, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, também é preciso desenvolver uma integração do ensino teórico com os locais de aprendizado prático, como clínicas e hospitais. “Para isso, também é importante pensar em uma reestruturação dos sistemas de avaliação”, conclui. João Gabriel Marques, professor do Departamento de Clínica Médica, lembra ainda da relação médico-paciente, que deve sempre ser considerada em todas as graduações de saúde. “Trabalhamos com pessoas e há uma série de implicações éticas por isso”, salienta. Ele também chama atenção para o fato de haver, entre os cursos de Medicina, uma tendência a reduzir o ensino aos procedimentos técnicos, o que prejudica a humanização do atendimento, muito necessária para o médico de qualidade. Foto: Bruna Carvalho

Faculdade de Medicina da UFMG recebe em 2011 a 49ª edição do Congresso BraBelo Horizonte 2011 sileiro de Educação Médica (Cobem), promovido pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem). Com organização da Unidade, o Cobem acontecerá de 12 a 15 de novembro de 2011 e, embora a data ainda esteja distante, a preparação da estrutura do congresso já se iniciou. Coordenador geral do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), o estudante Guilherme Lima está participando da organização do Congresso e irá para Goiânia, no final de outubro, com um grupo de alunos e professores para o congresso deste ano, quando vão apresentar o material promocional do 49º Cobem. Voltado para estudantes e profissionais da saúde, o Cobem 2011 vai receber cerca de 2.000 participantes. O tema central “Educação Médica: O desafio de integrar, humanizar e avaliar”, será desenvolvido por meio de conferências, painéis, colóquios, oficinas, debates, entre outros. Para Guilherme, os estudantes devem se inserir no debate sobre questões da educação médica. “Em um evento como o Cobem, pode-se discutir desde os métodos de ensino na sala de aula até o papel do médico na sociedade”, salienta. A professora Eliane Gontijo, membro da comissão organizadora do Cobem 2011, acredita que deve ser discutida a questão da abordagem mais integral no ensino. “Não apenas focando na doença, mas principalmente na saúde”, explica ela.

Ensino

Para a professora Maria Isabel, a sala de aula deve ser um espaço para constante discussão e desenvolvimento coletivo de conclusões

Seminário de Formação Pedagógica da Faculdade de Medicina da UFMG O evento que vai debater o tema será no Salão Nobre da Faculdade, nos dias 18 e 19 de novembro. Direcionado a professores e estudantes da área de saúde, o Seminário contará com mesas redondas e conferências que debaterão temas como o modelo de desenvolvimento cognitivo médico e a ética no ensino de Medicina. O encontro é promovido pelo Cenex. 7


Centenário

Acontece

Quase da mesma idade Foto: Arquivo Biblioteca

Foto antiga da Biblioteca

J

á imaginou como seria a Faculdade de Medicina da UFMG sem uma biblioteca? Difícil tarefa, pois a trajetória histórica da Biblioteca J. Baeta Viana, localizada no campus Saúde da Universidade, se confunde com a da própria Faculdade de Medicina. Na sessão da Congregação de 1º de março de 1912, o professor Antônio Aleixo já falava da necessidade de se organizar uma biblioteca. “Em 1927, José Baeta Viana assumiu a organização do acervo e fez um trabalho fundamental para que de fato a escola tivesse uma biblioteca, por isso a homenagem a ele”, explica Maria Piedade Leite, bibliotecária que foi chefe do setor durante onze anos. “Durante muitos anos, o que se conta, é que a biblioteca funcionava no mesmo prédio que a Faculdade, no subsolo. Só em 1959, Ruth Versiane apresentou um projeto para ampliação e reorganização e, com isto, foi construído o prédio onde funciona atualmente”, conta Piedade. Este prédio foi inaugurado em 1966, quando a biblioteca recebeu o nome de Biblioteca J. Baeta Vianna, homenagem ao seu idealizador.

Modernização do trabalho Segundo Piedade, as tecnologias da informação são o grande marco da biblioteconomia. E essa evolução também marcou a história da biblioteca. “Antes fazíamos várias fichinhas para catalogar os livros, rodávamos no mimeógrafo, depois datilografávamos, para só então arquivar tudo. Era manual e levava dias. Hoje é tudo pelo banco de dados, muito mais rápido”, pondera. Pioneirismo A Biblioteca Baeta Viana, como é chamada por todos, foi pioneira no país. “Em 1990, foi criado o primeiro empréstimo automatizado. E a Biblioteca foi a primeira biblioteca médica da América Latina a utilizar esta tecnologia”, se orgulha Maria da Consolação Lopes, bibliotecária atual chefe do setor. Funcionários Para os funcionários que já estão há vários anos na biblioteca, ou que já se aposentaram, o setor deixa saudades. “Estou aqui desde 1986 e, quando chegar minha hora de parar, vou morrer de saudades dos colegas e tudo que passei aqui. A gente ajuda a formar os médicos e profissionais de saúde do futuro. É um trabalho de muita responsabilidade”, diz Delfino da Silva, funcionário desde 1986. Para Elton José Henrique da Silva, que se aposentou há dois anos e até hoje visita o setor para rever os colegas, as lembranças são boas. “Me lembro até hoje do meu primeiro dia. Vivi muitas coisas boas. Na época de solteiro, jogava bola no time da Medicina, frequentava o Diretório Acadêmico. Os funcionários eram amigos dos alunos, a relação era mais próxima. Eu tomava cerveja com a turma, jogava sinuca, era uma farra. Tenho saudade desse tempo”, relembra.

Seleção O Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFMG está recebendo propostas de docentes ou profissionais de saúde interessados em atuar como orientador de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A chamada se destina aos futuros orientadores dos alunos do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família (Ceabsf). Acesse: www. nescon.medicina.ufmg. br

Pós-graduação O Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG publicou editais de seleção para programas de mestrado e doutorado com início em 2011. Documentação e prazos podem ser acessados em www.medicina. ufmg.br/editais

Personalidade O professor Geraldo Brasileiro Filho, titular do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal recebe, este mês, homenagem da Associação Médica de Minas Gerais como Personalidade Médica Mineira 2010, na categoria Atividade Docente.

Expediente

IMPRESSO

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Ennio Rodrigues, Estefânia Mesquita, Renata Ferreira e Leo Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Ana Lúcia Chagas - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/ medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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