Saúde Informa 07

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 7 - Ano I - Belo Horizonte, novembro de 2010

Como combater a dengue? E

studo aponta para a coexistência de mais de um sorotipo do vírus em um vetor, e propõe pensar novas estratégias para a prevenção da doença. Página 3

PESQUISA Estudo sobre doenças mitocondriais é premiado em congresso nacional

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HOMENAGEM Professores recebem condecoração por notáveis serviços prestados

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MARCA-PASSO Vida útil do equipamento pode ser maior com uso de método simples

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Fotografia: Anderson Siqueira


Publicação

Editorial

Pesquisa e reconhecimento

Barros Mulato, 1938

ISBN 978-85-334-1702-1

ADESÃO AO TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL NO BRASIL: COLETÂNEA DE ESTUDOS DO PROJETO ATAR

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Projeto ATAR

9 788533 417021

DST·AIDS HEPATITES VIRAIS

DST·AIDS HEPATITES VIRAIS

Brasília - DF 2010

Adesão ao Tratamento Antirretroviral no Brasil: Coletânea de estudos do Projeto Atar Dia 26 de novembro marcou o lançamento na Faculdade de Medicina da UFMG do livro “Adesão ao Tratamento Antirretroviral no Brasil: Coletânea de estudos do Projeto Atar”, publicado pelo Ministério da Saúde. A obra, que será distribuída para os Serviços de Aids de todo o Brasil, foi organizada pelo professor Mark Drew Crosland Guimarães, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, coordenador do Grupo de Pesquisas em Epidemiologia e Avaliação em Saúde (GPEAS) da Faculdade de Medicina da UFMG. O objetivo é disseminar os mais recentes resultados sobre o tema, obtidos a partir de dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos publicados em revistas científicas, produzidos por especialistas e estudantes de Pós-Graduação em Saúde Pública da UFMG, Farmácia e Enfermagem, a partir dos dados obtidos pelo Projeto Atar. O projeto acompanhou e avaliou a adesão dos pacientes nos primeiros doze meses de tratamento com antirretrovirais no Centro de Tratamento e Referência Orestes Diniz (CTR/DIP), do Hospital das Clínicas da UFMG, e no Hospital Eduardo de Menezes, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais. Editado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - Ministério da Saúde

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2010

1- Amilcar Martins

Solecismo de uns, tristeza de outros

MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

Com as chuvas do final de ano a dengue volta a ser assunto recorrente na mídia e tema de campanhas. O Saúde Informa de novembro traz, como matéria de capa, pesquisa que indica a existência de mais de um sorotipo do vírus em um mesmo vetor, e traça um panorama da doença em Belo Horizonte. Outros estudos são destacados nesta edição. Um propõe uma alteração simples no marca-passo, para torná-lo mais eficiente. Outro pode ajudar na prevenção de complicações originárias de alterações genéticas. Premiada pela Associação Brasileira de Ensino Médico, pesquisa analisa os processos de avaliação das graduações em Medicina. O boletim traz, também, matéria sobre os professores condecorados que receberam, este mês, a Ordem do Mérito Médico. Estas e outras notícias você confere nesta edição. O Saúde Informa faz uma pausa entre os meses de dezembro a fevereiro e retorna em março, com outras novidades. Boa leitura e boas férias!

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Saúde do português

Tenho recebido contribuições de colegas do Hospital das Clínicas da UFMG e da Medicina. A primeira vem do professor José Nelson, do Serviço de Radiologia. Conta ele que estava em reunião com residentes, lá pelos idos de 1995, quando o relator da semana diz: “Foi feito um raio X da paciente (...)”. José Nelson, que há meses vinha se segurando para não intervir, naquele dia, cedeu ao impulso. “Marcus, foi feita ‘uma radiografia’ da paciente!”. O residente, sem pestanejar, respondeu: “Desculpe-me, professor, mas o paciente era do sexo masculino. Portanto, ‘foi feito’ está correto”. Não estava. O radiologista respirou fundo, e provocou: “Você não apenas cometeu um solecismo como também não pode conseguir ‘um único raio X’”. E acabou a reunião. Os demais residentes solidários ao companheiro “acusado”. A tarde de sexta-feira custou a passar. Na segunda-feira, o professor mal chegou à sala e três residentes bateram à porta. Algo cabisbaixos, se desculparam. O preceptor abriu um largo sorriso e, colocando a mão sobre os ombros dos aprendizes, voltaram todos às tarefas. Os residentes haviam recorrido à biblioteca. Lá, aprenderam que solecismo não era condenação, mas um erro de sintaxe. Assim, concluíram que o correto era, de fato: “feita uma radiografia”, seja de homem ou de mulher. Não se faz “um” raio x. Ele já existe e vem em feixes de raios, não apenas um raíto. Como o sujeito da frase é radiografia, é com ele que o verbo deve concordar. Voz passiva. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

Contribua para a ‘Saúde do Português’. Envie sua sugestão ou opinião para wamorim@medicina.ufmg.br.

Luiz 11- delmo A odi 12 L

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Jogo da

Memória

Você sabe quem são essas pessoas? Ajude o Centro de Memória da Faculdade a identificar os professores da turma de 1938. 14

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Envie um e-mail para cememor@medicina.ufmg.br


Divulgação Científica

A

Sorotipos do vírus da dengue podem coexistir em único vetor

prevenção da dengue em Belo Horizonte deve ganhar novos cuidados nos próximos anos. A descoberta de larvas infectadas, simultaneamente, com dois sorotipos do vírus implica em maiores riscos das pessoas se contaminarem mais de uma vez pela doença. “Ao ser infectado por um dos tipos virais da dengue, o paciente fica imunizado apenas ao sorotipo com o qual teve contato. Em determinadas regiões já coexistem ao menos dois sorotipos da doença”, alerta o professor José Eduardo Marques Pessanha, autor do estudo que analisou vetores da dengue de três regiões de Belo Horizonte. O estudo é parte da tese defendida por Pessanha, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. Segundo o pesquisador a descoberta é de extrema relevância no planejamento de estratégias preventivas. “Uma das hipóteses de ocorrência de casos mais graves da doença está relacionada à uma segunda infecção, independente do tipo viral em questão. É necessário manter a vigilância sempre, para reduzir os vetores, a incidência e óbitos entre a população que adoece”, explica Pessanha.

Título: A dengue em Belo Horizonte: inquérito soroepidemiológico de base populacional (2006-2007), estudo de vírus em vetores (2007). Avaliação do plano nacional de controle da dengue (2008). Autor: José Eduardo Marques Pessanha Nível: Doutorado Programa: Pós-Graduação em Saúde Pública / Epidemiologia Orientador: Professor Fernando Augusto Proietti Defesa: 15 de março de 2010

Novembro de 2010

Você está ao lado da dengue? Dados individuais, como gênero, renda familiar, estado civil, etnia ou faixa etária, não se mostraram relevantes em relação à ocorrência da dengue.

Ocorrência de dengue nas regiões de Belo Horizonte*

Planejamento estratégico Segundo o pesquisador, essa medida acarreta em prevenção e vigilância mais eficazes. “Percebemos que dados individuais das pessoas infectadas são menos relevantes do que as condições físicas dos lugares em que moram. Por isto, conhecendo as áreas em que houve maior incidência de contaminação, é possível canalizar esforços para evitar que uma nova epidemia aconteça nestas regiões”.

Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Panorama da doença em BH O estudo também apontou que Belo Horizonte é mais sensível que a maioria dos municípios do país na notificação da doença. A estimativa citada na literatura é que, em relação a dengue nacional, haja dez casos não conhecidos para cada notificado. A capital mineira apresenta uma relação bem melhor: três ocorrências sem notificação para cada episódio diagnosticado. Pessanha relembra que o bom resultado é fruto da busca ativa pelos casos, que é possível pela ampliação das fontes de notificação. “Antes, esta informação era procedente somente das unidades de saúde da rede pública. Atualmente, laboratórios e consultórios médicos particulares também notificam os casos suspeitos da doença”, conta.

Fique atento às localidades em que, tradicionalmente, há a ocorrência de dengue. Como as condições favoráveis à proliferação dos vetores mudam pouco, as chances de nova epidemia são maiores nesses locais.

*Análise em 709 indivíduos

O mosquito transmissor não costuma voar grandes distâncias. Por isto, moradores de casas e barracões são mais vulneráveis aos vetores do que quem reside em prédios.

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Pesquisa

Estudo favorece o diagnóstico de doenças mitocondriais Pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG pode ajudar na prevenção de complicações originárias de alterações genéticas rogressivas, sistêmicas e ainda pouco conhecidas, as doenças mitocondriais foram o tema do estudo desenvolvido pela professora Juliana Gurgel Giannetti, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, premiado pela Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI). O Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil, que aconteceu em São Paulo, na primeira quinzena de novembro, elegeu o trabalho “Doenças mitocondriais: Estudo de mutações em genes mitocondriais e nucleares em pacientes brasileiros” como o melhor trabalho de casuística clínica. “É um trabalho pioneiro no Brasil: realizado apenas na nossa Universidade e em Ribeirão Preto. O estudo irá favorecer o diagnóstico das doenças mitocondriais. Embora os índices de mortalidade, geralmente, sejam altos, alguns grupos destas doenças têm tratamento e cuidados médicos que podem prevenir futuras complicações”, esclarece Giannetti.

Fibras vermelhas rasgadas indicam proliferação mitocondrial, comum em doenças mitocondriais.

Foto: Arquivo Laboratório de Investigação Neuromusculares

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Diagnóstico Ela explica que a dificuldade no diagnóstico ainda é um probleMenos raras do que se imagina ma para os pacientes que sofrem Várias doenças são causadas estas alterações genéticas. “Os por disfunções das mitocôndrias, orexames necessários para comproganelas presentes em todas as células var as doenças são muito especialide vários tecidos. Usualmente, estas “Com a detecção precoce, zados e, muitas vezes, os pacientes alterações acometem os sistemas nersão erroneamente diagnosticados. será possível realizar um voso, esquelético e o coração, mas Com a detecção precoce, será posmelhor acompanhamento dos podem atingir quase todos os órgãos. sível realizar um melhor acompaA professora Juliana Gurgel pacientes e ainda detectar nhamento dos pacientes e ainda Giannetti explica que, embora haja detectar outras pessoas da família outras pessoas da família pouca divulgação destas doenças, as que possam ser afetadas pela mesque possam ser afetadas pela taxas de ocorrência de alterações mima doença”, ressalta. tocondriais são consideradas altas. mesma doença.” Fruto de um projeto de pesMaiores, inclusive que outras doenças Professora Juliana Gurgel Giannetti quisa de extensão da Faculdade de mais conhecidas. Medicina da UFMG com apoio “Os trabalhos científicos atuais mostraram que da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas ocorre um caso de alguma alteração mitocondrial para Gerais (Fapemig), os pesquisadores realizaram estudo em cada 3.500 a 5.000 pessoas. As taxas são maiores que as da tecido muscular, por meio de uma biópsia muscular com fenilcetonúria, detectada pelo teste do pezinho, que tem estudo histoquímico, além de estudos de DNA que inclui uma ocorrência para cada 10.000 pessoas, por exemplo”, sequenciamento de tanto de genes nucleares quanto de ensina. mitocondriais. 4

Novembro de 2010


Homenagem

Contribuição para a saúde da pátria Professores da Faculdade de Medicina são condecorados por serviços notáveis prestados ao país

O

s professores da Faculdade de Medicina da UFMG Ennio Leão, Ênio Roberto Pietra Pedroso, Francisco Eduardo de Campos, João Carlos Pinto Dias e José Saraiva Felipe receberam a Ordem do Mérito Médico, condecoração que, desde 1950, é concedida em reconhecimento a profissionais que contribuem para a saúde e melhoria da vida das pessoas. A Ordem é composta de cinco classes: grã-cruz, grande-oficial, comendador, oficial e cavaleiro. Os agraciados foram anunciados via decreto presidencial, após indicação do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Francisco Eduardo de Campos receberá a condecoração de grande-oficial pela sua contribuição para a educação médica. Ennio Leão e Ênio Pietra serão feitos comendadores da ordem, pela criação de uma importante escola de Pediatria Social e pela humanização da prática médica. Também condecorado como comendador, João Carlos está sendo reconhecido por relevante participação nos estudos da doença de Chagas. José Saraiva Felipe será agraciado na classe de grã-cruz. A cerimônia de outorga ocorreu no dia 24 de novembro, em Brasília. Ênio Roberto Pietra Pedroso

Ennio Leão

Foto: Bruna Carvalho

Mestre e doutor em Medicina Tropical pela UFMG, especialista em Infectologia e Clínica Médica. É professor da Faculdade de Medicina e médico do Hospital das Clínicas desde 1975. As atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas por ele abrangem, dentre outros, estudos sobre doença de Chagas, imunodeficiência adquirida e infecções hospitalares. Atua também como editor geral da Revista Médica de Minas Gerais, da qual é membro do corpo editorial desde 1990. Recebeu em 2001 a Ordem do Mérito da Saúde, concedida pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.

Francisco Eduardo de Campos

Foto: Bruna Carvalho

Doutor em Ciências da Saúde pela UFMG, especialista em Residência Médica na área de Pediatria. Em 1994 foi nomeado Professor Emérito da UFMG. Foi um dos criadores da escola de Pediatria da UFMG, a maior do estado. Sua atuação na área da saúde materno-infantil foi reconhecida pelo governo de Minas Gerais em 2006, quando da criação do Prêmio Ennio Leão, destinado aos municípios mais empenhados em reduzir a mortalidade infantil e materna. Recebeu em 2010 a Grande Medalha da Inconfidência, maior condecoração do Estado de Minas Gerais.

João Carlos Pinto Dias Mestre e Doutor em Medicina Tropical pela UFMG, especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, atuando em estudos sobre Epidemiologia e Doença de Chagas. Criou o primeiro sistema de controle da Doença de Chagas com a participação da comunidade e um programa de cadastramento de doadores de sangue em Minas Gerais na década de 80, antes da fundação do Hemominas. Sua contribuição para as pesquisas sobre Doença de Chagas já foi reconhecida pelo Ministério da Saúde através da Medalha da Ordem do Mérito Médico e Científico Carlos Chagas, em 1985.

Foto: Arquivo ACS

Foto: Arquivo Nescon

Doutor em Saúde Pública (Fiocruz), mestre em Saúde Coletiva pela UERJ, especialista em Medicina do Trabalho (Fiocruz) e Política e Administração da Saúde (FGVRJ). Ajudou a criar o Internato Rural da UFMG, hoje Internato em Saúde Coletiva. Em 1985 se tornou o primeiro a dirigir a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério da Saúde. Foi consultor permanente da Organização Pan-Americana da Saúde e temporário da Organização Mundial da Saúde. Atualmente faz parte do Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde, representando o Brasil. Desde julho de 2005 é Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.

Foto: Felipe Zig

José Saraiva Felipe Mestre e especialista em Saúde Pública pela ENSP. Foi professor de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador-técnico do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon). Foi secretário municipal de Saúde e Ação Social em Montes Claros e secretário da Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Foi secretário da Saúde do Estado de Minas Gerais entre 1991 e 1994 e Ministro da Saúde entre 2005 e 2006. 5


Ensino

Medicina da UFMG recebe prêmio Abem 2010 Pesquisa analisou os processos de avaliação de cursos de Medicina

Foto: Arquivo Pessoal

O

estudo “Cursos de graduação em Medicina: uma análise a partir do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes)” recebeu o primeiro lugar do Prêmio Associação Brasileira de Ensino Médico (Abem) de Pesquisa em Educação Médica 2010. A entrega do prêmio aconteceu durante o 48º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem), realizado entre os dias 27 e 30 de outubro, em Goiânia. Além de receber diploma de qualificação, o estudo será publicado, em português e inglês, na Revista Brasileira de Educação Médica. O prêmio foi entregue à coordenadora do trabalho, professora Eliane Gontijo (foto), do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, que será apresentado no Congresso Europeu de Educação Médica, em agosto de 2011, na cidade de Viena, na Áustria. “Fiquei muito feliz por ter tido meu trabalho reconhecido pelos meus pares, docentes de prestigiadas instituições de ensino no Brasil e pela oportunidade de compartilhar, em Viena, experiências com professores de medicina de outros países”, comemora Eliane.

Nova metodologia de avaliação De acordo com a professora Eliane Gontijo, o objetivo da pesquisa é contribuir com o processo de avaliação e monitoramento dos cursos de graduação em Medicina. Ela pondera que existem evidências de inúmeros problemas metodológicos nos instrumentos e indicadores do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O estudo propõe um indicador multicritério, capaz de discriminar as instituições bem conceituadas da área que contribuem para o melhor desempenho de seus alunos, tanto no componente específico quanto na formação geral. “Matrizes de referência compatíveis e robustas são necessárias para o monitoramento de cursos que formem profissionais de excelência e que estejam conscientes de suas responsabilidades sociais”, conclui. A pesquisa foi desenvolvida no ano passado, com a participação da professora da Faculdade de Odontologia da UFMG, Maria Inês Senna, do professor Luiz Duczmal e da pós-graduanda Luciana Lima, ambos do Instituto de Ciências Exatas da UFMG (ICEx). O estudo contou com apoio financeiro do Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Deges - SGTES).

Debate

Faculdade debate saúde e direitos dos jovens

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uventude e Direitos Humanos – Diálogos entre saúde e educação na perspectiva do enfrentamento da violência” será o tema do Seminário realizado pelo Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG (ObservaPed) nos próximos dias 8 e 9 de dezembro. “A expectativa é que recebamos cerca de 100 participantes, entre alunos e professores das áreas de saúde e educação e todos os demais que tenham interesse”, conta a professora Cristiane de Freitas Cunha, do Departamento de Pediatria, que coordena o evento ao lado da pós-graduanda em Ciências da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristina Campolina, e da estudante de graduação Raquel Carvalho. As três integram a equipe do eixo “Criança, Adolescente e Violência” do ObservaPed. Segundo Cristina, o Seminário é um meio de ampliar o intercâmbio entre as áreas de saúde e da educação. “Será um evento de caráter científico e buscaremos fomentar o diálogo, especialmente, entre aqueles profissionais que atuam junto aos adolescentes em situação de vulne-

rabilidade à violência, além de dar visibilidade aos estudos e pesquisas da UFMG, orientados pela temática em questão”, esclarece. O evento será organizado com o apoio do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz da Faculdade de Medicina e do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa em Psicanálise e Educação da Faculdade de Educação, ambos da UFMG. As atividades são parte da 5ª Semana de Direitos Humanos: “Iguais na Diferença”, promovida pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e sediada em Belo Horizonte. Campolina ressalta, também, que a concretização desta proposta é fruto de mobilização da Coordenadoria de Direitos Humanos da Prefeitura de Belo Horizonte e da Subsecretaria de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais. As inscrições podem ser feitas online, pela página http://www.cursoseeventos.ufmg.br. Mais informações e programação estão na página do ObservaPed, em http://www.medicina.ufmg.br/observaped.


Divulgação Científica

Reprogramação de marca-passo pode reduzir número de cirurgias do coração Medida quer elevar qualidade de vida dos pacientes cardíacos graves e traz economia para o SUS

U

originais e relevantes. Para ele, “há repercussões prováveis tanto do ponto de vista econômico quanto da preservação do bem-estar dos pacientes”.

O estudo Leonor Rincón, médica cardiologista do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular do Hospital das Clínicas da UFMG e uma das responsáveis pela indicação de implante e controle de funcionamento de marca-passo artificial cardíacos, analisou dados de 30 pacientes, colhidos entre março de 2005 a junho de 2007. Durante o estudo os pacientes foram submetidos a uma série de exames, como ecocardiograma e telemetria do marca-passo, para verificar o funcionamento do aparelho antes de serem reprogramados. Após 60 dias com essa nova configuração, os pacientes realizaram outros exames, que permitiram calcular a longevidade do gerador de energia do marca-passo. O orientador da pesquisa, professor Manoel Otávio da Costa Rocha, considera que a tese alcançou resultados

Benefícios “O paciente ganha com a redução do número de cirurgias necessárias após a implantação do marca-passo”, destaca Leonor. “Quando a bateria acaba, é preciso trocar todo o aparelho, o que exige uma nova cirurgia”, esclarece. Ainda segundo a doutora, a duração da bateria, em geral, é estipulada quando o aparelho é implantado no paciente. Em média, sete anos. Apesar de atualmente ser um procedimento relativamente simples, sempre existem os riscos inerentes a uma cirurgia, como a possibilidade de infecção. Por isso, a mudança também é boa para o sistema de saúde pública. Atualmente, cerca de 3.500 pessoas fazem acompanhamento regular no Hospital das Clínicas da UFMG. “A reprogramação consegue reduzir em 22% o custo por paciente da implantaTítulo: : Avaliação do imção do marca-passo, uma econopacto do recurso de busca mia de, em média, R$1,3 milhão da condução intrínseca em por ano para o SUS”, explica a pacientes chagásicos e não cardiologista. chagásicos portadores de Para Leonor Rincón, o de- marca-passo safio agora é convencer os profis- Autora: Leonor Garcia sionais que trabalham com pacien- Rincón tes portadores de marca-passo a Nível: Doutorado fazerem essa reprogramação, que Programa: Ciências da ainda não é um procedimento am- Saúde/Medicina Tropical e plamente utilizado. Apenas após Infectologia a publicação da pesquisa, ainda Orientador: Prof. Manoel inédita, é que poderemos verificar Otávio da Costa Rocha a aceitação da técnica em outros Defesa: 30 de setembro grandes centros cirúrgicos. de 2010

ma alteração simples no marca-passo artificial, dispositivo eletrônico que controla os batimentos do coração por meio de estímulos elétricos, pode torná-lo ainda mais eficiente. É o que propõe um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina. Leonor Garcia Rincón, em sua tese de doutorado na área de Medicina Tropical, sugere que os médicos programem o aparelho para fornecer apenas a energia necessária para regular o coração de cada indivíduo. Esta medida pode ser determinada por meio do eletrocardiograma, um exame igualmente simples, possível de ser feito em consultório médico. O fato é que atualmente todo marca-passo sai de fábrica com uma única e determinada voltagem pré-configurada para seu funcionamento. Nem todos os pacientes precisam desse nível de energia. O recurso, conhecido como “Busca da Condição Intrínseca”, pode elevar a vida útil do aparelho a nove anos, prolongando-a em torno de dois anos mais, sem riscos ao paciente.

Antes Custo anual: 1.714,00 Reais. 7 Anos de duração da bateria.

Custo do Implante do

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Marca-passo Reprogramação do aparelho, por médicos, para fornecer apenas a energia necessária para regular o coração de cada indivíduo.

Novembro de 2010

Ilustração: Luiz Lagares

Entenda Melhor

R$ 12.000,00

Depois Custo anual: 1.333,00 Reais. 9 anos de duração da bateria. 7


Memória

Acontece

DAAB pelos estudantes e pelo ensino de Medicina

Obras antigas

Diretório Acadêmico tem histórico de lutas pela qualidade do ensino e representatividade estudantil Foto: Bruna Carvalho

A Biblioteca J. Baeta Vianna já cadastrou 981 títulos e 1.841 exemplares de seu acervo antigo no catálogo online da UFMG. Grande parte da coleção foi publicada no século XIX ou no início do século XX, e a previsão de incorporação é de quatro mil exemplares por ano, em quatro anos.

Saúde Informa Ely Souza relembra histórias do DAAB

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Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) é mais do que a entidade representativa dos estudantes de Medicina. O espaço dedicado aos alunos representa uma parte fundamental da história da Faculdade de Medicina da UFMG, e tem grande participação na criação de ações que mudaram os rumos do curso na Instituição. “Em 1958, o DAAB criou o Movimento Carlos Chagas de Assistência ao Interior, idealizado pelo estudante Rubens Neri Simões, que foi precursor do Internato Rural, e consistia em visitas às cidades onde não havia médicos”, relembra o pediatra Ely da Conceição Souza, que estudou na Faculdade de 1955 a 1960 e foi presidente do DAAB. Ensino e extensão Segundo ele, o Movimento contava com apoio da Faculdade e da Secretaria do Estado de Saúde. “A Secretaria cedia o transporte, medicamentos e vacinas. E a Faculdade dava microscópios e reagentes para os exames. Preparávamos palestras educativas

sobre higiene, prevenção de doenças e hábitos de saúde”, conta Ely. Outra ação ressaltada por Ely foi a criação do primeiro curso de Medicina de Urgência da Faculdade. “A escola era considerada modelo na minha época, mas tinha várias deficiências, e tentávamos suprir isso com atividades do DAAB. O curso de Medicina de Urgência foi uma dessas ações”. Representatividade Também foi o DAAB que lutou para que os alunos tivessem participação na Congregação da Faculdade. “Era um D.A. muito político, e o foco principal era inserir o aluno na Congregação. Achávamos que assim poderíamos propor melhorias para o curso, como de fato fizemos”, defende. Para ele, os estudantes eram unidos. “A participação do aluno era intensa, fazíamos atividades culturais, bailes, era outro tempo. Nas eleições, tínhamos quase 100% de participação. Conhecíamos todo mundo e nossa união era muito forte”, lembra Ely, com saudades.

O boletim impresso mensal da Faculdade de Medicina da UFMG entra de férias no próximo mês e retoma as atividades em março de 2011, junto com a volta às aulas. Em seu ano de estreia foram oito edições, que podem ser conferidas online em www.medicina.ufmg. br/saudeinforma.

Cultura Dando continuidade às comemorações de seu Centenário, a Faculdade de Medicina da UFMG apresenta a ópera Carmina Burana, em sua versão para dois pianos, percussão, solistas vocais, coro e coral infantil. A apresentação será no auditório da Escola de Engenharia da UFMG, nos dias 16 e 18 de dezembro.

Expediente

IMPRESSO

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinícius dos Santos – Estagiários: Estefânia Mesquita, Leo Rodrigues e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@ medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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Outubro de 2010


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