Saúde Informa 08

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 8 - Ano II - Belo Horizonte, março de 2011

Uma porta para o passado A

porta instalada na nova fachada da Faculdade de Medicina abre passagem para um resgate histórico sobre o primeiro prédio da avenida Alfredo Balena, demolido em 1958. Inauguração da primeira etapa das obras externas do atual edifício é um dos destaques das comemorações pelos cem anos da instituição, em março. Páginas 4 e 5

DEBATE Os desafios da Ciência para atender aos anseios da saúde feminina

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ENSINO Novidades para calouros e veteranos na volta às aulas

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E E An spe di iv ci çã er al o sá d ri e o

Fotografia: Bruna Carvalho

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PESQUISA Diagnóstico de má-formação na gravidez afeta o relacionamento dos pais


Editorial

Ano II A oitava edição do Saúde Informa está em clima festivo. É o primeiro aniversário do boletim, lançado em março de 2010, na abertura das atividades do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG. O Saúde Informa já é reconhecido como um dos principais canais de informação do campus Saúde. Agora, a proposta é que ele se consolide como veículo de divulgação científica, propondo pautas sobre saúde com uma abordagem mais ampla para o público externo e a mídia. A reportagem principal deste número traz a história do prédio da avenida Alfredo Balena. No auge das comemorações pelos cem anos da Medicina, será inaugurada a primeira etapa das obras externas do edifício, no dia 14 de março. No mês da mulher, não poderíamos deixar de falar também de saúde feminina. E aproveitar para dar boas-vindas aos calouros na volta às aulas. Boa leitura!

Publicação

Saúde do português

Estrangeirismos

Anticoncepção, Endocrinologia e Infertilidade: soluções para as questões da ciclicidade feminina O professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Aroldo Fernando Camargos, dá respostas a ginecologistas, obstetras e médicos da estratégia de Saúde da Família, sobre os problemas relacionados à saúde feminina. “Nosso objetivo foi apresentar uma obra de conteúdo nem muito extenso e nem muito resumido, que apresentasse de forma fundamentada e prática questões que afetam a mulher em anticoncepção, endocrinologia feminina e infertilidade”, explica o autor. A publicação tem co-autoria dos médicos Francisco de Assis Nunes Pereira, Ines Katerina Damasceno Cavallo Cruzeiro e do professor Rogério Bonassi Machado, da Faculdade de Medicina de Jundiaí. São 1155 páginas, com artigos de diversos especialistas na área. O livro já está à venda na livraria Coopmed, por R$ 224, mas o lançamento oficial será durante o IV Congresso Mineiro de Ginecologistas e Obstetras, previsto para ocorrer em maio, em Belo Horizonte. Ed. Coopmed.

Ilustração: Barros Mulato

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O uso de palavra, expressão ou construção estrangeira que tenha ou não equivalente em nossa língua é classificado como estrangeirismo. A base do léxico de uma língua é o fundo léxico comum, que expressa noções não afetadas por mudanças econômicas, sociais e políticas. Grande parte das palavras desse fundo é de origem latina e encontra-se em franco uso. Os estrangeirismos existentes no Português advêm principalmente do Inglês, devido à forte presença norte-americana no nosso cotidiano. Esses anglicismos não fazem parte de nosso fundo léxico comum, pois são empréstimos linguísticos consequentes de uma situação socioeconômica vivida pelo Brasil em um momento histórico. Projeto de Lei (1676/99), aprovado em 2001, “prevê punições para quem abusar do uso de expressões estrangeiras”. Para o ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Tarcísio Padilha, “uma lei não seria suficiente para conter o uso de determinadas expressões ou palavras”. Algumas até foram incorporadas à nossa língua, como pen drive e tuíte. Domingo fui ao cinema, e, no “shopping”, encontrei vitrines com 70% off. Depois, tomei um chopp no ‘Marcus’ Bar. Lá sim, a bebida é mais gelada que no Bar do Marquinho. E você, leitor. Qual sua opinião? Manifeste-se. Ajude a cuidar da Saúde do Português na comunidade acadêmica. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia

Contribua para a ‘Saúde do Português’. Envie sua sugestão ou opinião para wamorim@medicina.ufmg.br.

Jogo da Memória

a última edição do Saúde Informa, convidamos os leitores a ajudarem na identificação dos professores da turma de 1938, na charge abaixo. A diretora de cooperação institucional da UFMG, Lígia Maria Moreira Dumont, procurou a Assessoria de Comunicação Social, depois de reconhecer os médicos Hilton Rocha (4) e Lucas Machado (23). A leitora é filha de Oromar Moreira, que ingressou na então Escola de Medicina da Universidade de Minas Gerais, em 1930, como titular da cátedra de Física Biológica. Mais 7 3 6 4 8 11 10 tarde, em 1960, ele tornou-se titular do Labo12 13 2 9 1 5 ratório de Medicina Nuclear. “Esses retratos sempre rodavam lá em casa”, conta Lígia. Outros nomes já tinham sido identificados: Amilcar Martins (1), Clóvis Salgado (9), Luiz Adelmo Lodi (11) e Alfredo Balena (20). Se você souber algum outro nome, envie um e-mail para jornalismo@medicina.ufmg. br. A charge também estará disponível no hotsite do Centenário: www.medicina.ufmg. br/centenario. 18 19 16 21 0 15

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Debate

Sexo feminino: o que esperar do futuro? Um dos desafios é equilibrar o desejo de sucesso pessoal e profissional com o relógio biológico, que ainda marca hora limite para a maternidade.

L

e Trung, um inventor canadense, anunciou em 2008 ter é o congelamento de óvulos. “É uma técnica ainda em escriado “a mulher perfeita”. Aiko é um robô de 1,52m tudo. Por enquanto, é bastante arriscado para a saúde da de altura e corpo curvilíneo, que fala inglês e japonês, cozi- mulher”, adverte o professor. Os óvulos são congelados nha, faz massagem e nunca reclama. O modelo de mulher em nitrogênio líquido à - 196°C e guardados em isolamenperfeita para Le Trung só poderia ser uma máquina. Aiko to térmico. Nesse estado, podem ficar por anos. não é nem um pouco parecida com uma mulher de verdaA ciência também se debruça para reduzir a morde do presente e, como aposta a ciência, está ainda mais talidade por doenças típicas em mulheres, como o câncer longe de ser a do futuro. de mama. “Temos técnicas cada vez menos invasivas, mas não há nada revolucionário. O que temos que “A mulher quer ser dona de sua autonoinsistir ainda é na prevenção”, aconselha mia, de sua liberdade, deixar de vez o rótuAgnaldo Lopes. Segundo ele, é aconselo de Amélia” afirma Anayansi Brenes, lhável manter uma rotina de consultas coordenadora do Núcleo de Estudos ao ginecologista, além de cuidar da Mulher e Saúde (Nems), da Faculalimentação e praticar atividades dade de Medicina. Para ela, emfísicas. bora seja inegável a evolução daquele que já foi chamado de sexo frágil, principalmenBeleza te no ambiente de trabalho, Há 30 anos, as muainda falta conquistar oulheres costumavam usar tros campos, como a reliferro de passar roupa para gião e as forças armadas. alisar o cabelo. Uma déca“As mulheres têm plenas da atrás, aproximadamencondições de ocupar o te, disseminou-se o uso exército, por exemplo. da chapinha. Nos últimos O corpo não é, de foranos, é a escova progresma alguma, um empesiva que mantém os fios cilho, até grávidas parlisos por meses. Todas ticipam de guerrilhas”, essas invenções mostram observa. que a ciência vem conseA partir da décaguindo atender bem o deda de 1960, uma das musejo da mulher de se mandanças de maior impacto ter cada vez mais bonita. na vida das mulheres foi o Segundo a dermacontrole da própria reprotologista Luciana Baptista dução. A disseminação do Pereira, professora do Deuso da pílula anticoncepcional partamento de Clínica Médifoi decisiva para a descoberta ca da Faculdade de Medicina do sexo pelo prazer. Para as geda UFMG, a tendência é que a rações futuras, o desafio é outro: medicina estética continue conconseguir encontrar um ponto de tribuindo com os anseios femiequilíbrio entre o desejo de suIlustração: Ana Cláudia Ferreira ninos. No entanto, é importante cesso pessoal e profissional com ter cuidado com promessas milao relógio biológico, que ainda grosas de uma juventude eterna. marca hora limite para a mater- “A mulher tem um papel que não “Temos procedimentos cada vez nidade. tinha há 40 anos, mas o corpo é o mais modernos. Mas não temos “Exaltam-se esses casos mesmo de dois mil anos atrás”. nenhuma cápsula revolucionária de mulheres grávidas com idade que deixe o cabelo liso para semAgnaldo Lopes da Silva Filho mais avançada, mas ainda há uma pre, por exemplo”, pondera. queda de fertilidade muito acentuada a partir dos 35 anos”, O foco agora é desvendar e poder trazer à sociealerta o médico Agnaldo Lopes da Silva Filho, professor dade a terapia gênica, que pode trazer tratamentos para do departamento de Ginecologia e Obstetrícia. Segundo doenças graves, como a epidermólise bolhosa, que produz ele, gravidez tardia pode acarretar em uma série de proble- ferimentos em todo o corpo. “Já sabemos onde está o demas para a mãe e o feto. feito em várias doenças de pele. O que nos falta agora é Para vencer o tempo, uma das apostas da medicina solucioná-lo”, afirma.

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Centenário

Um lugar, muitas histórias E

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Ilustração: Núcleo de Engenharia e Arquitetura da Faculdade de Medicina

Foto: Bruna Carvalho

m 14 de junho de 1958, alunos, professores e funcioa unidade recebe ainda, por ano, 50 fonoaudiólogos e 80 nários posaram juntos para a última foto do prédio tecnólogos em Radiologia. que, por mais de 40 anos, abrigou a Faculdade de MeO antigo prédio, porém, deixa saudades, até mesdicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Do anmo em quem não passou por lá. “Eu acho que não deveria tigo edifício, demolido um dia depois, sobraram muitas ter sido demolido. Poderia, como aconteceu com o amburecordações e a porta principal, de madeira maciça. Agora latório Borges da Costa, ter sido restaurado para outros restaurada, a peça volta para a fins. Ele tinha um valor histórico fachada da instituição, no ano muito grande”, defende o profesde seu Centenário. sor emérito Luiz Otávio Savassi A decisão de instalar a Rocha, vinculado ao Departaporta antiga no prédio erguimento de Clínica Médica. Segundo sobre as ruínas da primeira do ele, naquele tempo, ideias de sede construída na avenida Alavanço sobrepunham ao valor de fredo Balena revela o esforço preservação do passado. “Foi na da Faculdade em se reconciliar época em que pensava-se muito com seu passado. A peça estano futuro, no desenvolvimento”, va guardada no Centro de Meafirma, recordando os anos em mória da Medicina, depois de que Juscelino Kubitschek, outro ter sido localizada no Museu ex-aluno da Medicina da UFMG, Histórico Abílio Barreto. era presidente da República. A demolição da antiga Novos tempos sede foi consequência, principalmente, do crescimento do “Trazer a porta antiga foi uma Por quase cinco décadas, curso de Medicina, que formaNassim da Silveira Calixto, proideia muito interessante. Já que va, por ano, 60 profissionais. fessor emérito, aposentado pelo não temos mais o prédio, ficamos, departamento de Oftalmologia e Em 1960, já no novo edifício, construído no mesmo local da pelo menos, com uma lembrança” Otorrinolaringologia, presenciou demolição, foi possível ampliar Professor Luiz Otávio Savassi várias transformações na Faculo corpo discente. Em menos dade de Medicina, como aluno e, de uma década, a quantidade de universitários pulou de mais tarde, como docente. “Esse novo prédio passou por 60 para 320, número que se mantém até hoje e fez da Famudanças. No lugar do estacionamento, por exemplo, haculdade de Medicina da UFMG a instituição pública que via um campo de futebol. E antes, tínhamos um jardim”, mais recebe estudantes do país: foram mais de 15 mil mélembra. dicos formados, ao longo desses cem anos. Atualmente, Na área acadêmica, o professor destaca o aumento


Foto: Arquivo Cememor

Alunos, professores e funcionários posam para a foto, antes da demolição do primeiro prédio construído na Avenida Professor Alfredo Balena

Ilustração: Núcleo de Engenharia e Arquitetura da Faculdade de Medicina

da carga horária do curso. “Eram seis anos, mas geralmente ficávamos só pela manhã tendo aulas. À tarde, nós trabalhávamos”, conta o professor, que, para se tornar médico, precisou ganhar seu próprio sustento num serviço de caça e pesca da Secretaria de Agricultura do Estado de Minas Gerais. “Hoje não dá mais para fazer isso. Os alunos têm aulas de manhã e à tarde”. Nos dias atuais, Nassim Calixto nota um distanciamento entre professores e alunos. “Nós éramos muito mais próximos. As turmas eram menores, e os professores até nos conheciam pelos nomes”, recorda. Para o oftalmologista, porém, essa foi uma consequência natural do aumento de quatro vezes no número de estudantes da Faculdade. Com uma ponta de tristeza, Calixto aponta mesmo a passagem de disciplinas básicas, feitas até o quarto período, para o Instituto de Ciências Biológicas, no campus Pampulha. “Acho que a faculdade foi desintegrada”. No rol das boas novidades, Nassim Calixto destaca a mudança do perfil dos alunos da Medicina. O prédio, segundo ele, ficou mais diversificado, heterogêneo. “Não somente mudou o corpo docente, como também o corpo discente. Antes, tínhamos basicamente homens por aqui. Hoje, talvez metade dos alunos sejam moças”, observa.

Perspectiva da nova fachada da Faculdade de Medicina


Ensino

Novidades para todos na volta às aulas Mudanças físicas, curriculares e no corpo docente alcançam calouros e veteranos Os 225 novos alunos aprovados nos cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Tecnologia em Radiologia encontrarão novidades ao ingressar na Faculdade, assim como os estudantes que voltam das férias. O segundo ano do curso de Tecnologia em Radiologia será marcado pela chegada de sete novos docentes. “Agora, o curso já se organizou, com um colegiado indicado pelo Departamento de Propedêutica, e está preparado para ofertar o melhor ensino aos alunos”, avalia o professor Marcelo Henrique Mamede Lewer, eleito em fevereiro como coordenador do curso. A subcoordenação ficou a cargo do professor Ulisses Campanha Parente. O colegiado da Tecnologia em Radiologia vai ganhar espaço físico e secretaria próprios, após a conclusão da reforma do Centro de Graduação. Ainda no primeiro semestre, está prevista a inauguração de um centro de imagens, no primeiro andar, com computadores preparados para a simulação e o processamento de imagens em alta definição. Os equipamentos já foram comprados, só falta a aquisição das bancadas, que está em processo de licitação. O centro poderá ser usado para o aprendizado nas áreas de Radiologia e Medicina Nuclear. Para o curso de Fonoaudiologia, uma novidade, na área administrativa, é a mudança da secretaria do curso, que passou a funcionar no segundo andar, na sala 251, mais perto dos professores. Na área acadêmica, esta será a terceira turma que deverá entregar uma monografia, ao final da graduação. “Este novo currículo visa à formação tanto de profissionais clínicos quanto de pesquisadores”, explica a subcoordenadora, Érica de Araújo Brandão Couto. Segundo a professora, a monografia ajudará os alunos a entenderem a importância da pesquisa. Na Medicina, o novo currículo, pautado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, foi aprovado no final do ano passado, mas só deve ser adotado entre o segundo semestre de 2011 e o início do ano que vem. “Até lá, priorizaremos a revisão dos objetivos de aprendizagem, o aperfeiçoamento dos métodos de avaliação e a oferta ampla e permanente de oportunidades de formação e capacitação didática para os professores”, afirma o coordenador, professor Fernando Reis.

Recepção aos calouros Como já é tradição, o Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), que representa os alunos da Medicina, preparou uma extensa programação para recepcionar os novatos, entre os dias 15 e 19 de março, com o apoio do Centro de Graduação (Cegrad). O tema central das atividades é “Saúde Pública: Medicina e a diversidade do Humano”. A proposta, segundo o DAAB, é incentivar “uma formação crítica e humanística”, desde o ingresso na Faculdade. Pela primeira vez, a programação inclui ações solidárias, como um mutirão de doação de sangue para a Fundação Hemominas e a coleta de alimentos para serem repassados à Cruz Vermelha. Para os novos alunos de Tecnologia em Radiologia, a recepção foi organizada pela coordenação do curso, em dois dias: 10 e 11 de março. O destaque da programação é a palestra “Os Raios X no Exame e Diagnóstico da Obra de Arte Escultórica”, ministrada pela professora Maria Regina Emery Quites, coordenadora do Curso de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis da UFMG. Já a recepção dos calouros da Fonoaudiologia será na sexta-feira, 11 de março, com apresentação dos principais setores da Faculdade, orientações sobre a estrutura do curso e uma visita aos ambulatórios do Hospital das Clínicas. Os alunos de cada curso poderão conferir a programação completa da recepção aos calouros em um impresso produzido pela Assessoria de Comunicação Social (ACS).


Divulgação Científica

Bom relacionamento ajuda casais a lidarem com má-formação na gravidez Segundo a Organização Mundial da Saúde, 1,6% das gestações resultam no nascimento de crianças com má-formação fetal. No Brasil, o índice médio é de 3%

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diagnóstico de qualquer tipo de má-formação na gravidez é um momento de tensão para os pais e pode representar o fim do sonho de ter um filho “perfeito”. Por ser uma crise diferente das habituais, a recomendação dos especialistas é que os casais não tentem resolvê-la sozinhos, mas com acompanhamento psicológico profissional. A forma como os casais reagem a essa dificuldade foi o tema da dissertação de mestrado da psicóloga Maria Eugênia da Costa Machado, apresentada em novembro de 2010, no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG. Os dados analisados foram recolhidos por meio de entrevistas individuais com dez casais em acompanhamento pré-natal no Centro de Medicina Fetal do Hospital das Clínicas da UFMG, no período de julho a agosto de 2010.

O que mais chamou a atenção da autora foi a influência do relacionamento conjugal na vivência do diagnóstico de má-formação fetal. Os casais que tiveram reação mais positiva à crise foram aqueles que demonstravam mais companheirismo e afinidade sexual, antes da gravidez. Ao mesmo tempo, o relacionamento também é afetado por esse diagnóstico. A análise revelou que os casais oscilavam entre dois comportamentos extremos: eles se aproximavam ou se afastavam demais. Entre os principais sentimentos observados, a culpa teve a maior predominância, além de raiva e frustração. Quanto maior a intensidade da culpa, maior o isolamento do indivíduo e o afastamento entre o casal. Segundo Maria Eugênia, Título: : Diagnóstico prémuitas vezes o sentimento de cul- natal de malformação pa leva o homem a trabalhar mais, fetal: um olhar sobre o como uma estratégia de fuga. casal Outras vezes, há uma inversão de Autora: Maria Eugênia da papéis, como forma de reparar o Costa Machado que a pessoa considera uma falha Nível: Mestrado dela para com o outro. Um dos Programa: Pós-Graduação exemplos é o homem que passa em Saúde da Mulher a dedicar mais tempo para cuidar Orientadora: Profa. Alados filhos. A situação pode indu- manda Kfoury Pereira zir a um carinho ainda maior de Defesa: 5 de novembro um cônjuge com o outro. de 2010

“A gestação é um momento de mudanças para qualquer relacionamento, que desencadeia vários sentimentos, crises e conflitos”, lembra a psicóloga Maria Eugênia da Costa Machado. “O diagnóstico de máformação fetal é uma situação muito delicada. Como equipe de saúde, é importante atentarmos para a necessidade de um profissional qualificado junto dessas pessoas”, recomenda. Outra postura indicada pela especialista é compartilhar o fato com amigos e família. Segundo ela, os casais que se isolam acabam ampliando a dimensão do problema para o relacionamento, o que leva ao afastamento. Foto: Bruna Carvalho

Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Recomendações


Memória

Acontece

A história dos departamentos

Centenário na Câmara

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A Faculdade de Medicina receberá duas homenagens da Câmara Municipal, em março. No dia 22, o diretor Francisco Penna receberá o título de Cidadão Honorário. No dia 30, haverá uma sessão solene em homenagem ao Centenário. As sessões serão no Plenário Amyntas de Barros, a partir das 19h.

m 1967, um decreto lei assinado pelo Mesmo antes do decreto, a Medicina presidente Castello Branco mudaria de da UFMG já estava à frente, no processo de vez a organização das universidades no Brasil. democratização da estrutura universitária. Até então divididas em cátedras, cadeiras com “A Congregação aprovou a nova divisão detitulares permanentes, as instituições passapartamental em 1971, mas o Departamento ram a ser organizadas em departamentos. de Medicina Preventiva foi instituído muito antes da reforma, ainda em 1961”, afirma “Nas Faculdades mais tradicionais, João Amílcar. os catedráticos foram, automaticamente, escolhidos para chefiar os departamentos. Segundo o professor emérito Roberto Na Faculdade de Medicina da UFMG, aproAssis, do Departamento de Pediatria, a nova veitamos para fazer divisão alterou tamas coisas de maneira bém o papel das disdemocrática, de verciplinas no curso. “Os dade”, conta o fundepartamentos de Cidador do Centro de rurgia, de GinecoloMemória (Cememor), gia e Obstetrícia e de professor João AmílClínica Médica eram car Salgado. enormes e poderosos, porque reuniram vá“Para o Deparrias cátedras em sua tamento de Clínica formação. Com as re“Para o Departamento de Médica, que era um a Pediatria e a dos maiores da FaculClínica Médica, elegemos um formas, Medicina Preventiva dade, por exemplo, professor assistente como e Social aumentaram elegemos um profeso corpo docente e sor assistente como novo chefe. Houve até a alcançaram um lugar novo chefe. Houve tentativa de impedir que ele de destaque na Faculaté a tentativa de imdade e no currículo”, fosse empossado”. pedir que ele fosse Prof. João Amílcar avalia. empossado”, explica.

Coral Medicina O Coral Medicina está com vagas abertas para receber novos integrantes. Não é necessário ter vínculo com a Faculdade para participar. O coral integra o projeto Corais do Campus, da Escola de Música da UFMG. Informações: 3409-9644/9645.

Cememor online

Formação dos Departamentos

ALO

APM

ALO – Aparelho Locomotor APM – Anatomia Patológica e Medicina Legal CIR – Cirurgia

CLM

CIR

CLM – Clínica Médica FON – Fonoaudiologia GOB – Ginecologia e Obstetrícia

PED

OFT

GOB

MPS – Medicina Preventiva e Social OFT – Oftalmologia e Otorrinolaringologia PED – Pediatria

SAM

PRO

FON*

PRO – Propedêutica Complementar SAM – Saúde Mental * Antes da criação do Departamento, a Fonoaudiologia era ligada à Oftalmologia

Infográfico: Ana Cláudia

MPS

Já é possível visitar a página do Centro de Memória da Medicina no portal da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG. Você pode conhecer o Museu Virtual, ver fotografias de exalunos notáveis e os professores eméritos pelo www.ufmg.br/rededemuseus/medicina.

Expediente

IMPRESSO

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Estefânia Mesquita, Fernando Maximiano, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/ medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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