Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 9 - Ano II - Belo Horizonte, abril de 2011
Cirurgia pode controlar diabetes T
ese defendida na Faculdade de Medicina comprova eficácia de operação no intestino para o controle do diabetes tipo 2. Pesquisadores sugerem emprego da técnica em larga escala no Brasil, onde 11% da população com mais de 40 anos é diabética. Página 3
CENTENÁRIO Confira a cobertura das comemorações pelos 100 anos da Medicina da UFMG
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Fotografia: Bruna Carvalho
TECNOLOGIA Novo Centro de Imagem Molecular: diagnóstico preciso e pesquisa de ponta CULTURA Festival do DAAB quer revelar artistas na Medicina
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Editorial
Publicações
100 anos de pesquisa O Saúde informa chega à sua décima edição como um presente para o leitor. É um documento para ser guardado, histórico, pois relembra os melhores momentos do auge das comemorações pelos cem anos da Faculdade de Medicina, nos dias 14 e 28 de março. A editoria de Divulgação Científica mostra a relevância das pesquisas desenvolvidas na instituição centenária para a saúde pública. Tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia comprova a eficácia de uma operação no intestino para controlar o diabetes tipo 2. A proposta é que a técnica seja adotada em larga escala no Brasil e beneficie boa parte dos 10% da população com mais de 40 anos, que tem a doença. Em abril, a Medicina da UFMG dá mais um passo importante para a realização de pesquisas de ponta, com a inauguração do Centro de Imagem Molecular. Os equipamentos de imagem instalados no local, avaliados em quase R$ 7 milhões, funcionam como uma lente de aumento para tumores minúsculos. Uma ferramenta poderosa de combate ao câncer que pode também identificar outras doenças complexas e ser usada até mesmo no desenvolvimento de novos medicamentos. Nesta edição, o Saúde Informa já prenuncia um novo século promissor para a Faculdade de Medicina. Boa leitura! 2
Saúde do português
“Patologia” não é sinônimo de doença
Medicina: história em exame Lançada durante as comemorações do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG, a publicação apresenta uma reflexão sobre a evolução do ensino médico, desde a formação dos primeiros profissionais brasileiros na Europa até hoje. A obra aborda, ainda, a passagem de ilustres ex-alunos da instituição, como Pedro Nava, Guimarães Rosa e Juscelino Kubitschek, além de momentos marcantes, como a visita de Madame Curie, ganhadora do Prêmio Nobel duas vezes. O livro tem 235 páginas e faz parte de uma coleção de memórias das unidades da UFMG, assinada pelas professoras Heloisa Starling, Lígia Beatriz Paula Germano e Rita de Cássia Marques, do Projeto República. Ed. UFMG.
Nos Sertões de Guimarães Rosa A obra de um dos maiores escritores brasileiros ganhou novas análises e percepções no livro “Nos Sertões de Guimarães Rosa”, escrito por nove autores, entre eles os professores da Medicina da UFMG Eugênio Marcos Andrade Goulart, João Amílcar Salgado e Luiz Otávio Savassi Rocha. São ensaios acessíveis sobre a obra de Guimarães Rosa, destinados a pessoas de várias áreas. Segundo o organizador, o psiquiatra Carlos Alberto Corrêa Salles, o foco da publicação é a abordagem do escritor à sua terra natal, Minas Gerais. A capa do livro, que reproduz o barro quando seca, é justamente uma referência ao território mineiro. O livro tem 188 páginas. Ed. CRV.
O médico João Gabriel Marques da Fonseca, professor do Departamento de Clínica Médica, também é docente da Escola de Música da UFMG. Numa de suas primeiras aulas do curso Introdução à música, oferecido também aos alunos da Medicina, um dos pupilos levanta-se e, bem afinado, pergunta: “professor, o senhor acha que o uso de instrumento de sopro causa o aumento das patologias articulares?”. João Gabriel quase “desafinou”. Mas, com toda sua experiência e a delicadeza peculiar, levou o aluno a um canto e discretamente ensinou: derivada do grego (pathos, doença; logos, estudo, tratado), etimologicamente, portanto, a palavra significa “estudo das doenças”. É definida como o ramo da medicina que descreve as alterações anatômicas e funcionais causadas pelas doenças no organismo. Outro significado é o estudo das alterações produzidas no organismo pelas doenças. O termo “patologia” é utilizado ainda para designar essas mesmas alterações, como patologia da hipertensão arterial, patologia da febre tifóide, patologia da doença de Chagas. Entretanto, não deve ser usado como sinônimo de doença. Em nenhum dicionário, especializado ou não em termos médicos, encontra-se averbada “patologia” como sinônimo de doença, enfermidade ou afecção. Desta forma, dizer que “o paciente tem uma patologia”, como adverte o médico e linguista Idel Becker, seria como dizer que “o paciente tem cardiologia”, em lugar de cardiopatia. Como a evolução semântica das palavras é imprevisível, pode ser que os gramáticos venham no futuro a acrescentar esse significado popularmente aceito à palavra. A boa linguagem, vernácula, correta, no entanto, e pelo menos por enquanto, não acolhe esse sinônimo. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
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Divulgação Científica
Cirurgia pode controlar 80% dos casos de diabetes tipo 2 Pesquisadores comprovam eficácia de técnica experimental e propõem que ela seja adotada em larga escala no Brasil
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A doença O paciente com diabetes tipo 2 consegue produzir insulina, mas sua ação no organismo é insuficiente. “Como os níveis de glicose no sangue não diminuem, o pâncreas é afetado pelo esforço feito para produzir mais insulina. Com o tempo ele começa a falhar”, explica Augusto Tinoco. Segundo ele, o diabetes tipo 2 poderia ser considerado uma doença principalmente do intestino, e não do pâncreas.
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Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
diabetes sempre foi considerado incurável. Uma preocupação crescente, já que a doença é cada vez mais comum. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 11% da população acima de 40 anos é diabética e 80% dessas pessoas apresentam o tipo 2. Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG pode mudar esse cenário. Entre março de 2009 e setembro de 2010, o médico Augusto Cláudio de Almeida Tinoco operou 30 pacientes no Hospital São José do Avaí, em Itaperuna (RJ), usando a técnica chamada “gastrectomia vertical com interposição ileal”. O procedimento, autorizado pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), foi realizado com o objetivo de buscar a certificação dessa técnica inovadora de tratamento cirúrgico do diabetes. O estudo integrou tese de doutorado defendida junto ao programa de Pós-Graduação em Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG. Os resultados apresentados são animadores. Todos os pacientes operados tiveram melhora na condição clínica: em 80% dos casos, os sintomas do diabetes tipo 2 foram eliminados, dispensando o uso da insulina. Não há registro de complicações pós-operatórias ou durante o período de acompanhamento, que variou de 6 a 18 meses. Os participantes da pesquisa serão acompanhados por mais cinco ou dez anos, para que se verifique a manutenção desse quadro clínico. O orientador da pesquisa, Paulo Roberto Savassi, professor do Departamento de Cirurgia, diz que ainda é cedo para se falar em cura. “Isso envolve a análise em longo prazo. Mas a técnica é extremamente promissora. Os resultados mostram o potencial que a cirurgia apresenta no controle do diabetes”, afirma. A técnica foi desenvolvida em Goiânia pelo cirurgião Áureo Ludovico de Paula, que realizou mais de 400 operações em caráter experimental. “O que fizemos foi avaliar dentro da universidade o que já tinha sido feito pelo doutor Áureo”, explica Savassi. O próximo passo é incentivar outros estudos a respeito e propor que o uso da técnica seja reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina. “Vieram doutores de vários estados, que comprovaram a eficácia da cirurgia. Não há dúvida de que ela funciona”, garante.
Título: : Gastrectomia vertical associada à interposição ileal laparoscópica no tratamento do diabetes mellitus do tipo 2. Resultados iniciais Autor: Augusto Cláudio de Almeida Tinoco Nível: Doutorado Programa: Cirurgia Orientador: Prof. Paulo Roberto Savassi Rocha Defesa: 17 de fevereiro de 2011
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Centenário
Duas noites para gu
As datas de 14 e 28 de março de 2011 marcaram o auge das celebrações pelos ce
ventos oficiais são, normalmente, cercados de formalidades e protocolos. Mas em 14 de março de 2011, data da inauguração da primeira etapa das obras externas do edifício da avenida Alfredo Balena, enquanto o orador pronunciava suas primeiras palavras, os Doutores da Alegria, artistas que levam a arte do palhaço a hospitais, brincavam e debochavam do público. Uma prova de que o Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG seria mais que uma data a ser marcada no calendário. Estavam todos ali para, de fato, comemorar. As noites de 14 e 28 de março foram o auge de uma série de celebrações iniciadas ainda em 2010 para marcar os cem anos da quarta escola de ensino médico do país, nascida em 5 de março de 1911. Convidados especiais participaram de uma programação repleta de entretenimento e reflexão sobre o futuro da Medicina. Na primeira festa, foi Ângelo Machado, ex-aluno da unidade e escritor, quem arrancou risos das mais de 500 pessoas que ocuparam o Salão Nobre da Faculdade. “Subir três degraus para mim já é esporte radical”, disse ao entrar no palco, dando o tom de descontração que permeou toda a palestra “Literatura infantil e Meio Ambiente”. Autor do livro “O menino e o rio” e da peça teatral “Como sobreviver em festas e recepções com buffet escasso”, ele criticou como a natureza é retratada em histórias infantis, cercada de mitos sobre monstros e caçadores. Machado deu exemplos de como o meio ambiente afeta diretamente a saúde e a medicina. Ensinou, por exemplo, que das cobras, veio um medicamento muito usado na cardiologia. Na mesma noite, os convidados assistiram a dois marcos históricos. A porta de madeira da fachada do antigo prédio, destruído em 1958, deixou um canto do Centro de Memória para voltar a ser vista por todos que entram na unidade. Ao mesmo tempo, atas, listas com nomes dos diretores e vice-diretores, funcionários e alunos, fotos e outros documentos foram guardados numa caixa que só será aberta em cem anos. O Lançamento do livro “Medicina: História em Exame”, de Rita de Cássia Marques, Heloísa Starling e Lígia Beatriz Paula Germano, a apresentação da banda da Polícia Militar e várias homenagens completaram a primeira grande noite do Centenário. 4
Reflexão e música “Precisamos de valores que sejam maiores que nós”, afirmou a escritora Adélia Prado, que defendeu a valorização dos sentimentos nas relações humanas e o incentivo à arte, diante das 1,2 mil pessoas que foram ao Minascentro em 28 de março. Na conferência sobre humanização da saúde, ela também criticou uma sociedade constantemente dividida. “Os idosos são vistos como figuras ‘fofinhas’, que devem divertir-se somente com outros idosos. Mas a graça está exatamente na mistura”, afirmou. A arte e a Medicina se cruzaram em outro momento da noite. O grupo Amaranto, formado por Flávia, Lúcia e Marina Ferraz, filhas de dois professores aposentados da Faculdade, encantou o público com as interpretações de The fool on the hill, dos Beatles, e Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, dentro de um repertório escolhido a dedo. “A Medicina faz parte da nossa história. Se meu pai e minha mãe não tivessem se encontrado na biblioteca, nós não estaríamos aqui”, disse Flávia, entre uma e outra canção que fazia a plateia querer permanecer no Minascentro mesmo às onze da noite de uma segunda-feira. A parte das recordações e homenagens coube a grandes autoridades do cenário nacional. “Vocês construíram uma história sólida. A Faculdade é uma referência no setor”, disse o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Também falaram Luiz Cláudio Costa, secretário da Educação Superior do Ministério da Educação; Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde; a secretária de estado da Educação e reitora da UFMG na gestão 2002 a 2006, Ana Lúcia Gazzola; e Cid Veloso, reitor da UFMG, na gestão 1986 a 1990, ex-aluno e diretor da Medicina. O atual diretor Francisco Penna agradeceu a todos que colaboraram para o mérito da instituição em nome dos fundadores Cícero Ferreira, Alfredo Balena e Aurélio Pires. Um vídeo, com uma linha do tempo desde a inauguração da Faculdade, fez a ponte do passado com o presente. O reitor da UFMG, Clélio Campolina, convidou o público para pensar no futuro: “Temos grandes desafios, mas, também, grandes oportunidades. Não podemos parar”, finalizou.
Autoridades federais, estaduais e municipais prestigiaram a Sessão Solene
Adélia Prado: “Precisamos de valores que sejam maiores que nós”
Fotos: Bruna Carvalho
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guardar na memória
s pelos cem anos de uma das mais importantes escolas de ensino médico do país
Trabalho reconhecido No dia 14 de março, funcionários e professores que estão na Faculdade há mais tempo foram homenageados pelos serviços prestados à instituição. Neusa Pereira da Cruz, servidora. Ingressou como assistente administrativa no Núcleo de Assessoramento Pedagógico em 1978, mesmo ano em que começou o curso de Letras. Trabalhou no Colegiado de Medicina e atualmente é técnica em assuntos educacionais no Centro de Graduação. Mesmo com 33 anos de profissão, ela não tem pressa de se aposentar. “A Faculdade de Medicina me abriu portas. Sempre exerci minhas atividades com dedicação e satisfação, foi aqui que construí uma carreira”, conta.
se são Solene
Doutores da Alegria: quebrando os protocolos
Trio Amaranto emocionou o público
Documentos históricos ficarão guardados pelos próximos cem anos
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Oliver José Diaz, servidor. Conheceu o antigo prédio da Faculdade na infância, quando trazia almoço para o pai, também funcionário da instituição. Oliver começou como ascensorista, em 1963. Na época, comprava e vendia livros usados para os alunos. Após 20 anos nos elevadores, passou a integrar o Departamento de Medicina Preventiva e Social, onde permanece até hoje. Na Faculdade de Medicina, conheceu a esposa, com quem tem dois filhos. “Sempre me lembrarei com carinho dos momentos que passei aqui”, diz. Luiz Carlos Mendes Faleiro, professor. Aprovado em 3º lugar no vestibular para Medicina, graduou-se em 1965. “Eu era um estudante sem muitas condições financeiras. Foi graças à Faculdade que consegui estudar e crescer profissionalmente”, conta. Fez residência em neurologia e neurocirurgia e complementou sua formação nos EUA e na Suíça. Professor da unidade desde 1971, presenciou mudanças como a reforma curricular de 1974 e a substituição dos catedráticos por chefes de departamento eleitos.
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Divulgação Científica
Violência não é coisa só de homem Análise dos relatos de moradores de Ribeirão das Neves, na grande Belo Horizonte, mostra que violência é fruto das relações desiguais de poder entre as pessoas e não do gênero
O Machão Uma das discussões levantadas na pesquisa é que a sociedade exige que os homens adotem determinadas condutas para se afirmar - como ser defensor de sua honra e de sua família - e prega a soberania do sexo masculino e a subjugação do outro. De fato, muitos homens direcionam a violência contra seus familiares, especialmente as mulheres e as crianças. Atos extremos, que gerem danos físicos graves ou mortes, são mais frequentes entre indivíduos do sexo masculino, especialmente os que adotam o estilo “machão”, muito afirmado nos grupos focais. Se tudo isso, por um lado, denota certa supremacia masculina, não foi raro identificar relações familiares onde a mulher exercia papel autoritário, quer como mãe ou esposa. Entre as mulheres, das quais é esperado comportamento mais pacífico, em geral, a violência praticada é mais psicológica e verbal. No caso de violência física, normalmente no contexto familiar, suas principais vítimas são crianças ou outras mulheres. Estatísticas A violência é uma das principais causas de morte entre homens no Brasil, sendo a primeira causa de morte na faixa etária de 1 a 49 anos. Entre 1980 e 2007, os homens morreram mais do que as mulheres em quase todas as cau6
A orientadora Elza Machado de Melo e a autora da pesquisa, Rejane Alves
BRASIL 231 moradores de Ribeirão das Neves foram ouvidos na pesquisa
A violência é a principal causa de morte entre indivíduos do sexo masculino com idade entre 1 e 49 anos
Ribeirão das Neves
Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
ma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Saúde Pública, junto ao núcleo Promoção de Saúde e Paz da Faculdade de Medicina da UFMG, buscou comprovar que o homem não é naturalmente mais violento do que a mulher, como diz o senso comum. A dissertação de mestrado “As múltiplas e complexas faces da saúde do homem – um estudo da violência em Ribeirão das Neves - MG”, foi defendida pela fisioterapeuta Rejane Aparecida Alves, orientada pela professora Elza Machado de Melo, do departamento de Medicina Preventiva e Social. A pesquisadora analisou o discurso e opiniões de 231 moradores de Ribeirão das Neves, 118 mulheres e 113 homens, divididos em 30 grupos focais, por sexo, faixa etária e região. Na cidade, a violência é a principal causa de morte entre ambos os sexos e todas as idades. Segundo Rejane Alves, os dados levantados contradizem crenças que colocam as mulheres apenas no papel de vítimas da violência. “Apesar de muitas vezes o homem ser o autor do homicídio, a mulher pode estar por trás do ato de violência, como mandante. E isso foi mais freqüente do que imaginávamos”, afirma. De acordo com a pesquisa, a dominação de um indivíduo sobre o outro é dada principalmente pela posição social que o indivíduo ocupa, seu papel no contexto, e as habilidades e atributos específicos de cada um. O chamado ‘potencial de dominação’ determina o tipo de violência cometida, o espaço em que ela ocorre, quem será a vítima, os instrumentos utilizados e o agressor.
Foto: Marcus Vinicius dos Santos
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Contagem Betim
Belo Horizonte
60% das pessoas que morreram em 2007 eram homens Enquanto uma mulher é vítima de homicídio, 12 homens são mortos
sas de morte e em praticamente todas as faixas etárias. Em 2007, por exemplo, 60% das mortes no país ocorreram entre os homens. Título: : As múltiplas e Rejane Alves faz questão complexas faces da saúde de observar que essas estatísticas do homem – um estudo da e outras análises segmentadas violência em Ribeirão das não são suficientes para se afirNeves - MG mar que o homem é mais violenAutora: Rejane Aparecida to que a mulher. “Para explicar Alves a origem e as causas deste fenôNível: Mestrado meno é necessário uma melhor Programa: Saúde Pública compreensão do ser humano e Orientadora: Elza Machado de suas relações, e, consequende Melo temente da violência. Só assim Defesa: 25 de fevereiro de será possível adotar ações efica2011 zes no seu controle”, afirma.
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Pesquisa
Medicina inaugura Centro de Imagem Molecular
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Equipamentos de tomografia altamente sensíveis, capazes de diagnosticar tumores invisíveis em exames convencionais e doenças como Alzheimer, serão usados em pesquisas de ponta
Foto: Bruna Carvalho
escobrir um câncer em estágio inicial facilita o trata- características, usando tecnologia PET/CT prioritariamento e a cura. O problema é que detectar o tumor mente para pesquisa de ponta. Hospitais, clínicas e demais pode ser como procurar uma agulha no palheiro. Contu- instituições que contam com tais equipamentos os usam do, a tecnologia já oferece recursos para lidar melhor com preferencialmente para demandas assistenciais”, compara esse desafio. Em maio, a Faculdade de Medicina inaugura Marco Aurélio. o Centro de Imagem Molecular, complexo de equipamentos que Viabilidade econômica fornecem imagens moleculaO valor de exames com res utilizando a Tomografia por tecnologia PET/CT pode variar Emissão de Pósitrons (PET/CT). entre R$2,5 mil e R$4,5 mil. Já Uma de suas potencialidades é existem determinações do Miidentificar, com alta confiabilidanistério da Saúde para que planos de, tumores com apenas 3 milíparticulares cubram esse custo metros de diâmetro. em determinadas situações. Um A PET/CT trabalha com dos objetivos do INCT-MM é a detecção de um marcador raavaliar a viabilidade econômica dioativo injetado no organismo do uso da tecnologia no SUS. O do paciente. Suas aplicações são professor Marco Aurélio acrediinúmeras, na pesquisa e no diagta no custo-benefício. “Sem dúnóstico de doenças inflamatórias, vida é um investimento alto, mas infecciosas, neurodegenerativas e que trará economia no futuro. O mentais, além de contribuir para diagnóstico precoce e o acompao desenvolvimento de novos menhamento do tratamento podem dicamentos. Os equipamentos minimizar gastos com estratégias foram adquiridos com recursos ineficazes”, argumenta. do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com órgãos Arquitetura nuclear de fomento à pesquisa, que preAs instalações do Centro tendia transformar respeitados de Imagem Molecular foram grupos de pesquisa em Institutos reformadas a partir do projeto Nacionais de Ciência e Tecnoloda arquiteta Eneida Ricardo, do gia. Núcleo de Engenharia e ArquiSob coordenação do atual tetura da Faculdade de Medicipró-reitor adjunto de pesquisa da na. O espaço receberá material UFMG, Marco Aurélio Romanoradioativo, por isso necessita de Silva, professor do Departamento refrigeração especial, blindagem “O diagnóstico precoce e o de Saúde Mental da Faculdade de e exaustão. “O fluxo e o trânsito Medicina, foi apresentada a pro- acompanhamento do tratamento de radiofármacos e pacientes que posta do Instituto Nacional de podem minimizar gastos com já tiverem recebido a injeção do Ciência e Tecnologia – Medicina marcador se darão em uma área estratégias ineficazes” Molecular (INCT-MM). O projecontrolada”, acrescenta Eneida. Professor Marco Aurélio Romano-Silva to recebeu mais de R$6 milhões Por envolver equipamentos de da Fundação de Amparo à Pesmedicina nuclear, o projeto é acompanhado pela Comisquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e R$880 mil são Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pela Agência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Tecnológico (CNPq). A elaboração da proposta envolveu CDTN também professores de Neurologia, Psiquiatria, Pediatria, Clínica Médica, Ginecologia, Computação e Biologia. OuAlém do recém-criado Centro de Imagem Molecular, o projeto tras áreas podem apresentar projetos ao comitê gestor. “A do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia inclui o Centro tecnologia é patrimônio de toda a UFMG”, diz o coordede Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Sediada nador do INCT-MM. no campus Pampulha da UFMG, a unidade dispõe de recursos para a produção do radiofármaco flúor-18, que funcioO objetivo é criar uma estrutura sem paralelo no na como marcador radioativo a ser utilizado na PET/CT. Em Brasil para investigação de anormalidades moleculares e breve, será também pioneira no Brasil na produção do carcelulares específicas associadas a doenças complexas. “Em bono-11 e está recebendo ainda uma unidade PET/CT para nenhuma outra região do país existe um centro com essas pesquisa pré-clínica em pequenos animais.
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Cultura
Acontece
Festival Cultural revela artistas na Medicina
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O 4º Encontro Institucional da Faculdade de Medicina, aberto a todos os funcionários da unidade, já tem data marcada. Será em duas segundas-feiras, 16 e 23 de maio, no Museu de História Natural da UFMG. O encontro é uma iniciativa do Setor de Recursos Humanos (SRH), em parceria com a Diretoria.
E não é só isso. “Antes da apresentação, vamos mostrar um vídeo sobre reforma psiquiátrica. Todas as apresentações têm relação com a medicina e saúde”, adiantou Clarice Coimbra. O Festival também será palco para a etapa final de um concurso de bandas, formadas por alunos da UFMG. O primeiro lugar vai receber o prêmio de R$ 2 mil. Jovens aprendem street dance Os guardas jovens da Cruz Vermelha que trabalham no campus Saúde da UFMG também vão se apresentar no festival. Eles ensaiam uma coreografia de street dance em três aulas semanais, dentro do horário de trabalho, sob o olhar atento de um professor de dança. A adesão foi voluntária e as aulas, gratuitas.
Oncomatologia
Foto: Bruna Carvalho
ara sorte da literatura, dois estudantes da Medicina da UFMG dos anos 30 descobriram que, além da vocação para médicos, tinham talento para escrever. Poucos anos e muitos livros depois, Guimarães Rosa e Pedro Nava tornaram-se mundialmente conhecidos. A exemplo deles, alunos atuais da Faculdade de Medicina querem mostrar que é possível ser um estudante e profissional da saúde, e, ao mesmo tempo, mostrar seus dons artísticos. Uma prova disso poderá ser vista no dia 14 de maio de 2011, com o Festival Cultural promovido pelo Diretório Acadêmico Alfredo Balena em comemoração aos cem anos da Faculdade. A expectativa é reunir 10 mil pessoas em lugar a ser definido, para assistir a apresentações teatrais e musicais, de dança, além de exposições e divulgação de vídeos. Já conhecida por promover festas e a tradicional recepção dos calouros, a entidade representante do corpo discente também quer colocar em prática a antiga ideia de consolidar uma tradição cultural e artística na Medicina. “Queremos resgatar essa preocupação de fornecer e incentivar atividades culturais na Faculdade. Acreditamos que esse é um aspecto positivo na formação de qualquer profissional”, afirma Clarice Coimbra, coordenadora de finanças e comunicação e ensino médico do DAAB. O Diretório Acadêmico promoveu uma série de atividades visando à realização do Festival Cultural. Às quintas-feiras, por exemplo, os estudantes foram convidados a riscar o chão da Medicina com passos de bolero. Sob comando da professora Eva Paula, eles ensaiaram a coreografia de “Balada dos Loucos” (Arnaldo Batista/ Rita Lee), que será apresentada no evento.
Encontro Institucional
O I Simpósio de Oncologia e Hematologia da UFMG será realizado entre os dias 31 de maio e 2 de junho, na Faculdade de Medicina. Em debate, temas como câncer na pediatria, doenças neoplásicas hematológicas e os tipos de câncer mais comuns na população. Informações: laoh2011@hotmail.com
Jubileu de Prata
Festival Cultural DAAB 14 de maio de 2011 Ingressos: Serão 3 mil cortesias destinadas a alunos, professores e funcionários da Faculdade de Medicina da UFMG. O restante estará à venda. O preço ainda não foi divulgado pelo DAAB.
A 80ª turma da Medicina, de 1986, comemora os 25 anos de formatura no dia 1º de julho. Uma das formandas é a professora Anelise Impelizieri, que está na organização da festa e convoca os colegas a participarem. Informações: anelise@medicina.ufmg.br.
Expediente
IMPRESSO
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Amanda Jurno, Fernanda Campos, Fernando Maximiano, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Janaina Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter. com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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