Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 12 - Ano II - Belo Horizonte, julho de 2011
BH será o centro das discussões sobre Saúde Q
ualidade de vida, saúde urbana, humanização da Medicina. A sociedade é instigada a pensar em estratégias de promoção da saúde, no lugar de um modelo meramente assistencialista. Auge das discussões será em novembro, quando BH sedia o 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, a 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana e o 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica. Eventos marcam o Centenário da Faculdade.
1 - 5 de novembro de 2011
Páginas 4 e 5
2 - 5 de novembro de 2011
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TECNOLOGIA Nescon cria plataforma com dados dos profissionais de saúde
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FÉRIAS Não deixe o descanso virar cansaço depois delas
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12 - 15 de novembro de 2011
Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
PESQUISA Nascimento prematuro não implica em atraso cognitivo
Editorial
Publicações
“A nível de”...
Promovendo a saúde Com o início do segundo semestre de 2011, a Faculdade de Medicina intensifica os preparativos para os eventos científicos que marcam o seu Centenário: o 2º Congresso Nacional de Saúde, a 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana e o 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica. Nesta edição, você vai saber mais sobre esses encontros de alcance nacional e internacional, que denotam a relevância de uma instituição centenária na promoção de debates atuais sobre os desafios que se impõem à Saúde. Na seção de Divulgação Científica, uma pesquisa da área de Fonoaudiologia mostra que, ao contrário do que muita gente pensa, bebês prematuros não estão condenados ao atraso no desenvolvimento. Já editoria de Tecnologia apresenta uma plataforma desenvolvida pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), que vai reunir informações sobre profissionais da área de saúde de todo o Brasil. Confira também as dicas de especialistas para descansar, de verdade, nas férias e, ainda, depoimentos dos funcionários que se exercitam no Laboratório do Movimento. Boa leitura! 2
Saúde do português
Cresço na adversidade com irreverência O professor Aroldo Fernando Camargos lança sua autobiografia e relembra como venceu as adversidades que encontrou ao longo da vida. Nas 230 páginas, o autor fala sobre a carreira de titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina, o início do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da UFMG, a experiência de adoecer, entre outros assuntos. O prefácio é do médico José Maurício Carvalho Lemos e a introdução do ex-ministro de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Ed. Coopmed.
Noções Práticas de Obstetrícia Escrito pelo professor emérito da UFMG, Mário Dias Corrêa, e pelos atuais professores do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina Victor Hugo de Melo, Regina Amélia Lopes Pessoa Aguiar e Mário Dias Corrêa Júnior. O livro chega à 14ª edição com um novo projeto gráfico, texto revisado e adaptado ao novo acordo ortográfico. A proposta da obra é auxiliar o profissional de obstetrícia na tomada de decisões diárias, estimulando a boa prática clínica. Ed. Coopmed.
A conferência “A folistatina como responsável pela qualidade do oócito em ciclos de fertilização assistida”, realizada durante o 37º Congresso Brasileiro de Reprodução Humana, estava sendo aguardada com ansiedade pelo plenário lotado naquela tarde. O professor convidado iniciou a aula um pouco trêmulo, o marcador não parava de movimentar em suas mãos. Vez ou outra, alguém na plateia desviava o olhar para não ser incomodado pelo facho em seus olhos. Lá pelas tantas: “os hormônios produzidos pela hipófise... mas a nível de ovário...” (sic). Fiquei congelado. Percebi que estava ficando ruborizado. Com movimentos lentos, olhei para os lados e não percebi qualquer estranheza. Todos estavam atentos à palestra do mestre. Daí para frente não prestei mais atenção, pensando como um “catedrático” poderia cometer tal deslize. Dizia-se outrora nivel (oxítono); atualmente usa-se nível, resultado da analogia com vocábulos como sofrível, terrível. São vários os sentidos, como nos ensina o “Aurélio”: instrumento destinado a determinar a horizontalidade de um plano; elevação relativa de uma linha ou plano; altura relativa numa escala de valores; padrão, qualidade etc. Segundo José Maria da Costa, ao que tudo indica, trata-se de expressão que, por modismo, foi equivocada e indevidamente introduzida entre nós por tradutores do inglês. Paschoal Cegalla a reputa “locução em voga, porém inútil”. Josué Machado, por sua vez, é veemente ao observar que “a nível de em português quer dizer lhufas”. Arnaldo Niskier afirma que “sempre será possível, com um pouco de esforço, substituir, ou até eliminar, simplesmente, o modismo a nível de. Sempre substitua por na área, no âmbito, na esfera, entre”. A saúde do Português vai melhorar. Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
Contribua para a ‘Saúde do Português’. Envie sua sugestão ou opinião para wamorim@medicina.ufmg.br.
Divulgação Científica
Prematuro não é atrasado Estudo comprova que crianças nascidas antes do tempo têm desenvolvimento normal da linguagem
Ilustração: Ana Cláudia
Victor Rodrigues
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Os testes Foram avaliadas 80 crianças. Metade delas prematuras, acompanhadas no Acriar, Ambulatório da Criança de Risco do Hospital das Clínicas da UFMG. A outra metade foi selecionada nas mesmas escolas - públicas e privadas, onde os prematuros estudavam. A avaliação foi feita a partir da aplicação de testes que exigiam das crianças a compreensão correta de como as fra-
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ses deveriam ser construídas. Entre as habilidades testadas estavam: julgamento gramatical (dizer se as frases estavam corretas ou não); correção gramatical (consertar frases inteiras ou apenas suas estruturas gramaticais, sem modificar seu sentido) e categorização de palavras (separação entre substantivos, adjetivos e verbos). As notas dos testes derrubam a ideia de que os prematuros continuam a ter problemas mesmo após uma idade mais avançada. Os resultados mostram que as crianças prematuras tiveram desempenho semelhante às não-prematuras: em dois dos quatro testes a pontuação média das prematuras foi superior, e nos outros dois a diferença não foi significativa. Título: Perfil de consciênEssas informações são imcia sintática de crianças portantes para o tratamento de nascidas prematuras e transtornos no desenvolvimento crianças nascidas a termo: infantil. Os dados obtidos com um estudo comparativo as crianças mais velhas permitem aos sete anos de idade comparar a evolução até essa idaAutora: Carolina de Freitas de e perceber que, aos sete anos, Carmo elas já têm a mesma habilidade Nível: Mestrado sintática. “Para que a aquisição Programa: Saúde da da leitura e da escrita possa se deCriança senvolver adequadamente, todo o Orientadora: Profª Erika sistema de linguagem precisa estar Maria Parlato de Oliveira em bom funcionamento”, obserDefesa: 28/02/ 2011 va a autora.
Prova oral de consciência sintática As crianças foram avaliadas na capacidade de identificar incorreções gramaticais, semânticas, de ordem, entre outras, em frases como:
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“É profe legal”
Ilustração: Ana Lúcia Chagas
rianças nascidas prematuramente, antes de 37 semanas de gestação, carregam o estigma de terem desenvolvimento mais lento. Mas uma dissertação apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG mostra o contrário. “Aos sete anos de idade, prematuros e não-prematuros têm o mesmo nível de desenvolvimento linguístico”, afirma a fonoaudióloga Carolina Freitas Carmo, autora do estudo orientado pela professora Erika Parlato de Oliveira, do curso de Fonoaudiologia. “Nessa idade, qualquer problema no desenvolvimento de uma criança não será devido ao fato de ser prematura”, destaca a orientadora, lembrando que os cuidados com essas crianças devem ser diferenciados apenas nos dois primeiros anos de vida. O estudo parte do princípio de que, por meio da linguagem, a criança tem melhor relação com outras pessoas e que essa habilidade aumenta suas chances de sucesso no período de escolarização. Daí analisar a relação entre alfabetização e consciência sintática - a habilidade de controlar intencionalmente a relação lógica que leva ao uso da língua falada. “A habilidade sintática é essencial para o desenvolvimento da fala, leitura e escrita, cujos padrões evoluem de acordo com os períodos vividos pela criança até a aquisição do sistema gramatical formal”, explica Carolina Carmo. Segundo ela, não houve diferença estatística nos testes comparativos entre prematuros e os nascidos no tempo completo de gestação. “No nosso estudo também houve desempenho superior dos alunos de escolas particulares, mas como a nossa amostra é pequena, não é possível generalizar a afirmação para outros casos”, destaca.
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Centenário
O desafio de uma educação transdisciplinar Integração e humanização da Medicina em debate no Congresso Brasileiro de Educação Médica Léo Rodrigues
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a tradicional divisão das áreas acadêmicas de conhecimento, a Medicina está inserida nas Ciências da Saúde. Contudo, é curioso observar que o principal objeto do estudo médico é o ser humano, também analisado pela Psicologia, pela Sociologia, pela Filosofia, pelas Ciências Políticas. Porque então a fronteira entre a Medicina e as Ciências Humanas se apresenta de forma tão abrupta em diversas situações? Esta e outras questões estarão em pauta no 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem), que será realizado no campus Pampulha da UFMG, entre os dias 12 e 15 de novembro. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), foi incluído nas comemorações do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG. Embora a data pareça distante, a instituição quer aproveitar a oportunidade e estimular docentes e discentes a se debruçarem sobre reflexões que os inquietam. Por isso, o Cobem adotou um caráter inclusivo e sua organização está aberta aos professores e estudantes interessados. Dessa mobilização e das inquietações levantadas surgiu o tema “Educação Médica: O desafio de integrar, humanizar e avaliar”. O professor Geraldo Brasileiro, membro da comissão organizadora, ressalta que o aspecto ético e humano da formação médica está em evidência nos debates acadêmicos. “A gente percebe que os cursos se debruçam sobre um vasto conteúdo biológico, que sem dúvida é o conhecimento mais primordial para o trabalho médico. Mas é essencial incorporar os saberes universais das Ciências Humanas, a Sociologia, a Filosofia, os estudos da cultura, entre outros. Não basta uma disciplina isolada que aborde
Ensino O foco central do Cobem é a graduação, embora o congresso aborde outros níveis de ensino. Será feito um balanço dos 10 anos das diretrizes curriculares. “Consolidamos uma compreensão na qual a Medicina não pode trabalhar exclusivamente com o doente. A dimensão da promoção da saúde demonstra que o indivíduo sadio também precisa receber atenção através do estímulo de estilos de vida e ações mais saudáveis. Precisamos discutir como os currículos vão abarcar essa reflexão”, ressalta Geraldo Brasileiro. Para o professor, a Abem é um ponto de referência e cumpre um papel importante ao promover o intercâmbio das experiências realizadas pelas faculdades. “O Cobem sempre reúne as lideranças do ensino médico. O maior ganho é a troca de experiências e reflexões que poderão ser levadas para outras instituições. Além disso, a presença dos ministérios da Saúde e da Educação, de secretarias estaduais e municipais e de gestores do SUS faz com que, eventualmente, algumas discussões influenciem decisões do poder estatal”, complementa Geraldo Brasileiro.
Foto: Bruna Carvalho
Atividades A expectativa é que cerca de 3 mil estudantes, professores e profissionais da saúde participem do 49º Cobem. A programação inclui conferências, painéis, colóquios, oficinas e debates. Também haverá atividades sócio-culturais como concursos de fotos e vídeos, discussões literárias e sessão de cinema comentado. Eixos de discussão do Cobem: • Valores profissionais, atitudes, comportamentos e ética
“A dimensão da promoção da saúde demonstra que o indivíduo sadio também precisa receber atenção através do estímulo de estilos de vida e ações mais saudáveis”. 4
esses conhecimentos. É preciso que eles estejam diluídos no curso”, argumenta. A diretoria da Abem abraçou a proposta. Jadete Barbosa Lampert, presidente da entidade, considera ser preciso combater o processo de esfriamento do contato humano. “O avanço tecnológico foi um dos responsáveis pelo distanciamento entre o médico e o paciente. Precisamos falar sobre acolhimento, de percepção humana, de ver e ouvir o outro. Isso é humanizar”, enfatiza.
Geraldo Brasileiro Filho
• Formação e desenvolvimento docente • Metodologias de ensino-aprendizagem • Processos avaliativos institucionais. Submissão de trabalhos: Até 11/07 Informações: www.cobem2011.com.br
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Saúde além dos limites do SUS 2º Congresso Nacional de Saúde terá discussões sobre o papel dos planos privados e das universidades na promoção da qualidade de vida da população Lucianna Furtado
ais de 45 milhões de brasileiros são usuários dos serviços de saúde complementar. Diante da grande abrangência dos planos de saúde no Brasil, o papel e os desafios dessas empresas estarão em discussão no 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, que será realizado entre os dias 3 e 5 de novembro, no Minascentro. A integração com o Sistema Único de Saúde (SUS) será um dos assuntos colocados em pauta no Eixo 3: Políticas de Promoção de Saúde das Empresas de Saúde Complementar. “Os serviços de saúde suplementar não devem ser vistos como uma contestação do SUS, mas como uma alternativa para contornar as limitações desse sistema, que está sobrecarregado e enfrenta dificuldades”, afirma o coordenador do eixo, Cid Veloso, responsável pela área de Prevenção e Saúde da Caixa de Assistência à Saúde da Universidade (Casu), que atende aos funcionários da UFMG, sem fins lucrativos. Já o envolvimento das universidades para tornar as ações educacionais de saúde mais completas e eficazes será abordado no Eixo 4: Políticas Kátia Borges coordena eixo sobre saúde nas universidades
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de Promoção à Saúde das Universidades, coordenado pela professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, Kátia Euclydes de Lima e Borges. Segundo ela, a temática envolve diferentes esferas sociais e áreas do conhecimento. “É preciso debater a lógica da responsabilidade individual e governamental nesse contexto, avaliando a promoção da saúde numa perspectiva de identidade cultural”, afirma. “A abordagem interdisciplinar é essencial para as práticas de saúde atualmente. É impossível pensar em promoção da saúde sem essa interação”, completa. Alguns conferencistas dos Eixo 4 já estão definidos. O geneticista Sérgio Pena, titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e chefe do Laboratório de Genômica da Faculdade de Medicina, falará sobre os aspectos do genoma humano e suas relações com a saúde. Outro convidado é o professor Carlos Roberto Drawin, do Departamento de Filosofia da UFMG, que fará uma palestra sobre vida e morte na contemporaneidade.
2 a 5 de novembro de 2011 Inscreva-se: medicina.ufmg.br/congressosaude
Foto: Bruna Carvalho
Foto: Adriana Januário
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Cid Veloso coordena eixo sobre empresas de saúde complementar.
Conferência premiará melhores trabalhos
10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana (ICUH 2011), que será realizada pela primeira vez na América Latina, paralelamente ao 2º Congresso Nacional de Saúde, já recebeu inscrições de trabalhos de vários países além do Brasil, como Estados Unidos, Paquistão, Nepal, Gana, Etiópia e Canadá. A organização da conferência selecionará os dez melhores e vai indicá-los para submissão de artigos expandidos na publicação internacional Journal of Urban Health. A ICUH 2011 terá como tema “Ações da saúde urbana direcionadas à equidade”, que será discutido dentro do eixo “Políticas Urbanas de Promoção da Saúde” do Congresso. Questões atuais como mudanças climáticas, poluição do ar, violência e segurança estarão em debate. Entre os conferencistas confirmados estão David Vlahov, da Academia de Medicina de Nova Iorque e da So-
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ciedade Internacional de Saúde Urbana; Ana Diez-Roux, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan; Jason Corburn, da Universidade da Califórnia e Jacob Kumaresan, da Organização Mundial de Saúde. Os participantes da conferência irão assistir a palestras, workshops, exposição de pôsteres, plenárias, entre outras atividades. Além disto, os conferencistas irão visitar algumas áreas de intervenção urbana que geram impacto na saúde pública do município de Belo Horizonte.
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Tecnologia
Nescon desenvolve plataforma de RH em saúde Ferramenta reúne dados sobre trajetória profissional e educacional dos profissionais da saúde Cecília Emiliana
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Cruzamento de dados Segundo o professor Márcio Bunte, coordenador do LCC, a estrutura funcionará integrada a outras fontes de dados já existentes, como o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), sistemas do Conselho Nacional de Residência Médica, de universidades, entre outros. As informações poderão ser obtidas de duas maneiras. “A primeira é o próprio profissional contar o que ele fez”, diz Bunte. “A outra maneira, a que faz a diferença, é a informação ser fornecida pela própria instituição, que também tem acesso ao sistema e pode alimentar diretamente o histórico do trabalhador”, acrescenta. Com isso, o profissional terá à sua disposição um histórico confiável para quem o emprega e útil para ele próprio, pois terá validade oficial. O portal pode também cruzar todas as informações armazenadas. De acordo com o membro da equipe de desenvolvimento da Arouca, Francisco Cardoso, isso faz da plataforma uma ferramenta para a elaboração de políticas que envolvam a força de trabalho em saúde, capaz de oferecer análises inéditas. “Uma delas é para onde vão os egressos das graduações na área de saúde da UFMG. Eu diria que hoje é impossível saber isso”, diz. “Com a adesão da Universidade à Plataforma, os dados do sistema acadêmico poderão ser cruzados com os do Conselho Regional de Medicina e os do CNES, por exemplo. Será possível saber quantos alunos formaram-se médicos de família, quantos de fato atuam em unidades básicas de saúde, quanto tempo permanecem na rede pública, entre outras informações de grande valor para o planejamento de recursos humanos no SUS”, avalia Cardoso. Segundo a coordenação, o lançamento oficial do projeto depende apenas de ajustes para garantir o sigilo dos usuários, o que está previsto para ocorrer até outubro deste ano.
Ilustração: Adriana Januário
aúde é direito de todos e dever do estado”. A frase é do médico e político Antônio Sérgio da Silva Arouca (1941-2003), um dos maiores pensadores da saúde coletiva no Brasil. Em homenagem a ele, um projeto desenvolvido no Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFMG (Nescon), foi batizado de Plataforma Arouca, que promete ser uma valiosa ferramenta no planejamento de recursos humanos no Sistema Único de Saúde (SUS). De fácil uso, a plataforma Arouca é um portal aberto a profissionais de saúde, gestores municipais e estaduais do SUS, diretores de instituições de ensino e de estabelecimentos de saúde. Uma vez conectados, os usuários poderão visualizar a oferta de cursos de formação ministrados em todo o Brasil, e até demandar determinada capacitação em sua localidade. A iniciativa recebeu R$ 10,3 milhões do Ministério da Saúde e conta com a cooperação técnica do Laboratório de Ciência da Computação da UFMG (LCC). A ideia é concentrar informações sobre a força de trabalho em saúde do país de forma organizada e integrada, o que permitirá melhor monitoramento e projeção das ações de qualificação profissional desenvolvidas no país. Para o coordenador geral do projeto, Vinícius Araújo, a plataforma permitirá ainda que estados e municípios direcionem melhor seus investimentos na área. “Sabe-se, por exemplo, que a maior necessidade de qualificação para a Estratégia de Saúde da Família está na região Nordeste, mas os cursos estão concentrados no Sudeste. A partir dessa informação, detectável pela Plataforma Arouca, os gestores poderão repensar como estão conduzindo suas ações de educação permanente”, explica. Outra função disponível é um histórico profissional e educacional da mão-de-obra em saúde nacional, semelhante à Plataforma Lattes, em que o trabalhador poderá registrar suas experiências de trabalho e educacionais.
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Qualidade de vida
Enfim, férias... Confira algumas orientações de especialistas para não voltar das férias com a sensação de que o cansaço superou o descanso Fernanda Campos
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omo já dizia Carlos Drummond de Andrade, “a vida necessita de pausas”. Submetidos à correria e ansiedade de rotinas de trabalho estressantes, com horários e prazos a serem cumpridos, muitos profissionais contam os dias para a chegada das férias. Afinal, é a chance de se desligar das atividades corriqueiras e descansar corpo e mente. Há quem prefira viajar e mudar completamente a rotina e quem goste mais de ficar em casa, ir ao cinema ou sair com os amigos. O importante é fazer o que se gosta durante o tempo livre. “Encontrar prazer e diversão em novas atividades, e dedicar mais tempo à vida afetiva e familiar, que são muito importantes para o bem-estar do indivíduo”, recomenda o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Arthur Kummer. A mudança da rotina é bem-vinda, mas os cuidados com a saúde devem ser mantidos. Para Arthur Kummer, a alteração total de horários é prejudicial. “Mesmo nas férias é preciso dormir bem, se alimentar de forma adequada e não abusar de bebidas alcoólica”, alerta. Pessoas que fazem uso de medicação contínua e vão viajar não precisam ter uma farmácia na bagagem, mas devem levar o remédio em quantidade suficiente para os dias fora de casa. “No Brasil, psicotrópicos e antibióticos só são vendidos com receita, o que pode provocar sérias dificuldades caso o indivíduo precise comprá-los em uma cidade desconhecida”, lembra o professor do Departamento de Clínica Médica, Luis Otávio Savassi Rocha.
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Fazer novas atividades Praticar exercícios físicos Alimentar-se bem Dormir de formar regular Planejar as viagens Aproveitar a convivência familiar, amorosa e com os amigos Evitar pensar nos estudos ou trabalho Fazer o que gosta Não consumir drogas e evitar consumo excessivo de bebidas alcoólicas
Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
Planejamento até nas férias O professor Savassi afirma que até as férias precisam ser bem pensadas. Para ele, é necessário levar em consideração se viajar realmente vale a pena. “Muitas vezes pode cansar mais que revigorar. É preciso analisar se haverá algum benefício de fato, como crescimento espiritual ou intelectual.” Na hora da escolha do destino, vale o bom senso. “Pessoas que sofrem de enfisema pulmonar, por exemplo, devem evitar grandes altitudes”, diz. O período de descanso pode ser também o momento de planejar mudanças de hábitos. No caso dos sedentários, pode ser a oportunidade de iniciar a prática de exercícios. O educador físico Gustavo Sena, do Laboratório de Movimento do campus Saúde, afirma que, se a pessoa não consegue se programar para fazer atividades físicas nos outros meses do ano, exercitar-se durante as férias já ajuda. “Mas é importante levar essa prática para o dia a dia, mesmo volta às aulas ou ao trabalho”, aconselha. E para não chegar ao final dos dias de folga com a sensação de que o descanso não foi suficiente, o professor Arthur Kummer dá a dica: “próximo ao fim das férias, cerca de dez dias antes, é desejável regularizar progressivamente os horários, de acordo com a rotina de estudos ou trabalho. Isso evita o cansaço no retorno das atividades”.
DICAS PARA FÉRIAS SAUDÁVEIS
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Pessoas
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Funcionários se movimentam
Medicina
Fernando Maximiano
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ais do que um local para fazer exercícios físicos, o Laboratório do Movimento se transformou num espaço de convivência entre os funcionários do campus Saúde, graças ao projeto Saúde do Trabalhador, implantado em 1999, que hoje atende a mais de 100 pessoas por ano. São funcionários da Medicina, do HC, da Enfermagem e, desde junho, do Hospital Risoleta Tolentino Neves.
O laboratório é um local de promoção da saúde, que possibilita também a integração entre as pessoas, como reconhece o coordenador técnico do laboratório, Gustavo Sena. “Pesquisas comprovam que o lado social é importante para a permanência e assiduidade entre os alunos na academia. O desânimo só pode ser vencido pela vontade de rever os colegas da academia”, afirma.
“Com pouco mais de um mês, percebi que o nível de estresse diminuiu. Pelos resultados dos exercícios, tive um ganho na autoestima, que eu estava precisando. Mas o que eu mais gostei foi de ter conhecido outras pessoas que no dia a dia não iria encontrar”. Adriana de Lourdes, Seção de Infraestrutura Operacional “Além do bom ambiente e da prontidão dos estagiários de Educação Física, a flexibilidade de horários ajudou, porque eu estudo à noite e trabalho durante o dia. Só me restou o horário do almoço para fazer exercícios”. Wilton Evangelista, Centro de Pós-Graduação
“Participo do projeto há mais de três anos. Temos aqui na academia a campanha ‘traga sua garrafa’, para os alunos terem o hábito de beber água na medida certa e para economizar nos copos plásticos”. Rosemary das Graças, Seção de Contabilidade
Fotos: Bruna Carvalho
O Laboratório do Movimento entra em recesso no dia 15 de julho e retorna às atividades no dia 8 de agosto. As vagas são limitadas. Rever os colegas na academia ajuda na assiduidade, afirma Gustavo Sena
CALOUROS
Informações: 3409-9929 srh@medicina.ufmg.br
A recepção aos calouros da 142ª turma de Medicina será entre os dias 9 e 12 de agosto. Na abertura, terçafeira, às 9h, no Salão Nobre, haverá apresentação dos principais setores da Faculdade. A programação do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) prossegue até sexta-feira.
Fonoaudiologia A recepção dos novos alunos da Fono será na terça, 9 de agosto, a partir das 13h30, na sala 34. Depois das boas-vindas e de conhecer aspectos gerais do curso, o DA Fono conduzirá os calouros para uma visita aos prédios da Faculdade e do Hospital das Clínicas.
Tecnologia em Radiologia A recepção dos novos alunos da graduação em Tecnologia em Radiologia também será no dia 9, a partir das 19h. Depois da apresentação dos setores da Faculdade, haverá uma palestra sobre as atividades de pós-graduação da Engenharia Nuclear.
Expediente
IMPRESSO
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Cecília Emiliana (Nescon), Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Fernanda Campos, Fernando Maximiano, Lucianna Furtado, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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