Saúde Informa Nº 15

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 15 - Ano II - Belo Horizonte, outubro de 2011

A sociedade e a promoção da saúde E

m novembro, o 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG e a 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana abordam temas que interessam não só aos profissionais da área, mas que fazem parte do cotidiano de toda a população. Página 3

ALERTA Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos

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PESQUISA Uma avaliação da satisfação dos médicos com o SUS

INFÂNCIA Como identificar problemas de fala e audição nas crianças

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Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

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Editorial

Desafio de todos É hora de reforçar o convite para que toda a sociedade participe do 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG e da 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana, que movimentam Belo Horizonte em novembro. Os eventos, simultâneos, abordam temas do cotidiano de todos nós: como ter qualidade de vida em meio a um ambiente urbano marcado pelo trânsito caótico, estresse, pela violência e por tantas outras mazelas que afetam as cidades? O desafio envolve não só a área da Saúde, mas pede o engajamento de vários setores, nas esferas sociais e governamentais. Esta edição traz um panorama geral dessas discussões, que serão aprofundadas no Congresso e na Conferência. Na seção de Divulgação Científica, as pesquisas apresentadas foram escolhidas para marcar o Dia do Médico e o Dia da Criança, comemorados em outubro. Uma delas revela o nível de satisfação dos médicos que trabalham no SUS. A outra aborda o papel dos pais e da escola na identificação de distúrbios de comunicação na infância. Doação de corpos, a bandeira criada no ano do Centenário da Faculdade de Medicina e o acolhimento de estudantes estrangeiros são outros destaques deste jornal. Boa leitura!

Publicações O bebê e seus intérpretes: clínica e pesquisa Organizado pelos professores franceses Marie Christine Laznik e David Cohen, o livro reúne capítulos de autores do Brasil e do mundo. As professoras do Departamento de Fonoaudiologia, Sirley Alves da Silva Carvalho e Érika Maria Parlato Oliveira, escreveram, respectivamente, os capítulos “Desenvolvimento da linguagem e da audição em crianças usuárias de aparelho de amplificação sonora individual: estudo de caso” e “A clinica de linguagem de bebê: um trabalho transdisciplinar”. Instituto Langage. Neurologia Cognitiva e do Comportamento O livro aborda as alterações do funcionamento mental, distúrbios da memória e da linguagem, mudanças de comportamento, disfunções e lesões cerebrais, dentre outros assuntos. Editado pelos neurologistas Antônio Lúcio Teixeira e Paulo Caramelli, professores do Departamento da Clínica Médica da Faculdade de Medicina, o livro tem como público alvo pós-graduandos, residentes e profissionais. Ed. Revinter.

Aviso Excepcionalmente, o número 16 do Saúde Informa circulará na segunda quinzena de novembro, para trazer a cobertura do 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, dentre outros assuntos.

Opinião Sua participação é muito importante para o Saúde Informa. Envie críticas e sugestões para jornalismo@medicina.ufmg.br

Saúde do português

Alguns pecadinhos Há dias atendi uma senhora portadora de doença grave que está sob o meu controle clínico ambulatorial. Após avaliação, pedi alguns exames complementares de imagem e sangue. Por coincidência, os colegas que realizaram os exames me ligaram devido a alterações encontradas. O patologista clínico: “quando colhi o hemograma de sua paciente...” - interrompi e questionei que aquilo não era possível! Silêncio no outro lado da ligação. “Alô, alô”. Após um profundo suspiro ele continuou. “Logo, logo, te envio o resultado”. Tentei argumentar, mas já era tarde. A ligação “caiu”. Dias depois encontrei com o colega na porta da Faculdade. Após algumas lembranças sobre nossa antiga amizade, afirmei que a coleta do hemograma não era possível, pois trata-se de um laudo que contêm a avaliação dos elementos do sangue e o colhido fora o sangue. Sorrisos amarelos. Em seguida, recebo a ligação do ultrassonografista, dizendo-se preocupado porque tinha encontrado, nessa mesma paciente, imagem que acreditava ser uma “metástase envolvendo o fígado”. Preocupado com a reação do amigo patologista, fiquei na dúvida. Tentando ser brincalhão, comentei: não será o fígado que envolve a possível metástase? Para minha surpresa, gargalhadas do outro lado da linha. Agradeceu com uma voz “alegre” e desligou. Alívio. Vamos continuar a batalha! Washington Cançado de Amorim Professor do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor. Contribua para a ‘Saúde do Português’. Envie sua sugestão ou opinião para wamorim@medicina.ufmg.br.

Expediente Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Fernanda Campos, Fernando Maximiano, Lucianna Furtado, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 3.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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Centenário

Promoção da saúde para todos 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG promove discussões que interessam a toda sociedade, como a saúde no ambiente urbano Alessandra Ribeiro

Foto: Bruna Carvalho

Em novembro, Belo Horizonte será o centro das mídia, esferas governamentais e sociedade, voltadas para discussões sobre saúde no Brasil e no mundo. Temas polêfortalecer e disseminar o conceito de promoção de saúde micos, como descriminalização do aborto e uso da macoe, assim, contribuir para a melhoria da saúde individual e nha para fins medicinais, terão espaço para debates no 2º coletiva. Para Maria Isabel Correia, o tema do Congresso, Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina “Políticas de Promoção da Saúde”, é absolutamente inoda UFMG, de 2 a 5 de novembro, no Minascentro. Ouvador. “Os próprios convênios estão implantando clínicas tras questões atuais, como mobilidade, mudanças climátide promoção da saúde, para, em vez de tratar, evitar a cas, poluição, violência e uso de drogas também estão na doença e os gastos com tratamento, hospitais e drogas”, pauta, dentro da 10ª Conferência Internacional de Saúde exemplifica. Urbana (ICUH 2011), A coordenadoque ocorre simultaneara do eixo “Políticas mente, como parte das Urbanas de Promoção comemorações do Cende Saúde” e da ICUH tenário da Faculdade de 2011, professora WaMedicina da UFMG. leska Caiaffa, afirma Inédita na América que as características Latina, a ICUH 2011 próprias do ambiente recebeu mais de 800 urbano também são um trabalhos, originários enfoque novo na área de 50 países. Para o da Saúde. Ela destaca Congresso, pelo menos a desigualdade como cem conferencistas têm uma das principais dispresença confirmada. O cussões trazidas pela ministro da Saúde, AleConferência. “O pobre xandre Padilha, é espeadoece mais, tem doenrado para a solenidade “O evento contempla a interdisciplinaridade, ças mais graves e menor de abertura. assistência. E os problenão só os profissionais com formação na Em 2008, quanmas da cidade revertem do o 1º Congresso área da Saúde, mas pessoas que lidam com em danos maiores para Nacional de Saúde foi as pessoas que são alia saúde direta e indiretamente” realizado na própria jadas da sociedade no Faculdade de Medicina, a expectativa era de 800 inscrisentido do direito à saúde”, explica. A pobreza nas áreas tos, mas o número total de participantes chegou a 1,3 mil, urbanas será apresentada em diferentes contextos, a partir como lembra o diretor da unidade, Francisco Penna. “É das experiências do Brasil, da China e na Europa. As direum Congresso cujo interesse, diante das temáticas colocatrizes da agenda global de determinantes sociais em Saúde das, é muito abrangente, não se resume à Medicina”, diz. também serão discutidas, com a participação de represenPor isso, ele espera o envolvimento de toda a Universidade tantes da Organização Mundial da Saúde. e também da comunidade externa. A proposta do Congresso é justamente reunir estudantes, profissionais e gestores de diversos setores, uma vez que as discussões contemplam assuntos que interessam à sociedade como um todo. “O evento contempla a interdisciplinaridade, não só os profissionais com formação na área da Saúde, mas também pessoas que lidam com Inscrições a saúde direta e indiretamente. Quando se pensa na saúde As inscrições para o 2º Congresso Nacional de Saúde da urbana, isso envolve, por exemplo, arquitetos e engenheiFaculdade de Medicina da UFMG podem ser feitas pelo www. ros”, explica a coordenadora executiva do Congresso, promedicina.ufmg.br/congressosaude. fessora Maria Isabel Correia. Inovação São sete eixos de discussões, nos quais serão avaliadas ações desenvolvidas por empresas, universidades, pela

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O Congresso tem como patrocinadores platinum Ministério da Saúde, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Prefeitura de Belo Horizonte, Sicoob Credicom e Amil; como patrocinadora diamante, a Unimed. O evento também conta como apoiadores: Banco BMG, União Brasileira de Qualidade, Associação Médica de Minas Gerais, Editora Guanabara, Cemil, Fundep, Sinmed, Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, Capes, Fapemig e Academia de Medicina de Nova Iorque.

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Alerta

O mal dos agrotóxicos Substâncias afetam saúde de trabalhadores rurais e consumidores Larissa Nunes

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Foto:s Bruna Carvalho

omo a maioria dos “alimentos verdes”, o pimentão é rico em sais minerais e vitaminas. Já o morango é indicado para ajudar na cicatrização de ferimentos e, assim, evitar hemorragias. Muito famosa por seus benefícios nutricionais, a uva é rica em carboidratos e oferece ainda potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cobre e iodo. Em comum, além da contribuição positiva ao corpo humano, esses alimentos têm também as mais elevadas concentrações de agrotóxicos do país, segundo levantamento da Anvisa em 2010. O Brasil, terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, ostenta o título de principal consumidor dessas substâncias, que por falta de legislação adequada e controle fiscal, já são responsáveis por danos ao solo, à fauna, flora e, principalmente, à saúde da população. “Existem leis, portarias, mas que, lamentavelmente, não têm conseguido controlar o uso dos agrotóxicos no nosso território”, afirma o professor da Faculdade de Medicina, Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro, que levou pesquisas do Grupo de Estudos de Saúde e Trabalho Rural de Minas Gerais da UFMG (Gestru) para alimentar as discussões do Congresso Nacional sobre o emprego desses produtos na agropecuária. Com base em uma série de pesquisas e pareceres apresentados por especialistas, deputados fedeTrabalhadores rais analisam propor um projeto do campo podem de lei mais eficiente e completo para regulamentar a questão. ser acometidos Desenvolvidos para exterpor intoxicações, minar pragas na lavoura e pastagem, os agrotóxicos existem na problemas forma de mais de 500 princípios respiratórios, ativos, e foram imprescindíveis para a expansão das fronteiras tumores, dentre Seu uso inadequado outros distúrbios agrícolas. e excessivo, no entanto, já está comprovadamente relacionado ao desenvolvimento de uma série de doenças e alterações genéticas que afetam os trabalhadores rurais, os consumidores finais dos alimentos e seus descendentes. “O glifosato, que é o mais vendido do Brasil, produz efeitos crônicos e lentos no corpo humano”, aponta o professor. Estudos do Greenpeace realizados na Argentina entre 2000 e 2009 mostram que esse produto está vinculado à quadruplicação de nascimentos de bebês com máformação, a um tipo de câncer e à doença de Parkinson. Trabalhadores do campo, os mais prejudicados, podem ser acometidos por intoxicações agudas e crônicas, desenvolvimento de tumores, distúrbios neurológicos e 4

endócrinos, problemas respiratórios, entre vários outros. No solo, os agrotóxicos são capazes de afetar a biodiversidade por dezenas de anos após a interrupção de seu uso. Proibição ou substituição Ironicamente, o Brasil é, ao mesmo tempo, o maior produtor de agrotóxicos, mas também o quinto maior produtor orgânico do mundo, ou seja, de alimentos que foram gerados sem o emprego de produtos químicos sintéticos. “Há evidências de que é possível produzir em grande escala sem os agrotóxicos. Já temos hortifrutigranjeiros, cereais e produção pecuária dessa forma”, afirma Tarcísio Magalhães. Estudos Questões políticas e, principalmente, econômicas dificulrelacionam tam a ampliação desse modelo de o glifosato, produção. Segundo o professor da Medicina, aproximadamente agrotóxico mais 90% dos agrotóxicos produzidos vendido no no mundo estão nas mãos de 20 Brasil, a câncer, grandes empresas. “A produção orgânica entra em choque com má-formação interesses de mercado”, explica o e doença de professor. Parkinson Para ele, o Brasil precisa, combinado com o incentivo à produção orgânica, de um controle maior para evitar a entrada de produtos ilegais no país, mas que ainda são usados clandestinamente. Nesse grupo, estão os organoclorados, que se acumulam nos tecidos adiposos dos animais e nos homens, e permanecem no meio ambiente por décadas. Defende-se ainda uma legislação que possa banir do Brasil os agrotóxicos já proibidos em vários outros países, que aumente a taxação dos produtos mais perigosos e fiscalize a adequação do manuseio, depósito e transporte dessas substâncias.

“A produção orgânica entra em choque com interesses de mercado”, afirma Magalhães


Divulgação Científica

Pesquisa avalia satisfação dos médicos no SUS-BH Profissionais das unidades de urgência são os mais descontentes com o ambiente de trabalho

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ocê está satisfeito com o seu trabalho? Essa foi a pergunta que Rafael Brito Nery Ribeiro fez a diversos médicos do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH). Em sua dissertação de mestrado, realizada junto ao programa de pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, ele decidiu utilizar uma metodologia científica para investigar até que ponto frequentes reclamações de colegas representavam, de fato, uma insatisfação com a profissão. A pesquisa selecionou por amostragem 266 médicos, sendo que 232 responderam ao questionário. Destes, 65% afirmaram estar satisfeitos com o exercício profissional. Rafael Ribeiro explica que o resultado, se comparado com a realidade de outros países, traz um índice moderado. Na Índia, pesquisas indicam que 44,8% dos médicos estão satisfeitos. No Japão, o percentual é de 55%. Por outro lado, um quadro mais poé observado nos EUA, com 65% dos médicos sitivo 75% de satistação, e na Austrália, do SUS-BH que alcança 85,7%. “O resultado que encontrei é mais ou menos o afirmam estar que eu esperava. Eu achava que satisfeitos a situação fosse um pouco pior, devido às conversas informais de com o exercício alguns colegas. De toda forma, profissional o ideal seria que 100% dos profissionais estivessem satisfeitos. Nesse sentido, nosso quadro carece de melhora”, opina o pesquisador. Foram avaliados diversos aspectos que poderiam ter impacto na satisfação dos médicos, tais como características do ambiente de trabalho, volume das demandas, estrutura organizacional, carga horária, infraestrutura, relações sociais, estilo de vida, dentre outros. A pesquisa constatou que a frequência de insatisfação aumenta significativamente em três circunstâncias. A primeira delas é quando os médicos trabalham em unidades de urgência (UPAs). O índice também cresce entre os entrevistados com risco de desenvolver algum transtorno mental comum, tais como ansiedade, estresse, insônia e sintomas depressivos. Uma terceira circunstância que eleva a frequência de insatisfação é quando o médico julga não estar sendo devidamente recompensado financeiramente. “É importante ressaltar que o valor do salário em si não teve relevância. Não interessa se o médico recebe 5 ou 10 mil reais. O que importa é a opinião dele sobre se essa quantia corresponde ao trabalho desempenhado. Por isso, o aumento da renda pode não ser uma estratégia suficiente

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Léo Rodrigues

para aumentar o índice de satisfação. É preciso observar as condições de trabalho”, explica Rafael Ribeiro. Segundo o pesquisador, nenhuma característica pessoal ou de estilo de vida foi significante para a satisfação com o trabalho. “Não importa, por exemplo, o estado civil ou a quantidade de filhos que o médico possui. Os hábitos e costumes também não tiveram relevância. Nesse estudo, não foram detectadas diferenças significativas entre os médicos sedentários e os que praticam atividades físicas, os que fumam e bebem e os que não fazem nada disso”, relata Rafael Ribeiro.

Orientações Embora a pesquisa não tenha sido realizada com o objetivo de avaliar estratégias para melhorar o índice de satisfação dos médicos do SUS-BH, Rafael Ribeiro acredita que há algumas sinalizações e orientações. “No Brasil, há poucas pesquisas exploratórias como essa e é preciso aprofundar mais no assunto. Nós fizemos um diagnóstico inicial da situação municipal. Os resultados encontrados trazem, por exemplo, uma preocupação quanto ao trabalho nas UPAs e quanto ao estado de saúde mental dos médicos”, sugere ele. Título: Satisfação dos O pesquisador enfatiza médicos com o trabalho no que uma alta frequência de saSUS-BH tisfação dos médicos com o traAutor: Rafael Brito Nery balho pode ser um indicador de Ribeiro bom funcionamento do sistema Nível: Mestrado de saúde, além de favorecer a fiPrograma: Saúde Pública xação de profissionais no serviço. Orientadora: E ganha também o usuário, que Profª Ada Ávila Assunção passa a desfrutar de um melhor Defesa: 09/09/ 2011 atendimento.

Para Rafael Ribeiro, o ideal seria que 100% dos profissionais estivessem satisfeitos

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Estudantes

Seja um Benvindo Fernando Maximiano

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projeto Benvindo inicia sua segunda fase no dia 29 de outubro, quando duplas de estudantes estrangeiros começam a ser recebidas nas casas de professores e funcionários da Faculdade de Medicina. A tarefa dos anfitriões, voluntários, será preparar atividades como um almoço ou sessões de cinema, teatro, dentre outras, que possibilitem a interação do aluno estrangeiro com a cultura belo-horizontina. “Ainda não sei o que vai acontecer, será realmente uma experiência. Espero que seja maravilhosa como foi na primeira etapa”, afirma a idealizadora da iniciativa, Eugênia Ribeiro Valadares, professora do departamento de Propedêutica. Ela se refere ao passeio pelos pontos turísticos da capital, realizado no dia 17 de setembro, que reuniu 24 alunos estrangeiros do campus Saúde e de outras unidades da universidade. Eugênia Valadares reforça que o projeto, realizado por meio de uma parceria entre a Medicina e o Instituto de Geociências, está aberto a todos os acadêmicos estrangeiros da UFMG. “Existe a possibilidade de ampliar para toda a comunidade universitária no futuro”, prevê. “Vamos dar oportunidade para todos que queiram participar”, garante.

Centenário

Congregação aprova bandeira para Medicina

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Fernanda Campos

o ano de seu Centenário, a Faculdade de Medicina da UFMG ganhou uma bandeira, que será hasteada em datas especiais, comemorativas e durante solenidades promovidas pela instituição. A resolução que criou o novo símbolo foi aprovada pela Congregação da unidade, em reunião no último dia 31 de agosto. O órgão tem representantes de professores, alunos, funcionários e dos diretores da Medicina e do Hospital das Clínicas. Para o diretor da Faculdade, professor Francisco Penna, o momento não poderia ser mais oportuno. “Neste ano as questões históricas e simbólicas relacionadas à Faculdade de Medicina estão sendo pensadas com maior ênfase. A bandeira reforça este processo de afirmação da identidade da escola”, destaca.

Foto: Fernando Maximiano

O passeio inaugural do Projeto Benvindo começou na Praça da Estação, no Museu de Artes e Ofícios, e terminou no Espaço TIM UFMG do Conhecimento, na Praça da Liberdade.

Interessados em receber estudantes estrangeiros em suas casas podem se cadastrar pelo cenexmed@medicina.ufmg.br.

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O modelo foi desenvolvido pela equipe de Criação da Assessoria de Comunicação Social (ACS) com base em elementos que identificam a Faculdade. De acordo com a designer responsável pela bandeira escolhida, Ana Lúcia Chagas, a cor verde nas bordas representa equilíbrio e harmonia e é muito utilizada nas peças gráficas institucionais. Segundo ela, a logomarca, colocada no centro, ganha destaque e permite identificação imediata. “A disposição dos elementos é simétrica e a faixa branca ilumina a identidade visual”, explica. O processo de elaboração começou no primeiro semestre, quando a equipe da ACS desenvolveu, inicialmente, 42 modelos. Seis deles foram selecionados e encaminhados para a avaliação da Diretoria que, por sua vez, elegeu duas opções para levar à Congregação. Medalha A Faculdade também criou uma condecoração para os profissionais que se destacaram pela dedicação e contribuição à instituição. A Medalha Cícero Ferreira será entregue sempre em março, com exceção de 2011, quando a medalha será entregue na abertura do 2º Congresso Nacional da Faculdade de Medicina da UFMG.

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Divulgação Científica

Diagnóstico de problemas de comunicação envolve pais e professores Dificuldades para falar e escutar afetam desenvolvimento infantil, mas podem ser contornadas se percebidas na fase inicial Amanda Jurno e Victor Rodrigues

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Foto: Bruna Carvalho

Faixa etária As pesquisas indicaram um maior número de crianças entre quatro e seis anos com alterações fonoaudiológicas, idade em que a criança entra na fase final de aquisição da linguagem oral. Segundo Fernanda Campos, o dado sugere que essa é uma boa idade para identificar as alterações e prevenir desvios futuros. “O trabalho com essas crianças pode ocorrer da maneira mais eficaz possível, antes do problema se agravar e comprometer o desenvolvimento cognitivo”, defende. Prevalência de alterações fonoaudiológicas (n=539) Linguagem oral 66,4%

33,6%

Motricidade Orofacial 82,9%

17,1%

Processamento Auditivo 72,7%

27,3%

Alterações Fonoaudiológicas* Ilustração: Ana Lúcia Chagas

ificuldades de comunicação, relacionamento ou aprendizagem são algumas das consequências que alterações fonoaudiológicas podem causar na vida de uma pessoa. O problema foi identificado em metade das 539 crianças de quatro a dez anos de idade, estudantes de escolas públicas da região Nordeste de Belo Horizonte, avaliadas em três pesquisas realizadas junto ao programa de pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG. As fonoaudiólogas Alessandra Rabelo, Clarice Friche e Fernanda Campos, autoras dos trabalhos, destacam a importância de observar a criança em seu dia a dia, para o diagnóstico precoce: quanto mais cedo a alteração for detectada, maior a chance de que suas consequências sejam minimizadas. Clarice Friche encontrou forte relação entre a percepção dos pais de que o filho tem dificuldade para ouvir ou falar e a existência de algum problema. “Isso mostra a importância de os profissionais de saúde levarem em consideração as observações dos pais na hora de realizar o diagnóstico”, orienta Clarice. “Na prática isso muitas vezes não acontece, especialmente quando os pais são das camadas sociais menos favorecidas”, relata. A ajuda também pode vir da sala de aula. As pesquisadoras ressaltam a necessidade de preparo e maior atenção dos professores para perceber sinais de que a criança pode apresentar alguma alteração fonoaudiológica. O contato constante com as crianças torna os docentes capazes de identificar aquelas com alguma dificuldade, e intervir de maneira a ajudá-las.

50,1%

Sem alteração

49,9%

Com alteração

* as categorias não são excludentes. A criança pode apresentar mais de um distúrbio.

Clarice Friche, Alessandra Rabelo, a coorientadora Cláudia Lindgren, a orientadora Lúcia Goulart, a bolsista Bárbara e Fernanda Campos

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Dentre os distúrbios mais frequentes, 33,6% das crianças apresentavam algum tipo de alteração de linguagem oral e 17,1% apresentavam algum problema na motricidade das estruturas orofaciais, fundamental para a articulação dos sons e adequação da fala. Mais de um quarto das crianças (27,3%) apresentava alterações no processamento auditivo, relacionado à detecção e interpretação dos estímulos sonoros. Título: Prevalência de alterações fonoaudiológicas em crianças de 4 a 10 anos de idade de escolas públicas da área de abrangência do Centro de Saúde São Marcos Autoras: Alessandra Rabelo, Clarice Friche e Fernanda Campos Nível: Mestrado Programa: Saúde da Criança e do Adolescente Orientadora: Lúcia Maria Horta Figueiredo Goulart (Dep. Pediatria) Coorientadoras: Claudia Lindgren Alves (Dep. Pediatria) e Amélia Augusta Lima Friche (Dep. Fonoaudiologia)

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Estudantes

Herança que pode salvar vidas Programa Vida após Vida cadastra doadores de corpos para o ensino na UFMG Alessandra Ribeiro

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Campanha I O projeto de extensão Creche das Rosinhas recolhe produtos de higiene para crianças: escovas de dente, creme dental, sabonete, pente fino e creme de pentear. As doações são recolhidas em cestos na entrada da Faculdade de Medicina, na Biblioteca do campus Saúde e na secretaria do departamento de Pediatria (sala 267).

Campanha II Com o objetivo de conscientizar as mulheres sobre como prevenir o câncer do colo do útero, a Liga Acadêmica de Patologia (Lapa) criou uma página no Facebook com o nome Programa de Controle do Câncer do Colo do Útero – UFMG. A ideia é que as pessoas compartilhem o link e ajudem a divulgar as informações.

Jabuti O professor do Departamento de Cirurgia, Andy Petroianu, é finalista do 53º Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira. A obra Clínica Cirúrgica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, organizada por ele e com vários artigos de sua autoria, foi classificada em primeiro lugar entre as dez melhores na categoria Ciências da Saúde.

IMPRESSO

ocê sabe de onde vêm os corpos estudaAtualmente, o “Vida após vida” condos nas aulas de anatomia dos cursos de ta com 295 doadores cadastrados, dos quais Medicina, Odontologia e de vários outros da 38 já morreram. Pode parecer muito, mas, área da Saúde? As escolas contam principalcomo explica Geraldo Brasileiro Filho, o númente com pessoas que manifestam o desemero está bem aquém do ideal. “Há 30 anos, jo de doar seus corpos após a morte para as a Faculdade recebia, em média, 25 corpos instituições de ensipor ano. Era um “O doador não verá o benefício. no. “O doador não cadáver para cerverá o benefício de ca de 12 alunos. Mas milhares de pessoas serão seu gesto. Mas mitemos poubeneficiadas, já que o corpo leva Hoje, lhares de pessoas cos corpos para à boa formação de centenas de serão favorecidas, a turma toda”, já que o corpo leva compara. médicos”. à boa formação de Ilustração: Ana Lúcia Chagas centenas de médicos”, afirma o professor Geraldo Brasileiro Como se tornar um futuro doador Filho, idealizador do Programa de Doação de Corpos “Vida após vida”, criado em 1999, na Faculdade de Medicina da UFMG. Ao decidir se tornar um doador, a pessoa deve agendar uma entreNo momento da morte, a autorização vista pelo telefone 3409-9632 ou da família é indispensável. O processo deve procurar, pessoalmente, a Diretoria ser o mais breve possível, para que o corpo da Faculdade de Medicina da chegue em condições de ser aproveitado. “Por UFMG, no andar térreo da unidade. isso é importante que a família também esteja de acordo”, enfatiza Brasileiro. Os professores responsáveis Ele conta que, antigamente, muitos irão explicar detalhadamente ao corpos não reclamados eram encaminhados doador todo o processo, tirar para as escolas médicas. Felizmente, o quadro dúvidas e esclarecer todos os mudou, sobretudo após a promulgação da passos da doação. Constituição de 1988, que acabou com os indigentes, muitos dos quais, quando morriam, O futuro doador assina um termo tinham os corpos encaminhados às faculdae recebe instruções. Tudo é feito des. Além disso, hoje há maior facilidade de sob sigilo, respeitando-se, sempre, comunicação e localização das famílias dos as leis que tratam do processo e pacientes que falecem nos hospitais. os princípios éticos e morais. Paralelamente a esse avanço, o número de faculdades de Medicina aumentou muito no Brasil – hoje são 181, o que fez crescer Quando ocorre o falecimento, alguém também a demanda pelos cadáveres. Segunresponsável pelo falecido deve contactar do a regra, eles são encaminhados para uma a Faculdade imediatamente, para as faculdade da região onde ocorreu o óbito. A providências necessárias, Medicina da UFMG, por exemplo, só recebe inclusive legais. corpos de Belo Horizonte e encaminha os de outras cidades para as instituições mais próximas.

Acontece

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