Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 16 - Ano II - Belo Horizonte, dezembro de 2011
Médicos falham na prescrição de remédios perigosos P
esquisa realizada em três hospitais de Belo Horizonte, a partir da análise de mais de 2,6 mil receitas, revela problema bem maior que a famosa letra ilegível dos profissionais da Medicina. O índice de erro na indicação do cloreto de potássio chega a 97%. Substância pode levar à parada cardíaca quando mal-administrada Página 3
CENTENÁRIO Obra reúne produção didática dos 100 anos da Medicina
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BALANÇO Organizadores avaliam Congresso e Conferência
INFÂNCIA Pais têm preocupação excessiva com febre nas crianças
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Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
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Editorial
Publicações
Centenário
Fim de ano Encerramos 2011 com o alerta de uma pesquisa realizada junto ao Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG: é alto o índice de erros na prescrição de medicamentos que podem ter sérios impactos para a saúde dos pacientes. A boa notícia é que a mesma pesquisa acena para medidas simples, que podem ajudar a reverter o quadro. A Divulgação Científica traz também um estudo sobre o comportamento dos pais diante da febre infantil e revela que algumas tradições passadas de geração para geração são equivocadas. Confira ainda a avaliação dos organizadores após a realização do 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG e da 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana, realizados em novembro, no Minascentro. Aliás, o desejo de publicar essa avaliação foi a razão do boletim não circular em novembro. Toda nossa equipe se mobilizou para edições diárias do Congresso Informa / Conference News, que circularam durante os eventos. Aproveitamos para lembrar que o Saúde Informa faz uma pausa durante as férias para retornar com novidades na volta às aulas, em março. Boa leitura e boas férias!
Estratégias de Prevenção de Doenças e Gestão da Clínica Trata-se do terceiro livro da Coleção Guia de Bolso em Geriatria e Gerontologia, de autoria do professor Edgar Nunes de Moraes, do departamento de Clínica Médica. O conteúdo é baseado em experiências do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da UFMG e enfatiza a prevenção de doenças no adulto e no idoso. Ed. Follium. Urgências em Ginecologia e Obstetrícia Inspirado na grande frequência de quadros hemorrágicos, infecciosos e hipertensivos com que os profissionais destas especialidades se deparam em seus atendimentos nos consultórios, ambulatórios e hospitais. A proposta do texto é ser objetivo e direto, para facilitar a leitura. Editado pelos professores Antônio Carlos Cabral, Alamanda Kfoury Pereira e Selmo Geber. Ed. Atheneu.
Aviso Excepcionalmente, nesta edição não publicamos a coluna Saúde do Português, do professor Washington Cançado de Amorim. A coluna retorna em março, quando o Saúde Informa volta a circular, depois das férias.
Opinião Sua participação é muito importante para o Saúde Informa. Envie críticas e sugestões para jornalismo@medicina.ufmg.br
Cem anos de conhecimento Em pouco mais de 70 páginas, estão guardados cem anos de uma intensa produção didática da Medicina. A 2ª edição do catálogo Obras Didáticas da Área Médica Editadas por Docentes da UFMG, lançada em novembro, dentro das comemorações do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG, contém o registro de todo o material escrito por professores da Unidade ao longo de sua história. São mais de 500 publicações, sendo 106 inéditas. A obra traz, ainda, a produção de professores do Instituto de Ciências Biológicas ligados à área médica. “Todos os cem anos da Medicina estão neste catálogo. Mas a produção maior começou a ocorrer a partir dos anos 60, 70. E, desde a primeira edição, em 2005, tivemos mais de 100 novos textos”, afirma o organizador Edward Tonelli, professor emérito da UFMG, ligado ao departamento de Pediatria. O trabalho também teve a participação da Biblioteca J. Baeta Vianna, onde podem ser encontrados todos os textos registrados no catálogo, apenas para consulta local.
Expediente Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/JP) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Fernanda Campos, Fernando Maximiano, Isabela Guimarães, Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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Divulgação Científica
Receita para reduzir erros na prescrição de medicamentos Pesquisa avalia impacto de ações como padronização e informatização das prescrições, além de medidas educativas voltadas para os médicos Victor Rodrigues
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alta de informações sobre a concentração e via de Intervenções administração do medicamento, além da famosa esAs duas fases posteriores da pesquisa foram de incrita ilegível dos médicos. Estes foram os principais erros tervenções no cotidiano dos médicos dos hospitais analiconstatados numa pesquisa realizada em três hospitais de sados. Na segunda fase, foram distribuídos folders aos proBelo Horizonte que integram a Rede Brasileira de Hospi- fissionais, ao mesmo tempo que eram colocados cartazes tais Sentinela. Problemas que poderiam ser evitados com a e banners da campanha nos ambientes hospitalares. Já na adoção de medidas simples, adaptadas à realidade de cada terceira fase as ações foram mais direcionadas, com orienhospital, sem necessidade de altos intação para os prescritores nos locais de vestimentos. Uma das sugestões é a Houve erro em 97% das trabalho. padronizar as prescrições, a partir de O padrão de prescrição foi sugeprescrições do cloreto de um modelo com todas as informações rido pela primeira vez na terceira fase, necessárias para a dispensação e admipotássio. resultando em uma redução de aproxinistração correta dos medicamentos Usado incorretamente, o madamente 25% dos erros de prescriindicados para os pacientes. medicamento pode levar ção. Na comparação entre as medidas A proposta é do farmacêutico utilizadas em cada fase, as que foram inà parada cardíaca. Mário Borges Rosa, autor de tese de troduzidas apenas na última fase surtidoutorado defendida na Faculdade de ram mais efeito. “As medidas educativas Medicina da UFMG. O estudo foi realizado em três fases. tiveram efeito apenas passageiro. Para que a mudança seja Na primeira, foram analisadas prescrições de medicamen- efetiva é necessário que ela seja acompanhada de outras tos potencialmente perigosos, para decidir quais seriam as ações”, recomenda Mário Borges Rosa. substâncias observadas no estudo. Os escolhidos foram a A adoção de um heparina não-fracionada, que tem função anticoagulante, Padronização e o cloreto de potássio injetável, utilizado na reposição de padrão levou à Um dado interessansais e eletrólitos, substâncias fundamentais para a realizate observado na pesquisa foi queda de 25% nos ção de vários processos em nosso corpo. o menor número de erros em erros de prescrição A heparina foi o medicamento com maior número áreas mais críticas do hospital, absoluto de erros em prescrições, equivalente a cerca de como centros de terapia intensiva (CTIs) e setor de quei75% das 1987 prescrições analisadas. Já para o cloreto de mados, na comparação com setores onde são atendidos potássio, o índice de erro chegou a 97% das 680 prescri- casos de menor gravidade. Segundo o farmacêutico, posções. Este medicamento é extremamente perigoso, poden- sivelmente isso se deve aos processos de trabalho mais pado causar parada cardíaca caso não seja diluído da maneira dronizados nesses setores, exatamente por se tratarem de correta. pacientes mais críticos. Outro detalhe é a similaridade dos Hospitais Sentinela
Ilustração: Ana Cláudia Ferreira
A Rede Brasileira de Hospitais Sentinela consiste em um grupo de hospitais capacitados para atuar como observatórios do desempenho e segurança na utilização de medicamentos, equipamentos, materiais hospitalares e derivados do sangue. Em geral são hospitais de ensino ou de alta complexidade, que oferecem as características e os meios necessários para que essas tarefas sejam realizadas. Ultimamente os hospitais sentinela têm assumido o gerenciamento de risco, que avalia os processos de trabalho, para identificar pontos vulneráveis e tomar medidas para evitar eventos adversos relacionados à assistência. Atualmente a rede conta com 247 hospitais de todo o país.
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quadros clínicos apresentados por esses pacientes, o que facilita o trabalho do médico. A redução dos erros após a adoção do padrão e o melhor desempenho de setores onde o trabalho é mais padro- Título: Erros em prescrinizado são argumentos que o ções com medicamentos autor utiliza como justificativa potencialmente perigosos para um processo de informatiza- em três hospitais sentinela ção da prescrição. Para ele, seria de Belo Horizonte uma forma de garantir que uma Autor: Mário Borges Rosa prescrição contenha todas as in- Nível: Doutorado formações necessárias, com a le- Programa: Infectologia e gibilidade adequada. “Já existe le- Medicina Tropical gislação sobre prescrição, mas em Orientador: geral ela não é usada da maneira Renato Camargos Couto mais correta”, afirma. Defesa: 05/08/ 2011
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Centenário
Congresso e Conferência
Um novo Congresso deve ocorrer em 2013, na própria Faculdade de Medici
Léo Rodrigues
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Foto: Câmera Hum
Fotos: Bruna Carvalho
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Parcerias O 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG propiciou maior interlocução entre as diferentes universidades e também entre os setores públicos e privados que atuam na área da saúde, como ressaltou a professora Maria Isabel Correia. Houve interesse de gestores públicos em estudos apresentados e uma instituição de ensino da Índia levantou a possibilidade de uma parceria acadêmica com a Faculdade de Medicina da UFMG, com perspectiva de promoverem futuramente o intercâmbio estudantil. Articulações mais concretas também marcaram o evento. Ainda no primeiro dia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a UFMG anunciaram a assinatura de uma carta de intenções voltada para o desenvolvimento de estudos e pesquisa no espaço urbano. Na prática, a parceria permitirá a estruturação de um Observatório de Saúde Urbana BH-Rio. “O objetivo é avaliar as repercus“O ambiente sões das políticas urbanas nas duas da Faculdade cidades, sobretudo em áreas mais parece mais periféricas e miseráveis, e comparar os resultados. A partir desta parceestimulante para ria, podemos desenvolver trabalhos a participação conjuntamente, organizar cursos, promover intercâmbio de alunos, da comunidade etc”, explicou a professora Waleska acadêmica” Caiaffa.
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ma manifestação de coragem para discutir um tema pouco abordado. Esta foi a síntese do 2º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG feita pela coordenadora executiva do evento, Maria Isabel Correia. Na avaliação da professora, a Faculdade de Medicina demonstrou uma visão avançada ao romper com o paradigma vigente na organização de eventos da área da saúde. “Desde o 1º Congresso, a instituição fica no debate da promoção da saúde. É uma abordagem que supera as discussões excessivamente terapêuticas que se observam em outros congressos e seminários”, explica. Sediado no Minascentro, o Congresso foi dividido em sete eixos interligados pelo tema “Políticas de Promoção de Saúde”. De 3 a 5 de novembro, foram realizadas mais de 40 mesas-redondas, conferências e painéis, sem contar as atividades do eixo “Políticas Urbanas de Promoção da Saúde”, que abrangeu uma extensa programação da 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana (ICUH 2011). A ICUH é uma iniciativa da Sociedade Internacional de Saúde Urbana e, pela primeira “É uma abordagem vez, foi sediada na América Latina, entre os dias 1º e 4 de novembro, que supera também no Minascentro. A programação incluiu 190 pôsteres exposas discussões tos, 14 plenárias, 187 apresentações excessivamente orais e 14 workshops. O tema da Conterapêuticas que ferência foi “Ações de Saúde Urbana Direcionadas à Equidade”. se observam em no primeiro dia, partioutros congressos cipantesLogo oriundos de diversos paíe seminários” ses, tais como Bangladesh, Canadá, Estados Unidos, Índia e Quênia, se dirigiram ao Aglomerado da Serra para conhecer o programa Vila Viva, uma iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte. Eles visitaram os centros esportivo e cultural, conheceram as habitações e o sistema de tratamento sanitário, dentre outros espaços. “A 10ª ICUH mostrou que muitas ações que não são diretamente da área da saúde afetam a saúde”, analisou a professora Waleska Caiaffa, coordenadora da conferência e atual presidente da Sociedade Internacional de Saúde Urbana. Segundo Waleska Caiaffa, a ICUH possibilitou uma avaliação virtual dos participantes e o retorno foi extremamente positivo. A expectativa é que a próxima edição, prevista para acontecer em dois anos, mantenha a proposta e o nível de organização. “Precisamos fazer um acompanhamento permanente das intervenções urbanas, porque os contextos mudam e os indicadores vinculados à saúde precisam ser avaliados. No Brasil, por exemplo, teremos grandes eventos esportivos que mexerão na estrutura das cidades e precisamos observar o impacto disso. A ideia é que a próxima ICUH aconteça novamente num país do hemisfério sul”, sinalizou a professora.
ncia terão novas edições
de Medicina. A ICUH provavelmente será, mais uma vez, no hemisfério Sul.
Ao final do Congresso, a premiação de trabalhos mostrou que a temática proposta mobilizou importantes instituições de Minas Gerais. Em primeiro lugar, ficou um estudo desenvolvido na PUC Minas intitulado “Prevalência e fatores de risco associados ao traumatismo dentário em escolares de Montes Claros”, sob a autoria de Paula Cristina Pelli Paiva, Aroldo Neves de Paiva, Paulo Messias de Oliveira Filho e Maria Ilma Costa. Na segunda posição ficou “Movimento BH pelo parto normal: mobilização pela promoção da saúde da gestação à vida adulta”, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte em parceria com várias instituições, coordenado pela médica Sônia Lanski. E o terceiro melhor trabalho, “Influências de transtornos psiquiátricos no tratamento de pacientes com hepatite C crônica”, foi desenvolvido por Mariana Soares de Souza e outros 10 autores, no Instituto Alfa do Hospital das Clínicas da UFMG. O Congresso chamou atenção ainda por levantar temas polêmicos, tais como o uso medicinal da maconha e a descriminalização do aborto, debatidos em sessões interativas. Um levantamento da opinião do público foi realizado antes, durante e ao fim das discussões. Na sessão sobre o uso medicinal da maconha, os favoráveis eram 74,1% no início, oscilando para 38,2% no decorrer das exposições e terminando em pé de igualdade com os contrários. As mudanças de opinião também foram registradas na discussão sobre a descriminalização do aborto, na qual os defensores da medida eram inicialmente 66,7% e acabaram com o percentual de 53,6%. A cerimônia de abertura dos dois eventos, no dia 3 de novembro, contou com a presença de diversas autoridades, como o reitor da UFMG, Clélio Campolina; o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda; o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Diego Victória; o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior; o secretário municipal de saúde de Belo Horizonte, Marcelo Teixeira; e o Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais, Cristiano da Matta Machado. Na solenidade, Helvécio Magalhães anunciou, em primeira mão, que a experiência desenvolvida em Belo Horizonte de criação das “Academias da Cidade” será transformada em política pública do Ministério da Saúde. No total, 4 mil “Academias da Cidade” serão implantadas em todo o país.
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Temáticas
Mudanças Na avaliação do diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Francisco Penna, a agenda temática estabelecida foi cumprida. “A proposta era dar continuidade à discussão do congresso anterior e o evento cresceu em importância. O apoio do poder público e de setores privados demonstrou esse fato”, ressaltou, anunciando que já estuda a realização de um novo Congresso em 2013. A ideia é persistir na abordagem da promoção da saúde, mas algumas mudanças já são analisadas. “É provável que a próxima edição aconteça novamente na Faculdade de Medicina da UFMG. O intuito de realizar o 2º Congresso no Minascentro foi para ampliar as instalações. Mas apesar da extensa divulgação, nós observamos que o público acadêmico se envolveu um pouco menos do que gostaríamos. O ambiente da Faculdade me parece mais estimulante para a participação da comunidade acadêmica”, avalia Francisco Penna. Para ampliar o envolvimento, o diretor também já pensa em outras estratégias. “Queremos os departamentos participando diretamente da organização, assim como o Diretório Acadêmico. E vamos abrir para o debate de temas clínicos e cirúrgicos, embora o foco continue sendo a promoção da saúde”, planeja. 5
Tecnologia
Partograma e estetoscópio eletrônicos ajudam no trabalho de obstetras Intercâmbio entre Faculdades de Medicina da UFMG e da Universidade do Porto, em Portugal, viabiliza novas tecnologias voltadas para a saúde de gestantes Larissa Nunes
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ois projetos voltados para mulheres com gravidez de alto risco e para diminuição da mortalidade materna estão sendo desenvolvidos como resultado da proximidade e intercâmbio de conhecimentos entre pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG e do Departamento de Ciência da Informação e Decisão em Saúde da Universidade do Porto. “Eles têm uma experiência de mais de dez anos na união da Medicina e Informática. Para nós, isso tudo é muito novo”, destaca Zilma Reis, professora do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG. Juntos, os estudiosos dos dois países elaboraram um partograma eletrônico, criado a partir do instrumento de mesmo nome já empregado em hospitais, mas no formato de papel. “Usamos o partograma para visualizar as condições da mulher de seis a oito horas antes de o bebê nascer. Verificamos o bem-estar fetal, se o canal de parto está funcionamento adequadamente, entre outras condições”, explica Zilma. Na forma manual, já é possível chegar a todos esses resultados. A eletrônica, porém, deve tornar o procedimento ainda mais seguro e rápido. “Iremos introduzir algumas regras e valores esperados nas máquinas. Aí receberemos um retorno se está tudo bem com aquela mãe examinada”. Estetoscópio O outro projeto, chamado Digiscope, prevê novas aplicações para o estetoscópio eletrônico. Diferentemente do estetoscópio comum, o eletrônico permite gravar os sons das auscultas dos corações. “O som é captado por um software e fica armazenado em um computador”, detalha a professora. As gravações terão, então, duas finalidades. A primeira, de ensino. “Hoje em dia, os sons se perdem. Se
Foto: Bruna Carvalho
Intercâmbio viabilizou Capacitação em Urgências Obstétricas, no Centro da Tecnologia em Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, em outubro
fazemos uma ausculta e notamos um som diferente, poucas pessoas podem acompanhar o procedimento. Com o [estetoscópio] eletrônico, podemos gravar e mostrar, depois, os sons aos alunos”, ensina. A outra finalidade do Digiscope é voltada para a prática médica. Espera-se que as próprias máquinas “aprendam” sobre os diferentes tipos de sons obtidos do coração e possam fazer uma probabilidade de diagnóstico. A análise dos ruídos, feita pela máquina, será estudada por médicos, que irão contar com mais recursos para um diagnóstico final mais confiável sobre o estado de saúde do paciente. Nos próximos meses, a ideia é estreitar relações entre as faculdades de Medicina da UFMG e da Universidade do Porto e firmar um convênio mais amplo, que englobe também as áreas de ensino e extensão.
Centenário
Ministro prestigia Cobem 2011
Foto: Foca Lisboa
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ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi uma das autoridades presentes no 49º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem 2011). O evento foi realizado pela primeira vez em Belo Horizonte, de 12 a 15 de novembro, no campus Pampulha da UFMG. O Cobem integrou o calendário científico das comemorações do Centenário da Faculdade de Medicina da UFMG. Mais de 2,3 mil congressistas participaram das atividades, sendo quase 1,5 mil estudantes de todos as escolas de Medicina do país. A realização é da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem). 6
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Divulgação Científica
Medo pode fazer pais tratarem febre de maneira equivocada Cuidados também têm forte influência do saber popular, que pode transmitir práticas perigosas para a saúde da criança Victor Rodrigues
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ho
ma criança doente é sempre motivo de preocupação para os pais. E o nervosismo aumenta quando o principal sintoma é a febre. Em dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG, a enfermeira Ana Carolina Micheletti Gomide explica que existe um conjunto de conceitos equivocados sobre a febre, além de um medo exagerado dos pais para lidar com esse tipo de situação. Segundo a autora, os pais têm a noção de que o aumento da temperatura corporal é uma reação de defesa do organismo, mas sentem-se inseguros diante de um quadro febril de seus filhos. O pouco conhecimento agrava ainda mais o problema, podendo resultar em tratamentos inadequados e na exposição da criança a alguns riscos. É o caso das compressas, que isoladas podem desregular o mecanismo que controla a febre e banhos com álcool, que podem ser tóxicos. Muitos também desconhecem a dosagem adequada e os efeitos adversos dos remédios utilizados. “A maioria não sabe identificar qual valor exato de temperatura é considerado febre e acaba utilizando medicações sem necessidade”, afirma Ana Carolina. Em sua dissertação, ela procurou analisar como as crenças, conhecimentos prévios e fontes de informação aos quais os pais têm acesso influenciam na maneira como eles reagem ao ver as crianças com febre. Foram consultados 286 pais que levaram seus filhos até o pronto-atendimento do Hospital Infantil João Paulo II.
Com quem os pais se informam sobre febre?
54%
Ilustração: Maíra dos Anjos
30% 8%
5%
5%
Profissionais Familiares Amigos Pessoa com Balconista de saœde ou vizinhos experiência da farm‡cia
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Dicas da maneira correta de usar antitŽrmicos Até a criança ser levada ao médico a febre pode ser controlada com o uso de medicamentos antitérmicos (como dipirona ou paracetamol) da maneira adequada, de acordo com a orientação e prescrição médica. Veja como fazê-lo:
A temperatura da criança deve ser medida apenas com um termômetro. Nada de colocar a mão na testa ou na barriga! O melhor local para colocar o termômetro é a boca, mas a temperatura axilar também é confiável, desde que respeite o intervalo de tempo para a retirada do termômetro. No caso do termômetro de mercúrio, deve permanecer de 3 a 5 minutos. O digital somente pode ser retirado após o alarme sonoro. A temperatura ideal para usar antitérmicos é por volta de 37,8¼, mas esta recomendação também pode variar de paciente para paciente. Caso tenha qualquer dœvida, converse com um mŽdico pediatra. Ele pode dar mais orientações sobre como usar esses medicamentos em casa.
Preocupação excessiva O principal medo relatado é de que o menino ou menina desenvolva uma convulsão febril. Assim, muitos pais decidem procurar um médico, mesmo que isso não seja realmente necessário. “Em algumas situações o médico não tem condições de determinar qual é a causa da febre, e sem isso ele não tem condição de tratar mais a fundo. Se a criança não correr risco, o médico vai apenas prescrever medicamentos para diminuir a temperatura e a criança será liberada para casa.” Esses problemas, apontou a autora, têm origem na maneira Título: Estudo da influência que fomos acostumados a cuidar das crenças, conhecimenda pessoa com febre. Há forte in- tos e fontes de informação fluência do saber popular, como nas condutas dos cuidadoremédios e chás caseiros, com- res no manejo da febre na criança pressas e banhos. Para Ana Carolina, não Autor: Ana Carolina Micheexiste nada de errado em utilizar letti Gomide essas medidas, desde que se co- Nível: Mestrado nheça seus benefícios e riscos, e Programa: Infectologia e em conjunto com os medicamen- Medicina Tropical Orientadora: tos adequados. Regina Lunardi Rocha Defesa: 26/09/ 2011
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Memória
Acontece
Retrato de uma identidade
Hilton Rocha
Fotografia mostra com detalhes a porta do antigo prédio da Medicina. Peça ganhou lugar na fachada do edifício atual e ajuda a resgatar histórias Fernando Maximiano
sido guardada pelo falecido docente Oromar Moreira, que em 1967 a doou ao Museu Histórico Abílio Barreto. Em 1981, o museu fez a devolução ao Centro de Memória da Medicina, onde estava guardada desde então. Para o professor Alcino, o exemplo serve para que todos percebam que a identidade da Faculdade de Medicina foi resgatada. “Valorizar a nossa história é preservar a identidade da Faculdade e a nossa também”, ensina.
O Centenário do oftalmologista Hilton Rocha, que foi professor da Faculdade de Medicina, será lembrado em sessão solene no dia 13 de dezembro, às 20h, no teatro Oromar Moreira da Associação Médica de Minas Gerais. A homenagem é uma iniciativa da Faculdade e do Centro de Memória da Unidade, junto a Academia Mineira de Medicina, a Associação Médica de Minas Gerais e familiares do médico.
Curso para servidores Fotos: Arquivo Pessoal
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A calourada no início da década de 60
Trote incluía juramento à estátua de Cícero Ferreira
Servidores técnico-administrativos da UFMG com formação superior podem se candidatar a uma das 100 vagas do curso de pós-graduação Lato Sensu Gestão de Serviços Educativos, na modalidade semipresencial, que será oferecido na Faculdade de Educação. A previsão é que o curso seja realizado entre março e dezembro de 2012. Interessados que trabalham na Medicina podem enviar e-mail para srh@medicina.ufmg.br.
Férias
O campus tinha um campo de futebol onde hoje é o estacionamento
O Laboratório do Movimento entra de férias a partir de 16 de dezembro até a primeira semana de fevereiro. Já o bandejão do campus Saúde passa a servir apenas almoço, de segunda a sexta, de 12 dezembro até o final janeiro. De 26 a 31 de dezembro, o RU fica fechado para pintura.
IMPRESSO
m uma tarde ensolarada, o calouro Alcino Lázaro da Silva, 17 anos, passeava pelo campus onde estava localizada uma Faculdade de Medicina recém-descoberta. Ao subir as escadas do prédio, debruçou-se sobre o parapeito da fachada para observar o jardim, quando um colega registrou um momento que entraria para a história. Primeiro, porque o jovem estudante viria a ser um dos mestres da mesma escola, coroado com o título de professor emérito. Segundo, porque, 53 anos depois, a porta de madeira maciça ao fundo se transformaria em um dos símbolos dos cem anos de história da mesma instituição. Mais de meio século após o instante imortalizado na foto, o cirurgião Alcino Lázaro da Silva considera que a passividade de uma turma imatura de estudantes, associada à visão equivocada do que seria modernidade, retirou da sociedade uma de suas partes mais honrosas: o antigo prédio da Faculdade de Medicina foi demolido em 1958 para dar lugar à atual edificação. “Devemos olhar para o futuro desejando que todos tenham aprendido com os erros do passado. A porta de madeira maciça deve ser vista como uma aliança de paz entre o passado e o presente”, diz. Em março de 2011, a peça passou a integrar a fachada do prédio atual, que foi revitalizada e inaugurada dentro das comemorações do Centenário da Faculdade. A porta havia
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