SAúde Informa nº19

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 19- Ano III - Belo Horizonte, maio de 2012

Ultrassom 3D: além da imagem M

ais do que possibilitar aos pais ver o rosto do bebê antes do nascimento, o ultrassom tridimensional pode ajudar os médicos a identificarem doenças graves. É o caso da hipoplasia pulmonar letal, objeto de estudo de tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da UFMG. Página 3

MATERNIDADE O que é preciso saber antes de ter um filho

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CIRURGIA Quando retirar amígdalas e adenoides

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SAÚDE Doença do coração tem mudanças no diagnóstico

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Editorial

Publicações

Para toda a família No mês das mães, o Saúde Informa apresenta temas que interessam diretamente a gestantes e mulheres que pretendem engravidar, mas também aos leitores em geral. Na seção de divulgação científica, pesquisa realizada na Faculdade de Medicina demonstra aplicações do ultrassom obstétrico tridimensional, cada vez mais popular nas clínicas, que vão além de revelar a face do bebê para os futuros pais. Ainda no âmbito da saúde da mulher, abordamos a importância de uma gravidez planejada para a saúde materna e da criança. Confira mais uma reportagem sobre saúde da criança, com indicações e contraindicações para a retirada das adenoides e amígdalas na infância. Nosso informativo traz também um alerta: uma simples dor de garganta pode desencadear a febre reumática, que está associada a 90% das cirurgias para a troca da válvula do coração. E uma pesquisa apresenta novidades sobre a hiperplasia adrenal congênita, doença incluída recentemente no exame de triagem neonatal, mais conhecido como “teste do pezinho”. Boa leitura!

Guia de Bolso de Mastologia O manual, elaborado com base nas mais recentes pesquisas, enfoca o diagnóstico e o tratamento das doenças de mama, em especial o carcinoma. A autoria é do professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Washington Cançado de Amorim, que também coordena a residência médica na área de mastologia do Hospital das Clinicas da UFMG; e de Leandro Cruz Ramires da Silva, mastologista do Instituto de Saúde da Mulher e mestrando em Saúde da Mulher na UFMG. Ed. Atheneu.

Manual de Protocolos em Medicina Fetal O trabalho apresenta os conceitos fundamentais para o profissional da área e aborda a necessidade de um bom acompanhamento das gestantes e dos fetos portadores de anomalias e doenças que comprometem o indivíduo antes do seu nascimento. Escrito pelos professores do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Alamanda Kfoury Pereira, Antônio Carlos Vieira Cabral e Henrique Vitor Leite. Ed. Atheneu.

Opinião Sua participação é muito importante para o Saúde Informa. Envie críticas e sugestões para jornalismo@medicina.ufmg.br

Expediente Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg. Prof. 9945/MT) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Léo Rodrigues e Mariana Pires – Estagiários: Fernanda Campos, Lucas Garabini, Luiza França e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Ana Lúcia Chagas de Morais- Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1.500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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Divulgação Científica

Ultrassom 3D ajuda a diagnosticar doenças Tecnologia 3D é mais sensível, obtém medidas mais precisas e reduz a interferência do ultrassonografista, aponta pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da UFMG Victor Rodrigues

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* Imagens cedidas pelo autor da pesquisa

medicina encontra aplicações para cada inovação tecDos 47 fetos examinados, 34 foram corretamente nológica que surge. O ultrassom obstétrico tridimen- diagnosticados com hipoplasia pulmonar letal. A sensibisional, ou 3D, não escapa à regra. A tecnologia, conhecida lidade do teste, ou seja, a probabilidade que este tem de pelo uso para fins estéticos – ver o rosto do bebê ainda na estar correto, foi de 88%. O autor destaca, no entanto, barriga da mãe – é utilizada também para fins diagnósticos. que a medição do volume do pulmão ainda não foi perfeiA aplicação deste tipo de tecnologia para desco- ta. “Provavelmente falta associar algumas outras variáveis. brir a existência de uma doença grave ainda na gravidez Por enquanto temos uma forte indicação, mas não uma foi objeto de tese de doutorado defendida no programa certeza desse diagnóstico”, explica. Segundo o autor da pesquisa, no caso da hipoplade pós-graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de sia pulmonar grave, mesmo com Medicina da UFMG. O obstetra esse dado preciso em mãos, na Guilherme Rezende comparou maioria das vezes, o médico não a eficácia do ultrassom 3D com tem como salvar a criança. Mas é a do ultrassom tradicional, bidiimportante que a família e a equimensional, em predizer o diagpe de assistência perinatal tenham nóstico de hipoplasia pulmonar acesso a essa informação, para letal no recém-nascido. que possam se preparar melhor A doença está relacionapara o desfecho da gestação. da ao desenvolvimento do pulmão ainda durante a gestação. Vantagens Caso este não seja adequado, o Para Guilherme, a vantaórgão terá tamanho e volume reImagem de um pulmão em 3D gem da ultrassonografia 3D é a duzidos, e menor quantidade de possibilidade de obter medidas células funcionais nos alvéolos, mais precisas. “Quando trabalhadificultando a respiração no perímos com o ultrassom bidimenodo neonatal. Na maioria dos casional temos acesso apenas a mesos, em torno de 70%, a doença didas, como altura e largura, que é fatal, logo após o nascimento não são as mais indicadas para o do bebê. diagnóstico”, afirma. A tentativa feita pelo pesOutro ponto que ele destaquisador foi identificar quais ca é o fato da tecnologia 3D torfetos, daqueles que se inseriam nar a imagem menos dependente no grupo de risco para a doendo operador. Como a varredura é ça, poderiam ter esta forma letal. mecânica, em uma mesma situaPara isso, ele mediu o volume do Cada pedaço da imagem 3D é formada pela ção será gerada sempre a mespulmão três vezes na mesma sescombinação de três imagens diferentes. ma imagem, diferentemente do são de ultrassonografia e compaultrassom tradicional. “Em cem rou a média dessas medidas com a distribuição normal para o volume do pulmão durante a tentativas com o ultrassom 2D, teríamos cem imagens digestação. Quando o valor encontrado estava entre os 2,5% ferentes”, exemplifica o autor. A leitura também é mais mais baixos na curva, o chamado percentil 2,5, o feto tinha fácil, permitindo o compartilhamento desses blocos de imagem com outros profissionais e outros serviços. grande possibilidade de ter a forma letal. A tecnologia ainda não é muito popular, mas a Resultados maioria dos modelos de aparelhos de ultrassom de porte Os resultados comprovam a adequação do método. médio comercializados atualmente já tem essa capacida“Usando o ultrassom 3D encontramos uma chance 11 ve- de. O SUS e os convênios ainda não cobrem esse tipo de zes maior do feto ter a doença”, afirma o autor. “Com as exame. medidas do ultrassom 2D nós conseguíamos apenas um Título: Predição da hipoplasia pulmonar letal pela ultrassonografia valor próximo a dois”. De acordo com o médico, para tridimensional em fetos de risco qualquer método diagnóstico ser considerado bom, essa Autora: Guilherme de Castro Rezende razão, chamada “razão de verossimilhança positiva”, deve Nível: Doutorado ser superior a dez. Programa: Saúde da Mulher

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Orientador: Alamanda Kfoury Pereira Defesa: 25/11/2011

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Saúde da Mulher

Maternidade: uma decisão que requer planejamento Mais da metade das gestações não são planejadas. Acompanhamento médico antes mesmo da gravidez pode evitar complicações no parto

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Pré-natal Feito o cuidado pré-concepcional, a grávida passa para a fase do pré-natal. Aquelas completamente saudáveis podem continuar com o acompanhamento em um posto de saúde próximo de sua residência. Mulheres com algum

problema de saúde são encaminhadas para um centro especializado. “Elas terão atenção multidisciplinar, com médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. É uma abordagem diferenciada, com maior frequência de exames de avaliação do feto, por exemplo”, explica a professora, que aponta os três primeiros meses da gestação como os mais imprescindíveis de acompanhamento. Conhecer o local em que será internada também é aconselhável, já que pode trazer tranquilidade e confiança à futura mãe. “Ela vai saber bem a distância que a separa da maternidade, assim com a rotina dos profissionais Segundo Zilma Reis, mais da do lugar, como é metade das gestações não o atendimento”. são planejadas. Caso a gestante necessite de algum cuidado especial durante o parto, a equipe de médicos e enfermeiros será previamente informada sobre o assunto.

Foto: Bruna Carvalho

ulheres que, para engravidar, esperam apenas o “momento certo” - aquele depois de aproveitar a vida, quando se adquire estabilidade financeira e um casamento feliz - podem estar à mercê de riscos que sequer conhecem. Aparte de todos esses preparativos, médicos são categóricos ao afirmar que uma gravidez não pode ser reduzida a evento natural, e sim, deve ser cuidadosamente planejada e acompanhada por profissionais competentes. O ideal, segundo a professora do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Zilma Reis, é que o preparo comece meses antes da gestação, com a decisão de se ter um filho. “A falta de planejamento está associada à morte materna acima do desejável. Temos no Brasil, atualmente, 77 óbitos de mães para cada cem mil bebês nascidos vivos”, lamenta a professora. A meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde é de 15 mortes por cem mil recém-nascidos. Mulheres que decidem ser mães têm o direito “A falta de de obter um aconselhamento planejamento está pela rede pública. O primeiro associada à morte passo é procurar um posto saúde. “Se a mulher tem materna acima do de alguma doença e a desconhedesejável” ce, a situação pode ficar mais complicada ainda na gravidez”, afirma a professora. Entre as causas mais comuns de complicações no parto está a hipertensão, seguida de hemorragia e infecção. De acordo com Zilma Reis, mais da metade das gestações não são planejadas. “É comum, nessas situações, que a mulher rejeite a gravidez e continue com hábitos nada saudáveis, como fumar e fazer uso de bebidas alcoólicas e drogas”.

Larissa Nunes

Pós-parto Mesmo que, com o parto, o pediatra passe a ser o médico mais visitado pela família, o obstetra ou ginecologista não deve ser deixado de lado. “A mulher precisa se recuperar totalmente e ser estimulada a cuidar do bebê”, afirma a professora. Nesse período, ela poderá receber algumas instruções, como o tempo que deve esperar para engravidar novamente. “O ideal é que se aguarde dois anos”, instrui. Esse, segundo a médica, é o período suficiente para que ela se recupere de uma cesariana, por exemplo, ou de uma anemia comum em grávidas, e assim reduza as chances de aborto.

Ações da rede pública voltadas para saúde da gestante

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No Brasil: Rede Cegonha - Estratégia do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), baseada em uma rede de cuidados que assegure às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, ao parto e pós-parto. Já para as crianças, a proposta é garantir o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis. Central de Atendimento Telefônico: 136 (Ouvidoria Geral do SUS)

Em Minas Gerais: Mães de Minas - Conjunto de ações de saúde do governo de Minas Gerais, em parceria com o SUS, voltadas para a proteção e o cuidado da gestante e da criança no primeiro ano de vida. A proposta é estabelecer um contato individual com cada gestante, mobilizando recursos para o acompanhamento do pré-natal e do primeiro ano de vida da criança, para identificar e sanar situações de risco. Central de Atendimento Telefônico: 155

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Saúde da Criança

Amígdalas e adenoides: do que o corpo precisa? Crianças até cinco anos costumam ser as mais afetadas por infecções dessas duas estruturas, que podem ser retiradas do corpo, mediante rigorosa análise médica Larissa Nunes

A cirurgia O pediatra Marcos Carvalho de Vasconcelos explica que, mesmo sendo procedimentos bastante realizados no mundo, eles devem ser indicados com muita cautela. “A cirurgia de amígdala requer anestesia geral. O pós-operatório é de dor”, explica. O paciente em fase de cicatrização deve tomar alimentos gelados e, dentro de oito dias, pode ter uma vida normal. “Quando bem indicada, a cirurgia vai provocar uma grande diferença na respiração. Ficará mais livre, menos ruidosa”, aponta. A retirada das adenoides pode ser feita no mesmo procedimento. Ilustração: Ana Lúcia Chagas

A função que desempenham é a de proteger o organismo, mas não é raro encontrar casos em que as amígdalas e as adenoides se tornam um problema de saúde e de qualidade de vida. Principalmente em crianças, essas duas estruturas sofrem com os ataques de vírus e bactérias. A solução, em situações mais graves, e sob avaliação médica, pode ser uma cirurgia de remoção. As amígdalas, localizadas na boca, e as adenoides, no nariz, são os primeiros mecanismos de defesa encontrados por agentes infecciosos que tentam entrar no corpo humano. “Em contato com os vírus e bactérias, ambas produzem anticorpos e linfócitos e podem aumentar de tamanho”, aponta o pediatra e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Marcos Carvalho de Vasconcelos. Quando causadas por vírus, as infecções tendem a ser mais brandas, com quadros de gripe. Se o agente é uma bactéria, os sintomas são bem mais severos: febre reumática, formação de placas e calafrios. Segundo Marcos Vasconcelos, na década de 60, tornou-se bastante comum a cirurgia de retirada de amígdalas para o tratamento de quadros infecciosos repetitivos. “A partir da década de 70, esse índice diminuiu com o melhor acesso ao sistema de saúde e melhoria nos antibióticos”, explica. Hoje, a indicação para essa cirurgia, e também aquela de retirada de adenoides, é dada, principalmente, em casos de obstrução das vias aéreas, levando a um quadro de apneia. “É quando o indivíduo para de respirar durante o sono”, explica. Ronco, sono agitado e voz anasalada são algumas das principais consequências desse problema, que pode ser diagnosticado a partir de um exame de monitoramento em hospitais.

Adenoide Respiração

Idade

Em crianças muito pequenas e bebês, é cada vez mais rara a remoção dessas duas estruturas por causa do risco de deixar o corpo ainda mais vulnerável a vírus e bactérias. “A defesa da criança entre oito meses até os cinco anos é menor. Ela já perdeu a proteção materna, tanto da placenta quanto aquela do leite materno, e está começando a produzir anticorpos”, aponta Vasconcelos. Se, depois dos cinco anos, as infecções persistirem, ou em casos de obstrução de vias aéreas, o médico pode avaliar a possibilidade de uma cirurgia de retirada de amígdalas e adenoides. “É preciso estudar cada caso. O médico vai analisar se as infecções estão sendo causadas por vírus ou bactérias, observar se esse problema está trazendo alterações anatômicas na face ou até mesmo na postura”. Com o tempo, essas crianças podem passar a ter mordida alterada, queixo mais fino, maior incidência de cáries, já que ficam com a boca mais aberta e os dentes expostos.

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Amígdalas

A obstrução das vias aéreas devido à inflamação nas amígdalas e adenoides prejudica a respiração e pode causar apneia, ronco e voz anasalada.

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Saúde

Cardiopatia reumática tem novos critérios diagnósticos Doença afeta as válvulas do coração e pode ser desencadeada por uma simples infecção na garganta, que não recebeu tratamento adequado Alessandra Ribeiro

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Ilustração: Luiz Cláudio Lagares Izídio

cardiopatia reumática crônica, doença sem cura, que Prevenção acomete cerca de 15 milhões de pessoas em todo o O diagnóstico precoce e a prevenção podem redumundo, tem novas diretrizes internacionais para o diagnós- zir o número de casos graves e de mortes. A cardiopatia tico, definidas pela Federação Mundial de Cardiologia. A reumática, que acomete crianças e indivíduos adultos, é a principal ferramenta defendida é o doppler ecocardiograma, fase crônica de um problema que se manifesta ainda na exame que combina a imagem bidimensional do coração infância, a febre reumática aguda. A causa é uma infecção com a análise de fluxo sanguíneo do órgão. Segundo a Fe- na garganta, provocada pela bactéria estreptococo, que, se deração, ele tem maior precisão diagnóstica do que a aus- não for tratada adequadamente, pode evoluir para a lesão culta cardíaca, com o uso do estetoscópio. das válvulas do coração, especialmente em indivíduos com predisposição familiar. Vinte e um pesquisadores de todo o mundo A pessoa acometiparticiparam da elaborada precisa de cuidados esção do documento com peciais ao longo de toda a os novos critérios, puvida, terá a produtividade blicados recentemente afetada e, depois de alguna revista Nature Reviews mas décadas, pode preciCardiology. A representansar ser submetida a uma te da América do Sul foi cirurgia para trocar as vála cardiologista pediátrivulas cardíacas. Segundo ca Cleonice Mota, proCleonice Mota, 35% das fessora da Faculdade de cirurgias cardíacas realiMedicina da UFMG. Ela zadas no Brasil são decorexplica que a doença, carentes de lesões provocaracterizada pela lesão das das pela febre reumática. válvulas do coração, tem Entre as cirurgias para a alguns sinais característitroca da válvula cardíaca, Cleonice Mota representa a América do Sul na cos na fase aguda, como o percentual chega a 90%. Federação Mundial de Cardiologia o “sopro” cardíaco, lesões Foto: Bruna Carvalho na pele, nas articulações e movimentos bruscos in“Hoje, para cada Prevalência da cardiopatia reumática crônica voluntários apresentados paciente que pelos doentes. conseguimos O problema é que esses sintomas se conidentificar a fase Países fundem com outras do0,1 a 0,4 desenvolvidos aguda da doença, enças, o que pode levar Número de casos ao chamado “diagnóstico existe um que fica para 1.000 abusivo”. Com a intensem identificação” crianças ção de impedir novos em idade surtos, o médico indica a escolar aplicação de injeções de antibióticos a cada três semanas, Brasil muitas vezes em pacientes que não precisariam ser submetidos ao tratamento. 1 a 7 Por outro lado, existe o subdiagnóstico, já que algumas lesões cardíacas são “silenciosas”. “Hoje, para cada paciente que conseguimos identificar a fase aguda da doença, No Brasil, um dos poucos estudos foi realizado em 1992 pelo existe um que fica sem identificação. Os novos critérios de Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, com 536 crianças e adolescentes da Escola Estadual diagnóstico são importantes especialmente para os casos Pedro II. O percentual de alunos com “sopro cardíaco não inonão evidentes”, afirma Cleonice Mota. cente” foi de 2,1%.

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Divulgação Científica

Doença genética pode aumentar risco cardíaco Portadores de hiperplasia adrenal congênita podem desenvolver doenças do coração

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A doença Cerca de 90 a 95% dos casos de hiperplasia adrenal congênita são causados pela deficiência da enzima 21-hidroxilase, o que resulta em níveis baixos de cortisol e elevados de hormônios andrógenos, responsáveis pelas características sexuais masculinas. Nas meninas, o efeito é o nascimento com genitália ambígua – apesar de ter ovários, útero e demais características femininas, elas podem apresentar até mesmo genitálias masculinas, sem os testículos, nos casos mais graves. Ambos os sexos também têm estatura final menor, mesmo que o crescimento inicial seja acelerado.

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Victor Rodrigues e Mariana Pires

HAC é incluída no ‘‘teste do pezinho’’ O Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), responsável pela realização do exame popularmente conhecido como ‘‘teste do pezinho’’, passa por uma reformulação. O teste já detectava quatro doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e fibrose cística. A nova proposta incluiu o diagnóstico da hiperplasia adrenal congênita (HAC) e da deficiência de biotinidase. Para a ampliação do PNTN, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), referência em triagem neonatal no país, será parceiro do Ministério da Saúde. Todos os protocolos e fluxos de trabalho desenvolvidos pelo Nupad servirão como base de estudo para o projeto, assim como a colaboração técnica de sua equipe. O Nupad também será o espaço principal de treinamento para capacitação dos profissionais do país. Ilustração: Luiz Cláudio Lagares Izídio

hiperplasia adrenal congênita (HAC) é uma doença genética caracterizada pelo desenvolvimento de características sexuais masculinas em meninas ou na precocidade dessas características em meninos. Recentemente, fatores de risco para doenças cardiovasculares também começaram a ser associados à HAC. A suspeita foi confirmada em tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da UFMG pela pediatra Tânia Maria Barreto Rodrigues, especialista em endocrinologia pediátrica. “Esses pacientes apresentam alterações que indicam aumento do risco cardiovascular, o que implica na necessidade de acompanhamento visando à intervenção precoce e prevenção de complicações cardiovasculares em jovens com a doença”, afirma. No estudo, Tânia comparou indicadores de 40 pacientes com HAC e de outros 73 indivíduos saudáveis, sem sobrepeso, para avaliar se a prevalência de fatores como obesidade e hipertensão arterial seria mesmo relacionada à HAC. O Índice de Massa Corporal (IMC) por idade dos pacientes com HAC foi mais elevado em relação ao grupo saudável, mesmo quando foram excluídos da avaliação os pacientes com HAC e sobrepeso. Os pacientes com HAC apresentaram ainda maiores níveis de pressão arterial em relação aos pacientes saudáveis. A pesquisadora também avaliou por meio de ultrassonografia a espessura mediointimal das artérias carótidas, alteração que precede a formação da placa que caracteriza a aterosclerose - a popular “veia entupida”, que é um importante indicador de risco cardiovascular. A comparação dos resultados revelou que essa medida era superior nos 38 pacientes com HAC examinados em relação a 22 jovens saudáveis que foram avaliados. Além dessas alterações, aqueles com HAC apresentaram maior consumo de sódio, que em associação à medicação e a outros fatores próprios da doença, colaborou para o aumento da pressão arterial. Este dado também é importante por ter relação direta com a forma mais frequente da doença, a perdedora de sal, na qual o paciente tem dificuldade de reter sódio, explica a autora. Para ela, tudo isso mostra a necessidade de maior cuidado com esses pacientes. “Além do tratamento adequado para a HAC, devemos fazer também um trabalho de prevenção contra esses fatores de risco cardiovascular que inclua, por exemplo, mudanças nos hábitos alimentares”, recomenda.

Fase I Fase II Fase III Todos os Estados já realizam o teste que detecta a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito [Fase I ]. Em 2011, 18 Estados realizaram também o diagnóstico da doença falciforme [Fase II], e quatro estados chegaram à Fase III, que inclui o diagnóstico da fibrose cística. A ampliação prevê a estruturação da fase III em todos os Estados e a Fase IV do PNTN, incluindo a triagem para hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Fonte: Ministério da Saúde Título: Identificação de fatores de risco cardiovascular e avaliação da espessura mediointimal das artérias carótidas em jovens e crianças com deficiência da enzima 21-hidroxilase Autora: Tânia Maria Barreto Rodrigues Nível: Doutorado Programa: Saúde da Criança e do Adolescente Orientador: Ivani Novato Silva Defesa: 30/03/2012

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Institucionais

RH prepara quinta edição do Encontro Institucional Alessandra Ribeiro

Funcionários participam de dinâmica no Encontro Institucional de 2011

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Pós em Fonoaudiologia O novo curso de especialização em Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG recebe inscrições no período de 14 de maio a 18 de julho. São oferecidas 30 vagas, distribuídas nas seguintes áreas de concentração: Audiologia, Linguagem, Motricidade Orofacial, Saúde Coletiva e Voz. A duração do curso é de um ano, mais seis meses para conclusão da monografia. Informações: www.medicina.ufmg.br/editais

Jatox De 30 de maio a 1º de junho a Faculdade de Medicina da UFMG recebe a III Jornada Acadêmica de Toxicologia. Podem participar estudantes de Medicina, Enfermagem, Biologia, Biomedicina, Farmácia ou Psicologia, desde que os cursos sejam credenciados pelo MEC. Informações: www.jatox.weebly.com

Simpósio sobre infecção A Escola de Enfermagem da UFMG promove o IV Simpósio do Núcleo de Pesquisa em Infecção Relacionada ao Cuidar em Saúde, nos dias 29 e 30 de junho. O objetivo é prevenir e controlar a infecção na perspectiva da segurança do paciente. Inscrições até 20 de junho pelo www.cursoseeventos.ufmg.br.

IMPRESSO

Seção de Recursos Hufoi de 142 e 131 participantes “O objetivo do manos/Assessoria de em 2008 e 2009, respectivaGestão de Pessoas da Facul- encontro é melhorar mente. dade de Medicina da UFMG o ambiente já está envolvida na organizaPropostas organizacional e ção do 5º Encontro InstituUma das sugestões lecional, previsto para ser reali- promover a mudança vantadas durante a reunião zado no mês de junho. de atitudes frente ao com as chefias e secretários No final de março, foi a participação voluntária, trabalho” houve uma reunião com as com o objetivo de garantir chefias e os secretários das maior envolvimento dos insseções e departamentos, com o objetivo de critos com as atividades. A possibilidade de ouvir sugestões e críticas para aprimorar a reunir todos os interessados em um só dia e próxima edição do evento e motivar os fun- mudanças na programação também foram discionários a participarem da iniciativa. Na oca- cutidas. Os funcionários sugeriram ainda redusião, a chefe da SRH, Cleusa Maria dos Santos, zir as dinâmicas, para que as discussões realie a psicóloga Aparecida Miranda apresenta- zadas em seguida, com os colegas, possam ser ram um balanço das edições anteriores, desde mais aprofundadas. Todas as propostas estão 2008, quando o encontro foi criado. sendo analisadas pela SRH, em conjunto com De acordo com os dados, em 2011, 128 a consultoria contratada para o evento. pessoas, divididas em duas turmas, participaA psicóloga Aparecida Miranda ressalram das atividades, realizadas no Museu de tou a importância do Encontro Institucional. História Natural e Jardim Botânico da UFMG. “O objetivo do encontro é melhorar o amO número foi superior ao registrado em 2010, biente organizacional e promover a mudança quando 119 funcionários marcaram presença. de atitudes frente ao trabalho. O mais imporJá na comparação com os dois primeiros en- tante é o pós-encontro, ou seja, colocar em contros, a participação diminuiu. O número prática o que foi vivenciado”, disse.

Acontece

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