SaúdeInforma nº 24

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 24 - Ano III - Belo Horizonte, outubro de 2012

Voz é saúde P

rofessores sentem dor e até se afastam da sala de aula por problemas vocais, mas demoram a procurar por tratamento. Para quem não trabalha com a fala, também é indispensável ter cuidados com a voz. Páginas 4 e 5

DIA DO MÉDICO Profissional está presente em todas as fases da vida

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Foto: Banco de imagens www.sxc.hu / Montagem Luiz Lagares

ALERTA Riscos da radiação em excesso

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Diagnóstico precoce e melhoria da qualidade de vida para o combate da hanseníase

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Editorial

Publicações

Voz de todos A edição do mês de outubro do Saúde Informa é dedicada à voz. Na seção de divulgação científica, uma pesquisa mostra que os professores sofrem com problemas vocais, mas demoram a buscar ajuda. E não precisa trabalhar com a fala para, eventualmente, sentir dores na garganta, incômodo ou rouquidão. Uma professora do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG responde dúvidas mais comuns e dá dicas para preservar a voz. Dando continuidade aos estudos divulgados na edição de setembro sobre hanseníase, duas pesquisas trazem informações sobre a transmissão da bactéria, além de possíveis soluções para diminuir a incidência da doença no país. Para comemorar o dia do médico, em 18 de outubro, uma reportagem aponta como esse profissional está presente em cada uma das etapas da vida. O Saúde Informa também traz matéria sobre os riscos da radiação em excesso e apresenta as equipes de esporte e música formadas por estudantes do curso de Medicina. Boa leitura!

Professor emérito lança cinco livros

Afinal de contas, que cegonha é essa?

Aos 76 anos, o professor emérito da Faculdade de Medicina da UFMG e cirurgião aposentado, Alcino Lázaro da Silva, lança em outubro cinco livros em que conta sua trajetória como médico e dá conselhos para aqueles que se iniciam na profissão. Nos livros “Médico – Profissional Diferente” e “Etiqueta Médica”, Alcino Lázaro comenta como a conduta do profissional pode contribuir para um melhor resultado terapêutico. “O médico vem perdendo prestígio na sociedade. Uma postura mais séria, bem como a capacidade de ouvir e entender melhor os pacientes são fundamentais para recuperar o valor da profissão” avalia. Em “Folclore Médico”, o autor descreve, de forma bem humorada, situações que fizeram parte da sua profissão em cidades do interior de Minas Gerais. “Consultas se davam por bilhetes, pois em algumas cidades não havia telefone, e o transporte dos pacientes a caminho da cirurgia era feito em carro de boi”. Fora do campo da medicina, “Mineiro de Minas Gerais” é uma homenagem ao povo mineiro, ilustrado por curiosidades, datas históricas e riquezas do estado. “O motorista”, composto por frases de para-choques de caminhões, retrata o interesse do cirurgião pela gente simples e trabalhadora, que sempre foi o alvo de sua dedicação profissional.

Lançado em setembro, o livro do professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Selmo Geber, explica o processo da inseminação artificial para o público infantil. A publicação conta com ilustrações e linguagem de fácil entendimento. Ed.Vieira & Lent Casa Editorial.

Nova coordenação para Cegrad e Colegiado de Medicina O Colegiado do curso de Medicina da UFMG passou a ser coordenado, no fim de agosto, pela professora Alamanda Kfoury Pereira, do departamento de Ginecologia e Obstetrícia (GOB). Ela assumiu o cargo antes ocupado pelo professor Fernando Reis, também do GOB. Com a saída de Fernando Reis, que acumulava a

função de coordenador do Centro de Graduação, o então subcoordenador do Cegrad, Marcelo Mamede, coordenador do curso de Tecnologia em Radiologia, passa a responder pelo setor. A nova subcoordenadora é a professora Érica de Araújo Brandão Couto, do departamento de Fonoaudiologia.

Expediente Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Larissa Nunes (Reg. Prof. 14072/MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Lucas Rodrigues e Mariana Pires – Estagiários: Lucas Garabini, Luíza França, Luísa Gomes e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina. ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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SAÚDE

Médico presente em todas as idades Professores falam da importância da regularidade das consultas médicas ao longo da vida

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édico tem que gostar de gente”. A fala é da professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Marta Sarquis Soares, que há 22 anos atua diretamente no atendimento a pacientes. No dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico e, para a professora, quem escolhe essa profissão deve estar aberto ao conhecimento para o resto da vida. “Não deixamos nunca de aprender. E é importante saber falar e principalmente saber ouvir, buscando sempre uma relação mais harmônica possível com o paciente”, afirma. O vínculo médico-paciente inicia-se antes do nascimento. “Os exames pré-natais têm o objetivo de prevenir doenças e buscam garantir a saúde da mãe e do bebê”, conta o professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Cezar Rezende. Ele explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda cinco exames durante a gravidez: um no primeiro trimestre, dois no segundo e três no terceiro. “Esse é o mínimo. Para a paciente ficar mais segura, a orientação é que as visitas ao médico sejam men-

Cuide-se sempre Vacinas No calendário de vacinação brasileiro, definido pelo Ministério da Saúde, constam vacinas desde o nascimento até a terceira idade. Algumas das doses, como as que previnem febre amarela, difteria e tétano, devem ser repetidas a cada dez anos. Outras são específicas, direcionadas a grupo de riscos, grávidas ou idosos, por exemplo. Para conhecer o calendário, acesse http://portal.saude.gov.br. Olhos O primeiro exame oftalmológico deve ser feito na maternidade, para diagnosticar se o recém-nascido apresenta algum problema. “Se nada for detectado, o ideal é que a criança vá ao oftalmologista de três em três anos, a partir dos quatro anos”, explica o professor do departamento de Oftalmologia, Sebastião Sobrinho. Na idade adulta é importante que a regularidade das consultas não ultrapasse dois anos. “Pessoas acima dos 40 anos e que têm casos de glaucoma na família podem reduzir esse intervalo para um ano”, orienta.

Mariana Pires

sais até o sétimo mês de gestação, de duas em duas semanas no oitavo mês e a cada semana no nono, para um acompanhamento mais próximo antes do parto”. Logo nos primeiros dias de vida, é fundamental a realização da triagem neonatal, conhecida como “teste do pezinho.” A partir do sangue do bebê são diagnosticadas doenças genéticas como a fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. A professora do departamento de Pediatria, Maria Christina Oliveira, explica que no primeiro ano de vida o ideal é que os pais ou responsáveis levem as crianças ao médico uma vez por mês.A partir do segundo ano, as consultas podem ser anuais. Ela também lembra que é importante ficar atento a alguns sinais: “Na presença de febre elevada, prostração, recusa de alimentos, dificuldade respiratória e vômitos, a família deve procurar serviço de urgência”, recomenda. De acordo com a professora, o pediatra acompanha a criança até os 18 anos. “Na adolescência também pode ser necessária a visita a um hebiatra, que é especialista nessa área”, explica. O professor Cezar lembra que as meninas devem, ainda, visitar o ginecologista se possível antes do início da vida sexual, para receber orientações sobre a saúde e prevenção de doenças. Idade adulta e envelhecimento Para a professora da disciplina Medicina Geral de Adultos, Maria Marta, é importante que um adulto realize exames de prevenção, o check-up, de cinco em cinco anos, a partir dos 25 anos. “Com os exames acompanhamos a glicemia, o colesterol e qualquer alteração clínica. Isso torna possível prevenir doenças e orientar melhor o paciente sobre cuidados a serem tomados”, observa. Ela esclarece também que, com o passar do tempo, há o acúmulo dos riscos cardiovasculares, e é preciso estar atento. “Entre os 40 e 50 anos, o check-up deve ser realizado de dois em dois anos e, a partir daí, o acompanhamento deve ser anual”, esclarece. Com a chegada da terceira idade, aos 60 anos, a regularidade das consultas deve ser mantida. “O idoso saudável deve continuar indo ao médico anualmente, para os exames preventivos”, explica a geriatra e professora do departamento de Clínica Médica, Valéria Passos. Segundo ela, o médico pode ajudar na orientação, prevenção e tratamentos sobre doenças mais comuns durante o envelhecimento, a exemplo do alzheimer, demência, osteoporose e outras. “Não estamos aqui somente para curar, mas para ajudar as pessoas a estarem bem”, conclui a professora.

Previna-se

Saúde da mulher

O professor Cezar explica que os exames de prevenção do câncer do colo do útero devem ser realizados com o início da vida sexual da mulher. Para o câncer de mama é importante que os exames sejam regulares a partir dos 50 anos. “O mesmo vale para o homem, que deve prevenir-se contra o câncer de próstata a partir dessa idade”, ressalta Maria Marta. Em ambos os casos, os professores alertam para o histórico familiar: em casos de câncer na família, a prevenção deve começar aproximadamente 10 anos antes da idade com que o parente apresentou a doença.

De acordo com Cezar Rezende, durante o período reprodutivo, os exames preventivos devem ser feitos anualmente. O médico também deve ser consultado em casos atípicos, como dores ou corrimentos, e em situações especiais, como nos exames pré-nupciais, planejamento de gravidez, início da vida sexual precoce ou tardia.

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Professores relutam em buscar ajuda Tratamento de distúrbios vocais começa apenas quando o problema já avançou. Autora de tese defende intervenção no ambiente de trabalho para aliviar a carga vocal desses profissionais. Victor Rodrigues

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istúrbios vocais estão entre as maiores causas de faltas ao trabalho entre professores. Cerca de 30% dos profissionais já tiveram alguma ausência relacionada a esse tipo de problema. No entanto, o tratamento só começa quando a doença atinge grau mais avançado. Os motivos para essa demora, geralmente, têm natureza social. “A disfonia causa vários inconvenientes que podem interferir no relacionamento dos professores com seus colegas e na busca por tratamento”, afirma a fonoaudióloga Adriane Mesquita de Medeiros, autora de tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. Adriane analisou os dados de 1980 professores da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, por meio de questionário sobre as condições de saúde e de trabalho, incluindo os distúrbios vocais. Além disso, entrevistou 18 professores encaminhados para tratamento no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Os resultados mostram que os professores relutam em procurar ajuda. Em geral, a primeira consulta acontece apenas quando o problema já está grave a ponto de limitar a atuação em sala de aula. “Professores

Adriane Mesquita de Medeiros defende microfones nas salas de aula para preservar a voz dos professores.

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que perceberam piora na qualidade da voz, ruído elevado na sala de aula e que tiveram alguma ausência recente devido a problemas na voz foram os que mais buscaram assistência”, afirma a autora. São vários os motivos para essa demora. Na rotina puxada dos professores, que muitas vezes trabalham em dois turnos, procurar tratamento já é um transtorno. As consultas periódicas, normalmente no horário de trabalho, podem exigir reorganização da escola para cobrir essas faltas, situação associada a desgaste com os colegas e diretoria. As ausências recorrentes também podem comprometer o aprendizado dos alunos, que percebem o ambiente conturbado. Em casos mais graves, pode até ser necessário diminuir a carga horária de trabalho ou o afastar-se complemente do ambiente escolar. “Assumir que está doente implica encarar problemas para o próprio professor e para a escola”, explica a autora. “A negação é uma forma de não enfrentar essas situações”. Apesar de não procurar ajuda, os professores conhecem os riscos de forçar a voz e quais os cuidados devem ser tomados. As condições de trabalho, no entanto, costumam dificultar a adoção de uma rotina mais saudável. “Uma turma indisciplinada pode obrigar o professor a usar a voz para se impor, e se desgastar ainda mais”, exemplifica Adriane. “Outras situações fora de seu controle, como obras na escola durante as aulas, também forçam o uso inadequado da voz”. A saída, de acordo com a autora, seria a intervenção direta no ambiente de trabalho. Disponibilizar microfones seria uma maneira de poupar a voz dos professores sem atrapalhar as aulas. A substituição dos quadros de giz por quadros brancos é outra medida eficaz para reduzir a ocorrência

de problemas respiratórios - fator também relacionado a faltas e ao aumento na busca por assistência vocal. “O investimento em recursos didáticos que auxiliem no melhor uso da voz ajudaria bastante a diminuir o absenteísmo e o adoecimento de professores dentro da escola”, afirma Adriane. Título: Dimensões do distúrbio vocal em professores Nível: Doutorado Autor: Adriane Mesquita de Medeiros Programa: Saúde Pública Orientador: Ada Ávila Assunção Coorientadora: Sandhi Maria Barreto Defesa: 05/09/2012

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SAÚDE

Mitos e verdades sobre a saúde da voz Lucas Rodrigues

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rofessores e demais profissionais que trabalham com a fala podem ser os mais prejudicados, mas nenhuma pessoa está a salvo de ter, ao longo da vida, algum problema com a voz. O hábito de fumar é apenas um dos fatores que pode trazer alterações vocais. Conheça outras causas desses problemas, além de cuidados básicos para uma voz saudável, na entrevista com a fonoaudióloga e professora do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Letícia Caldas Teixeira. Os líquidos gelados são prejudiciais à voz? E o que dizer da combinação entre o líquido gelado e o quente? DEPENDE. No caso do líquido gelado, se a pessoa tem uma reação sensível ao gelado, pode ser sim, prejudicial. Situação semelhante a um choque térmico, que também depende da sensibilidade do indivíduo para avaliar se esse pode ser considerado um fator de risco ou não. Quando a pessoa já tem uma disfonia, que é uma alteração na voz, ela pode sentir um

incômodo nessas duas situações. O tratamento para a disfonia deve ser conjugado entre os profissionais de otorrinolaringologia e os de fonoaudiologia. O fumo e as bebidas alcoólicas afetam a voz? VERDADE. O fumo certamente prejudica a saúde vocal, assim como as bebidas alcoólicas em excesso. É comprovado que outras drogas também fazem mal. O câncer de laringe, por exemplo, que é uma grande preocupação no mundo, acomete a voz e é causado principalmente pelo fumo e pelo álcool. O problema de voz está mais relacionado aos maus hábitos do que à chegada de uma idade mais avançada. VERDADE. Independentemente da faixa etária, a pessoa pode ter um problema na voz. Da criança ao idoso. A saúde vocal vai depender dos cuidados de cada um no decorrer da vida. Alimentação equilibrada preserva a nossa voz. VERDADE. Uma alimentação balanceada contribui com a saúde geral do indivíduo. Mas atitudes como beber muita água, não gritar e, principalmente, dar atenção para os sintomas do corpo que persistem por mais de 15 dias, como uma rouquidão, são mais importantes no caso da voz. A maçã é benéfica à voz MITO. A maçã é rica em nutrientes e faz muito bem para nossa saúde. Além disso, é um alimento adstringente, que diminui as secreções. Mas se sua voz está cansada, a maçã não vai fazê-la melhorar, então procure saber os motivos de ela estar assim. Benéficos são os exercícios para a voz e outras dicas de cuidados vocais. (na ilustração). O hábito de chupar balas de gengibre e outras semelhantes traz algum impacto positivo sobre a voz. MITO. Algumas pessoas têm como hábito chupar balas, principalmente as de gengibre, contra a dor de garganta. Mas elas não funcionam para quem tem um problema associado à má utilização da voz. Se há uma inflamação na corda vocal, por exemplo, o melhor a se fazer é ir ao médico. A bala funciona como um paliativo e acaba confundindo os sintomas do problema. A pessoa pode até sentir um conforto ao chupar uma balinha, mas isso não significa que ela está melhorando. Nesse caso, os sintomas voltarão em breve.

Fonte dos dados: Campanha da voz 2009

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Uma voz alterada retorna ao seu estado original? DEPENDE do que causou a alteração vocal. No caso do câncer de laringe, por exemplo, se a pessoa precisou fazer uma cirurgia, provavelmente ela terá prejuízos na voz mais significativos do que uma pessoa que teve “calos vocais”. Mas se for um caso mais passível de ser tratado com a terapia fonoaudiológica, ela vai melhorar e deverá ter o retorno da sua voz habitual.

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ENSINO

Radiação sob medida Exames como o de raio-x e tomografia são importantes ferramentas para detecção de doenças, mas também oferecem riscos ao corpo humano. Luíza França

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superexposição à radiação pode ser uma ameaça à Medidas nacionais saúde. Por isso, ao recorrer a um exame radiológico, A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) como raio-x ou tomografia, os profissionais responsáveis é o órgão responsável por definir os limites para expodevem balancear as vantagens e desvantagens para o pa- sição do profissional que realiza esses exames. Também ciente, além de tomar as medidas necessárias para eliminar exige salas com paredes e vidros especiais, biombos, e se ou minimizar possíveis riscos associados a esses procedi- for preciso ficar perto do paciente, um uniforme composmentos. to por roupas protetoras. Para os trabalhadores da mediOs prejuízos podem ir de queimaduras a desenvol- cina nuclear, que administram o material radiológico no vimento de cânceres. No caso de paciente, a melhor forma de se acidentes radiológicos, a exemproteger é ficar o menor tempo Para cada caso, um nível de radiação: plo do ocorrido em Goiânia em possível em contato ou próximo 1987, e os de usinas nucleares, ao indivíduo, que terá se tornado • Pessoas obesas devem ser expostas a mais raos danos podem surgir imediauma fonte de radiação durante o diação, pois será preciso atravessar uma quantitamente, como graves lesões de procedimento. dade de massa corporal maior para obter uma pele. imagem nítida; A CNEN também estaMas há casos em que o belece diretrizes para a exposiindivíduo não é afetado na hora: ção das pessoas submetidas aos • Em crianças, com células em processo de divias consequências aparecem após exames, mas segundo Mamede, são, a recomendação é reduzir ao máximo a dose muitos anos, ou apenas nas geraainda falta rigor para que elas de radiação utilizada; ções posteriores, pois provocam sejam reconhecidas e levadas a uma alteração genética. Nessas sério. “Em geral os profissionais • A gravidez não é um impeditivo para o exame, situações, as causas podem ser daqui se baseiam nas normas inmas é preciso avaliar sua necessidade e reduzir a múltiplas e precisam ser averiternacionais”, afirma. dose de radiação; guadas. “A pessoa não foi exposSobre as informações ta apenas ao exame que fez, mas recebidas pelos pacientes sobre •Em geral, todos os pacientes devem evitar ou, também à radiação das lâmpadas, esse tipo de procedimento, nosquando não for possível, proteger partes sensíà poluição, ao cigarro e a uma séso país também fica para trás. O veis do corpo da radiação, como áreas de fertilirie de fatores da vida cotidiana”, professor cita como parâmetro dade, por exemplo. explica o coordenador do curso os Estados Unidos, onde nos rede Tecnologia em Radiologia da sultados dos exames consta, obrigatoriamente, o grau de Faculdade de Medicina da UFMG, Marcelo Mamede. “A radiação utilizado. No Brasil, esses dados ainda não são patologia não é um resultado de apenas uma coisa. O que repassados. Também não há uma fiscalização efetiva de podemos fazer são suposições”, acrescenta. todas as clínicas que realizam exames. Boa formação faz a diferença Mamede destaca dois momentos importantes para definir os riscos da radiação: a conduta do médico que pedirá os exames, e a do radiologista ou tecnólogo que os realizará. “Algumas vezes, em um simples caso de sinusite, que poderia ser resolvido com uma chapa de raio-x, são pedidos exames que oferecem um risco muito maior”, pontua . O profissional que executará os exames também precisa entender muito bem a tecnologia que está utilizando. É indispensável saber dosar corretamente o nível de radiação e reduzir ao máximo possível os riscos, sem prejudicar a qualidade da imagem. Apesar das possíveis implicações, Mamede pondera que não podemos condenar os exames, nem desenvolver um medo desnecessário. Para o professor, a evolução tecnológica é imprescindível e, hoje, podemos ter uma alta precisão nos diagnósticos. Ele defende uma maior atenção com a tecnologia, mas principalmente com a formação de quem vai manipulá-la.

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Fotos: Banco de Imagem www.sxc.hu

Raio-x pode ser usado para o diagnóstico de doenças e lesões.

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Hanseníase: cuidados que vão além do paciente Quebrar a cadeia de transmissão da hanseníase envolve atenção também para as condições de vida e pessoas próximas do doente Victor Rodrigues

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liminar a hanseníase como um problema de saúde pública é uma meta do governo brasileiro. No entanto, tratar os doentes é apenas o começo. Algumas características da doença exigem que o cuidado seja estendido a toda comunidade. Duas teses defendidas em agosto na Faculdade de Medicina da UFMG abordam exatamente essa preocupação, que vai além da pessoa com hanseníase. Um dos principais problemas a ser enfrentado para que ocorra a redução de casos da hanseníase no país é a forma de transmissão da bactéria. “O contato contínuo e frequente com alguém infectado e sem tratamento representa o maior risco para se contrair a doença”, afirma a coordenadora estadual do Programa de Combate à Hanseníase da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, Ana Regina Coelho de Andrade. Por essa característica, as pessoas que vivem com pacientes com hanseníase, sem tratamento, são a população de maior risco para desenvolver a doença no futuro. Esses indivíduos foram o tema da tese de doutorado de Ana Regina. Por um período de nove anos, ela acompanhou 2840 contatos de novos casos diagnosticados de hanseníase. O acompanhamento permitiu verificar que 50% deles desenvolveram hanseníase nos 10 primeiros meses da doença, e 90% em até 20 meses. Para Ana Regina, esses resultados mostram a necessidade de acompanhamento dessas pessoas por um período de dois anos, e não apenas na época do diagnóstico do caso de hanseníase, como é a recomendação atual do Ministério da Saúde. “O diagnóstico precoce é importante para aumentar as chances de cura sem sequelas e interromper a transmissão da bactéria, levando à redução contínua no número de novos casos”.

Teste ML Flow Ao buscar por fatores que indicassem predisposição para desenvolvimento da hanseníase entre pessoas que vivem com doentes sem tratamento, Ana Regina Coelho de Andrade submeteu os contatos dos novos casos diagnosticados entre outubro de 2002 e março de 2004 ao teste sorológico ML Flow, que consegue detectar a presença de anticorpos contra o Mycobacterium leprae mesmo em quem não está doente. “A existência desses anticorpos indica que a pessoa teve contato com a bactéria e é possível que desenvolva hanseníase no futuro”, explica a autora. Apesar de algumas pessoas com o teste negativo terem ficado doentes, o percentual foi significativamente maior naquelas cujo resultado apontou a existência dos anticorpos contra a bactéria causadora da doença. O teste é simples, realizado com uma gota de sangue retirada da ponta do dedo, e o resultado é obtido em apenas cinco minutos.

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Melhoria da qualidade de vida Também é imprescindível atuar para a melhoria das condições de vida da população. Esse foi o foco de outra tese desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG. A médica Maria Aparecida Alves Ferreira analisou dez anos de dados referentes à hanseníase, em Minas Gerais. O objetivo foi investigar a relação de indicadores socioeconômicos Ilustração: Ana Cláudia Ferreira dos municípios, como IDH (índice de desenvolvimento humano), índice de Gini (usado para medir a desigualdade segundo a renda domiciliar per capita) e PIB per capita, com a taxa de detecção de hanseníase em menores de 15 anos, principal indicador epidemiológico, utilizado como padrão pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela Organização Mundial de Saúde. O estudo mostrou uma relação clara entre baixos indicadores socioeconômicos e alto número de casos. Para o professor Manoel Otávio da Costa Rocha, coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG, isso é prova de que para alterar o quadro da hanseníase no Brasil é necessário encarar de frente os problemas sociais que existem no país. “A hanseníase é uma doença da pobreza, das más condições de vida. O diagnóstico e tratamento precoce são importantes, mas isso só vai terminar no dia em que as desigualdades forem reduzidas”, afirma. Título: Incidência de hanseníase nos contatos submetidos a teste sorológico ML-Flow em municípios de Minas Gerais Nível: Doutorado Programa: Infectologia e Medicina Tropical Autora: Ana Regina Coelho de Andrade Orientador: Carlos Maurício de Figueiredo Antunes Defesa: 03/08/2012 Título: Evolução das taxas de detecção de casos de hanseníase em menores de 15 anos no Estado de Minas Gerais de 2001 a 2010 e sua distribuição espacial Nível: Doutorado Programa: Infectologia e Medicina Tropical Autora: Maria Aparecida Alves Ferreira Orientador: Carlos Maurício de Figueiredo Antunes Defesa: 03/08/2012

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ESTUDANTIS

Acontece

Conclave e a Psicose consagram Medicina UFMG no esporte e na música Lucas Garabini

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om objetivo de criar vínculo entre os estudantes do curso de Medicina da UFMG, o Conclave Médico Desportivo, associação atlética de representação discente, organiza ano a ano a participação da Faculdade em diversos eventos esportivos e recreativos. Dentre as competições mais importantes e que mexem com o ânimo dos participantes está o Intermed, jogos olímpicos entre as faculdades de medicina do estado de Minas Gerais. Neste ano, a competição foi sediada na cidade de Montes Claros, nos dias 7,8 e 9 de setembro. Pela 17ª vez, a Medicina da UFMG se sobressaiu como a campeã geral, fato que não se repetiu em apenas duas oportunidades. Na visão do coordenador do Conclave, Walter Moreira, estudante do 2º período, mais do que competir, a intenção da agremiação é integrar os alunos. “Gostamos de ganhar, mas considero ainda mais importante do que os títulos, a possibilidade de criar um ambiente sadio, em que a prática esportiva proporcione amizade e união entre os calouros e veteranos” diz Walter. Charanga Psicose E se em toda competição esportiva os atletas precisam de torcida animada, para isso existe a charanga Psicose, que segundo seu diretor, Rafael Araújo, estudante do 8º período, é a maior charanga universitária do Brasil. Fundado em 1997, o grupo carrega a responsabilidade de dar apoio nas arquibancadas para os atletas que competem pelo curso de Medicina da UFMG. “Entendemos que nosso suporte é muito importante para os competidores e levamos isso muito a sério” diz Rafael. Além de torcer, a Psicose também compete no Intermed. Ao final dos jogos, é realizado o concurso de charangas, do qual ela é atual campeã. Avaliado em quesitos como Saiba como participar

Foto: Phocus 4/reprodução

Psicose se apresenta durante o Intermed 2011, em Juiz de Fora.

mensalidade simbólica, que é revertida para a organização das atividades recreativas e logística das competições, como transporte dos músicos e instrumentos. Aos mensalistas são ofertados descontos em ingressos para churrascos, confraternizações e participação em eventos esportivos. Eventos com organização e/ou participação do Conclave e Psicose Churrasco dos veteranos: ocorre uma vez por ano e é marcada pela reunião entre atletas atuais e ex - atletas; Churrasco dos atletas: comemoração pós- Intermed; Intramed: jogos esportivos entre os estudantes dos 12 períodos da Faculdade de Medicina da UFMG; Copa Café com Leite: disputa esportiva entre faculdades de medicina do estado de Minas Gerais contra a do estado de São Paulo; Copa Velha Guarda: disputa entre os atletas atuais e veteranos; Medicina Legal: jogos entre faculdades de direito e medicina.

Publicado o edital para concurso de professor substituto do departamento de Pediatria. Serão selecionados três docentes para as vagas. Os candidatos devem ter residência médica em pediatria credenciada pelo Ministério da Educação. As inscrições deverão ser feitas até 29 de outubro, na sala 267, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. O edital está disponível no site www.medicina.ufmg.br

Enem A Faculdade de Medicina da UFMG estará fechada nos dias 2, 3 e 4 de novembro para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. Nesse período, qualquer pessoa que precise entrar no prédio para outra finalidade, que não a da prova, deve fazer, com antecedência, contato com a Seção de Infraestrutura, pelo telefone (31) 3409 9665.

3º Congresso Nacional de Saúde Chefias de departamentos e funcionários se reúnem toda segunda quarta-feira do mês, às 11h, na sala da Congregação, para os preparativos do 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. O evento terá como tema central Cenários da Saúde na Contemporaneidade, e será realizado de 25 a 27 de setembro de 2013, nas dependências da Unidade.

IMPRESSO

Conclave: www.conclave.med.br/ conclave@conclave.med.br Psicose: Rafael Araújo - rafael_q_araujo@yahoo.com.br

harmonia, ritmo e coreografia, o concurso exige dos ritmistas ensaios regulares. “Temos reuniões uma vez por semana. Contamos com bons músicos na nossa formação, mas em algumas oportunidades contratamos um profissional para ajudar na construção dos ritmos e coreografias.”, completa o estudante. Para os alunos interessados em participar da charanga, é necessário pagar uma

Concurso

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