Saúde Informa nº 27

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 26 - Ano IV - Belo Horizonte, abril de 2013

Saúde na Justiça P

acientes recorrem ao Judiciário para garantir acesso a leitos, remédios e outros procedimentos ambulatoriais e hospitalares. Segundo análise de 783 ações movidas na Justiça mineira, ao longo de uma década, 90% dos serviços solicitados já são cobertos pelo SUS. Maioria dos pedidos envolve internações clínicas e em CTI. Página 3

CONGRESSO Faculdade volta a sediar evento nacional

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AMBIENTE Lixo dissemina pragas urbanas

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Ilustração: Luiz Lagares

PEDIATRIA Obesidade, um assunto de família

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Justiça e saúde Este mês, o Saúde Informa destaca pesquisa desenvolvida junto ao programa de pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, sobre a chamada “judicialização da saúde”. Trata-se de uma estratégia cada vez mais adotada por pacientes para driblar a demora que pode ser crucial no acesso a alguns serviços já oferecidos pelo SUS, a exemplo das internações em CTIs. Confira ainda como estão os preparativos para o 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG, marcado para o próximo mês de outubro. Este ano, o evento volta a ser realizado na própria Unidade, com o objetivo de envolver ainda mais a comunidade acadêmica nos debates sobre saúde e contemporaneidade. Em meio à já confirmada epidemia de dengue em Minas Gerais, aproveitamos para falar também sobre os cuidados que a população deve tomar para prevenir a disseminação do mosquito Aedes aegypt e de outras pragas urbanas responsáveis pela transmissão de doenças. E mais: telessaúde, obesidade infantil, e relógio biológico. Boa leitura!

Publicações

ACS | Faculdade de Medicina | UFMG

Editorial

Semiologia da Criança e do Adolescente A publicação tem o objetivo de contribuir para o ensino de Semiologia Pediátrica nos cursos da área da saúde. O livro aborda temas como aspectos relacionados ao atendimento, abordagem dos sistemas, exames de laboratório e de imagem, entre outros. Além disso, é acompanhado de um CD-ROM com as técnicas de exames dos diversos sistemas que formam o corpo humano, direcionadas para a criança e o adolescente. A obra é assinada pelos professores Maria Aparecida Martins, Maria Regina de Almeida Viana, Marcos Carvalho de Vasconcellos e Roberto Assis Ferreira, todos do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG. MedBook.

Tema:

Como Controlar a Hipertensão? Professora

Rosália Morais Torres 17 de Abril | Quarta-feira | 12h30 www.medicina.ufmg.br/quartadasaude

Local: Sala 150 Faculdade de Medicina da UFMG Av. Prof. Alfredo Balena, 190, 1º andar Santa Efigênia - Belo Horizonte

International Journal of Law and Psychiatry O periódico da Associação Internacional de Direito e Saúde Mental publicou artigo de uma pesquisa nacional que avaliou a “sensação de segurança pessoal ameaçada” dos magistrados brasileiros da Justiça do Trabalho. A autoria é das professoras Ada Ávila Assunção e Adriane Mesquita de Medeiros. A convite da entidade, o trabalho também será apresentado no 33º Congresso Internacional de Direito e Saúde Mental, em julho de 2013, em Amsterdam. Dentre outras coisas, a pesquisa conclui que mais de 30% dos magistrados do trabalho brasileiros se sentem inseguros em suas funções.

Entrada gratuita e aberta ao público

Assessoria de Comunicação Social

Expediente

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro ( Reg. Prof. 9945MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Rodrigues, Fernanda Campos, Mariana Pires e Marcus Vinicius dos Santos – Estagiários: Lucas Garabini, Tatiane Rezende, Amanda Almeida , Pedro Lucchesi e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; facebook.com/medicinaufmgoficial; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Pacientes entram na Justiça para garantir direito à saúde Quase todos os procedimentos requisitados no Judiciário mineiro são cobertos pelo SUS. Falta de leitos para internação clínica e em CTI é um dos principais problemas. Victor Rodrigues

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dificuldade de acesso a serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) em tempo oportuno é o principal motivo de ações na Justiça para realização de procedimentos ambulatoriais e hospitalares. É o que mostra dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Medicina da UFMG, com a análise de 783 processos judiciais desse tipo, ao longo de uma década, entre 1999 e 2009. Os serviços mais solicitados foram internações clínicas e em centro de terapia intensiva (CTI), que somaram 22,3% do total. De acordo com a pesquisa, mais de 90% dos procedimentos requisitados eram realizados pelo SUS, mas ainda assim as pessoas não conseguiam acessá-los. “O SUS reconhece que o paciente tem direito ao que pede, mas não é capaz de ofertar em tempo hábil para todos”, comenta a autora da dissertação, Fernanda de Freitas Castro Gomes. Entrar na Justiça, portanto, foi a maneira encontrada por esses pacientes para exigir um direito. A pesquisa identificou um aumento substancial no número de processos após 2006. Mais de 80% das ações foram ajuizadas entre 2007 e 2009, resultado, segundo Fernanda, de maior divulgação desta possibilidade para a população. “Pelo perfil dos pacientes, em geral aposentados e donas de casa com mais de 50 anos, percebemos que as ações são motivadas, mesmo, pela necessidade urgente de um serviço”, aponta Fernanda de Freitas. Do total de ações no período estudado, 71% dos casos foram deferidos. Em 30% destes, o deferimento ocorreu no mesmo dia, assim como em 737 dos 751 pedidos de liminar. Essa celeridade nas decisões, apesar de necessária, dada a urgência de alguns pedidos, é um dos pontos que levanta questionamentos sobre a atuação do Judiciário nesses casos. “É muito comum discutir essa intervenção pondo em xeque a capacidade técnica do Judiciário para tal”, afirma Fernanda. “Mas percebemos que a judicialização pode ser uma aliada, apontando as deficiências e gargalos do sistema”.

Pedidos de medicamentos O Grupo de Pesquisa em Economia da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG tem outros trabalhos relacionados à judicialização da saúde, a maioria focada em pedidos de medicamentos. Um desses estudos, apresentado pelo farmacêutico Orozimbo Campos Neto, em janeiro de 2012, analisou dez anos de ações judiciais requerendo um tipo de medicamento de alto custo, os chamados anticorpos monoclonais. Os resultados apontaram concentração de pedidos nas mãos de poucos médicos e escritórios de advocacia. O número alto e crescente de ações levou à incorporação de alguns dos treze medicamentos analisados à lista de remédios fornecidos pelo SUS. O autor da pesquisa destacou o valor da continuidade de pesquisas desse tipo. “É importante sabermos se as pessoas estão atrás unicamente do seu direito à saúde devido a problemas na assistência, ou até onde vai a pressão pela incorporação de medicamentos no SUS”, questiona.

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Judicialização de procedimentos ambulatoriais e hospitalares Período: 1999 a 2009 - Total de processos: 783 100

93,6%

80

71%

60 40 20 0

22,3% Pedidos de internações clínicas e em CTI

Pedidos deferidos

Procedimentos cobertos pelo SUS

Desospitalização e atenção básica Para a autora do estudo, o fato dos pedidos de internações ocuparem o topo da lista de ações reforça a necessidade de uma discussão sobre a gestão de leitos hospitalares no país. “O SUS tem feito mais do que o planejado, e mesmo assim não dá conta da demanda” explica. “Mas como o planejamento muitas vezes é mal feito, a própria alocação dos recursos é dificultada”. Um dos entraves para a melhora desse planejamento é o embate entre duas correntes relacionadas ao atendimento hospitalar. No Brasil prevalece, atualmente, a pressão por incorporar cada vez mais procedimentos ao SUS. Dessa forma, o paciente frequenta o hospital mais vezes e por mais tempo, o que amplifica o problema da falta de leitos. A tendência observada internacionalmente, no entanto, é abreviar internações e incentivar o acompanhamento do paciente em casa, permitindo a diminuição do número de leitos ocupados. Esta forma de tratamento adquire importância estratégica à medida que o Brasil caminha para uma população mais envelhecida, que precisa de mais cuidados médicos. “Se a atenção básica não está fortificada, se o investimento na promoção da saúde ainda não é efetivo, as pessoas vão utilizar cada vez mais o sistema de saúde”, afirma Fernanda. “O que o SUS precisa hoje é investir nesses pontos e reforçar sua gestão, de forma que tenha condições para atender essa demanda”. Título: Judicialização de procedimentos ambulatoriais e hospitalares do Estado de Minas Gerais Nível: Mestrado Programa: Saúde Pública Autora: Fernanda de Freitas Castro Gomes Orientadora: Eli Iola Gurgel Andrade Coorientadora: Mariângela Leal Cherchiglia Defesa: 01/02/2013

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TECNOLOGIA

Telessaúde conecta realidades distantes Profissionais de saúde do interior e dos grandes centros podem discutir casos clínicos, trocar experiências e se capacitar através de videoconferências e teleconsultoria Alessandra Ribeiro e Lucas Garabini

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a equipe de socorro poderá se conectar com um médico á dez anos, a Faculdade de Medicina da UFMG dentro do hospital, antecipando etapas e aumentando as foi responsável por uma iniciativa pioneira: a criachances de sucesso no atendimento da vítima. ção do Núcleo de Telessaúde (Nutel), em parceria com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Pouco depois, a experiência contribuiu para a implantação do Programa Formação Nacional de Telessaúde do Ministério da Saúde, em 2007. A telessaúde é também utilizada como instrumenNaquela época, o país inteiro contava com nove núcleos to de capacitação profissional, por meio da produção de produtores dessa tecnologia. Hoje, a estrutura brasileira conteúdo didático com base nas necessidades observadas é sete vezes maior: são 63 núcleos em todo o país, que já na rede de atendimento básico. “São modelagens geradas a atendem metade das equipes do Programa Saúde da Fapartir de animações 3D e com alta qualidade gráfica, elabomília (PSF). radas com a participação de professores da Faculdade de Uma das vantagens da telessaúde é justamenMedicina da UFMG que são referência em suas áreas. Neste te possibilitar a troca de informações, à distância, entre ponto, a tecnologia serve como uma ferramenta extremaprofissionais da saúde dos grandes centros e das cidades mente útil ao proporcionar um salto de qualidade no serviperiféricas. “Através ço ofertado, além de da teleconsultoria ser uma facilitadora é possível viabilizar do aprendizado”, de maneira ágil, ecoavalia Alaneir. Videoconferências possibilitam nômica e segura, o discussão de casos clínicos à distância Até o mocontato de um médimento, o Nutel já co que está na ponta produziu cinco módo sistema, ou seja, dulos educacionais em uma pequena cique visam o aperdade do interior sem feiçoamento dos grandes recursos, profissionais para com um especialisinterpretação de ta para a discussão eletrocardiograma, de casos clínicos”, atualização em hiexemplifica uma das pertensão arterial, coordenadoras do abordagem clínica e Nutel, a professora cirúrgica de paciente Alaneir Fátima dos vítima de trauma, urSantos. gência e emergência, além de atualização Iniciativas sobre a dengue. Foto: Bruna Carvalho Em Minas Para se ter Gerais, o Nutel desenvolve juntamente com a Secretaria uma ideia da abrangência da iniciativa, em 2011, o Curde Estado de Saúde um programa de atendimento em so Nacional de Formação em Telessaúde, elaborado pelo UTI neonatal, que conecta médicos do interior com os Nutel, possibilitou a formação de 352 coordenadores, enprofessores de Medicina da UFMG. “O propósito é intre médicos, enfermeiros e profissionais de outras áreas, cidir diretamente sobre a mortalidade infantil no estado, responsáveis pela direção dos 63 núcleos espalhados pelo colocando em contato diário médicos de UTI’s neonatais país que atenderão às equipes do PSF em 82 especialidades de cidades do interior com especialistas que estão em Belo médicas. Horizonte. Muitas vezes, sem este recurso, o transporte Em 2012, juntamente com o Ministério da Saúde dos bebês seria inviável, pois se trata de uma situação muie vários outros parceiros, o Nutel participou também da to delicada”, conta Alaneir. estruturação do Curso Internacional de Formação em TeOutra iniciativa que está em fase de implantação é lessaúde, financiado pelo Banco Interamericano de Deseno serviço de teleurgência, em parceria com Secretaria Muvolvimento (BID). A capacitação envolveu 387 dirigentes nicipal de Saúde de Belo Horizonte, que prevê a instalação de ministérios da saúde e de universidades de 16 países de recursos de comunicação em veículos do Serviço de latino-americanos. Um esforço da Organização de Tratado Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Isso possibilitade Cooperação para a Amazônia e da Organização Panrá a orientação do atendimento pré-hospitalar em tempo Americana de Saúde (Opas) para formar profissionais na real e a tomada rápida de decisões. Ainda na ambulância, área de telessaúde.

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CONGRESSO

De volta para casa Já na terceira edição, Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG volta a ser realizado na Unidade. Mariana Pires

3° Congresso Nacional de Saúde Faculdade de Medicina da UFMG Cenários da Saúde na Contemporaneidade

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madurecido , o evento que reúne profissionais de saúde de todo o estado e país chega, em outubro de 2013, à sua terceira edição. Em 2011, o evento foi realizado no Minascentro, paralelamente à 10ª Conferência Internacional de Saúde Urbana (ICUH). Seguindo o modelo do primeiro, o 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG volta a ser realizado no próprio prédio da Unidade, com a estrutura que a mesma dispõe. “O congresso tem uma casa, uma origem. A Faculdade de Medicina da UFMG é referência no Brasil, e temos orgulho de poder realizar um grande evento aqui”, conta o vice-diretor da Faculdade e coordenador executivo do Congresso, professor Tarcizo Nunes. Para ele, uma das principais vantagens em hospedar o evento na Unidade é integrar a comunidade acadêmica da UFMG. “Vamos fazer com nossa estrutura e nossos funcionários trabalhando. Todos os professores estão se envolvendo, inclusive eméritos, titulares e chefes de departamentos e centros. Também estamos convocando reuniões com os alunos dos três cursos para que possam participar do processo”, informa Tarcizo. Trabalho em equipe Para definir as temáticas discutidas deste Congresso, o professor conta que os chefes dos departamentos sugeriram os temas, que poderiam ser distribuídos nos oito eixos definidos (veja quadro). “Acreditamos que essa forma é capaz de atender interesses de diversos níveis de conhecimento”, diz Tarcizo. Nas últimas semanas, a Comissão Científica vem se reunindo para fechar o temário do Congresso. Antes disso, cada coordenador de eixo buscou definir, em reuniões

fechadas, a forma de trabalho. “Agora é hora de abrir novamente. Vamos sentar juntos para fazer um Congresso só. As reuniões, neste momento, são praticamente diárias. É a hora de adequar para que não haja sobreposição de temas”, explica. Estrutura Tarcizo Nunes conta que a ideia é que cada um dos oito eixos tenha suas atividades concentradas em uma sala. “A pessoa fica livre para transitar entre os temas de sua preferência”, complementa. De acordo com o coordenador executivo, o Salão Nobre, que passa por reformas, ficará por conta das apresentações que abordem temas mais abrangentes. “O auditório também vai receber, ao final da programação diária, uma palestra magna seguida de um evento cultural”, adianta Tarcizo. Promoção da saúde Em sua primeira edição, em 2008, o Congresso abordou os “Desafios da Promoção da Saúde”. Em 2011, a temática principal foram as “Políticas de Promoção da Saúde”. Dessa vez, o tema central do Congresso é “Cenários da Saúde na Contemporaneidade”. “Vamos avançar no tema, sempre permeado pela promoção da saúde. É ela que nos guia desde o começo”, lembra Tarcizo. “Em 2008, propomos sair do lugar comum, que é falar de doenças. Queremos falar da saúde, de como viver com saúde”, explica. Para o professor, o público esperado é de pessoas interessadas nesse tema e dispostas a agir para melhorar a promoção de saúde. “Nossa ideia é trabalhar com professores e alunos da saúde, secretarias, cooperativas e entidades representativas para não deixar a pessoa ficar doente, e evitar que chegue a um quadro que leva a um prejuízo da saúde e financeiro”, conclui.

Eixos Temáticos Desafios na gestão das instituições de saúde -

Multifaces da violência: realidade e enfrentamento – “A violência hoje é uma epidemia.

Discussões sobre público, privado, prioridades de investimentos e financiamentos. “Sem gestão adequada não existe saúde”.

A Faculdade é vanguarda no tema, com mestrado profissional sobre isso”.

Formação de Médicos e Mercado de Trabalho - Mercado de trabalho, formação, distri-

Responsabilidade Civil do Setor Saúde e Bioética – Ética, comunicação, eutanásia e ortotaná-

buição geográfica. “Interiorizar o médico é um grande desafio no Brasil”.

sia, erros, saúde mental. “Nossa responsabilidade de criar situações de um bom nível de atendimento”.

Ensino, pesquisa e extensão na Faculdade de Medicina - Graduação e Pós-Graduação, pesquisa,

Tecnologia e inovação a serviço da saúde -

extensão, pedagogia e material didático, Enade. “São os pilares da Universidade”.

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Procedimentos de “ponta”, redução de agravos, telessaúde, simulação, cirurgias. “Conseguimos tratar doenças que antes eram mais difíceis”.

Doenças emergentes, reemergentes, degenerativas e promoção da saúde:

Depressão, HIV, gripes,dengue, hipertensão, AVC. “A maneira mais adequada de fazer promoção da saúde para evitar o aparecimento e retorno de doenças”.

Atenção primária, secundária e terciária - Saúde da família,

urgência e emergência. “O atendimento pré-hospitalar salva vidas”.

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QUALIDADE DE VIDA

Não jogue sua saúde no lixo Doenças transmitidas por pragas urbanas têm relação com o modo como descartamos os resíduos que produzimos Amanda Almeida

ngana-se quem pensa que somente ratos, baratas, cupins e outros animais tidos como indesejáveis podem ser considerados pragas urbanas. Todos os animais e insetos que se acumulam no ambiente urbano e podem trazer riscos à saúde humana são enquadrados nessa classificação. Assim, o descontrole da população de caramujos, formigas, abelhas, escorpiões e vários outros animais – até mesmo gatos e cachorros – nas cidades torna-se preocupante. Em muitas ocasiões, os próprios seres humanos propiciam condições ideais para a disseminação das pragas. O desmatamento provocado pelo homem, por exemplo, leva várias espécies a procurarem abrigos no espaço urbano, lembra o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, José Carlos Serufo. Ele ressalta que, nas cidades, os animais encontram alimento de sobra no lixo que produzimos. “Nem sempre esse lixo é recolhido pelo serviço público. Muitas vezes ele fica acumulado nos quintais, inclusive dentro das casas, e esses materiais vão permitir a procriação e o aumento da população de pragas urbanas”, diz. As doenças transmitidas por esses animais geralmente são raras e se manifestam de forma grave, já que o ser humano não está preparado para elas. “Não são como uma gripe, que o organismo já conhece e acaba resolvendo por si só. São doenças que não têm um tratamento efetivo, de forma que a prevenção é sempre a melhor maneira de cuidar”, alerta José Serufo.

O lixo e a dengue O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, também é considerado uma praga urbana. Ele se reproduz na água limpa e parada que pode ficar armazenada em vasilhas, garrafas, pneus e outros utensílios acumulados em quintais, terrenos baldios e bota-foras irregulares. A prevenção, neste caso, envolve também o ensino de orientações corretas. Quando a população é instruída a tampar a caixa d’água, por exemplo, é preciso esclarecer que fazer isso com madeiras, tábuas ou pedras não é a maneira mais adequada, já que ainda podem ficar frestas pelas quais a fêmea do pernilongo consegue entrar e depositar seus ovos. A forma mais eficiente, recomendada pelos especialistas, é a vedação com telas. O professor José Serufo salienta que a conscientização, aliada às ações práticas, é capaz de dar um fim à dengue. “Se nós impedirmos que a fêmea do Aedes deposite seus ovos, nós não teremos mais a doença, porque não haverá mais o vetor”, afirma.

acondicione o lixo em sacos plásticos fechados e sem furos ou em recipientes com tampa; não descarte o lixo em terrenos baldios, nem em bota-foras irregulares; construa um porta-lixo, para colocar os sacos e embalagens contendo os resíduos, evitando que cães e gatos os espalhem; retire as sobras de alimentos ou ração dos animais domésticos antes de anoitecer; guarde o lixo em locais altos até a coleta; evite o acúmulo de objetos sem uso no quintal ou dentro da cozinha. 6

Ilustração: Carina Cardoso

Como controlar as pragas urbanas Perigo Um dos exemplos de animais que se tornaram pragas em grandes centros urbanos são os pombos. Com uma estimativa média de vida que vai de três a cinco anos, eles encontram alimentos nos restos orgânicos deixados pelos habitantes nas cidades e, segundo o Ministério da Saúde, podem transmitir mais de 57 doenças catalogadas, entre elas a criptococose, infecção pulmonar que pode levar à pneumonia e até à meningite. Outro caso, o da proliferação de escorpiões, também resulta de um desequilíbrio ambiental. Estes aracnídeos se alimentam de baratas, que se multiplicam no lixo. Quanto mais lixo descartado incorretamente, mais baratas, e, consequentemente, mais escorpiões. A picada do escorpião pode provocar aumento da frequência cardíaca, dificuldade para respirar e queda de pressão, principalmente em crianças menores de 12 anos.

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Ilustração: Carina Cardoso

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PEDIATRIA

Obesidade infantil: um assunto de família Hábitos alimentares que contribuem para o ganho de peso costumam ser aprendidos em casa.

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udanças na economia, maior facilidade de obter alimentos, urbanização, mídia, diminuição de atividades físicas e novos hábitos alimentares. Todos esses fatores contribuíram para uma espécie de inversão no perfil das crianças brasileiras. “Antes tínhamos uma alta prevalência de desnutrição e agora temos uma crescente obesidade infantil”, compara o pediatra Paulo Pimenta de Figueiredo Filho, professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Setor de Nutrição Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG. “Aqui em Minas, tínhamos o tradicional arroz, feijão, carne, verdura. Agora temos o fast food, as lanchonetes e a alimentação rápida, que geralmente têm alto teor energético-protéico”, exemplifica.

Ilustração: Carina Cardoso

Na verdade, trata-se de um fenômeno global. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a obesidade dobrou no mundo, entre 1980 e 2008. Doze por cento da população mundial, o equivalente a 500 milhões de pessoas, estão acima do peso. Uma tendência que pode ter origem na infância e se perpetuar na fase adulta, explica Paulo Pimenta. “As estatísticas mostram que uma criança obesa, que muitas vezes tem algum dos pais ou ambos obesos, possui chances maiores de ser um adulto obeso. Isso é devido a um mecanismo de uma sistêmica familiar relacionada a hábitos que contribuem para o ganho de peso”. No Brasil, a Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009, mostrou que 34,8%

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Pedro Lucchesi

das crianças com idade entre cinco e nove anos estavam acima do peso recomendado pelo Ministério da Saúde. E dos que tinham entre 10 e 19 anos, 21,7% estavam com sobrepeso. A origem do problema é evidente na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada no mesmo ano. Os resultados mostram que apenas um terço dos alunos matriculados no ensino fundamental da rede privada consome frutas e hortaliças em cinco dias ou mais na semana. Refrigerantes e frituras fazem parte da rotina alimentar de 40% dos alunos. “Além da mudança do padrão alimentar da população, a obesidade em crianças e adolescentes tem uma forte relação com a família. A criança não está desgarrada do seu contexto familiar, da nossa carga familiar. A nossa história se perpetua nas crianças”, observa Paulo Pimenta. Uma das preocupações com relação à obesidade infantil são as consequências de curto e longo prazo. Meninos e meninas acima do peso têm maiores chances de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes ainda jovens. Além disso, reduções na qualidade de vida são observadas na infância, já que é comum sofrer provocações dos colegas e ser isolado socialmente. Quanto antes, melhor Por outro lado, o tratamento iniciado mais cedo é mais eficaz. Em comparação com o adulto obeso, a criança obesa tem maior facilidade para perder peso, porque mudar os hábitos na infância é menos complicado do que na fase adulta. Além disso, no período de crescimento, o controle do peso se torna mais eficaz. “Se você trabalhar bem uma criança, a família dela, fica mais fácil tratá-la do que o adulto. O adulto tem que restringir. No caso da criança, por estar em crescimento, é só controlar sua alimentação”, compara o pediatra. Em ambos os casos, a recomendação do especialista é a mesma. “Uma abordagem correta para tratar a obesidade é uma equipe multiprofissional, adoção de hábitos de vida saudável, como andar, movimentar, comer alimentos com alto teor de vitaminas e de fibras, que são as frutas, os vegetais, arroz e feijão também”. E, lembrando, Hipócrates, o pai da Medicina, ele conclui: “não tem alimento ruim, comer de tudo um pouco, nem muito nem pouco”. 7


QUALIDADE DE VIDA

Acontece

Mudança de estação pode afetar relógio biológico

Neuropsicologia

Dias mais frios e escuros contribuem para maior sonolência e, em casos extremos, levam até mesmo à depressão.

Entre os dias 17 e 20 de abril, serão realizados o II Congresso Mineiro de Neuropsicologia e o IV Curso Carl Wernicke de Neuropsicologia, no campus Pampulha da UFMG. Os eventos são dirigidos a estudantes e profissionais de psicologia e das áreas da saúde e da educação. Informações: cmneuropsi.wordpress. com

Fernanda Campos

A chegada do outono implica em mudanças na duração do dia e da noite, condicionadas pela diminuição do período de luminosidade solar. Embora essa diferença seja menor nos países localizados próximos à linha do Equador, como o Brasil, as noites mais longas que os dias implicam em um pequeno desajuste do relógio biológico, que define o ritmo das atividades do organismo. “Na verdade, todos os seres vivos, inclusive nossas próprias células, possuem um ritmo biológico, já que nossa existência está atrelada, especialmente, ao ritmo dia-noite, às estações do ano e às fases da lua”, afirma o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Maurício Viotti. Hibernação O senso comum já relaciona a estação fria com a ocorrência de maior sonolência e aumento de apetite, uma situação análoga à hibernação, em que é preciso consumir muitas calorias para poder dormir muito. Segundo o especialista, a maior necessidade de descansar nas estações mais frias tem relação com o aumento da produção da melatonina, hormônio do sono produzido no período de escuridão. No entanto, Maurício Viotti alerta para um problema comum já conhecido pela psiquiatria, a chamada depressão sazonal, que ocorre principalmente em países onde a variação luminosa é maior. “De fato, esse tipo de depressão se deve à falta de luz e há muita sonolência e consumo calórico. O tratamento eficaz é a fototerapia, ou seja, o paciente apresenta melhora quando exposto regularmente a uma luz forte”, indica.

Foto: Bruna Carvalho

O professor ressalta que nós reagimos com nossas funções orgânicas e com nossos hormônios de acordo com o ritmo circadiano, ou seja, o período de 24 horas no qual se baseia o ciclo biológico. Ele atua como um relógio interno cerebral que funciona por conta própria, mas que tem a capacidade de se adequar aos estímulos externos de luz e àqueles relacionados à rotina, como ruídos, temperatura, horários de alimentação, de trabalho, entre outros. “O nosso organismo funciona como uma orquestra bem afinada com os ritmos biológicos”, compara o professor. Alterações repentinas dos horários seriam como desafiná-la, uma cacofonia de ruídos que incomodam e fazem mal. Apesar disso, pondera Viotti, usualmente se adequa o relógio biológico a partir de um ato voluntário da pessoa. “Exercícios matinais, não tomar café à tarde ou à noite, alimentação noturna balanceada e mais leve são maneiras de conseguir essa adaptação”, aconselha.

Minas Mundi O programa Minas Mundi, que oferece oportunidade de intercâmbio entre a UFMG e instituições de ensino estrangeiras, abre processo de inscrição entre os dias 15 e 19 de abril, exclusivamente através do Portal Minha UFMG. Ao todo, estão disponíveis 614 vagas em 19 universidades do exterior. O edital está disponível em www.ufmg.br/dri.

Triagem Neonatal O Núcleo de Ações e Pesquisas em Apoio Diagnóstico (Nupad) oferece, nos dias 17 e 18 de abril, programa de capacitação em triagem neonatal. São ofertadas 40 vagas para profissionais de saúde atuantes na área. As aulas serão na sala Amílcar Vianna da Faculdade de Medicina, no térreo da Unidade. Inscrições e informações: 32446443/6444/ 6445.

IMPRESSO

Ilustração: Luiz Lagares

Maurício Viotti compara nosso organismo a uma orquestra

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