Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 30 - Ano IV - Belo Horizonte, julho de 2013
Conceito de excelência C
urso superior de Tecnologia em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFMG recebe nota máxima na primeira avaliação do Ministério da Educação. Estudantes, professores e funcionários envolvidos (foto) comemoram o reconhecimento.
Foto: Bruna Carvalho
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FÉRIAS Viaje sem enjoos e outros transtornos
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EXTENSÃO Observatórios iniciam atividades
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SAÚDE Sal chega às mesas com menos iodo
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Editorial
Publicações
Excelência reconhecida Nesta edição, destacamos o desempenho do curso superior de Tecnologia em Radiologia na primeira avaliação a que foi submetido pelo Ministério da Educação. O resultado mostra o fortalecimento da graduação tecnológica na Universidade. Outra tendência que ganha força na Faculdade de Medicina da UFMG é a criação de observatórios, como o de Metabolismo e Nutrição e o de Saúde do Trabalhador. O Saúde Informa revela como está o andamento dos trabalhos de cada um dos grupos. Confira também as dicas para quem pretende viajar e quer evitar todo tipo de mal-estar durante os passeios. E os perigos para a saúde que podem estar escondidos no saleiro – a redução da quantidade de iodo no sal começa a valer neste mês. E mais: lançamentos de livros, divulgação científica, memória... Boa leitura!
Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia
Ele leva o nome da Faculdade de Medicina da UFMG...
Publicação oficial da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com a participação de renomados especialistas nacionais, dentre eles os professores titulares do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Francisco Cardoso e Paulo Caramelli. O livro aborda mais profundamente doenças com maior incidência no Brasil e na América Latina. É voltado para residentes e profissionais recém-formados que buscam obter o título de especialista na área. Editado por Joaquim Pereira Brasil Neto, diretor científico da ABN, e Osvaldo M. Takayanagui, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Editora Elsevier
Alfredo Balena Saúde do Trabalhador na Atenção Primária à Saúde _ Possibilidades, desafios e perspectivas O livro se destina a apoiar a consolidação das ações de saúde do trabalhador no âmbito da Atenção Primária à Saúde. A publicação inclui três partes, que articulam aspectos histórico-conceituais da Atenção Primária e da Saúde do Trabalhador, com estratégias de abordagem e experiências desenvolvidas em diversos municípios e regiões do país. Organizado pela professora Elizabeth Costa Dias e pela psequisadora Thais Lacerda e Silva, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, com a participação de profissionais dos serviços de saúde, pesquisadores e professores. Editora Coopmed
... e você?
Cegrad Centro de Graduação
Expediente
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro ( Reg. Prof. 9945MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Rodrigues e Mariana Pires – Estagiários: Karla Scarmigliat, Tayrane Corrêa, Tatiana Rezende e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 1500 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 55 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; facebook.com/medicinaufmgoficial; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.
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Saúde Informa - Julho de 2013
GRADUAÇÃO
Tecnologia em Radiologia recebe nota máxima do MEC Primeira turma de tecnólogos se forma em 2013
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Foto: Bruna Carvalho
ntes mesmo da formatura da primeira turma, o curso superior de Tecnologia em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFMG conquistou nota máxima, 5, na primeira avaliação feita pelo Ministério da Educação. Representantes do MEC estiveram na Faculdade e no Hospital das Clínicas da UFMG, no dia 14 de junho, para avaliar estrutura, programas de extensão, iniciação científica, estágios, grade curricular, além do plano de atividades e corpo docente. Para o atual presidente do Núcleo Docente Estruturante, professor Marcelo Mamede, a nota máxima mostra que as condições oferecidas pela Faculdade para a realização do curso são as melhores dentro do conceito do MEC. “A nota só reforça o trabalho que foi realizado. O intuito é de manter o conceito do curso, sempre ajus-
Kristian Oliveira, do 4º período: “Não fiquei surpreso com a nota”
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tando e modificando o que for necessário”, ressalta. O curso disponibiliza um laboratório que é o único do país destinado exclusivamente à prática dos alunos nas diversas modalidades de processamento de imagem. É justamente pela estrutura oferecida que o aluno do quarto período, Kristian Ellon Oliveira, aprova a nota do MEC. “O curso é realmente muito bom. Temos excelentes professores, estágios e estrutura da Universidade. Somos muito bem auxiliados, não fiquei surpreso com a nota”, diz. Mercado Na avaliação do atual coordenador da Tecnologia em Radiologia, Paulo Márcio, essa conquista é muito relevante, especialmente pelo curso ser novo na UFMG e também no país. “A tecnologia veio para ocupar um lugar definido no mercado de trabalho, o que garante a formação de profissionais e traz mais investimentos para a área e para o curso. Além disso, essa nota motiva os alunos e professores a continuarem os estudos, valorizando a instituição e desenvolvendo melhores condições de trabalho”, defende. O estudante do sétimo período, Nelson Assad, pertence à primeira turma do curso, que irá se formar no final deste ano. Para ele, é gratificante concluir a graduação com reconhecimento máximo. “Eu senti muito orgulho, porque vi desde o começo o curso e vi que o trabalho que a gente fez junto com os professores deu resultado. Sem-
Professores defenderam a criação de um departamento próprio
Foto: Bruna Carvalho
Larissa Rodrigues
pre fica um pontinho de medo do mercado de trabalho, mas o curso nos preparou bastante”. História A ideia da criação do curso Superior de Tecnologia em Radiologia nasceu em 2007, durante os trabalhos de professores da Faculdade de Medicina para a criação de um novo departamento, de Anatomia e Imagem. Foi quando surgiu a proposta de um curso que atendesse ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) na UFMG. Assim, o curso foi preparado para estrear no Vestibular 2010, ainda sob responsabilidade do Departamento de Propedêutica Complementar. O início foi um desafio. “Começamos com apenas dois professores da Faculdade de Medicina, auxiliados por uma farmacêutica e um bolsista da Engenharia Nuclear”, lembra a coordenadora pro tempore do curso à época, Viviane Parisotto. Para a professora, obter a maior nota hoje é um reconhecimento para quem trabalhou na idealização do projeto. “Receber a nota cinco é uma resposta. É a consideração para quem sustentou essa ideia: coordenadores, professores e os alunos”. Em 2012, o Departamento de Anatomia e Imagem (IMA) foi aprovado e o curso Superior de Tecnologia em Radiologia foi desvinculado do Departamento de Propedêutica. “Entendemos que era importante que tivesse um departamento sede que pudesse defender os interesses do curso. Essa ideia aproximou áreas de interesse, como a anatomia e vários segmentos da imagem”, explica o chefe do IMA, Humberto Alves. Segundo ele, a existência do departamento sede foi fundamental para essa aprovação em nível máximo. 3
FÉRIAS
Respire fundo e... boa viagem! Medidas simples podem ajudar a amenizar desconfortos típicos dos traslados Karla Scarmigliat
iajar de carro, ônibus, navio ou avião. Qualquer que seja a opção, para algumas pessoas, a viagem pode vir acompanhada de alguns desconfortos, como enjoos, dores no corpo e sensação de “ouvido tampado”. Nas viagens de longa distância, o cuidado com a postura é fundamental. Normalmente, a posição sentada sobrecarrega o joelho e outras articulações, além de comprometer a circulação. “Se o ônibus ou avião tiverem encosto para pés, o objeto deve ser usado. Assim, é possível aliviar a pressão na patela, a rótula do joelho”, ensina o professor do Departamento de Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Marco Antônio Percope de Andrade. Outro cuidado importante é com a coluna. Para amenizar as dores lombares ocasionadas pelo longo período de imobilização, o nível dos joelhos deve estar um pouco abaixo do quadril. “Medidas como ajustar o banco para manter uma postura relaxada e fazer alguns alongamentos também são importantes para evitar esse tipo de dor”, ressalta o professor. No caso de viagens em ônibus e carros, paradas a cada duas horas são essenciais. Alguns exercícios podem amenizar os desconfortos, como movimentos circulares com o pescoço, para os dois lados, com baixa intensidade. “Ficar na ponta dos pés por alguns instantes, repetidas vezes, e alongar braços e pernas são outros movimentos importantes”, ensina. Já nos aviões, o especialista recomenda levantar-se e andar um pouco, para ativar a circulação e reduzir as pressões nas articulações. O uso do travesseiro ou de algum suporte de pescoço, posicionado na altura da nuca, também ajuda a proteger a coluna cervical. “Assim é possível evitar possíveis dores ou torcicolos”, recomenda. Ouvidos Outra situação comum, em altitudes elevadas, é a alteração da pressão externa, acompanhada da sensação de perda na audição. A professora do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Denise Utsch Gonçalves, ressalta que, para aliviar esta sensação, é necessário que as pressões atmosféricas externa e interna se equilibrem. “Isso se consegue engolindo repetidamente, uma deglutição
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efetiva, ou bocejando”, indica. No caso de bebês ou crianças pequenas, é aconselhável amamentar ou oferecer a chupeta um pouco antes do pouso, o que também ajuda a reduzir essa pressão. As viagens aéreas podem agravar também a obstrução nasal. “Para quem está constipado, é aconselhável o uso de um descongestionante algumas horas antes do voo”, recomenda. Enjoos Para alguns viajantes, bastam poucos quilômetros dentro de um carro, avião, ônibus ou trem para sentir enjoos, também são muitos frequentes nas viagens de navio. De acordo com o gastroenterologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Ricardo Pereira Mendes, os enjoos são originados por um desequilíbrio entre as informações que olhos e labirinto – o ouvido interno – captam. “Enquanto os olhos enxergam um movimento, o labirinto, responsável pelo equilíbrio do corpo, percebe outro. O resultado é um desequilíbrio dessas funções, que causa sintomas como enjoos, tonturas e dores de cabeça”, explica. Certos costumes, como leitura no carro em movimento, podem confundir o sistema nervoso sobre os dados recebidos pelos olhos, ocasionando o mal-estar. Segundo Ricardo Mendes, outro fator que pode provocar o enjoo é a ansiedade. “Mesmo o avião sendo mais estável, as pessoas sentem enjoos por ficarem ansiosas”, exemplifica. Algumas dicas podem ajudar: sentar-se no banco da frente para acompanhar melhor o movimento do veículo; evitar leituras e jogos durante a viagem; fugir de situações de estresse nos trajetos longos e evitar bebidas alcoólicas, que causam alteração no labirinto. Em relação aos medicamentos, o professor ressalta que é preciso ter cuidado, mesmo que não haja necessidade de prescrição médica. “Deve-se ficar atento à dosagem correta. É preciso lembrar, também, que alguns causam sonolência e não devem ser ingeridos pelo motorista”, alerta.
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Ilustração: Carina Cadorso
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EXTENSÃO
De olho na saúde Dois novos observatórios de saúde iniciam suas atividades na Faculdade de Medicina da UFMG este ano. Mariana Pires
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mportantes instrumentos de vigilância em saúde, os observatórios começam a ganhar mais espaço no cenário de ensino, pesquisa e extensão atual. Em 2013, a Faculdade de Medicina da UFMG se prepara para dar início às atividades do Observatório de Metabolismo e Nutrição (Omenu) e do Observatório de Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte.
Observatório de Metabolismo e Nutrição
De acordo com a professora Maria Isabel Corrêa, que coordena o Omenu, o observatório tem, no momento, ações nas linhas de cuidados de crianças, adolescentes e idosos, em cenários ambulatoriais que vão da prevenção ao tratamento. “Ações de extensão, como as dos observatórios, são amplas e visam abranger várias áreas não só de uma forma observacional, mas,
essencialmente, atuante. No caso do Omenu é poder contribuir com o aumento do conhecimento na área de nutrição”, explica Maria Isabel. Ela conta que o Omenu quer repassar ao público a importância da nutrição no metabolismo para o funcionamento do corpo, além da valorização da qualidade de vida para a saúde e a importância do exercício físico. “O estado nutricional do indivíduo é determinante no tratamento de qualquer enfermidade, ademais, ser associado ao surgimento de múltiplas doenças”, esclarece Maria Isabel.
para tomadas de decisão a partir de acompanhamento e monitoramento da situação da saúde do trabalhador em BH. “A Faculdade de Medicina da UFMG tem tradição histórica de abordar a Saúde do Trabalhador. Esse observatório vem de uma necessidade do país, estado e fundamentalmente do município de BH, e envolverá a equipe técnica da Prefeitura, professores, pesquisadores e alunos da UFMG”, conta Tarcísio.
Trabalhador Já o Observatório de Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte será uma parceria entre a Faculdade, por meio do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) e da área de Saúde do Trabalhador, e a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da coordenação de Saúde do Trabalhador da Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com o coordenador do observatório, professor Tarcísio Pinheiro, a parceria está sendo articulada, em processo final de aprovação pelas duas entidades. Ele explica que o observatório se propõe a analisar indicadores, identificando problemas, tendências e subsídios
Incentivo Tarcísio Pinheiro explica que hoje, no Brasil, há um incentivo por parte do Ministério da Saúde para criação de instrumentos como observatórios, que trabalhem sintonizados com as políticas de vigilância, área que vem se fortalecendo cada vez mais no país. “Um observatório, criado geralmente em universidades e fundações de pesquisa, está atento a eventos, agravos e situações para identificar, monitorar e direcionar investimentos para melhorar a qualidade da saúde da população”, explica o professor.
História
Conheça outros observatórios já existentes na Faculdade de Medicina da UFMG: Observatório de Saúde da Criança e do Adolescente
Desde 2007, é espaço para análise sistemática e permanente de eventos, fatos, evidências e acontecimentos sobre a saúde da criança e do adolescente. O projeto reúne, analisa, difunde e divulga dados e informações relevantes para decisões setoriais, de universidades, governos e outras instituições, subsidiando políticas públicas de saúde. É uma parceria entre o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e a Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais.
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Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte
Fundado em 2002, é uma parceria da UFMG com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Tem como objetivos produzir conhecimentos sobre saúde urbana e seus determinantes para subsidiar políticas públicas que impactem na redução das desigualdades urbanas, e qualificar profissionais para atuar na área. Seu principal eixo temático é a promoção da saúde.
Observatório de Recursos Humanos em Saúde
A rede ObservaRH é iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e da Representação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil. Integrada à rede, está a Estação de Pesquisa de Sinais do Mercado de Trabalho (EPSM), do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UFMG (Nescon), criada em julho de 1999. Tem como propósito o monitoramento dos sinais do mercado de trabalho em saúde e o desenvolvimento de metodologias de pesquisa e avaliação na área de recursos humanos em saúde, incluindo aspectos da gestão, formação, regulação profissional e dinâmica dos mercados de trabalho. 5
SAÚDE
Sal chega às mesas com menos iodo Teor foi reduzido de 20 a 60 miligramas para 15 a 45 miligramas por quilo Alessandra Ribeiro e Amanda Almeida
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Foto: banco de imagens sxc
m julho, começa a valer a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece a redução na quantidade de iodo adicionada ao sal produzido no Brasil. A medida, publicada no Diário Oficial da União em 25 de abril, concedeu prazo de 90 dias para que as refinadoras se adequassem à mudança. O teor máximo permitido de iodo no sal foi reduzido de 60 para 45 miligramas por quilo. A adição do iodo no sal foi adotada na década de 1950 como estratégia de redução do bócio, doença provocada pela deficiência do nutriente no organismo. No entanto, a quantidade adicionada foi revista, recentemente, em razão das mudanças no padrão de alimentação dos brasileiros. Atualmente, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio de sal pela população brasileira é de cerca de oito gramas por dia. A recomendação da Organização Mundial da Saúde para populações com ingestão de sal em torno de 10 gramas por dia é que a faixa de iodação do sal esteja entre 20 a 40 miligramas por quilo. O Brasil era um dos poucos países que tinha o nível máximo de adição de iodo no sal acima do estipulado pela OMS.
Implicações O motivo da preocupação é que a ingestão excessiva de iodo pode desencadear, por exemplo, o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, que são doenças autoimunes. Trata-se de uma espécie de defeito no sistema imunológico, que reconhece a glândula tireóide como um organismo externo e produz an6
Sal e pressão arterial A redução da quantidade de iodo presente no sal não significa que seu consumo esteja liberado indiscriminadamente, até porque o iodo não tem nenhuma influência sobre outra doença: a hipertensão. “A grande maioria de pacientes são hipertensos não pelo grande volume de sangue nas veias, mas sim por sua resistência vascular periférica. Entre diversos fatores, o sódio presente no sal atua no aumento da resistência vascular, elevando a pressão sanguínea”, alerta a nefrologista Rosângela Milagres, também professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG. Ilustração: Carina Cardoso
Entenda as disfunções da tireóide Causado pela tireoidite de Hashimoto, o hipotireoidismo é uma inflamação que, aos poucos, pode destruir a glândula tireóide. “O paciente terá sintomas como pele seca, intestino preso, batimentos cardíacos mais baixos, lentidão mental. A pessoa fica toda devagar, em câmera lenta”, explica Rodrigo Boscolo. Porém, com o uso correto de medicamentos prescritos pelo médico, o paciente pode recuperar os mesmos níveis de hormônio tireoidiano de uma pessoa que não porta a doença. Já no hipertireoidismo, a glândula produz hormônios em excesso, e seu tratamento pode ser um pouco mais complexo, envolvendo métodos que vão além dos remédios. Por outro lado, o diagnóstico pode ser até mais fácil. “Os sintomas envolvem um comportamento mais acelerado, como aumento de sudorese, coração disparado. A pessoa fica agitada, hiperativa”, afirma o endocrinologista. ticorpos para tentar destruí-la. “O iodo não é um causador, mas um acelerador do processo”, afirma o endocrinologista Rodrigo Boscolo, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Segundo ele, analisar o histórico familiar é uma das formas de identificar essas doenças em quem já tem predisposição. “Se há pessoas na família com problemas na tireóide, há mais chances desse indivíduo também ter, principalmente se é uma mulher, visto que grande parte das doenças tireoidianas acomete mulheres”, diz.
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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Adolescentes trabalham em situações perigosas Cobrança familiar, desejo de independência financeira e busca de mão de obra barata levam à entrada precoce dos jovens no mercado trabalho adolescente pressupõe a existência de condições adequadas para sua execução, como supervisão e atividades que não sejam perigosas ou insalubres, conforme definido em lei. No entanto, tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da UFMG aponta uma realidade bem diferente desse ideal. O estudo, realizado em Diamantina, na Região Central de Minas Gerais, com 136 adolescentes entre 14 e 19 anos, encontrou 44% dos jovens envolvidos em alguma ocupação perigosa. “Todos se encontram em alguma situação de risco. O risco é inerente ao trabalho e pode ser minimizado, não anulado”, explica Christiane Motta, autora do estudo. A pesquisadora, também professora de Enfermagem na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFJVM), identificou uma separação bem clara dos riscos entre os gêneros. “Os meninos foram mais suscetíveis aos riscos ergonômicos, como o uso constante de forma física e o trabalho repetitivo, enquanto as meninas sofreram mais com as características do ambiente, como poeira e pó, ventilação, mudanças de temperatura, umidade, barulho e contato com substâncias em alta temperatura”, aponta. Essa separação é resultado do perfil de atividades desenvolvidas por cada gênero. Enquanto 37% dos meninos estavam empregados na construção civil, ramo mais representativo na amostra para este gênero, as meninas estiveram mais associadas ao trabalho doméstico 56%. Em ambos os sexos o comércio foi a segunda atividade com mais adolescentes empregados: 27% dos meninos e 25% das meninas. Além dos riscos, a falta de supervisão e até mesmo a inade-
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quação dos jovens para o tipo de serviço são problemas comuns. “As atividades desenvolvidas na construção civil apresentam risco ergonômico elevado, além de serem perigosas, sendo proibidas por lei de serem realizadas por adolescentes”, explica Christiane. “Já o trabalho doméstico inclui várias situações que contribuem para o desenvolvimento de diversas doenças ocupacionais e podem trazer risco de acidentes, como o contato com poeira e pó e o manuseio de substâncias em altas temperaturas”. Incentivo Apesar dos riscos identificados, Christiane destaca que o trabalho adolescente é incentivado pela sociedade. “Além da necessidade, a cobrança da família e o desejo de terem mais independência financeira são fatores importantes para o jovem decidir entrar no mercado de trabalho”, afirma. O fato de serem mão de obra mais barata também contribui para o desejo dos empregadores de contarem com estes trabalhadores. Segundo a pesquisadora, isso é reflexo de uma cultura que entende o trabalho precoce como importante elemento na formação da identidade, relacionando-se diretamente com um futuro promissor. “A sociedade ainda está presa à ideia de que se o adolescente começar a trabalhar cedo estará mais apto ao mercado de trabalho”, comenta. “Por outro lado, existem poucas iniciativas do governo que ofereçam alternativas, contribuindo para uma formação educacional de qualidade e a construção de uma visão política e social, cooperando com a formação profissional dos jovens e a inserção destes de forma produtiva e consciente no mercado de trabalho”. Metodologia A pesquisadora utilizou dados do cadastro familiar no Programa Saúde da Família para identificar os adolescentes trabalhadores, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Visitas domiciliares foram realizadas para a aceitação e autorização de pais e adolescentes para a aplicação do questionário, o mesmo recomendado
Foto: http://caritas.org.br
O
Victor Rodrigues
pelo programa de Atenção Integral à Saúde de Crianças e Adolescentes Economicamente Ativos do Ministério da Saúde. Para este estudo, a autora dividiu as zonas urbana e rural de Diamantina em diferentes setores, de acordo com as equipes do programa Saúde da Família dedicadas a eles, para delimitar a região a ser trabalhada. Apenas dois setores, escolhidos por sorteio, foram visitados – um na zona urbana, outro na zona rural. De acordo com Christiane, apesar deste estudo ter se concentrado na questão dos riscos a que estes adolescentes estão submetidos, o banco de dados montado inclui também informações que podem servir de base para vários outros estudos na área. “O questionário aplicado é bem abrangente, compreendendo dados sociodemográficos, histórico ocupacional, características do ambiente de trabalho e o histórico de saúde ocupacional”, destaca. Título: Caracterização dos riscos laborais em populações de adolescentes trabalhadores Nível: Doutorado Programa: Saúde da Criança e do Adolescente Autora: Christiane Motta Araújo dos Santos Orientador: Alysson Massote Carvalho (Instituto Presbiteriano Gamon – Lavras/MG) Coorientador: Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro Defesa: 17/05/2013
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MEMÓRIA
Acontece
Cememor passa por revitalização
Grupo de estudos
Espaço ganhará exposição eletrônica e de peças anatômicas Tatiana Rezende
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Centro de Memória da Medicina está em reforma, com o objetivo de estender, aprimorar e modernizar as exposições do local. Em fase de conclusão, o chamado “Corredor da Memória”, na lateral do Cememor, no andar térreo da Faculdade, será equipado com televisores que irão exibir imagens de várias peças do acervo, como livros, documentos, quadros, Foto: Bruna Carvalho esculturas e outras peças que fazem parte da história da instituição. De acordo com o engenheiro da Faculdade de Medicina da UFMG, ViníCorredor da Memória será cius Milleo, as equipado com televisores que principais moexibirão imagens sobre o acervo dificações feitas no corredor foram vedação com forro de gesso e instalação de painéis de madeira, além da colocação de vidros temperados nas vitrines do museu. Agora, o setor de Arquitetura e Engenharia aguarda apenas a chegada de luminárias para a finalização da obra. Depois disso, segundo Vinícius Milleo, em pouco tempo o corredor estará pronto. Quando os espaços físicos forem concluídos, profissionais da Museologia serão convocados para ajudar na elaboração dos novos projetos e exposições. Anatomia O espaço do Cememor também será utilizado pelo Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal, com outro tipo de acervo: membros do corpo humano, cérebros, fetos, dentre outras peças importantes da anatomia do homem. A chefe do departamento, professora Paula Vidigal, lembra que
o acervo já existe, no terceiro andar, no corredor da biopsia, mas ganhará maior visibilidade com a exposição no Cememor. Segundo ela, alunos da Liga Acadêmica de Patologia, um projeto de extensão, ajudaram a restaurar o acervo que, a princípio, terá 50 peças. Microscópio Outra novidade no Cememor será um espaço inteiramente dedicado ao primeiro microscópio eletrônico da Faculdade de Medicina da UFMG. O equipamento foi adquirido na década de 1960, para a inauguração do extinto Centro de Microscopia Eletrônica. Ao longo de 16 anos, o centro foi dirigido pelo professor Washington Luiz Tafuri, que faleceu em abril deste ano. Tafuri foi responsável pela publicação de cerca de 80 trabalhos relacionados às pesquisas microscópicas, por isso, o espaço será também uma homenagem ao professor.
O Grupo de Estudos em Didática Aplicada ao Aprendizado de Medicina (Gedaam) recebe, em julho, inscrições de estudantes de Medicina interessados em participar das atividades, que serão iniciadas em agosto. Mais informações: gedaam@outlook.com.
Inglês O curso de inglês especializado para a área da saúde, promovido pela Escola de Enfermagem da UFMG, recebe inscrições para novas turmas até 31 de julho. O curso é dividido em três níveis – Básico I, Básico II e Intermediário I – cada um com duração de sete meses. Inscrições: www.cursoseeventos. ufmg.br
MedCine
Vitrines do museu do Cememor ganharam vidros temperados
Após o período de férias, o projeto MedCine retomará as atividades na última quarta-feira de agosto, com a exibição do filme A pele que habito, do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. O cirurgião plástico Gustavo Costa Goulart é o convidado para o debate. As sessões terão início em novo horário, a partir das 18h15.
IMPRESSO
Foto: Bruna Carvalho
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