Saúde Informa Nº 31

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 31 - Ano IV - Belo Horizonte, agosto de 2013

Infância castigada T

ese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG mostra que a falta de integração entre os órgãos da rede de proteção da criança e do adolescente em Belo Horizonte contribui para a impunidade nos casos de violência.

Capa: Bruno Dayrell

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ESTUDANTIS Conheça os diretórios acadêmicos

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ENSINO Como ver as pessoas por trás das doenças

Agenda Congresso já tem nova data

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Editorial

Publicação

Preparação O Saúde Informa de agosto destaca tese de doutorado defendida na Faculdade de Medicina da UFMG com dados sobre o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência em Belo Horizonte. As informações reforçam a importância da integração entre as entidades envolvidas, para evitar a morosidade na punição dos agressores. É tempo de volta às aulas. Para quem está se formando, momento de se preparar para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Nesta edição, professores defendem a importância de os alunos fazerem a prova. Também ouvimos docentes sobre o desafio de ensinar os futuros médicos a se relacionar com os pacientes, enquanto pessoas. Já para os calouros, apresentamos os diretórios acadêmicos dos cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Tecnologia em Radiologia. Confira ainda orientações sobre a prática de exercícios na infância e adolescência e informações sobre o 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. Boa leitura!

Receitas para fenilcetonúricos e celíacos O livro traz 17 receitas, entre bolos, biscoitos, panquecas, pizzas, pães e coberturas – todas elaboradas para atender às restrições alimentares dos pacientes com fenilcetonúria e doença celíaca. São refeições baratas, saborosas e fáceis de fazer. Elas substituem ingredientes proibidos aos pacientes, como a farinha de trigo comum, e têm como base amido de milho, farinha ou creme de arroz, fécula de batata e polvilho. Escrito pelas professoras de Nutrição Michelle Rosa Alves (PUC Minas) e Rita de Cássia Ribeiro (UFMG), e pelas nutricionistas Eliane Aparecida Alves Novais e Jessica Pongeluppi de Carvalho. O conteúdo será disponibilizado no site do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico: www.nupad.medicina.com.br . Editora Fólium

Opinião

Tema:

Voz: cuidados e prevenção de lesões Professora

Letícia Caldas Teixeira 21 de Agosto | Quarta-feira | 12h30 www.medicina.ufmg.br/quartadasaude

Local: Sala 150 Faculdade de Medicina da UFMG Av. Prof. Alfredo Balena, 190, 1º andar Santa Efigênia - Belo Horizonte

Entrada gratuita e aberta ao público

Sua participação é muito importante para o Saúde Informa. Envie críticas e sugestões para jornalismo@medicina.ufmg.br

Expediente

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro ( Reg. Prof. 9945MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Rodrigues, Lucas Rodrigues, Mariana Pires e Rafaella Arruda – Estagiários: Karla Scarmigliat, Jéssica de Almeida e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 55 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; facebook.com/medicinaufmgoficial; www.twitter.com/medicinaufmg e jornalismo@medicina.ufmg.br. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Falta integração no combate à violência contra crianças Demora na punição dos agressores faz com que crianças continuem sofrendo violência,mesmo após notificação Victor Rodrigues

Ilustração: Bruna França

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falta de comunicação mais rápida e eficiente entre os órgãos que integram a rede de proteção da criança e do adolescente em Belo Horizonte pode levar a uma demora de mais de dois anos para a obtenção de uma sentença judicial contra o agressor. Ao longo de um ano, o índice de responsabilização dos agressores foi de 67%, embora em apenas 11% dos casos as denúncias não tenham se confirmado no decorrer dos processos judiciais. É o que aponta tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG pela psicóloga Rosilene Miranda Barroso da Cruz. Ela analisou todos os processos judiciais de violência doméstica contra crianças e adolescentes encaminhados ao órgão entre 2002 e 2003. Ao todo, foram 77 processos, envolvendo 134 crianças e 78 supostos agressores. A denúncia e suas consequências futuras envolvem várias

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instituições – Conselho Tutelar, Ministério Público, Tribunal de Justiça e serviços da Prefeitura de Belo Horizonte. A pesquisadora ressalta que o repasse de informações entre elas é fundamental para o bom funcionamento de todo o conjunto. Mas nem sempre isso acontece, dificultando a apuração dos casos e a responsabilização dos agressores. Morosidade O papel do Conselho Tutelar como porta de entrada do Sistema de Garantia de Direitos foi observado em 61% dos processos analisados. Porém, sua atuação também levanta questões sobre a efetividade do processo. As denúncias chegam a permanecer por mais de um ano, sem que os grupos familiares observem as orientações e encaminhamentos. Somado ao tempo que se gasta para obter uma sentença – em muitos casos superior a 30 meses – esse atraso pode permitir que a criança continue sofrendo a violência, mesmo depois que a situação já foi notificada. De acordo com a pesquisadora, seria importante avaliar melhor o tempo de permanência dos casos nessa instância. “Quando se percebe que não vai surtir efeito, pode-se transformar mais rapidamente a denúncia em processo judicial”, afirma. Outro problema é que, em muitos casos, a vítima é a única testemunha do abuso. “Situações como obrigá-la a depor na frente do agressor, que pode ser um dos pais, muitas vezes acabam inibindo a criança de falar. Sem o depoimento dela, o juiz pode não ter base para responsabilizar o agressor”, explica Rosilene. Também é mais frequente a retirada da criança do lar do que o agressor. Das 42 sentenças que envolviam afastamento do lar por uma das partes, apenas cinco eram contra o agressor. Esse descompasso, muitas vezes desencoraja a denúncia. “Existe uma falta de confiança no sistema e na sua capacidade de resolver os casos, que muitas vezes leva vítimas ou o responsável não agressor a não relatar a situação”, destaca Rosilene. “Além de lutarmos pela notificação adequada, temos que melhorar os

instrumentos sociais necessários para responsabilizar o agressor, apoiar a família e fiscalizar o cumprimento das medidas determinadas”, afirma. Proposta Uma das propostas do estudo para garantir agilidade é a implantação do Centro Integrado de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, reunindo em um só espaço integrantes do Tribunal de Justiça, com vara especializada em julgar crimes contra a criança e o adolescente, do Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil e dos serviços da Prefeitura de Belo Horizonte ligados ao tema.“Reunir todos esses órgãos é importante para facilitar a comunicação entre eles e procurar uma resolução mais rápida para essa situação”, afirma Rosilene. Nesse centro, estão previstas salas especiais para os depoimentos das crianças. “Ela conversaria com o juiz separada do agressor, em um momento que já estivesse pronta para falar do assunto”, explica Rosilene. “Além disso, a conversa seria gravada e utilizada como prova, de modo que a criança não precisasse falar outras inúmeras vezes durante o processo sobre a violência sofrida”, conclui. Título: Violência doméstica contra crianças e adolescentes: os (des)caminhos entre a denúncia e a proteção Nível: Doutorado Programa: Saúde da Criança e do Adolescente Autora: Rosilene Miranda Barroso da Cruz Orientadora: Cláudia Regina Lindgren Alves Coorientadora: Lúcia Maria Horta de Figueiredo Goulart Defesa: 02/04/2013

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ESTUDANTIS

Conheça os diretórios acadêmicos Cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Tecnologia em Radiologia têm agremiações distintas Jéssica de Almeida

DAAB tem prédio próprio no campus Saúde

Foto: Bruna Carvalho

DAAB O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), cujo nome faz referência a um dos fundadores da Faculdade de Medicina, funciona em prédio próprio no campus Saúde, ao lado da Biblioteca. O principal projeto do DAAB é a recepção de calouros, promovida desde 1958, com uma semana de atividades para os novatos do curso de Medicina. Mas além dos projetos iniciados em outras gestões, a coordenação do DAAB acredita que pode fazer mais. “Realizamos atividades que dizem respeito ao movimento estudantil – fizemos dois atos nessa ultima gestão. Temos projetos em educação médica, e culturais – trazemos bandas para tocar na hora do almoço e também fazemos exposições”, conta Brenda de Godoi, atual coordenadora do DAAB. Para Brenda, os calouros devem buscar o DAAB quando sentirem vontade de levar à frente um projeto e necessitarem de apoio institucional. “Os calouros, com suas novas ideias, seu espírito novo, sua energia, são as pessoas que mais têm a contribuir com o DAAB”, convida a coordenadora. DA Fono funciona no subsolo da Faculdade de Medicina

DA Fono funciona no subsolo

DA Fono O Diretório Acadêmico do curso de Fonoaudiologia (DA Fono) está instalado há dois anos no subsolo da Faculdade de Medicina, ao lado da rampa. O próprio espaço foi a 4

Foto: Divulgação

Os diretórios acadêmicos funcionam como entidades estudantis, facilitando o diálogo entre os estudantes e a Faculdade de Medicina da UFMG, além de serem um ambiente de convivência entre os alunos.

primeira conquista do DA Fono, que passou por várias mudanças antes de ganhar a sede atual. Este ano, sob nova gestão, o DA Fono ainda tem algumas dificuldades estruturais. A presidente do diretório e aluna do 7º período, Nayara Caroline Barbosa da Silva, conta que pretende melhorar as condições do local, por meio de arrecadação junto aos alunos. “O DA é um espaço para o estudante descansar, fazer suas refeições e de convivência. Ainda faltam copos, pratos, e a fila do microondas é enorme. Queremos tornar o lugar mais agradável para os alunos”, revela. Atualmente, segundo Nayara, o DA Fono tem sido mais frequentado pelos calouros. Nayara atribui essa maior participação à divulgação que o grupo tem feito na faculdade. “Nós passamos nas salas convidando os alunos e informando sobre o DA. O espaço é do aluno, e para gente da diretoria é recompensador a participação deles”, observa Nayara. Para interagir com os outros estudantes, os calouros podem participar das reuniões mensais do curso promovidos pelo DA, realizadas na segunda terça-feira do mês, às 18 horas. O Diretório Acadêmico, que já realizou o Simpósio de Fonoaudiologia, em 2009, pretende realizar ainda este ano a Semana de Fonoaudiologia. Diretório Acadêmico Marie Curie Marie Curie, primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel e apelidada como a “mãe da radiografia”, dá nome ao caçula dos diretórios acadêmicos da Faculdade de Medicina da UFMG. Representando o curso de Tecnologia em Radiologia, o diretório iniciou as suas atividades em 2010, junto com a primeira turma do curso. Apesar de ainda não terem uma sede, porque o DA está na fase de registro, os alunos já têm sido representados pela aluna Josiane Andrade Narciso, do 7o período. Calourada e festas já foram organizadas, além de participação ativa no Colegiado. “Já está em andamento uma Jornada Acadêmica de Tecnologia em Radiologia, deve acontecer em breve”, adianta Josiane. A procura dos alunos por ajuda do DA de Radiologia ainda ocorre nos corredores da faculdade. “A maior parte já me conhece, então eles sempre me procuram pessoalmente, para levar coisas ao Colegiado, ou com sugestões”, explica Josiane. Segundo ela, o diretório também conta com o auxílio do atual coordenador da TecJosiane representa os estudantes nologia em Radiologia, o prode Tecnologia em Radiologia fessor Paulo Márcio. Foto: Bruna Carvalho

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PEDIATRIA

Crianças em movimento Atividades físicas na infância devem respeitar particularidades de cada faixa etária

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Karla Scarmigliat

prática de atividade física regular desde a infância pode gerar benefícios para toda a vida. O bom hábito previne problemas como pressão alta, obesidade, diabetes, além de algumas doenças cardiovasculares em idade precoce. Porém, para crianças e adolescentes, a prática merece cuidados especiais. Por apresentarem maior vulnerabilidade física e emocional, o estímulo aos Foto: Bruna Carvalho exercícios deve variar conforme interesses e objetivos, observando-se as principais etapas do desenvolvimento infantil. Segundo o professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Benedito Scaranci Fernandes, existem estímulos fundamentais para o desenvolvimento motor, que variam de acordo com a idade da criança. Por isso, a orientação da atividade física deve ser individualiO professor Benedito Scaranci, do Departamento de Pediatria. zada, com diferente graduação para essas fases. A partir dos seis meses de idade, a recomendação do especialista é para que o contato com água seja estimulado, ainda que o objetivo não seja aprender a nadar. Ainda no decorrer do primeiro ano de vida, as atividades indicadas para a criança são mais limitadas e é necessário auxílio dos pais para a escolha da melhor posição dos pequenos no momento dos exercícios. “Nessa fase, eles ficam irritados se permanecerem por muito tempo na mesma posição”, explica o professor. Quando a criança já consegue ficar assentada, a postura que deve ser estimulada é “a de sustento, sem que ocorra grande inclinação do tronco”. As tentativas de ajoelhar e mesmo de se levantar, de acordo com o professor, podem ser incentivadas com o uso de objetos chamativos. Para facilitar as transições posturais e o ato de engatinhar, os cercadinhos e andadores devem ser evitados. Para o professor, é importante que as crianças tenham liberdade de locomoção em espaço

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amplo, para prevenir acidentes. Movimento Do primeiro ao sexto ano de vida, os estímulos ocorrem naturalmente, quando as crianças são colocadas em interação com as outras e à medida que são expostas a diferentes ambientes. “Isso tudo contribui para a criança aprender a correr, pular, andar de lado e para trás, agachar e subir degraus”, explica o professor. Segundo ele, o desenvolvimento dessas habilidades deve ser acompanhado pelos pais que, gradualmente, podem deixar os pequenos ganhar autonomia. “Quando eles dominarem essas atividades é possível estimular outras mais complexas, como mergulhar, inicialmente ‘em pé’, arremessar e chutar bola, e, por fim, pegar objetos lançados, sempre por meio de brincadeiras”, recomenda. Sem estresse Benedito explica que, dos 7 aos 12 anos de idade, todos os atos motores já são possíveis. Embora seja o momento de iniciar a programação de atividades físicas sistemáticas, com horários determinados e uma rotina estabelecida, o ideal é que “as práticas esportivas rotineiras aconteçam em grupo e sem o incentivo a competições”. “Tudo deve ser na base da brincadeira. Atividades como jogar bola e corrida devem ser incentivadas, mas de forma mais lúdica, realizadas na escola”, aconselha. Outro cuidado importante é com os problemas ocasionados pelo impacto. “O futebol, por exemplo, quando realizado de forma competitiva, pode provocar contusões, por ser altamente impactante”, ensina. O excesso de exercício também pode ser ruim para o desenvolvimento físico da criança. Já na adolescência, período que vai dos 12 aos 18 anos, o incentivo aos esportes competitivos é recomendado. Porém, com ressalvas. “É preciso ter cuidado em relação a qualquer tipo de pressão emocional, como necessidade de vencer ou de agradar ao técnico, ao professor ou à família. Isso é negativo ao desenvolvimento psíquico da criança ou adolescente”, conclui.

Ilustrações: Carina Cardoso

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ENSINO

Médico e paciente: como construir uma relação Ensinar os médicos a verem as pessoas por trás das doenças é desafio para os docentes Lucas Rodrigues

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rocure um paciente internado sem se identificar como estudante da área médica. Sente-se lado dele e conheça essa pessoa, não a doença que a acometeu. A proposta faz parte do tópico-estágio “Relação médico e paciente”, ministrado por um grupo de cinco professores voluntários da Faculdade de Medicina da UFMG, entre eles Anelise Impelizieri, do Departamento de Clínica Médica. “Este é o grande problema do currículo médico hoje: o foco é a doença. Você é um resfriado”, afirma a professora. O tópico, com carga horária de 15 horas semestrais, é oferecido para dez estudantes por turma, do 5° ao 12º período, e foi criado há dois anos para atender alunos que tinham dificuldades em compreender essa relação “desigual”, aparentemente – já que, segundo Anelise, normalmente trata-se de uma pessoa pedindo ajuda à outra. “Essa relação vem de berço e também pode ser aprendida”, assegura. Para destacar a importância do tópico, Anelise cita o caso de um aluno do último período, que resolveu fazer o curso somente porque precisava de mais um crédito para completar a graduação. “Na apresentação do primeiro dia, ele disse que ia se comprometer e isso lhe deu uma guinada profissional, porque o tópico fez diferença na formação dele”. Recentemente, a chefe do Colegiado e professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade, Alamanda Kfoury, foi surpreendida quando precisou assumir o “papel” de paciente. Ela

conta que o médico, após tomar conhecimento dos seus sintomas, requereu apenas exames complementares, sem sequer examiná-la. Mercado Na avaliação de Alamanda Kfoury, o recém-formado entra em um sistema de assistência médica que traz dificuldades para ele exercer seu ofício com a fundamentação humana aprendida durante o curso. “Se o aluno vai para uma clínica ou um consultório, onde costuma atender em cinco minutos, ele tende a ir perdendo a essência, mas não deveria”, alerta. Alamanda acrescenta que esse desgaste é percebido principalmente no pronto-atendimento. “Lá ele precisa mostrar produtividade, quanto mais atendimento, melhor. E se ele se perde na anamnese, que chega ao diagnóstico correto, a tendência é que se torne mesmo refém dos exames complementares”. Por outro lado, Alamanda ressalta que, tradicionalmente, 70% do currículo do curso de Medicina é “muito prático” e valoriza a atuação docente assistencial, ou seja, a relação entre professor, aluno e paciente. “O Ciclo Ambulatorial, do 5° ao 9° período, oferece disciplinas que a gente procura dar sempre essa diretriz, sem falar dos internatos e estágios, quando o aluno vai para os hospitais”, conta.

Charge LOR

Matriz curricular

Int Rel a e Co rpe çõe mu sso s nic ais aç e ão

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Matriz de Competências Essenciais para o curso de Medicina

lica Púb de de o Saú nizaçã aúde S a Org as de em Sist

nh e Mé cime dic nto o

Atenção Integral à Saúde da Pessoa

o o d nto stã me Ge heci n

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diretamente a relação entre médico e paciente. A professora do Departamento de Pediatria, Cristina Alvim, conta que os professores estão discutindo novos métodos para avaliarem as competências que os estudantes devem desenvolver ao término dos ciclos Básico, Ambulatorial e Profissional. Ainda não está definido se essa avaliação será feita por prova escrita, mas já se tem uma noção sobre o que avaliar. “Observar o aluno durante o atendimento de uma consulta tem mais relevância”, afirma Cristina Alvim.

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No início de agosto, os professores da Faculdade de Medicina participaram da 2ª Oficina de Capacitação Docente, com o objetivo de analisar a matriz de competências essenciais para o curso de Medicina, que aborda os seguintes domínios: profissionalismo, relacionamentos interpessoais e comunicação, atenção à saúde integral da pessoa, organização do sistema de saúde e atenção em saúde pública, conhecimento médico e gestão do conhecimento. O domínio caracterizado pelo aprimoramento das relações interpessoais pautadas no diálogo e empatia envolve

Profissionalismo

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ENSINO

Conhecimentos à prova Guimarães Rosa, Ivo Pitanguy, Juscelino Kubitschek. O que você tem em comum com eles?

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randes nomes da saúde, política, cultura e outras áreas. Todos carregam, em suas histórias, o nome da Faculdade de Medicina da UFMG. Em novembro, estudantes concluintes do curso de Medicina assumirão a responsabilidade de continuar essa história, deixando suas marcas, ao participar do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “A Faculdade existe por causa do aluno. É ele o foco principal, o motivo da existência da instituição”, opina a coordenadora do colegiado do curso de Medicina, professora Alamanda Kfoury. Este ano, cerca de 160 alunos que estão finalizando a graduação farão a prova, que tem o objetivo de avaliar o conhecimento, habilidades e atualização com relação à realidade brasileira e mundial. “O Enade vai avaliar a formação do aluno como um todo. É o desempenho dele na prova que vai conferir uma boa avaliação para a instituição”, explica Alamanda.

Tire suas dúvidas

Quando será realizado o Enade 2013? A prova será aplicada no dia 24 de novembro, às 13h. O Enade é obrigatório? Sim. O estudante selecionado que não comparecer ao Exame estará em situação irregular junto ao Enade. E se o concluinte não realizar a prova? O aluno não poderá receber o seu diploma enquanto não regularizar a sua situação junto ao Enade. Como são definidas as áreas que serão avaliadas no Enade? O Ministério da Educação define, anualmente, as áreas propostas pela Comissão de Avaliação da Educação Superior (Conaes). A periodicidade máxima de aplicação do Enade em cada área será trienal.

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Mariana Pires

Para a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade, Graziela Chequer, uma das personagens da campanha veiculada na Faculdade de Medicina, o aluno que for fazer a prova deve se preocupar, principalmente, com a sua autoavaliação. “O exame é uma grande oportunidade para quem está saindo da graduação rever a sua formação, reconher suas falhas e trabalhar a sua segurança para enfrentar o mercado de trabalho. Tudo isso vai orientar as suas atividades futuras”, recomenda a professora.

“O nosso objetivo é deixar registrado, pelo Enade, o alto nível de tradição que cultivamos.” Ingressantes Os alunos de Medicina que ingressaram na Faculdade em 2013 também serão cadastrados para avaliação pelo exame. Porém, pela primeira vez desde a aplicação do Enade, esses alunos não farão a prova no mesmo ano. A professora Alamanda explica que os ingressantes passarão pelo mesmo processo de cadastramento, porém, serão avaliados a partir da nota obtida no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). “Para nós, é um desafio ainda maior. A nota do Enem considerada para ingresso no curso de Medicina já é muito alta. Quando este aluno sair, a nota do Enade vai ser a demonstração que o que ele aprendeu dentro da Faculdade foi significativo. É um compromisso cada vez maior com o aluno formado aqui”, opina a coordenadora do curso. Objetivo é nota máxima A professora Alamanda lembra que, numa das edições anteriores, o curso chegou a atingir a nota máxima conferida pelo MEC (5), mas nas últimas avaliações vem mantendo o conceito 4. A preocupação, segundo a coordenadora, é sempre melhorar o posicionamento da instituição. “A Faculdade de Medicina da UFMG já foi considerada a quarta melhor do Brasil. Na última edição, apesar de mantermos a nota, não entramos nas 50 primeiras colocações no ranking”, lembra. “Sabemos que o

nosso ensino é de qualidade, e contamos com o compromisso e responsabilidade de cada aluno para mostrar isso durante a prova. Podemos e queremos alcançar a nota 5”, afirma a professora. Graziela Chequer completa: “A nossa Faculdade é uma das mais importantes do país. O nosso objetivo é deixar registrado, pelo Enade, o alto nível de tradição que cultivamos. É um estímulo para os professores que trabalham aqui e pretendem trabalhar, para os alunos que estão indo para o mercado e, também, para os alunos que estão pensando em cursar Medicina”, conclui a professora.

Quer saber mais sobre o Enade?

Procure o Centro de Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG (Cegrad), na sala 67, ou pelo telefone 3409 9660.

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AGENDA

Acontece

Congresso já tem nova data

Novos crachás

3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG será realizado de 24 a 28 de março de 2014, na própria Unidade. Larissa Rodrigues

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a mesma trajetória dos dois congressos anteriores (2008 e 2011), que tiveram como tema a Promoção da Saúde, o 3º Congresso apresenta uma nova temática, com oito eixos em torno do tema central “Cenários da Saúde na Contemporaneidade”. Trata-se de um tema amplo, atual e polêmico, que congrega, em um mesmo cenário, discussões sobre os maiores avanços e dificuldades do setor da Saúde na atualidade. Dentre os objetivos dos eixos estão compreender melhor a atual configuração da sociedade, discutir os papéis da saúde pública e da saúde complementar, apresentar experiências acumuladas do setor saúde, além de identificar possibilidades, formas, modelos e procedimentos inovadores de atuação do setor.

Conheça cada eixo do Congresso e os respectivos coordenadores: Eixo 1 Atividades de ensino, pesquisa e extensão na área da Saúde

Agnaldo Lopes da Silva Filho / Alamanda Kfoury Pereira / Manoel Otávio da Costa Rocha / Maria Isabel Toulson Davisson Correia

Eixo 2 Desafios na gestão das instituições de Saúde

O coordenador da comissão científica do Congresso e vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Tarcizo Afonso Nunes, conta que há alguns anos surgiu a ideia de se realizar um Congresso mostrando a situação da Saúde na atualidade. “Precisamos entender qual o cenário que vivemos hoje e quais são as perspectivas para ele. Há uma evolução da sociedade, em todas as áreas e, por isso, é importante fazer uma reflexão sobre o assunto”, explica. Poderão participar do Congresso professores, estudantes, profissionais e gestores de Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Educação Física e Odontologia. Também poderão se inscrever profissionais de outras áreas que tenham interface com a Saúde. O período de inscrições será divulgado em breve. Acompanhe as informações pelo: www.medicina. ufmg.br/3congressosaude

Eixo 5 Responsabilidade civil do setor Saúde e Bioética Cláudio de Souza / José Agostinho Lopes

Eixo 6 Tecnologia e inovação a serviço da Saúde Zilma Silveira Nogueira Reis

Antônio Leite Alves Radicchi

Eixo 3 Formação de médicos e mercado de trabalho

Eixo 7 Doenças emergentes, reemergentes, degenerativas e promoção da Saúde

Alcino Lázaro da Silva

João Gabriel Marques da Fonseca

Eixo 4 Multifaces da violência: realidade e enfrentamento

Eixo 8 Atenção primária, secundária e terciária à Saúde Cristina Gonçalves Alvim

Exposição No dia 20 de agosto, às 17h, será inaugurada a exposição fotográfica “Novos tempos: obras de requalificação da Faculdade de Medicina 2006-2014”, no saguão de entrada da Unidade. A sessão de abertura terá apresentação do Coral Medicina. A mostra poderá ser visitada até o dia 6 de setembro.

Doença falciforme Nos dias 12 e 13 de setembro, será realizada, em Belo Horizonte, a Jornada Mineira “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde”. O evento é uma promoção do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), parceria entre o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) e Fundação Hemominas. Inscrições abertas a todos os interessados, até 4 de setembro. Informações: www.cehmob.org.br/jornada.

IMPRESSO

Cristiane de Freitas Cunha / Elza Machado de Melo

Em agosto, será feito o cadastramento para a confecção de novos crachás, que darão acesso à Faculdade de Medicina da UFMG. Para isso, um posto de identificação será montado no saguão de entrada da Unidade. O cadastramento de servidores técnico-administrativos em educação será de 5 a 14 de agosto e dos docentes de 19 a 23 de agosto. Posteriormente, serão cadastrados funcionários da Fundep e demais terceirizados.

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