Jornal da FMB nº 33

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Ministro da Saúde declara apoio a FMB Durante visita a Botucatu, em maio, o ministro da Saúde Alexandre Padilha reafirmou o papel da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) dentro do cenário de ensino, assistência e pesquisa no Estado. Para ele, a FMB tem se mantido dentro do que o Ministério espera de instituições formadoras de conhecimento e pesquisas e provedoras de serviços. “A Faculdade de Medicina e seu Hospital das Clínicas são referências nacionais na qualidade do atendimento. Por isso o governo federal tem todo o interesse em apoiar todas as ações de qualificação de seu corpo profissional e também de alunos”, frisa Padilha. O ministro também aproveitou a passagem e realizou visita ao Pronto Socorro Adulto “Dr. Virgínio José Lunardi”, administrado pelo Hospital das Clínicas. Página 2

Pesquisa lança novas perspectivas contra a catarata infantil

Eleição para diretor já tem cronograma definido A Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) viverá momento decisivo, em junho, com a escolha de diretor e vicediretor da instituição para os próximos quatro anos. O cronograma do processo eleitoral e as regras para a votação já estão definidas e o edital disponível para os candidatos interessados. Podem candidatar-se aos cargos majoritários da FMB, professores portadores do título mínimo de doutor. A consulta à comunidade para a escolha dos novos mandatários ocorre em 15 e 16 de junho de 2011. Dia 15, a votação ocorre das 8 às 20 horas e no dia 16, das 6 às 16 horas, ambos no Laboratório de Informática “Profª Emérita Dinah Borges de Almeida”, no corredor central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). Página 3

FMB participa de treinamento a fiscais da GVS

Durante visita da Pró-Reitora de Pesquisa da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Maria José Soares Mendes Giannini, dia 5 de abril, à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, a Comissão de Pesquisa da unidade universitária mostrou os avanços e sua nova política de incentivo e aprimoramento da pesquisa. Com presença de chefes dos Departamentos de Ensino da FMB, coordenadores dos cursos de graduação em Enfermagem e Medicina e dos programas de pós-graduação mantidos pela instituição, foram mostradas e debatidas iniciativas para o desenvolvimento científico da faculdade. Página 3

Para que a fiscalização a instituições de longa permanência a idosos (asilos e casas de repouso) ocorra de maneira eficaz, fiscais do Grupo de Vigilância Sanitária do Estado (GVS) passam, entre os meses entre abril e junho em Botucatu, por uma capacitação em três módulos que visa o aprimoramento desses órgãos. O treinamento conta com a participação de alunas do 4º ano do curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) abrange profissionais das Vigilâncias Sanitárias e de Secretarias de Saúde de 30 municípios das regiões de Botucatu e Avaré. Página 9

Departamento de Oftalmo da FMB testa eficácia de tratamento cirúrgico com implante de lentes especiais. Página 12 FOTO GOVERNO DO ESTADO DE SP

Com ampla estrutura, PS Adulto de Botucatu é inaugurado Um dos equipamentos de saúde mais esperados para Botucatu e região, o novo Pronto-Socorro Adulto “Dr. José Virgínio Lunardi” foi inaugurado nesta segunda-feira, 18 de abril. A cerimônia contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e do secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri, além de autoridades políticas regionais. A unidade está preparada para realizar, em média, 300 atendimentos por dia e beneficiar cerca de 120 mil pessoas por ano. Página 10

Quarta turma e professores eméritos homenageados nos 48 anos da FMB A sessão solene da Congregação em comemoração aos 48 anos da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), realizada dia 29 de abril, no Salão Nobre da instituição, foi recheada de emoção para os integrantes da homenageada 4ª turma de médicos formados pela escola. Identificados com

uma estola alusiva à data, os integrantes do grupo aproveitaram a oportunidade para vivenciar momentos de reencontro e nostalgia. Em meio às comemorações do aniversário foi inaugurada, em área anexa à Sala de Reuniões da Congregação, a galeria de retratos dos professores eméritos da faculdade. Páginas 6 e 7

FOTO SEÇÃO FOTOGRAFIAS AG

FOTO FLÁVIO FOGUERAL

Crescimento da produção científica em debate

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Equipe da FMB é destaque em Liga Paulista de Beisebol Página 8

Pesquisadores passam a ter assessoria especializada

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HCFMB volta a realizar transplante de fígado Página 11


2 Faculdade de Medicina

Para Ministro, Hospitais universitários se tornam ‘braços’ essenciais na saúde do país a hipótese de reeditar a CPMF para financiar a Saúde. Temos consciência de que, como Ministério da Saúde, precisamos aprimorar a gestão e uma dessas ações é o combate aos desvios de verbas. Temos ciência de que o país precisa de mais recursos para a saúde”, enfatizou. Padilha reafirmou a necessidade de financiamento ao reconhecer que o Brasil investe menos do que outros países da América Latina e de países desenvolvidos como Estados Unidos e França. Atualmente, o governo federal destina 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) ao custeio e modernização da Saúde Pública. “Quando analisamos o quanto o Brasil investe por habitante e fazermos um comparativo com outros países que possuem sistemas similares ao nosso, investimos até sete vezes menos. Tem que se aproveitar o momento político estável do país para ter uma regra consistente de financiamento”, frisou o ministro. “É importante a regulamentação da Emenda Constitucional 29, já que ela diz claramente o que é investimento em saúde e o que a União, Estados e Municípios devem investir”, pondera. Uma das principais metas do Ministério tem sido a estruturação da ‘Rede Cegonha’, recém-lançada no país e que pretende criar um sistema de cuidados especiais a gestantes. No entanto, o país enfrenta escassez de médicos capacitados em especialiadades como pediatria. “O Rede Cegonha tem como meta o treinamento

Uma das principais metas do Ministério tem sido a estruturação

da ‘Rede Cegonha’

Parceria com Unesp favorece centro em Telemedicina Durante visita a Botucatu, Alexandre Padilha ainda fez uma avaliação do papel dos hospitais universitários tanto na formação de profissionais da saúde quanto na assistência à população. Indagado quanto à avaliação que esses instrumentos possuem no sistema de Saúde Pública do país, o ministro frisou que a maior parte da assistência de alta complexidade (cirurgias de grande risco, transplantes, entre outras atividades) e pesquisas possuem como palcos tais estabelecimentos. “Os hospitais universitários agregam alta complexidade e se tornam referência nas regiões onde estão inseridos. Isso exige um recurso técnico e de Recursos Humanos altamente capacitados”, declarou Padilha. Para ele, o papel da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) tem se mantido dentro do que o Ministério espera de instituições formadoras de conhecimento e pesquisas e provedoras de serviços. “A Faculdade de Medicina e seu Hospital das Clínicas são referências nacionais na qualidade do atendimento. Por isso, o governo federal tem todo o interesse em apoiar todas as ações de qualificação de seu corpo profissional e também de alunos”, frisa Padilha. Segundo o ministro, há uma atenção voltada a Botucatu por ser um polo em assistência em saúde e por agregar cursos de formação de abril

2011

profissionais da saúde. “No caso de Botucatu há um interesse maior ainda pelo fato de haver um campus universitário voltado essencialmente para o desenvolvimento da saúde. O Ministério tem interesse em apoiar a qualificação do Hospital das Clínicas e de todas as ações da Unesp”, disse. Ao finalizar, o ministro aventou a possibilidade de Botucatu integrar o Programa de Telemedicina- que tem como base o uso de computadores e das telecomunicações à prática médica (remota e local). “Nosso principal interesse é que o HCFMB e a Faculdade de Medicina se voltem apenas para serem um polo assistencial, mas que através do Programa de Telemedicina, pretendemos instalar pontos de comunicação com postos de saúde da região e que seja ponto de referência ao profissional da saúde, onde o mesmo possa sanar dúvidas e participar de cursos com os profressores da Unesp”, concluiu Padilha.

“Os hospitais universitários

agregam alta complexidade e se tornam referência nas regiões onde estão inseridos

Alexandre Padilha, ao ressaltar o papel dos Hospitais Universitários

de profissionais, investimento em equipamentos e Fizemos um estudo sobre destinação de mais a distribuição de médicos recursos em torno no país. Hoje estamos do atendimento à gestante desde abaixo de outras nações o Pré-Natal, que como o Reino Unido ocorre na Unidade Básica de Saúde, Alexandre Padilha, ao contextualizar a oferta de médicos no Brasil até a Maternidade, UTIs Neonatais e o acompanhamento da criança até os dois anos de idade”, explica. “O Ministério tem chamado todos os municípios de São Paulo para aderirem ao programa e na medida em que aderirem à rede, passarão a receber os recursos necessários para viabilizar esse projeto; desde que as metas indicadoras estejam em sintonia com o que o governo federal espera”, frisou.

Incentivo à Carreira Médica Quanto à escassez de profissionais médicos, Padilha reafirmou que uma ação conjunta com o Ministério da Educação pretende valorizar a Residência Médica. “O Ministério da Educação- responsável pelas Escolas Médicas- percebeu que é o momento para que o Brasil passe a definir a quantidade de médicos a serem formados, onde formar esses profissionais e em que especialidades os mesmos atuarão a partir das necessidades do país e não do interesse e capacitação da escola. Fizemos um estudo sobre a distribuição de médicos no país. Hoje, estamos abaixo de outras nações como o Reino Unido onde há a proporção de 2,6 médicos por mil habitantes, enquanto que no Brasil há 1,7 médicos para cada mil habitantes”, enfatiza. Mesmo entre as regiões, o Ministro enfatizou a desigualdade nesse número. “No Rio de Janeiro há 4,7 médicos por mil habitantes, enquanto que no Maranhão há 0,6. Mesmo em São Paulo, que está dentro da média nacional, há diferenças entre suas regiões. O Ministério da Saúde vai ajudar o Ministério da Educação a mudar essa realidade”, declarou. Entre as iniciativas frisadas estão um roteiro de diretrizes para a criação de escolas médicas. “A meta é que em 2020 tenhamos a mesma proporção de profissionais que países desenvolvidos possuem que é de 2,5 médicos por mil habitantes”, prevê. A ideia apresentada pelo ministro é que sejam criadas faculdades em regiões onde estão os maiores défictis de profissionais e reforçar o padrão de qualidade nos locais onde existam essas instituições. “Outro ponto é a questão das bolsas de Residência Médica. Vamos auxiliar o Ministério da Educação a estabelecer as necessidades de especialistas no Brasil e vamos financiar aquelas que o país mais precisa. Queremos formar mais pediatras, neurocirurgiões, emergencistas, anestesiologistas. Mais de 50% das vagas de residência estavam na região Sudeste e hoje, 69% das vagas estão nas regiões Norte e Nordeste. Vamos continuar com essa política e incentivar a especialização nas áreas em que a população mais carece”, complementa.

Sobre o ministro- Padilha é médico infectologista, formado pela Unicamp. Ele é ainda

presidente do Conselho Nacional de Saúde. Foi supervisor do Núcleo de Extensão de Medicina Tropical do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP de 2000 a 2004 e coordenou o fundo de pesquisas em doenças tropicais da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de cuidar do protocolo de cooperação Brasil e Suriname para o controle de malária na fronteira. Foi ministro chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República no governo Lula e agora é o ministro da Saúde da presidenta Dilma Rousseff.

agenda 09/05/2011 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO VIRGÍLIO MORAES FERREIRA ATITUDES E CONHECIMENTOS DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM RELAÇÃO À VELHICE Programa: Saúde Coletiva Orientador: Prof(a). Dr(a). Tania Ruiz Local: Anfiteatro do Departamento de Saúde Pública Horário: 8h30 11/05/2011 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MARINA ZUANAZZI CRUZ MEDICINA PSICOSSOMÁTICA: BASES TEÓRICAS E IMPLICAÇÕES NA SAÚDE COLETIVA Programa: Saúde Coletiva Orientador: Prof(a). Dr(a). Alfredo Pereira Junior Local: Anfiteatro da Patologia - FMB Horário: 14 horas 11/05/2011 - CURSO TREINAMENTO DE ETIQUETA PROFISSIONAL Local: Casa do Servidor Horário: 13:30 contato: navarro@fmb.unesp.br 23/05/2011 - CURSO TREINAMENTO DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A IMPORTANCIA DO ALEITAMENTO MATERNO - INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA Local: SALA 9 - CASA DO SERVIDOR Horário: 13:30 contato: wal@fmb.unesp.br 23/05/2011 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MARIA MADALENA LAZARI KAWASHIMA SAÚDE MENTAL E TRABALHO: SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS PELA EQUIPE DA SAÚDE DA FAMÍLIA AO ADOECIMENTO DOS USUÁRIOSA Programa: Saúde Coletiva Orientador: Prof(a). Dr(a). Sueli Terezinha Ferreira Martins Local: Anfiteatro do Departamento de Saúde Pública - FM de Botucatu - UNESP Horário: 14 horas 04/06/2011 - EVENTO XII FEIRA DE SAÚDE DE BOTUCATU Local: Praça Emílio Pedutti (Bosque) Horário: a partir das 9 horas contato: nataeldiw@yahoo.com.br 08/08/2011 - EVENTO 5º CONGRESSO DAS LIGAS ACADEMICAS DE BOTUCATU Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Horário: não divulgado contato: xxcmab@yahoo.com.br 28/09/2011 - EVENTO VII CONFIAM - CONGRESSO DE FÍSICA APLICADA À MEDICINA Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Horário: 18 horas contato: confiam@ibb.unesp.br

Informações detalhadas no site www.eventos.fmb.unesp Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Vice-Reitor no exercício da reitoria: Julio Cezar Durigan

Faculdade de Medicina de Botucatu

Diretor: Sérgio Swain Müller Vice-diretora: Silvana Artioli Schellini

Superintendente do HCFMB: Emílio Carlos Curcelli Vice-superintendente: Irma de Godoy

Jornal da FMB

Em visita à Botucatu dia 7 de maio, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou os investimentos da pasta para suprir carências em especialidades médicas e diz ser necessário esforço do país em encontrar um meio consistente de financiamento da Saúde Pública. Para ele, os hospitais universitários têm papel imprescindível na formação profissional e em suas características de assistência a alta complexidade. O ministro aproveitou a passagem por Botucatu e realizou visita ao Pronto Socorro Adulto “Dr. Virgínio José Lunardi”, administrado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, inaugurado dia 18 de abril. Padilha ressaltou que o investimento feito na unidade contempla uma gama regional dentro das expectativas do ministério. “Passei pelo novo Pronto Socorro (PS Adulto Dr Virgínio José Lunardi) feito com investimento de mais de R$ 1,7 milhão, sendo recursos do governo federal e fiquei feliz em ver funcionando da forma como imaginávamos em parceria com a Prefeitura de Botucatu. Essa visita também proporcionou que conversasse com colegas da Unesp que cumprem um papel importante no serviço de referência na região”, ressaltou. Um dos temas que o atual ministro tem enfrentado é quanto ao financiamento da Saúde no país. Há, desde o final de 2010, discussões em torno da recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira) e que inicialmente era destinada para o custeio do SUS. “Tenho dito que não vou entrar nesse Fla/Flu (em analogia ao clássico Flamengo e Fluminense) que virou o debate desse tributo pelo país. O governo da presidente Dilma nunca discutiu

Presidente da Famesp: Pasqual Barretti Vice-presidente: Shoiti Kobayasi O Jornal da FMB é uma publicação mensal da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médico-hospitalares e de pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem ser encaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp pelo endereço imprensa@fmb.unesp.br. ou telefone (14) 3811-6140 ramais 120 e 123. Assessoria de Comunicação e Imprensa- Leandro Rocha (MTB-50357) Produção, editoração e impressão: G3 Gráfica & EditoraRua Jorge Barbosa de Barros, 163- Jardim Paraíso-Botucatu-SP Reportagens: Flávio Fogueral (MTB- 34927) Fotografia: Flávio Fogueral, Fotografia AG Unesp Botucatu e Arquivo ACI/FMB


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Faculdade de Medicina

Medicina/Unesp avalia crescimento de produção científica Durante visita da Pró-Reitora de Pesquisa da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Maria José Soares Mendes Giannini, realizada dia 5 de abril, à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, a Comissão de Pesquisa da unidade universitária mostrou os avanços e sua nova política de incentivo e aprimoramento da pesquisa. Com presença de chefes dos Departamentos de Ensino da FMB, coordenadores dos cursos de graduação em Enfermagem e Medicina e dos programas de pósgraduação mantidos pela instituição, foram mostradas e debatidas iniciativas para o desenvolvimento científico da faculdade. O diretor da FMB, prof. Sérgio Müller ressaltou as iniciativas adotadas nos últimos anos para o aprimoramento e desenvolvimento de políticas para a pesquisa. Segundo ele, muitas das diretrizes atuais foram estabelecidas através de eventos como a Oficina de Planejamento e o I Encontro de Pesquisa, realizados em 2005 e 2009, respectivamente. “Desde então tem-se adotado uma série de iniciativas para vencer os obstáculos existentes para a pesquisa dentro da FMB”, ressaltou ao elencar as mudanças que proporcionaram Desenvolvimento um novo cenário propício para o aumento de Tecnológico foi uma estudos científicos, como a estrutura do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de das preocupações Botucatu- recentemente transformado em uma autarquia paulista-, além da abertura de espaço realçadas em palestra e infra-estrutura para que pesquisas possam ser pela Pró-Reitora realizadas de forma adequada. Através desses desafios, ressalta o diretor, foram estabelecidas políticas e ações organizadas que contemplassem a pesquisa básica e que a mesma interagisse com a clínica. “Hoje temos uma unidade de pesquisa clínica- Upeclin- e observamos que nos Estados Unidos e Europa, a pesquisa experimental e seus resultados estão associados diretamente à aplicação clínica”, declarou. Presidente da Comissão de Pesquisa da faculdade, profª Célia Regina Nogueira abordou os avanços e diretrizes adotados após encontros e ciclo de palestras realizadas nos últimos dois anos na instituição. Entre as ações citadas pela acadêmica estão o aumento da oferta de Iniciação Científica, apoio à internacionalização das pesquisas, consultorias e aprimoramento dos palcos para o desenvolvimento dos estudos que incluem as futuras Unidades de Pesquisa Experimental e Experimentação Animal (Unipex e Upea, na ordem), além de um novo biotério. Outro avanço obtido pela FMB foi a captação de recursos destinados a pesquisas através de órgãos de fomento como Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que passou, em menos de 24 meses, de R$ 1.916.664 para R$ 3.119.240. Todos esses pontos foram considerados como expressivos pela presidente da comissão. “Temos discutido a pesquisa e o que a Faculdade de Medicina deve fazer para avançar ainda mais nesse aspecto”, frisou profª Célia. Para a pró-reitora de Pesquisa da Unesp, o momento vivido pela universidade, em geral, simboliza um dos pilares acadêmicos, que também abrangem a extensão do aprendizado à comunidade e ao ensino de excelência. “A universidade tem sentido que há uma ascensão em todos os níveis e com a pesquisa há resultados expressivos”, declarou. Profª Maria José mostrou ainda preocupação com os novos rumos que as mais diversas áreas do conhecimento têm tomado quanto ao desenvolvimento tecnológico. “A Medicina, quando se vê o rápido avanço pela qual passa, tem se preocupado com as mudanças que surgem”, concluiu a pró-reitora.

Visita da Pró-Reitora de Pesquisa da Unesp reforçou o comprometimento da universidade com o desenvolvimento dos estudos científicos no complexo Faculdade de Medicina

Medicina Baseada em Evidências

Pesquisadores da FMB contam com assessoria especializada Professora Regina quer disseminar a cultura da Medicina Baseada em Evidências na FMB

Eleição

Medicina/Unesp define calendário para escolha de novo diretor A Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) viverá momento importante, em junho, com a escolha de diretor e vice-diretor da instituição para os próximos quatro anos. O cronograma do processo eleitoral e as regras para a votação já estão definidas e o edital disponível para os candidatos interessados. Podem concorrer aos cargos majoritários da FMB, professores portadores do título mínimo de doutor. A consulta à comunidade para a escolha dos novos mandatários ocorre em 15 e 16 de junho de 2011. Dia 15, a votação ocorre das 8 às 20 horas e no dia 16, das 6 às 16 horas, ambos no Laboratório de Informática “Profª Emérita Dinah Borges de Almeida”, no corredor central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). Já a apuração dos votos ocorre a partir das 17 horas no prédio administrativo da FMB. Estão aptos a votar professores (que terão peso de 70% na escolha), servidores técnico-administrativos vinculados à Unesp e o corpo discente da faculdade (os dois últimos com peso de 15% no processo eleitoral). Para votar, o eleitor apto deverá apresentar documento oficial de identificação. O documento que regulamenta o processo eleitoral também definiu

a Comissão Eleitoral que fará o acompanhamento da consulta, apuração dos votos e elaborará a ata dos resultados a ser enviada à Congregação da FMB para posterior homologação. Preside o grupo a professora Beatriz Matsubara, tendo como membros os docentes Raul Lopes Ruiz Júnior, Maria Regina Bentlin, Maria José Trevizani Nitsche, Ildeberto Muniz de Almeida; o servidor Orlando José Sauer e José Eduardo da Silva Moz (representante discente), além de Marcos Antônio Arakaki como secretário da comissão. Eleito, o novo diretor deverá administrar a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp de 20 de julho desse ano até 19 de julho de 2015, substituindo os professores Sérgio Müller e Silvana Artiolli Schelini nos cargos de diretor e vice, respectivamente. Aos 48 anos, a FMB mantém dois cursos de graduação: Medicina- com 90 vagas e que possui a maior concorrência no vestibular da Unesp- e Enfermagem, que oferece 30 vagas anuais e tem se consolidado como um dos mais bem conceituados do país. A FMB também é responsável por 36 programas de residência médica, 53 de aprimoramento profissional, 8 de pós-graduação e 2 de mestrado profissionalizante. O complexo FMB e Hospital das Clínicas reúne 284 docentes e 1.475 servidores.

Desde março deste ano, a rado e até livre-docência”, Faculdade de Medicina de Botuacrescenta. catu/Unesp (FMB) conta com A revisão sistemática A especialista ministrará uma profissional especializada em de intervenção pode ser cursos sobre Medicina Baseassessorar pesquisas utilizando as ada em Evidências para aluferramentas da Medicina Baseada usada para a seleção nos do 5º ano de Medicina em Evidências. Professora Regina de artigos de interesse e também para estudantes El Dib, que antes era contratada da do pesquisador da Pós-Graduação. Médicos Universidade McMaster, Hamilton, e docentes também receCanadá, atuará juntamente com berão a capacitação. Além a Comissão de Pesquisa da FMB disso, uma turma de bibProfª Regina Dib, sobre a relação liotecárias terá aulas sobre para auxiliar os pesquisadores entre a Medicina e as pesquisas revisões sistemáticas, espeespecialmente na realização de revisões sistemáticas, metanálises de cificamente, como realizar intervenções e testes diagnósticos. uma estratégia de busca. Segundo ela, a Medicina Baseada em EviAlunos e pesquisadores poderão agendar um dências pode ser considerada um elo entre a horário com a professora Regina para aprender boa pesquisa científica e a prática clínica. Através como usar a técnica em suas pesquisas ou então de uma metodologia adequada, essa ferramenta serão incentivados a buscar recursos em órgãos de propicia que o pesquisador tenha uma visão fomento para que a revisão sistemática seja feita crítica dos artigos publicados na literatura. integralmente pela profissional. “Minha proposta “A revisão sistemática de intervenção pode é disseminar, na FMB, a cultura da Medicina Baseser usada para a seleção de artigos de interesse ada em Evidências. Se conseguirmos aumentar do pesquisador, através da formulação de uma a qualidade das pesquisas, consequentemente boa questão clínica que é composta por 4 aumentará a produção científica”, prevê. itens-chave (i.e., situação clínica, intervenção A assessoria da professora Regina também de interesse, grupo controle e os desfechos a pode ser solicitada por pesquisadores interessados serem avaliados). Dessa forma, ele consegue em realizar estudos sobre diretrizes clínicas ou mapear o conhecimento sobre determinado ainda protocolos de ensaios clínicos e metanálises assunto na área da saúde”, comenta professora proporcional de série de casos. Os contatos da Regina. “É um desenho de estudo que pode especialista são: (14) 3811-6140 (ramal 105) ou ser usado para projetos de mestrado, doutoeldib@fmb.unesp.br

abril

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4 Faculdade de Medicina

Departamento de Patologia tem como meta a acreditação da qualidade de exames Valorizar a pesquisa, aprofundar novos parâ- paulistas nesse serviço. “Seria a comprovação metros para o ensino e buscar a excelência nos da qualidade dos nossos exames e representa serviços. É com essas metas que os professores um importante papel no processo de interMaria Aparecida Custódio Domingues e Flávio de nacionalização tanto da faculdade quanto do Oliveira Lima assumiram, dia 8 de abril, a chefia departamento”, ressaltou. do Departamento de Patologia da Faculdade Sobre os projetos apresentados, a nova de Medicina de Botucatu/Unesp, o mais antigo chefe realça perspectivas de consolidação da da instituição. presença do departamento em ensino, pesquisa Ambos substituem as professoras Mariângela e extensão universitária que a Unesp preconiza. Marques e Maria Aparecida Kobayasi e mostr- “Nesse novo contexto, a universidade busca a aram, durante os discursos de posse, o com- inovação dentro da Patologia unindo a clínica promisso do departamento em participar de com outras especialidades da medicina. É uma maneira ativa da reestruturação curricular do ciência que serve de âncora para as demais curso de graduação em Medicina, iniciado em áreas da medicina”, complementa a professora. 2010. Os novos gestores também pretendem Profª Maria Aparecida é graduada e fez implantar ações de estímulo a pesquisa e pub- residência médica pela própria FMB, em 1986. licações de resumos e artigos científicos. Durante sua carreira, fez mestrado e especialSomente no ano passado foram 34 trabalhos ização pela Unicamp (Universidade Estadual de publicados pelo Departamento em resumos, Campinas). Na década de 1990, foi convidada revistas e anais de congressos. A meta da nova pelo Hemocentro de Santa Catarina a implantar chefia é dobrar o número de publicações nesses o serviço de Imuno-Histoquímica (processo de veículos de divulgação. localizar antígenos em células de uma amostra No entanto, o maior desafio, segundo profª de tecido). Em 2004, retornou a Botucatu a Maria Aparecida será a acreditação- processo de convite do departamento. certificação de qualidade- dos exames anatoJá prof. Flávio de Oliveira Lima é graduado mopatológicos (ramo da patologia que lida com em medicina pela Faculdade de Ciências Médidiagnóstico de doenças através do estudo de cas da Santa Casa de São Paulo (1987) e doutotecidos e órgãos) junto rado em patologia pela Unifesp ao Colégio Americano Maior desafio, segundo (Universidade Federal de São de Patologia, uma das Paulo). O novo vice-chefe reprofª Maria Aparecida maiores instituições do força que a colaboração dos segmento no mundo. O corpos docente e discente será será a acreditação processo, que está em essencial para que a acreditados exames fase inicial, pode garantir ção e o crescimento das publio pioneirismo da FMB cações sejam possíveis dentro anatomopatológicos junto às universidades da nova meta de gestão.

PET Saúde

Programa do Ministério da Saúde contempla bolsistas pelo terceiro ano consecutivo Em abril, pelo terceiro ano consecutivo, a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) foi contemplada com bolsas do ProgramaPET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho) do Ministério da Saúde. Oitogrupos de alunos das graduações em Medicina e Enfermagem, além de profissionais da rede básica de Saúde de Botucatu, se organizam para iniciar as atividades de 2011. Dia 13 daquele mês, em um evento coordenado pela professora Eliane Goldfarb Cyrino, do Departamento de Saúde Pública da FMB e coordenadorado PET-Saúde na faculdade, com apoio do Núcleo de Apoio Pedagógico, os novos membros do projeto se encontraram com os bolsistas de 2010. Eles também assistiramapresentações sobre o projeto e o balanço das atividades de seus antecessores. O programa abrange, por ano, 96 alunos de graduação e 46 profissionais da rede básica de saúde. Para envolver os estudantes, ainiciativa está diretamente ligada ao IUSC (Interação Universidade, Serviço,Comunidade). São oferecidas seis bolsas para profissionais (preceptores) e 12 bolsas para os universitários em cada um dos projetos. Há, ainda, umprofessor-coordenador para cada grupo. Os alunos se dedicam oito horas por semana ao projeto,sendo metade no IUSC e as outras quatro horas em pesquisas. A mesma carga valepara os preceptores, que desenvolvem quatro horas de atividades do PET-Saúde emseu trabalho e a outra parte do tempo realizam as ações fora da unidade desaúde. O edital para que os interessados participem do processo seletivo – composto por uma prova sobre ensino médico e de enfermagem na redebásica de saúde - é aberto uma vez ao ano. A atuação dos bolsistas está focadaem pesquisas envolvendo a atenção básica, preferencialmente em unidades ESF(Estratégia Saúde da Família). abril

2011

Na opinião da professora Eliana Goldfarb Cyrino, atravésdo PET-Saúde os alunos começam a pensar a atenção básica como um objeto depesquisa e construção de conhecimento. “Além disso, a atuação dos estudantes noprojeto é voltada a promoção da saúde e prevenção de doenças”, comenta. Ainda segundo ela, com a participação dos profissionais darede básica de saúde é possível promover troca de experiências e informaçõescom os estudantes e também propor soluções para os problemas apresentados pelapopulação assistida. “Isso porque as pesquisas realizadas pelos alunos são deintervenção”, explica professora Eliana. O PET-Saúde Como uma das ações intersetoriais direcionadas para o fortalecimento da atenção básica e da vigilância em saúde, de acordo com os princípios e necessidades do Sistema Único de Saúde - SUS, o Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação daFormação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005.

Os novos chefes do Departamento se comprometeram a estimular a produção científica com teses e artigos publicados em periódicos

Carreira

Prof. Luiz Matsubara recebe nova titulação Integrante do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), o professor Luiz Shiguero Matsubara (foto) recebeu, dia 20 de abril, nova titulação em sua carreira acadêmica. Agora, o acadêmico é titular no Conjunto de Disciplinas de Medicina Interna I, II e II da instituição. O concurso para a obtenção da titularidade ocorreu em duas etapas, ambas realizadas dia 20. A prova didática teve como tema a “Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca” e a argüição pública do memorial, onde o candidato relatou toda a produção científica e acadêmica da carreira. Foram componentes da banca examinadora os professores da FMB, Álvaro Oscar Campana e Paulo Eduardo de Abreu Machado; Milton de Arruda Martins, Luiz Ernesto de Almeida Troncon e Júlio Sérgio Marchini, todos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, vinculada à Universidade de São Paulo (USP). Luiz Shiguero Matsubara concluiu o doutorado em Fisiopatologia em Clínica Médica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho em 1988. Realizou pós doutorado na University of Missouri, nos Estados Unidos. É professor orientador, responsável por disciplinas e atual coordenador do curso de pós-graduação “Fisiopatologia em Clinica Médica. Em suas atividades profissionais interagiu com 164 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.

Carreira 2

Eliana Ganem é qualificada professora titular da FMB Vinculada ao Departamento de Anestesiologia, Eliana Marisa Ganem foi qualificada, em abril, como professora titular da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB). O concurso para a obtenção do cargo é referente à disciplina de “Urgência e Emergências Cirúrgicas: Anestesiologia (Anestesiologia clínica, reanimação e Assistência Ventilatória, Terapia Antálgica e Cuidados Paliativos)” da instituição. As atividades referentes à titulação ocorreram no dia 18 e consistiram em prova didática e arguição do memorial. Em sua prova didática, a professora discorreu, com presença de membros do departamento, sobre o tema “Neurotoxicidade dos fármacos induzidos no neuroeixo”. Compuseram a banca examinadora os professores Pedro Thadeu Galvão Vianna e Yara Marcondes Machado Castiglia (ambos da FMB), José Luiz Gomes do Amaral, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Carlos Alberto da Silva Júnior, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina e Luiz Fernando de Oliveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Eliana Marisa Ganem possui graduação, mestrado e doutorado em Medicina pela Unesp. Exerceu por dois mandatos o cargo de Chefe do Departamento de Anestesiologia, sendo também vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação da área. Atualmente, é líder do Grupo de Pesquisa Toxicidade dos Anestésicos Locais e Outros Fármacos introduzidos no Neuroeixo.

Profª Ganen com membros da banca do concurso


5 Entrevista

Quando o perigo é tóxico O perigo pode ser invisível. Fabricados em laboratórios para eliminar pragas e aumentar a produtividade de lavouras em todo o Brasil, os produtos agrotóxicos estão na cultura agrícola do país e seu reflexo está nas prateleiras dos mercados e quitandas. Sem a correta lavagem, não é difícil ocorrer, mesmo que acidentalmente, a ingestão de alimentos com essas substâncias que, em longo prazo, são consideradas problema de saúde pública. Os efeitos podem ser danosos ao organismo, como indicam pesquisas recentes da área. Especialistas apontam chances de prejuízos hormonais, neurológicos, reprodutivos, entre outros. Cada vez mais exposta, a população mostra-se vulnerável aos perigos de agrotóxicos e de demais substâncias para o controle de pragas nas lavouras. Uma das maiores preocupações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é quanto a regulamentação dos agrotóxicos no país. A iniciativa, na opinião do professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina/Unesp (FMB) e coordenador do Núcleo de Avaliação do Impacto Ambiental sobre a Saúde Humana (Toxicam), João Lauro Viana de Camargo, mostra as possibilidades de uma regulação mais abrangente e que estabeleça parâmetros menos agressivos à saúde pública quanto ao uso desses produtos. Prof. Camargo, que mantém um projeto financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) sobre os efeitos adversos provocados pela ingestão de alimentos contaminados por praguicidas, ressalta que é importante que esferas públicas e a iniciativa privada discutam de forma ampla o marco regulatório para a comercialização e uso dessas substâncias em lavouras. Segundo ele, os riscos para o organismo ainda são muitos e pesquisas avançam para constatar quais os prejuízos mais significativos.

Conceitualmente, o que são agrotóxicos e por que esses produtos podem ser considerados nocivos ao Meio Ambiente e ao homem? Embora o termo “agrotóxico” esteja sendo usado para indicar produtos químicos que combatem pragas na agricultura, ele não é tecnicamente correto. A denominação correta para esses produtos é “praguicida”, ou seja, aquilo que mata pragas; daí o sufixo ...”cida”, como em homicida. As pragas que ocorrem nas culturas agrícolas são fungos, insetos, ervas daninhas, ácaros etc. de modo que os praguicidas são fungicidas, inseticidas, herbicidas, acaricidas etc. Independente do nome, claro que são substâncias tóxicas, porque seu objetivo é eliminar pragas; caso contrário, não teriam utilidade. Como qualquer agente tóxico, podem ser nocivos ao homem e ao meio ambiente, nos quais algumas dessas substâncias podem persistir, dependendo de sua característica química. Assim, como qualquer agente tóxico, os “agrotóxicos” devem ser tratados com muito cuidado.

chamamos de “fatores de confusão”, como a exposição a outras substâncias industriais, ao tabagismo, ao alcoolismo, etc. Desde 2006, temos um projeto temático financiado pela Fapesp que pesquisa os efeitos da exposição aos resíduos de “agrotóxicos” encontrados pela Anvisa sobre o fígado e sistema reprodutivo de ratos machos e fêmeas. Nossos resultados só serão divulgados no próximo ano. Neste momento, teremos que entender também o significado desses resultados para a espécie humana.

Como aliar, de maneira segura ao Meio Ambiente e não agressiva ao homem, o uso desses produtos? Três atores são importantes. De um lado, os produtores e aplicadores de “agrotóxicos” devem seguir rigorosamente as normas técnicas ditadas pelos Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Agricultura. Esses órgãos, por sua vez, devem exercer vigilância e cobrar atendimento àquelas normas. Na terceira ponta, o público deve exercer seus direitos e deveres de consumidor – estar bem informado e reportar quaisquer desvios no uso de praguicidas. Um aspecto importante da questão de “agrotóxicos” são os No Brasil, a segunda causa de intoxicação, depois de medicamentos, é por agrotóxiprodutos contrabandeados, mais baratos do que os regulares. Esses produtos “piratas”, cos. Quais medidas os órgãos competentes têm adotado para mudar essa realidade? produzidos em qualquer fabriqueta de quintal, sem cuidados técnicos, Essa questão se refere à intoxicações agudas, que são urgências contêm várias outras substâncias estranhas, algumas das quais mais tóxicas médicas. Elas ocorrem por exposições abruptas a quantidades que o ingrediente ativo principal. Esta questão, naturalmente, não é de significativas de agrotóxicos. São relativmente frequentes, porque de ciência, ou de saúde pública, mas de polícia. os preparadores, e os aplicadores desses produtos nos campos Assim, como qualquer agrícolas, não são bem orientados ou não seguem as normas agente tóxico, A Anvisa tem realizado consulta pública para o estabelecimento de técnicas como, por exemplo, a de usar equipamentos de proteção os “agrotóxicos” um novo regulamento para o registro de agrotóxicos no país. De individual. Essas são exposições ocupacionais.Existem normas que forma tem ocorrido esse processo e qual papel que a Unesp terá devem ser tratados técnicas, recomendadas pelas agências governamentais e que nesses debates? Qual a participação das empresas multinacionais estão resumidas nos rótulos e bulas desses produtos, que oriencom muito cuidado nessa questão? tam sua manipulação e uso. Além disso, também são frequentes A Anvisa fez uma chamada pública (Nº 2 de 2011), que deverá ser enceros acidentes (ingestão inadvertida, principalmente por crianças) rada dia 25 próximo, para discutir um regulamento sobre como registrar e as tentativas de suicídio usando praguicidas. A exposição por João Lauro Viana Camargo, sobre “agrotóxicos” no Brasil. Esta proposta de regulamento acha-se no site alimentos contaminados também ocorre, mas em baixos níveis, e a a importância de se debater o tema do órgão e qualquer cidadão pode sugerir o aperfeiçoamento dela. A importância dessas doses baixas de resíduos para a saúde humana Sociedade Brasileira de Toxicologia, junto com outras três soestá sendo intensamente pesquisada. ciedades científicas, está coordenando um grupo de trabalho constituído por colegas da Unesp, USP (Universidade de São No dia-a-dia, quais alimentos são os mais agresPaulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para sivos em quantidade de agrotóxicos ao consumianálise do regulamento proposto. Nosso documento irá se dor? Como se prevenir desse perigo? basear no estado-da-arte das ciências relacionadas à avaliação Há 10 anos a Anvisa (Agência Nacional de Vigilântoxicológica e do risco. Além disto, procurará o alinhamento cia Sanitária) desenvolve uma ação denominada aos países mais desenvolvidos (EUA, Comunidade Europeia, PARA – Programa de Análise de Resíduos em Japão), desde que isto não fira critérios científicos vigentes. Fui Alimentos. Eles coletam alimentos frescos à disinformado de que o setor produtivo, constituído por empresas posição do consumidor em quitandas e mercados nacionais e multinacionais, participará do processo com um do norte ao sul do país e enviam as amostras para documento próprio. laboratórios credenciados para análise química. O que a Anvisa tem percebido é que frutas, legumes Um dos objetivos dessa e verduras contêm resíduos de “agrotóxicos”. Aschamada pública é equipsim, embora em níveis relativamente baixos, nós arar a legislação brasileira Quando a exposição estamos ingerindo essas substâncias. Dependendo a de países como Estados do período em que a amostragem foi feita pela ocorre em baixas Unidos, Japão e União Anvisa, é diferente a fruta, legume, ou verdura que doses e por longo Europeia. Que diferença contêm mais resíduos. Assim, não é possível, nem tempo, estamos há na regulamentação adequado, indicar o “alimento mais agressivo” em nacional a desses países? termos de contaminação. De qualquer modo, os frente a um problema Uma das diferenças entre o alimentos naturais devem ser lavados com água Brasil e os EUA nesta área corrente e as cascas retiradas. é a aplicação sistemática João Lauro Viana Camargo, da “avaliação do risco” dos A ingestão dessas substâncias, mesmo com a sobre efeitos dos agrotóxicos praguicidas. Embora nossa correta lavagem de alimentos, pode provocar legislação sobre “agrotóxique tipo de reação no organismo? cos” preveja o uso deste inQuando a exposição ocorre em baixas doses e por strumento científico, isto ainda não ocorre de modo completo longo tempo, como ocorre aqui e no restante do no país. Quanto à chamada pública da Anvisa, não é seu mundo, estamos frente a um problema. Há alguobjetivo explícito equiparar a legislação brasileira à de outros mas indicações de que esta exposição discreta, países, embora em alguns momentos ela se refira à normas mas contínua, possa estar provocando efeitos técnicas e científicas de agências governamentais de outras danosos ao organismo. As hipóteses sugerem nações e à entidades internacionais, como a Organização para efeitos hormonais, neurológicos, reprodutivos, Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD). comportamentais, etc. O problema é isolar o que

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Especial FMB 48 anos

O desafio de se tornar uma escola médica de classe mundi A sessão solene da Congregação em Meta para o futuro comemoração aos 48 anos da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), será o processo de realizada, dia 29 de abril, no Salão Nobre internacionalização da instituição, foi recheada de emoção para os integrantes da homenageada 4ª das relações da turma de médicos formados pela escola. Identificados com uma estola alusiva à faculdade de medicina data, os integrantes do grupo aproveitaram a oportunidade para vivenciar momentos de reencontro e nostalgia. O urologista Milton Flávio Lautenschlager, aluno e orador da 4ª turma na época da formatura dos então-estudantes, voltou a assumir seu lugar ao púlpito. Dessa vez, porém, as expectativas dos recém-formados eram lugar às lembranças dos veteranos. Milton Flávio lembrou dos tempos de faculdade, as passagens curiosas e difíceis. Frisou que a escola, ainda em construção quando sua turma passou pelas salas de aula, agora se tornou moderna e preparada para oferecer serviços de saúde com qualidade à população. “Que a FMB possa continuar formando bons médicos e que possamos assistir juntos outros tantos anos dessa bela história”, disse. Professor José Manoel Bertolote, escolhido para falar em nome da 4ª turma inovou em sua apresentação. Ao invés do tradicional discurso, optou por uma performance teatral, um monólogo que surpreendeu os presentes. Prof. Sérgio Müller - O diretor da FMB, professor Sérgio Swain Müller, fez questão de citar nominalmente os ex-alunos da 4ª turma que permanecem prestando serviços à faculdade. Aproveitou para lembrar também que ainda hoje os alunos são bastante participativos e contribuem de maneira efetiva com os projetos da instituição. Ao falar rapidamente sobre sua gestão, ponderou que os projetos desenvolvidos e que resultaram em avanços para a FMB são fruto do trabalho de centenas de funcionários. Ele lembrou, por exemplo, da consolidação da Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin), da idealização da Unidade de Pesquisa Experimental (Unipex) e Biotério. “O objetivo é associar ciências básica e experimental à aplicação clínica. Juntamente com o Parque Tecnológico de Botucatu poderemos ser um polo pesquisa e aprimoramento”, afirmou. Professor Müller colocou como desafio da organização para um futuro próximo intensificar seu processo de internacionalização. Há quase um ano a FMB conta com um Escritório de Relações Internacionais. “Queremos ser uma escola medica de classe mundial”, sublinhou. Prof. Emílio Curcelli - O superintendente do Hospital das Clínicas da FMB, professor Emílio Carlos Curcelli, ressaltou que a participação dos ex-alunos da 4ª turma colaboraram de maneira fundamental para que a faculdade atingisse seu atual grau de excelência. “Entretanto, não podemos repousar às conquistas de nosso antecessores. Precisamos avançar. Antes de tudo, precisamos mudar nossos paradigmas. Avante Botucatu”, destacou o gestor. Profa. Marilza Rudge – Representando na cerimônia o vice-reitor no exercício da Reitoria da Unesp, professor Júlio Cezar Durigan, a pró-reitora de PósGraduação, professora e ex-aluna da FMB, Marilza Vieira Cunha Rudge, elogiou a iniciativa da atual Direção da FMB ao homenagear os ex-alunos. A docente, que foi veterana de alguns alunos da 4ª Turma e parceira deles na histórica Operação Andarilho, apontou que é motivo de orgulho acompanhar a evolução do HCFMB, que hoje se tornou um complexo hospitalar. “Hoje é uma autarquia e continua sendo um hospital de ensino vinculado à FMB”, colocou. Professora emérita Dinah Borges de Almeida foi convidada para falar sobre a trajetória da FMB. Em seu discurso, ela lembrou dos primórdios da ainda Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), processo do qual o professor emérito Mário Rubens Guimarães Montenegro foi ator central. Ela frisou que atualmente a instituição tem condições de oferecer atendimento de saúde com qualidade desde o nível primário, com o Centro de Saúde Escola (CSE) até o quaternário, com os transplantes de fígado e rim realizados pelo HCFMB. “A FMB foi a primeira escola médica a inserir seus alunos no atendimento a pacientes desde o 4º ano e a oferecer internato de dois anos. Além disso, tem pensado internacionalmente seu ensino”, colocou. A emérita aproveitou para tornar pública sua preocupação com a necessidade de o ensino ser sempre o centro das preocupações do HCFMB, sem perder o vínculo com a FMB, mesmo após ser transformado em autarquia da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Professora Dinah ainda comentou sobre o foco constante da instituição na pesquisa. “Começamos com laboratórios experimentais e hoje temos uma Unidade de Pesquisa Clínica”, ponderou.

Solenidade de 48 anos da Faculdade de Medicina/ Unesp consistiu em homenagens e relatos de acadêmicos e relembrou momentos da 4ª turma de médicos formada pela escola

Botucatu pode ser dividida em antes e depois da FCMBB O prefeito de Botucatu, João Cury Neto, presente na cerimônia de comemoração aos 48 anos da Faculdade de Medicina de Botucatu, destacou que ao longo das últimas décadas a FMB tem sido uma importante parceira do município, entre outros motivos pelo fato de fornecer seus especialistas para atuarem como secretários municipais de Saúde. “Botucatu tem hoje uma estrutura de saúde com grandeza considerável, precisamos apenas manter um diálogo permanente. Em breve, teremos condições de hierarquizar os atendimentos como prevê o SUS (Sistema Único de Saúde)”, enfatizou, pontuando que, em sua opinião, a história da cidade pode se dividir em antes e depois da criação da antiga FCMBB.

Integrantes da 4ª turma de Medicina da FCMBB Akimi Imafutu Aloisio Antonio Gentil Antero Frederico Macedo de Miranda Antonio Carlos Menegon Antonio Gevali Carsava Antonio Naufel Araci Ferreira Lopes Aristides Caruso Junior Carlos Henrique Siloto Celso de Freitas Gomes Cid Libero Macchetti Cleide Keller Dorio Elman Duarte Manoel Teixeira da Silva Edgard Chammas Elizabeth Garcia Castro Caruso Everaldo Casalenuovo Fernando Bernardo Fonseca Florence Kerr Correa Geraldo Migliorini Pires de Campos Hamad Mitri Antonios Saleh abril

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Hamilton Almeida Rollo Hedoneia Mendes Chinaglia Issan Fares Jaime de Oliveira Gomes João Carlos Barreiros Joao Carlos Macarini Joaquim Fernando Almeida Jose Abdo Neto Jose Carlos Dal Acqua da Silva Jose Carlos Gurgel José Gabriel Martins de Camargo Jose Lourenco Quaglia José Manoel Bertolote Jose Paulo de Figueiredo Marquesi Jose Roberto Naddeo Jose Teodoro Veneziano Tonete Juarez Carlos Barauna Luis Angelo Sampaio Luiz Antonio Vicente Silveira Maorilio Aparecido Calil Marco Antonio de Almeida Torres

Marcos Antonio Congilio Martins Maria Aurea Pisaneschi Petrossi Gallo Maria Lucia Lebrao Maria Rosa Bet de Moraes e Silva Mauro Benedito Monson de Souza Mauro Brasil Lambert dos Santos Milton Flavio Marques Lautenschlager Monir Hanania Nadja Soares Filgueiras de Moraes Nelson Gaspar Dip Nilberto de Almeida Norberto Marcondes dos Santos Odair Carlito Michelin Omar Abrão Geraige Paulo Traiman Pedro Dimitrov Pericles Alves Nogueira Renato Sérgio Pietsch Cunha Rubens Correa Guimaraes Rubens Monteiro Santos Tonioli Filho

Sergio Passerotti Sidnei Jose Spinardi Silvio Antunes Cocenas Suely Dias Manfrinato Tereza Kawakami Kiy Ubajara C. Nogueira de Freitas Valdemar Pereira de Pinho Vanderlei A. Najarro Gagliardi Wagner Ripari Walter Spinelli Junior Wilmar Magalhães Lemos Yoshino Ayabe Gomes

PARANINFO Prof. Dr. Marco Segre PATRONO Prof. Dr. Fernando José de Nóbrega


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Especial FMB 48 anos

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Eméritos eternizados

Solenidade

Professores pioneiros e que contribuíram de maneira decisiva para a criação e consolidação da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), atualmente titulados como “eméritos”, foram homenageados pela escola, dia 27 de abril. Em meio às comemorações do aniversário de 48 anos da FMB, foi inaugurada, em área anexa à Sala de Reuniões da Congregação, a galeria de retrato dos professores eméritos da faculdade. O espaço onde foram instalados os 23 quadros com a reprodução da imagem dos eméritos fica justamente na ante-sala do ambiente onde são discutidas e tomadas as principais decisões sobre o rumo da FMB. No local, onde se reúnem representantes de todos os segmentos da FMB, foi recentemente batizada com o nome de um dos mais ilustres professores eméritos da instituição, Dr. Mário Rubens Guimarães Montenegro – considerado fundador da Faculdade de Medicina de Botucatu. A cerimônia de homenagem aos veteranos mestres contou com a Foram instalados presença de familiares e amigos os 23 quadros com dos docentes. O diretor da FMB, professor Sérgio Swain Müller; a vicea reprodução da diretora, professora Silvana Artioli Schellini; além do diretor-presidente imagem dos eméritos da Fundação para o Desenvolvimda Medicina/Unesp ento Médico e Hospitalar (Famesp), professor Pasqual Barretti e seu vicepresidente, professor Shoiti Kobayazi ficaram com a incumbência de reforçar aos eméritos a importância de sua história à serviço da universidade. “Muito mais que nossa infra-estrutura, prédios e laboratórios queremos eternizar aqueles que realmente ajudaram a construir a história da FMB”, disse professor Sérgio Müller. Para o professor Pasqual Barretti, uma importante contribuição dada pelos professores eméritos, principalmente para o Brasil, foi a participação da luta pela democracia durante o Regime Militar (1964/1985). “É com grande alegria que assisto ao crescimento da FMB e nada disso seria possível sem a participação de nossos eméritos. Hoje a Famesp consegue viabilizar um dos grandes sonhos da universidade, que é levar a faculdade para fora de seus muros. Dá-nos muita satisfação poder dar esse presente à instituição”, abordou ele, se referindo ao apoio da Fundação para Para Nilberto, que a FMB administe diversas unidades de saúde no Estado de São Paulo. viver em Um dos homenageados, o professor emérito William Saad Hossne deu uma Botucatu breve aula aos presentes sobre quem foi Hipócrates (460 a.C) – considerado criador significou da Medicina atual e cujo busto foi colocado em um espelho d’água construído ao vivências em lado do novo prédio administrativo da FMB. Nesse mesmo local serão plantados causas sociais exemplares de uma árvore chamada Plantanus ocidentalis – sob a qual, em sua e políticas versão oriental (Plantanus orientalis), Hipócrates ministrava suas aulas e cujo galho, juntamente com uma serpente, compõe o símbolo da Medicina. “Hipócrates tirou a Medicina do terreno da superstição, da magia e criou sua espinha dorsal. Ele dizia: “A natureza das doenças pode ser conhecida, desde que usemos a razão e a observação”. Nasceu o raciocínio clínico, a ideia dos sintomas e sinais e a necessidade de o doente contar tudo que sente para o médico. Esse é um processo que pode ser aprendido e ensinado; com isso nasceu a arte médica”, observou professor Saad. Ao falar sobre mais um reconhecimento em sua carreira, emérito disse estar bastante satisÉ com grande alegria que feito. “Acho que é um momento de satisfação assisto ao crescimento e principalmente de confraternização por ver da FMB e nada disso que há um entrosamento entre as gerações anteriores e as que estão vindo. Essa cerimônia seria possível tem esse significado. Estamos juntos construsem a participação indo o melhor que podemos nessa faculdade”. de nossos eméritos Dois dos professores eméritos homenageados são ex-reitores da Unesp: Dr. José Carlos de Souza Trindade e Dr. Artur Roquete Pasqual Barretti, diretor presidente de Macedo, ambos presentes à cerimônia da Famesp sobre os eméritos preparada pela FMB.

Homenageados, integrantes da quarta turma valorizam relação com a escola No convite impresso, o dia 18 de dezembro de 1971, significou o momento previsto para que os então noventa alunos da 4ª turma de Medicina da então Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB)- embrião do que viria a ser a Unesp na região-, entrassem pelo corredor do Botucatu Tênis Clube e concretizassem o sonho da graduação. Companheirismo, amizade e lembranças de épocas de descobertas e conhecimento. Era assim que muitos dos integrantes da quarta turma de medicina se encontraram durante as homenagens oferecidas na solenidade alusiva aos 48 anos de criação do curso de medicina pela FCMBB, realizada dia 29 de abril. Uma exposição de fotos, com curadoria da historiadora Isaura Bretan, levou aos presentes muita emoção e momentos marcantes dos seis anos que passaram em Botucatu. Nilberto de Almeida, natural de Jacareí (SP), ressalta as mudanças de cidade e rotina como os maiores impactos da nova escola. Para ele, ter vivenciado parte do início da FCMBB significou aprender a mudar e engajar-se em causas políticas e sociais (o curso ocorria em pleno Regime Militar). “Uma das lembranças mais significativas foi quando cheguei a Botucatu. Tínhamos acabado de encostar o carro aqui no campus para a matrícula e vi como isso era isolado. Ver a faculdade crescer a cada dia e hoje ser essa referência me deixa orgulhoso em ter participado da ‘Gloriosa’”, ressaltou o médico que se especializou em urologia e atualmente vive em Franca. O vestibular na década de 1960 era diferente da forma como é feito atualmente. Muitos dos candidatos escolhiam cursos nas diversas instituições de ensino superior espalhadas pelo Estado. Alguns optavam pela novata FCMBB. Foi assim que Maria Áurea Gallo decidiu mudar-se de São Paulo a Botucatu na época. Segundo ela, uma das características marcantes da turma era a forma acolhedora e comprometida de cada membro. “Era um grupo acolhedor e isso proporcionou que tivéssemos boa relação com todas as turmas e outros cursos da faculdade”, realça. De um total de 90 alunos, doze eram mulheres. E o sentimento de cada uma dessas estudantes era de ter colaborado como corpo discente para o crescimento e solidificação da FCMBB. “As primeiras turmas, e isso incluindo a quarta, lutaram muito para que a faculdade crescesse e tivesse essa dimensão do que é atualmente”, relatou Nadja de Moraes, que há quinze anos não retornava a Botucatu. Situação diferente que Santos Tonioli Filho vivenciou. Em 1966 ingressou na FCMBB com a incerteza do que encontraria na então desconhecida Botucatu. “Na época nem sabia como era Botucatu. Mas com o tempo fui percebendo o potencial que a faculdade teria”, enfatizou. O médico, que se especializou em pediatria, formado em 1971, ingressou na Força Aérea Brasileira e tempos depois clinicou em Santos. Mas sempre manteve contato com a cidade- a esposa é botucatuense- e com a escola. “O crescimento da FMB foi espetacular. Dizer que sou formado pela Unesp é um orgulho pelo que hoje a universidade se tornou”, concluiu Santos.

Maria Áurea ressalta postura acolhedora da quarta turma de Medicina

Nadja de Moraes, há 15 anos, não visitava a faculdade onde se graduou médica

Santos Tonioli frisa que ser formado pela Unesp é um orgulho a todos os acadêmicos

A pianista Telma Habermann foi um dos destaques da celebração dos 48 anos da Faculdade de Medicina/Unesp. Em seu concerto, clássicos da música instrumental que emocionaram o público presente ao Salão Nobre. abril

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Uma nova vida para o beisebol

Um dos representantes regionais no beisebol, a equipe da Associação Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio de Almeida (AACHSA), vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) conquistou a terceira colocação da Chave Prata da Liga Paulista 2010 da modalidade. A entrega do troféu ocorreu no dia 2 de abril. Sendo uma das competições mais disputadas do país, a Liga enEquipe da Medicina/ volveu 24 equipes divididas em três conferências: Capital, Central Unesp auxilia e Centro-Oeste, na qual a equipe botucatuense enfrentou represenBotucatu a contar tações de Piracicaba, Campinas novamente com a e Americana. Após realizar seis partidas, a campanha da Atlética prática desse esporte Medicina/Unesp obteve três vitórias (diante de Americana Nômades, FFLCH- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP- e Piracicaba; além de duas derrotas: uma por WO diante de Campinas e por um ponto de diferença para Bacamartes. Os resultados fizeram com que a equipe conquistasse o segundo lugar na Conferência Centro Oeste e o direito de competir na Chave Prata da Liga, que reuniu os melhores classificados em cada divisão regional. Nessa fase, a Atlética da Medicina/Unesp venceu a representação do Wild Eagles, de São José dos Campos. No entanto, os botucatuenses enfrentaram problemas, não puderam disputar a final e ficaram com o terceiro lugar do torneio. A campanha positiva refletiu-se também no desempenho dos atletas. Ricardo Fernandes, atualmente no 5º ano do curso de Medicina da FMB, foi um dos melhores arremessadores da competição. Segundo o diretor de modalidade do time, Natanael Sutikno Adiwardana, a campanha obtida na Liga Paulista reflete o crescimento técnico da equipe, que também é formada por médicos residentes e alunos do curso de agronomia da Unesp. “A equipe tem consciência da responsabilidade que carregamos ao representar esse esporte para a cidade. Os próprios atletas dos times adversários passaram a reconhecer a garra e vontade de jogar do time de Botucatu em 2010 ao final do ano”, declarou.

Apoio da colônia japonesa foi essencial

Equipe acumula títulos e planeja temporada

O time de beisebol da Atlética da Medicina/ Unesp destaca que o apoio da Colônia Japonesa botucatuense ao time foi parte fundamental para a sobrevivência e crescimento atual do esporte na cidade, principalmente após o trágico acidente que abalou a colônia japonesa e o esporte e que em 2010 completou 46 anos. “Buscamos sempre respeitar a colônia Japonesa e aqueles que nos antecederam e sofreram com o acidente, buscando lembrá-los sempre que vencemos e superamos qualquer dificuldade. Se não fosse o respeitável e compreensivo

Além da participação na Liga Paulista, a Atlética da Medicina/ Unesp também tem se consolidado como uma das forças do beisebol no interior paulista. Com três títulos no Intermed- uma das maiores competições entre escolas médicas do país- o time se prepara para disputar a Med League, competição entre várias faculdades de medicina do Estado de São Paulo. Outro planejamento da equipe é o Campeonato Brasileiro de Beisebol e Softbol Universitário, quando disputará o título com outras universidades como USP (Universidade de São Paulo), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e Unicamp- Universidade Estadual de Campinas.

prof. Minoru Sakate, pró-ativo pela comunidade botucatuense e universitária mesmo após sua aposentadoria, nosso time não teria alcançado metade do que fez em 2010”, declara Adiwardana. “Prestamos nossas honras também ao senhor Sérgio Turianni Marques, último sobrevivente do acidente de 1964 (quando diversos jogadores da equipe local de beisebol faleceram em um acidente após um amistoso em Avaré) e ainda amante da técnica do bastão, certamente um grande exemplo para todos os beisebolistas”, complementa.

Resultado

Medicina/Unesp é campeã dos Jogos Universitários de Botucatu Em sua primeira participação, a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), conquistou o título geral dos Jogos Universitários de Botucatu (JUBS) 2011, disputado entre 13 e 17 de abril, durante as festividades de 156 anos do município. Com uma delegação de 120 atletas, a FMB, representada por sua Associação Atlética Acadêmica Carlos Henrique Sampaio de Almeida (AAACHSA), conquistou a primeira colocação em modalidades como xadrez, tênis de mesa e basqueteambas no masculino e feminino-; handebol feminino, vôlei feminino e atletismo masculino. A Medicina/Unesp ainda obteve resultados expressivos com os vice-campeonatos no atletismo feminino, futsal feminino e no vôlei masculino. Devido a esse desempenho, a FMB ficou à frente da Associação Atlética Acadêmica LAS. Em 3º ficou a Fatec - campeã em 2010 -, em 4º ficou a Atlética Geral Unesp, em 5º São Manuel e em 6º os estudantes de uma universidade de Botucatu. Para o diretor de esportes da AAACHSA, Vinícius Garcia Neyer, os Jogos Universitários mostraram alto nível técnico, com partidas difíceis para a delegação, conforme avaliou. “Tivemos partidas difíceis e todas as faculdades que abril

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participaram do torneio demonstraram estar bem preparadas”, declarou. Neyer ainda enfatiza que a participação nos JUBS também serviu de ‘termômetro’ para a Atlética da Medicina em relação a outras competições, como a Intermed (maior torneio entre escolas médicas do país, que sempre ocorre no segundo semestre) e a própria Interunesp, por exemplo. Organizadores do JUBS 2011 entregam o troféu de campeão do torneio ao presidente da Atlética/Medicina Unesp, Thomaz Marcondes Silva

Sobre o JUBs Os Jogos Universitários de Botucatu foram uma iniciativa pioneira ao reunir em uma competição esportiva os estudantes de todas as instituições de Ensino Superior da cidade. O evento foi criado para estimular, promover e ser instrumento de organização do esporte universitário no município, que tem 8 mil graduandos. Ocorreram disputas nas seguintes modalidades: futsal, handebol, vôlei, basquetebol, xadrez, tênis de mesa e atletismo.


9 Geral Acadêmico

Congresso Médico Acadêmico 2011 já em organização Prestes a completar duas décadas, um dos eventos científicos mais abrangentes da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), o Congresso Médico Acadêmico (CMAB), já começa a estruturar sua programação de palestras, debates e apresentação de trabalhos. Voltado a estudantes das faculdades com cursos na área da saúde de toda a região, o evento ocorre de 21 a 28 de setembro, no salão nobre da FMB, no campus da Unesp, em Rubião Júnior. Todas as noites d o e ve n to s e r ã o Evento tem se consolidado segmentadas, com como incentivador palestras nas áreas de medicina forense, de iniciativas científicas, oncologia, medicina complementar, estudos e trabalhos or topedia, hemadentro da área da saúde tologia, anestesiologia, psiquiatria e dermatologia. Além das palestras com profissionais e especialistas da área médica, haverá exposição e premiação de trabalhos científicos, que devem ser enviados via internet até o dia 19 de junho. Criado originalmente pelo corpo discente da FMB, o evento tem se consolidado como incentivador de iniciativas científicas, estudos e trabalhos dentro da área da saúde além da tradicional sala de aula. “O congresso tem como objetivo permitir a apresentação e premiar a produção científica da área de Saúde e também colaborar com a graduação de estudantes, bem como promover a atualização de profissionais da área de Saúde já formados”, ressalta Daniel Campos Crepaldi, da comissão organizadora. As inscrições para o evento já podem ser realizadas exclusivamente pelo site oficial do evento (www. inscricoes.fmb.unesp.br). Os valores de participação variam de R$ 60 R$ 80. Informações podem ser obtidas através do telefone (14) 3811-6020 ou ainda pelo pelo email cmab@fmb.unesp.br.

Interatividade

Enfermagem cria canais de informação e interação É cada vez mais necessária a inserção nos meios digitais de comunicação. Empresas, artistas e pessoas comuns relatam o cotidiano, informam e interagem. Redes sociais, blogs e comunicadores fazem com que a relação interpessoal não tenha fronteiras. A partir dessa realidade, o Centro Acadêmico de Enfermagem XII de Maio (Caenf), do curso de graduação de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), criou um novo canal de comunicação. Através de um blog, estudantes do curso podem obter informações sobre eventos como congressos, cursos, além de artigos e entrevistas temáticas da área da saúde. “Pensamos em criar o blog da maneira mais dinâmica e acessível possível, cuidando de assuntos de interesse não só dos alunos da Enfermagem, mas dos futuros profissionais que farão parte de toda a equipe multiprofissional da saúde”, explica Igor Chagas, aluno do 1º ano do curso e um dos idealizadores da página. Para o presidente do Caenf, Ícaro Machado, a iniciativa mostra a preocupação de movimentos e agremiações estudantis em se aproximarem do corpo discente de forma direta e interativa. “O blog é um canal de comunicação que abrange todos os alunos e profissionais de enfermagem. Com isso passam a ter um espaço amplo e de acesso às atividades desenvolvidas pela universidade”, ressalta. O blog pode ser acessado pelo endereço http://caenfunesp.blogspot.com. Além da página, o Caenf conta também com um perfil na rede social Twitter (@caenfunesp) e pelo email caenfxiidemaio@yahoo.com.br. Criado em 1989, o curso de graduação em Enfermagem da Medicina/Unesp possui atualmente 120 alunos matriculados nos quatro anos de duração. No vestibular 2011 teve concorrência de 20,8 candidatos/vaga.

Treinamento fortalece fiscalização a asilos e casas de repouso Somos 190 milhões de brasileiros. Dados do mais recente censo populacional feito pelo Instituito Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a realidade etária no país mudou. Antes pequena, a parcela de pessoas na faixa dos 65 anos ou mais é de 7,4% da população. Mudança da qualidade de vida, novos tratamentos a doenças relacionadas à idade e também mudança de postura social dessa fatia da população (participação ativa no mercado de trabalho e em atividades de lazer), proporcionaram o aumento na expectativa de vida. Mesmo com essa realidade, boa parte dos representantes da melhor idade ainda depende de cuidados extras seja pela família ou por instituições de longa permanência para idosos, os populares asilos. Para fiscalizar a qualidade da assistência oferecida a esses brasileiros no Estado de São Paulo, o governo paulista mantém instrumentos de fiscalização para esses estabelecimentos. Para que a fiscalização ocorra de maneira eficaz, fiscais do Grupo de Vigilância Sanitária do Estado (GVS) passam, entre os meses de abril a junho em Botucatu, por uma capacitação em três módulos que visa o aprimoramento desses órgãos. O treinamento, tem participação de alunas do 4º ano do curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), abrange profissionais das Vigilâncias Sanitárias e de Secretarias de Saúde de 30 municípios das regiões de Botucatu e Avaré. No primeiro módulo, realizado em abril, foram abordados temas como a legislação que garante os direitos básicos ao idoso como o Estatuto do Idoso, Constituição Federal e também o papel do SUS (Sistema Único de Saúde) dentro do cuidado a pessoas com 60 anos ou mais. Já a capacitação de maio, que ocorreu dia 5, no Seminário Arquidiocesano de Botucatu, abrangeu partes clínicas da assistência ao idoso e as principais doenças relacionadas ao envelhecimento; o papel dos asilos no suporte em saúde e qualidade de vida, número de idosos para cada cuidador e estruturas físicas adequadas para acomodação na velhice. “A disciplina de Saúde Coletiva da FMB tem uma parceria, há três anos, com a Vigilância Sanitária para treinamento de profissionais e isso possibilita que os alunos da institu-

ição possam estar em contato com pontos específicos da saúde pública e serem difusores de conhecimento”, ressalta professora Marli Duarte, responsável pela disciplina de Saúde Coletiva do curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina. Segundo Lilyan Michaloski, diretora técnica do GVS de Botucatu, o ciclo de palestras integra a gama de atividades que o grupo prevê para aprimorar os profissionais responsáveis pela fiscalização e também de suporte ao trabalho de casas de repouso e asilos. “Como se tem aumentado a expectativa de vida dessa parcela da população, tem entrado em funcionamento um número maior de casas de repouso. É necessário capacitarmos nossas equipes de fiscais para ter um olhar do que esses espaços oferecem aos idosos”, frisou a chefe. De acordo com a diretora, existem 40 estabelecimentos desse tipo legalizados e cadastrados na região de Botucatu e estima-se que mais de 120 idosos sejam cuidados por essas entidades. A intenção, com a capacitação, é fazer com que fiscais e profissionais de saúde tenham maior detalhamento sobre as atividades dessas casas de repouso e asilos. “A fiscalização ocorre através de visitas técnicas em que são analisadas a infra-estrutura, alimentação e indicadores de qualidade que são revertidos às pessoas assistidas”, complementa Lilyan.

Alunas realizaram palestras sobre os cuidados com idosos e particularidades da saúde na melhor idade

Medicina e Justiça

Responsabilidades Civil e Penal dos médicos em discussão Alunos do curso de graduação em Medicina da FacO advogado frisou ainda que os Conselhos Regionuldade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) e médi- ais de Medicina, em todo o país, têm se mostrado mais cos de seu Hospital das Clínicas (HCFMB), participaram, atuantes quanto ao esclarecimento de dúvidas, assesdia 5 de maio, tiveram a oportunidade de esclarecerem soria jurídica e de investigação e processos em casos de dúvidas e direitos dentro da profissão durante palestra erros médicos. “Quanto a esse ponto, a Justiça brasileira sobre Responsabilidade Civil e Penal, com o advogado tem tomado nova posição e agido com maior rigor”, Paulo Coradi. A promoção do evento foi da Diretoria reforçou Coradi em sua explanação. Ele ainda fez um Clínica do HCFMB. paralelo entre as realidades enfrentadas nos Estados O palestrante, que é advogado da APM (Associação Unidos e Brasil sendo que, no país norte-americano, Paulista de Medicina) em Botucatu ressaltou, durante mais muitos dos médicos passam a enfrentar processos de uma hora aspectos legais com os quais os profissionais milionários e chegam a perder definitivamente o direito convivem e as mudanças dentro das legislações cíveis e ao exercício da profissão. criminais do país. Iniciou a conversa com um alerta aos Durante a palestra, Coradi ainda enfatizou que futuros e atuais profissionais: “A médica é uma das que médicos estão sujeitos a três tipos de responsabimais possuem responsabilidades seja na esfera cível, ética lidades (ética, cível e criminal) e que as penalidades, ou criminal. E também uma das carreiras que são indefesas dependendo do processo, podem variar de advertência por estarem sujeitas a imprevistos”, evidencia. disciplinar, perda do registro e exercício da profissão até Para ele, escolas médicas em a prisão do acusado. todo o país deveriam garantir A Associação Paulista de Medicina a inclusão de disciplinas ou atendeu a mais de 2.500 médicos por eventos mais abrangentes que terem sido questionados por pacientes, Quanto a esse ponto, contemplem as características nos últimos dez anos. Desse total, 57,4% a Justiça brasileira tem do direito e responsabilidade resultaram em processos disciplinares, tomado nova posição e médica. “O médico, ao ser forsindicâncias e discussões em comissões agido com maior rigor mado por faculdades e univerde ética médica. Ainda de acordo com sidades, têm que ter a ciência dados da APM, 90% dos médicos asde que poderá responder à Lei sociados que enfrentaram ações cíveis, como qualquer cidadão e tamPaulo Coradi, advogado, sobre as leis os pedidos de indenização foram acima bém ao Conselho Regional (de de R$ 100 mil e 99% dos processos brasileiras quanto a erros médicos Medicina)”, complementa Coradi. reivindicavam danos morais.

abril

2011


10 Hospital das Clínicas

Pronto-Socorro Adulto é inaugurado com estrutura para 300 atendimentos/dia Um dos equipamentos de saúde mais esperados para Botucatu e região, o novo Pronto-Socorro Adulto “Dr. José Virgínio Lunardi” foi inaugurado, dia 18 de abril. A cerimônia contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e do secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri, além de autoridades políticas regionais. A unidade, que começou a funcionar no dia seguinte à inauguração, é uma parceria entre a Prefeitura de Botucatu e a Secretaria de Estado da Saúde, sob gestão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (HCFMB) –auA unidade é de nível tarquia do Governo de São Paulo. secundário, ou seja, com O serviço está preparado para realizar, em média, 300 atendimentos atendimento de urgência por dia e beneficiar cerca de 120 e emergência em duas mil pessoas por ano. Será oferecido atendimento salas de mini-UTIs 24 horas em casos de menor gravidade nas especialidades de clínica médica geral e ortopedia – que concentram as principais demandas de urgência e emergência. A unidade é de nível secundário, ou seja, com atendimento de urgência e emergência em duas salas de mini-UTIs. O novo Pronto-Socorro tem ainda seis consultórios, uma sala para inalação, uma para ortopedia, duas para curativos, 12 leitos de observação e dois de isolamento. Atuarão nos cuidados à população três médicos clínicos gerais e um ortopedista, além de médicos residentes e estudantes de Medicina na fase final de graduação. Serão quatro médicos para cada 12 horas, além de uma equipe composta por cinco enfermeiros e 24 auxiliares de enfermagem. Em seu discurso, o secretário Giovanni Cerri destacou que a gestão da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) garantirá qualidade aos atendimentos realizados no novo PS. “Isso será possível, pois atuarão no serviço profissionais bem treinados”, disse. O prefeito de Botucatu, João Cury Neto lembrou que o município é um polo regional de Saúde ao reforçar que o Pronto-Socorro deve estar aberto a todos aqueles que precisarem de atendimento na região. “O PS estará de braços abertos aos moradores de nossas cidades vizinhas que precisarem de atendimento de qualidade”, colocou. O governador Geraldo Alckmin não poupou elogios à FMB ao falar sobre a forma como a nova unidade será administrada. “Teremos não só a grife, a marca FMB, mas também uma equipe de profissionais de uma das mais conceituadas faculdades de medicina Teremos não só a marca do Estado de São Paulo”, avaliou. Alckmin também apoiou a postura do prefeito João Cury FMB, mas uma equipe emregionalizar o atendimento do Pronto-Socorro. “A Saúde de profissionais de uma deve ser vista de formaregionalizada e hierarquizada”, ponderou. Antes de inaugurar o novo PS, o governador visitou as obras de das mais conceituadas terraplanagem onde será construída a Clínica de Recuperação para faculdades de medicina Dependentes Químicos, projeto do Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Botucatu, cuja gestão também será feita pela FMB. Geraldo Alckmin ao ressaltar a gestão da FMB no novo PS Adulto

HCFMB e FMB coordenaram preparação da equipe do novo PS Profissionais que atuarão no novo Pronto Socorro Adulto (PS Municipal), em Botucatu, passam de 4 a 8 de abril, por um programa de capacitação para a assistência em urgência e emergência na unidade. Ao todo, mais de 50 profissionais entre técnicos em enfermagem, enfermeiros e do setor administrativo (que inclui recepcionistas, agentes de vigilância e oficiais administrativos) participam de palestras e treinamentos práticos que visam mostrar como deve ser o procedimento e funcionamento da nova unidade, que já está em operação. Ocorreram ainda capacitações e abordagens em temas como infecção hospitalar, tratamento de artigos hospitalares, coletas de materiais para exames, transfusão sanguínea, normas do serviço de enfermagem e sistematização em assistência de enfermagem. Também foram priorizadas na capacitação as boas práticas na administração de medicamentos, procedimentos de enfermagem, segurança do paciente e notificação de eventos adversos, política nacional de Aleitamento Materno e atendimento ao público. Durante o início do treinamento, o superintenabril

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dente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB)- entidade responsável pela capacitação e gestão do Pronto Socorro Adulto-, Emílio Carlos Curcelli, ressaltou a importância de tornar a equipe preparada para a assistência em um centro com alta capacidade de atendimento. Estima-se que a unidade possa receber 300 pacientes ao dia, em média. “Buscamos, com todo esse treinamento, que a equipe do Pronto Socorro Adulto entenda como será o processo de atendimento, a relação médico/paciente e conceitos gerais do que é uma unidade complexa como o caso de um PS”, explicou. Já o secretário da Saúde de Botucatu, Antonio Luiz Caldas Júnior, ressaltou que a parceria com o HCFMB e FMB para a capacitação pretende formar profissionais não só focados na técnica, mas também preparados na abordagem e contato direto com pacientes. A capacitação teve a organização da Educação Continuada em Enfermagem, Diretoria Técnica de Enfermagem e Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu.

Comunidade

Governador Geraldo Alckmin descerra placa da nova unidade de saúde que tem capacidade de atender a diversos municípios da região de Botucatu


11 Hospital das Clínicas

Sobre o novo PS Adulto A previsão de custeio do serviço será de R$ 480 mil mensais, sendo que um terço é repassado pela Prefeitura de Botucatu e dois terços pelo Governo do Estado de São Paulo. O serviço tem a infraestrutura necessária para a realização de 10 mil atendimentos por mês. A proposta da Superintendência do HCFMB é que os prontuários de seus pacientes possam ser acessados, por meio de um sistema informatizado, pelos médicos do PS Adulto. Isso será possível com a conclusão do projeto de prontuários eletrônicos, em andamento no Hospital das Clínicas. Com o funcionamento dessa nova unidade, o Pronto-Socorro do HCFMB passa somente ÁREA FÍSICA TOTAL: 1.588 m² a receber pacientes refCAPACIDADE OPERACIONAL erenciados, ou seja, para uma assistência médica 6 consultórios médicos; especializada e de alta 1 sala para inalação; complexidade. 1 sala de gesso; O PS Adulto também será 2 salas para curativos; usado como palco de en2 salas para atendimento sino para os alunos dos de emergência; cursos de graduação em 12 leitos de observação e Medicina e Enfermagem. 02 leitos para isolamento; A unidade funciona na Rua sala para RX; equipamento de TeleeleJoaquim Lyra Brandão,285, trocardiograma, conectado ao Instituto Vila Assumpção. de Cardiologia Dante Pazanezze

HCFMB volta a realizar transplante de fígado Eram 2 horas da madrugada, dia 26 de março. A equipe de Transplantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) é acionada via telefone pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo com a notícia de que um órgão poderia ser captado e aproveitado. Começavam os preparativos para um transplante de fígado que salvaria a vida de uma paciente de 32 anos de idade, internada na UTI do hospital com grandes chances de morte. A mulher, primeira colocada na fila de espera do Estado para receber o órgão, sofria de fibrose do fígado e há 25 anos estava em tratamento. Após várias crises de insuficiência hepática (deficiência grave no fígado) foi internada com hemorragia digestiva. Às 4 horas da madrugada a equipe que transplantaria a paciente deixava o HCFMB com destino à Bragança Paulista onde seria feita a captação. Às 9h30 a cirurgia para a retirada do fígado. Ao meio-dia, com apoio da Polícia Civil, o órgão era colocado dentro de um helicóptero com destino a Botucatu. Por volta das 13h30 os médicos e enfermeiros já estavam no HCFMB e às 16h30 começava a cirurgia. Após quatro horas e vinte minutos de trabalho o procedimento é concluído com sucesso. A paciente permaneceu internada por mais uma semana mas, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), veio a falecer. Foi dessa forma que foi retomado oficialmente, no Hospital das Clínicas da FMB, o Programa de Transplante de Fígado, interrompido em 2008 e recredenciado junto ao Ministério da Saúde em 2010. Os primeiros procedimentos do tipo foram realizados em 2003, sob coordenação do professor Alexandre Bakony Neto, atualmente professor do Programa de Pós-Graduação em Bases Gerais da Cirurgia na FMB.

Parceria com a Polícia Civil rende homenagens

Juan Carlos Llanos é coordenador geral da Política Institucional de Transplantes de Órgãos e Tecidos do HCFMB

Na manhã de 26 de abril, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), autarquia da Secretaria de Estado da Saúde, prestou homenagem e reforçou a parceria com a Polícia Civil do Estado de São Paulo na retomada do Programa de Transplantes de Fígado, que foi recredenciado junto ao Ministério da Saúde em 2010. Foram homenageados os integrantes do Serviço Aeronáutico da Polícia Civil Fábio Coan Sampaio (delegado piloto), Marcelo Gasparino Silva (delegado co-piloto), Rodrigo Alves de Oliveira Júnior e Luciano da Silva (investigadores tripulantes), que colaboraram, dia 26 de março, com a logística de transporte para o processo de transplante de um fígado, destinado a uma mulher que sofria há 25 anos de fibrose no órgão. Com a presença do diretor do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), Nelson Silveira Guimarães, do delegado supervisor do Serviço Aerotático da Polícia Civil, Roberto Bayerlein; além dos gestores da Faculdade de Medicina/Unesp (FMB), Sérgio Müller; e do HCFMB, Emílio Curcelli e do coordenador geral da Política Institucional de Transplantes de Órgãos e Tecidos do HCFMB, Juan Carlos Llanos, a cerimônia consistiu na entrega de uma placa em homenagem aos policiais responsáveis pelo transporte e auxílio na logística para que o transplante fosse realizado. Responsável pela coordenação de transplantes no hospital, o professor Juan Carlos Llanos ressaltou ainda a necessidade da cultura de doação de órgãos ser assimilada pelo brasileiro. “Concretizamos um trabalho árduo que existe há três décadas no HCFMB, que agora volta a se estruturar para diversos tipos de transplantes dentro de suas atividades”, declarou. Já o diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), prof. Sérgio Müller, endossou o discurso de Llanos ao lembrar as ações de parcerias com outros órgãos como Polícia Civil, Secretarias e o próprio Ministério da Saúde. “Essas ações também tiveram por objetivo formar conhecimento e preparar nossos profissionais para atuar em situações complexas como essas. A FMB tem um histórico importante no transplante renal e retoma a preocupação com os outros tipos dessa cirurgia”, ressaltou o diretor. Emílio Curcelli, superintendente do HCFMB, frisou que a missão do hospital é oferecer à população atendimento em casos complexos. Segundo ele, a parceria com a Polícia Civil foi de extrema importância para que a cirurgia fosse possibilitada. “Mais do que um transplante, vemos o trabalho de uma equipe multiprofissional que não mediu esforços para salvar uma vida”, reforçou o gestor. Para Nelson Guimarães, diretor do DEIC, a colaboração com o HCFMB foi mais um meio de a Polícia estar próxima da população. “A Polícia Civil não é só força, mas também uma instituição para proporcionar segurança e vida às pessoas. Esse é um exemplo de uma polícia voltada à sociedade”, concluiu.

“A Polícia Civil não é

só força, mas também uma instituição para proporcionar segurança e vida às pessoas

Nelson Guimarães sobre o papel da Polícia na sociedade

Diretor do Deic, Nelson Guimarães, recebe do superintendente do HCFMB, Emílio Curcelli, placa de homenagem pela parceria no Programa de Transplantes

abril

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12 Pesquisas e Inovações Felipe Modenese

Especial para o Jornal da FMB

Novas luzes contra a catarata

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FOTOS FLÁVIO FOGUERAL

Através de um aparelho, que mais parece uma filmadora, os olhos do menino Lucas são esquadrinhados. O comprimento até o fundo do olho e a curvatura da córnea (a superfície transparente que funciona como nossa primeira lente natural) são necessários para determinar qual a lente artificial adequada para substituir o cristalino (nossa segunda lente natural, que fica para dentro da pupila e da parte colorida do olhos, chamada íris). A proposta inicial é retirar a original, que está sendo um obstáculo à passagem correta da luz já que nasceu esbranquiçada (com catarata) e realizar o implante de uma lente fabricada em seu lugar, dentro dos olhinhos. Se tudo correr bem, o recém-nascido integrará a pesquisa “Implante primário de lente intra-ocular para o tratamento da catarata congênita”. Esta iniciativa nasceu porque, dentre as crianças cegas no mundo, 14% perderam funcionalmente a visão por conta da catarata, o que faz com que a doença seja a principal causa da cegueira que poderia ter sido recuperada com tratamento adequado. Além disso, em todas as maternidades do estado de São Paulo, desde 2007 (e do país, desde 2009), é obrigatório o exame do reflexo vermelho, conhecido como “teste do olhinho”, para toda criança nascida. Este detecta precocemente alterações na transparência ou no fundo do olho (retina), quando o reflexo da luz da lanterna do médico não fica vermelho. Tendo em vista a deficiência na detecção (instrução médica e equipamentos) e tratamento específico das doenças, o professor Antonio Carlos Lottelli Rodrigues, do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Botucatu FMB/ Unesp, elaborou e tem conseguido captar financiamento público para concretizar um programa para a melhoria do Sistema Único de Saúde (PPSUS). Na primeira fase (finalizada em 2008), a equipe ocupou-se de desenvolver uma cultura regional de aplicação correta do “teste do olhinho”, assim como da montagem e consagração de um serviço de “retaguarda”, no Hospital das Clínicas da FMB/ Unesp, para atender e tratar as crianças nascidas com anomalias no exame. Lucas chegou ao mundo, mas o mundo ainda não surgiu para ele. Nascido há dois meses com catarata, a luz ainda não lhe causa impressões. Não permanecem cores, contornos, intensidades ou nuances para formar e lapidar a preciosa visão. Nesta tarde, seu corpo diminuto jaz anestesiado em uma mesa do centro cirúrgico, embora já esteja, de braços abertos e pulmões arfantes, enfrentando um desafio dos grandes. Uma odisséia que é também de todos aqueles cujos arsenais de conhecimentos e habilidades integram-se hoje, nesta sala, para libertar o recém-nascido para os milagres de enxergar. A equipe médica, coordenada pelo prof. Lotelli, prepara seus equipamentos sofisticados para começar a delicada cirurgia.

abril

Programa de plena visão

Trabalhos minuciosos do Departamento de Oftalmologia esperam comprovar a eficácia do tratamento cirúrgico

com implante de lentes intra-oculares contra a principal causa de cegueira recuperável em crianças atendidas pelo SUS

Ganhando mão e luz

Em virtude de o HC ter concentrado o atendimento dos casos de reflexo alterado, a aquisição de mais experiência não tem sido entrave: nos últimos dois anos, a equipe tem submetido, em média, um olho infantil por semana ao procedimento completo, o que traz expertise ao serviço especializado. “É muito raro um oftalmologista poder ‘ganhar mão’ com tal experiência em volume de casos”, avalia Lottelli. Como um cirurgião de cataratas, em condições habituais, opera um caso pediátrico a cada dois ou três anos, considera fundamental dar o retorno para a sociedade. Como o olho humano cresce muito no primeiro ano de vida, bastante no segundo, um pouco até os seis anos e quase nada depois disso, é fundamental saber qual lente integrar ao olho. Isso é feito com base nas medidas atuais, pelas estimativas de quanto haverá de mudança do tamanho até a fase adulta e utilizando uma lente interna que não requeira óculos especiais para formar a imagem na retina quando o crescimento parar. Logo após do implante, um recém-nascido precisa de óculos com cerca de nove graus para enxergar, mas depois do segundo ano, as lentes externas passam a ser normais. E agora de volta ao centro cirúrgico, a equipe define que, por ter os olhos especialmente pequenos, menores do que o mínimo necessário ao implante, Lucas não poderá ter as lentes artificiais implantadas. Passa, então, pelo procedimento minucioso de retirada do cristalino de seu olho esquerdo. Por algumas deficiências na formação dos globos oculares, tecidos aderidos dificultam a abertura da pupila e o acesso do cirurgião à lente interna. Por meio de cortes ínfimos nas laterais da córnea, e movimentos incrivelmente mínimos e precisos, Dr. Lottelli praticamente cria uma nova pupila e pode aspirar fragmentos do material gelatinoso esbranquiçado que compõe o cristalino com catarata. Quando isso termina, a equipe descortina os primeiros feixes de luz para a criança, e o médico consegue ver sua retina sem defeitos, o que lhe traz esperança e ansiedade em saber se a cegueira se recuperará em mundo plenamente enxergado. Mesmo sem poder receber ainda a lente interna aos olhos, e com a necessidade de óculos com cerca de 22 graus para que se formem imagens nítidas na retina, as vias óticas de Lucas ganham a liberdade para se desenvolver. Provavelmente é o começo de um processo fabuloso, assim como o da equipe coordenada pelo Dr. Lottelli. E o exemplo de Lucas, nome que curiosamente significa luminoso, talvez possa nos descortinar as potencialidades de pesquisas tão éticos e brilhantes.

Diante da concentração dos casos no HC, como a catarata é a principal causa da alteração no teste, foi criado o Centro de Tratamento da Catarata Infantil e o médico voltou sua atenção especialmente para as situações mais prejudiciais – quando a doença é chamada congênita (presente ao nascimento ou que se desenvolve até o terceiro mês de vida). Diferentemente da catarata no adulto, que pode provocar uma cegueira reversível (com a retirada do cristalino), o impedimento da visão no recém nascido é definitivo. Isso porque, se não tratada nesses casos com a cirurgia precoce, a doença impede a plasticidade do desenvolvimento das vias óticas sensoriais e neurológicas. Se não forem dadas as condições para que o recém-nascido aprenda a enxergar, ele perde a janela temporal de maturação dos sistemas cerebrais estimulada pelas experiências visuais. De acordo com Dr. Lottelli, se a criança nasce cega por uma catarata densa nos dois olhos, os três primeiros meses de vida são o limite para o tratamento sem sequelas. “Se isso não ocorrer, mesmo com o melhor tratamento depois disso, a criança vai desenvolver uma visão muito baixa, considerada cegueira definitiva pela OMS”, diz e lembra outros casos menos graves permitem um tempo maior para o tratamento. Mas o recado maior é que catarata congênita precisa ser detectada e tratada precocemente. Uma vez que tão importante quanto a cirurgia de retirada da catarata é a correção ótica para permitir uma visão normal, para ganhar expertise no assunto, o médico partiu para um estágio docente nos EUA. Lá acompanhou por quatro meses o Dr. Edward Wilson, renomado oftalmopediatra e especialista em catarata congênita, trazendo ao país o estado da arte no assunto. Voltou confiante para enfrentar a controversa sobre o implante de lentes intra-oculares antes de um ano de idade e, diante de ótimos resultados de implantes já conseguidos por aqui, Dr. Lottelli deu inicio à segunda fase do PPSUS. No projeto em andamento, para comprovar a viabilidade do implante precoce na realidade nacional, a equipe pretende realizar 60 cirurgias de catarata congênita com implante desde março deste ano até o meio de 2012. Após a retirada do cristalino esbranquiçado, e sem a prótese intra-ocular, a criança poderia usar óculos em torno de 20 graus de hipermetropia (equivalente ao poder de curvatura da luz da lente natural eliminada), o que os deixa muito grossos, pesados e desajeitados, dificultando a aderência ao processo de correção da visão. Outra opção possível é utilizar lentes de contato, o que é preferível se a família tem condições financeiras para adquirir os itens importados e que duram no máximo por três meses. Diante do cenário brasileiro, em que a maioria dos pacientes não tem condições, a equipe de cirurgia oftalmológica da FMB espera provar que o implante precoce é uma solução, desde que certas condições sejam respeitadas. “Utilizando insumos adequados, uma lente correta e a técnica apurada de um cirurgião experiente, a alternativa é viável e facilita a recuperação das crianças com catarata”, explica Dr. Lottelli. A proposta é comprovar isso através da evolução das crianças com implante primário da lente intra-ocular.


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