Introdução e Preparação

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Introdução ou Exórdio

Como sabemos, a introdução deve romper as barreiras porventura criadas, mas o que ela tem de maior valor é a ligação com o assunto. É em seu encerramento que colocaremos o desenvolvimento do tema a ser tratado.

a) Objetivos A plateia pode estar interessada no tema, mas o ângulo de abordagem pode não ser o que ela espera. Isto pode gerar resistências, pois as pessoas podem achar que seus interesses serão contrariados. Cabe ao orador utilizar docilidade e benevolência ao buscar levá-las a baixar a guarda e se deixar guiar por seu raciocínio.

Objetivos da introdução: - Conquistar a atenção dos ouvintes. - Romper barreiras ou resistências. - Cativar sua disposição favorável.

b)Duração A introdução deve ser breve. Segundo Polito, numa apresentação acima de 15 minutos,

a

introdução

deve

ocupar

aproximadamente 10% do tempo, ao passo que numa apresentação de até 10 minutos, 20%. Esta medida de tempo deverá ser

adaptada à situação comunicativa. Se o orador, por exemplo, tiver de enfrentar uma plateia hostil, é natural que a introdução se prolongue para a conquista do auditório. c) Relação com o assunto Toda informação que estiver contida na introdução deverá estar relacionada com o corpo do discurso e com a conclusão.


Tecnicamente, a introdução possui dois elementos que se fundem durante sua apresentação - o vocativo e o exórdio. Esta divisão tem em vista apenas o principio didático, sendo em sua essência a própria introdução. O termo exórdio é bastante conhecido na literatura antiga que trata deste tema. 

Vocativo

É o cumprimento ao auditório - momento de chamarmos a atenção dos ouvintes para nossa presença. Deve

ser

adequada

à

circunstância,

principalmente quanto ao grau de formalidade. Quando

houver

uma

plateia

com

ouvintes

desconhecidos ou hierarquias importantes, o vocativo deve ser mais formal. Quando o público é mais amistoso, é permitido um vocativo menos formal. Vocativo, “Senhoras e Senhores” revolve a maioria das situações. Num evento mais solene, em que há composição de mesa, cumprimentar-se primeiramente a mesa e depois os demais membros ouvintes. Para uma situação de grupo, como amigos do trabalho colegas de empresa cabe, por exemplo, “Olá pessoal” ou “Como vão vocês?”. Lembre-se que o vocativo deve ser uma espécie de abraço na plateia. A maneira como recebemos estas pessoas irá refletir no bom ou mau andamento de nossa apresentação. 

Exórdio

Parte inicial do discurso, em que se indica o assunto, o conselho, um elogio conforme o gênero do discurso.


Técnicas para serem utilizadas na introdução

Essas técnicas poderão ser utilizadas na introdução para que o ouvinte perceba que o orador está à vontade para apresentar suas ideias, defender uma posição, apresentar uma opinião, sem demonstrar de

As técnicas auxiliam o comunicador no inicio da apresentação. Quando surge a grande questão: Como eu começo?

maneira explicita seu nervosismo. Elas auxiliam o comunicador naqueles momentos que surgem as frases conhecida por todos:

“bom meu

assunto é”, “meu tema é”, “ vou falar sobre” , entre outras pérolas que podem diminuir a força de sua argumentação.

Temos técnicas que poderão ser utilizadas nas seguintes situações: 1. Para todos os tipos de circunstâncias – essas ferramentas poderão ser utilizadas em todos os contextos comunicativos. 2. Para conquista os ouvintes – principalmente se houver alguma barreira que crie distancia entre o comunicador e a audiência. 3. Para vencer a hostilidade do público – em momentos de dificuldades em situações específicas.

1. Para todos os tipos de circunstâncias

Aludir à ocasião.

Trata-se de um breve comentário sobre a presença dos ouvintes e uma breve referência ao tema que será abordado. Exemplo: discurso do presidente da Bolsa Mercantil & Futuros, Manoel Pires da Costa aos empresários e ao então Ministro da economia Marcílio Marques Moreira, em 8 de junho de 1992.


Neste discurso houve a alusão à ocasião

“Raros são os momentos da vida brasileira em que um universo tão representativo une-se para defender plataformas comuns. Mais de mil empresários, partindo dos mais remotos recantos deste País, representando a indústria, o comércio, à agricultura, o setor financeiro e os serviços em geral, encontram-se aqui para transmitir uma mensagem simples e direta: Queremos a modernização já.”

Elogiar ou valorizar a plateia. Aqui iremos demonstrar interesse e disposição para com a plateia, de maneira a

valorizá-la por estar naquele local. 

Usar as características positivas do orador. Devemos

sutilmente

demonstrar

conhecimento do assunto, através da experiência ou pela formação técnica. Quando o público for desconhecido, busque colocar estes dados com sutileza. Em uma situação de palestra técnica, seus dados pessoais são relevantes. Brincar com características

físicas,

inabilidades

ou

erros

cometidos é também uma forma de conquistar os ouvintes, usando sua própria pessoa.

2. Para a conquista dos ouvintes 

Frase ou informação que provoque impacto. A frase deve ser preparada anteriormente e ser colocada como se fosse uma

manchete de jornal sensacionalista. O fato, embora exagerado, não pode ser mentiroso, pois isso deixaria o orador sem credibilidade frente ao auditório.


Fato bem humorado. O fato bem humorado não é a piada. Ele deve surgir do ambiente ou da mensagem

que estamos transmitindo. Estará relacionado ao estado de espírito da audiência. Esta poderá responder positivamente ou mesmo de forma indiferente. Sendo esta a realidade, tome isso como algo passageiro e dê prosseguimento ao assunto que irá abordar.

Uma história ou narrativa interessante. Esta técnica desperta naturalmente a curiosidade da audiência, levando-a a se portar

de forma bastante receptiva e curiosa sobre o tema que será colocado posteriormente.

Levantamento de uma reflexão. Estimule a curiosidade do ouvinte sobre um assunto importante e que se relacione

com eles, levando-os a refletir. Enquanto raciocinam sobre o que foi exposto, o orador lançará o argumento principal, obtendo assim o interesse dos ouvintes.

Apresentação da utilidade, das vantagens e dos benefícios do assunto. Apresentar as vantagens do assunto estimula a curiosidade do ouvinte, levando-o a

estar atento ao assunto abordado. Este recurso é útil para outras situações, mesmo quando não temos um público hostil.

Apresente vantagens para seus ouvintes isso estimula sua curiosidade

3. Para vencer a hostilidade do público Aqui temos técnicas para situações como, hostilidade com relação ao tema, ao ambiente e ao orador. 

Com relação ao tema. o

Construir um campo de neutralidade.

Quando o tema contrariar os interesses dos ouvintes, cabe ao orador abordá-lo de maneira que quebre as barreiras criadas.


É importante coletarmos antecipadamente informações quanto à posição do público sobre o tema, para criarmos um campo de neutralidade pelo qual possamos prosseguir sem provocar reações defensivas. 

Com relação ao ambiente: o

Fazer promessa de brevidade.

O público ficará hostil, quando o local incomodar. Pode ser o desconforto das cadeiras, temperatura, ruídos externos, fome, cansaço, etc. Quando esta situação ocorrer, é importante que o orador conquiste a plateia informando que será breve. 

Com relação ao orador: o

Por falta de credibilidade.

Isso acontecerá quando o ouvinte não souber da competência do orador em relação ao assunto. Devemos observar que não se trata de falta de conhecimento ou de experiência por parte do orador quanto ao tema, mas sim de desconhecimento por parte do público. Demonstrar sua experiência e autoridade, com sutileza, para não passar imagem de arrogante ou prepotente, que poderia provocar a antipatia ao auditório. o

Devido a sua pouca idade ou inexperiência.

Podemos utilizar a técnica de fazer citação, estudos ou a conclusão de uma autoridade no assunto. Quando usamos esta ferramenta, haverá boas chances de transferir a credibilidade do autor àquele que fala. o

Por inveja ou rivalidade.

Se a plateia tem o sentimento da inveja ou rivalidade estará resistente em relação ao orador. O elogio é o melhor recurso para afastar a hostilidade do público. o

Por ser desconhecido.

É importante o orador utilizar pontos de identificação com a plateia, como as características de tempo, pessoa e lugar. Circunstância de tempo: fazer comentário ou referência sobre algum fato ocorrido e que seja do conhecimento dos ouvintes. Circunstância de pessoa: observar se na plateia existe alguém que conheça e que possua algum tipo de representatividade naquele grupo.


Circunstância de lugar: fazer referência a lugares ou há objetos que neles se encontram e que se relacionem fisicamente com a plateia.

EXEMPLO: O Ministro das Relações Exteriores Abreu Sodré iniciou seu discurso na reunião da Capel, na cidade do México.

Neste discurso houve a técnica de elogio ao local e ao povo mexicano

“É para mim um prazer estar na cidade do México e desfrutar da sua hospitalidade. Com alegria retomo aqui o convívio com este povo admirável, herdeiro de ricas tradições e senhor de um grande destino”


Devemos evitar na introdução 1. Contar piadas. 2. Fazer perguntas quando não desejamos respostas. 3. Pedir desculpas. 4. Tomar partido de assuntos polêmicos 5. Usar chavões ou frases feitas. 6. Criar expectativas que não podem ser cumpridas. 7. Mencionar acontecimentos que incomodem os ouvintes. 8. Mostrar-se muito humilde diante de ouvintes importantes. 9. Explicar falta de tempo. 10. Começar com palavras inconsistentes.


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Preparação

A preparação busca informar a natureza do assunto central, para tornar clara a matéria, tendo a finalidade de facilitar o entendimento e a assimilação do auditório e preparar o mesmo para o assunto que vai ser desenvolvido. Temos que considerar na preparação a proposição, a narração e a divisão do discurso. Proposição Informamos aos ouvintes qual é nosso assunto, e onde pretendemos chegar com ele. Apenas em uma ou duas frases contamos a essência do conteúdo da apresentação. Quando a plateia conhece o assunto a ser abordado, identificando os objetivos a Possui as seguintes partes: Proposição

serem atingidos, pode entender melhor a sequência do raciocínio do orador.

Narração Divisão

Nem sempre a proposição será necessária, pode ser suprimida quando: 

O assunto contrarie o interesse do ouvinte;

O público já sabe do tema;

O assunto for controvertido.

É na preparação o momento de demostrar com sutileza o conhecimento e o que pretendemos defender ou apresentar

Narração É a parte em que expomos os motivos e os fatos que sustentam o desenvolvimento do assunto central. Os principais tipos são: 

Exposição de problemas ou questões que se relacione com a matéria;

Solução de problemas;

Retrospectos;

Levantamentos filosóficos e históricos;


Estudo e pesquisa de qualquer natureza;

Descobertas científicas. Exemplo de Narração: No discurso proferido durante a promulgação da Carta

Constitucional, o deputado Ulysses Guimarães fez a preparação da mensagem central com a seguinte narração: Neste discurso foram utilizados fatos históricos

“A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quando a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da constituição é traidor da pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia. Quando, após tantos anos de lutas e sacrifício, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações, principalmente, na América Latina.”

Divisão É a parte em que informamos que segmentos do assunto serão desenvolvidos. A divisão permite ao orador concatenar melhor o seu raciocínio e facilitar o entendimento dos ouvintes. Convém que seja muito breve, de poucas partes, e o orador deve abordar apenas um assunto de cada vez. Deve ser suprimida:

Quando o assunto tiver apenas uma parte.

Quando apresentação for muito curta.

Quando as partes forem facilmente compreendidas durante a apresentação do assunto central.

Quando for interessante não revelar a sequência da apresentação.


A ordem natural das partes preposição, narração e divisão, dependem da circunstância, deverá ser alterada de acordo com a necessidade da apresentação e mesmo considerando o público. Os oradores têm a liberdade de suprimir toda a preparação, caso mantenha este elemento do discurso poderá ainda eliminas a proposição e a divisão, mas nunca a narração.


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