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Douglas Clemente
from Falo Magazine #22
por Filipe Chagas
Todos nós somos guiados por nossos desejos. Desde o que queremos comer ao que queremos ter, vamos navegando em busca de uma satisfação provisória: após uma vontade saciada, imediatamente queremos outra. Douglas Clemente canalizou um de seus maiores desejos para a arte:
É possível ver, portanto, que a nudez em sua obra é explícita, sexualizada e objetificada, pois acredita que já passou da hora da Arte se debruçar sobre a temática dessa maneira. Inclusive lembra que, como homem gay, é fundamental descentralizar o ponto de vista artístico do homem branco cis heteronormativo que domina a História da Arte. Por essas razões, o pênis é seu ponto focal (“duro, mole, grande, pequeno, grosso ou fino, pinto tudo!”), desejando celebrar as diferenças.
Ele diz que não consegue diferenciar sua vida sem a arte, pois sempre esteve produzindo algo. Inspirado por Peter Paul Rubens, Brenden Sanborn, Gabriel Garbow e a arte japonesa, Douglas encontrou na difícil técnica da aquarela (“desenvolvi um modo mais realista e colorido”) a possibilidade de fazer efeitos práticos na pele e na musculatura dos corpos que representa em sua arte.
Douglas não trabalha com modelos – apesar de não descartar a possibilidade. Diz que, primeiro, uma imagem, uma pose, um corpo tem que chamar sua atenção, seja por um despertar de desejo ou por uma novidade particular que ainda não experimentou. Quando uma referência “fala mais alto e gruda na cabeça”, sente uma necessidade incontrolável de “colocar pra fora”, de “pintar sua libido”.
Formado em Engenharia de Telecomunicações, Douglas confirma o apoio de seu marido em sua produção artística (“foi ele que comprou minhas primeiras tintas como presente”), mas lembra que a visibilidade do nu masculino frontal e sexualizado nas artes ainda sofre com os tabus seja na internet ou em galerias. Por isso, pretende continuar aprimorando sua técnica para, no futuro, fazer uma exposição e um livro.
“Pinte o que te dê tesão!” é o conselho de Douglas para todos os artistas. E isso também fica bem claro no conjunto de sua obra. 8=D