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Mano Martínez
from Falo Magazine #24
por Filipe Chagas
Teimoso, apaixonado e perfeccionista. Assim se define o fotógrafo Mano Martinez que ainda completa:
Deixa claro que seu diferencial está na ausência de produção e pós-produção em suas fotografias autorais, que usam luz natural, espaços domésticos e modelos “que não vivem da sua imagem”, ou seja, reafirma que seu trabalho é “honesto e não-pretensioso”. Suas referências não vêm apenas do mundo fotográfico: a rua, a música, o cinema, a televisão, o pornô, a moda, tudo o influencia para a construção de uma perspectiva própria do artista.
Em 2003, matriculou-se em um curso de fotografia na Escola de Arte e Design Superior Serra i Abella em Barcelona – onde nasceu e vive –, mas sua primeira sessão de fotos masculinas nuas foi somente em 2011 com um rapaz que conheceu em um aplicativo de relacionamento. Após ir à cidade do rapaz, na casa dele e fotografá-lo em seu próprio ambiente, na sua zona de conforto, entendeu que também estava assumindo um papel de voyeur – que se transformou em um blog chamado Yes It’s a Sin, hoje inativo. E, quando parou de trabalhar em empregos que não tinham nada a ver com fotografia artística (trabalhou anos com moda e publicidade) para se dedicar ao que realmente ama, finalmente se viu como artista.
Andy Warhol, Pierre et Gilles, Robert Mapplethorpe, Bruce Weber, Herb Ritts foram, para ele, os primeiros a celebrar o corpo humano na fotografia e, portanto, os pioneiros na verdadeira liberdade de expressão e normalização do nu masculino na Arte.
Costas, bunda e curva da virilha são as partes que Mano considera mais interessantes. Em contraposição rosto e o pênis só aparecem se acrescentarem algo na composição plástica e realcem o todo sem se tornarem o foco único da imagem. Ereção, então, nem pensar, pois deseja transformar os modelos em objetos somente, não em objetos sexuais:
Aliás, o fotógrafo atenta que o pudor estadunidense está interferindo na aceitação da nudez masculina e das novas masculinidades pelo mundo da arte. Por isso, pretende continuar sua produção fotográfica, com a oportunidade de viajar o mundo e mostrar que um trabalho autoral é capaz de oferecer prazer e reconhecimento. 8=D