BULLYING - Manual Pedagógico

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MANUAL PEDAGoGICO ´


MANUAL PEDAGoGICO ´ Manual resultante da intervenção pedagógica para Educadoras Operacionais intitulada “Gestão de conflitos em contexto escolar e estratégias de identificação e intervenção em situações de Bullying”, promovida pela FAP-Sintra e pela Câmara Municipal de Sintra, ministrada por Cristina Nogueira da Fonseca, da Associação QUERO-TE MUITO. A formação decorreu no Cacém, ao dia 19 de julho de 2014, com a carga horária de 7 horas presenciais.

_ QUERO-TE MUITO.ORG

_ Compilação: Cristina Nogueira da Fonseca Edição e grafismo: Quero-te Muito! novembro de 2014


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“A Joana de 14 anos recusou-se a ir à escola, acabou por faltar durante um longo período. Era uma boa aluna e gostava de estudar. Chegar à entrada da escola passou a ser um pesadelo. O medo impedia-a de entrar (…) A Joana foi vítima de BULLYING“ “O BULLYING está presente em todas as idades, contextos culturais e sociais” (Picado, 2009)


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ÍNDICE Mas afinal o que é o bullying? Conflito Normal vs Bullying Categorização Quem são os bullies? Quem é vítima de bullying? O bullying é visto como um processo de grupo O ciclo do bullying*, segundo Dan Olweus Consequências do bullying O papel da escola e dos diferentes intervenientes Como evitar que o meu filho seja vítima de bullying? E se o meu filho for acusado de ser bullie? O que fazer? O cyberbullying Estratégias para prevenir o cyberbullying Máximas para uma Parentalidade Positiva Bibliografia e sugestões literárias

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO MAS AFINAL O QUE É O BULLYING? Segundo Olweus1 (1993) é “toda a relação entre pares onde permanece UM DESIQUILÍBRIO DE PODER, no qual um individuo ou grupo VITIMIZA INTENCIONALMENTE outro individuo ou grupo REPETIDAMENTE, através de AÇÕES NEGATIVAS” O facto de acontecer REPETIDAMENTE distingue bullying de violência ou conflito/ discussões ocasionais entre crianças e jovens. (Olweus, 1993) As ações negativas são todas aquelas onde alguém, intencionalmente causa, ou tenta causar, danos ou mal-estar a outra pessoa. (Olweus, 1994)

CONFLITO NORMAL VS BULLYING CONFLITO NORMAL

BULLYING

- Os intervenientes explicam porque não estão de acordo, manifestando as suas razões.

- Intenção de fazer mal e falta de compaixão. - O agressor encontra prazer em insultar, maltratar e dominar a sua vítima constantemente. - A disputa é momentânea, não perdura - Intensidade e duração. no tempo. - A agressão não é pontual, prolongase por um longo período de tempo, até afetar gravemente a autoestima do agredido. - Desculpam-se e procuram soluções - A vulnerabilidade da vítima. equilibradas, acordam um “empate”. - É mais sensível a provocações do que os restantes colegas, não sabe defenderse adequadamente e tem características físicas e psicológicas que predispõem à vitimação. - Negoceiam para satisfazer as suas - Falta de apoio. próprias necessidades. - A criança sente-se só, abandonada e - São capazes de ultrapassar a questão e tem medo de contar o seu problema, esquecer o assunto. pois teme represálias.

1  Dan Olweus. Professor de Psicologia, de nacionalidade sueca, pioneiro na pesquisa da temática do Bullying.


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CATEGORIZAÇÃO BULLYING Tipos FÍSICO VERBAL EMOCIONAL/ PSICOLÓGICO

CYBERBULLYING

Bater, agredir, dar pontapés, empurrar, dar encontrões, puxões, entre outros; Ameaçar, arreliar, iniciar rumores, fazer comentários agressivos, entre outros; Excluir das atividades, pressionar, ameaçar, atribuir alcunhas maldosas, gozar, humilhar, entre outros; Todas as formas de agressão verbais ou psicológicas recorrendo às novas tecnologias, Internet e telemóveis. Criação de HI5’s difamatórios, envio de MMS tirados no balneário, criação de rumores online, divulgação de números de telefone em sites para adultos, entre outros;

Visibilidade do AGRESSOR Visível

Visível

Menos visível

Invisível

Segundo Olweus (1997) “as crianças e pré-adolescentes agressivos e/ou que exibem condutas de bullying são os que correm maiores riscos de, mais tarde, se envolverem em condutas criminosas e de abuso de drogas legais e ilegais”.


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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO QUEM SÃO OS BULLIES? Apelidamos de Bullies as crianças ou jovens que agridem intencionalmente e ao longo do tempo os seus pares. São crianças ou jovens tendencialmente impulsivos, com pouca capacidade de resistir à frustração, têm imensa dificuldade em seguir as regras, vêm a violência como algo positivo e como uma forma de alcançar os seus objetivos, e têm normalmente capacidade para dominar os seus grupos, em suma, são líderes, pela negativa. Os estudos dizem-nos que estas crianças crescem em ambientes familiares pouco afetuosos, em que não existe comunicação entre os seus membros, os pais destas crianças são profícuos em atenção negativa e ausentes, não supervisionando ou acompanhando os seus filhos tendendo a ser fisicamente punitivos.

QUEM É VÍTIMA DE BULLYING? É importante começar por referir que qualquer criança ou jovem pode ser vítima de bullying. Há no entanto algumas crianças que devido a características físicas ou emocionais correm o risco de serem vítimas preferências. As crianças vítimas são normalmente crianças mais inseguras, mais sensíveis, com dificuldade em desenvolver e manter amigos. No que diz respeito ao ambiente familiar, os estudos dizem-nos que as vítimas tendem a crescer em seios familiares em que abunda o protecionismo maternal.

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO O BULLYING É VISTO COMO UM PROCESSO DE GRUPO Em “Bullying at school”, Olweus confirma que o processo de Bullying afeta não só os bullies e as vítimas, mas também outros, que estando presentes na situação, acabam por desempenhar papéis importantes. Há portanto mecanismos de grupo que favorecem ao processo de bullying: • O CONTÁGIO SOCIAL Quando há indivíduos inseguros, sem status no grupo, que querem evidenciar-se na situação de bullying; • A DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES A responsabilidade individual diminui numa ação negativa quando há vários indivíduos a participarem; • A INIBIÇÃO CONTRA AÇÕES NEGATIVAS As testemunhas que estiveram inibidas ou que sentiram medo de represálias podem contribuir para a participação no bullying; • A PERCEÇÃO DA VÍTIMA A vítima, com o tempo, é percecionada pelos pares com merecedora de ser agredida; Podemos agora falar da TESTEMUNHA (bystander) e do papel crucial que desempenha neste processo de grupo que é o bullying. Segundo Hazler, os bystanders falham em ajudar a vítima porque: • não sabem o que fazer; • tem medo de ser o alvo seguinte dos bullies e; • tem medo que a situação piore e de poderem causar mais problemas.


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O CICLO DO BULLYING*, SEGUNDO DAN OLWEUS * Adaptação “The Bullying Circle”, by Dan Olweus, PhD

A B

G F

V C

D

A B C D E F G

O BULLY: Planeia e inicia a prática de bullying;

V

A VÍTIMA: O alvo do bully, “target”;

E

O SEGUIDOR: Tem uma atitude activa mas não planeia nem inicia a prática; APOIANTES ACTIVOS: Aplaudem e incentivam o bully; APOIANTES PASSIVOS: Gostam de ver mas não aplaudem nem incentivam o bully; OS INDIFERENTES: Praticantes da política “não é comigo, não me interessa”; POTÊNCIAIS TESTEMUNHAS: São contra o bullying, mas não agem contra ele; DEFENSORES: Resistentes e testemunhas, defendem os colegas e apoiam-nos;


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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING Tanto a vítima como o bullie sofrem consequências a curto e longo prazo. As práticas de bullying estão associadas nos agressores a outras formas de comportamento desviantes no futuro, tais como vandalismo, absentismo e abandono escolar, e consumo de substâncias lícitas e ilícitas. As vítimas debatem-se a curto e longo prazo com sentimentos de solidão, humilhação, insegurança, perda de autoestima e experienciam pensamentos de suicídio. Uma criança que é vítima de Bullying, passa demasiado tempo na sala de aula a pensar como evitar a vitimização nos recreios e intervalos e tem muito pouco tempo para aprender.

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO O PAPEL DA ESCOLA E DOS DIFERENTES INTERVENIENTES

É urgente quebrar este “código do silêncio” Palavras como PREVENÇÃO, IDENTIFICAÇÃO e INTERVENÇÃO assumem assim o papel de destaque. É importante: • • • •

Conhecer o fenómeno do bullying; Elucidar sobre o fenómeno do bullying; Ajudar a restabelecer e incentivar a confiança nas vítimas de bullying; Encaminhar às entidades responsáveis as situações mais graves.

A empatia, a escuta activa e a valorização do outro são importantes para quem está envolvido neste processo e sente a vontade de quebrar o “código do silêncio”. Compete aos corpos docentes e outros técnicos agir de imediato quando: • Testemunham uma agressão; • Tomam conhecimento da agressão. É fundamental para a escola assumir uma POLÍTICA ANTI-BULLYING, para tal é necessário: • • • •

Reconhecer que o problema existe; Discutir esse mesmo problema; Envolvimento, recíproco, da tríade aluno - família - escola; Responsabilizar de forma clara e justa;

INTERVIR é então a palavra que se segue: • • • • •

Intervir directamente com os agressores e as vitimas; Intervir com os professores e as instituições escolares; Intervir com as famílias; Intervir de forma curricular, com programas e avaliações escolares; Intervir junto dos decisores políticos.


bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO Nunca esquecer de sinalizar para futuro aconselhamento psicológico: • os bullies; • as vitimas; • as testemunhas; • ...e as suas famílias.

É decisivo agir de forma a promover a proteção e o diálogo dentro da escola e consequentemente em sociedade. (Picado, 2009)

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO COMO EVITAR QUE O MEU FILHO SEJA VÍTIMA DE BULLYING? • Sempre que tiver oportunidade, converse com o seu filho sobre a vida dele, os amigos e a escola. Isto ajudá-lo-á a identificar possíveis problemas; • Dê o bom exemplo. • As crianças aprendem através do nosso exemplo, por isso mostre-lhe que tipo de comportamento é aceitável e não.; • As crianças que vivem num lar em que o bullying acontece poderão tornar-se bullies ou pensar que é normal que sejam tratados dessa forma; • Para algumas crianças, mudar de escola pode ser difícil, pois têm de fazer novos amigos e habituar-se a um ambiente diferente. Se em qualquer altura estiver preocupado, fale com o professor do seu filho, para tentar evitar problemas antes que eles surjam; • As crianças e os jovens têm de aprender acerca de relações e os desentendimentos fazem parte dessa aprendizagem; • Nos grupos também se verificam lutas pelo poder e estas podem, por vezes, ser desagradáveis. No entanto, existe uma diferença entre os altos e baixos normais das relações e o bullying.

E SE O MEU FILHO FOR ACUSADO DE SER BULLIE? As crianças e jovens podem sujeitar outros a bullying por uma série de razões, eis algumas delas: • • • • • •

por eles próprios estarem a ser vítimas de bullying; por se sentirem pouco importantes; por quererem ser aceites por um determinado grupo; por quererem levar a sua avante; por não saberem que este tipo de comportamento está errado; por quererem imitar pessoas que admiram;

O QUE FAZER? • converse calmamente com ele sobre o assunto e tente descobrir o que é que se está a passar; • se o seu filho estiver a vitimar alguém de bullying, confronte-o com a situação, ele precisa de saber que esse comportamento não é aceitável;

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO • tente ajudá-lo a compreender por que motivo está a vitimizar alguém e expliquelhe que pode ajudá-lo a melhorar a situação; • ajude-o a pensar em formas de mudar a atuação dele, sem sentir que fica desprestigiado; • peça ajuda profissional (p. ex. na escola, numa associação, etc.).


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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO O CYBERBULLYING O Ciberbullying consiste no uso das tecnologias da informação e comunicação, especialmente telemóveis e a Internet, para incomodar alguém deliberadamente. Nomeadamente: • • • •

enviar mensagens de texto desagradáveis ou ameaçadoras; enviar fotografias ou videoclipes horríveis de alguém a outras pessoas; fazer telefonemas silenciosos ou ameaçadores; enviar emails indesejados a alguém, emails ofensivos acerca de alguém ou emails utilizando o endereço de outra pessoa; • enviar mensagens ameaçadoras ou perturbadoras a alguém numa sala de conversação (chat room) ou através de um programa de mensagens instantâneas; • colocar fotografias, blogues, páginas ou mensagens acerca de alguém em sites de convívio social ou outros.

ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR O CYBERBULLYING Assegure-se de que o seu filho sabe os riscos de “navegar” na Internet, de ter a sua página pessoal no Facebook, no HI5 e nas mais diversas redes sociais. Explique-lhe que a partir do momento em que coloca uma fotografia na internet, essa fotografia passa a ser de todos. Informe-se sobre a tecnologia e as precauções de segurança disponíveis. Se puder, faça-o juntamente com o seu filho, que provavelmente sabe mais sobre o assunto do que os pais, pelo que será uma boa oportunidade para falarem sobre o assunto. Eis algumas das coisas que precisa de aprender: • • • • •

como regular especificações para “privado”; como “bloquear” pessoas; como reportar problemas; como manter registos de conversas online; quais os sites que o seu filho gosta de usar.

Mantenha o computador de família na sala, num local visível para todos. Pense bem, existe alguma vantagem em o seu filho ter o computador no quarto?


bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO MÁXIMAS PARA UMA PARENTALIDADE POSITIVA Os pais são os primeiros professores dos filhos, é sua missão ensinar-lhes algumas lições importantíssimas: A MÁXIMA PRIMORDIAL DA VIDA Trata os outros como gostarias de ser tratado. Tolerância zero no que diz respeito a maltratar os outros; AMAR INCONDICIONALMENTE O seu amor por ele irá ajudá-lo a ter amor-próprio e a aceitar-se como é; SEJA UM EXEMPLO Mostre auto-controlo, bondade, empatia, sensibilidade. Viva de acordo com a máxima primordial da vida; PROVIDENCIAR MOMENTOS DE DESCANSO A ligação entre o comportamento, a aprendizagem e o sono é clara. As crianças que dormem pouco sentem dificuldade em controlar os seus impulsos. COMUNIQUEM Conversas a dois, reuniões de família, o importante é dialogar. Faço-o sentir que em casa todos se preocupam com o bem-estar comum. REGRAS Crie regras familiares consistentes e consequências para quem as quebrar. As regras são concebidas para o libertar de conflitos, de raiva, de mágoa e da infelicidade. Exemplo : • Não fazemos troça de ninguém, não chamamos nomes nem rebaixamos ninguém; • Tratamo-nos uns aos outros com carinho e respeito; • Respeitamos o que é dos outros; • Ouvimos as opiniões uns dos outros. GARANTIR SUPERVISÃO As crianças que não são supervisionadas apresentam mais problemas comportamentais. Não pode ensinar nem repreender o seu filho se não estiver presente.

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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO DISCIPLINE COM AFETO Não seja o bully do seu filho. Use as palavras para o encorajar, incentivar e não para o rebaixar. Você é a peça-chave do desenvolvimento de comportamentos aceitáveis do seu filho. INCENTIVAR AMIZADES DE QUALIDADE Incentive o seu filho a fazer amizades com crianças que sejam amáveis e que aceitem os outros, e incentive-o a evitar amizades com crianças que maltratam os outros. INCENTIVAR A EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS Incentive o seu filho a contar-lhe tudo o que se passa e como se sente. Ajude o seu filho a desenvolver um vocabulário emocional além do tradicional “ estou bem” ou “estou mal”. INCENTIVAR PASSATEMPOS E ACTIVIDADES Ajude o seu filho a descobrir uma atividade ou uma aptidão que o façam sentir-se bem e estimule-o a continuar. Estará também a promover a sua autoestima. EVITAR A EXPOSIÇÃO À VIOLÊNCIA Controle o que o seu filho vê na televisão e no computador. Mais de mil estudos confirmam a relação entre exposição excessiva à televisão e comportamentos agressivos, crimes e outras formas de violência social. O seu filho pode perder sensibilidade face à violência.


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bULLYING MANUAL PEDAGÓGICO BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES LITERÁRIAS • • • • • • • • • •

Beane, A. L. (2006). A Sala de Aula sem Bullying. Porto: Porto Editora. Beane, A. L. (2011). Proteja o seu filho do Bullying. Porto: Porto Editora. Barros. N. (2010). Bullying- Violência na escola. Lisboa : Editora Bertrand Haber, J. (2008). Bullying : Manual Anti-agressão. Lisboa : Casa das Letras. Matos, M. (1997). Comunicação e Gestão de Conflitos na Escola. Cruz Quebrada: Edições FMH Matos, M. G. (2009). Violência, bullying e delinquência. Lisboa: Coisas de Ler. Edições Unipessoal. Olweus, D. (1993). Bullying at School: What we know and what we can do. Oxford: Blackwell. Rodríguez, N. E. (2007). Bullying - Guerra na Escola. Lisboa: Sinais de Fogo Publicações. Serrate, R. (2009). Lidar com o Bullying. Lisboa: K Editora, Lda. Fernandes, L (2012). Plano Bullying – Como apagar o bullying da escola, Lisboa, Plátano Editora.


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