Revista Encontro Ed. 159

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TECNOLOGIA: APLICATIVOS, NOVOS PRODUTOS E ATÉ ROBÔS REVOLUCIONAM PROCESSOS

PRODUTOS: VERSÁTIL, SOFISTICADO E MAIS RESISTENTE, VIDRO TORNA-SE A VEDETE DE PROJETOS

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Mercado desacelerado, expectativas de mudanças depois das eleições e de crescimento para o ano que vem. Confira a avaliação do setor, segundo especialistas


CONSTRUÇÃO jPRODUTOS

Fachada da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves: inaugurada. em 2009, a obra tem um revestimento espelhado de 70 mil m' . que ajuda a reduzir gastos com refrigeração e é o maior projeto de vidro de controle solar do país

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Novas tecnologias transformaram o vidro em um dos materiais mais versáteis e sofisticados da construcão civil. Seu uso em fachadas de prédios tem ficado cada vez mais comum I

M PAULA TAKAHASHI

Sofisticação e design arrojado são apenas alguns dos benefícios alcançados quando o vidro é o personagem principal nas fachadas e muros dos edifícios. Com o avanço da tecnologia, além de acabamentos e tonalidades diversos, o material ganhou funções que prometem aliar beleza, sustentabilidade, economia e bem-estar. Não é por acaso que os empreendimentos mais luxuosos e imponentes, comerciais ou residenciais, abusam dos detalhes e até arriscam revestimentos inteiros em vidro. O material ganhou tanto destaque que terá um evento exclusivo durante o Minascon, o sº Tecnovidro, com oficinas de atualização e capacitação para vidraceiros, além de novidades em acessórios e aplicações. Um exemplo clássico em Minas Gerais é a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, que conta com 70 mil m 2 de vidro na fachada, sendo considerada, na época de sua inaugura-

ção, em março de 2009, a maior obra de vidros de controle solar e duplos do país. No mundo, as megaconstruções, principalmente na China e nos Emirados Árabes, seguem a mesma linha. Construtoras e arquitetos são unânimes em eleger o material como um dos mais versáteis do mercado. Mesmo diante do custo elevado, se comparado a revestimentos convencionais como o granito, tem caído nas graças dos investidores e mudado a cara dos empreendimentos da cidade. "Há uma série de fatores que garantem vantagem ao vidro. Entre eles, a capacidade de oferecer iluminação natural, já que uma das demandas mais fortes hoje tem sido a redução dos custos operacionais, principalmente com relação à energia elétrica", diz Alexandre Nagazawa, arquiteto consultor da construtora EPO. Ao diminuir a necessidade de iluminação artificial, o vidro pode gerar a economia de até 20% na conta, estima Leonardo Braz, presidente da Associação Mineira do Comércio Atacadista,

Complexo Paisagem Escritório Parque .do Grupo EPO: empreendimento no bairro Al to Santa Lucia tem fachada de vidros la minados. que mantém sofisticação e privilegia vis t a pa norâm ica de Belo Horizonte

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CONSTRUÇÃO ! PRODUTOS Rogério Sol

Para o arquiteto Bernardo Farkasviilgyi. frieza e impessoalidade são algumas características do vidro: "Esse é um dos motivos para que seja mais utilizado em empreendimentos comerciais"

Lucas Couto. diretor comercial e de marketing da Patrimar: "Usamos em áreas comuns para dar a sensação de que o espaço é maior"

Alexandre Nagazawa. arquiteto consultor da EPO: "Entre as vantagens do vidro estão a capacidade de oferecer iluminação natural. o que reduz custos operacionais. principalmente a energia elétrica"

Varejista e dos Beneficiadores do Vidro (Amvid) e proprietário da Dekor Vidros. Esse ganho também é potencializado pela redução dos gastos com ar-condicionado. "É possível que o mesmo material também bloqueie a entrada dos raios ultravioleta (UV) e do calor. São os chamados vidros de controle solar. Isso garante conforto térmico para quem está no interior do edifício", explica Leonardo. E não pense que para conseguir esses resultados é preciso utilizar vidros super-refletivos. Com o avanço da tecnologia, hoje já se consegue redução na passagem do calor mesmo sem refletividade exagerada, que pode não ser o objetivo do projeto arquitetônico. Outros materiais reduzem a saída do ar quente, o que é bem útil para regiões mais frias. Outro grande interesse das construtoras atendido pelo vidro é o aumento da amplitude do ambiente. "Usamos principalmente nas áreas comuns das

unidades, como salas e varandas, justamente para dar essa sensação de que o espaço é maior", diz Lucas Couto, diretor comercial e de marketing da Patrimar. Apesar de não ser usual, a construtora lançou um prédio residencial todo revestido em vidro, justamente para que a dimensão dos lofts, de apenas 36 m 2, não ficasse evidente. "Conseguimos reverter essa sensação de espaço apertado", conta o executivo. Em geral. as fachadas inteiras em vidro são mais utilizadas em edifícios comerciais. A tendência é justificada tanto pelo custo como pela estética. Nos prédios voltados para salas e escritórios, os gastos com acabamento interno são muito inferiores aos de um edifício de apartamentos, o que permite investir mais na parte externa. Segundo o arquiteto Bernardo Farkasvólgyi, proprietário da Farkasvólgyi Arquitetura, o fato de proporcionar uma sensação de frieza e impessoalidade

também pode estar entre as justificativas para que o vidro seja aplicado apenas em detalhes bem definidos nos empreendimentos residenciais. "O que se busca, neste caso, é algo mais quente", diz. Para Márcio Afonso Pereira, diretor de operações da MIP Edificações, melhoria acústica é outra característica que conta pontos a favor do material. "O vidro utilizado nessas fachadas tem de ser laminado por questão de segurança, uma vez que, se quebrar, ele não cai e se mantém preso à estrutura. Ele é composto por duas placas e entre elas há uma película." Chamada de polivinil butiral ou simplesmente PVB, essa película já é um atenuante na passagem de som. A estrutura faz com que a espessura do material seja maior, variando entre 6 e 8 mm, o que novamente auxilia no isolamento acústico. Produtos mais específicos, como os vidros insulados, têm uma camada in-

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Eugênio Gurgel

Fachada do Holiday lnn, da construt ora Patrimar: localizado na Savassi. hotel tem revestimento em vidro espelhado

terna de ar ou de gás desidratado que não permite a propagação do som. No que se refere aos custos, eles aumentam na proporção que aumentam os serviços acrescentados ao produto e a necessidade de estruturas acessórias, como esquadrias apropriadas. No entanto, o custo adicional tem sido cada vez mais compensado pelo valor agregado ao empreendimento e à agilidade de vendas que se obtém. Essa velocidade de comercialização pode estar associada até mesmo à vista que se proporciona aos moradores e usuários do espaço, o que, em Belo Horizonte, pode ser bastante explorada. Se por um lado o produto tem preço elevado, por outro a agilidade na instalação e a necessidade de pouca mão de obra têm ajudado a equalizar o orçamento e colocar o vidro entre as principais escolhas dos arquitetos. Na maioria dos casos, o vidro é transportado por meio de uma grua e encaixa-

Hotel Golden Tulip, da incorporadora Pacific Realty: vidro s de origem alemã revestem o edificio de 27 pavimentos. localizado na avenida dos Andradas

do. O processo é simples e eficiente. Até para os problemas de limpeza e manutenção que rondam o material - e aumentam os gastos operacionais - já há solução. Os chamados vidros autolimpantes já estão disponíveis no país, mas ainda são pouco difundidos. Nesse caso, entra em cena a nanotecnologia, que utiliza tanto os raio UV como a água da chuva para reduzir o depósito de impurezas na superfície. "Estima-se que o retorno do investimento possa ocorrer em cerca de três anos, diante da menor necessidade de manutenção", explica o presidente da Amvid Leonardo Braz. Diante de tantas possibilidades, a extensão dos vidros para muros e guaritas de prédios também virou tendência não apenas pela função estética, mas também pela segurança que proporciona. "A possibilidade de ver o interior do prédio permite que qualquer movimento diferente seja notado. Os muros

altos e fechados não exercem mais essa finalidade", diz Clemenceau Chiabi, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG). A verdade é que a sensação de que o vidro é mais frágil já ficou para trás há muito tempo. A versão mais usada, devido ao custo, é a temperada. Se quebrada, ela se desintegra em vários fragmentos, mas é possível colocar o laminado, que tem até reforço de uma película chamada de antivandalismo. Nesse caso, a pessoa quebra, mas não consegue entrar no ambiente. Para as guaritas há ainda versões blindadas. Diante de tanta evolução e da infinidade de possibilidades que surgem no mercado, a tendência é de que mais empresas vislumbrem esse mercado e que os custos, que podem ser 20% maiores ou até duas vezes acima de um material convencional, caiam ao longo dos anos. I AGosTo DE 2014

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