Farol da amazônia 4

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Ano II - 2014 - Nº4

AVENTURA CIDADÃ NO MARAJÓ Ministério da Defesa realiza Operação Chance para todos XXX

SINGRANDO PELOS RIOS Uma viagem no Navio Patrulha Guarujá da Marinha

NAVEGAR HABILITADO É PRECISO Saiba mais sobre como obter a CHA e dirigir embarcações 1


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JOテグ PAULO GUIMARテウS


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EDITORIAL

FELIZ 2014 AMAZÔNIA O Dia Internacional da Mulher é uma data importante por valorizar as lutas femininas no decorrer da história. E nada melhor do que aproveitá-lo para celebrar aquelas mulheres que fazem a diferença na área fluvial do Pará. Empresárias, oficiais de carreira, pensadoras de estratégias para a navegação na região, elas nos contam um pouco de suas trajetórias e apontam os desafios que buscam vencer e as metas que traçam no setor. Esta edição número 4 está muito especial, trazendo ainda a cobertura da Operação ‘Chance para Todos’ organizada pelo Ministério da Defesa e que contou com a ação conjunta da Marinha do Brasil e dos professores e alunos do Projeto Rondon, que prestam assistência a diversas comunidades localizadas na Ilha do Marajó. Na coluna “Canal da Universidade” deste mês, o professor Eduardo Braga apresenta a robotização como ferramenta importante na soldagem de embarcações. E por falar nesses meios de transporte, a matéria de Segurança e Tecnologia deste mês explica

como se deve proceder para retirar a Habilitação Náutica, comprar ou alugar uma embarcação e aproveitar os rios da Amazônia. Destacamos ainda as principais leis, normas e procedimentos para os condutores amadores ficarem atentos. A repórter Lorenna Montenegro conta como foi ficar três dias embarcada no Navio-Patrulha P49 Guarujá, pertencente ao 4º Distrito Naval. Tudo sobre as rotinas, tradições e peculiaridades de um navio da Marinha brasileira. Delicie-se com a vista e os sabores da Maloca do Orlando, um restaurante localizado as margens do Rio Arapari. E no perfil, o empresário Tiago Pinto, que está

à frente do Grupo Atlântica Matapi e fala dos seus serviços de alta qualidade em transporte multimodal de cargas. Na próxima edição, teremos a estreia da seção ‘Espaço do leitor’. Por isso enviem suas sugestões, críticas, elogios e tirem dúvidas ligando para a nossa redação ou mandando e-mail.

Desejamos a todos uma excelente leitura e até o mês que vem!

Maria Esther de Castro Sócia-administradora e Diretora Executiva

EXPEDIENTE

Gráfica Halley Revista Farol da Amazônia

Esther de Castro Diretora Executiva

Jornalista Responsável Lorenna Montenegro • DRT/PA - 1586

Antônio Carlos Junior Diretor Financeiro

Fotografia João Paulo Guimarães e Cinthya Marques

Distribuição

Comercial Maria Esther Pires de Castro Diagramação Márcio Alvarenga

www.faroldamazonia.com.br atendimento@faroldamazonia.com.br

Tel. 91• 3242-1654 Tel. 91• 3228-4514 É proibida a reprodução total ou parcial de textos e fotos, por qualquer meio, sem autorização.

Manaus-AM, Santarém-PA, Belém-PA, Macapá-AP, São Luís-MA, São Paulo-SP, Corumbá-MS, Rio de Janeiro-RJ, Vitória-ES e Porto Alegre-RS


ÍNDICE

6 10 16 17 18 22 24 27 32

Mensagem do Capitão Projeto Rondon no Marajó Canal da Universidade Mensagem do Sindarpa

Mulheres da Navegação

Perfil – Thiago Pinto

Direção Náutica

Mensagem do Sindopar Gourmet

Conecte-se: Acesse as redes da Farol da Amazônia através do QR Code

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MENSAGEM DO CAPITÃO

Fiscalização nos rios da Amazônia

• Sérgio Ricardo Duarte Nunes Capitão-de-Mar-e-Guerra

B

lém de proteger a integridade e a soberania da nação brasileira em tempos de paz, a Marinha do Brasil possui atribuições bem específicas, principalmente quando o assunto é a segurança das vias navegáveis. Na região amazônica, onde a malha hidroviária é significativamente extensa, a atuação desta importante instituição é fundamental, dado o expressivo número de embarcações que navegam, sobretudo, no Pará. Portanto, ações de fiscalização eficientes ajudam a prevenir graves acidentes da navegação. É a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) – Organização Militar do Sistema 6

de Segurança do Tráfego Aquaviário – por meio da Lei 9.537 quem fiscaliza toda e qualquer embarcação sob a égide destes três importantes pilares da segurança da navegação: a salvaguarda da vida humana no mar, a fiscalização do tráfego aquaviário e a prevenção da poluição hídrica. Desta feita, a CPAOR realiza suas atividades de forma administrativa. No momento da abordagem, verifica toda documentação (da embarcação e tripulação) de porte obrigatório. Assim como o proprietário de veículo terrestre deve possuir e portar o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, a embarcação precisa ter o chamado Título de Inscrição de Embarcação (TIE). Este atesta que o meio de transporte encontra-se devidamente registrado junto ao Agente da Autoridade Marítima. Além deste, outros como: ROL de Equipagem, Cartão de Tripulação de Segurança (CTS), Certificado Nacional de Borda Livre (CNBL), Seguro Obrigatório e etc., precisam ser apresentados aos inspetores da Capitania pelo condutor. E, juntamente com estes, a tripulação comprova que está devidamente habilitada mostrando a Caderneta de Inscrição e Registro (CIR). A segunda etapa da inspeção visa à segurança da embarcação propriamente dita. Todo material de salvatagem (coletes salvavidas, boias circulares e balsas salva-vidas) são analisados criteriosamente. Eles devem estar em local de fácil acesso e em número suficiente para passageiros

e tripulantes, além de estarem em bom estado de conservação. Mangueiras de incêndio e extintores também são verificados. É importante lembrar que, mais do que fiscalizar, a CPAOR prima pela educação. Por isso, após cada inspeção, os militares da Capitania realizam breves palestras a bordo das embarcações, principalmente nas de passageiros, objetivando implementar uma mentalidade voltada para a segurança da navegação. Ações como esta são realizadas permanentemente pela Capitania dos Portos e são intensificadas quando há um significativo incremento no tráfego de embarcações. Logo, entre as principais irregularidades encontradas estão a ausência de material de salvamento, a falta de habilitação por parte dos condutores e o excesso de passageiros. Neste último caso, os comandantes das embarcações, geralmente, são conduzidos à Delegacia da Polícia Fluvial, a fim de que seja lavrado o auto de prisão em flagrante por infração aos artigos 132 e/ou 261 do Código Penal Brasileiro, os quais configuram os crimes de Perigo para a vida ou saúde de outrem e atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo, respectivamente. Desde o início da chamada Operação Verão – em dezembro do ano passado -, cerca de 680 embarcações foram abordadas pelas equipes da Marinha. Destas, 58 foram notificadas e outras 29 apreendidas.


BANCO DE NEGÓCIOS

QUER NEGOCIAR? Esta seção está à disposição de todas as empresas ou pessoas que tenham interesse em negociar (compra, venda, afretamento, aluguel, empréstimo, doação ou troca) embarcações ou equipamentos

CÓDIGO BEE 001

CÓDIGO BEE 003

CÓDIGO BEE 006

Empresa de navegação tem interesse em comprar empurrador ou rebocador com potência de 1200hp.

Empresa de navegação possui 01 (um) empurrador fluvial à disposição para afretamento com as seguintes características: Lt: 40,00m, Boca: 11,00m, Pontal: 4,00m, Potência: 2 motores Detroit de 954 Kw cada. O empurrador encontra-se em condições boas e devidamente certificado para operar na navegação interior.

Leitor de Canoas - RS tem interesse em adquirir Manete de Comando Equimar para uma Lancha de um Motor Somente.

CÓDIGO BEE 002 Empresa de Navegação possui 04 (quatro) barcaças para transportar granéis secos em porões à disposição para afretamento. As barcaças são idênticas e possuem as seguintes características: Lt: 92,10m, Boca: 15,50m, Pontal: 5,75m, TPB : 4800t – Cada barcaça possui 4 porões de carga com tampas de escotilhas. As embarcações encontramse em condições boas e devidamente certificadas para operar na navegação interior.

CÓDIGO BEE 005 Empresa de navegação de Belém tem interesse em comprar 01 (uma) balsa para transporte de carga geral no convés de 1800 t de capacidade ou 02 (duas) balsas do mesmo tipo de 1000t de capacidade.

Serviço: Interessados manter contato com Editora Farol da Amazônia Ltda, através do email : atendimento@faroldaamazonia.com.br ou pelo telefone: (91) 3242-1654, citando o código do anúncio.

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CLIQUES DA AMAZテ年IA

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Abaetetuba - Ismael Machado Icoaraci - Cecテュlia N. Leite Poente no rio - Cecテュlia N. Leite Ilha das Onテァas - Ismael Machado


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Palafita - Pedrosa Neto Barco - Pedrosa Neto Igarapé em Curuçá - Ismael Machado

Quer ver sua foto aqui? mande sua imagem com seu nome e local da foto para o email: atendimento@faroldaamazonia.com.br ou via Fan Page Farol-da-Amazônia 9


COBERTURA

Esperança que vem das águas A bordo dos navios da Marinha Brasileira, professores e alunos do projeto Rondon levaram um pouco de cidadania as populações ribeirinhas do Marajó 10

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ais de quinze dias navegando pelos rios e furos do maior arquipélago fluvio-maritimo do planeta e prestando serviços a comunidades isoladas e carentes. Essa foi a aventura de vinte estudantes e três professores universitários que integram o projeto Rondon na operação “Chance para todos” do Ministério da Defesa.


No início deste ano e com o apoio fundamental da Marinha do Brasil, que através de um GrupoTarefa liderado pela Patrulha Naval do Norte realizou a operação, os rondonistas ofereceram serviços sociais e de saúde em localidades de difícil acesso nos municípios de Portel, Breves e Melgaço. Com isso, milhares de moradores da Ilha do Marajó tiveram a oportunidade, mais uma vez, de avistar os ‘navios da esperança’ (como são conhecidos por eles as embarcações da Marinha que realizam ações cívico-sociais) e usufruir de atendimento médico e odontológico, exames laboratoriais e de imagem, além de receber medicamentos e informações sobre o Bolsa Família e aposentadoria. “A presença da Marinha além de promover a inclusão social dá mais segurança aquaviária a área, até por uma das vertentes do nosso trabalho ser a fiscalização da navegação e por conta disso fazemos verificações em conjunto com a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, inscrição de embarcações, tentar orientar para a regularização, oferecer gratuitamente a oportunidade de retirar a habilitação náutica bem como reciclar os condutores”, frisa o Comandante do GT, Capitão-de-Mar-e-Guerra Mário Simões. O Grupo-Tarefa foi composto pelos Navios-Patrulha “Bocaina”, “Guarujá”, “Pampeiro”, “Bracuí”, “Parati”, Aviso de Patrulha “Tucunaré” e Navio-Auxiliar “Pará”. Mais de 300 militares participaram das operações, sendo 12 do Hospital Naval de Belém e 40 Aspirantes do 1º ano da Escola Naval também participaram da expedição. Outra vertente do trabalho desenvolvido pelos navios da marinha é o combate do escal-

• Os alunos do projeto só tem a oportunidade de participar uma vez e a experiência é marcante

pelamento através do serviço de cobertura do eixo do motor. Essa espécie de acidente, que vitima principalmente mulheres e crianças ribeirinhas, pode ser evitado tomando algumas precauções, logo o trabalho dos oficiais é prestar esclarecimentos e oferecer aos donos de embarcações a oportunidade de deixar estas mais seguras com um serviço que não dura mais do que quinze minutos, como foi possível observar no Navio Auxiliar Pará. O grande Catamarã reformado pela organização Militar foi toma-

do ao longo do dia por moradores das redondezas que estacionaram seus barcos para cobrir o eixo e ser atendidos nos consultórios localizados lá dentro. Inclusive um mamógrafo foi disponibilizado para a operação, onde o Pará virou uma espécie de mini hospital que – para se ter uma ideia - realizou mais de 150 atendimentos em um dia. O Comandante Eduardo Gagno do navio Pará coordenou ainda uma distribuição de donativos – produtos de higiene e roupas – para os moradores locais.

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Ajudando a quem mais precisa E os médicos, dentistas, assistentes sociais, farmacêuticos, professores e acadêmicos saíam cedo nas ‘voadeiras’, acompanhados dos fuzileiros navais, para ir até as comunidades como Santo Agostinho, localizada na baía do Pacajá, em Portel. “Acho importante quando eles vem pois nós estamos abandonados, não temos tratamento de água por exemplo. Tem tempos que o serviço de saúde do município não vem aqui na nossa comunidade, e essa parceria da Marinha com Rondon é um alento que temos duas vezes ao ano”, diz Manuel, que é líder comunitário em Santo Agostinho, onde vivem cerca de 400 pessoas. O barqueiro Delson Serrão Pantoja, que estava na fila aguardando para extrair um dente, conta que os atendimentos são muito importantes para a comunidade. “Se for para ir no Posto Médico de Portel

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tem que sair de madrugada e corre o risco de chegar lá e não ter mais verba. Aqui além de poder consultar o médico, podemos tirar documentos também”, enumera o morador, que também buscava saber mais sobre o curso de formação de condutores da Marinha. Acompanhando tudo de perto, o Coordenador do Projeto Rondon na operação Marajó, Professor Roberto Carlos Miguel Nunes da Unesp, ia dividindo as tarefas entre os alunos vindos de 22 universidades de 11 estados brasileiros, que iam para a comunidade e os que ficavam trabalhando na embarcação. Ele explica que o Rondon surgiu no final da década de 60 e foi até o início da década de 80. “Na época tinha outros objetivos, era basicamente assistencialista e inclusive algumas universidades tinham campus avançados na Amazônia. Hoje

a ideia é capacitar os acadêmicos e formar agentes multiplicadores nas comunidades”, resume. Aspirantes a médicos, biomédicos, enfermeiros, odontólogos, nutricionistas e farmacêuticos descarregavam caixas e arrumavam o galpão improvisado ao lado da capela que os moradores de Santo Agostinho frequentam. Vitor Penteado, estudante do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, contou que foi convidado pelo coordenador do seu curso de Farmácia para participar do projeto que mudou sua vida: “essa viagem foi fundamental por auxiliar no meu crescimento pessoal e profissional, poder ajudar as pessoas que realmente precisam pois quanto mais andamos, mais isolados vemos que eles estão, carentes de medicamentos e atenção básica”.


GALERIA

Caldinho no retorno da operação Ao final da jornada, ele e os outros rondonistas foram recebidos no Clube Recreativo Esportivo Espadarte pelo Vice-Almirante Edlander Santos, Comandante do 4º Distrito Naval, para tomar um ‘caldinho’ e

receber lembranças da expedição pela ilha Amazônica. Os professores foram presentados quadros com fotos de momentos marcantes da aventura realizada através do Ministério da Defesa, e junto aos

alunos aproveitaram a noite para relembrar o quanto foi significativo para eles ter feito parte desse projeto, que apenas nessa primeira edição de 2014, atendeu mais de 1.500 cidadãos marajoaras.

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9 1. Professores Myrian Castilho, Roberto Nunes e Olívia Barreto do Projeto Rondon. 2. O Comandante do Grupo-Tarefa Mário Simões ladeado pelos comandantes dos navios participantes da operação Chance para Todos. 3. Cerimônia de recepção dos rondonistas e colaboradores da operação. 4. Momento em que o Comandante do 4º Distrito Naval Edlander Santos homenageou os integrantes do Projeto Rondon

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5. O Comandante Julio Cesar de Andrade Rocha do Centro de Instrução Militar Almirante Braz de Aguiar (CIABA) cercado pelas alunas da instituição. 6. O Comandante Átila Martins Thomazelli da Base Naval de Val-de-Cães, também participou do evento da Marinha do Brasil. 7. As Tenentes Adriane Santiago e Renata Zampolo, respectivamente da Assessoria de Comunicação Social do

8 Comando do 4º Distrito Naval e da Base de Val-de-Cães. 8. O Comandante José Piqueira Tavares da Silva que assumiu a pouco tempo a direção do Hospital Naval de Belém. 9. Vice-Almirante Edlander Santos entre a Editora-chefe Eliana Amaral e o diretor do SBT Pará Nilton Sena. 10. Alguns alunos rondonistas que participaram do projeto da Ilha do Marajó.

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NOTÍCIAS

Operação Amazônia Azul A Marinha do Brasil realizou no período de 17 a 22 de fevereiro, em todo o território nacional, a Operação “Amazônia Azul”, com o principal objetivo de intensificar a fiscalização do cumprimento de leis e regulamentos e reprimir ilícitos de toda ordem nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), além de servir como preparação para a atuação da Força Naval na Copa do Mundo FIFA 2014. Para a sua execução, o maior emprego simultâneo de meios e tropas pertencentes a marina do Brasil já realizado na AJB. No País, participam ao todo 30 mil militares, 60 navios, 15 aeronaves e diversas embarcações da Capitania dos Portos. Aqui na região, foram empregados 11 Navios, 1 Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais, dezenas de embarcações, viaturas e equipes de Inspeção Naval das Capitanias dos Portos da Amazônia Oriental, do Maranhão, do Piauí, do Amapá, e Fluvial de Santarém. Na área de jurisdição do Comando do 4º Distrito Naval (Com4ºDN) a Amazônia Azul contou com a importante parceria da Força Aérea Brasileira, da Polícia Federal, da Receita Federal do Brasil, do Instituto Brasileiro do Meio

2287

embarcações inspecionadas, das quais 302 notificadas e 102 apreendidas

10,5

toneladas de carvão

19,5

toneladas de palmito em conserva

1,5

toneladas de pescado e diversos animais silvestres

6.223,5 m3 de madeira cerrada

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) além da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-PA). Os significativos resultados alcançados ao fim com a colaboração e a assertividade do trabalho realizado pelas equipes da Marinha e dos demais Órgãos participantes, tendo cada um atuado dentro da sua esfera de competência, provendo apoio mútuo e otimizando o emprego dos meios utilizados.

500 m3 de toras de madeira

13 m3

de resíduos de madeira serrada (fonte de energia)

110

volumes de mercadorias diversas; dois postos de combustíveis flutuantes lacrados e um notificado

1.042

procedimentos odontológicos por ocasião da Ação CívicoSocial realizada em Santana (AP)

R$ 2.471.900.00 • A Marinha do Brasil apresentou à imprensa a ação de defesa das águas amazônicas, que conta com a colaboração da Força Aérea, Polícia Federal, a Receita Federal e Orgãos da Segurança Pública 14

(dois milhões e quatrocentos e setenta e um mil e novecentos reais) em multas aplicadas pelo IBAMA


I Seminário Brasil x Holanda no Pará

• Adecon, Sindarpa e Embaixada da Holanda realizam o evento que ocorre no início de Abril

Foi lançado na Federação das Indústrias do Pará, em meados de fevereiro, o I Seminário Internacional Brasil x Holanda, numa promoção do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial Lacustre e das agências de Navegação do Estado do Pará. Quem comandou

o evento foi o novo presidente da entidade, o armador José Rebelo III, que anunciou o data de realização do Seminário: dias 1 e 2 de abril, no Hangar Centro de Convenções. Contando com o apoio fundamental da Agência de Desenvol-

Justiça federal devolve Porto de Manaus A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por maioria, deu provimento ao agravo de instrumento da Empresa de Revitalização do Porto de Manaus S. A., e deferiu liminar em mandato de segurança para suspender, provisoriamente, a decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT), que anulou os contratos de arrendamento firmados entre a Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Amazonas (SNPH), Estação Hidroviária do Amazonas Ltda. e a Empresa de Revitalização do Porto de Manaus, que volta a ter todos os direitos sobre o terminal hidroviário

de cargas, à margem do Rio Negro, no centro histórico de Manaus. Em convênio, a União delegou o Porto de Manaus ao Estado do Amazonas, que arrendou a exploração – junto com os portos fluviais dos municípios de Itacoatiara, Tabatinga, Coari e Parintins - às empresas Estação Hidroviária de Manaus e à empresa de Revitalização do Porto de Manaus. O Ministério dos Transportes denunciou irregularidades nos contratos e definiu a competência do Dnit para a gestão do porto, anulando os contratos de arrendamento. As empresas arrendatárias foram no-

vimento Sustentável do Corredor Centro Norte (Adecon), na figura do diretor Alexandre Lobo Machado, falou-se da importância desse avanço tecnológico trazido da Holanda para aprendizado na área de logística por parte dos empresários locais.

tificadas a desocupar e entregar o imóvel, mas se recusaram a cumprir a determinação. A 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas concordou com os argumentos da Advocacia Geral da União (AGU) e concedeu a reintegração de posse ao Dnit determinando a retirada da empresa do local. No ano passado, o Ministério dos Transportes anunciou o início das obras de revitalização e a empresa A. J. Nasser Engenharia foi a vencedora da licitação. A obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com orçamento de R$ 89 milhões, e restauração das pontes de acesso e dos cais flutuantes mais a modernização da área de infraestrutura de turismo. Fonte: portal@d24am.com

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CANAL DA UNIVERSIDADE

Aplicação de Sistemas Mecatrônicos na Construção Naval •Prof. Dr. Eduardo Braga

B

demanda de novas técnicas de construção naval apresenta grandes possibilidades de serem absorvidos diante das tendências do desenvolvimento nacional e da região Amazônica. A nossa região é impressionante e fascinante pelas suas peculiaridades singulares em nosso planeta. Para se contrapor ao desafio da educação superior em Engenharia Mecânica e Naval nesta região, a nova técnica proposta neste projeto tem como pré-supostos procurar melhorar, aperfeiçoar pesquisar para o processo de construção naval na Amazônia. Na Amazônia existem aproximadamente 20 mil quilômetros de rios navegáveis e com grande potencial para ser transformados em hidrovias no sentido técnico da palavra, e particularmente no Estado do Pará pode-se citar: Rio Tocantins/ Araguaia, Rio Tapajós, Rio Capim/ Guamá, Rio Amazonas, Rio Jarí etc., além de um litoral atlântico com aproximadamente 500 Km de extensão. O universo de embarcações existentes no estado do Pará e na Amazônia é muito grande e ainda não precisamente definido, entretanto a Capitania dos Portos do Pará/Amapá estima este universo em aproximadamente 500 mil embarcações, conforme informações de diversas autoridades daquela instituição militar em diversos eventos públicos sobre o tema fluvial. 16

• Eduardo Braga (primeiro a esq.) apresenta o sistema mecatrônico a um grupo de técnicos do Ministério da Educação

Dentre os principais focos dessa pesquisa, estão a falta de ‘expertise’ para construir embarcações econômicas e racionais adequadas a nossa realidade; paradigmas como a introdução de modernas técnicas de produção nos estaleiros de uma região ainda inóspita a cultura organizada e sistematizada, além da dificuldade em transportar as produções, riquezas naturais e pessoas de forma racional considerando as bacias hidrográficas existentes na Amazônia e as distâncias dos centros de produção e de consumo. Dentre os objetivos do estudo estão o desenvolvimento de técnicas de soldagem, através da inserção de sistemas mecatrônicos (braço robótico soldador), aplicado à construção naval. A otimização do processo de construção naval e o melhoramento da qualidade do produto final e aumento

da produtividade a partir da soldagem robotizada. Por fim, a realização da análise comparativa entre o método convencional e o robotizado através dos parâmetros de soldagem observados. Porém, a carência de recursos humanos qualificados e novos processos construtivos nas áreas de Engenharia Mecânica e Naval na Amazônia representam um dos grandes entraves ao desenvolvimento e expansão da atividade econômica na região. Esta, em sua grande maioria, encontra-se ainda em fase primária de emprego de tecnologias e de processos produtivos modernos. A grande assimetria que existe entre esse setor econômico no Norte e no Sudeste e Sul do Brasil e mesmo no Nordeste é um reflexo da inexistência de instituições formadoras de recursos humanos e tecnologia, em quantidade suficiente para gerar massa crítica capaz de mudar essa realidade.


MENSAGEM DO SINDARPA

Aprender com as referências é o primeiro passo

• José Rebelo III Presidente triênio 2014/2016

P

Brasil possui uma malha de transportes variada, porém não otimizada. Há portos distribuídos pela imensa costa brasileira e pelos rios das extensas hidrovias, mas muitos deles sem conexões através da navegação interior, que poderia realizar o papel de alimentação e escoamento em larga escala, contribuindo para a redução do chamado “Custo Brasil”. A Amazônia, que apresenta a maior bacia hidrográfica do país, com 6.000Km em vias navegáveis, encontra-se estrategicamente posicionada para cumprir este

papel, contudo necessita de investimentos substanciais em infraestrutura portuária, para que os portos nela localizados possam operar dentro de uma rede de transportes otimizada. Nesse contexto e observando os estagnados projetos para esta região, formula-se a seguinte questão: que estratégias logísticas podem ser adotadas, no sentido de aumentar o potencial hidroviário da região amazônica, tornando o sistema portuário mais eficiente e eficaz? Em busca dessa resposta, propõe-se a análise do Sistema Portuário de Roterdã, principal porto Europeu e um dos principais portos do mundo, como o primeiro passo para um real planejamento logístico desta região. Desenvolvido ao longo do Rio Reno, ele apresenta o mais puro conceito de porto concentrador de cargas, que pode ser adaptado à realidade brasileira e a da nossa região. Entre as características que colocam o Porto de Roterdã em uma condição de excelência, destacam-se: localização estratégica, planejamento, segurança, incentivo ao transporte de larga escala e a manutenção de elevados níveis de serviço, garantidos por um sistema de gerenciamento integrado que controla todos os fluxos dentro da rede portuária, além da operação de pontes e eclusas, para que a carga seja atendida no tempo certo, dentro do porto, sem perdas. Estamos falando do segundo

maior porto de suprimento para a Inglaterra e, em relação ao total de importações alemãs, Roterdã tem participação maior do que todos os portos alemães. Cerca de 50% da carga lá movimentada tem como origem ou destino os países europeus, segundo os dados obtidos pela Administração Portuária de Roterdã. Por esses motivos, o porto holandês ganhou uma denominação especial para o continente europeu: Gateway, ou porta de entrada e saída da Europa. Trazendo esse modelo para a realidade da Amazônia, podese importar e adaptar diversos conceitos, que vão desde a adoção de práticas logísticas de sucesso. Dessa forma, o Porto garantiria o relacionamento com a sua área de influência, uma vez que limitaria o tráfego de navios somente até a foz do Amazonas e permitiria o desenvolvimento da navegação interior, da indústria naval local e outros fornecedores de serviços, além de contribuir com a questão ambiental. A partir da utilização desse modelo como referência, o Governo Federal pode nortear suas ações para a região, realizando as importantes obras de conclusão de hidrovias como Madeira e Araguaia-Tocantins e ampliando as condições para financiamento de construção de embarcações que operam na Bacia Amazônica, através do Fundo da Marinha Mercante para, aí sim, definir as metas de produtividade para os terminais envolvidos nos editais de licitação. 17


HOMENAGEM

MULHERES

DE RIO

U

ma das lendas mais sedutoras e famosas da Amazônia fala de uma mulher poderosa, que com seus encantos seduzia pescadores de todos os cantos, que terminavam afogados de paixão. Metade humana e metade sereia, a Iara é um dos mitos que representam a força das mulheres nascidas aqui ou que fizeram dessa terra o seu lar. Na verdade, parte delas escolheu navegar como destino. A intimidade grande com o meio hídrico as fez trabalhar em meio a água – ou tendo os nossos caudalosos rios e furos como extensão do meio profissional em que resolveram trilhar a carreira e fazer a vida. Em alusão ao dia Internacional da Mulher, homenageamos algumas que se destacam na área fluvial aqui no Pará. São empresárias, pesquisadoras, advogadas e uma oficial da Marinha do Brasil, que contam um pouco de suas vidas e abordam alguns desafios no setor da navegação.

ALBANEY PEREIRA ROCHA Diretora da AR Transporte Formada em Direito pela Universidade da Amazônia, Albaney sempre soube o que queria: atuar na empresa da família. Com isso, ela buscou uma formação que tivesse um peso dentro da administração da AR Transporte, onde há 15 anos, coordena o departamento jurídico. Ela vê como incontestável a contribuição que a empresa dá para que a economia amazônica seja cada vez mais alavancada de forma sólida. Responsável de certa forma pela administração da AR Trans18

porte, Albaney considera o fato de ser uma mulher num setor majoritariamente masculino um desafio superado, graças a confiança e o respeito conquistados pela competência que veio demonstrando. Com o crescimento da Antonio Rocha Transporte, hoje são sete as embarcações que singram pelos rios da região transportando cargas e passageiros. Albaney busca o continuo investindo na melhoria e qualidade do transporte aquaviário, na qualificação profissional e modernização dos serviços, sem esquecer de reconhecer o muito de avanço obtido, mas pensando que ainda há muito a ser feito para que

o setor marítimo regional floresça e contribua para o engrandecimento do povo amazônico. Albaney ainda é pós graduada em Direito do Trabalho pela LFG.


CILENE MOREIRA SABINO DE OLIVEIRA Diretora administrativa do Grupo Sanave

RUTH CAVALCANTE PINHEIRO LEÃO Administradora da Navegação Leão Ltda.

Presidente do Sindicato das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Pará (Sindicarpa), Cilene Sabino é uma mulher focada e multitarefas. Advogada, arquiteta, ela é administradora de uma das maiores empresas transportadoras da região, atuante há mais de 40 anos. Desde cedo o pai, Cypriano Sabino, levava Cilene e os dez irmãos para o trabalho, para ver como funcionava o embarque e desembarque de cargas. Ela foi se afeiçoando ao negócio e ainda aos 15 anos, começou a trabalhar na Sanave. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo e um tempo depois fez a segunda graduação em Direito. Hoje atua na parte jurídica da empresa e logo passou a assumir outras funções, como ser a primeira mulher a presidir o Sindicarpa – sendo a única na diretoria atual -, membro do Conselho Estadual de Transportes e integrante da Sociedade Amigos da Marinha (SoamarPA). Conquistas e reconhecimento que são provas do empenho dessa empresária apaixonada por História da Arte e que quando tira férias, não deixa de aproveitar viajando – quase sempre na companhia do casal de filhos, Bruno e Fabiana.

Dando continuidade a empresa iniciada pelo sogro, Ruth trabalha há 29 anos na Navegação Leão, que é especializada no transporte de passageiros e de cargas para Macapá. Ao lado do marido, José Nailson Ferreira Leão, ela toma conta da empresa. Ruth lida com os clientes e fornecedores, além de gerenciar a Navegação Leão, que conta com o navio Coronel José Julio em operação. As viagens são realizadas as terças, quintas, sextas-feiras e domingos, às sete da manhã e seis da tarde, partindo do porto Santa Efigênia na Cidade Velha. Para o futuro, Ruth, que é mãe de três moças, quer incrementar mais uma rota, para Breves, atendendo melhor as comunidades ribeirinhas cujos moradores tem dificuldade de transporte para se deslocar pelo Marajó em direção ao Amapá.

MARIA ORCÉLIA MENDES CARNEIRO Comandante no 4º Distrito Naval da Marinha do Brasil Natural da cidade de Altos, no Piauí, Orcélia se criou em Fortaleza e não imaginava que anos depois viria a morar e trabalhar na Amazônia. Formou-se em Estatística pela Universidade Federal do Ceará e logo prestou concurso para a Marinha, mudando-se para o Rio de Janeiro para fazer o Curso de Formação de Oficiais e tornar-se cidadã do Brasil e vindo para Belém em 2007. A Capitã-de-Fragata Orcélia trabalhou na Diretoria de Ensino da Marinha (DEnsM), na Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará (EAMCE), no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA), antes de chegar ao Comando do 4º Distrito Naval, onde atualmente é a Chefe Geral de Serviços. Orcélia lembra que a Marinha do Brasil foi a primeira Força Armada a incluir mulheres em suas fileiras, isso na década de 80, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM). Naquele época, no entanto, as mulheres que faziam parte do quadro de oficiais podiam chegar no máximo ao posto de Capitão-De-Fragata. A Comandante Orcélia almeja chegar ao último posto do quadro técnico da Marinha, tornando-se Capitão- de-Mar-e-Guerra.

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SÔNIA NAZARÉ GUEDES DE SOUZA Proprietária da Souzamar Navegação e Restaurante Píer 47 Uma médica pesquisadora que mudou a perspectiva da carreira, enveredando pela área marítima. Um problema de saúde fez Sônia Guedes buscar outros horizontes, ocupar o tempo exercitando a cidadania e auxiliando no desenvolvimento da região. Assim, foi pedir auxílio ao pai, empresário do ramo fluvial, ao irmão, Assis Tadeu, e ao marido, José Alcides, Capitão de longo curso, para aprender tudo sobre navegação. Logo, ela buscou aplicar o conhecimento em projetos de pesquisa desenvolvidas na Universidade Federal do Pará às vivências com os relatos das comunidades ribeirinhas e dos trabalhadores da área para desenvolver planos de crescimento para o setor do transporte hidroviário. Negociando alimentos diretamente com os fornecedores, a Souzamar criou o hábito da população amapaense aguardar os seus navios, com a certeza que teriam acesso aos melhores alimentos e produtos. Com a modificação das outorgas a Souzamar saiu desse ramo de abastecer com cargas. Sonia aproveita para criticar a falta de um Plano estratégico e único sobre transporte de passageiros na região Amazônica, onde os governos estabeleçam portos e terminais específicos para atender a população de forma a prestar a oferecer um serviço eficaz e promover a cidadania.

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TIANA MENEZES Proprietária da Valeverde Turismo Desde os 14 anos, fluente em inglês, Tiana ingressou no mercado de trabalho. Seja como interprete em eventos, tradutora e guia turística, a empresária logo mostrou aptidão para a área do Turismo. Economista de formação com MBA em Gestão Empresarial, Tiana iniciou a agência Valeverde em 1986, hoje uma das maiores empresas no setor. A excursão rodoviária foi algo que deu popularidade à empresa, que logo foi ocupando espaços no setor turístico no Pará. A Valeverde embarcou no turismo fluvial com a inauguração da Estação das Docas e logo obteve bastante sucesso com os passeios pela Orla da cidade e por locais como a Ilha dos Papagaios e a Ilha das Onças. Dentro desse segmento, a empresa consegue explorar as potencialidades do setor fluvial turístico e desperta o interesse do empresariado e do poder público em gerar empreendimentos no entorno, além de contribuir para a valorização da cultura amazônica.


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PERFIL

TIAGO PINTO

Tino para a logística de transportes

E

stado do Amapá. As margens do rio Matapi, no ano de 1986, nasce a Rio Matapi Navegação com o intuito de oferecer o melhor serviço em transporte de passageiros e um tempo depois, de cargas na região. Com três anos de idade então, Tiago Pinto cresceu, passou por mudanças e se desenvolveu, assim como a empresa familiar que hoje administra. “O Passageiro hidroviário tinha carência de um serviço de qualidade especialmente no Pará e observando essa demanda foi que a Matapi transferiu a sua matriz para cá. E a Matapi veio se desenvolvendo através da aquisição de embarcações, balsas, empurradores até que em 1999 ela faz uma ope22

ração pioneira no estado que é o descarregamento de navios de uma indústria cimenteira importante e a partir disso passa a oferecer para o mercado atividades de Exportação Portuária, atuando bastante exportando madeira cerrada principalmente”, reconta Tiago, que ainda atua no setor como diretor do Sindicato dos Armadores do Pará (Sindarpa). De lá para cá, o grupo se consolidou a partir de Icoaraci, onde emergiu a Atlântica Matapi que já existia mas logo passou a fazer operações portuárias. E agregando a isso o atendimento door-to-door para os clientes finais, com a Rio Matapi incluindo em seu menu de serviços o transporte rodofluvial,

oferecendo mais qualidade e segurança e assim preenchendo toda a cadeia de transporte da carga. Tiago considera que os últimos três anos foram os melhores da história do grupo, com grandes contratos sendo fechados e o investimento indo para a aquisição de frotas rodoviárias, basculantes, carretas, equipamentos de linha amarela, com o objetivo de fazer movimentação de graneis. “Também investimos em terminais, sendo que temos os três maiores localizados na Vila do Conde, nas proximidades da CDP com capacidade para armazenar 100 mil cargas, a mesma capacidade do terminal de Icoaraci, que ainda inclui o projeto de construção de um estaleiro do grupo”, acrescenta o empresário. O estaleiro vem com capacidade para suprir a necessidade da região e, com a conclusão da BR 163, inverter a rota de grãos e pos-


sibilitar o escoamento da produção local. Tamanha importância no desenvolvimento amazônico é algo que auxilia ainda mais no crescimento do Grupo Atlântica-Matapi, fundado pelo armador amazonense Relton Osvaldo Pinto, que teve a visão de se instalar no Pará e se tornar referência no setor fluvial. Segundo Tiago, a empresa se mantém atuando primordialmente na área fluvial mas esta deixa de ser o pilar principal para ser um complemento dos outros serviços que coloca a disposição do mercado. Ele é o único dos oito irmãos que atua no grupo, sendo que sempre voltou sua formação para a Matapi. “Desde pequeno eu e meus irmãos pulávamos dentro de barcos, viajávamos com o nosso pai e eu adoro barcos, sempre tive esse Norte e entendimento do que eu queria cursar. Tenho muita paixão do que faço”, frisa o empresário, que buscou especializar-se, dentro do curso de Administração de Empresas, na área de logística.

“Na época todos buscavam se especializar em marketing, mas eu fiz MBA em Gestão em Administração e fui me especializando no segmento da logística, que segundo um professor teria uma representativa enorme na nossa região. E até pela dinâmica do nosso mercado, essa previsão se comprovou. A Matapi atua hoje na área da mineração, com os principais insumos para os grandes projetos, chapa de aço para os principais estaleiros, óleo de Palma da Biopalma, que exporta bastante a produção que tem em Moju e Acará”, assinala Tiago Pinto, completando que, por exemplo, para o Amapá, são entregues cerca de 100 mil carretas ao mês já que todo o abastecimento é praticamente feito via hidrovia. E como o jovem empresário faz para não se deixar vencer pelo estresse? Aproveita os fins de semana para passear de barco com a esposa e a filha Isabela e não descuida da saúde mental. “Pratico aikidô desde 2002, que significa ‘o caminho da

“Desde pequeno eu e meus irmãos pulávamos dentro de barcos e eu tive o ‘norte’ do que queria cursar. Tenho muita paixão no que faço” harmonia’. É uma filosofia que me permite manter o foco, a concentração e disciplina, sempre vendo os desafios como oportunidades e pegando as energias negativas e trabalhando-as em outro sentido”, ensina. Hoje, Tiago Pinto coordena as atividades do grupo diariamente, que inclui transporte de carretas, containers e cargas em geral, pelos meios fluvial e rodoviário, além de operações de carga e descarga, transporte de cabotagem e armazenamento. E o faz com serenidade e muita competência.

• O jovem armador com o pai, Relton Osvaldo Pinto, e o diretor de logística do Grupo, José Erivaldo Filho 23


SEGURANÇA E TECNOLOGIA

Navegando na direção certa Quem não segue as normas da segurança pelos rios pode causar graves acidentes. É fundamental estar habilitado CINTHYA MARQUES

A

ltas temperaturas e muito sol em boa parte da região Amazônica e com o calor, boa parte da população migra para as praias e rios. Mas todo o cuidado é pouco dentro da água, como mostra o vídeo institucional da Operação Verão 2013/2014 da Marinha do Brasil, os perigos são inúmeros. Uma lancha ou moto naútica podem vitimar muita gente e transformar a diversão em tragédia. Por conta disso, a FAROL DA 24

AMAZÔNIA esclarece como proceder para tirar a habilitação náutica e os principais cuidados que se deve tomar para garantir a própria segurança e dos que estão ao redor. Através da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), o 4º Distrito Naval promove regularmente o Curso de Formação para Aquaviários (CFAQ), que conta com uma média de 30 alunos por turma. Só é cobrada uma taxa de inscrição.


“Mesmo com alguns problemas de sinalização e a orla pequena que temos, acho que muitos ainda não despertaram para as possibilidades da nossa região, de conhecer os nossos rios” Cesár Colares, advogado te um dia todo. Uma lancha sai a partir de 1.200 reais, dependendo do tamanho (número de pés). Para alugar é bastante simples: basta preencher um cadastro, levar o RG, CPF, comprovante de residência, a CHA e assinar o contrato. O coordenador de área Joel Sacramento explica que a maioria dos mais de 400 clientes do Espaço Naútico possuem mais de uma embarcação: “Tem uma lancha e um jet ski, utilizam praticamente toda a semana e para suprir a demanda e atendê-los bem contamos com um time de quatro marinheiros experimentes, que verificam as embarcações e puxam com o trator até a água”. Dono de uma lancha de 24 pés, o advogado Cesar Colares é cliente há mais ou menos um ano, e conta que gosta de juntar os amigos ou a família e passear pelo Rio Maguari até a Ilha do Mosqueiro.

“Gostaria de vir a cada quinze dias, mas nem sempre é possível. Mesmo com alguns problemas como a falta de sinalização desse lado do rio e a orla pequena que ainda temos, acho que devemos aproveitar mais a nossa realidade amazônica, conhecer as ilhas que estão ao redor, os furos, mas creio que boa parte das pessoas ainda não despertou para isso”, opina. Ele parabeniza a fiscalização intensa feita pela Capitania dos Portos para evitar acidentes e punir as irregularidades nas embarcações e conta que toma todas as precauções, sempre navegando com atenção e o auxílio do GPS. “Quero passear mais, levar a família numa viagem pelas cidades do Baixo Tocantins a bordo dessa lancha ou de outra um pouco maior”, assinala o advogado. Marinheiro de primeira viagem na função de piloto de uma moto náutica, o corretor de imóveis Fernando Guimarães não escondia a empolgação. Com a CHA a um mês, ele estava no Espaço Náutico para dar mais umas voltas e falou da importância em se pilotar com cautela e utilizar os acessórios que ofertam ainda mais segurança: “comprei um colete novo, que é utilizado pela Marinha e vem com uma fita reflexiva. Não é tão bonito quanto outros mas é bem estável e tem uma parte que fica presa na parte de baixa da perna e evita o afogamento. Uso as vezes umas luvas e também dois óculos, um

CINTHYA MARQUES

As aulas visam capacitar o público para integrar tripulações ou conduzir pequenas embarcações empregadas na navegação interior, executando manobras básicas com o mínimo de conhecimento técnico, visando a segurança do tráfego aquaviário e a preservação do meio ambiente, com vistas à salvaguarda da vida humana. Após obtida a habilitação de amador (CHA), em uma das quatro categorias ofertadas (motonauta; arrais-amador, apto a conduzir embarcações nos limites da navegação interior; mestre-amador; apto a conduzir embarcações entre portos nacionais e estrangeiros nos limites da navegação costeira; ou capitão-amador, apto a conduzir embarcações entre portos nacionais e estrangeiros sem limite de afastamento da costa), o condutor terá a opção de alugar ou comprar o seu veículo marítimo. Localizada na Avenida Bernardo Sayão, de frente para o Rio Guamá está a Espaço Náutico Marine Club, com suas vagas molhadas e abertas com capacidade para até mil embarcações. Em funcionamento a dois anos, a marina tem um fluxo intenso em sua maioria de clientes que alugam as vagas para guardar suas embarcações e podem desfrutar dos serviços de limpeza, tintura, reforma e manutenção. “Agregamos serviços e contamos com uma clientela bem fidelizada, que praticamente todo o fim de semana vem dar uma volta seja na lancha ou na moto náutica. Ainda oferecemos duas vagas de estacionamento para carros, o Bar naútico e restaurante, e temos planos de transformar a marina num centro náutico e esportivo”, enumera a auxiliar administrativa Arice Ribeiro. Com 500 reais – sem incluir combustível - no bolso é possível alugar uma moto náutica duran-

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branco antireflexivo que evita os respingos da água e outro escuro para o sol, além de uma camisa que absorve um pouco da água e vem com um capuz que serve como máscara – muito útil em casos de chuva forte -, e calço uma sapatilha especial que é como se eu estivesse descalço”. Localizadas dentro da Espaço Naútico Marine Club estão a Direct Jet e Premium Náutica, que revendem multimarcas de embarcações e produtos náuticos. Lá é possível adquirir uma moto náutica super tecnológica com 24 mil reais, da marca Sea Doo Spark. E após a compra, já se sai com os motores acoplados e tudo pronto para a utilização. As lojas ainda oferecem serviços de manutenção e reforma. “Para adquirir a lancha é fundamental, além da habilitação, ter os itens obrigatórios como boia circular, colete para todos os passageiros mais dois de reserva, rádio uhf e a luzes de navegação em pleno funcionamento”, informa Marcelo Pinho que juntamente com o pai Leonel, administra as lojas. A família está no ramo a mais de 30 anos. Por conta de um convênio com o CPAOR, a marina oferece, através da prestadora de serviços Pará Chip, o curso de aquaviário completo, fornecendo embarcação ou moto naútica para as aulas práticas. A Espaço Naútico Marine Club funciona de segunda à quinta-feira das 8 às 18 horas e sextas, sábados, domingos e feriados até às 20 horas. Mais informações no (91) 3269-6233. O escalpelamento é um dos temas recorrentes no curso de formação, além de exemplificações de acidentes fluviais e como evita-los. Para quem quiser seguir a carreira marítima no funcionalismo público, a Marinha ainda oferece o Curso Especial para Tripulação de Embarcação de Estado no Serviço Público. 26

TIRAR HABILITAÇÃO NAUTICA PROCEDIMENTOS PARA HABILITAÇÃO Da Inscrição 1) Cópia autenticada da Carteira de Identidade (a autenticação poderá ser feita no próprio local de inscrição, mediante cotejo da cópia com o original); 2) Cópia autenticada do Cadastro de Pessoa Física – CPF (a autenticação poderá ser feita no próprio local de inscrição, mediante cotejo da cópia com o original); 3) Comprovante de residência com CEP, expedido no prazo máximo de 90 dias corridos, em nome do interessado ou com declaração do nome de quem constar na fatura; 4) Recibo da Taxa de Inscrição; Obs: Estão dispensadas do pagamento da indenização para emissão de Carteira de Habilitação de Amador na categoria de Veleiro, as pessoas carentes participantes de projetos governamentais destinados à formação de mentalidade marítima. 5) Atestado médico que comprove bom estado psicofísico, incluindo limitações, caso existam. O atestado médico é dispensável para os candidatos que apresentarem sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) dentro da validade; 6) Autorização dos pais ou tutor para menores de dezoito (18) anos, quando se tratar da categoria de Veleiro (firma reconhecida em Tabelião); 7) Candidatos para a categoria de Motonauta (MTA) deverão apresentar declaração

atestando que realizou aulas práticas, com, no mínimo, três horas de duração, emitida por entidade desportiva náutica, clube náutico, empresa especializada em treinamento e formação de condutores de embarcações, inclusive de Moto aquática cadastradas junto à Capitania, Delegacia ou Agência; e 8) Candidatos para a categoria de Arrais (ARA) deverão apresentar atestado da entidade desportiva náutica, da associação náutica, do clube náutico ou da escola náutica cadastradas, ou ainda do Amador com CHA dentro da validade e, se ARA, com, no mínimo, dois anos de habilitação, atestando que o interessado possui, no mínimo, seis horas de embarque em embarcações de esporte e/ou recreio, ou similares. As datas dos exames serão estabelecidas pela Capitania, Delegacia ou Agência e pelos clubes náuticos autorizados a aplicar exames para as categorias de amador. #Para maiores informações, consulte a NORMAM 03, CAP5, ART. 0504.


MENSAGEM DO SINDOPAR

Cidade x Porto s Portos tradicionalmente desempenham papel relevante no desenvolvimento das cidades. Foram na verdade de extrema relevância em uma época em que o transporte de carga e passageiros era feito quase que exclusivamente por via marítima. Entretanto, face as necessidades crescentes das cidades e dos Portos por área e vias de acesso, estabeleceu-se entre ambos o chamado conflito Porto- Cidade. Hoje os portos voltam a ter um papel de extrema relevância na

P • Pelágio Carvalho Proprietário da AmazonLog Operações Portuárias

economia das cidades face as necessidades e demanda por produtos globalizados bem como pela reativação dos serviços de cabotagem na costa brasileira. Uma cidade que tem o privilégio de ter um porto, não pode prescindir deste. Trata-se hoje e mais uma vez de um importante aparelho de desenvolvimento regional. Uma visão moderna e objetiva dos interesses das cidades trata hoje a questão não mais como conflito e sim como sendo o porto parte indissociável da infraestrutura local.

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ESPECIAL

A bordo do P49 Guarujรก Conhecemos um pouco do dia-a-dia em um navio-patrulha da Marinha brasileira

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E

ra uma sexta-feira de manhã quando, na Base Naval de Val-de-Cães a ‘Águia do Norte’ singrou uma vez mais pelos rios do Pará. Nesse dia a equipe da FAROL DA AMAZÔNIA embarcou no Navio patrulha Guarujá – P49, da Marinha de Guerra brasileira, com o intuito de chegar até Portel, na Ilha do Marajó. Ao longo da jornada, o fascínio despertado pelas tradições, peculiaridades e beleza da vida ao mar ocasionou uma outra missão: descrever o funcionamento e principais características do pequeno porém poderoso navio da classe Grajaú, que foi ordenado em 1995 e incorporado a armada quatro anos depois para operações de patrulhamento. São 34 militares que tripulam o Guarujá, entre 30 praças e quatro oficiais. “Sempre tem algo para fazer no navio, mas antes de tudo ele tem uma vida operativa e outra administrativa. Quando está atracado no porto, fazemos uma preparação logística e cuidamos dos tramites burocráticos que permitem que ele se faça ao mar. E quando saímos, cumprimos as missões de patrulha objetivando a segurança do tráfico aquaviário, combate à poluição ambiental e salvaguarda da vida humana”, enumerou o Comandante Rodrigo Santos. Assim que se pisa no convés, a atenção é atraída para o brasão de armas nas cores vermelho, azul, prata e dourado. Com o desenho de um sol dourado sob um céu vermelho – representando a cidade de

Guarujá, o desenho se completa com um mar azul ondulante, onde a representação armas remete as águas brasileiras onde ele opera. Dentro do navio, o conforto divide espaço com a simplicidade. Não tarda para o espaço ser invadido por aromas vindos da cozinha da embarcação, onde se prepara o almoço. Esse será servido a nós na Praça d’Armas, espécie de sala onde os oficiais se reúnem para confraternizar, fazer as refeições e dialogar. Nela é possível admirar uma estátua da ‘Águia’, símbolo do navio, além de uma série de placas-tributos presenteados por outras embarcações. Lá também fica um sino que toca para marcar a hora – por exemplo, para marcar que é ‘meiodia’ tem que se dar quatro badaladas - enquanto os ‘quartos de serviço’ vão se desenrolando, como explica o Comandante: “A rotina é 24 horas, pois o navio não para de navegar. E a cada ‘quarto de serviço’, ou seja, num período de três a quatro horas um grupo de militares executa várias ações para manter o navio operando enquanto os outros estão descansando, seja ficando na manobra, navegação, na cozinha, manutenção, patrulhando para verificar se algum fator pode ocasionar um dano ao navio”.

“Sempre tem algo para fazer no navio, mas antes de tudo ele tem uma vida operativa e outra administrativa.” Comandante Santos

A principal forma de comunicação dentro da embarcação é o fonoclama, um serviço de rádio que dissemina sinais de alarme e ordens. Mas o velho apito de marinheiro também é utilizado em diversas situações, desde as prestações de honras e continências militares até as fainas, chamar para eventos que envolvam toda a guarnição ou para exercer funções específicas na rotina do navio, junto com o fonoclama – até pelo apito alcançar maiores distancias. E por mais que parece confuso para ‘marinheiros de primeira viagem’ como a nossa equipe, os aspirantes estudam esses costumes e tradições marinheiras logo quando entram na Escola Naval. Começam a ter a prática nos estágios de verão, quando embarcam e aprendem como é a vida do oficial a bordo, como é o caso de nove aspirantes que passarão alguns dias no Guarujá. 29


ESPECIAL

O Comandante Rodrigo Santos, a pouco tempo no Navio Guarujá, serviu durante quatro anos no Navio Patrulha Bracuí (também do 4º Distrito Naval) e por conhecer a região não se surpreende com as suas especificidades de navegação. Ele nos apresenta a ponte de comando ou passadiço, o compartimento onde o comando é exercido e o navio é manobrado. Durante boa parte das manobras consideradas críticas – entrada e saída de um porto, suspensão -, o Comandante é quem assume a supervisão direta da condução do P49. E é no passadiço que o encontro da tecnologia com a tradição se torna mais interessante. Por exemplo, para a navegação, o Comandante e os oficiais (e ele tem como companhia frequente na ponte o Imediato, que é o oficial de navegação) utilizam tanto os croquis e cartas náuticas quanto os radares e a própria visão através do binóculos. Quando a noite cai, é preciso estar atento a sinuosidade dos rios e suas margens traiçoeiras. Nessas horas o ecobatímetro torna-se imprescindível. Localizado no ‘co30

ração’ do navio, esse equipamento de segurança existe para que o navio não afunde ou fique preso. Ele mede a profundidade do solo e no mar ainda cumpre a função de ser útil para estudos científicos e mapeamento do ecossistema oceânico. Nos rios amazônicos, ele é primordial, pois a geografia é totalmente distinta. E em muitos casos um navio enfrenta canais, baías e estreitos com baixa profundidade, então o ecobatímetro emite alertas sobre as mudanças perigosas no nível do chão submerso.

Por mais que não estejamos em guerra, a força naval deve estar preparada. Diariamente, a guarnição do Guarujá realiza exercícios e simulações e se prepara para longas missões em mar aberto. O navio inclusive já singrou pelo Mar do Caribe. E para ter meios de chegar tão longe é preciso muita aplicação e organização, o que fica a cabo do Oficial Intendente, que é uma espécie de administrador embarcado. Ele é quem cuida das provisões e verifica nas Organizações Militares

46,5 m Comprimento total

7,5 m Boca (largura)


em Terra tudo que é necessário para que o navio funcione corretamente e esteja sempre abastecido. Comida, por exemplo, é algo que não falta na embarcação. É farta e de qualidade, cortesia do Mestre-Cuca com 34 anos de Marinha e mãos caprichosas. São ofertadas cinco refeições por dia para os que iniciam a rotina cedo e a abandonam apenas quando a noite é profunda. E caso alguém fique ‘mareado’ com o ir e vir das ondas ou as sacudidas no rio, fuzileiros navais com conhecimentos de enfermagem estão a

bordo para cuidar da saúde. Ainda ficou faltando conhecer a casa de máquinas, mas o visual do convés ao amanhecer ou anoitecer foram desviando o interesse de certas particularidades da embarcação que, diga-se de passagem, possui camarotes adequados e confortáveis, onde adormecemos com o som da maresia na mente. Após três dias embarcados, é difícil se acostumar de volta à terra. O Guarujá se torna um bom lar a medida em que o tempo passa. Capaz de produzir água

potável a bordo e alimentado por três geradores a diesel, ele possui duas plantas de ar condicionado e a capacidade de abastecer de óleo combustível em alto mar. A aventura termina, mas ficam mais algumas observações sobre o belo Navio Patrulha. Como um navio de guerra autentico, ainda possui um canhão Bofors de fabricação sueca com 40 mm de calibre e cadência de 300 tiros por minuto, além de duas metralhadoras Oerlikon de 20 mm com cadência de 900 tiros por minuto.

12 nós - Velocidade de Cruzeiro 26 nós - Velocidade máxima 2 motores diesel 3.400 HP - Propulsão

2,2 m Calado

230 ton

Deslocamento 31


GOURMET

À MODA DA

Na Maloca do Orlando, ainda é possível degustar saborosos camarões no bafo

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uer comer um peixe delicioso e apreciar uma bela vista? Experimente pegar um barco e ir até o Furo do Arapari, e subir num conjunto de palafitas esverdeadas. Ali é a Maloca do Orlando, restaurante familiar que atrai gente de Belém e principalmente, de fora do Pará. Personalidades como a cantora Ivete Sangalo, o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo, a dupla Bruno & Marrone e o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Joaquim Barbosa, já provaram do filhote, da casquinha de caranguejo, do suco de cacau e do açaí batido na hora. Filho de pai equatoriano e mãe natural de Barcarena, Orlando de Castro Viana, 72 anos, divide a gestão do empreendimento com a filha Jane, enquanto a mulher, Maria Salomé Viana Leão, a Dona


• O restaurante é um ‘Oásis’ em meio ao furo do Arapari, atraindo clientes de Belém e arredores

Sissi, é a cozinheira de mão cheia do lugar. Ao todo, são oito pessoas trabalhando nos preparos das delícias em três fogões industriais e no fogo à brasa que fica no quintal. Nos finais de semana, um verdadeiro engarrafamento de motos náuticos, flexboats e lanchas se forma no píer da Maloca. Mas o público cativo do Seu Orlando é formado por quem entende de culinária. Chefs de cozinha como Alex Atala, Sérgio Leão e Thiago Castanho vão sempre comer, trocar conhecimentos e apreciar a simplicidade de Dona Sissi no comando da cozinha do lugar. Ela já recebeu em seu recanto o crítico gastronômico Marcelo Katsuki e até o chef mais famoso do mundo, o espanhol Ferran Adriá, que ficou encantado com os camarões de rio servidos no bafo.

Pescado no próprio rio Arapari, o Tucunaré ‘à moda da casa’ foi o peixe escolhido por eles para ser a atração principal da receita p desta edição. São pedidos cerca de dez Tucunaréss ‘tamanho G’ g) por dia. O (porção de 2,5 kg) peixe é feito na brasa e mené servido comumenda te após a entrada mais popular, os camarões (1,5 kg)) rque deixaram Feresran Adriá impresomsionado. E os acomlém da panhamentos? Além farofa feita com carinho, do olho vinagrete, o arroz, feijão e molho açaí cultivado no quintal do Seu de faltar, assim Orlando não pode como o suco de cacau que faz vessar o rio só muita gente atravessar ros e tomar dupara comprar litros rante a semana. 33 3 3


Ingredientes grredieentes • 2,5 kg de Tucunaré; • Sal galego que é plantado lá, para lavar e temperar o pescado; • Alho, cebola e tomate (uma unidade de cada, picados); • 200 gramas de coentro; • Pimenta verde.

Rendimento Serve quatro pessoas Tempo de preparo: 30 minutos

Modo de preparo

MALOCA DO ORLANDO Fica no Furo do Arapari e funciona aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h. Saindo de Belém, se chega lá de barco (R$ 6,75) ou balsa (R$ 3,95), ambas com destino ao Arapari – a primeira pega-se na rua Siqueira Mendes e a segunda, na avenida Bernardo Saião (Porto da Palha). O trajeto leva cerca de 40 minutos. Ainda é possível ir durante a semana, sendo preciso ligar antes e marcar. Desembarcando no Porto do Arapari, basta ligar e esperar chegar o barco que o levará até o restaurante. Não aceita cartões. Telefone: (91) 9233-0350.

Limpar com o limão, depois cortar em rodelas e espremer sob o pescado para tirar o ‘pitiú’; Abrir o pescado, passar o limão, alho, sal e o tempero; Em seguida, colocar para grelhar no forno a brasa; Retirar, colocar na bandeja decorando com folhas de alface e rodelas de tomate.

• Mãe e filha, Jane e Dona Sissi cuidam do lugar enquanto seu Orlando recebe os clientes. Uma fica com a parte administrativa e a outra reina na cozinha 34


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