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ALUGUEL DE ROUPAS COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O CONSUMO SUFICIENTE

Ana Paula Lolato Secco; Universidade Federal de São Paulo; analolato@gmail.com Zysman Neiman; Universidade Federal de São Paulo; zneiman@unifesp.br

Resumo: O aluguel de roupas se apresenta como uma alternativa para redução dos danos socioambientais. O presente estudo diagnosticou a existência de iniciativas de conscientização para o consumo suficiente no aluguel de roupas e verificado como a comunicação nas redes sociais desses empreendimentos, na cidade de São Paulo, podem alcançar seu potencial para Educação Ambiental para o consumo suficiente. Palavras-chave: Aluguel de Roupas, Consumo Suficiente, Educação Ambiental

INTRODUÇÃO

Apesar da indústria da moda ser economicamente relevante (BERLIM, 2012), ela tem protagonismo nos impactos socioambientais negativos, causando prejuízos ao bem-estar do ser humano (FLETCHER; GROSE, 2012).

O documentário The True Cost (2015) aborda que nas últimas décadas, a busca inconsequente pelo lucro desenfreado e que desconsidera a exaustão do planeta, organizou um sistema produtivo que estimulou a moda descartável (fast fashion), que apesar de produzir roupas baratas, tem alto custo social, degrada excessivamente o meio ambiente, e recebe pouca crítica pela falta de processos de Educação Ambiental.

Uma pequena parcela da sociedade, mais consciente, iniciou uma discussão internacional acerca dos problemas ambientais gerados pela indústria da moda e o consumo exagerado, buscando o despertar da consciência coletiva, por meio de vários movimentos que almejam transparência nas relações da cadeia produtiva, como o movimento Fashion Revolution, por exemplo, que se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. (ODS), em especial o ODS 12 – Consumo e Produção responsável.

Além disso, o consumo da moda fast fashion não distribui renda e agrava ainda mais as diferenças sociais, não sendo sustentável ou adequado. Urge, assim que se implemente processos que possam apontar outras alternativas para as pessoas, dando-lhes uma educação mais crítica (GADOTTI, 2008).

Uma das respostas para essa crise, é o consumo suficiente proposto por Santo (2009), no qual a moda compartilhada efetivada no aluguel de roupas, está inserida. Aliado a um processo de conscientização e educação para que se utilize menos e melhor os recursos naturais, pode-se aumentar o ciclo de vida de roupas e diminuir o consumismo.

As empresas de aluguel de roupa do cotidiano, de marcas famosas e de custo alto, poderiam comunicar, em suas redes sociais, aspectos ambientais e econômicos vantajosos, além de divulgar os impactos negativos que a moda carrega, dando luz para escolhas responsáveis e o consumo suficiente.

METODOLOGIA

O estudo foi realizado com caráter exploratório qualitativo, por meio de revisão bibliográfica realizada com dados secundários de domínio público através da plataforma do Google acadêmico e Scielo. Para a busca dos empreendimentos no município de São Paulo foi utilizada a plataforma do Google Maps e a partir do resultado desta busca foi realizada a visita nas redes sociais para verificar o conteúdo de comunicação.

REFERENCIAL TEÓRICO

É desejável que os rumos da moda sejam exatamente aqueles que respeitem as dimensões da sustentabilidade. Nesse sentido, a moda compartilhada é vanguardista, pois levanta a bandeira da sustentabilidade, incentivando o uso múltiplo e compartilhado de roupas, principalmente, aquelas cuja confecção demanda muitos recursos e o uso é esporádico ou ocasional (PIONTEK; AMASAWA; KIMITA, 2020). O setor de aluguel de roupas tem um potencial substancial em economia de recursos naturais através do aumento do ciclo de vida das peças (CIETTA, 2017); (VEZZOLI, 2008); BODENHEIMER; SCHULER; WILKENING, 2022).

Neste sentido,

os consumidores acabam sendo atraídos pela ideia de repensar a maneira como consumo de roupas e acessórios pode ser feito e, por consequência, contribuem com a sustentabilidade ambiental ao optarem pela utilização das roupatecas (NICOLETTI; FREIRE, 2018 p.46).

Este setor está em expansão e é uma tendência mundial. No viés econômico global, é um modelo de negócio promissor, e espera-se que o mercado global de aluguel de roupas online atinja o valor de US$ 5,6 bilhões até 2025, com uma taxa

anual de crescimento de 16,99% no período de 2020 a 2025 (RESEARCH AND MARKETS, 2020).

Em seu estudo, Santos (2009) apresenta 5 estágios para a sustentabilidade de produtos designados como: “Níveis de maturidade do design sustentável na dimensão ambiental”. Para a conquista de uma sociedade em prol a sustentabilidade ele investiga os encadeamentos práticos e teóricas para os quais o design contribui nos diferentes níveis, iniciando-se pela melhoria ambiental dos fluxos de produção. Seu último nível propõe mudanças nos estilos de vida de modo a conquistar o consumo suficiente, pois a causa dos problemas ambientais está relacionada diretamente com o consumo exagerado dos seres humano (LIU, 2020). Para que conquistemos a real sustentabilidade, através mudança do estilo de vida, a Educação Ambiental crítica é o caminho, afinal esse senso crítico só advém de uma educação que não seja um mero treinamento (GADOTTI,2008), mas que proporcione ao cidadão a capacidade de discernir o que há por trás da informação, desde a checagem da fonte até os vieses de quem a propala.

OBJETOS DE PESQUISA

Diagnosticar a existência de iniciativas de conscientização para o consumo suficiente em empreendimentos aluguel de roupas.

Verificar como as estratégias de comunicação dos empreendimentos de aluguel de roupas na cidade de São Paulo podem alcançar seu potencial para Educação Ambiental para o consumo suficiente.

RESULTADOS

A amostragem foi definida em um universo de 89 empreendimentos, onde 84 (94,4%) deles correspondem especificamente a “aluguel de roupas” para ocasiões especiais (festas), como: casamentos, bodas, formaturas, festas de 15 anos etc. Existem empreendimento com mais de 30 anos, como é o caso da Black Tie, Nova Noiva, Via Santony entre outras. O mais antigo, de acordo com o levantamento, é a Tudo para Rigor, com cerca de 52 anos que possui, somente, um site para a divulgação digital.

Os outros 5 (5,6%) correspondem a aluguel de roupas de forma mais genérica, desde do dia-a-dia até ocasiões especiais. São empreendimento mais recentes, de 4 a 7 anos de existência, e sugiram para atender um público consumidor de designer de luxo, com alto custo para aquisição, sendo, portanto, estes consumidores de um elevado poder econômico. Observou-se que dos 5 empreendimentos, 4 deles

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