Mapeamento a invenção do nordeste durval muniz de albuquerque jr

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Mapeamento: ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A Invenção do nordeste e outras artes. 4 ª ed. Recife: FJN; ED. Massangana; São Paulo: Cortez, 2009. 340p. De inicio, o autor contextualiza sobre o processo pelo qual a região nordeste procurou conhecer suas próprias origens, através de múltiplas explicações: o movimento cultural regionalista, onde a história da região nordeste sofreu um processo de “ocultação” de sua história; a explicação de Gilberto Freire, onde o nordeste havia consolidado sua identidade regional de forma diferenciada ao restante do país, em muito influenciada pelo domínio administrativo de Recife e pelos desígnios do colonizador. “Faz assim, de uma maneira ou de outra, recuar ao período colonial a consciência regional, a própria existência do nordeste e, ao mesmo tempo, coloca-a como um dos fatores de formação da própria consciência”. (p.84). “Embora as secas, como a mestiçagem, continuem a fazer parte de qualquer história da região, não são mais os fatores naturais que definem, que dão identidade, que estão na origem da região.” (p.89). [Nesse aspecto discordo do autor, pois, os valores culturais, assim como a consciência de um povo, são influenciados fortemente pelas questões climáticas e geográficas no tocante a hábitos, costumes e práticas, e esses elementos serão incorporados, e acabarão por moldar os elementos culturais, por exemplo: os esquimós, submetidos a baixas temperaturas, consomem a carne de peixes ainda vivos, pois, o sangue quente desses animais ajudará a regular a temperatura corporal desses povos, assim como os japoneses, vivendo em um território diminuto, fracionado por ilhas, se utilizarão da carne de peixes e não de gado, por “ser impraticável” a criação de bovinos em tal território, e esse elemento se moldará a cultura japonesa e a transformará no que conhecemos hoje. De tal forma, são as roupas pesadas e de couro do vaqueiro nordestino, uma bela adaptação à vegetação espinhenta da caatinga e do sol escaldante]. A cultura é necessária ao processo de descoberta das verdadeiras raízes de um povo, pois, é a partir dela, que esse povo poderá inventar-se, criando uma “tradição”, e essa tradição é que irá interligar o novo ao velho, e será o medo da perda de uma memória que é individual e ao mesmo tempo coletiva, que fortalecerá essa tradição e construirá esse nordeste.


Porém, a construção dessa tradição fará com que a elite latifundiária seja privilegiada, em detrimento do atraso e da miséria de toda uma população. “Não é à toa que as pretensas tradições nordestinas são sempre buscadas em fragmentos de um passado rural e pré-capitalista; são buscadas em padrões de sociabilidade e sensibilidade patriarcais, quando não escravistas” (p.91). [Ao contato com as obras de autores regionalistas como José Lins do Rêgo, as memórias do engenho são na maioria das vezes doces, saudosas e emotivas. Os bolos e quitutes da “negra anciã” são rememorados, e sua condição de escrava “atenuada” pelas lembranças. Quando chega o momento do engenho sucumbir à usina, o senhor “todo poderoso” do engenho acaba por sucumbir-se à condição de um bêbado falido]. A história da região nordeste é constituída por um passado memorial imagético, composto por indivíduos e seu coletivo, todos ávidos pela redescoberta de um passado saudoso, porém, triste e duro, que corporifica a face dessa região. Um lugar onde as rugas do tempo não modificaram o “balançar” das horas, tampouco, o balançar de uma rede. [É nítida a contribuição dos músicos, pintores e principalmente dos escritores regionalistas em se criar essa imagem de um nordeste bucólico, saudoso e “atemporal”, em contraposição, a um sudeste agitado, louco, onde o tempo se “esvai” por segundos. Se o passar do tempo significa a morte, um lugar onde o tempo passa com um “vagar” próprio, será a própria significação da vida, antagonicamente, a morte estará onde o tempo cavalga bestialmente]. Gilberto Freyre, influenciado pelas ideias do antropólogo Franz Boas, acreditava que a sociedade brasileira se constituiu através da miscigenação cultural (não apenas a racial), Freyre opõe o Trópico à Europa, e busca a singularidade naquilo que é plural, e o faz através da Sociologia. Freyre “adota” o homem mestiço como elemento natural do território nordestino e brasileiro. [É louvável a iniciativa de Gilberto Freyre, num momento histórico em que o “branqueamento” da população renegava o mestiço, como a consequência direta, e


negativa, de uma miscigenação orientada a um processo que visava “extirpar” qualquer resquício de nossa matriz africana]. “A maior importância da obra freyreana reside talvez no reconhecimento da importância do negro no processo de formação da nacionalidade” (p.111). O autor pontua ser o Brasil dividido em duas visões distintas e geográficas: o sul e sudeste, racional, calculista e objetivo, e o norte e nordeste, emocional, sensível e bondoso. “O Brasil seria um país cindido entre a inteligência do Sul, mais bem aparelhada em seus conceitos de realidade; de outro lado o nortista, fantasioso, imaginoso e sensitivo, delirante e compadecido”. (p.120). [Por mais “evidente” que a noção de tempo “poderia” nos mostrar no passado em ralação ao Sul / Sudeste ao se contrapor ao Norte / Nordeste, o mesmo não se apresenta nos dias atuais, pois, com o advento da urbanização das cidades e o consequente êxodo do campo, as cidades interioranas possuem em sua dinâmica cotidiana os elementos que antes lhe eram ausentes: a velocidade das motos, o trânsito, agências bancárias, serviços de internet. É tudo muito rápido, conectado, o tempo é escasso, e as relações sociais dotadas das vicissitudes do tempo].

Nome: Jeferson Lima de Souza Disciplina: História do Nordeste Semestre: 2016.2


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