2 minute read
arquiteturas feministas ana carolina
arquiteturas feministas
Ana Carolina Medeiros Dutra
Advertisement
Imagens fornecidas pela autora
A trajetória profissional de mulheres enquanto arquitetas e urbanistas é relativamente recente. O acesso delas à graduação acontece entre o fim do século XIX e meados do século XX. O ingresso era dificultado pelas instituições de ensino, que ainda associavam a figura feminina ao trabalho doméstico, e o mercado de trabalho era ainda mais hostil para com as mulheres.
O Pritzker, considerado o maior prêmio em arquitetura, foi atribuído a uma arquiteta apenas em 2004, com Zaha Hadid, única mulher que ganhou desacompanhada de um homem. Em toda a história do prêmio, que já tem 40 anos, apenas três arquitetas foram homenageadas. Compreendendo a desigualdade de gênero que permeia a profissão, foi feita uma busca por produções feministas na arquitetura, a fim de elucidar as abordagens teóricas e as práticas projetuais embasadas no feminismo e traduzidas no espaço construído. Como exemplos práticos de arquiteturas feministas, foram exploradas as obras de três arquitetas.
Franziska Ullmann, arquiteta austríaca, foi responsável pelo projeto do Conjunto Habitacional Margarette Schutte Lihotzky, resultado de um concurso público. Os objetivos do concurso eram dois: solucionar a ausência de profissionais mulheres no planejamento urbano e habitacional e alinhar a arquitetura local às demandas da mulher contemporânea. O plano urbano desenvolvido por ela mudou o uso do bairro de residencial para misto - a mulher contemporânea não vive para o lar exclusivamente, e deveria ter acesso a escolas, comércios e creches perto de sua moradia. Também elaborou diversas plantas arquitetônicas para apartamentos ao compreender as diferentes conformações familiares modernas que lá habitariam. Susana Torre, arquiteta argentina, elaborou o Fire Station Five, um posto de bombeiros pensado para as mulheres que desempenham a profissão. A prefeita de Columbus percebeu que as mulheres que entravam para o Corpo de Bombeiros dificilmente ficavam por muito tempo no ofício. Compreendendo a profissão tipicamente masculina, Susana elaborou espaços de convívio não convencionais em que as trabalhadoras e os trabalhadores não ficassem segregados em função dos gêneros, como é o caso da maioria dos postos de bombeiros, em que os espaços de convívio são vestiários e dormitórios. Lori Brown, professora e arquiteta americana, é uma das cofundadoras do coletivo ArchiteXX, que tem a missão de buscar a equidade de gênero através do acadêmico e o prático, aumentando a visibilidade de arquitetas na profissão. Foi responsável pela ação Private Choices Public Spaces, uma chamada de soluções projetuais para a cerca da última clínica de aborto no Mississipi, a Jackson Women’s Health Organization, já que o espaço era palco de inúmeros assédios às mulheres que entravam na clínica.
Projetos feministas são aqueles que percebem a relação dos diferentes corpos com o espaço construído e se tornam acessíveis e possíveis a todos. A arquitetura pautada no feminismo é a arquitetura humana, a arquitetura necessária.
Orientadora: Maribel Aliaga Fuentes Banca: Carolina Pescatori e Joara Cronemberger