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destaques

travessias – corpo expandido da cidade

Aluno: Fernando Longhi Pereira da Silva / Orientação: Raquel Naves Blumenschein

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Travessias desce sobre a cidade como um corpo arquitetônico crítico que questiona as práticas urbano-arquitetônicas atuais e as engrenagens que movem o espaço da pós-metrópole, a cidade do futuro informacional. Como criar complexidade e densidade na malha urbana (uma forma de democratizar o espaço público) num gesto arquitetônico que não se encerra na imagem ou no objeto, mas sim, num sistema de relações, ou travessias, que extrapolam caminhos, formam novos espaços catalizadores de atividades comerciais, de serviços, de habitações. Em última instância, geram novos tipos de sociedade.

estação intermodal honestino guimarães

Aluno: Gabriel Akio Ponte Arake / Orientação: Luciana Saboia

O projeto surgiu com a intenção de se repensar a mobilidade em Brasília no sentido leste-oeste. A proposta é de reconectar a cidade com um sistema de transporte mais ágil e com variabilidade de modais, integrando as linhas de metrô e ônibus existentes com uma linha de VLT perimetral ao Plano Piloto, novas ciclovias e o sistema de transporte lacustre. O sistema de transporte lacustre transpõe a maior barreira no sentido leste-oeste da cidade: o Lago Paranoá. Como estudo de caso, foi proposta uma estação intermodal de transporte lacustre que conecta a orla do lago à cidade.

requalificar samambaia

Aluno: Herivelton Bispo L. Magalhães / Orientação: Gabriela Tenorio e Giselle Chalub

Vivemos uma crise do déficit habitacional, onde as cidades não podem mais continuar crescendo de forma espraiada, tendo que se reinventar para que seus centros urbanos se tornem mais compactos, com um maior número de atividade relacionadas, diminuindo distâncias entre o morar, lazer e trabalho. Samambaia é uma cidade que alcançou seu limite de expansão da malha urbana, mas que possui o potencial de requalificar seu centro, dando possibilidade de novas moradias, atividades e qualidade de vida.

rodoferroviária - estação central brt

Aluno: Jeferson Santos / Orientação: Cláudia Garcia

Ao unir aspectos urbanísticos e expressivo-simbólicos patrimoniais, o projeto busca melhorar a mobilidade urbana do Distrito Federal e a preservação da Rodoferroviária. Uma nova rede de transporte culmina em um terminal central, na Rodoferroviária, integrado à via EPIA, ocupando o edifício projetado por Oscar Niemeyer, hoje abrigando órgãos públicos, a serem transferidos ao Shopping Popular de Brasília. Essas mudanças agregam pessoas do dia-a-dia, potenciais comercial, educacional e cultural, em um contexto repleto de valores patrimoniais do Eixo Monumental e do Conjunto Urbanístico de Brasília.

thermae

Aluna: Juliana Alves Dullius / Orientação: Eliel Américo

Thermae surge como uma reinterpretação do banho romano clássico para a contemporaneidade. O complexo de banhos se propõe a apresentar um espaço comunitário alternativo, visto que sua simples intenção como instituição de saúde e limpeza fora realocada para o banho privado em nosso tempo, o projeto retoma uma dimensão sensorial em uma arquitetura de reflexão e quietude. Dessa forma Thermae se mostra um convite à promoção de novas relações de lazer ligadas à natureza, ao monumental e aos novos e antigos rituais realizados nos processos de limpeza e relaxamento.

faunb

Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

travessias – corpo expandido da cidade

Fernando Longhi Pereira da Silva

O fato de caminhar forma paisagens e nos fomenta a faculdade de ver e sentir a cidade ao percorrer a imobilidade material de objetos e acidentes naturais dos espaços urbanos. Esse hábito permite observar a confluência de linhas, as fugantes, os cantos do território que nos levam aos nossos objetivos fisicamente ou no pensar em devaneio. É uma experiência sensível e afetiva com os lugares. O traçado e a organização do solo, antes de constituírem apenas um momento de passagem ou travessia de aglomerações, formam novos espaços onde se alojam atividades comerciais e de serviços, as habitações e, em última instância, geram novos tipos de sociedade.

Travessias desce sobre a cidade como um corpo arquitetônico crítico que questiona as práticas urbano-arquitetônicas atuais e as engrenagens que movem o espaço da pós-metrópole, a cidade do futuro informacional. O Corpo materializa-se no Bairro da Liberdade, em São Paulo, enclave de efervescências culturais e intensa dinâmica urbana – um livro aberto para descoberta de histórias e mudanças viscerais que contribuíram na construção de uma rica complexidade identitária. Seja em Lagos, Tóquio ou Berlim, Travessias guarda a mesma materialidade geradora: grandes prismas suspensos que ocupam a cidade, seu terreno formado por uma topografia de aço e concreto. O projeto desenvolve-se em rede como um tentáculo, um amplexo intimista na malha urbana em resposta à dinâmica metropolitana e à maneira com que arquiteturas tocam o espaço público. Seu padrão sóbrio, ortogonal e modulável aumenta o impacto em uma paisagem propositalmente surpreendente e delirante – pontos nodais nascem de áreas subutilizadas e degradadas, expandindo eixos que balizam locais potenciais e atalhos que encurtam distâncias.

A elasticidade de seus tentáculos interage com o tecido da cidade ora de maneira agressiva, perfurando e se sobrepondo, ora integrando-se a vias, alongando terraços e criando ruas verticais. O que dita sua relação com as arquiteturas é a maneira com que estas se relacionam com o espaço público – um condomínio que se fecha para si teria andares abraçados por áreas públicas, enquanto um edifício que se abre para a cidade teria seus acessos otimizados por novos níveis de conexão.

O vocabulário de vigas, lajes e pilares recombinantes modelam uma megaestrutura que tem sua pluralidade resguardada pela maneira com que seus usuários se apropriam do espaço. Novas formas surgem e desaparecem, cambiam ao longo do tempo e não se cristalizam na imobilidade estéril que leva à obsolescência de lugares. Uma estrutura virgem e vazia à espera de histórias, apagadas e reescritas; um percurso de travessias constantes de memórias.

O olhar crítico sobre Travessias permite-nos questionar e levantar hipóteses sobre fenômenos colaterais na redescoberta de espaços urbanos antes proibidos e desconsiderados. O que acontece quando multiplicamos os térreos da cidade e criamos novos caminhos multivetoriais e entremeios no ambiente construído?

Orientadora: Raquel N. Blumenschein Banca: Elane Ribeiro Peixoto, Giselle Chalub Martins, Cláudia da Conceição Garcia e Neusa Cavalcante

Imagens fornecida pelo autor.

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