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o uso da madeira na arquitetura japonesa

Vinícius Faustino de Oliveira Santos

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Imagens fornecidas pelo autor

A madeira é um dos materiais mais versáteis utilizados na arquitetura. A variedade de texturas e tonalidades, possibilita aos arquitetos uma infinidade de escolhas e combinações que garantem beleza e identidade à obra. E umas das culturas que possui profunda intimidade com esse material, é a cultura japonesa.

Segundo Fujii (2011), o Japão é um dos países em que mais se emprega madeira na arquitetura, possuindo as mais antigas construções no mundo. Essa estreita relação entre homem e natureza é o principal meio pelo qual a cultura japonesa se fundamenta, sendo um dos pilares mais importantes em que se apóia a compreensão de sua arte e arquitetura. A íntima relação que os japoneses possuem com a madeira transcende o campo da materialidade e atinge os âmbitos da espiritualidade e das tradições culturais. Como exemplo, o Xintoísmo, considerada religião oficial do Japão que influenciou consideravelmente os preceitos éticos e socioculturais dos japoneses, constitui-se de um conjunto de crenças de caráter “animista”, em que seres inanimados, tais como pedras e árvores, possuem uma essência espiritual. Por essa razão, no Japão muitas árvores antigas de grande porte, shinboku (神木), são veneradas como locais sagrados. Essa reverência à natureza também é presente em eventos festivos, como o hanami matsuri (花見祭り ), em que japoneses se reúnem para contemplar a floração das cerejeiras, sakura (桜), que ocorrem uma vez a cada ano. Além das influências nas cerimônias e crenças, a natureza também foi apropriada como um meio de inspiração e embelezamento artístico. As manifestações artísticas se concentravam em observá-la e tentar captar a essência natural que dela provinha. A poesia japonesa, haiku (俳句), e a pintura ukiyo-e (浮世絵) são claros exemplos disso, onde artistas se inspiravam nos gestos mais singelos da natureza, para compor suas obras. Essa tentativa de aproximação também é vista na arquitetura. A busca por uma relação harmônica entre homem e natureza é a principal característica na arquitetura tradicional japonesa, preterindo por estruturas leves de madeira, de tons naturais, que exprimam serenidade e simplicidade. Como exemplo, o uso de divisórias de madeira, shouji (障子), enseja a flexibilização do espaço e a sobreposição das funções; e quando recolhidas, cria grandes aberturas convidativas ao paisagismo externo, além e prover os ambientes internos de ventilação e iluminação natural.

Esse diálogo entre o natural e o construído, vem despertando o interesse de expoentes na arquitetura contemporânea, como Shigeru Ban, no qual, vem destacando temas relacionados à sustentabilidade e ao equilíbrio entre homem e natureza. Assim como os japoneses buscam nas suas tradições formas inspiradoras de usar a madeira, os brasileiros também podem buscar aspirações na arquitetura indígena, dotada de uma brasilidade autêntica, que se apropria da madeira como identidade, e igualmente possui bons repertórios que podem servir de inspiração para novas linguagens arquitetônicas.

Orientadora: Cynthia Nojimoto Banca: Neander Furtado e Raquel Naves

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