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estação intermodal honestino guimarães

Gabriel Akio Ponte Arake

Desde a proposta inicial vencedora do concurso de Brasília, houveram diversas modificações do projeto original de Lucio Costa. Duas dessas modificações são cruciais para se entender o estado atual da cidade e a necessidade de se melhorar as conexões no sentido leste-oeste.

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A primeira modificação foi a adição de duas “camadas” ao Plano Piloto, as quadras 500/700 da W3 e as 600 da L2. Originalmente, o Plano Piloto foi pensado para ter somente as quadras 200, 100 e 300. Dessa forma, a cidade com caráter linear teria o percurso peatonal facilitado no sentido leste-oeste e o percurso norte-sul seria realizado pela via expressa que cruza a cidade: o eixão. Portanto, com a adição dessas quadras, a cidade se alargou no sentido leste-oeste, dificultando o percurso à pé.

A segunda foi a implantação do Plano Piloto mais próximo ao Lago Paranoá, divergindo da intenção de Costa. O lago que serviria como um limite à cidade, acabou se tornando uma barreira para as áreas a leste do Plano Piloto. Lucio Costa no relatório Brasília Revisitada, nos anos 1980, indica uma enorme área a leste do lago a ser ocupada densamente por edifício de quatro pavimentos. Atualmente essas áreas tem sido ocupadas irregularmente por condomínios de luxo de baixa densidade. Isso ocorre também pela dificuldade de acesso à essas áreas pelo transporte público atual. A barreira que o lago proporcionou na história da cidade pode ser confirmada ao notar onde se deram (e se dão) as expansões até hoje, predominante no sentido sudoeste (Vicente Pires, Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Taguatinga, etc. Seguindo a principal via expressa da cidade, o Eixão. Frente à realidade atual da cidade são propostas diretrizes para implantação de novos tipos de modais para a integração do transporte urbano. As linhas de metrô e ônibus pouco conectadas são reconectadas pelo VLT e transporte lacustre propostos. O VLT perimetral no Plano Piloto descentraliza a rodoviária central em estações intermodais perimetrais e o sistema de transporte no lago conecta as áreas a leste do lago com o Plano Piloto e a orla do Lago Paranoá. O VLT perimetral proposto foi baseado em estudos existentes do GDF sobre a implantação do VLT em Brasília. O sistema de transporte lacustre foi proposto seguindo o edital do concurso Orla Livre realizado em 2018 pelo GDF. A curto prazo, o Paranoá, Itapoã, São Sebastião e condomínios e regiões próximos à orla do lago possuirão acesso facilitado ao centro da cidade. Como estudo de caso, foi projetada uma estação lacustre intermodal que conecta a orla do Lago Paranoá com a principal do Lago Sul. A conexão da estação não fornece um percurso único, mas uma miríade de possibilidades de percurso de transporte no lago conectadas às vias de ônibus e VLT. A estação por estar localizada próxima à ponte monumental de Oscar Niemeyer (atualmente chamada de Costa e Silva), possui uma cobertura leve em madeira e aço que pousa na paisagem, fornecendo visuais amplas para o lago e dialogando com a ponte de Niemeyer. O volume contendo o programa de necessidades é encaixado na topografia do terreno, fornecendo uma leitura interessante na paisagem da orla do Lago Paranoá.

Orientador: Eliel Américo Banca: Joara Cronemberger, Ricardo Trevisan e Matheus Seco

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