4.0 COMPLEX {C} IDADES A SEL ABERTO by Fayra Miranda

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

FAYRA MIRANDA

ANÁLISE DE APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES POR MEIO DE MÍDIAS SOCIAIS : O CASO DA REGIÃO DA BARRA FUNDA

SÃO PAULO 2019


FAYRA MIRANDA

ANÁLISE DE APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES POR MEIO DE MÍDIAS SOCIAIS : O CASO DA REGIÃO DA BARRA FUNDA

Trabalho

final de graduação apresentado ao curso de

Centro Universitário Belas Professora Me. Solimar Isaac.

arquitetura e urbanismo do

Artes

sob orientação da

SÃO PAULO 2019


ANÁLISE DE APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES POR MEIO DE MÍDIAS SOCIAIS : O CASO DA REGIÃO DA BARRA FUNDA

FAYRA MIRANDA



A SHIP IN PORT IS SAFE, BUT IS NOT WHAT SHIPS ARE BUILT FOR. SAIL OUT TO SEA AND DO NEW THINGS.

Grace Hopper



IN MEMORIAN Maria

de Lourdes Pires Tolentino, meu referencial de mulher, forte, guerreira, independente, que sempre me apoiou incondicionalmente, me acolheu, me amou. Aquela que exemplifica resiliência, e a qual devo eterna gratidão por ter me criado e convivido.

Dagmar Nobre Tolentino, aquele que me ensinou a importância de aprender constante e de ter determinação em todas as tarefas da vida. Tereza Miranda, doce, amorosa, artista e persistente, que me ensinou a nunca abandonar aqueles que se amam.


DEDICO A todos aqueles que pensam fora da caixa e se questionam diariamente o seu papel social nesse mundo, saindo da zona de conforto e dando o primeiro passo, fazendo a diferença, nem que seja em pequenas ações diárias para com o outro.


AGRADEÇO

Primeiramente

agradeço a

Vida

por dar errado todos os meus “planos

A” e

com isso, me proporcionar uma ca-

minhada muito mais interessante, com desenvolvimento constante e o encontro com a tecnologia e suas possibilidades.

A minha mãe, Fádua, por me apoiar nessa trajetória e me encorajando sempre, sendo um referencial de mulher, professora, educadora e profissional. Ao meu pai, Antônio, que nunca entendeu muito bem o “ritmo do curso de arquitetura” mas sempre me apoiou de forma incondicional, e ao meu Irmão Fabio. A minha madrinha, Dinorah, minha mãe de consideração, que nunca me deixou faltar nada além de proporcionar várias experiências, entre elas: conhecer várias partes deste Brasil e meu primeiro computador e consequentemente esse universo tecnologico. A minha orientadora, Solimar, meu Sol que leva a luz da inovação, disruptividade, empatia a esse universo Old is Cool, que me apoiou desde o princípio quando eu havia desistido de arquitetura e mostrou novas possibilidades. A Ricardo Basílio, referência de força e garra, que me descobriu fez descobrir-me e indiretamente apresentou-me a Thais Amaral, pessoas essenciais nessa caminhada. Aos mestres que me preparam para essa trajetória de arquitetura: Adriano Chan (artista, escritor e amigo ), Marcelo D (engenheiro, matemático , “olha só, que sorte!” e aquele que despertou meu amor por exatas), Maria e Marcelo (o melhor casal de arquitetos/ professores e meu primeiro contato com o universo da arquitetura), Roberto (engenheiro, professor e amigo) e Juliana Matos. Aos mestres que estiveram presente nessa trajetória de arquitetura, fazendo parte da minha formação e apoio constante: Virgílio, Ênio Vasco, Villà, Débora, Aline, Luis Octavio, Ademir, Ivanir, Luiza Naomi, Dri Baldrin, Rosa, Manzo, Marcos Lopes, Marco Aurélio, Cris Ecker, Mônaco, Jaime, Ricardo Martos , Lótus, Juh Ferreira da Biblioteca (me acordando, dando apoio nos períodos longos na biblioteca, e nas normas abnt) , seu Raimundo e Nilson (que sempre trouxeram mais leveza nessa trajetória). Aos amigos que a Belas Artes me promoveu e deixaram essa trajetória mais facíl de superar, principalmente nos anos finais : Érica Miranda (minha alma gêmea de vida, trabalho e parcerias), Léo Galhardo (meu fiel escudeiro), Fernanda Nakano, Annie Beatriz, Ana Tanizaka, Jacqueline Gianine, Raíssa Andrade, Gustavo Zoghbi, Nicolas Moretti e Gabriela Vasconcelos. Aos meus veteranos, que aguentaram meus questionamentos, dúvidas, aflições e me guiaram inclusive nos últimos momentos dessa jornada acadêmica: Fernando Gomes, Samuel Ramos, Babi, Aryane, Talitha, Mizael, Gabriela Geraldelli, Vinicius Oliveira, as Amandas (Pinheiro e Coelho) e Michele. A todos meus amigos que me apoiaram nessa trajetória, mas principalmente nesses semestre pré- tfg e de tfg: Julinha, Vini Canaicã (Vinão), Ana Bispo (Naná), Deh, Flá, Juh Barreto, Fagner, Yoshi (leitor/ corretor deste trabalho), Fer Gastal, Rafa Letizio e Thi Nakano. Y aquél que cambia mí vida, me apoya, me admira, me ayuda, confia en mi y en mi trabajo, me calma, mi compañero León Adame.


RESUMO O presente trabalho tem como ferramenta as “mídias sociais”, tendo como objetivo geral da pesquisa identificar e analisar de que forma os dados (Big Data) produzidos pelas mídias sociais Twitter e Instagram, possibilitam o entendimento da apropriação dos espaços livres no meio urbano, contribuindo assim com a sociedade contemporânea. O desenvolvimento do conceito de Sistemas, assim como Sistemas de Espaços Livres são estudados ao longo do trabalho, bem como o papel da Complexidade nos sistemas. Investiga-se também sobre a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 e as novas tecnologias produzidas nessa temática, além dos seus impactos no espaço urbano e efeitos na sociedade, especificamente no modo de pensar e projetar as cidades e novos conceitos, entre eles, os conceitos de Metadesign e Meta-Morfologia Urbana. Como estudo de caso analisa-se a região da Barra Funda, seus aspectos: histórico, sócio-demográficos, legislativos e dados produzidos por tecnologias da “Indústria 4.0”, como por exemplo: Twitter e Instagram. São estudadas também soluções projetuais aperfeiçoadas pelas novas tecnologias. O tema “Big Data produzidos por Mídias Sociais”, torna-se assim um estudo relevante para a área de arquitetura e urbanismo, na qual planejadores urbanos debatem a

apropriação dos espaços, suas complexidades, e as mudanças nas interações entre pessoas e urbe devido às novas tecnologias, e por meio de pesquisas bibliográficas e estudo de campo na região do projeto

- Barra Funda são identificados inúmeros modos de apropriação dos espaços e mutações na sociedade atual em frente ao tema.

Palavras-chaves:Sistema. Sistemas de Espaços Livres. Revolução 4.0. Complexidade. Mídias Sociais


ABSTRACT

The present work (use) as a tool social medias, being the general objective of the research to identify and analyze how the data (Big Data) produced by the social medias Twitter and Instagram, make it possible to understand the appropriation of free spaces in the urban environment. thus contributing to contemporary society. The development of the concept of Systems, as well as Free Space Systems are studied throughout the work, and the role of Complexity in systems. It investigate dis also, about the Fourth Industrial Revolution or Industry 4.0, the new technologies produced in this theme, besides their impacts on the urban space and effects in the society - specifically in the way of thinking and projecting the cities and new concepts - among them, the concepts of Metadesign and Urban Meta-Morphology. As a case study we analyze the Barra Funda region, focusing on its : historical, socio-demographic, and legislative aspects , data produced by “Industry 4.0” technologies. Design solutions improved by new technologies are also studied. “Big Data produced by Social Media” thus becomes a relevant study for the area of architecture ​​ and urbanism, in which urban planners debate the appropriation of spaces, their complexities, and the changes in interactions between people and the city due to new technologies, and consist, through bibliographic research and field study in the region of the project - Barra Funda- innumerable ways of appropriation of spaces and mutations in the current society in front of the theme.

Keywords:System. Free Space Systems. Revolution 4.0. Complexity. Social

media


FIGURA 1. LE CORBUSIER E O URBANISMO MODERNO. FONTE: HTTPS://WWW.FLICKR. COM/PHOTOS/QUADRALECTICS/8172102701/ IN/PHOTOSTREAM . PG. 35 FIGURA 2.SISTEMAS E CONJUNTOS. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA. PG 37 FIGURA 3. DIAGRAMA DE ÁRVORE. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.4). PG 37 FIGURA 4. DIAGRAMA DE SEMI-RETICULA. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.4). PG 37 FIGURA 5. BRASÍLIA E O DIAGRAMA DE ÁRVORE. FONTE: COMPILAÇÃO DA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.5) FONTE DA IMAGEM :HTTPS://WWW.VITRUVIUS.COM.BR/REVISTAS/ READ/PROJETOS/11.125/3888. PG 39 FIGURA 6. COMMUNITAS E O DIAGRAMA DE ÁRVORE. FONTE: COMPILAÇÃO DA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.5) FONTE DA IMAGEM : HTTPS://BETONBABE.TUMBLR.COM/ POST/10379753584/PAUL-AND-PERCIVAL-GOODMAN-COMMUNITAS-1947 .PG 39 FIGURA 7. LONDRES E O DIAGRAMA DE ÁRVORE. FONTE: COMPILAÇÃO DA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.4) FONTE DA IMAGEM: :HTTPS://WWW.BMIAA.COM/FUTURE-CITY-RIBA/. PG 41 FIGURA 8. EXPERIMENTO DE COMPLEXIDADE. FONTE: COMPILAÇÃO DA AUTORA COM BASE NO LIVRO A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE (ALEXANDER, 2006 P.4) .PG 43 FIGURA 9. EDGAR MORIN E O PARADIGMA DA COMPLEXIDADE. FONTE: HTTPS://GRUPOQUINQUILHARIA.COM.BR/SITE/RESENHA-SETE-

-SABERES-PARA-EDUCACAO-SECULO-XXI/. PG 45 FIGURA 10. CIRCUITO EXPLICATIVO. FONTE : ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DO DIAGRAMA DE BRANDÃO (2014, P.76) . PG 49 FIGURA 11. CIRCUITO TETRALÓGICO. FONTE : ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DO DIAGRAMA DE BRANDÃO (2014, P.192) . PG 49 FIGURA 12 . ESPAÇOS LIVRES. FONTE: HTTPS:// EMILIANOCAPOZOLI.WORDPRESS.COM/2015/10/27/ PAULISTA-ABERTA/ .PG 53 FIGURA 13. MANCHA URBANA LINEAR. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DE HULSEMEYER (2014, P. X). PG 54 FIGURA 14. MANCHA URBANA COMPACTA. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DE HULSEMEYER ( 2014, P. X). PG 54 FIGURA 15.MANCHA URBANA TENTACULAR.FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DE HULSEMEYER ( 2014, P. X). PG 54 FIGURA 16. MANCHA URBANA MISTA. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DE HULSEMEYER ( 2014, P. X). PG 54 FIGURA 17. BONDE DE TURKU. FONTE: (CERRONE, 2017). PG. 73 FIGURA 18. HELSINKI E AS PAISAGENS COLETIVAS. FONTE: (CERRONE, 2017). PG. 77 FIGURA 19. MONOTOWNS RUSSAS E AS MÍDIAS SOCIAIS. FONTE: (ARIE, 2019). PG. 81 FIGURA 20 . O BONDE E HISTÓRIAS ENTRE TRILHOS. FONTE: HTTP://WWW.EMAE.COM.BR/IMAGES/EXPOSICAO%20DOS%20BONDES/EXPOSI%C3%A7%C3%A3O%20BONDES%20EL%C3%A9TRICOS%20 EM%20S%C3%A3O%20PAULO.PDF .PG 87 FIGURA 21. MÁRIO DE ANDRADE, A ARTE E CULTURA NA BARRA FUNDA. FONTE: HTTPS://NOVOEMFOLHA.


BLOGFOLHA.UOL.COM.BR/2019/09/30/FOLHA-E-EDITORA-SEXTANTE-PROMOVEM-DEBATE-SOBRE-MARIO-DE-ANDRADE/ .PG 89 FIGURA 22 . MAPA ASPECTOS CULTURAIS E TOMBAMENTOS. FONTE:ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DOS DADOS DO GEOSAMPA .PG 90 FIGURA 23. CROQUI MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA OSCAR NIEMEYER. FOTE:HTTPS:// WWW.CATALOGODASARTES.COM.BR/COTACAO/PINTURAS/ARTISTA/OSCAR%20NIEMEYER/ .PG 92 FIGURA 24. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA OSCAR NIEMEYER. FONTE: MONTAGEM ELABORADO PELA AUTORA - IMAGEM ORIGINAL : HTTPS://IMOVEIS.ESTADAO.COM.BR/GUIA-DE-BAIRROS/SAO-PAULO/BARRA-FUNDA/ BARRA-FUNDA-ZONA-OESTE-ACESSIVEL-E-ESTRATEGICA/ . PG 93 FIGURA 25. PARQUE ÁGUA BRANCA E O RESPIRO URBANO. FONTE: MONTAGEM ELABORADO PELA AUTORA - IMAGEM ORIGINAL : HTTP://WWW.PARTIUPERDIZES.COM. BR/2019/11/11/PARQUE-DA-AGUA-BRANCA-RECEBE-REVELANDO-SP/ . PG 95 FIGURA 26. O LOCAL DE INTERVENÇÃO. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA .PG 97 FIGURA 27. AS BARRA(S) FUNDA(S). FONTE: ELABORADO PELA AUTORA .PG 98 FIGURA 28. MAPA EQUIPAMENTOS URBANOS. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DO GEOSAMPA - HTTP://GEOSAMPA. PREFEITURA.SP.GOV.BR/PAGINASPUBLICAS/_ SBC.ASPX .PG 100 FIGURA 29. MAPA DENSIDADE HABITACIONAL. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DO GEOSAMPA- HTTP://GEOSAMPA. PREFEITURA.SP.GOV.BR/PAGINASPUBLICAS/_ SBC.ASPX .PG 102

http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_ SBC.aspx . PG 103 Figura 31. Mapa Macroáreas. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do Geosampa - http://geosampa.prefeitura. sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx .PG 104 Figura 32. Mapa de Zoneamento. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do Geosampa - http://geosampa.prefeitura. sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx .Pg 105 Figura 33. Mapa Operação Urbana. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do Geosampa - http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx .PG 106 Figura 34. Mapa de Calor Bike. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do aplicativo Strava.PG 108 Figura 35. Mapa de Calor a Pé. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do aplicativo Strava.PG 109 Figura 36. Mapa de Gabaritos. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir do Qgis.PG 111 Figura 37. Mapa de SELs. Fonte: Elaborado Pela Autora .PG 113 Figura 38. Mapa Mídias Sociais. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir Osmani Tweetmap.PG 115 Figura 39. Dados Abertos:Mídias Sociais. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir Osmani Tweetmap .PG 117118 Figura 40. Dados Abertos:O Espaço. Fonte: Elaborado Pela Autora a partir Osmani Tweetmap .PG 120 -121 Figura 41. Diagnóstico e Diretrizes. Fonte: Elaborado Pela Autora .PG 123 Figura 42. Espaço pelo SEL.PG 124 Figura 43. Diretrizes de Intervenção. Fonte: Elaborado Pela Autora .PG 125

FIGURA 30. MAPA ÍNDICE PAULISTA DE VULNERABILIDADE SOCIAL. FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DO GEOSAMPA -

LISTA DE FIGURAS


1 . 1 J US T IFICAT IVA E RELEVÂ NCIA T EMÁT ICA 1 . 2 OB J E T IVOS

CA CA

1 . 2 . 1 G ERA L

<0 <

1 . 2 . 2 E S PE C Í F I C O 1 . 3 ES T RU T URA DO T RABALHO

INTRODUÇÃO

1 . 4 . 1 REVI S ÃO B I B L IO G R Á F I C A

HELLO, WORLD!

1 . 4 . 2 S I S TEMATI Z AÇÃO DE DADO S DA S MIDÍA S S O C IAI S

CA

1 . 4 ME T ODOLOGIA

CA

1 . 4 . 3 DE F INIÇÃO DA Á REA DE E S TUDO CA 1 . 4 . 4 AN Á L I S E DE DADO S : O C A S O DA B ARRA F UNDA CA 1 . 4 . 5 DI S C U S S ÃO DE RE S U LTADO S E AP L I C AÇ Õ E S

<1 < SISTEMAS MORFOLOGIA, COMPLEXIDADE,

1 . 1 MORFOLOGIA , ALE X ANDER

URBANA

E

CHRIS T OPHER CA

1 . 2 COMPLE X IDADE MORINIANA E AS CIDADES CA 1 . 3 OS SIS T EMAS DE ESPAÇOS LIVRES CA 1 . 4 EN T RE COMPLE X IDADES E SIS T EMAS

20 24 24 25 26 26 27 28 28 29 29

32 42 49 57

E ESPAÇOS

<2< A INDÚSTRI A 4.0 E A INFLUÊNCIA NA ARQUITETURA

2 . 1 REVOLUÇ Õ ES : INFLU Ê NCIAS SOCIAIS 2 . 2 A ERA 4 . 0 E SUAS T ECNOLOGIAS 2 . 3 NOVAS T ECNOLOGIAS E O ESPAÇO URBANO 2 . 4 ME TA - MORFOLOGIA URBANA E SEUS ES T UDOS DE CASO CA 2 . 4 . 1 B ONDE DE TOR K U - S PIN U n i i t 2 . 4 . 2 PAI S A G EN S C O L ETIVA S DE H E L S IN K I - S PIN U n i i t 2 . 4 . 3 MONOTO W N S RU S S A S - K B S t r e lk a

e

S PIN U n i t

2 . 5 ARQUI T E T URA 4 . 0 : SIS T EMAS , COMPLE X IDADE E T ECNOLOGIA CA

60 62 66 69 70 72 76 79


3.1

<3< BARRA - FUNDA NA ERA 4.0

<4 <

82

CA

A REGIÃO

3 . 1 . 1 HIS T Ó RICO DO BAIRRO - BARRA FUNDA

82

3 . 1 . 1 . 1 TRAN S PORTE E A O C UPAÇÃO DA B ARRA F UNDA CA

83

3 . 1 . 1 . 2 A S PE C TO S C U LTURAI S 3 . 1 . 1 . 3 TOM B AMENTO S 3 . 1 . 1 . 3 . 1 MEMORIA L DA AM É RI C A L ATINA

CA

3 . 1 . 1 . 3 . 2 PAR Q UE Á G UA B RAN C A 3 . 1 . 2 ÁREA DE IN T ERVENÇÃO 3.2 B A R R A F U N D A AT U A L M E N T E 3 . 2 . 1 E Q U I PA M E N T O S E FAT O R E S SÓCIO-DEMOGRÁFICOS 3.2.2 LEGISLAÇÃO CA 3.2.3 QUESITOS EXISTENTES 3.2.4 PROJETOS E ZONEAMENTO 3 . 2 . 5 F L UXO S 3 . 2 . 6 G A B ARITO S E MO B I L IDADE 3 . 2 . 7 E S PAÇO S L IVRE S 3 . 2 . 8 T W ITTER E IN S TA G RAM 3.3

O ENSAIO

4.1

REFLEXÕES E POSSIBILIDADES

SISTEMAS

CA

CA

86 89 89 92 94 94 97 97 99 105 105 109 110 110 120

128

A SEL E DADOS ABERTOS

<5< REFERÊNCI AS

REFERÊNCIAS

131

SUMÁRIO



<0< INTRODUÇÃO HELLO, WORLD!


INTRODUÇÃO - HELLO WORLD! 1 . 1 J US T IFICAT IVA E RELEVÂ NCIA T EMÁT ICA

O número de pessoas que vivem em áreas urbanas cresce continuamente. Segundo as estimativas oficiais do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, em 2018 55,3% da população vivia em áreas urbanas com projeção de crescimento para 60% até 2030 e 68% até 2050. Caso mantenha-se essa projeção, uma em cada três pessoas habitará cidades com no mínimo meio milhão de habitantes (DESAa, 2018). São Paulo também seguirá com índices de crescimento segundo a mesma organização, a cidade tende a elevar o número de habitantes em dois milhões até 2030 (DESAb, 2018) . Dessa forma, manterá seu posto de Megacidade com uma população de aproximadamente 24 milhões de habitantes, aumentando assim a complexidade das interações.

20

Concomitantemente ao cenário de um futuro urbano nas cidades e ao crescimento populacional, vive-se uma reforma tecnológica denominada Quarta Revolução Industrial

ou Indústria 4.0 ¹ , termo cunhado em 2011 na Alemanha, durante a feira de Hannover. Esta transformação tem como características principais a dissipação de forma mais rápida e efetiva das tecnologias e inovações, afetando não apenas ao âmbito do mercado, como também em tarefas simples do cotidiano (SCHWAB ,

2016).

Pode-se notar a aplicabilidade dessas transformações rotineiramente, quando acionamos a Siri² ou a Cortana³ (assistentes pessoais computacionais) e solicitamos alguma informação; utilizamos aplicativos via smartphone 4 para solicitar corridas, alimentos, serviço de entregas; destravamos nossos celulares via sensores; uma foto nossa é marcado nas redes sociais por reconhecimento facial; ou é feita uma playlist 5 baseada em nossos gostos em qualquer serviço streaming6 (Netflix 7 , Spotify 8 e Youtube 9 ); em atos automático como quando rolamos os “feeds 10 ” de notícias e imagens de sites ou redes sociais. Grande parcela dessas interações cotidianas, geram dados, os quais em sua maioria são produzidos de interações via mobiles 11 (tablets


, smartphones 13 ou computadores portáteis) conectados a internet. 12

Neste contexto, diversas pesquisas evidenciam o Brasil como um dos países que mais se destacam com crescente índice do número de dispositivos móveis e na produção de dados criados pelos mesmos. Segundo a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, no país haverá uma média de 420 milhões de dispositivos digitais em 2020, ou seja 2 por habitante (FERNANDO S. MEIRELLES, 2019 p. 8) .

Contudo,

não é apenas no aumento do número de aparelhos ou de dados que o Brasil consta em um dos primeiros lugares no ranking , também se destaca a “presença digital 13” do Brasileiro (mais de 62% da população possui a “presença digital”, ou seja 122 milhões de usuários ativos) .Essa presença é crescente, uma vez que segundo o relatório feito pela We Are Social 14 em parceria com a Hootsite esse número passou de 62% para 66% (mais de 140 milhões de usuários ativos, sendo o país com o maior crescimento no nú-

1 - Indústria 4.0 = Iniciada na virada do século XXI e baseia-se na revolução digital. É caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos que se tornaram mais baratos e pela inteligência artificial e aprendizagem automática (ou aprendizado de máquina) SCHWAB, 2016, p. 16. 2 - Siri = Assistente Virtual por comando de Voz da Empresa de Tecnologia Apple. 3 - Cortana = Assistente Virtual por comando de

Voz do Google.

= Celular com tecnologia avançada, o qual possibilita o desenvolvimento de aplicativos e aplicações de forma mais fácil.

4 - Smartphone

5 - Playlist

= Lista de Reprodução de Mídias

= Serviço de Dados de forma fluída com o intuito de fornecer ao consumidor informações multimídias de forma online (vídeos e músicas)

6 - Streaming

= Empresa fundada em 1997 na Califórnia por Reed Hastings Marc Randolph, com intuito de promover o serviço de distribuição de filmes e séries via televisão de forma global. Atualmente possui mais de 100 milhões de assinantes

7 - Netflix

Spotify = Serviço de streaming de música lançado em 7 de outubro de 2008

8 -

= Fundado em 2005 por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim com o intuito de divulgar conteúdo (vídeos) de forma on-line. Em 2006 foi comprada pela empresa Google.

9 - Youtube

= Ferramenta cujo o propósito é atualizar o usuário em relação aos conteúdos dos quais ele mais gosta em um determinado site.

10 - Feeds

21


mero de usuários - elevação de 10 milhões de novos usuários em um ano). O mesmo relatório mostra que o país está entre os quinzes países que mais utilizam de redes sociais no mundo

(WE ARE SOCIAL, 2019).

Neste cenário de sociedade de informação, na qual há uma demanda constante por novas tecnologias nas quais podem o cotidiano e ocorrer interações, emergem novas necessidades. Pode-se usar como exemplo o Marco Civil da Internet, lei número 12.96514, de vinte e três de abril de 2014; este marco estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Nota-se portanto, uma difusão rápida dos usos dessas tecnologias, bem como novas leis para gerir esse processo de transformação tecnológica.

22

No Brasil, com o tráfego e a produção de grande número de dados - Big Data 16 - ocorre de forma constante e exponencial, foi sancionada em 14 de agosto de 2018, a Lei número 13.709, nomeada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) 17. Essa lei é de suma importância pois regula as atividades e regras nos âmbitos de uso, coleta, armazenamento e tratamento dos dados pessoais, aprimorando assim as considerações do Marco Civil da Internet de 2014.

Ainda no contexto nacional, segundo o relatório da We Are Social o Brasil tem mais de 2010 milhões de habitantes, dos quais 87% da população é urbana, dessa tem-se 215,2 milhões de cadastros de redes móveis (102% da população) e 140 milhões de usuários ativos nas redes sociais gerando dados constantes (WE ARE SOCIAL, 2019). Entre estas redes de comunicação, destaca-se principalmente a utilização de Twitter e Instagram.

Primeiramente, cabe-se conceituar estas duas redes. O Twitter é uma rede social e servidor para um pequeno blog pessoal, no qual permite usuários interagirem: enviar e receber atualizações de outros contatos. Segundo Spyer (2009), a ideia de Twitter surge no ano 2000, pelo programador Jack Dorsey, cujo intuito era criar um serviço de micromensagens através da internet. Baseou-se em um serviço chamado LiveJournal (jornal vivo) 18, Dorsey tenta criar um jornal “mais vivo” onde pudesse relatar os acontecimentos em tempo real, contudo devido às limitações tecnológicas existentes, manteve a ideia na gaveta até 2005

2006.

No referido período - 2005 2006- ganha popularidade o SMS 19 , com isso Dorsey se inspira e ado

a

ta uma restrição de caracteres por


mensagem. Assim surge o Twitter em 2006, serviço de curtas mensagens que vão desde seguir um ídolo, procurar trabalho até relato de fatos importantes em tempo real. Atualmente, segundo o relatório digital da agência We Are Social, a rede possui 250 milhões de perfis ativos - distribuídos em 34,5% mulheres e 65,5% homens - com 500 milhões de tweets por dia, 5.587 tweets por segundos.

No

ano seguinte (2007) pode-se notar a eficiência da rede, após um incêndio na qual a Floresta de San Diego, evento no qual difundiu-se a hashtag 20 #sandiegofiere e foi noticiado antes de qualquer outro meio de comunicação, devido ao compartilhamento dos usuários. Desde este evento, nota-se a importância da rede em diversos cenários, como por exemplo: queda do avião da US.Airways no Rio Hudson em 2009 ou nos movimentos pró-democracia no Egito em 201121, revelados pelo Twitter.

Além desta rede, o Instagram também destaca o uso das “hashtags”. Segundo Mariana Piza (2012), o Instagram é uma rede social surgida em 6 de outubro de 2010, pelos engenheiros de programação Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger. A referida rede, é uma simplificação de outro aplicativo, o Burbn, criada por eles o qual tinha como propos

11 - Mobiles = Aparelho móvel, possibilitando ao usuário interagir em qualquer lugar. 12- Tablets = Dispositivo móvel de fina espessura, semelhante a uma prancheta e sensível ao toque (touchscreen). Presença Digital = Modo no qual o usuário se posiciona e utiliza os meios digitais.

13-

14 - We Are Social = Agência global Lon-

drina com ênfase em criatividade e mídias sociais e plataformas https://wearesocial.com/uk/

15 - Hootsite = Empresa para gerenciamento das mídias

sociais através da sua plataforma https://hootsuite.com/

16 - Big Data = Grande volume de dados, diversos armazenados que serão processados e analisados 17- Lei Geral de Proteção de Dados = Entra em vigor em fevereiro de 2020, com intuito de promover bases legais para legitimação do tratamento de dados pessoais . LiveJournal = Comunidade virtual a qual possibilita seus usuários a manter um blog pessoal. https://www.livejournal.com/

18 -

19 - SMS = Abreviação para Short Message Service, serviço de troca de mensagens curtas através do celular sem a necessidade da utilização de dados da internet.

20 - Hashtag = Segundo Piza (2012) é um marcador criado por Chris Messina, que possibilita especificar e organizar um determinado assunto, através de um canal de compartilhamento, atingindo um maior número de usuário

O evento “Primavera Árabe” foi um movimento pró-democracia em diversos países árabes, incluindo o Egito, no qual devido a utilização de mídias sociais forneceram aos protestos maior velocidade e repercussão internacional resultando na queda do ditador Hosni Mubarak.

21 - Primavera Árabe =

22- Ciberespaço = Segundo Lévy “É o novo meio

de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que

23


ta inicial compartilhar localizações, vídeos, imagens entre outros. Devido a complexidade do aplicativo, os criadores preferiam focar apenas na função de “fotografia” , desta forma deram origem ao Instagram. Diferentemente do Twitter, esta rede tem como função principal o compartilhamento de conteúdos visuais - fotos, vídeos e materiais curta duração - e legendas de até 2200 caracteres. Além dessas características, possibilita as interações entre usuários através de comentários, curtidas e repostagens.

Contudo, essas interações não permanecem apenas no âmbito do ciberespaço. Diariamente através das publicações nas redes sociais, há alterações no uso do espaço urbano, como por exemplo um acidente que acabou de ocorrer é retratado via Twitter, usuários daquele local são notificados, e buscam outras rotas, alterando assim os fluxos. Além de problemas urbanos, as mídias sociais também podem notificar eventos que estão ocorrendo na cidade, como no caso de atividade culturais, novas exposições noticiadas via Instagram, trazendo pessoas para o local, aumentando o fluxo e diversidade de pessoas.

24

Como citado acima, o brasileiro tem uma “pegada digital” muito alta quando comparado a outros po

vos em relação às mídias sociais esses índices aumentam e repercutem não apenas no espaço virtual, como também no espaço físico. Devido a esse fato, nota-se um aumento na complexidade das cidades, visto que a urbanização, e as interações são crescentes, assim como os dados produzidos pelas tecnologias da Quarta Revolução Industrial, justificando assim a temática escolhida para o trabalho, como a extrema relevância da mesma.

Tanto as redes sociais, como os dados produzidos por elas, possuem o potencial de auxiliar na concepção e entendimento dos espaços, favorecendo assim os arquitetos urbanistas. Ainda nota-se maior potencialidade no cenário brasileiro, visto que em outros países (de menor “presença digital” ) já aplicam essas informações no projeto urbano. Um desses exemplos é a Finlândia, que através do laboratório Spin Unit com Centro de Antropologia Urbana da KB Strelka analisaram com fotos das redes sociais as interações espaço versus população para tornar a cidade mais segura e “interessante”

(ARIE, 2017) .

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 GERAL O presente trabalho tem como prin-


cipal objetivo estudar e analisar as potencialidades dos dados fornecidos pelas redes sociais (Twitter e Instagram), para compreender como se dá a apropriação dos espaços livres na Barra Funda. Busca inicialmente entender, reconhecer e atualizar o uso do Big Data como um ferramenta de projeto urbano pois, produz-se cada vez mais dados que estão disponíveis para análise - um fato em áreas como a: financeira, médica, turística, ambiental, marketing, médica entre outras).

ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (Lévy, 1999. p. 17). 23 - OmniSci Tweet Map = Plataforma de dados abertos, com publicações do Twitter e Instagram. Essa possibilita o monitoramento por meio de localização, # (hashtags e marcadores) e idioma de publicação do post. Para este trabalho, será coletado os dados entre o período de março de 2019 a novembro de 2019. Fonte:https://www.omnisci.com/demos/tweetmap/ 24 - Geosampa = Fonte: http://geosampa. prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx 25 - Strava = aplicativo para o monitoramento de atividades físicas Fonte: https://www.strava.com/ heatmap#7.00/-120.90000/38.36000/hot/all

1.2.2 ESPECÍFICOS Entre os objetivos específicos, o referido trabalho destaca uma análise bibliográfica sobre sistemas e complexidade, com o intuito de conceituar e compreender a as diversidades dos: sistemas, espaços livres da cidade e a suas respectivas complexidades. Outro aspecto destacado, é um diagnóstico do impacto da quarta revolução industrial e as novas tecnologias no contexto urbano. Além destes propósitos, tem como intuito analisar as camadas de dados imateriais (mapas de calor por locomoção a pé e por bicicleta, sons, sombras, frequência de uso e interações de redes sociais) com tecnologias neste período - quarta

25


revolução industrial- com o intuito de entender a apropriação dos sistemas de espaços livres no território da Barra Funda (dado pelo polígono formado por: Avenida Auro Soares de Moura Andrade, Rua Fuad Naufel, Avenida Doutor Adolfo Pinto, Avenida Francisco Matarazzo e Rua Dona Germaine Burchard).

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

26

Por

ser um conceito fundamental do projeto urbano, o sistema é a base estruturadora deste trabalho, o qual é dividido em duas partes principais.

A primeira , composta pelos capítulos um e dois , possui um caráter de embasamento teórico para a próxima parte (capítulo 3) . Esta dada pelo capítulo 3, têm como ênfase a aplicabilidade dos conceitos estudados anteriormente no trabalho.

No capítulo 1, busca-se estudar a formação dos sistemas, suas variações, complexidade aplicada aos sistemas e suas influências no projetar urbano. Para isso, adotou-se como bibliografia base a obra do Ar

quiteto Christopher Alexander, do pensador Edgar Morin e do Arquiteto Silvio Macedo. Alexander, narra a concepção de sistema e complexidade na morfologia urbana, diferenciando as cidade em “naturais” (criadas de forma orgânica sem um planejamento prévio) e “artificiais” ( geradas a partir de um planejamento inicial). Morin por sua vez, aplica o paradigma da complexidade nos sistemas. Em seguida, Macedo define sistemas de espaços livres e demonstra as suas formações, fatores, diferenças e tipos.

No capítulo 2, propõem-se analisar os impactos das revoluções industriais e tecnologias por elas produzidas no contexto urbano, através dos olhos do historiador Eric Hobsbawm, o engenheiro economista Klaus Schwab e o arquiteto Caio Vassão.

Todo o instrumental teórico é mobilizado e aplicado no capítulo 3, o qual consiste em analisar o espaço da Barra Funda através da utilização de dados materiais tradicionais e imateriais, estes últimos produzidos por softwares e aplicações.

1.4 METODOLOGIA


1.4.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O primeiro passo para a execução do trabalho, foi a revisão bibliográfica. Esta, possibilitou maior entendimento sobre sistemas, complexidade e novas tecnologias. Para isso, foi adotado como bibliografia fundamental as seguintes obras:

No Capítulo 1, ocorre o início do embasamento teórico, no qual é abordado a formação dos Sistemas, o pensamento complexo e Sistemas de Espaço Livre. Como fontes teóricas, foram escolhidas as obras: A cidade não é uma Árvore, de Christopher Alexander. Tratando dos seguintes assuntos : Morfologia Urbana, Complexidade e Sistemas. A segunda obra estudada neste capítulo é : Urbanismo e a Complexidade Moriniana, autora Maria Beatriz Afflalo Brandão, comentando os estudos do pensador Edgar Morin sobre o pensamento complexo e aplicabilidade no contexto urbano. Além dessas duas, é estudado também A Cidade Através dos Seus Sistemas de Espaços Livres: Estrutura e Configuração da Paisagem Urbana,cujo o autor é Alexander Fabbri Hulsmeyer, e tem como temática Sistemas

de

Espaços Livres.

No Capítulo 2, tem-se continuidade o embasamento teórico do projeto. Neste capítulo, é estudado os impactos das revoluções industriais e as novas tecnologias no contexto urbano. Esta etapa tem como bibliografia norteadora A Era das Revoluções, do historiador Eric Hobsbawm, buscando assim narrar uma breve cronologia das revoluções industriais e seus impactos. A segunda parte deste capítulo,dedica-se narrar o período atual, utilizando o livro A Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab. Após situar o leitor nas mudanças existentes em relação a tecnologia, na terceira parte pretende-se mostrar as aplicabilidades das mesmas na arquitetura e urbanismo. Para isso, é estudado Arquitetura livre: Complexidade, Metadesign e Ciência Nômade, do autor Caio Adorno Vassão, abordando como temática o Metadesign e Complexida

de na

Arquitetura.

A segunda etapa do trabalho por sua vez, têm como intuito principal aplicar os conceitos estudados na parte anterior. Esta, inicia-se no Capítulo 3, no qual busca analisar a Região da Barra Funda (Novos Dados), sua complexidade e apropriação dos seus espaços livres. Conteúdo, anteriormente ao processo citado, é situado o leitor os aspectos histórico da região através da obra His

27


tórias dos Bairros de São Paulo: Barra Funda de Aideli Brunelli.

1.4.2. SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS DAS MÍDIAS SOCIAIS

28

O foco principal é a utilização dos dados produzido pelas mídias sociais Instagram e Twitter, e suas potencialidades para o entendimento da apropriação dos espaços livres, portanto , a coleta dessas informações são de suma importância. Para isso, será sistematizado a captação de dados das mídias sociais digitais com serviços baseados em localização. Nesta etapa, serão monitorados os dados da plataforma OmniSci Tweet Map da região de intervenção (Barra Funda), observando os seguintes aspectos: Frequência de Tweets, locais com maiores publicações, locais com menores publicações e tipo de publicações. Após esse monitoramento, foram montado mapas e diagramas para sintetizar essas informações.

1.4.3. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Para a concepção do projeto, buscou-se no primeiro semestre de 2019, nas plataformas Omnisci Tweet Map 23 (site no qual mostra um mapa de localização dos Twitters e seus conteúdos) e Display Purpose (site que revela quais são os termos mais utilizados pelos usuários através do monitoramento das # hashtag), locais urbanos nos quais havia maior frequência de dados das redes sociais. Com isso, duas áreas se destacaram : Avenida Paulista e Barra Funda ( nas proximidades do Memorial da América Latina e o Estádio Allianz Park ou o Antigo Palestra Itália). Para a escolha do local de aplicação da proposta optou-se pela Barra Funda devido ao fato de ser uma Macroárea de Reestruturação Metropolitana, portanto menos consolidada que a Avenida Paulista ( via inaugurada em 1891, em um contexto de expansão da economia cafeeira e da cidade, atualmente uma das mais conhecidas de São Paulo devido ao seu edifício mais icônico o Masp, da arquiteta modernista Lina Bo Bardi) . Além da legislação ( Macroárea de Reestruturação Metropolitana), a diversidade de pontos nos quais ocorriam as interações era maior na Barra Funda, com diversos focos (o estádio Allianz Park, o espaço cultural Memorial da América Latina, Terminal de Ônibus da Barra Funda, a casa de shows Espaços das Américas, a casa noturna Villa Country , Parque Água Branca entre outras


localidades) que serão demonstrados ao longo da pesquisa

1.4.4 ANÁLISE DE DADOS : O CASO DA

como fonte o site do aplicativo Strava- e o Mapa de Postagens de Twitter e Instagram e seus locais de maiores interações com as redes sociais e frequências de postagem . Esta etapa é possibilitada através das análises da plataforma OmniSci Tweet Map.

BARRA FUNDA

1.4.5. DISCUSSÃO DOS

Nesta

etapa, busca-se de forma prática entender a Região da Barra Funda. Para isso são coletados os seguintes dados: Matériais (Dados Usuais Aplicados no Planejamento Urbano) que usa-se como fonte de pesquisa o Mapa Digital da Cidade de São Paulo - Geosampa 24 . As seguintes camadas são estudadas: Bens Tombados e Patrimônio Histórico -visto que a região possui diversas edificações importantes e de caráter histórico- ;Densidade Demográfica (coletada pelo Censo de 2010); Equipamentos Públicos; Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS); Macroáreas; Zonas de Interesse Social (Zeis) e Operações Urbanas ; Zoneamento.

Dentre os dados Imateriais -Dados de Pesquisa Livre, Produzidos Por Aplicativos e Sites- as fontes provêm dos seguintes meios : Strava 25 , Twitter e Instagram. Os produtos dessas análises são os Mapas de Calor de Atividades realizadas na Região a Pé a Bicicleta - utilizando

RESULTADOS E APLICAÇÃO

Após a fundamentação teórica, sistematização das informações e análise dos dados, tem como etapa final e fundamental deste trabalho a discussão dos resultados obtidos ao longo dos processos. Para isso, será formulado diagramas e textos explicando as potencialidades dos dados produzidos pelas Mídias Sociais no entendimento da apropriação dos espaços livres existentes na região da Barra Funda.

</ <

29


30


<1< SITEMAS: M O R F O LO G I A , COMPLE XIDA DE E E S PA Ç O S

31


SISTEMAS: MORFOLOGIA, COMPLEXIDADE E ESPAÇOS 1.1 MORFOLOGIA URBANA E CHRISTOPHER ALEXANDER

32

Diversos

arquitetos tentaram definir a cidade através de metodologias para o projeto urbano. Contudo, para este trabalho teremos como marco inicial o ano de 1961. Pois , pois nesta data publicou-se o artigo do arquiteto e matemático Christopher Alexander “A Cidade não é uma Árvore” . No texto, o autor utiliza-se da matemática para auxiliar na avaliação, compreensão e gestão das informações fornecidas pelas diversas camadas existentes na cidade.

Para ele, diferentemente do urbanismo funcional do movimento moderno (Figura 1), as cidades possuem características essenciais e essas devem ser consideradas no projeto. Para Alexander, o funcionalismo extremo ou a setorização do espaço urbano, além de acarretar em problemas de diversas escalas para a cidade, também limita a forma do

espaço urbano. Essas restrições e problemáticas, seriam resultante das simples estruturas que não são adequadas às características naturais da cidade, como já citadas por Battaus

(2011).

Alexander

demonstrou sua clara pos-

tura em relação à arquitetura moderna, ao formular severa crítica ao modelo de cidade funcional defendido por arquitetos modernos.

Para

ele, as cidades possuíam características naturais, essenciais à vida de seus habitantes e, portanto, não deveriam ser concebidas com

“a

simplicida-

de estrutural de uma árvore”, nem tampouco distorcer a concepção real do que é uma cidade,com sua complexidade estrutural natural e sua realidade social.

(BATTAUS, 2015,

p.113)

Alexander, ao longo de sua texto A cidade não é uma Árvore narra sobre o modo de pensar o espaço urbano. Para isso, ele analisa algumas cidades , entre elas Columbia, Brasília e Tóquio, e as subdivide em dois formatos “Cidades Artificiais” e as “Cidades Naturais”. Nesse contexto, Christopher descreve como “artificiais” , aquelas cujo o seus traçados são desenhados por projetistas (como as cidades modernistas). Em contrapartida a essas, têm-se as “naturais”, originadas de


33

FIG 1. LE CORBUSIER E O URBANISMO MODERNO


forma espontânea através do transcorrer dos anos. Vou

denominar aquelas cidades que

surgiram e se desenvolveram, mais ou menos de forma espontânea, e ao longo de muitos e muitos anos, de

‘cidades

naturais’.

E

chamarei aquelas

cidades ou partes de cidades que foram deliberadamente criadas por projetistas e planejadores,

‘cidades artificiais’. Siena, Liverpool, Kyoto Manhattan são exemplos de ‘cidades naturais’. Levittown, Chandigarh e as cidades novas inglesas são exemplos de ‘cidades artificiais’. Hoje, se reconhece – cada vez mais amplamente –, que de e

falta algum ingrediente essencial nas cidades artificiais.

Quando

comparadas com cidades an-

tigas, que adquiriram a pátina da vida, nossas tentativas modernas de criar cidades artificialmente são, sob um ponto de vista humano, intei-

34

ramente mal sucedidas.(ALEXANDER,

2006, p.1)

Para exemplificar as diferenças entre essas formas “Cidades Artificiais” e “Cidades Naturais”, Alexander propõe uma interdisciplinariedade e associa a cidade ao conceito matemático da Teoria dos Conjuntos.

Alexander faz uma analogia da cidade com a teoria dos conjuntos na matemática.

Um conjunto é uma coleção de elementos que por alguma razão nós os pertencerem a um mesmo grupo.

consideramo

Quando

elemen-

tos de um mesmo grupo co-operam ou trabalham em conjunto podemos chamá-los de sistema

XANDER, 1961 p. 1

apud

(ALEGOMES 2019 p.7 ).

Portanto, é de fundamental importância conceituarmos essa teoria. Segundo Farjado (2017) (Figura 2) , ela pode ser definida como uma coleção de elementos com algum elo em comum. Esta ligação partilhada, é retratada por Gomes (2019) como um sistema.

Podemos

pensar

em

conjunto

como

um agrupamento de objetos que compartilham uma propriedade comum

. Assim,

podemos pensar

na palavra pássaro como um conjunto de animais que possuem certas caracterısticas, como o corpo coberto de penas e reprodução ovıpara.

Cada

descrição de objetos, animais ou pessoas

nos fornece um conjunto

(FARJADO, 2017 p.5).

Para Alexander, a associação de vários sistemas (elementos em comum entre os conjuntos analisados) resultam em “modos de pensar” e construir as cidades, resultando assim em dois tipos de diagramas o de “Árvores” e “Semi-Retícula”. O primeiro (árvore), é resultante do desenho artificial da cidade. Nele um elemento inicial, dá origem a ramificações e essas, não são derivadas e nem sobrepõe-se as características dos demais elementos (Figura 3). Em contrapartida, o segundo (semi-retícula) (Figura 4) exemplifica a forma natural de desenvolvimento das cidades, onde o elemento inicial se ramifica, divide-de e sobrepõe características com os elementos do entorno .

Quando

essa estrutura atin-


FIG 2. SISTEMAS E CONJUNTOS

FIG 3. DIAGRAMA DE ÁRVORE

FIG 4. DIAGRAMA DE SEMI-RETICULA

35


ge certas condições, ela é chamada de ‘semi-trama’ ou ‘semi-reticulado’. Quando ela só atinge outras condições, mais restritivas, ela é chamada de estrutura ‘em árvore’. O

axioma da estrutura em ‘semi-trama’

funciona como se segue: uma coleção de conjuntos conforma uma estrutura em ‘semi-trama’ se e apenas se

dois conjuntos sobrepostos,secan-

tes ou interceptantes pertencem à coleção; e mais: o conjunto de elementos comuns a ambos também pertence à coleção

(ALEXANDER, 2006,

p.

4 ).

Apesar de retratar essas diferenças, um dos aspectos mais comparados por Christopher em sua obra são as distinções das estruturas (“árvore” e “semi-retícula” ) possuidoras ou não de junções entre si. Esses elos dos conjuntos, determinam ou não o grau de complexidade do sistema. Para ele, o último (“semi-retícula”) esquema possui maior grau de complexidade quando comparado com o de árvore, uma vez que a nesta pode haver um maior número de subconjuntos formulados.

36

Podemos demonstrar o quão mais complexa que uma ‘árvore’ uma ‘semi-trama’ pode ser, revelando o seguinte fato: uma estrutura ‘em árvore’ composta de 20 elementos, pode conter, no máximo, 19 subconjuntos derivados, enquanto uma estrutura ‘em semi-trama’, baseada nos mesmos 20 elementos, pode conter mais de 1.000.000 de subconjuntos

diferentes.

5)

(ALEXANDER, 2006, p.

Como já citado a cima, as cidades artificiais tem um menor nível de complexidade de suas interações em relação às cidades naturais. Para demonstrar essas variações e como podem influenciar diretamente nas cidades, Christopher avalia um conjunto de nove planos e urbes artificiais demonstrando a aplicabilidade da estrutura de árvore nestas. Para o trabalho, serão destacadas três exemplos ilustrado pelo autor : Brasília, o Plano para a Grande Londres e Communitas.

Formulada por Lucio Costa em 1957, segundo as análises de Christopher, Brasília (Figura 5) é concebida a partir de um eixo central, deste deriva-se duas asas as quais cada uma possui sua artéria principal e esta, é abastecida por artérias secundárias e essas, consequente- mente, são influenciadas pelas vias circundantes as super-quadras. Essa estrutura de divisão de eixos, também pode ser encontrada no Plano para a Grande Londres (Figura 7) de 1943. Idealizada por Abercrombie & Forshaw, este é estruturado por um grande número de bairros, os quais são distanciados pelas comunidades adjacentes. No modelo citado, a estrutura de árvore é possuidora de dois níveis, os quais os bairros


FIG 5. BRASÍLIA E O DIAGRAMA DE ÁRVORE

FIG 6. COMMUNITAS E O DIAGRAMA DE ÁRVORE

37


são a estrutura principal e as “comunidades de vizinhança” são os eixos secundários.

da cidade, uma vez que todas as urbes são produtoras de inúmeros sistemas e esses interferem-se entre si.

Além de Brasília e o Plano para a Grande Londres, Alexander também demonstra a sua teoria, nos desenhos de Communitas (Figura 6). Essa, desenhada por Percival e Paul Goodman, divide-se em quatro notá-

No entanto, em toda e qualquer cidade, há milhares, ou mesmo milhões de sistemas funcionando e produzindo resultantes físicas que, no entanto, não aparecem como ‘unidades’ nessas estruturas ‘em árvore’. E mais: nos piores exemplos, as ‘unidades’ inventadas fracassam no estabeleci-

38

veis zonas concêntrica a partir do centro comercial. Cada uma destas áreas, possuem uma determinada função, sendo subdividida em : primeira centro comercial; segunda - universidade; terceira- residencial e quarta - áreas verdes. Todos estes quatros setores, subdividem-se em outros. Assim como Brasília e o Plano para a Grande Londres, Christopher nota que ambas possuem um elemento central, separados em eixos secundários e consequentemente, dividindo-se em eixos terciários . Essa característica de derivar elementos a partir de um central, sem sobreposição consiste no diagrama de árvore.

Assim como essa ausência de sobreposição de conjuntos, há outros elementos que justificam o baixo grau de complexidade das cidades artificiais. Entre eles a setorização, responsável pelo caráter fixo e excludente das cidades, além de divergir das atividades e interações ocorridas no cotidiano dessa localidade. Segundo o mesmo autor, essas características resultam no fracasso

mento de correspondências com as realidades da vida enquanto, de outra parte, os sistemas reais

cuja existência é o que de fato torna as cidades

vivas

–, são providos sem que nenhum receptáculo (ALEXANDER, 2006, p. 12 ).

físico os suporte

Para Alexander, esse planejamento em formato de árvore - no qual a cidade é subdividida em “unidades”- é ocasionado pela necessidade de organização, ordem e controle por parte dos projetistas.

Devemos enfatizar antecipadamente – antes que as mentes racionalistas se crispem horrorizadas com qualquer coisa que não esteja claramente articulada em forma de ‘árvore’ – que a idéia de ‘sobreposição’ ou ‘interseção’, a ambigüidade, a multiplicidade de aparências e a ‘semitrama’ não são entes menos ordenados ou menos disciplinados que ‘árvore’ rigidamente constituída; ao contrário, o são mais. E representam uma abordagem muito mais densa, mais robusta, mais sutil e mais complexa das chamadas ‘estruturas’ (ALEXANDER, 2006, p. 12 )

Além disso, para ele o ser humano possui uma “mente programada” para reduzir a complexidade. Com isso, a probabilidade de executar a criação de um modelo em “semireti


FIG 7. LONDRES E O DIAGRAMA DE ÁRVORE

39


cula” tende a ser ínfimo, uma vez que a diversidade de interações torna o sistema mais complexo e denso. Enfim,

será que a mente possui uma ir-

resistível predisposição para enxergar ‘árvores’, onde quer que esteja focada sua atenção, não podendo portanto escapar de tais concepções

Vou

convencê-los,

tentar

aqui,

? de

que é por esta última razão, acima citada, que as estruturas

‘em

árvore’ estão sendo reitera-

damente propostas e construídas nas cidades.

Em

outras

palavras,

estou

sustentando

que

isto ocorre porque os projetistas, estando limitados por uma mente formar,

‘programada’

automaticamente,

para con-

estruturas

intuiti-

vamente acessíveis, não conseguem alcançar a complexidade das ‘semitramas’ através de opera-

40

ções mentais simples . (ALEXANDER, 2006, p. 22 )

Portanto, a “árvore” é uma estrutura mais perceptível e fácil de executar, quando comparada à “semireticula” a qual é de difícil visualização e permanecimento na memória, como citado por Christopher Alexander em sua obra.

Este

é

um

problema

mos enquanto projetistas.

que

Embora,

enfrentanesta fun-

ção, não estejamos diretamente envolvidos com o problema da visualização do todo através de operações mentais simples, o princípio permanece o mesmo.

As

estruturas

‘em

árvore’ são

mentalmente acessíveis e fáceis de lidar.

A ‘se-

mitrama’ é difícil de ser mentalmente visualizada

. Logo, é uma estrutura (ALEXANDER, 2006, p. 23)

e mantida na memória de difícil trato.

Para Alexander, todo organismo têm a necessidade de reduzir a complexidade em seu ambiente, através da implementação de obstáculos e interpretação de alguns padrões como “árvores” . Essas constatações foram realizadas, baseando-se em um experimento (Figura 8) de Sir Frederick Bartlett , no qual apresentou-se (em torno de ¼ de segundos) à alguns voluntários um modelo contendo círculos, triângulos e sobreposições; após esse procedimento, o pesquisador pediu para que os voluntários expostos ao modelo o desenhasse. O resultado demonstrado pelos voluntários, era uma simplificação do modelo apresentado a eles; foram eliminadas as sobreposições e separou-se os círculos.

Esses experimentos sugerem, fortemente, que as pessoas, quando confrontadas com uma organização complexa, apresentam uma forte tendência de reconhecê-la mentalmente em termos de ‘unidades’ não sobrepostas. Nelas, a complexidade da ‘semitrama’ é substituída pela forma ‘em árvore’, muito mais simples e mais facilmente apropriável pela mente (ALEXANDER, 2006, p. 24)

Porém, essa sobreposição de camadas (segundo Christopher) de forma aleatória não torna o espaço eficiente, mas sim proporciona caos e a não estruturação da cidade. Por


FIG 8. EXPERIMENTO DE COMPLEXIDADE

41 tanto, deve-se gerar sobreposições de forma correta, uma vez que as funções existentes na cidade se alteram no decorrer do tempo não cabendo projetar cidades atuais baseando-se em antigas, uma vez que as necessidades das cidades se alteram e ficam mais complexas. Logo, as sobreposições, por si só, além de não estruturarem a cidade, ainda podem produzir efeitos caóticos. Uma lata de lixo, por exemplo, está cheia de sobreposições. Mas para obter uma ‘estrutura’, você tem que produzir sobreposições ‘corretas’, e isto para nós, com certeza, difere muito das

do tempo, os ‘sistemas’ que necessitam estar sobrepostos

para que sejam capazes de capturar

essas relações

– devem também se transformar. A

simples recriação mecânica de antigos tipos de sobreposição será sempre inapropriada e caótica, ao invés de estruturada

(ALEXANDER, 2006, p. 24)

Portanto, o pensamento e execução de cidades árvores resume os espaços a pobreza e a desumanidade das relações. Características essas, são notadas diariamente quando elementos “naturais” das cidades, são destruídos; tornando-se o local “artificiais”.

velhas sobreposições que podemos observar nas cidades históricas.

De

tal modo que, assim como

as relações entre funções se modificam ao longo

Para

a mente humana, a

‘árvore’

é o

veículo mais fácil para os raciocínios comple-


xos.

Mas

a cidade não é, não pode ser, nem deve

ser uma árvore. vida.

Se

A

cidade é um recipiente para a

este recipiente romper a continuida-

de dos fios condutores da vida, nele insertos

– justamente por ser um recipiente ‘em árvore’ –, ele funcionará como um balde repleto de lâminas de barbear fixadas em suas bordas, prontas para decepar tudo aquilo que nele for depositado to cut em confiança . E em tal recipiente, a vida será picotada. Se continuarmos construindo cidades-árvore. (ALEXANDER, 2006, p. 27)

xus: o que é tecido junto) de constituintes heterogêneas inseparavelmente associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do múltiplo”

(MORIN, 2015, p. 13 apud GOMES, 2019, p.14). Portanto, ambas as

definições são possíveis de aplicação no contexto urbano, uma vez que as cidades são constituídas pela sobreposição de camadas diversas, onde os sistemas interagem entre si, mesmo esses sendo antagonistas,

heterogêneos

Contudo,

essa

ou

concorrentes.

complexidade

um elemento de fácil interpretação.

Christopher Alexander, Edgar Morin

1.2 COMPLEXIDADE

defende que os organismos possuem

é

como

também

a neces-

sidade de reduzir os elementos complexos em estruturas mais simples como citado por

MORINIANA E AS CIDADES

não

Assim

dão

“Morin

Bran-

admite que, quando o mundo está

em desacordo com nosso sistema lógico, significa que há uma insuficiência: o universo é muito mais rico do que a concepção das estruturas

42

Antes

de associarmos o pensamento sobre complexidade de Christopher Alexander com o do pensador Edgar Morin (Figura 9) e aplicá-los na formação do espaço urbano, é importante definir o paradigma de complexidade. Segundo Morin (2000, p.387 apud Estrada, 2009, p.86), o paradigma da complexidade é definido como “ parte de fenômenos, ao mesmo tempo, complementares, concorrentes e antagonistas, respeita as coerências diversas que se unem em dialógicas e polilógicas e, com isso, enfrenta a contradição por várias vias” . Além desta definição, deve-se adicionar outro conceito importante o de complexidade. Segundo Gomes, “complexidade é um tecido (comple-

do nosso cérebro”

(BRANDÃO, 2014,

p.

32).

Neste contexto, Brandão (2014) , Morin defende alguns princípios paradigmáticos são eles: hologramático, sistêmico, recursivo, retroativo, autonomia/ dependência, dialógico, ordem e desordem .Todos esses, por sua vez possuem, de alguma forma,uma relação com a cidade e a morfologia urbana. Ao longo deste capítulo, será demonstrado essa aplicabilidade na concepção da urbe. O primeiro princípio defendido por Morin - hologramático - pode ser aplicados na concepção e no desenho da cidade . Este tem por definição, a coexistência de cada parte dentro do todo, e do todo dentro de


43

FIG

9.

EDGAR

MORIN E O COMPLEXIDADE

PARADIGMA

DA


cada parte, ambos dependendo concomitantemente um do outro, como citado por Brandão.

Dessa forma, a complexidade organizacional do todo necessita da capacidade organizacional da parte que necessita recursivamente da capacidade organizacional do todo. As partes têm cada uma suas singularidades, mas não são mais que simples elementos ou fragmentos do todo.

O princípio hologramático configura-se nas ligações da parte ao todo e do todo à parte, mas relaciona-se também à ideia recursiva e, em parte, à dialógica. (BRANDÃO, 2014, p.46)

44

No âmbito do urbanismo, o princípio hologramático pode ser aplicado em diversas situações. Entre elas, as interações ocorridas na cidade, nas quais cada fragmento (rua, bairro e cidade) faz parte de esferas maiores (metrópole, estado e país), com isso há uma combinação entre a ordem e a desordem, além das interações entre os sistemas. Portanto não possibilitando a simples redução da cidade, pela as partes menores, nem pelas partes maiores como citado por Brandão.

juntos inter-relacionados cujas ligações precisam ser evidenciadas.

Para

a teoria moriniana,

é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo e suas interações.

(...) Se

a cidade se con-

figura complexa, adquire por isso uma constituição que não permite reduzir o todo às partes nem a parte ao todo

(BRANDÃO, 2014,

p.46)

Adicionalmente ao princípio hologramático, pode-se aplicar nos estudos do desenho urbano os prin

cípios retroativos e recursivos.

O

primeiro (princípio retroativo), é definido como a oposição do pensamento sequencial dos eventos, no qual um fato necessita ocorrer após a finalização de um determinado acontecimento, gerando assim uma ordem ativa dos processos. Por outro lado, o princípio recursivo é uma etapa complementar do anterior, onde utilizando-se da estrutura executada (ordem) pelo princípio retroativo, obtém-se um produto como citado por Brandão . Segundo Morin,

a sociedade é produ-

zida tanto pelas interações entre indivíduos como por aquelas entre eles e o ambiente, em constante autorregulação. É o princípio retroativo, que contradiz as relações lineares de causa/efeito, produto/produtor, estrutura/superestrutura já que

“tudo que é produzido volta-se sobre o que o produz num ciclo, ele mesmo, auto-constitutivo, au-

As

partes, bairros, territórios, zonas,

e o todo da cidade, se configuram em sistemas dentro de sistemas assim como a cidade é parte de um

Estado

ou território, que faz parte de um

país, que faz parte do mundo, que faz parte do universo, que...

A

sociedade se organiza em con-

to-organizador e autoprodutor (sic)”

(2011a:74). A sociedade produz os indivíduos que vão produzir a sociedade. A produção retroage sobre os indivíduos e os produz: somos produto e produtores simultaneamente, o que vai além da retroação, constituindo-se no princípio recursivo.(MORIN, 2008, p. 344 apud BRANDÃO, 2014, p.48)


Contudo, diferentemente do anterior (hologramático), nota-se maior aplicação do princípio recursivo na esfera conceitual do desenho urbano, uma vez que as cidades estão se transformando diariamente, surge-se assim novas demandas, interações, usos, fluxos entre outros. Com isso, emerge a necessidade de novos projetos urbano, esses estabelecidos a partir da cidade existente, desta forma, aplicando-se o conceito de recursividade citado por Brandão. Entretanto, segundo o mesmo autor o princípio da recursividade acaba sendo um destruidor das atividades voltadas ao urbanismo, uma vez que “Cada nova perspectiva teórica detona outras abordagens que redundarão em outros trabalhos, numa rede teórica recursiva.”(2014, p.51).

É

importante salientar que

“a

ideia de

circuito não significa apenas um esforço retroativo do processo sobre si mesmo”

(recursivo)

é o processo cujos

(...), “o circuito estados ou efei-

ciona a existência desse princípio nas cidades, e o exemplifica através da variação da dinâmica de um determinado elemento. Esse, inicialmente é considerado como destrutivo ou desorganizador, e torna-se em outro momento uma “desintegração organizadora” .

Segundo o autor, aquilo que anteriormente era visto como destruição ou desorganização, o caos, passa a ser compreendido como a desintegração organizadora. Neste raciocínio, a dialógica permite assumir racionalmente a inseparabilidade de noções contraditórias, contrapostas para conceber um mesmo fenômeno complexo.

A

contraposição é um dado presente

no cotidiano das cidades, principalmente aquelas de maior porte.

Não

é possível, por muito tem-

po eliminá-la do espaço construído.

De

alguma

forma, em algum tipo de manifestação ela retroage.

Desta

forma é preciso considerá-la, incor-

tos finais produzem os estados iniciais ou causas

porando-a ao conhecimento sobre a cidade e de

iniciais”

forma transdisciplinar

(Morin,2008:231). As novas propostas, urbanas, são circuitos recursivos sobre o espaço, pois se estabelecem a partir deste próprio espaço (BRANDÃO, 2014, p.50) nas

práticas

Além destes fundamentos, já citados acima, pode-se acrescentar também o dialógico. Esse, segundo Brandão, consiste em associar-se cenários opostos, demonstrando o caráter indivisível dos aspectos antagônicos existentes. Brandão men

(BRANDÃO, 2014, p.50)

Ainda sobre os conceitos morinianos e sua aplicabilidade na arquitetura, deve-se mencionar os princípios de ordem e desordem. Para Edgar Morin, a sua concepção de ordem foge das ideias clássicas como algo, incondicional, eterno, imutável ou substancial. Para o autor, há uma necessidade de pensar essa dicotomia -ordem e desordem- de forma inter

45


relacionada. Portanto,faz-se necessário a desintegração da ordem, para iniciar um processo de desordem e consecutivamente, gerando assim uma transmutação do sistema .

Logo, a cidade é um ambiente propício à essa dicotomia, visto que a partir

46

de um modelo urbano ordenado em árvore (setorizado e reduzido de sua complexidade), resulta-se a desordem, para adequar-se as necessidades dos usuários, devido as deficiências que o modelo planejamento possui. Portanto, as novas interações produzidas no espaço cria novas organizações. Conclui-se, como definido por Brandão , a partir dos conceitos e ideias de Morin a necessidade das interações, como também a ordem e desordem (Figura 10). Assim,

para que haja organização, é

preciso que haja interações; para que haja interações, é preciso que haja encontros; para que haja encontros, é preciso que haja desordem

(agitação,

turbulência).

Tanto

maior a diversi-

dade e a complexidade dos fenômenos em interação, mais crescem a diversidade e a complexidade dos efeitos e das transformações saídos destas interações.

É

deste jogo de interações que de-

vem nascer as leis

(organização) que vão permi(BRANDÃO, 2014, p.50)

tir uma nova ordem

Adicionalmente aos princípios de ordem e desordem, Edgar concebe o circuito tetralógico (Figura 11). Segundo Brandão, ele propõe que neste circuito “as interações são

inconcebíveis sem desordem, ou seja, sem desigualdades, turbulências, agitações etc., que provocam os encontros” (MORIN, 2008, p.78 apud BRANDÃO, 2014, p.63). Portanto, faz-se necessário haver encontros e uma relação mútua entre os elementos, como citado por Morin “A organização precisa de princípios de ordem intervindo através das interações que a constituem” (MORIN, 2008, p.79 apud BRANDÃO, 2014, p.63). Nenhum

corpo ou sistema pode ser

concebido sem as interações que lhe constituíram.

São

interdependentes:

“a

ordem só se de-

senvolve quando a organização cria seu próprio determinismo e o faz reinar em seu ambiente”(Morin,

2008:78). Quanto

mais existir organização

e ordem, maior a complexidade e maior a necessidade de desordem. que

esses

três

O

circuito nos faz entender ordem/organização/

conceitos

desordem se relacionam mutuamente através da interação, observando a criação em cada sistema das suas próprias determinações e suas próprias da

finalidades,

considerando

autonomia/dependência

significado de sujeito.

e

o

princípio

compreendendo

o

(BRANDÃO, 2014, p.64)

Ao conceituar ordem e desordem e a importância do circuito tetralógico, é mencionado que nenhum sistema pode ser criado sem as interações existentes. Contudo, qual é a conceituação de sistema para o autor e como este interage com a complexidade? Como mencionado por Brandão, Morin antes de definir sistemas expõe algumas definições de


FIG 10. CIRCUITO EXPLICATIVO

FIG 11. CIRCUITO TETRALÓGICO

47


outros autores, elucidando a diversidade na concepção da temática.

“Um sistema é um conjunto de unidades em interações mútuas”, de Karl Ludwig von Bertalanffy; “É

a unidade resultando das partes em inte-

ração

“Uma

mútua”,

de

Russell Lincoln Ackoff”;

totalidade organizada, feita de elementos

solidários que só podem definir-se uns em relação aos outros em função do lugar que ocupam nesta totalidade”, de

RIN, 2008, p.129

Ferdinand de Saussure. (MOBRANDÃO, 2014, p.71).

apud

Após analisar esses conceitos, Edgar defende que não trata-se apenas de vincular a relação entre elementos ao todo, como também, relacionar o todo, à ligação mútua existente entre objetos. Com isso, nota-se que essas definições se conectam através da ordem, como citado pelo autor “sistema como unidade global organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos” (MORIN, 2008, p.32 apud BRANDÃO,2014, p.71).

48

Adicionalmente a essas racterísticas, Brandão defende

caque o sistema não é correspondente a somatória das partes, uma vez que possui diversas variáveis; como interações, complementaridades, imposições, inibições, repressões e antagonismos. Baseado nos posicionamentos de Edgar Morin, Brandão

(2014)

conclui

“um

sistema toma

forma ao mesmo tempo em que seus elementos

se

transformam,

don-

de tudo o que forma, transforma,

nos remetendo ao circuito recursi-

vo, que está sempre em atuação nas transformações do mundo, por consequência, da cidade”

Além dos aspectos citados Morin também exemplifica o sistema aberto e fechado. Para o autor, o primeiro - sistema aberto

acima,

é aquele que depende das condições exteriores, característica essa oposta ao conceito de sistema fechado, o qual é independente da realidade externa. Em relação a essas duas organizações de sistemas, Brandão (2014) conclui “o sistema aberto organiza seu fechamento

(sua

tonomia) na e pela abertura”

au-

. Por-

tanto, pode-se considerar a cidade um sistema aberto, uma vez que cada elemento existente depende de outro

.

Portanto, assim como Christopher, Edgar defende a diversidade do sistema. Esse, podendo transformar-se periodicamente devido às interações ocorridas. Ambos autores, evidenciam a interconectividade dos elementos, resultando assim no fracasso da ordem (como defendido por Morin), ou do determinismo imposto pelos planejadores das cidades “artificiais”.


1.3 OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES

Como

já citado anteriormente no trabalho, a configuração do espaço urbano é resultado de diversos fatores, principalmente das interações ocorridas entre os mesmos. Portanto, nesta etapa do trabalho será analisado o Sistemas de Espaços Livres, um desses influenciadores no processo de criação da morfologia urbana. Contudo, antes de conceituarmos essa definição, é essencial explicar sobre os espaços livres.

Segundo Hulsmeyer, Magdefine “o espaço livre é todo

noli espaço não ocupado por um volume edificado (espaço-solo, espaço-água,espaço-luz ao redor das edificações a que as pessoas têm acesso)”(MAGNOLI, 2006a, p.179 apud HULSMEYER, 2014, p.156). Esses, são de suma importância para o cenário urbano pois, neles se aplicam as tarefas cotidianas das pessoas. Portanto, esse elemento tem papel primordial em diversas dimensões da estrutura urbana (paisagístico, funcional, recreação, qualidade ambiental entre outros) (Figura 12). Além disso, há uma analogia entre a composição das regiões edificadas e as livres de edificações, como citado por

Hulsmeyer. Portanto, Miranda Magnoli defende “Espaços Livres” como um elemento do paisagismo. Esta é também a visão Magnoli (2006a, p. 182), onde a forma dos espaços livres” [...]por mais variável e indefinida que seja, corresponde uma existência física, material, concreta do espaço. E essa configuração física dos espaços livres de edificações remete-nos automaticamente à distribuição das edificações e dos espaços livres. À ocupação de um mesmo espaço pelas mesmas edificações em diferentes arranjos correspondem diferentes configurações físicas do espaço livre. A diferentes configurações físicas correspondem diferentes oportunidades, alternativas, “espaços” (compreendidos da forma mais aberta possível). Diferentes configurações físicas do espaço livre são, nessa reflexão, dependentes da distribuição do espaço edificado (MAGNOLI, 2006a, p.182 apud HULSMEYER, 2014, p.158)

Contudo, além de ser um elemento paisagístico, Miranda relata também, a existência de uma “interescaliridade”. Nessa, independentemente do tamanho dos objetos (escala) deve-se aliar a “interdependência e complementaridades” entre eles.

As

interdependências e complementari-

dades são atributos que voltam a se fazer notar em todas as escalas; é o contexto e a trama que

49


interagem, em circularidade dinâmica na escala do

a natureza sistêmica a um

entorno do local, da comunidade, do bairro, dos

livres são suas relações concretas, a dinâmica de

setores, das cidades, das regiões urbanizadas.

suas interações.

As

de espaços

como qualquer outro

intervenções que se produzem são inscritas (por

sistema espacial é, por natureza, complexo e está

formas) no espaço; pontuais, agem por reconfigu-

sempre em movimento; sua estabilidade, num dado

rações plurais, na media em que reafirmam flu-

período de tempo, é dada pelas relações estrutu-

xos, conexões entre lugares; criam-se dinâmicas

rais que o organizam enquanto sistema.

socioeconômicas, sujeitas à reciprocidade e à si-

ocorrem alterações suficientemente fortes para

nergia que valoriza as diversidades

(...)(MAGNOQUEIROGA, 2012, p. 74)

alterar sua estrutura, muda-se sua organização

LI ,2006, p. 166

e suas características

apud

Com isso será adotado para este trabalho, a definição de sistemas de espaços livres de Queiroga (2012), o qual afirma que “sistema

de espaços livres

(SEL)

independen-

temente do recorte escalar

um

bairro, uma cidade, uma metrópole, uma região

50

O SEL,

“conjunto”

– será composto por to-

dos os espaços livres do referido recorte”.

Segundo o autor, isso sucede pois os espaços livres de um dado delineamento espacial (subespaço), possui uma interdependência pois, e se formam a partir de uma totalidade possuidora de características comuns e de diversas escalas. Portanto, segundo o mesmo autor, os vínculos existentes entre os espaços livres formam e ordenam o SEL (Sistemas de Espaços Livres) de modo “dinâmico e processual” alterando assim, cada parte, juntamente com cada modificação da sociedade, tornando assim uma estrutura complexa segundo Queiroga.

Mais do que os espaços livres em si (elementos abstratos se isolados), quem confere

Quando

(QUEIROGA, 2012, p. 75)

Essas ligações referenciadas anteriormente, estão presentes principalmente no Sistemas de Espaços Livres públicos. Neste, segundo Queiroga (2012), há um alto grau de conexão física promovendo assim o fluxo de: “pessoas, mercadorias, água, energia, informação e comunicação”. Portanto, esta associação de sistemas possui maior representatividade em relação à vida urbana, uma vez que possibilita: “conflitos, acordos, permanência, circulação e interações”. Entretanto, vale ressaltar que mesmo sendo Sistemas de Espaços Livres Públicos, nem sempre são destinados à vida pública ou permitem “acesso ao público em geral”. Com isso, nota-se que este elemento, é de suma importância para qualificar e identificar uma cidade, como defendido por Queiroga (2012).

Os espaços livres públicos,enquanto bens de uso comum do povo, são condição de existência da cidade,estabelecendo relação de identidade com ela, a decadência ou a


51

FIG 12. OS ESPAÇOS LIVRES NA CIDADE


excelência da vida cotidiana está intimamente relacionada à (des)qualificação do seu sistema de espaços livres de uso comum do povo. (QUEIROGA, 2012, p. 86)

Sendo assim, nas próximas linhas serão exemplificados alguns tipos de SELs no âmbito dos espaços livres de bens uso comum do povo devido ao grande impacto que esses possuem nas relações cotidianas.

O primeiro a ser abordado, é o sistema viário. Segundo Queiroga (2012) esse tipo, é predominante no Brasil. Além disso, são caracterizados por “prévia à ocupação urbana (matas, mangues, dunas, grandes rios entre pequenas cidades, lagos etc.), não sendo, portanto, construídos pelo homem” (QUEIROGA, 2012, p. 86). Seguidamente, destaca-se o alto grau de conectividade tanto externo como interno (circulação e acesso), possibilitando assim uma importância na “qualificação socioambiental do espaço urbano”. Ademais dessas funções, comporta diversas atividades em escalas variadas como: “atividades de lazer e convívio na escala de vizinhança, até manifestações públicas de escala metropolitana e difusão nacional e, vez por outra, internacional” (QUEIROGA, 2012, p. 87).

52

Outra estrutura importante é o sistema de espaços livres públi

cos de convívio e lazer.

De acordo com Eugênio são “praças, parques, jardins e similares formam a estrutura principal, e oficial, do sistema de espaços livres públicos de convívio e lazer das cidades brasileiras” (QUEIROGA, 2012, p. 94). Estes no Brasil, comumente não são implantados de imediato, principalmente nas áreas periféricas, uma vez que os órgãos governamentais,em sua grande maioria, não obrigam a sua idealização. Adicionalmente a estas características citadas acima, há outros fatores que formam os SELs,

Silvio Macedo

segundo

pode-se

acrescentar como condicionante: o

suporte físico e o tipos de manchas

Segundo essas manchas podem ser definidas como metropolitanas existentes.

Macedo,

“área

contidas

dentro

ocupada do

pelas

perímetro

construções urbaniza-

da

ção seja esta de portes diversos de acordo com

a

dimensão

metrópole.

As

física:

cidades,

lugarejo, de

acordo

cidade com

ou

suas

manchas urbanas, podem se apresentar de diferentes

formas”(MACEDO,

2012,

p.144).

Através de pesquisas realizadas pelo Quadro do Paisagismo no Brasil (QUAPÁ)- da FAU USP- Macedo ilustra as quatro padrões de denominação para estas formas. A primeira, manchas urbanas lineares (Figura 13) são “encontradas em meio a vales incrustados em meio a serras


FIG 13. MANCHA URBANA LINEAR FIG 14. MANCHA URBANA COMPACTA

FIG 15. MANCHA URBANA TENTACULAR

FIG 16. MANCHA URBANA MISTA

53


e terrenos de alta declividade, orlas marinhas e fluviais e ainda ao longo de estradas. Neste caso os espaços livres do entorno são de fácil acesso ou visualização” . Além desta, há as compactas (Figura 14), podendo ser caracterizadas como “cidades que podem ter sua origem em qualquer das outras formas listadas, que com o crescimento vão assumindo forma compacta e contínua. No caso é mais necessária a existência de espaços livres para recreação dentro da mancha urbana” (MACEDO, 2012, p.150).

54

Além

destas duas - lineares e compactas - existem também as tentaculares (Figura 15) definidas por Silvio como “estruturadas por núcleo central, compacto, do qual irradiam braços de urbanização ao longo de eixos viários, vales ou corpos d’água”. Adicionalmente a estas, existe as mistas (Figura 16), junção de duas ou mais tipologias citadas (MACEDO, 2012, p.150).

Segundo Macedo (2012), essas determinações possibilitam um embasamento para classificações mais completas de sistemas de espaços livres e manchas urbanas. Pode-se exemplificar cinco tipos. O primeiro é o Sistema de espaços li

vres inserido em mancha urbana des-

contínua fragmentada, dispersa em

duas ou várias unidades, como por

exemplo

Seguidamente o autor ilustra

Sistema em

Campinas e Brasília . de

Espaços Livres

mancha

urbana

inserido

descontinuada

totalmente ou em parte por elementos naturais de grande porte.

Com isso, são destacadas algumas cidades brasileiras possuidoras destas características, Rio de Janeiro e Florianópolis em sua porção insular. Além desta, há Sistema de Espaços

Livres inserido em mancha ur-

bana descontínua fragmentada total ou parcialmente por elementos na-

turais pulverizados, as quais podem

ser exemplificadas pelos desenhos de Manaus e Palmas .

Além destas, Macedo (2012)

propõem

Sistema

uma de

última

classificação

Espaços Livres

inserido

em mancha urbana compacta, mode-

lo o qual é representado pela capital mineira Belo Horizonte e São Paulo. Observa-se porém, que diversas metrópoles, incluindo esta última, precisaram algumas barreiras físicas “como a erradicação/drenagem de extensas áreas alagadiças ao longo das calhas dos principais rios que correm pelo planalto onde se situa” (MACEDO, 2012, p.153).

Em suma, nota-se uma diversidade de tipologias. Macedo afirma

“ Cada

mancha urbana contém con-

juntos de tecidos urbanos e sistema de espa-


ços livres particulares, que guardam entre si características similares devido às suas condições de formação e padrões culturais, urbanísticos,

paisagísticos

2012,

p.153).

temas de

e

econômicos”

Portanto, espaços livres,

um elemento desenhado

(MACEDO, os sisem sua maioria, não é previamente, senão … nota-se

que

(...) uma infraestrutura construída par a

par com o crescimento urbano, por meio de adições constantes, algumas com a intenção de melhorar

cidades. Contudo, mesmo com essa notoriedade e demanda crescente segundo Macedo “o espaço da conversa, do comércio, da lavagem de automóveis, do passeio, da brincadeira, já que os espaços especialmente dedicados ao lazer público são escassos”( MACEDO, 2011, p. 20 apud HULSMEYER, 2012 , p. 175).

ou configurar o sistema, parte do sistema ou al-

gum subsistema, mas que a maioria delas surge ao

o

Além

do

SEL,

também existe

Sistema Complementar de Espaços

sabor do desenvolvimento urbano

Livres . Segundo Hulsmeyer,

2011, p. 20

constitui por

apud

( MACEDO, HULSMEYER, 2012 , p.167).

Analisando os dados acima, nota-se o alto grau de complexidade existente nas classificações. Em resposta a isso, Hulsmeyer (2012) idealizou uma proposta tipológica cujo o intuito é hierarquizar e subdividir

os

Sistemas

Espaços Livres UrSistema Estrutural de Espaços Livres - SEEL e o Sistema Complementar de Espaços Livres - SCEL, ambos pertencentes a uma “macroestrutura”. de

banos em dois:

Nesta fragmentação defendido por Hulsmeyer, há no Sistema Estrutural de Espaços Livres SEEL e o Subsistema de Espaços de Circulação SEL-CIR. Esse, é composto por calçadas, passeios e ciclovias. Segundo o autor, estes espaços são de suma importância na concepção do desenho e planejamento urbano, visto que neles ocorrem as maiores interações gerando assim mais vidas as

esse

principalmente pelos espaços livres

privados, aqueles inseridos dentro das áreas particulares e cujo acesso não é, em geral, possibilitado ao público que só em casos especiais têm a permissão de usufruto de parcelas específicas de tais propriedades”

(HULSMEYER, 2012, p. 200).

O mesmo autor, cita alguns exemplos desse tipo de espaço “quintais, jardins, estacionamentos de centros comerciais e condomínios, pátios de fábricas, depósitos atacadistas, vias de acesso e jardins comuns de condomínios”. Nota-se portanto, a grande dimensão do Sistema Complementar de Espaços Livres em nossa vida, visto que a maioria das interações cotidianas ocorrem nele. Além disto, nos mesmos há a relação interior-exterior e depende das pessoas que neles convivem, como citado por Hulsmeyer a partir do ponto de vista de Miranda Magnoli.

55


A

existência desse espaço livre só pode

ser compreendida se o morador pode conferir-lhe

De

forma geral são resultantes de uma

demanda social, seja pela real necessidade de

atributos no contato com o espaço público na

uso, ou pela pressão de setores da sociedade be-

maior reserva de sua individualidade na habitação,

neficiados pela especulação imobiliária, mas do

na inclusão desse espaço livre como integrante da habitabilidade.

-exterior

As

são baseadas na estrutura da planta

aposentos, nas aberturas para o espaço livre, seja o particular, seja o público

2006a, p. 186

apud

que um processo sistemático de planejamento.

relações entre o interior-

da edificação, na distribuição e organização dos

(MAGNOLI, HULSMEYER, 2014, p.201)

A fonte principal de formação dos espaços livre, o Estado. Esta composição pode ser executada de algumas formas, segundo o mesmo autor “tanto por intermédio da implantação de normas legais que direcionam o mercado imobiliário e a população na constituição dos assentamentos urbanos, como também na produção e gestão de espaços como praças, parques, avenidas, áreas de proteção ambiental” ( MACEDO, 2012, p. 86 apud HULSMEYER, 2014, p.203).

56

pública.

Há duas formas de criação desses espaços, as quais foram definidas como ações diretas e ações indiretas, sendo definidas como…

Ações Diretas:

intervenções

no

es-

paço urbano típicas do poder público que podem incluir desapropriações, como obras viárias, de estacionamentos a pontes e viadutos,implantação de equipamentos e áreas de recreação, calçamentos de passeios públicos, asfalto de ruas, represamento de rios criando lagos, implantação de praças e parques de lazer, iluminação

Ações Indiretas: conjunto de leis ambientais e urbanísticas, que agem de uma forma incisiva pela cidade, disciplinando as ações da população e dos órgãos públicos, induzindo a configuração de suas paisagens, tanto no desenho dos arruamentos, como no dimensionamento dos lotes, na limitação da altura das construções, na criação de estoques de espaços livres públicos para a construção de parques e praças, denominados legalmente de

“áreas

verdes”, nos recuos das

edificações, na criação de áreas de proteção am-

( MACEDO, 2012, HULSMEYER, 2014, p.203, 204).

biental legalmente protegidas p.

86

apud

As ações indiretas possibilitam as alterações do espaço de duas maneiras, através de ações formais ou ações informais. A primeira (ações formais) de acordo com o mesmo autor, é “programadas integralmente,(...), planejadas e estruturadas por agentes privados, com grande liberdade ou total de localização, sob a aprovação do Estado. Ou ainda por ações parciais, estruturadas por agentes privados, mas sob a regulação de um plano diretor, legislações de zoneamento, códigos de obras” . Seguidamente as ações informais, essas sendo :

“baseadas

em padrões e estratégias conhecidas

e regularmente aplicadas pela população em geral e responsáveis pela configuração de exten-


sos segmentos do tecido urbano”

esse pertencimento fica restrito somente aos seus

2013, p. 126

ascendentes.

apud

(CUSTÓDIO, HULSMEYER, 2014, p.205).

Além destes, é importante destacar a existência dos subsistemas de espaços de práticas sociais. Este possui dois elementos praças, parques e ciclovia que são de suma importância no desenho urbano, uma vez que permite rotinas de convívio entre as pessoas, aumenta a identificação com o espaço e a sensação de pertencimento. Portanto, nota-se como um espaço comunitário e primordial para a segurança e práticas coletivas.

De

uma outra forma, um mesmo ele-

mento pode pertencer a diversos grupos, contribuindo com a complexidade

(GOMES 2019

p

7).

Nota-se, que o espaço em sua origem possui como elementos bases a complexidade e os sistemas. Estes os quais, segundo Morin na sua obra O Método, possuem a organização, a unidade global (o todo) e a emergência (relação entre o todo e cada elemento existente do sistema). Portanto, só é possível conceber as cidades através do paradigma da com

plexidade.

Vive-se em um contexto no qual estes mesmos aglomerados urbanos passam por um “tempo de metamorfose”, devido a urbanização crescente e o adensamento. Muda-se de forma rápida: as funções dos espaços, as dinâmicas, os encontros, os modos de ocupar e apropriar do espaço urbano e consequentemente alcança um alto grau complexidade, o qual é impossível de entender e idealizar através de métodos tradicionais e deterministas do desenho urbano.

1.4 ENTRE COMPLEXIDADES E SISTEMAS

Como notado ao longo deste capítulo as cidades são estruturas complexas pois, são formadas por vários sistemas e possibilitam uma diversidade de interações, resultando assim, em um carácter flexível, onde um mesmo elemento pode estar em diversos grupos e exercendo uma gama de funções, como citado por Gomes

(2019).

A cidade é composta de diversos sistemas (conjuntos), que invariavelmente pertencem a diversos grupos ou subgrupos. Quando pensamos em desenhar um conjunto de maneira hierárquica,

As novas tecnologias produzidas na Quarta Revolução Industrial e a transdisciplinaridade moriniana, podem proporcionar ao planejamento urbano maior facilidade na análise, entendimento e apropriação dos Sistemas de Espaços Livres e da complexidade das cidades.

57


58


<2< A INDÚSTRI A 4.0 E A INFLUÊNCI A NA ARQUITETURA

59


A INDÚSTRIA 4.0 E A INFLUÊNCIA NA ARQUITETURA 2.1 REVOLUÇÕES:

na década de

No decorrer da história da humanidade houveram alguns pontos de inflexões evidentes no âmbito econômico e tecnológico, que são definidos como as revoluções industriais. A primeira delas foi ocorrida na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX . Essa, teve como agente catalisador a criação da máquina a vapor em 1760 por James Watt (início da produção mecânica) e perdurou até 1840, transformando a sociedade em diversas esferas como: econômica; social; urbanísticas, como já descrito por

(...)

Hobsbawm.

Podemos

Podem ser citadas várias consequências desta primeira reforma, entre elas : o estímulo ao desenvolvimento das cidades; migração do meio rural para o urbano; criação de transportes á vapor e implantação de malhas ferroviárias, entre outros. Contudo, o processo mais importante oriundo desta etapa, foi o aprimoramento tecnológico de forma acelerada. Este último, auxiliou em novos estágios evolutivos, como a Segunda Revolução Industrial.

INFLUÊNCIAS SOCIAIS

60

1840 (HOBSBAWM, 2007, p. 21).

perguntar quando as

transformações económicas chegaram longe o bastante para estabelecer uma economia substan-

Essa nova etapa, iniciouem meados do século XIX com as descobertas da eletricidade, da corrente elétrica alternada (Nikola Tesla) e do aço. Ambas inovações, somente foram exequíveis devido ao papel principal da ciência e a sua apli -se

cação à indústria.

cialmente industrializada, capaz de produzir, em termos amplos, tudo que desejasse dentro dos

ta acuidade que terminou com a construção das

váPrimeira. Uma delas foi o papel assumido pela ciência e pelos laboratórios de pesquisa, com desenvolvimentos aplicados à indústria elétrica e química, por exemplo.Surgiu também uma

Grã-Bretanha

produção em massa de bens padronizados e a

limites das técnicas disponíveis, uma

“economia

industrial amadurecida” para usarmos o termo técnico

(...)

pois se ele começou com a

da” na década de

1780,

“parti-

pode-se dizer com cer-

ferrovias e da indústria pesada na

A Segunda Revolução Industrial

possui

rias características que a diferenciam da


tífica

do

organização

ou

trabalho,

além

tomatizados

e

a

correia

HOBSBAWM, 1968

apud

administração de

processos

cienau-

( DATHEIN, 2003)

transportadora

O aperfeiçoamento tecnológico continuou e, em 1960, inicia-se mais um marco: A Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecnológica, como é designada. Essa é marcada pelo o desenvolvimento dos semicondutores 26 , o surgimento da robótica nas indústrias, o uso da eletrônica, criação da Arpanet 27 (protótipo da internet) pela ARPA 28 (Advanced Research Projects Agency), criação dos computadores pessoais e destaque das telecomunicações.

A

terceira revolução industrial come-

1960. Ela costuma ser chamada de revolução digital ou do computador, pois foi impulsionada pelo desenvolvimento dos semicondutores, da computação em mainframe (década de 1960), da computação pessoal (década de 1970 e 1980) e da internet (1990) (SCHWAB, 2016, p.16). çou na década de

Atualmente, vive-se a Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 (termo cunhado em 2011 na Alemanha, durante a feira de Hannover). Contudo, foi apenas em 2016 que ela passou a ter maior repercussão midiática. Isso ocorrendo, pois

no referido ano ocorreu a primeira publicação do livro sobre a temática (Klaus Schwab - “ A Quarta Revolução Industrial”). Além disso, o termo

tornou-se o principal tema de debate do Fórum Econômico Mundial. Klaus (2016) defende três pilares que evidenciam essa nova etapa sendo eles: Velocidade, Amplitude e Profundidade, Impacto Sistêmico.

Três

tentam

minha

razões,

cia de uma quarta

-

voluções

industriais

-

sus-

ocorrên-

da

e distinta

Velocidade:

entanto,

no

convicção

revolução:

ao contrário das re-

anteriores,

esta

evolui

em um ritmo exponencial e não linear.

Esse

o

e

resultado

fundamente além

disso,

do

mundo

multifacetado

interconectado as

novas

em

que

tecnologias

é

pro-

vivemos;

geram

ou-

tras mais novas e cada vez mais qualificadas.

Amplitude

e

Profundidade:

ela

tem a revolução digital como base e combina várias tecnologias, levando a mudança de paradigma sem precedentes da economia, dos negócios, da sociedade e dos indivíduos.

A

revolução não está

modificando apenas “o que” e o “como” fazemos as coisas, mas também quem nós somos.

Impacto Sistêmico:

ela envolve a

transformação de sistemas inteiros entre países e dentro deles, em empresas, indústrias e em toda sociedade

(SCHWAB, 2016,

p.13).

Além desses aspectos, essa nova etapa baseou-se nos avanços tecnológicos alcançados na anterior denominada Terceira Revolução Industrial. Contudo, destaca-se: a internet tornando-se potencialmente onipresente e de maior mobilidade; o crescimento no número de sensores

61


(menores

e mais baratos), a inteligência artificial e a aprendizagem das máquinas. A maioria dessas tecnologias, distinguem-se das anteriores pois tornam-se mais aprimoradas e interconectadas, consequentemente refletindo em mudanças bruscas na sociedade como já retratado por Schwab (2016). As

tecnologias

digitais,

fundamenta-

das no computador, software e redes, não são novas, mas estão causando rupturas à terceira revolução industrial; estão se tornando mais sofisticadas e integradas e, consequentemente, transformando a sociedade e a economia global.

O

que torna a quarta revolução in-

dustrial fundamentalmente diferente das ante-

62

riores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos.

Nessa

revolução,

as

tecnologias

emergentes e as inovações generalizadas são difundidas muito mais rápida e amplamente do que nas anteriores

(SCHWAB, 2016,

p.16

- 17).

2.2 A ERA 4.0 E SUAS TECNOLOGIAS

Além das características citadas acima, essa nova era possui outros aspectos relevantes que influenciam diretamente a sociedade e a grande maioria das áreas profissio

nais. Nessa nova fase, presencia-se mudanças mais rápidas que as anteriores impactando diretamente o cotidiano como citado por Schwab. A

escala e o escopo das mudanças ex-

plicam por que as rupturas e as inovações atuais são tão significativas.

A

velocidade da inovação

em termos de desenvolvimento e ruptura está mais rápida do que nunca. Os atuais disruptores - Airbnb, Uber, Alibaba e Afins - que hoje já são nomes bem familiares, eram relativamente desconhecidos há poucos anos. O onipresente iPhone foi lançado em 2007. Mas, no final de 2015, já existiam cerca de 2 bilhões de smartphones. Em 2010, o Google anunciou seu primeiro carro totalmente autônomo. Esses veículos podem rapidamente se tornar uma realidade comum nas ruas

(SCHWAB, 2016, p.18).

Segundo o mesmo autor, essa nova revolução possui alguns agentes impulsionadores os quais são chamados de megatendências, que recebem esforço das tecnologias. Klaus, divide essas megatendências em três categorias : física, digital e biológica. Para este trabalho, serão abordadas as duas primeiras categorias.

Na classe de megatendências físicas, Klauss destaca quatro fatores que irão influenciar diretamente a sociedade ao longo dos próximos anos. Segundo o autor, a primeira megatendência são os veículos autônomos de diversas escalas , como automóveis, drones, aviões e barcos.


Essas alterações, já são visíveis em nosso cotidiano e impacta de forma direta e indireta a vidas nas cidades, como já citado por Lemes (2017) , ou até mesmo materiais utilizados por arquitetos e urbanistas como por exemplo os serviços de imageamento e levantamento aerofotogramétrico, no qual utiliza-se Drones 29 e Vant 30 para facilitar o mapeamento do local e elevar a qualidade e precisão das imagens.

Empresas

como

DHL

estão realizando

testes em determinadas regiões na

Europa

com a

movimentação de remédios para locais mais isolados e com maiores complicações na entrega através dos meios convencionais.

A Amazon

nos

Estados

Unidos e a Google na Austrália também fazem seus experimentos para entregas de compras pela internet. E o Facebook planeja utilizar drones para distribuir Internet pelo mundo

(LEMES, 2017, p.34).

Outro fator impulsionador do âmbito físico, segundo Klauss, é a Impressão 3D 31 ou fabricação aditiva. Esse processo, diferentemente do processo tradicional (objeto construído a partir da remoção de camadas, fabricação subtrativa) 32 , consiste em criar/imprimir um objeto através da adição de camadas, partindo de um material desarticulado e transformando-o em um elemento em três dimensões por meio de um modelo digital. Essa tecnologia por sua vez, já é aplicada em diversos setores como por exemplo: médico (implantes médicos, biomodelos ósseos, pro

26 - Semicondutores = Os semicondutores são cor-

pos que permitem a passagem da corrente com muita dificuldade. Estes materiais têm uma estrutura cristalina cúbica e os mais utilizados são o germânio e o silício (os átomos destes elementos formam um enlace covalente e na qual não possuem nenhum elétron livre que possa levar a corrente elétrica) (...) E outras palavras, os semicondutores possuem uma capacidade de condução elétrica que é inferior a de um condutor metálico, mas que também é superior a de um elemento isolante.

27 - Arpanet = Protótipo de internet idealizado por

J.C.R Licklider do MIT em 1962, no qual possibilitava o acesso de dados e programas através de uma rede. Fonte: http://home.fmh.utl.pt/~cferreira/pdf/Internet.pdf

28 - ARPA = Advanced Research Project Agency, agência do governo dos Estados Unidos responsáveis pela criação de tecnologias militares. Fonte: http://home.fmh.utl.pt/~cferreira/pdf/Internet.pdf 29 - Drones = Os drones são veículos aéreos não tripulados ou remotamente pilotados, inicialmente muito utilizados para fins militares. Contudo, nos últimos anos, diversas empresas começaram a empregá-los para os mais diversos fins, sobretudo na Logística (LEMES, 2017, p.14) 30- Vant = VANT é a sigla para Veículo Aéreo Não Tripulado. O seu objetivo é puramente comercial ou, ainda, para fins de pesquisa científica e experimentos. Fonte:https://www.techtudo.com.br/noticias/ noticia/2015/05/entenda-diferenca-entre-drone-e-vant-e-suas-aplicacoes-praticas.html 31- Impressão 3D = Inventado por Chuck Hull na

Califórnia, em 1984, fundou a 3D Systems Corp. e patenteou sua criação, assim como outras formas de impressão, originando-se assim a comercialização dessa tecnologia. Fonte: http://www.fatecbt.edu.br/ocs/ index.php/VIJTC/VIJTC/paper/viewFile/1197/1688 http://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/IMPRESS%C3%83O%203D%20 NO%20DESENVOLVIMENTO%20DE%20PROTOTIPAGEM%20DE%20%C3%93RTESES.pdf http://www.fatecbt.edu.br/ocs/index.php/VIJTC/VIJTC/paper/viewFile/1197/1688

32 - Fontes:

33 - Fonte: https://blog.venuscargo.com.br/a-impressao-3d-no-setor-automobilistico/

63


totipagem de órteses entre outros); aeronáutico (impressão de turbinas eólicas); automobilístico ( peças como: faróis, protótipos de modelos , filamentos assim por diante) 33.

Na construção civil esse processo foi utilizado de forma crescente nos últimos anos. Segundo Porto (2016), há diversas técnicas de prototipagem rápida no setor da construção como: Estereolitografia 34 , FDM 35 , SLS 36 , Counter Crafting 37 e Concrete Printing 38. No cenário brasileiro há algumas iniciativas envolvendo essa característica defendida por Schwab, como por exemplo a startup Urban 3D. Essa, tem como intuito a utilização de tecnologia 3D para a construção de casas populares.

64

Ainda na Klauss cita como bótica Avançada a

categoria física, tendência a Roqual consiste na utilização de robôs para tarefas do cotidiano. Segundo o mesmo autor, essa expansão ocorre devido ao avanço tecnológico dos sensores, assim como a diminuição dos mesmos e a possibilidade de comunicar-se de forma autônoma com a nuvem conectando com outros sistemas. Essa característica já influencia na arquitetura, como os sensores inteligentes para edificações.

Além destes mencionados aci-

ma, destaca também o surgimento de Novos Materiais como uma das Megas Tendências desta quarta revolução. Esses, se destacam dos demais por maior leveza, maior resistência, recicláveis e adaptáveis. Em relação a essas mudanças, já é possível notar a influência desses novos materiais na arquitetura como por exemplo: materiais autolimpantes; materiais auto-reparáveis; cerâmicas e cristais que transformam pressão em energia; nanomateriais . Dentre esses últimos, pode-se citar o grafeno 39, material que vem se destacando dentro da indústria de construção civil, devido as suas diversas aplicações como: a criação de Leds de longa duração; tintas impermeáveis; aços a prova de corrosão; concreto auto-limpante e o concreto grafeno.

Ademais das tendências físicas citadas a cima, Klaus Schwab menciona a Categoria Digital como um dos principais agentes propulsores de mudanças na era 4.0. Dentro desse grupo, é destacado principalmente a IoT 40 e seu papel primordial nessa revolução. Essa tecnologia possibilita a conexão entre diversos sensores e o monitoramento remoto. Na área de arquitetura e urbanismo, nota-se a aplicação deste recurso em monitoramento de sensores como por exemplo: aplicativos (Uber 41, Cabify 42, Rappi 43, Ifood 44, Yellow 45 entre outros), monitoramento de


frotas, controle preciso de máquinas, gestão de obras entre outros.

Como retratado acima as alterações desta nova revolução, influencia e influenciará tanto de forma direta, como indiretamente na vida e no modo de projetar do arquiteto urbanista. Isto por que, além dos três pilares dessa nova revolução - Velocidade, Amplitude e Profundidade, Impacto Sistêmico- nota-se um crescimento da interdisciplinaridade entre as áreas de formação, a adaptabilidade e mutabilidade como já citado por Klaus Schwab.

Além

de velocidade e da amplitude,

a quarta revolução industrial é única por causa da crescente harmonização e integração de muitas descobertas e disciplinas diferentes. inovações tangíveis que resultam da dência entre tecnologia ficção científica.

Hoje,

As interdepen-

distintas não são mais

por exemplo as tecnolo-

gias de fabricação digital podem interagir com o mundo biológico.

Alguns

designers e arquitetos

já estão misturando o design computacional, a fabricação aditiva

,

a engenharia de materiais e

biologia sintética para criar sistemas pioneiros que envolvem a interação entre microorganismos, nossos corpos, os produtos que consumimos e até mesmo os edifícios onde moramos. fazê-lo

,

eles estão construindo

“cultivando”)

(e

Ao

até mesmo

objetos que são continuamente mu-

táveis e adaptáveis

(...) (SCHWAB, 2016, p.19).

Para o autor essas características da nova revolução podem

34 - Estereolitografia = Processo de fabricação aditiva, que utiliza fotopolímeros líquidos de “resina para estereolitografia” (uma substância que se solidifica em exposição a um raio laser ultravioleta. Fonte: http://pt.3dilla.com/impressora-3d/estereolitografia/ 35 - FDM = Técnica de impressão através de termoplásticos os quais originam filamentos, criando assim o modelo 3D. Fonte: https:// w w w. 3 d a p p l i c a t i o n s. c o m . b r / 2 0 1 8 / 0 2 / 0 6 / como-funciona-a-impressao-3d-fdm-fff/ 36 - SLS = Técnica de impressão através

de termoplásticos os quais originam filamentos, criando assim o modelo 3D. Fonte: https:// w w w. 3 d a p p l i c a t i o n s. c o m . b r / 2 0 1 8 / 0 2 / 0 6 / como-funciona-a-impressao-3d-fdm-fff/

Counter Crafting = Tecnologia de impressão 3D de larga escala, aplicáveis na construção civíl e espaciais. Impressão de concreto através de extrusão e preenchimento.

37 -

38 - Concrete Printing = Técnica pesquisada e

desenvolvida pela Loughborough University, na qual consiste na impressão de concreto utilizando-se da extrusão de argamassa de concreto (Porto, 2016)

39 - Grafeno = material bidimensional derivado do car-

bono,mais forte que o aço e mais fino que o papel. Tem como propriedades relevantes a alta condutividade térmica e elétrica, transparência, anisotropia e baixo custo. Fontes: https://www.archdaily.com.br/br/918664/o-que-e-o-grafeno-e-como-ele-pode-revolucionar-a-arquitetura h t t p s : / / w w w. p l a n t a s d e c a s a s. c o m / g r a feno-6-aplicacoes-na-construcao-civil/ https://www.nature.com/articles/srep31569

40 - IoT = ou “internet das coisas” é um sistema

no qual os elementos no mundo físico, e sensores dentro ou acoplados a esses elementos, estão conectados à Internet através de conexões de Internet sem fio e com fio. Fonte: http://www.fatecbt.edu.br/ocs/ index.php/VIIJTC/VIIJTC/paper/viewFile/1363/2086

41 - Uber = Empresa multinacional, fundada

na Califórnia, de prestação de serviços eletrônicos em transportes urbanos por meio de aplicativo

65


ser demonstrada nos trabalhos da arquiteta e designer Neri Oxman 46, a qual mistura o desenho computacional, a fabricação aditiva, engenharia de materiais, biologia sintética e arquitetura em suas obras. Com isso, a arquiteta e sua equipe de pesquisa propõe a união entre “um projeto baseado na natureza e uma natureza baseada no projeto.”

2.3 NOVAS TECNOLOGIAS E O ESPAÇO URBANO

66

Além da arquiteta e pesquisadora do MIT 47 Neri Oxman, pode-se destacar um nome nacional que também defende a necessidade da tecnologia para o ato de projetar. Este nome é Caio Vassão. O arquiteto,

defende o conceito de metadesign o qual pode ser definido como: gem sign ensão

Metadesign é

uma e

de

abordagem

projeto

de

Metadesign

abordaMetadede análise, compreentidades complexas. é

transdisciplinar

uma

projeto.

é uma técnica de projeto,

criação e proposta de inovação radical, propondo a manipulação daquilo que consideramos “realidade”.

Metadesign promove formação do “complexo” em Metadesign promove trabalho

trans“simples”. e produ-

a

ção

colaborativa

(VASSÃO,

2010,

p.2).

Segundo o mesmo autor essa

nova abordagem baseia-se em quatro pilares, são eles: abstração; topologia e diagramas; projeto procedimental e emergência.

O primeiro “níveis de abstração (realidade), cápsulas, módulos, nomes e linguagem, ontologias e taxonomias” (VASSÃO, 2010). Com isso, cria-se camadas de

(abstração)

consiste em

hierarquias entre sistemas e sub-sistema assim como, conjuntos e subconjuntos. A topologia de diagramas por sua vez, é o modo de representação demonstrando as organizações, representações e fluxos e as operações do contexto.

Além desses dois conceitos já citado, Vassão (2010) cita também o projeto procedimental, este consiste em procedimentos, ou formas para resultar em ordem (como por exemplo as leis e legislações). Por último, o mesmo autor conceitua emergência no metadesign. Essa pode ser exemplificada como, as interações, surpresas, evolução ordem e desordem.

Para o autor, o metadesign é uma alternativa de um novo urbanismo (Vassão, 2011), o qual deve lidar com a complexidade e antropologia, assim como a existência dos sistemas digitais do mundo. Em relação a estes


últimos, Vassão discute as quatro eras da computação ubíqua 48 e as dificuldades dos planejadores entenderem o design de interações como ferramenta de transformação urbana. Para o autor, vive-se na quarta era da computação ubíqua, nela cabe aos designers de interações, manipular a maneira como a informação circula pela cidade, uma vez que com a banalização das tecnologias e principalmente das telecomunicações, permitiu-se a “nomadização das pessoas”.

Para o arquiteto, nessa nova era de nomadização a “sua identidade está no seu bolso e não no seu endereço, informatização passou a ser verificado através das telecomunicações (Vassão, 2011). Com isso, cria-se a necessidade de entender as cidade como um “processo” e não como apenas um “local”. Emergindo assim, o conceito de cidade “não-local”, o qual baseia-se nas telecomunicações para a distribuição ao longo de um território muito extenso, criando assim novas cidades / comunidades virtuais 49 .

Com isso, Vassão defende que a cidade é uma sobreposição de paradigmas nos quais há uma sobreposição de camadas, anulando as quais não fazem mais sentido. Essa característica, é o elemento estruturador da Urbanização Distribuída,

42 - Cabify = Empresa multinacional no ramo de serviços e transporte com solicitações através de aplicativos 43 - Rappi = Startup de entrega sob demanda, fun-

dada na Colômbia

44 - Ifood = Delivery de comida solicitado via aplicativo 45 - Yellow = Empresa para aluguel de bicicle-

tas e patinetes eletrônicos, por meio de aplicativo

46 - Neri Oxman = Fonte: https://www.ted.com/ talks/neri_oxman_design_at_the_intersection_of_technology_and_biology?language=pt-br#t-1008193 47- MIT = Massachusetts Institute of Technology, ou

em português Instituto de Tecnologia de Massachusetts

48 - Computação Ubíqua = Vassão cita a banalização da computação, no qual o primeiro período pode ser chamado de era do mainframe. Nessa, havia uma alta demanda de usuários e apenas um computador por usuários. A segunda a era do Personal Computer, na qual a relação usuário máquina era 1 para 1. Por sua vez, a terceira era a do Celular a relação era de 1 usuário, para 3 a 4 máquinas. Atualmente, vive-se o quarto período e nesse devido a diminuição dos preços das tecnologias , há uma razão de 1 usuário para diversas máquinas. (Vassão, 2011) 49 - Comunidades Virtuais = Para Vassão, cidade

é um suporte para a comunidade acontecer, dependendo da comunidade a cidade deve mudar, e caso não ocorra essas mudanças a cidade torna-se um obstáculo. Com isso, o autor faz uma alusão as redes sociais e questiona se as mesmas, são ou não cidades virtuais.

50 - SPIN Unit = uma agência urbana internacional

criada para mediar o processo de desenvolvimento das cidades e sociedades digitais. Fornecemos estudos e projetamos soluções para energizar empresas públicas e privadas que lidam com a complexidade do planejamento, tem como localização Eerikinkatu 15-17, 00100 Helsinki, Finlândia e site é http://www.spinunit.eu/ 51 - o Escritório SPIN Unit assim como seu fundador Damiano Cerrone, baseia-se nos modelos do arquiteto Jan Gehl .

52 - Posts = Nome dado para as publicações em

mídias sociais.

67


no qual segundo Vassão (2011) a concepção da cidade passou por algumas formas: a cidade industrial; a cidade de condominio; cidade compacta e cidade distribuída (na qual vive-se atualmente). Essa última, há ambientes baseados em infraestrutura leves e flexíveis, assim como sistemas distribuídos e maior integração. Desta forma, possibilita assim a tendência nômade da população, como também maiores trocas de relações.

Atualmente, além de Vassão outros arquitetos trabalham com esse conceito da interdisciplinaridade para o entendimento do espaço urbano, um desses, é Damiano Cerrone. Para ele e o grupo de pesquisa transnacional SPIN Unit 50, a arte, ciência e tecnologia, podem auxiliar no mapeamento e estudo da imagem invisível da cidade. Essa forma invisível, foi nomeada por eles como Urban Meta-morphology , ou em tradução literal Meta-morfologia Urbana (2016) como citado por Marcilon Almeida de Melo (Vidica, 2018).

68

A

meta-morfologia urbana se propõem

estudar a forma invisível das cidades.

Encabeça-

do principalmente pelos pesquisadores do grupo de pesquisa transnacional

SPIN Unit,

os proje-

tos de meta-morfologia urbana se concentram na produção de visualizações a partir do dados compartilhados em uma determinada localização geográfica.

Para

eles o estudo da forma urba-

na além de ser um clássico objeto de estudo em arquitetura e planejamento foi potencializado

pelo aumento da conectividade digital nas cidades o que desafia nossa concepção tradicional de como usamos e experimentamos os espaços urbanos.

A partir do dados fornecidos pelas pessoas é

possível descobrir novos padrões de uso e novos espaços emergentes

(VIDICA, 2018, p. 150-151).

Com isso, Damiano e o laboratório SPIN Unit usam dos dados produzidos pelas mídias sociais para a identificação de padrões. Uma vez que desejam, revelar a forma perceptiva da cidade, como também mapear as interações existentes entre pessoas e espaço. Além disso, crêem na necessidade do entendimento dos padrões de uso e ocupação, assim como os elementos propulsores dessa mudança (CERRONE, 2017).

Damiano e o laboratório SPIN Unit usaram das tecnologias atuais, para entender as interações existententes em três tipos de cidades: Cidades antigas; cidades modernistas e cidades de subúrbio. Com isso, foi observado que nas primeiras - cidades antigas- as relações e interações são próximas, as distâncias são menores para proporcionar uma sensação de vizinhança. As modernistas por sua vez, as distâncias são maiores e as interações menores. Já as cidades dos subúrbios, não há um padrão de distâncias (Cerrone,

2016).

Portanto,

para

Cerrone

meta-morfologia urbana é a junção


da morfologia- forma física da cida-

banos contemporâneos.

de e cenário usual de trabalho dos planejadores urbanos e arquitetoscom a forma invisível da cidade re-

alizadas por seus habitantes, sendo essa última um cenário pouco usual de trabalho do arquiteto urbanista

(Cerrone, 2016).

2.4 META-MORFOLOGIA URBANA E SEUS ESTUDOS DE CASO

Além dos estudos nos quais identificam a relação entre as distâncias e interações da população com a cidade, o laboratório SPIN Unit também analisou o potencial dos dados das mídias sociais para análises urbanas.

Devido a essa razão, neste item do trabalho, busca-se explorar referenciais de embasamento teórico e projetual do laboratório transnacional SPIN Unit. Pois neste, utilizam-se do Big Data produzido por sensores e mídias sociais como ferramenta de projeto urbano. Além disso, possui uma abordagem interdisciplinar e questionadora, na qual não apenas quantifica e indentifica as relações pessoa versus cidade, como também questiona os processos ur-

O primeiro estudo de caso é o Bonde de Turku. Esse foi selecionado pois utilizam das mídias sociais e Big Data para analisar as interações urbanas na cidade de Turku. A problemática abrangida baseia-se no entendimento do espaço por meio do Big Data para o planejamento urbano. O segundo caso por sua vez, é o Paisagem Coletiva de Helsinki, no qual atráves de fotos das mídias sociais busca-se entender a visão que a população tinha da paisagem urbana. Por fim, assim como o segundo, o terceiro caso também faz uso de imagens coletadas das mídias sociais, contudo para melhorar cidades na

Rússia.

53 - SIG = Sigla para Sistema de Informação Geográfica 54 - Selfies = Foto na qual, o usuário captura sua

própria imagem.

55 - Endereço Virtual = Existem várias manei-

ras de encontrar a localização geográfica de um usuário: API, HTML5, sinal de célula e endereço IP, para citar alguns. O emparelhamento do endereço IP com uma localização geográfica é o método que usamos para fornecer dados de geolocalização. Fo n t e : h t t p s : / / w w w. i p l o c a t i o n . n e t /

69


2.4.1 BONDE DE TURKU SPIN Unit

Localizadas as margens do Báltico no sudoeste da Finlândia e ao oeste-noroeste de Helsinki. Uma das cidades mais antigas da Finlândia, Turku - sueco Åbo- destacava-se por ser um dos principais centros econômicos da região. Além da importância econômica, a região foi capital da Finlândia até 1812, durante o domínio sueco e russo (ENCY-

CLOPAEDIA BRITANNICAa[21-].

70

Em 4 de setembro 1827, uma boa parcela da cidade foi destruída por um dos maiores incêndios urbanos da história dos países nórdicos, sendo consumida pelo fogo 75% da cidade, desabrigando 11.000 pessoas e 27 vítimas mortais. Após esse acontecimento, Helsinki passa a ganhar maior notoriedade em relação a Turku. A cidade, foi reconstruída baseada no projeto do arquiteto alemão Carl Ludving Engel , desenho o qual influenciou de forma significativa na disposição das outras cidades finlandesas (ENCYCLOPAEDIA

BRITANNICAa [21-]).

Atualmente, Turku é uma cidade de alta importância logística para a região, devido ao seu poten

cial hidroviário. Nela, localiza-se um dos portos mais importante da Finlândia em relação ao transporte de passageiros, esses destinados à toda região da Finlândia como as Ilhas de Aland, ou até mesmo Estocolmo na Suécia (OFICINA ECONÓMICA

Y COMERCIAL DE ESPAÑA EN HELSINKI, 2016). Além de possuir o maior porto de inverno, a cidade destaca-se também pela indústria de refino de açúcar, produção de aço, eletrônicos, madeira serrada, farinha, cerâmica e têxteis. Ademais da relevância econômica, a cidade destaca-se no âmbito populacional, sendo 5ª maior da Finlândia, com uma população de 175.000 habitantes, falantes de finlandês e sueco (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAa [21-]). Em relação ao projeto, foi solicitado ao laboratório SPIN Unit , em 2015, a compreensão das interações existentes entre pessoas e o centro da cidade de Turku, para a implantação de uma nova linha de bonde na região.

Para isso, o grupo de pesquisa consumiu os dados produzidos pelo Twitter e Instagram, na cidade de Torku por três meses (Figura17). Com isso, monitorou-se os locais onde as pessoas realizavam três tipos de atividades, sendo elas: atividades


FIG 17. BONDE DE TURKU

71


2.4.2 PAISAGENS

necessárias, atividades opcionais e atividades sociais .

A primeira - atividades necessárias - são aquelas as quais a população precisa realizar, como por exemplo ir ao trabalho, ou escola. Ao monitorar essa categoria, notou-se uma grande quantidade de atividades, de forma mais distribuída pela região, geralmente mais distante do eixo central ( CERRONE, 2017).

COLETIVAS DE

A segunda por sua vez, atividades opcionais como correr no parque, sair para comer fora, elas ocorrem em menor quantidade quando comparada a primeira, ocorrendo em maior frequência no leste da região ( CERRONE, 2017).

72

Além desses dois, o terceiro modo, atividades sociais foi notada maiores interações no centro de Turku, quando comparado aos outros dois. Após analisar cada um desses tipo de interações, foi-se sobreposto as três camadas - necessário, opcional e social - e analisou-se as interações para tentar compreender a imagem pública e invisível da cidade, destacando-se os locais nos quais ocorriam os três tipos de atividade ao mesmo tempo e os que fugiam desse padrão ( CERRONE, 2017).

HELSINKI- SPIN Unit Fundada em 1550, a atual capital da Finlândia Helsinki- em sueco Helsingfors - localiza-se na foz do rio Vantaa. Em 1710 a cidade foi assolada por uma praga e três anos depois, em 1713, incendiada. Durante a sua construção, houveram diversos ataques a cidade pelos russos e dificultando assim sua reconstrução. Contudo, em 1808 os russos atacam-a novamente destruindo o local . Assim como Turku, Helsinki também foi reconstruída sob o projeto de Carl Ludving Engel, após as catástrofes ocorridas em Turku, Helsinki tornou-se a capital da Finlândia, elevando assim o número da sua população de forma acelerada de 4.000 em 1810 para 60.000 em 1890 . Pós 1919, a região transformou-se em um importante centro econômico, comercial e industrial até a Segunda Guerra Mundial (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAb [21-]).

Atualmente, a capital da Finlândia , a economia local baseia-se em seus portos, malha férrea e rodovias sentido interior. Suas indústrias, se destacam por impressão, têxtil, vestuário e fabricação de equipamentos


(ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAb [21-]). elétricos

O laboratório SPIN Unit, buscou entender como era retratado a paisagem pelos seus moradores, através do Big Data. Para isso, analisaram 60.000 fotos postadas na rede social Instagram . Do total de fotos estudadas, apenas 15% retrataram a paisagem urbana (9.000 fotos), e essas foram classificadas em 3 categorias de paisagem: urbana, natural e mista (Figura 18). Além disso, a maioria das imagens apresentaram paisagens naturais, mesmo sendo em uma das regiões mais urbanizadas da Finlândia. Após sondar as interações, foi feito um recorte

na análise enfatizando os

5

distri-

tos com maior número de postagens: Kruununhaka, Punavuori, Kallio, Töölönlahti e Jätkäsaari.

Em Kruununhaka, bairro com menor quantidade de espaços verdes por habitante em toda Helsinki, as paisagens coletivas mostraram o contrário dessa situação. As fotos do Instagram, mostraram em grande maioria a água e a paisagem das ruas, com suas longas perspectivas. Com isso, enfatizou-se nas publicações a importância de objetos na escala humana para as pessoas, conectando-se assim com a paisagem ao invés dos edifícios icônicos.

Em Punavuori por sua vez, um antigo distrito industrial, atualmente possui características descontraídas . Com análise dos posts 52 , a população concentra em suas imagens em gravar as ruas decorativas com pináculos e outras características arquitetônicas, principalmente vistas ampliadas em duas perspectivas.

Diferentemente das outras, Kallio é um distrito focado em cultura e arte alternativo, no qual seu relevo acidentado leva o olhar do observador para a igreja no ponto mais alto do distrito. Além disso, o ritmo das fachadas das ruas acentuam essa perspectiva focal da igreja. Contudo, ao invés evidenciarem essas características, as postagens do instagram evidenciavam mais a arte urbana, que as fachadas e detalhes do relevo.

Töölönlahti é um distrito de Helsinki, a região é destacada por ser de grande importância histórica com suas edificações. Com as análises das postagens do Instagram, notou-se que os usuários ao invés de retratar essas características, mostraram a natureza existente e os edifícios contemporâneos.

Jätkäsaari, distrito de Helsinki relativamente novo quando comparado aos outros. Além disso, a área está em constante trans

73


formações. Na imagem coletiva do local, seus habitantes registraram na maioria das publicações o mar, e o ambiente construído. Além disso, foram representado grandes objetos monumentais, fotografados a mesma distância e posição.

60.000 fotos postadas na rede social

Instagram,

Apenas 15% 74

retrataram a

paisagem urbana

(9.000 fotos), a maioria das imagens apresentaram

paisagens naturais, mesmo sendo em uma das regiões

mais urbanizadas da

Finlândia.


FIG 18. HELSINKI E AS PAISAGENS COLETIVAS

75


2.4.3 MONOTOWNS RUSSAS - KB Strelka e SPIN Unit

Foram estudadas pelo O Centro de Antropologia Urbana da KB Strelka e o laboratório SPIN Unit, 32 cidades na Rússia, entre : Miass, Kanash, Norilsk, NaChelny e Kaspiysk com in-

berezhnye

tuito de verificar a qualidade de vida delas.

Para isso, foram utilizados os

dados produzidos por mídias sociais

(1,1 SIG

milhões de fotografias) e os de

.A

53

avaliação da qualidade de

vida dividiu-se em três categorias

76

:

disponibilidade (como e em que ruas as pessoas escolhem andar), ativida-

de (como as pessoas passam o tempo fora de casa) e o desenvolvimento da vida cultural.

Como resultado desses estudos, chegou-se as seguintes conclusões (Figura 19) : Das 32 cidades, 5 se destacaram pela elevada quantidade de selfies 54 por cidadão, pelo menos o dobro em relação as outras (Volodarsk, Navoloki, Kameshkovo, localidade urbana Nadvoitsy e Gorokhovets ) Segundo os pesquisadores, analisando a proporção de residentes, em cada uma das 32 localidades, pode ser uma justificativa para esse fenômeno a natureza circundante, pelo patrimônio arquite

De acordo com o mesmo estudo (ARIE, 2017), há uma abundância de fotos tiradas durante as celebrações e eventos familiares: aniversários, casamentos e formaturas, quando comparado com outras formas de atividades - os locais raramente visitam restaurantes e cafés ou fazem compras. Para os pesquisadores, a ausência de atividades culturais, obrigam o cidadão a realizar seu lazer entre familiares e amigos. Ainda em relação ao lazer, a cidade de Kumertau registrou os maior número de imagens relacionadas a cultura e Primorsky Krai o menor.

elas

tônico e pela atividade turística.

Com bases nos dados, notou-se que os moradores têm preferência pelo centro urbanizado da cidade ou os micro distritos remotos, locais geralmente marginalizados. Além disso, ´percebeu-se também que a população mais jovem raramente vai as áreas naturais da cidade. Quando analisado a frequência de dados, as atividades concentram-se mais nas áreas suburbanas mais próximas. Ademais, Baykalsk se destaca como maior cidade de “lazer ativo”, na qual há um imenso volume de fotos (ARIE,

2017).

Um elemento que quase nunca é capturado, mas marcante nos espaços, são as fábricas. Com


isso, os observadores chegaram as seguintes conclusões em relação a estes espaços “ O potencial de desenvolvimento desses espaços é muito maior do que o seu significado exclusivamente simbólico. A renovação pode levar à renovação de seu status e pode transformar esses espaços em centros culturais e sociais” (ARIE, 2017) . Alguns dados obtidos, divergiram do senso comum de ocupação da cidade e as emoções por elas causadas, como citado por Arie. A análise das fotografias e os lugares, pessoas e eventos capturados por elas permitiram aos pesquisadores ver quais emoções são desencadeadas por determinados lugares da cidade e descobrir sua localização.

Foi

determinado o quão

agradável cada cidade é para seus residentes.

Baykalsk foi o líder na categoria “qualidade do espaço”: as pessoas costumam tirar fotos das vistas pitorescas e dos espaços da cidade. A cidade de Belebey, na

República

do

Bascortostão,

aparece em

último lugar na lista. pois as pessoas não sentem a necessidade de tirar fotos de vários objetos, como atrações turísticas, por exemplo

ve-se

(ARIE, 2017)

Além as

desses dados, obteseguintes considerações

(ARIE, 2017) :

A-) 4% das fotografias foram tiradas em salões de beleza, clubes esportivos e outras áreas de bem-estar ;

B-) 22% dos cidadãos con-

sideram a cidade insegura;

C-) Cerca

de 93% das fotos dos habitantes locais têm uma imagem de uma pessoa nelas, em oposição aos 84% dos ​​ visitantes;

B-) Em Tutayev, a diferença é de 23%: os turistas estão definitivamente interessados ​​em igrejas antigas, mas os moradores não se sentem atraídos;

C-) Apenas 9% dos moradores de Gorokhovets, uma cidade cheia de marcos históricos, se preocupam com os marcos; D-) 83%

das fotografias foram tiradas ao ar livre;

77


FIG 19. MONOTOWNS RUSSAS E AS MÍDIAS SOCIAIS

78


2.5 ARQUITETURA 4.0 : SISTEMAS, COMPLEXIDADE E TECNOLOGIA

As cidades são ambientes nos quais acontecem as maiores mudanças, e muitas dessas influenciadas pela tecnologia. Nelas, vive-se atualmente em uma era de grande velocidade e difusão dos avanços tecnológicos, os quais possibilitam o nomadismo da população. Além dessa alteração, tem-se uma outra muito importante: passa-se a localizar não somente pelo o seu endereço físico, como principalmente pelo o virtual .

Ademais desses fatores citados a cima, é crescente o número da população urbana, dos seus dados e suas interações. Com isso, como já defendido por Christopher Alexander, torna-se mais complexas as interações os personagens das cidades, como também eleva-se o número de sistemas existentes nela.

Assim como mencionado por Christopher Alexander e acordado por Silvio Macedo, Caio Vassão e Damiano Cerrone, o ato de projetar a cidade não deve ignorar a complexidade existente na mesma. Para isso, pode-se e deve-se utilizar-se de dois itens primordiais : a tecnologia e transdisciplinaridade moriniana. Fato

este, muito bem executado por alguns arquitetos em seu processo criativo, como Neri Oxman, Caio Vassão , Damiano Cerrone e o laboratório transnacional e interdisciplinar SPIN Unit (como evidenciado nos estudos de caso).

Estes novos dados (os quais até então não eram possíveis em outras eras de planejamento das cidades), possibilitam novas informações que podem ser utilizadas no planejamento urbano, como também no entendimento da apropriação do espaço. Dados como: selfies, tags, geolocalização, tweets, posts, sensores entre outros, podem analisar uma cidade que até então era invisível, mas estava em constante construção por seus habitantes.

79


80


<3< BARRA FUNDA NA ERA 4.0

81


BARRA FUNDA NA ERA 4.0 3.1.1 HISTÓRICO DO

3.1 A REGIÃO

região Oeste de São Paulo é composta por três regiões administrativas : Butantã, Pinheiros e Lapa. Esta última é subdividida em 6 distritos são eles : Jaguara, Jaguaré, Vila Leopoldina, Lapa, Perdizes e Barra Funda, sendo este último foco de estudo do presente trabalho.

Segundo o Sistema Estadual Análise de Dados ( FUNDAÇÃO SEADE, 2019), a Barra Funda têm como área 5,6 quilômetros quadrados, com uma população de 15.927 habitantes em 2019,

82

BAIRRO - BARRA FUNDA

A

de

uma taxa de crescimento anual 1,29% . Além disso, devido ao seu alto índice de envelhecimento - 117,43% - há a predominância da população acima de 60 anos (20%). Em relação as condições de vida do local, segundo o Censo de 2010, a região possui como renda per capita R$ 2.698,12 ou seja R$ 1.571,15 a mais que a média do Município. A região se destaca por diversos fatores, entre eles: Histórico, Cultural, Topográfico e Diversidade do Uso e Ocupação.

Segundo Brunelli (2004), a região originou-se a partir da Chácara do Carvalho antiga área pertencente ao Barão de Iguape, avô materno do primeiro prefeito de São Paulo em 1898, o Conselheiro Antônio Prado . O local fragmentou-se na praça Marechal Deodoro e nas ruas Vitorino Carmilo, Brigadeiro Galvão e Barra Funda.

Para a mesma autora (2004), há três versões para o nome do local. A primeira “derivado de Baraonda ou Barafonda que, na linguagem de Dante, quer dizer um lugar de bastante confusão (característica bem marcante na região)”. A duas últimas por sua vez, baseiam-se em características hidrográficas do local e a interação entre ser humano e espaço, como citado por Brunelli .

Existiam muitos Tietê, nas partes baixas, e

portos

de

areia

no

para chegar a eles o

caminho era em declive até a barra do rio.

En:

tão, quando se de dirigiam aos portos diziam

E

uma

outra relaciona o nome provocado pelo rio

Vamos

Tie-

à

“barra

baixa”, ou

“barra

funda”.

tê e à retirada de areias de suas margens, que


as tornou profundas

(BRUNELLI, 2004, p. 19).

Ainda em relação a hidrografia, a região era permeada por diversos braços de água do Rio Tietê, como : Córrego Sumaré, Córrego Quirino dos Santos e Córrego Pacaembu. Este que, segundo Brunelli (2004), partia os 5 metros de várzea (nas proximidades da Rua do Bosque e Rua Anhanguera, havia a predominância de diversos bares) e uma profundidade relativamente significativa originando assim as enchentes na parte baixa da Barra Funda. Com isso, só era possível a travessia de pedestres na região no período de chuvas. Devido a essas enchentes, o local foi denominado de “Várzea da Barra Funda” no qual havia os campos de futebol. Nesta mesma região instalou-se a “Anglo-Mexicana” (Shell), ficando assim conhecida como “México”.

3.1.1.1 TRANSPORTE E A OCUPAÇÃO DA

BARRA

FUNDA

Na segunda metade do século XIX, a produção cafeeira trazia prosperidade a região, e surge assim o transporte sobre trilhos das estradas de ferro Sorocabana e Santos- Jundiaí, para escoar os grãos produzidos pelos paulistas. Juntamente com a linhas férreas, passa-se

a ocupar e utilizar as várzeas e seus arredores, algo que até então era evitado segundo Brunelli. Contudo, a estação ferroviária funcionou na Barra Funda como importante fator locacional. As margens das ferrovias eram mais procuradas e funcionavam como agentes orientadores da reorganização dos arredores. O sistema de transporte sobre os trilhos provocou derrocada do sistema de transporte por tropas de burro pois, ao contrário deste, que evitava as várzeas, aquele preferia terreno planos, de longas retas e curvas de grande raio.

Assim

sendo, do ponto de vista topográfico, as várzeas eram excelentes.

Além

disso, os trens podiam

chegar ao centro sem a necessidade de expropriações

vultosas

(BRUNELLI, 2004,

p.

20).

Dois anos antes da implantação da linha férrea, inaugurou-se a primeira linha de bondes elétricos na Capital a “Barra Funda - Largo de São Bento” (Figura 20), em 1900. Instalação essa, oriunda da idealização de outro personagem da família Prado, o fazendeiro, empresário e primeiro prefeito de São Paulo o Conselheiro Antônio Prado. Para ele, havia o intuito de ligar a sua morada na Rua Barão de Limeira (Chácara do Carvalho) ao Largo São Bento (centro da cidade).

Concomitantemente aos avanços no transporte, houve uma explosão no desenvolvimento industrial e São Paulo destacou-se como maior produtor de policultura do País (algodão, cana- de- açúcar e

83


84

café). Com isso, passa-se a ter um desenvolvimento industrial e a abertura de novas rotas, como também os grandes fluxos imigratórios. Neste contexto, segundo Brunelli (2004), a região da Barra Funda destacou-se por ser um bairro misto e de habitação operária. Inicialmente, instalou-se pequenas fábricas de caráter doméstico. Anos após, passa-se a ter ocupação das grandes indústrias (têxteis, químicas e metalúrgicas), devido ao adensamento e a impossibilidade de expansão. Com isso, a Várzea da Barra Funda e serrarias, tornaram-se o local de instalação da função industrial.Essas características, estruturam o processo de ocupação do local como citado por Brunelli. A paisagem urbana car-se nas áreas suburbanas,

começou a modificomo uma diferen-

ciação mais nítida entre a zona fabril e residencial. na

Várzea

da

Barra Funda,

as fábricas foram-se

distribuindo de maneira mais esparsa ocupando áreas maiores, sem a antiga concentração de habitação operária no seu entorno.

A Barra Funda Cima, mais influenciada pelos bairros de Santa Cecília, Perdizes e Campos Elísios, assistiu a um processo de expulsão de suas indústrias maiores, caracterizando-se em zona residencial para a classe média, pequena indústria e oficina, conserde

vando poucos traços físicos característicos de bairro operário italiano (BRUNELLI, 2004, p. 20).

Entretanto, foi apenas nos anos de 1920 e 1930 que instalaram-se as indústrias mais importantes na região da Barra Funda de baixo, diferentemente da parte supe

rior e suas pequenas oficinas. Ainda na primeira metade do século XX, o fluxo de imigrantes italianos elevou-se, tornando-os assim responsáveis por grande parcela do povoamento do bairro. Além dessa população, a região destaca-se também pelo o elevado número de população negra, residentes nas moradias de baixa qualidade. Estes, trabalhavam em pequenos estabelecimentos comerciais, prestavam serviços nas casas da população abastado dos Campos Elísios. Além desses trabalhos fixos, estes realizavam também ofícios temporários relacionados com a ferrovia, como carregadores ou ambulantes de comestíveis e recursos de primeira necessidade. Devido a isso, essa população concentrava-se na região do Largo da Banana (atual Memorial da América Latina).

Em 1926, outro marco importante para o transporte ocorre na região, o início do tráfego de ônibus. Dez anos após, as linhas implantadas na região havia como ponto final os bairros mais próximos da região central de São Paulo, entre elas a Barra Funda. Em 1988, há a inauguração da estação Barra Funda do Metrô. Mudança essa que segundo Brunelli (2004), quadruplicou o número de paulistanos habitantes ao longo da via, agregando valor a área e transformando em uma região para moradores de maior poder aquisitivo.


85

FIG 20. O BONDE E HISTÓRIAS ENTRE TRILHOS


Outras

etapas importantes para região foram a implantação do terminal intermodal da Barra Funda (1988) e o Terminal de Ônibus da Barra Funda

(1989).

3.1.1.2 ASPECTOS CULTURAIS Além da questão de transporte, a região destaca também como pólo de importância cultural. Nos primeiros anos do século XX, a região passou por diversas mudanças, aumento-se a densidade demográfica e consequentemente, os aglomerados urbanos, proporcionando assim maiores interações culturais. Como citado anteriormente, a região possuía um dos maiores contingentes de população negra de São Paulo. Este, juntava-se no largo da Banana para tocar e sambar.

86

A região teve grande importância no carnaval de São Paulo. Segundo Brunelli (2004), do antigo Bloco Boêmios da Barra Funda, tornou-se o Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco, fundado por Dionísio Barbosa a população majoritariamente negra da região, utilizava os calçados e calças brancas e as camisas e chapéus verdes. Devido ao governo Vargas, o cordão parou

desfilar nas ruas a partir de 1936, retomando suas atividades e diversos bailes na Rua Lopes Chaves e 1972, torna-se a escola de samba Camisa Verde e Branco. Portanto como defendido por Brunelli (2004), o Samba de São Paulo nasceu na Barra Funda.

Ainda na Rua Lopes Chaves, outro personagem viveu na Barra Funda e ainda estudou o samba paulista, foi o poeta Mário de Andrade (Figura 21). Um dos artistas expoentes da Semana de Arte Moderna em 1922, Mário mudou-se para a Rua Lopes Chaves, nº 546, na Barra Funda em 1918. O poeta, produziu diversas obras, nas quais tinham como cenário a Rua Lopes Chaves, podendo destacar os poemas : Descobrimento, Na Rua Aurora eu Nasci e Quando eu Morrer. Além de cenário de inspiração, como defendido por Brunelli, o local era um ponto de reunião para os artistas e pensadores da época, e manteve-se assim até a morte de Mário.

Mário de Andrade centrou-se na rua Lopes Chaves o conhecimento do mundo, dos homens e das ideias. No seu sobrado, ás quartas-feiras, o escritor recebia visitas de personalidades importantes da época, como músicos, escritores e intelectuais, entre eles os jovens que participaram da Semana de Arte Moderna, além de grupos de alunos. Na calada da noite, principalmente nos últimos anos de sua vida, quem passasse na rua Lopes Chaves nº 546, veria as janelas de seu estúdio


87

FIG 21. MÁRIO DE ANDRADE, A ARTE E CULTURA NA BARRA FUNDA


N

FIG MAPA 22. MAPA ASPECTOS CULTURAIS PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURA E TOMBAMENTOS

88

LEGENDA Bens Tombados

Teatros / Cinemas / Shows

Área Bem Tombado

Espaços Culturais

Museus

10000

0

Área de Estudo

5000

30000


abertas e luzes acesas.

estaria

Mário

de

An-

drade trabalhando em sua obra vasta, ou tirando de seu companheiro inseparável de tantos anos um pequeno órgão

-

-

sons puros de de composito-

res consagrados, como

Chopin, Mozart, Brahms, Bach. Segundo exigências desse modernista, expressas em seu testamento, a casa Beethoven

e

só poderia ser ocupada pela própria família ou como um centro de arte.

Mário de Andrade morAcometido por um enfarte fulminante no topo da escadaria, desceu rolando os degraus (BRUNELLI, 2004, p. 39). 1945,

reu em

nesse domicílio.

Essa residência de grande relevância histórica, foi tombada pelo CONPRESP e o Condephaat. Contudo, mesmo com esse caráter especial o imóvel mantém-se subutilizado como citado por Brunelli.

capomastri da rua Vitorino Carmilo; as Casas operárias da vila dos ferroviários; Theatro São Pedro; Casa Mário de Andrade; Memorial da América Latina e o Parque Água Branca, entre outras. Para o referido trabalho será estudado os dois últimos, pois são pertencentes diretamente a área de intervenção proposta (Figura 22).

A Casa Mário

de

Andrade

é um exem-

plo de como um imóvel com importância histórica é subutilizado urbano.

Não

.A

casa está isolada no contexto

houve um projeto para que o bair-

ro recebesse este patrimônio e os moradores não se envolveram com o tombamento, assim como a maioria dos paulistanos desconhece o trabalho ali realizado.

As edificações vizinhas já deveriam , oferecendo um certo apoio co-

estar preparada

mercial e de serviços para atrações turísticas do

Brasil

e do mundo

(BRUNELLI, 2004, p. 39).

3.1.1.3 TOMBAMENTOS Assim como a Casa Mário de Andrade, a região possui diversos bens de importância histórica e cultural, entre eles: Os imóveis tipo

3.1.1.3.1 MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA O Memorial da América Latina teve (Figuras 23 e 24) como intuito de projeto,um espaço de integração e informação dos países latinos - americanos (BRUNELLI, 2019). Com uma mistura de manifestações culturais, envolvendo arquitetura, música, artesanatos, objetos históricos e culturais e artes plásticas.A união dessas manifestações culturais busca evidenciar as lutas, cultura, trabalho e aspectos cotidianos do povo latino americano.

O local é oriundo da idealização do antropólogo Darcy Ribeiro e projeto do arquiteto modernista Oscar Niemeyer. Inaugurado em 18 de março de 1989, buscava integrar os povos latinos americanos, assim como sua cultura. O projeto tem

89


20 mil metros quadrados construídos em um terreno de 78 mil metros quadrados. O complexo passou por diversas modificações, como por exemplo em 1922, com a inauguração da sede permanente do Parlamento Latino Americano, a primeira instituição internacional sediada no Brasil (BRUNELLI, 2019). O Memorial foi tombado em 11 de dezembro de 1997, pelo Condephaat (RES. SC 75/1997) e pelo Conpresp (RES. 08/2012) por ser um complexo importante da obra de Oscar Niemeyer e o caráter continental de importância ao povo latino americano. como área total

As diversas atividades culturais são divididas nos seguintes blocos:

90

E -) Pavilhão da Criatividade, com arte popular latino americana e das civilizações pré-colombianas;

A-) Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL);

B-)Biblioteca Latino cana vinculada ao CBEAL;

Ameri-

C-)Salão de Atos, com obras dos artistas Cândido Portinari, Caribé e Poty;

D-) Auditório Simón Bolívar;

FIG 23. CROQUI MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA OSCAR NIEMEYER

F -) Galeria Marta Traba, único espaço museológico do Brasil dedicado inteiramente a cultura latino americana; G -) Praça Cívica, para gran-

des eventos;


91

FIG

24.

MEMORIAL DA AMÉRICA OSCAR NIEMAYER

LATINA


3.1.1.3.2 PARQUE ÁGUA BRANCA

92

Segundo Lagoa (2008),

a origem do parque é dado com a transferência das antigas dependências de Produção Animal e de Exposições existentes na Mooca para a atual região do Parque, gerando assim o “Pavilhão de Exposições de Animais” em 1928. Na região na qual foi instalada esse pavilhão, já havia em suas proximidades as estações férreas “ The São Paulo Railway” e a “Estrada de Ferro Sorocabana” auxiliando assim, uma futura locomoção de pessoas.

Contudo, seguinte (1929),

foi apenas no ano que o parque foi criado com o nome “Parque Estadual Dr. Fernando Costa”, mais conhecido como Parque Água Branca (Figura 25). Inicialmente, de acordo com a mesma autora, o local possuía como intuito principal acolher o Recinto de Exposições e Provas Zootécnicas. Devido a esse fato, havia diversos animais como bovinos, equinos, ovinos e caprinos, além de peixes e árvore frutíferas. Ao decorrer dos anos o parque passou de um caráter restrito (patrimônio agropecuário), para local de visitas públicas, essas intensificadas pelas

atividades de cultura e lazer existente no parque.

Além de um importante respiro verde para a região de São Paulo, o local possui importância histórica e arquitetônica. Com arquitetura de Estilo Normando, projetada pelo engenheiro Mário Whateley, e vitrais Art Deco de motivos rurais idealizados pelo artista Antônio Gonçalves Gomide, o local tornou-se tombado pelo CONDEPHAAT (RES. SC

25/1996).

O Parque da Água Branca foi concebido em 1929, com uma configuração predominantemente Eclética, apesar de suas funções iniciais estritamente agropecuárias. Grandes maciços arbóreos, elementos românticos, como pérgulas, lagos à semelhança dos parques europeus, fazem parte da sua composição (LAGOA, 2008, p. 34).

Atualmente o Parque é um ponto atrator de público diverso, devido as suas atividades como : Festivais, feir as culturais, clube de leitura, baile da terceira idade, cursos, oficinas. treinamento da cavalaria militar, equitação adaptada, feira orgânica, além do museu, aquário e trilhas.


93

FIG 25. PARQUE ÁGUA BRANCA E O RESPIRO URBANO


3.1.2 ÁREA DE

3.2 BARRA FUNDA

INTERVENÇÃO

ATUALMENTE

A Barra Funda, sofreu diversas modificações ao longo de sua formação além de características importantes para sua configuração urbana entre elas: industrial, fabril, precursor inovações do transporte, berço cultural, além de outras diversas características atratoras.

Considerando o contexto estudado, a Barra Funda é um local propício para um estudo de caso, como também o entendimento dos seguintes conceitos na escala urbana: complexidade; diagrama de árvore; diagrama de semi-reticula; sistemas; sistemas de espaços livres e novas tecnologias.

94

A área dada pelo polígono formado por: Avenida Auro Soares de Moura Andrade, Rua Fuad Naufel, Avenida Doutor Adolfo Pinto, Avenida Francisco Matarazzo e Rua Dona Germaine Burchard, possui uma grande diversidade de interações (tanto físicas como virtuais) e de complexidade de usos. Portanto, foi escolhida como área de intervenção e análise (Figura 26) .

Analisando a área e entorno existentes podemos observar alguns traços fundamentais da sua configuração.

A ferrovia, em sentido leste-oeste, é uma importante linha na configuração das quadras. As vias que estruturam a região são a Av. Francisco Matarazzo, em sentido paralelo à ferrovia, além das duas vias perpendiculares, sentido norte-sul: Av. Antártica e Av. Pacaembu. Estas são as vias de maior circulação, tanto por passantes a pé como ciclistas; na circulação de pedestres, destaca-se ainda a área do parque como local de caminhada. Em meio à essa malha urbana, destacam-se dois grandes complexos, duas áreas de patrimônio tombado de grande extensão: o Parque da Água Branca e o Memorial da América Latina (Figura 22).


95

FIG 26. O LOCAL DE INTERVENÇÃO


FIG 27. A (S) BARRA (S) FUNDA (S)

96


3.2.2 LEGISLAÇÃO

3.2.1 EQUIPAMENTOS E FATORES SÓCIO-DEMOGRÁFICOS

Entre ambos os pontos (Memorial e Parque), nota-se a concentração de equipamentos culturais ,especialmente teatros, cinemas e casas de show. Ainda na chave de equipamentos, é notável a grande quantidade de edifícios educacionais, públicos, privados, e sistema S (Sesi e Senai), além de equipamentos voltados para direitos da Criança e do Adolescente (Figura 28).

A análise de dados sócio-demográficos demonstra uma densidade especialmente baixa junto à área da ferrovia e do parque. As densidades (Figura 29) são maiores à sul e leste, atingindo valores até 351 hab./ ha; ainda, é uma área de baixa densidade quando comparada com as áreas vizinhas mais ao centro, como Santa Cecília. A vulnerabilidade social, medida pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) indica baixíssima vulnerabilidade (Figura 30) .

O exame da legislação vigente, 2016, indica não só quais são as possibilidades projetuais, mas indicam qual é a visão planejada para a área pelos órgãos públicos, através do plano diretor e do zoneamento e, nesse caso, também da lei de operação urbana.

O plano diretor divide a região em duas macroáreas (Figura 31): Macroárea de Estruturação Metropolitana, seguindo a ferrovia e ao longo da Av. Francisco Matarazzo e quarteirões adjacentes; Macroárea de Urbanização Consolidada, ao sul da avenida e do parque .

Já o zoneamento (Figura 32) trata a área de maneira homogênea, majoritariamente definida como Zona Mista (ZM), onde a intenção é manter a densidade construtiva como média e baixa, promovendo usos residenciais e não residenciais. Alguns quarteirões adjacentes às Av. Antártica e Av. Pacaembu foram definidos como Zona de Estruturação Metropolitana (ZEM), e portanto almejam maiores densidades construtivas. Destaca-se ainda uma área definida como Zona Especial de Interesse Social 5 (ZEIS-5 - lotes vazios

97


FIG 28. MAPA EQUIPAMENTOS URBANOS

98


ou subutilizados em áreas dotadas de infraestrutura), que está justamente implantada fazendo uma ligação entre o parque e o memorial.

Ainda, sobrepõe-se à essas determinações a lei da Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB). Especialmente, vale mencionar que toda a área passou, com a lei, a dispor de coeficiente de aproveitamento máximo (CA máx.) igual a 4, aumentando a densidade construída. Ainda, o plano da OUC define objetivos de melhoramentos para a área, focando em: reestruturar o viário local; melhorar os sistemas de macro e microdrenagem; implantar espaços públicos e equipamentos de interesse da comunidade e que permitam o adensamento (sobretudo, foram definidas as construções de unidades educacionais) (Figura 33).

3.2.3 QUESITOS EXISTENTES

Duas áreas principais de patrimônio: Parque da Água Branca e o Memorial da América Latina, aos quais se adicionam outros edifícios isolados tombados; a área se mostra ainda com uma concentração de equipamentos culturais (teatros/cinemas/ shows);

É também notável o número de equipamentos educacionais e ligados aos direitos da Criança e do Adolescente;

As vias de maior circulação, tanto a pé como de bicicleta é, sem dúvida a Av. Francisco Matarazzo, além das duas vias sentido norte-sul: Av. Antártica e Av. Pacaembu; a pé, se destaca a quantidade de caminhantes no interior do parque;

Densidade majoritariamente baixa, especialmente na área da ferrovia e do parque; trecho sul e leste têm densidades maiores, sem atingir ainda as densidades mais altas das áreas vizinhas em direção ao centro, como Santa Cecília;

Vulnerabilidade Social baixíssima, com áreas isoladas de vulnerabilidade “muito baixa”;

99


FIG 29. MAPA DENSIDADE HABITACIONAL

100


FIG 30. MAPA DO ÍNDICE PAULISTA DE VULNERABILIDADE SOCIAL

101

Área de Estudo


N

MAPA MACROÁREA

FIG 31. MAPA MACROÁREAS

102

LEGENDA

10000

0 5000

Estruturação Metropolitana - MEM Urbanização Consolidada - MUC Área de Estudo

30000


N

MAPA ZONEAMENTO FIG 32. MAPA DEZONEAMENTO

103

LEGENDA - PERÍMETRO DAS ZONAS TRANSFORMAÇÃO

QUALIFICAÇÃO ZC

ZEIS - 5

10000

0

ZEPAM

ZM

ZEM

ZEIS - 3

ZEPAM

Área de Estudo

5000

30000


N

MAPA OPERAÇÕES URBANAS E ZEIS FIG 33. MAPA OPERAÇÃO URBANA ÁGUA BRANCA

104

LEGENDA Operação Urbana Água Branca Operação Urbana Água Branca (Perímetro Expandido) ZEIS 5 Área de Estudo

10000

0 5000

30000


3.2.4 PROJETOS E ZONEAMENTO

Macroárea de Estruturação Metropolitana ao longo da Av. Francisco Matarazzo e quarteirões adjacentes e da ferrovia ao norte; Macroárea de Urbanização Consolidada ao sul;

Operação Urbana Água Branca (Figura 33) e seu perímetro expandido;

fragmentado;

B-) Melhorar os sistemas de macro e microdrenagem para diminuir os problemas de inundação ocasionados pela deficiência das redes e galerias existentes;

cos;

C-) Implantar

espaços públi-

D-) Implantar equipamentos de interesse da comunidade (especial

Majoritariamente Zona Mista (ZM), com quarteirões adjacentes às Av. Antártica e Av. Pacaembu definidos como Zona de Estruturação Metropolitana (ZEM); Uma grande área categorizada como ZEIS-5 (Lotes ou conjunto de lotes, preferencialmente vazios ou subutilizados, situados em áreas dotadas de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas) se destaca justamente entre o Parque e o Memorial; Operação Urbana Água Branca A-) Implantar um conjunto de melhoramentos viários visando ligações de longo percurso e a reestruturação do viário local, hoje

3.2.5 FLUXOS

Por meio do aplicativo Strava foi possível gerar os mapas de calores da região, tanto das atividades realizadas a pé (Figura 34) como por meio de bicicletas (Figura 35).

Em relação às atividades realizadas por bicicleta, nota-se o grande fluxo nas avenidas Pacaembu e Antártica. Com o uso do aplicativo, possibilitou-se diagnosticar que a integração entre essas vias são feitas pelos ciclistas na Av. Francisco Matarazzo e Rua Turiassú, sendo a primeira menos segura que esta última,

105


N

DE CALOR BICICLETAS - STRAVA FIG 34.MAPA MAPA DE CALOR BIKE - STRAVA

106

LEGENDA

5000

Área de Estudo +

10000

0

Quantidade de Fluxo

30000


N

MAPA DE CALOR FLUXO CAMINHADA - STRAVA

FIG 35. MAPA DE CALOR ATIVIDADES A PÉ- STRAVA

107

LEGENDA

5000 Área de Estudo

+

10000

0

Quantidade de Fluxo

30000


devido ao alto fluxo de carros e ônibus. Além disso, o Parque tem papel primordial nessa alteração de fluxo para a Turiassú, uma vez que não é permitido dentro do parque atividades ciclísticas (a ciclorrota de São Paulo que vai do Parque Villa Lobos ao da Água Branca, mostra esta última via como desvio ao parque).

Além dessas grandes avenidas e a Turiassú, há um grande fluxo de atividades ciclísticas na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, devido a existência da ciclovia (como nas outras avenidas citadas acima).

Além dos aspectos citados acima, na vista de campo percebeu-se um eixo muito importante de conexão entre a Francisco Matarazzo e a estação Palmeiras - Barra Funda a Rua Deputado Salvador Julianelli.

3.3.6 GABARITO E MOBILIDADE

O fluxo de pedestres por sua vez, ao contrário do de bicicleta, é intenso na região do Parque Água Branca, uma vez que segundo o mesmo aplicativo as pessoas utilizam do parque como caminho que interliga a Pacaembu e a Antártica. Para isso, os pedestres fazem o seguinte percurso: Rua Dona Ana Pimentel à Avenida Antártica e Av. Francisco Matarazzo a Pacaembu. O aplicativo destacou uma intensidade na movimentação de pedestres divergente dos ciclistas na quadra dada pelas seguintes vias: Rua Margarida, Rua Marta, Av. Francisco Matarazzo e Av. Pacaembu. Ao analisar á vista de campo, notou-se que este circulação era intensa, devido a grande quantidade de locais de comerciais.

108

Em relação ao gabarito (Figura 36), a região têm uma predominância de gabarito baixo os quais em sua maioria são de 2 a 10 pavimentos. As edificações que divergem dessa tipologia construtiva, em sua maioria são prédios comerciais e faculdades.

Quando analisado o aspecto da mobilidade, nota-se que a região é muito bem abastecida de infraestrutura. Além do metrô PalmeirasBarra Funda, no qual diariamente circulam diversas pessoas, devido a possibilidade de baldeação direta para as linhas: 8- Diamante; 3- Vermelha e 7- Rubi (conectando assim a zona Oeste ao Centro), nota-se também a existência de corredores de Ônibus nas avenidas Francisco Matarazzo e São Vicente e rede cicloviária tanto nas grandes avenidas como nos miolos de bairro. Com isso, é possível de acessar os locais de interesse no bairro de forma fácil.


N

36. MAPA DE GABARITO MAPAFIG DE GABARITOS E MOBILIDADE

109

LEGENDA ATÉ 2 PAV 3 a 6 PAV 7 a 10 PAV 11 a 15 PAV

Corredor de Ônibus

16 a 20 PAV

Cicloviária

20 a 25 PAV Superior a 25 PAV


tacionamentos.

3.2.7 SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES

Na região o Sistema de Espaço Livre (Figura 37) que mais se destaca é o de Circulação, esse como mencionado no capítulo 1 do trabalho é composto por : Calçadas, ruas, avenidas, vielas e ciclovias. Com isso, esse espaço é responsável pela maioria das interações e complexidades do local (como citado por Morin e Christopher, no capítulo 1). Além destes, no SEL-Circulação, há também os estacionamentos. Estes, estão presentes na região e forma dois grandes vazios subutilizados ambos na Rua Tagipuru e próximos ao Memorial da América Latina.

110

Além do SEL Circulação, na área destaca-se a existência dos sistemas complementares de espaços livres, mas principalmente o subsistema Coletivo, já definido no trabalho, nesse subsistema estão os locais com maiores publicações nas mídias sociais digitais como por exemplo: Memorial da América Latina e Allianz Park.

Outro tipo de espaço livre é existente, e tem uma grande importância para região. Este é o Espaço Livre de Práticas Sociais, o qual pode ser exemplificado pelo Parque Água

3.2.8 TWITTER E INSTAGRAM

Após analisar mais de 11.660 tweets, ao longo do período estudado (agosto a novembro de 2019), surgiu alguns resultados . No local, destaca-se três maiores pontos de interações pessoas versus espaço são eles: Allianz Parque, Parque água Branca e Memorial da América Latina. O triângulo formado por esses três elementos, gera um eixo de maior interação digital, com sub regiões de altas postagens, como é o caso da quadra dada pela Av. Francisco Matarazzo, Rua Germaine Burchard, Rua Tagipuru e Avenida Doutor Afonso Pinto. Nesta quadra há a maioria das casas noturnas nas região, e por sua vez as postagens não retratam, em sua maioria os espaços livres, mas sim os espaços construído. Em relação a visita técnica, o Parque demonstrou um público majoritariamente mais velho, que usufruem do parque diariamente. Contudo, tanto nas mídias sociais como no aplicativo Strava, o local demonstrou também uma grande quantidade de público jovem, principalmente em atividades como festivais existentes no parque. Durante a visita, o local demonstrou-se como uma região de permanência. Porém nas mídias além


N

MAPA DE FIG SISTEMAS DE ESPAÇOS 37. MAPA DE SELSLIVRES

111

SEM ESCALA

LEGENDA

Sistemas de Espaço Livre Circulação SEL - Cir

Espaço Não Livre Espaço Livre de Práticas Sociais Sel - PS

Sistema Complementar de Espaços Livres - SCEL ( Subsistema - Coletivo)

E

Sistemas de Espaço Livre Circulação Estacionamento


dessa característica, o local também é um elemento de travessia. As maiorias das postagens, demonstram a apropriação desse espaço livre evidenciando mais as vegetações que as construções tombadas. Além disso, há um grande número de ensaios fotográficos no local, principalmente de pré wedding ou de cursos de fotografias. Além disso, nas análises de twitter demonstraram atividades recorrentes no local como artes marciais e reutilização das estruturas originais para outros usos como é o caso dos estábulos, nos quais são praticadas desde karaté a encontros escolares.

112

Além disso, algumas palavras foram recorrentes nas postagens das mídias sociais, entre elas: Allianz (com repetição de 799 vezes, no período analisado), Parque (repetindo 780 vezes), Palmeiras (com 177 vezes) e São Paulo ( 144 vezes).

Contudo, há outros termos que possuem uma recorrência de repetição nas postagens além destes citados acima, das quais as palavras com maior número de repetição apenas 5 estão diretamente ligadas a apropriação dos espaços livres, são elas: Exposição, Minhocão, Lazer e bike.

Ainda no âmbito das palavras postadas, há alguns números que se

repetiram ao longo do estudo como por exemplo a frequência de repetições. A quantidade de frequência de repetições que mais se destacam são: 5 repetições (320 palavras, repetidas 5 vezes), 10 repetições (69 palavras que se repetem 10 vezes) , 11 repetições (46 palavras repetem-se 11 vezes) e 12 repetições (39 palavras se repetem 12 vezes).

Ainda nessa relação de número de palavras por quantidade de repetição, foram estudadas essas palavras e qual a relação ao espaço e apropriação. Das 39 palavras que se repetem 12 vezes, apenas 4 possuem uma relação direta com a apropriação do espaço, são elas: MondayMotivation, art, casa e architecture. Já em relação as palavras que se repetem 11 vezes há 5 com relação direta ao espaço, são elas: Cidade, Espaço, Casa. Arena e Espaços das Américas. Assim como o anterior, nas repetições de 10 vezes há também 5 palavras que podem ser associadas ao espaço são: História, Vila, Espaço das Américas, Teatro e lugar . O último número de repetições de palavras mais recorrente é 5 vezes, nessa há uma maior relação palavras espaços, com 9 palavras são: Palmeiras-Barra, AllianzParkHall, Concreto, Bourbon,Futebol, Espaço, Bike Tour e Sumaré.


FIG 38. MAPA MÍDIAS SOCIAIS

N

MAPA DE INTERAÇÕES REDES SOCIAIS

113

LEGENDA

Mapa Sem Escala

Português

Espanhol

Inglês

Alemão

Indeterminado

Polonês

Catalão


Foram estudadas também as palavras que representam a região e com isso obteve-se a nuvem de palavras (Figura 39), possibilitando assim identificar que as maiores interações digitais não ocorrem nos espaços livres, mas sim nos construídos. Contudo, dois espaços livres divergem em relação a isso que são os Espaços Livres de Práticas Sociais (Parque Água Branca Sel - Ps) e o Subsistema Coletivo (Memorial da América Latina). Nessa técnica algumas palavras importantes para a região e tem influência com o espaço, são elas: bike, art, lazer, feira, Perdizes, e pés.

114

Ademais das palavras, foi estudado também a predominância do sistema operacional utilizado pelos aparelhos mobiles. Esses índices mostraram que 51,8% utilizam aparelhos androids e 48,2 % utilizam de Ios (Figura 39).Com isso, pode abstrair que essas interações ocorrem majoritariamente por pessoas de classe média a alta, uma vez que os aparelhos androids possuem um preço mais popular quando comparado ao Ios.

As análises permitiram outros insights, são eles (Figura 40):

A-) No

período estudado 4 eventos elevaram o número de publi-

cações (Turnê Nossa História, Exposição Batman 80 anos, Show Bon Jovi e Coala Festival). Ou seja, 50% da elevação dos dados das mídias sociais ocorreram no Memorial da América Latina (Exposição Batman e Coala);

B-) Quatro datas possuíram maior publicações de postagens (24/08/2019 - 113 posts ; 26/08/2019 - 114 posts; 25/09/2019 159 posts; 14/10/2019 - 110 posts). A data com maior publicação e postagens do local, dia 25 de setembro, deu-se devido ao Show da Banda Bon Jovi;

C-) A maioria das interações digitais ocorrem via instagram ;

D-) O português é a língua predominante de publicações.

Avaliando os dados, nota-se que a região possui dois padrões predominantes de escalas de publicações e apropriações são eles: Caráter Metropolitano : Predominante nos Sistemas de Complementares de Espaços livres (Subsistema Coletivo) existente no Memorial da América Latina e no Allianz Park. No primeiro (Memorial), as atividades que mais destacaram nos índices de postagens foram as exposições e festivais. Já no Allianz, o ca-


ráter de importância Metropolitana é enfatizado pois o local possui os maiores números de postagens, movimentando os fluxos da região.

Caráter Local: Dois locais se destacam por ter uma influência mais local que metropolitana são eles: o Parque Água Branca e as quadras das casas noturnas. O parque é um espaço livre de práticas sociais, no qual a maioria das suas postagens destacam a paisagem natural, eventos e cursos, além de ensaios fotográficos. As quadras das casas de shows e eventos, demonstram por meio de suas postagens a vida noturna do local, as baladas, formaturas, shows.

Com isso, percebe-se que há um potencial da região em relação as atividades culturais com uma grande demanda das mesmas. Além disso, há a possibilidade de um eixo de conexão interligando o Memorial da América Latina e o Parque Água Branca, aumentando assim a apropriação e a melhor utilização dos espaços livres subutilizados, como é o caso dos es

115


116

FIG 39. DADOS ABERTOS:MÍDIAS SOCIAIS


117


118


119

FIG 40. DADOS ABERTOS:O ESPAÇO


3.3

O ENSAIO

Primeiramente, antes de discorrer sobre o ensaio proposto, cabe discutir os processos que levaram a este resultado, e quais foram os fatores analisados mais a decisão para a configuração deste ensaio. Essas, resultaram em diagnósticos e

diretrizes

(Figura 41)

A escolha do espaço livre de intervenção, deu-se principalmente devido as complexidades existentes, os dados neles produzidos e os diagnósticos realizados.Notou-se uma apropriação intensa no Memorial da América Latina e no Parque Água Branca, ambos os locais possuem uma identidade forte com a região. Contudo, enquanto o Memorial possui um caráter metropolitano o Parque têm, a nível local. Além disso, diferentemente de muitas do que se era rotulado, no local - Parque- há um grande fluxo de jovens que se apropriam do local. Esta informação, pode ser observada pelo mapa de Twitter (Figura 38).

120

A área escolhida para intervenção pontual, possui a localização estratégica para a região, uma vez que, situa-se entre os maiores pontos de interações digitais (Figura

38),

fica próximo de um bolsão cultural, repletos de bens tombados, teatros e casas noturnas (Figura 22), há uma grande circulação na avenida perpendicular (Av Francisco Matarazzo) ao local (Figuras 3435), baixa densidade (Figura 29) e alta oferta de equipamentos urbanos (Figura 28). Além disso, no local há um grande fluxo de pessoas em diversos horários. Devido a esse fatores e análise do mapa resumo (Figura X), o local escolhido para a intervenção pontual é o Sistema de Espaço Livre de Circulação nos estacionamentos ao lado da rua Deputado Salvador Julianelli (Figura 42) e da Faculdade Uninove.

Segundo o Plano Diretor Estratégico o estacionamento da Uninove é uma Zeis-5 essa tem por definição: V - ZEIS 5 são lotes ou conjunto de lotes, preferencialmente vazios ou subutilizados, situados em áreas dotadas de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, onde haja interesse privado em produzir empreendimentos habitacionais de mercado popular e de interesse social. (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2004, p. X)

Além disso, é uma zona de qualificação, possuindo como parâmetros de implantação um coeficiente de aproveitamento de 0,5 e coe


ficiente de aproveitamento máximo de

4. Como o lote possui área superior a 20 mil m², sua taxa de ocupação é de 0,7. Em relação aos parâmetros de implantação, ocupação e os percentuais de área construída total por usos residenciais e não residenciais, as ZEIS - 5 tem como uma das diretrizes para a ocupação desse espaço, a destinação de no mínimo 40% tanto para HIS 1, quanto para HIS 2, é permitido a construção de Habitação de Mercado Popular (HMP) e no máximo 40% de uso não residencial e estimulando assim o mercado popular, como citado pela lei.

VIII -

estimular a produção de habita-

ção do mercado popular, em especial nas

ZEIS 5 (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2004, p. X)

Portanto, utilizando dos dados, diagnósticos e conceitos estudados ao longo do projeto propõe-se a criação de uma ZEIS-5 com térreo livre e de uso misto, permitindo os fluxos e mantendo as características de ocupação do local. Considerando as visuais e gabaritos (Figura 36) existentes no bairro não seria recomendável no local, a construção de empreendimentos de alto gabarito nessa quadra.

Já o estacionamento próximo a rua Deputado Salvador Julianelli, é um local de grande fluxo de pedestres e carros, havendo uma

alta competição pelo o espaço. Além desses fatores, durante as visitas técnicas - realizadas em diversos horários- pode-se observar que essa via, apesar da péssima iluminação, baixa acessibilidade, a subutilização dos espaços livres próximos, o local têm um grande potencial de apropriação, devido ao eixo de conexão Memorial Parque.

É importante destacar, que este estacionamento da rua Deputado Salvador Julianelli é um bem tombado pela resolução Nº 06 / CONPRESP / 2016 , devido a existência de Edifícios Remanescentes da Antiga Serraria e Galpões Lindeiros. Esse bem, tem como suma importância uma vez que sua preservação, possibilita uma diversidade de tipologias arquitetônicas, além de um testemunha real das técnicas construtivas, identidade afetiva com o local e importância histórica. Contudo, esse local está subutilizado, como outros bens da região.

A partir das análises, foram identificados alguns eixos existentes de fruição pública nos quais possibilitam a apropriação dos espaços livres, além de possíveis novas conexões por meio de requalificação viária e implementação de áreas públicas no terreno do estacionamento próximo a rua Deputado Salvador

121


Julianelli. Para isso, propõe-se a requalificação viária da rua Deputado Salvador Julianelli, tornando-a apenas de uso pedestriano , reduzindo assim a competição por espaço entre o pedestre e o automóvel (Figura 42). Além disso, como mostrado nas plataformas Strava e Omnisci muitas interações acontecem nas regiões próximas dessa via, tornando-a um elemento importante ao fluxo de pedestres. Com isso, também é proposto não apenas uma rua focada ao pedestre, como também melhor iluminação e paisagismo promovendo assim mais segurança ao local.

122

Já no terreno do estacionamento, é proposto uma mudança de função e transformando o local em uma área de economia criativa. Para isso, por meio da implementação de uma área pública e a utilização da infraestrutura do patrimônio histórico, gere atividades culturais, artísticas e locais de descanso a população que faz uso da região. Essa proposta é cabível, uma vez que visto que há uma demanda por esses recursos devido ao uso da região em diversos horários e sua alta complexidade. Além disso, apesar de existir um espaço público esses não se conversam diretamente, e possuem usos institucionais de horário diferente dos quais a população

faz-se o uso dos espaços, uma vez que o horário de funcionamento do Parque Água Branca é das 06:00 ás 20 e o Memorial é da 9:00 ás 18:00 e como mostrado no monitoramento das mídias há um grande fluxo de pessoas, após esses horários devido as casas noturnas. A implementação dessa área, gerará uma ligação entre as ZEIS -5 , Memorial da América Latina, Parque Água Branca e casas de shows, proporcionando maior fluxo e adequando-se às necessidades dos usuários.

Além dessas alterações - requalificação viária da rua Deputado Salvador Julianelli, criação de ZEIS - 5 com térreo livre de uso misto e área de economia criativa no estacionamento de bens tombados - propõe-se uma melhor sinalização na rua Tagipuru, via a qual apesar de uma grande apropriação da mesma pelos pedestres (observado via plataforma Strava e Omnisci) é muito perigosa devido a sinalização ineficiente (como visto na visita técnica).


123

FIG 41. DIAGNÓSTICOS E DIRETRIZES


124

FIG 42. DISPUTA PELO SEL


Melhorar Paisagismo

Novos Eixos

Interligação de Eixos

Alteração de Usos

125

Pedestrialização

FIG 43. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO


126


<4< SISTEMAS A SEL E DA DOS A B E R TO S

127


REFLEXÕES E POSSIBILIDADES No

contexto de urbanização e dados crescentes disponíveis, cabe-se algumas indagações: A formação atual do arquiteto, possibilita ele lidar com essas complexidades existentes da cidade e fornecer um projeto mais próximo de uma “semi-retícula”, que de uma “árvore”? Até que ponto vai-se ignorar a necessidade da trandisciplinariedade na hora de planejar o espaço? Como as novas tecnologias promovidas nessa nova revolução, podem impactar ainda mais a carreira do arquiteto urbanista?

128

As cidades ficam mais complexas, aumenta-se as taxas de urbanização, o endereço de localização não é mais fixo tornou-se móvel, os fluxos aumentaram e os dados produzidos diariamente também. Há o Big Data e as Mídias Sociais, uma nova revolução existente com recursos possíveis de utilização no ato do projetar. Muitas áreas já entenderam a necessidade de utilização destes, contudo a formação de arquiteto urbanista não explora a potencialidade desses dados, não permitindo lidar com toda a complexidade existente de forma eficaz.

Este trabalho originou-se do seguinte questionamento: Como a Quarta Revolução Industrial e seus

resultados impactaria no futuro do trabalho de arquitetos urbanistas? Em resposta, o estudo demonstrou a transdisciplinaridade como solução a complexidade dos sistemas. Isso porque, inicialmente com o estudo e análises apenas dos dados materiais, originou-se uma proposta que divergia totalmente, quando analisado os aplicativos, uma vez que apenas os dados materiais não evidenciam a diversidade de interações entre pessoa x espaço e resultam em um projeto “árvore”. O qual, é ineficiente no cenário atual como mostrado por

A formação do arquiteto , possibilita lidar com as

complexidades

e x i s t e n t e s da cidade e fornecer um pro jeto mais próximo de uma

“ semi - retícula ”, que d e u m a “ á r v o r e ”?


Até

que ponto vai-se ignorar a necessidade da trandisciplinariedade na hora de planejar o espaço? Christopher Alexander e Morin, uma vez que é uma característica normal do espaço criar o caos e promover auto- organização.

Os novos dados e as atuais tecnologias, permitem acrescentar ao projeto camadas que até então não eram consideradas, como por exemplo: sons, sentimentos, mapas de calor de atividades, diversidade de caminho entre os gêneros masculinos e femininos, produtividade entre outros. Com isso, é possível adotar um projeto urbano e arquitetônico mais sofisticado através da utilização de sensores, softwares, aplicativos, plataformas e acessórios conectados a internet, tudo isso de forma rápida e em tempo real. Isso pode ser exemplificado nos projetos de Vassão, Oximan e Cerrone que utilizam conceitos da biologia, design, sociologia, arte, mídias sociais, computação e engenharia de materiais para entender as necessidades e proporcionar projetos mais complexos, assim como é o espaço.

É urgente a necessidade do arquiteto aderir a transdisciplinaridade e as tecnologias atuais como uma ferramenta auxiliar, e não um empecilho a criação. Pois somente com esse entendimento holístico, poderá democratizar a cidade desenvolvê-la realmente de forma sustentável. Caso contrário quiçá, há uma possibilidade dos arquitetos perderem espaços de projetos para outros profissionais que já fazem uso dessas tecnologias aplicadas às cidades.

Como

as

novas

t e c n o l o g i a s

dessa nova revolução, podem impactar ainda mais a carreira do arquiteto urbanista?

129


<5< 130

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< < FAYRA MIRANDA

135


136


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