Jornal 'Voz de Esperanca" [ed. Julho/Agosto de 2011]

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Voz Esperança

Director P.e Avelino Marques Amorim Ano XVIII - 4ª Série Nº 23 Bimestral 1,00 € Jul - Ago 2011

EDITORIAL

Escola da Palavra O problema da fome e da pobreza tem revelado ultimamente níveis acentuados e preocupantes. Muitos são os discípulos do Pão Vivo que, no anonimato e numa entrega sem limites, percebem que não devem simplesmente despedir a multidão sacudindo as mãos. Mas são chamados a providenciar eles mesmos, em pequenos gestos de efeito multiplicador, o pão indispensável para cada dia. Experiência concreta é vivida no Banco Alimentar, a partir da qual é partilhada a última reflexão sobre o capítulo 4 de Mateus, que nos acompanhou este ano como aglutinador pastoral. Nem só de pão vive o homem, mas este é essencial. Pão de cada dia, fundamental na vida quotidiana do Seminário, é a Palavra de Deus. A leitura crente da própria história e a percepção dos sinais e mediações do chamamento de Deus encontram nela o suporte seguro de uma escolha sincera e aprofundada. Esta etapa é marcada por diferentes decisões: do pré-seminário à experiência de vida em comunidade, do discernimento em Seminário Menor à formação presbiteral em Seminário Maior, e mesmo na escolha de outros caminhos de vida. Por todos eles, Deus chama a realizar a vida na mesma radicalidade e entrega amorosa a Si e aos irmãos. E, apesar da diversidade de opções, em todos os casos a experiência de Seminário continua sendo escola de fé e de liberdade para sonhar (vide p.5). Aos que nos acompanharam neste ano, a todos os nossos leitores e amigos, agradecemos a disponibilidade para servir e desejamos umas férias com o justo descanso!

Tudo isto te darei

Eu vos escolhi

“Cada um de nós pode fazer a diferença com a sua forma de estar na vida e com as suas opções”

“Sou muito feliz. E não vejo nada neste mundo que pudesse fazer-me sentir mais realizado!”

Maria Isabel Jonet

Francisco Xavier

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VISÃO

“Tudo isto te darei” (Mt 4, 9)  Maria Isabel Jonet

Portugal é um dos países da Europa com maior taxa de pobreza. Cerca de 20% da população é pobre (2 milhões de pessoas); 200 mil pessoas têm apenas uma refeição completa por dia e 35 mil não têm nenhuma refeição completa por dia. Quando sabemos que existem pessoas ao nosso lado com carências alimentares gravíssimas, idosos que vivem apenas com o que lhes resta das reduzidas pensões de reforma depois de comprados todos os remédios de que necessitam, crianças que só comem o que lhes é dado nas creches ou ATL porque vivem em famílias desestruturadas, poderemos assistir impávidos? A acção do Banco Alimentar assenta na gratuidade, na dádiva, na partilha, no voluntariado e no mecenato. Mas ser voluntário não é só ajudar uma pessoa menos favorecida: é querer estar envolvido como participante em acções

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concretas; é um modo de estar na vida, por via da qual a participação activa e responsável nas diversas estruturas da sociedade é um imperativo de cidadania; é exercício de civismo e de co-responsabilidade pelo bem comum. Todos podemos ser voluntários no exercício das nossas profissões: basta deixar acender a centelha... Cada pessoa dá em função da sua vontade, da sua disponibilidade. Mas existe um efeito multiplicador, em termos de resultados, da acção da sociedade civil quando reunida e organizada. O Banco Alimentar é um bom exemplo de união das vontades de empresas, doadores financeiros, voluntários e instituições de solidariedade sociais que, de forma coordenada, geram resultados muito superiores aos que seriam obtidos se cada um desses agentes da solidariedade resolvesse agir isoladamente. O importante é o comprometimento e o

reconhecimento de que cada um de nós pode fazer a diferença com a sua forma de estar na vida e com as suas opções. Temos procurado aumentar e estruturar a rede de Bancos Alimentares: existem já dezanove que contribuem para a alimentação de mais de 320 mil pessoas comprovadamente carenciadas através de mais de 1980 instituições de solidariedade, todas com grande compaixão por quem precisa de ajuda para se alimentar e muita bondade. No ano passado, distribuíram mais de 26 mil toneladas de alimentos, num valor superior a de 36 milhões de euros a maioria dos quais condenados à destruição; por dia saem dos armazéns dos 19 Bancos Alimentares 105 toneladas de produtos. Criamos uma nova associação, mais estruturante, a ENTRAJUDA, para tornar essas instituições eficientes numa lógica de gestão e organização, replicando


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modelos e procedimentos que já deram provas em empresas lideradas por gestores excelentes na sua gestão. Lançamos a Bolsa do Voluntariado e mobilizamos profissionais para darem um pouco do seu tempo por uma causa, para transformarem a sua profissão numa boa acção. Inauguramos o Banco de Bens Doados, com o objectivo de distribuir a Instituições de Solidariedade Social bens e produtos não alimentares (como por exemplo, equipamento informático, de escritório, etc.) doados por empresas e entidades, em estado novo ou passíveis de reutilização, permitindo-lhes assim canalizar recursos financeiros para áreas mais críticas da sua actividade, de que são exemplo os recursos humanos, indispensáveis à prestação de um trabalho social de qualidade junto da população mais carenciada. E simultaneamente contribuindo para o combate ao desperdício, encaminhando

para essas Instituições de caridade tudo aquilo que deixou de ter valor nas entidades doadoras, promovendo assim, complementarmente, a recuperação de bens e a protecção do ambiente. Lançamos a área Projectos Solidários que permite a empresas empenhadas fazer efectivamente da Responsabilidade Social um Compromisso. O desenvolvimento da rede de Bancos Alimentares em Portugal e na Europa demonstra a sua utilidade como proposta alternativa de acção. São, em meu entender, uma resposta providencial a angústias das nossas sociedades no que se refere à perda de valores. Mas parece-me necessário reflectir um pouco na finalidade da sua acção. Intervêm no sector económico e no sector social, mas o objecto final de sua missão é o homem pobre, necessitado, excluído, isolado na sua fragilidade material, humana e muitas vezes espiritual.

As sociedades ocidentais têm um défice de sentido e de esperança porque os homens são avaliados pela sua capacidade de produção e de consumo, pelo que os pobres não têm lugar. É um olhar diferente que cada um de nós deve ter sobre os mais desprotegidos. Chegar a cada um deles, comungar com cada um deles e sentir-se solidário: é partilhando estes valores, individualmente e em equipa, que encontraremos a força criadora que tornará a nossa acção forte e credível. Temos de lutar incessantemente contra a indiferença e a apatia das pessoas, das instituições. Temos de ser mulheres e homens que sobressaem pela esperança de que damos testemunho. Vivendo na Verdade, enquanto valor primordial que guia as nossas vidas. Levando essa Verdade, com compaixão, aos outros que sofrem, com afecto e esperança.

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ARTE E CULTURA  Luís Silva Pereira

Tentações Neste último comentário sobre o ciclo das tentações de Cristo na arte, apresentamos a imagem de um vitral que se encontra no Victoria and Albert Museum, mas que pertenceu à catedral de S. Pedro de Troyes, em França. Terá sido elaborado na década de 11701180. Representa a primeira tentação de Cristo. Os vitrais são das mais belas realizações artísticas da Idade Média,

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revelando uma estética da luz. Até as estátuas de pedra eram pintadas. As cores adquirem então um simbolismo muito rico, como os animais, as plantas, as pedras preciosas. A Idade Média é profundamente simbólica e poética. A cena representa a primeira tentação. Encontramos, de novo, elementos iconográficos já conhecidos. Cristo apresenta nimbo com a cruz inscrita, atributo exclusivo dele. Com

a mão direita faz um gesto de recusa, enquanto segura com a esquerda a Bíblia que contém a palavra de Deus, que alimenta o homem. O rosto e os olhos – os artistas medievais costumam representar a figura humana com grandes olhos - revelam serenidade e doçura. Longos cabelos e barba, elegantemente penteados, eram sinal de honra e dignidade. Os pés descalços sinalizam pobreza e humildade. Reparemos também na túnica branca e no manto vermelho. O branco é cor característica de Cristo. Exprime alegria, glória, inocência, castidade, martírio. O manto vermelho significa o amor. Nesta pintura, porém, pode também significar penitência, que é o que faz Cristo no deserto. Todo o seu aspecto revela beleza e dignidade, serenidade e mansidão, como indicia a cabeça levemente inclinada. A cor amarela do chão lembra as areias do deserto, das quais brotam plantas raquíticas, de tom acastanhado, como convém à flora do deserto. A figura do demónio contrasta com a de Cristo. É de uma fealdade animalesca, nu e peludo, cabelo curto e desgrenhado, boca disforme, orelhas enormes, nariz adunco, patas em vez de mãos e pés. As asas encontram-se no lugar da cauda, distinguindo-as assim, claramente, das asas dos anjos bons. O mais interessante, porém, é a cor verde do demónio, além dos cornos em forma de serpente. A cor verde representa a primavera da Natureza e do Céu, simbolizando a alegria do paraíso e a esperança de o alcançarmos. Aqui, porém, o verde significa ódio e veneno. Ainda hoje dizemos que uma pessoa fica verde de raiva. Notemos, ainda, as cores que servem de fundo às duas figuras. No caso de Cristo, é o azul, que simboliza o firmamento e o céu. Por isso se pintavam de azul as abóbadas das igrejas. O fundo do qual surge a figura do demónio é vermelho. Significa, por certo, o fogo do inferno.


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SEMINÁRIO MENOR  João Henrique - 12º Ano

Uma viagem

faz-se caminhando… A “viagem de finalistas”, como nós a chamamos, realizou-se, de 16 a 18 de Abril, aos Picos da Europa. Este local, palco de um grande património natural e paisagístico, foi escolhido pelo 12º ano, como forma, não só de desfrutar e descansar, mas também para discernir e perspectivar o nosso projecto de vida para o futuro. Partimos de Braga com destino a León. Aí visitamos a catedral e deslocamonos pelas maravilhosas ruas do centro da cidade. Seguidamente dirigimo-nos para Caim, passando anteriormente por Riaño e chegando finalmente a Cangas de Onis, onde descansamos nos dois dias em que

pernoitámos na nossa jornada. No dia 17, Domingo de Ramos, participamos na Eucaristia de Covadonga. Para além disso, Covadonga, local donde partiram as reconquistas cristãs, deunos a oportunidade de conhecer a lendária capela de Nossa Senhora de Covadonga, que se encontra inserida na encosta rochosa e também a catedral. Posteriormente, percorremos a zona dos Lagos de Covadonga e ainda Puebla de Sanabria. No último dia, calcorreamos as ruas da cidade de Oviedo, regressando ao final do dia a Braga. Esta viagem foi uma oportunidade para consolidar o nosso projecto

vocacional onde cada um teve a oportunidade de repensar toda a sua vida e as opções a realizar no futuro. Envolto pelas paisagens colossais, não foi difícil conseguir inspiração para perscrutarmos os nossos horizontes. A beleza da criação cruza-se com a beleza de sermos criaturas amadas por Deus. Olhar a criação com o coração e o pensamento permitiu-nos estabelecer entre nós uma narrativa de diálogo nova, de abertura dos nossos medos e esperanças, alegrias e tristezas. A graça deste encontro está nisto: gerar confiança entre irmãos para renascer uma nova comunhão a partir da fé em Jesus Cristo. Por isso mesmo, vislumbramos as nossas próximas metas, não só no que respeita ao seguimento do discernimento vocacional no Seminário Maior, mas também à continuidade da nossa história fora dele. Pessoalmente, revi esta minha caminhada de quatro anos no Seminário Menor, os momentos menos bons e, obviamente, aqueles mais marcantes. Concluí que esta honrada instituição foi sem dúvida a minha escola, que me guiou para o aprofundamento da minha fé e, acima de tudo, que me deu a liberdade de sonhar, pois, no dizer de Fernando Pessoa, “matar o sonho é mutilar a nossa alma” e é recusar o que de mais profundo existe no interior de cada ser humano.

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SEMINÁRIO MAIOR  Rúben João - 1º ano de Teologia

«Repisa as pegadas»

“Mas foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele e fomos curados pelas suas chagas”(Is 53). O servo de Deus, que carrega sobre si a iniquidade de todos, assim reflecte o nosso Papa no seu livro Jesus de Nazaré, mostra, em carne viva, a sua palpitante entrega por nós, caindo, não por fraqueza do espírito, mas devido à gravidade das nossas faltas. Pois bem! Agradecidos a Jesus e com os corações adoçados com os seus passos fortes e decididos em direcção à Paixão, a comunidade do Seminário Conciliar passou o dia 18 de Abril na paróquia de Moselos, Paredes de Coura, como forma de realizar a tradicional caminhada quaresmal. Sendo fulcral no plano anual de actividades, este dia tinha alguns propósitos comuns ao longo das

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dinâmicas: fortalecimento de amizades, preparação espiritual para as solenidades da Páscoa, propiciar momentos de introspecção pessoal e colectiva e, como cerne da actividade, crescer na relação com este Cristo vivo, que não desapareceu aos discípulos de Emaús, mas tornouse invisível aos nossos olhos materiais. Necessitamos de purificar os olhos da fé. Deixemos, como afirma o P.e Tolentino Mendonça, “uma espiritualidade vaga, onde somos espectadores dispersos. Busquemos Aquele que confirma, Aquele que dá consciência ao nosso desejo”. Das dinâmicas propostas, destaco a caminhada dessa manhã, a Eucaristia e a Via-Sacra, momento forte de oração e meditação. Não descorando outras, igualmente fundamentais, subscrevo a pertinência da via dolorosa nesta preparação para a Páscoa do Senhor. Percebo-a como este recalcar as pegadas de Jesus, retirando

delas, por auxílio do Espírito Santo, o que nos faz reavivar Aquele que, injustamente mas conscientemente, sofreu a morte horrenda da cruz. Esta, pelos tormentos inexprimíveis que a caracterizam, constitui uma fonte inesgotável de inspiração e de reflexão para os todos os seus seguidores. Fazendo minhas as palavras de Dietrich Bonhoeffer “os caminhos de Deus são os caminhos que Ele próprio percorreu e que nós agora temos de percorrer com Ele”. Embora a vista do pôr-do-sol fosse a imagem visível da beleza de Deus, o dia decaía e chegara o momento de partir. Nos nossos pés, vinham os vestígios das pisadas de Jesus em direcção à paixão; no coração, a justificação da Sua morte, o amor.Purificados pela dor, compreendo, à semelhança do Beato Charles de Foucauld, que, “depois de ter descoberto que existe um Deus, tornou-se-me impossível não viver só para Ele”.


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SEMINÁRIO MAIOR  Diác. José Miguel

Ao ritmo dos enigmas

da Bíblia…

“Esta é a missão inadiável de cada comunidade eclesial: receber de Deus e oferecer ao mundo Cristo ressuscitado…” (in Programa Pastoral para o ano 2010-2011). Partindo deste desafio eclesial e após dois anos pastorais a descobrir, acolher, conhecer, estudar e saborear a Bíblia nos seus mais diversos aspectos (literário, histórico, teológico, exegético…), a Catequese com Adultos (E. Alberich e A. Binz) da Unidade Pastoral de Brufe, Cavalões e Sto. Adrião elaborou um itinerário formativo a partir de alguns enigmas da Bíblia, para este ano pastoral. Com isto pretendeu-se descodificar tais enigmas que a leitura bíblica suscita e, em virtude disso, adquirir as respectivas competências teológicas para esse diálogo com o mundo, de modo a posicionar a nossa diferença cristã, dando assim resposta à interpelação de S. Pedro: “dai razões da vossa esperança” (1Pe 3,15). Neste sentido, depois deste percurso

catequético “ao ritmo dos enigmas da Bíblia”, os cerca de 40 participantes na Catequese com Adultos deslocaramse ao Seminário Conciliar de Braga,

no passado dia 15 de Junho, para visitar a nova capela. Como tal, após um jogo pedagógico, o Cón. Joaquim Félix fez uma breve explicação acerca da simbologia deste novo espaço, o qual retém em si uma síntese de toda a História da Salvação e, simultaneamente, aproxima-nos do mistério de Deus mediante a sua linguagem neoartística. Copulativamente, fizemos um momento de oração nesse mesmo espaço, seguindo-se um pequeno convívio no final. Posto isto, agora “somos chamados a guardar o segredo de Jesus (amor) e a deixar que este segredo, profunda e vitalmente, nos estruture” (José Tolentino Mendonça).

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TESTEMUNHO VOCACIONAL  Francisco Xavier - 6º ano de Teologia

“Fui Eu que

vos escolhi” A vocação sacerdotal é algo que não se pode explicar ou compreender totalmente, pois é um mistério de Deus na vida daqueles que são chamados e escolhidos para serem Seus ministros no sacerdócio de Jesus Cristo. «Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi» (Jo 15, 16). Estas palavras levam-nos a contemplar as maravilhas do Senhor; fomos escolhidos para cumprir a missão que Ele tem para cada um de nós. Antes de tudo, é bom conhecer a origem e o sentido desta palavra. Vocação vem da palavra latina vocare – “chamar”. Vocatio – chamamento, chamar, eleger, escolher. A vocação é um chamamento de Deus, um chamamento de amor feito ao homem, sendo que Deus convida a segui-Lo, a ser instrumento de salvação na comunidade como membro do Corpo Místico, cuja cabeça é Cristo. A experiência com Deus acontece quando menos esperamos, pois não se trata de fórmulas mágicas, mas de uma abertura ao eterno, a um seguimento, mesmo que não entendamos, na totalidade, o seu pedido, assim como as exigências e dificuldades da caminhada. É um estar atento à voz de Deus que nos pode falar de diversas formas e em diversos lugares. É fundamental o apoio dos irmãos mais velhos, que nos ajudam neste processo de amadurecimento da fé, pois nós não somos os primeiros e nem os últimos a trilhar o caminho de Deus. Por isso, devemos ter a humildade de reconhecer as nossas limitações, tendo uma atitude de zelo para com aqueles

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que estão a ser gerados no seio da Igreja. O chamamento de Deus é sempre pessoal. Sim, Ele escolhe cada um de nós para lhe confiar uma missão, não segundo os nossos méritos, mas segundo a Sua vontade. Eu, Francisco Xavier, sou natural da paróquia de Gandarela, do arciprestado de Guimarães/Vizela, diocese de Braga e, senti-me chamado por volta do ssete ou oito anos, quando os professores e catequistas perguntavam “o que queria ser quando fosse mais crescido”!? Eu respondia-lhes que queria ser padre mas,

Jesus Cristo. Depois de terminar o quarto ano na escola primária de Gandarela, fui para a escola EB 1 São Paio, Moreira de Cónegos, onde concluí o 9º ano. Quando terminei a escolaridade obrigatória, com apenas quinze anos, fui trabalhar para uma empresa, situada em Gandarela. Trabalhei nessa empresa durante seis anos e, visto que, queria prosseguir na minha formação, decidi estudar à noite. Foi então que conclui o 12º ano, na escola Francisco de Holanda, em Guimarães. Durante este tempo de trabalho/

rapidamente, deixei de o dizer, isto porque os meus amigos riam-se daquilo que eu queria para a minha vida. Isto acontecia, talvez, por ser algo diferente em relação à vocação deles. Desde então, continuei os meus estudos com os restantes companheiros, sem voltar a dizer que me sentia chamado ao sacerdócio de

estudo, o seminário fez uma visita à comunidade da qual sou oriundo e, depois dessa visita, senti novamente que Deus me chamava. No entanto, e mais uma vez, não tive coragem de deixar as «redes». Dei seguimento aos estudos, tendo uma vida semelhante à de um jovem da minha idade. Participava


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activamente na comunidade, como catequista, leitor e cantor no grupo coral juvenil. Namorava, saía com os amigos, entre muitas outras coisas características dos jovens da minha idade. O chamamento que Deus nos faz é contínuo e constante, por isso, a vigilância é a característica fundamental do cristão. Portanto, a resposta ao chamamento de Deus dá-se a partir da experiência com Ele. O Senhor também chamou três vezes por Samuel - «Depois veio o Senhor, parou e chamou como das outras vezes: Samuel! Samuel! Ao que Samuel respondeu: “Fala, Senhor; o teu servo escuta”»(1 Sm 3, 9). O chamamento do Senhor vem como uma brasa ao coração, que só com o passar do tempo se pode perceber que é a voz de Deus que diz: vem, preciso de ti para trabalhar na minha messe e salvar almas, pois «a messe é grande, mas os

trabalhadores são poucos» (Lc 10, 2). Depois de completar vinte anos, decidi parar e escutar aquilo que Deus queria para mim. Foi, então, que senti que Deus me chamava a segui-l’O e disse-lhe: «Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir»! (Jer 20, 7). Resolvi falar com o meu pároco e ele encaminhou-me para frequentar o pré-seminário adulto, onde tive a oportunidade de discernir melhor a minha vocação. Depois de ter frequentado o préseminário adulto, entrei para o Seminário Conciliar São Pedro e São Paulo, no dia 25 de Setembro de 2005, tendo iniciado também o curso de Mestrado Integrado em Teologia na Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de Teologia – Braga. Actualmente, encontro-me no sexto ano de Seminário, a preparar-me para ser ordenado Diácono e durante estes anos tive a oportunidade de perceber

que para alguém se tornar sacerdote do Senhor é necessário amar Cristo e aos irmãos, e renunciando a tudo e a si mesmo - «Se alguém quiser seguir-me tome a sua cruz e siga-me» (Lc, 9, 23). Sou muito feliz. E não vejo nada neste mundo que pudesse fazer-me sentir mais realizado. Agradeço ao Senhor por não me ter permitido optar por outro caminho; agradeço por me ter ajudado a dizer «sim» à razão pela qual e para a qual Ele me criou e me redimiu. Gostaria, que muitos pudessem conhecer esta alegria. Esperemos confiantes e rezemos insistentemente pelas vocações sacerdotais – como Jesus mandou! Que todos os chamados e escolhidos dêem o seu sim como fez Maria, a Mãe e Mestra das vocações. Acreditem e confiem Nele porque Jesus disse: «Coragem, sou eu! Não tenhais medo»! (Mc 6, 50).

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RETIRO DIACONADO  Diác.Nuno Vilas Boas

«Entregar-nos-emos assiduamente à oração

e ao serviço da Palavra»

Entre os dias 11 a 14 de Abril, 5 seminaristas do Seminário Conciliar de Braga realizaram o retiro para o Sagrado Ministério do Diaconado em Trasmaño (Redondela, Espanha). Este, conduzido pelo padre Cipriano Pacheco, teve como divisa a passagem: «Entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra» (Act 6, 4). Aquela semana foi uma grande oportu-

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nidade para silenciar e cada um se encontrar com Deus e consigo. Isto porque, “Quando as coisas se passam demasiado depressa, ninguém pode estar certo de nada, de nada de nada, nem sequer de si próprio” (Milan KUNDERA, A Lentidão). Anda-se sempre mais preocupado, como Marta (sente-se dona da casa), e não tanto ocupado como a sua irmã Maria

(reconhece a sua pobreza), que escolhera a melhor parte: prostra-se aos pés do Senhor, ouvindo a Sua palavra, apenas escuta. (cf. Lc10, 38-42).“A humildade não é um dos pratos do banquete, mas o condimento que dá sabor a todos os pratos” (C. CAMPO, P. DRAGHI, Ditos e feitos dos Padres do Deserto) Na verdade, o retiro é sempre vital para fa-


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zer o ensaio do silêncio forte. Para afinar “o olhar interior e [fazer] do homem uma sentinela, um homem de olhar penetrante” (Enzo BIANCHI, Les mots de la vie intérieur). Treinar o ministério da oração, vértice e fonte da actividade pastoral, pois “se o coração não reza, em vão trabalha a língua” (inscrição anónima em mosaico, no lado da statio dos monges no 1º claustro, na Abadia de Santo Anselmo,). Retiro que não é ausência de palavras, mas preferência pela Palavra que fecunda o silêncio e a acção (Palavra para a vida). Como refere o lema dos beneditinos Ora et Labora: depois do ora, a oração torna-se labora, acção, serviço e vida. Ao longo da semana reaprendeu-se a valorizar a viagem que produz partida, confiança e encontro. De voltar a perder os pontos de referência na esperança de ga-

descreve a sua (da lentidão) ociosidade por meio de uma metáfora: contemplam as janelas de Deus. Quem contempla as janelas de Deus não se aborrece; é feliz.” (M. KUNDERA, A lentidão). Aquela casa de tijolo encarnado era habitada pela oração, pela calma da vida interior de umas vigilantes irmãs. Elas ensinavam como pintar a vocação e a missão, como diáconos, pelo seu testemunho de vida. Espelhavam a alegria do serviço, da pobreza e da castidade de vida e de coração. Dia após dia crescia a certeza e o desejo ao jeito dos primeiros discípulos: a diaconia exige pobreza e vigilância, não é apego ao mapa, mas o amor pela viagem. É central tornar-se viajante enamorado, vigilante, orante, desprendido de certas moradas e casas que aprisionam. A iti-

nhar tudo. Na realidade, quem caminha ama o silêncio, pois o silêncio permite-lhe regular a respiração ao ritmo dos seus passos. Para redescobrir o sabor das passadas dadas com lentidão, com contemplação num parapeito da janela. Neste mundo que atropela pela velocidade e quantidade, “porque terá desaparecido o prazer da lentidão? Há um provérbio checo que

nerância diz muito do que é ser pobre e obediente na alegria, na verdade e na beleza. Sophia M. B. Andresen lembra que “A cidade dos outros / Bate à nossa porta” e como futuros diáconos será importante não estar apenas ao lado, mas ser lado (cf. Erri de Luca, O Dia Antes da Felicidade), deixar-se acolher nas inquietações

das pessoas que todos os dias perguntam: “e, agora, por onde vamos?”; e também nas esperanças e alegrias daqueles que testemunham como o gesto do lava-pés é possível e faz sentido dobrar o joelho, fazer-se humilde, habitando a realidade e lavando os pés daqueles que querem reerguer-se para o caminho. Para José Augusto Mourão este gesto “abre um novo es¬paço entre os seres em que nos pomos a existir na liberdade dando a liberdade ao outro para que ele seja sujeito: é o es¬paço da gratuidade, o espaço de Deus”. (J. A. MOURÃO, Quem vigia o vento não semeia). No final do retiro, cada um sentia um comprometimento muito sério e real. O futuro terá que ser construído lentamente com as pedras de liberdade e fidelidade do presente. E a diaconia sublinha que é essencial amar o envio, para viver como sentinelas da aurora, porque “Deus fala ao coração de cada um, a fim de vigiarmos na noite, sem sermos da noite. É preciso anunciar a carícia da misericórdia, transmitir a tocha, iluminar o mundo” (J. A. MOURÃO, A palavra e o Espelho). Ser como a amendoeira (saqed), “a primeira árvore a florir na Primavera, ou melhor, ainda em pleno Inverno. A amendoeira é sinal da vigilância, mal vem o sol floresce. Ao mesmo tempo é sinal antecipador e anunciador de grandes novas” (José M. CORDEIRO, O Grão de Amendoeira). Como diáconos, levados por Deus, urge atirar o olhar das pessoas para a “frágil-forte-vigilante flor da esperança”: vendo BEM (tôb) um BELO (tôb) ramo de amendoeira sinalizando o BOM (tôb) “jorro de luz lançado na escuridão”, Jesus Cristo. Fazer“memória do outro [projectando-o] num belo espaço de convívio. O convívio que se trabalha como uma peça de ourivesaria, mesmo no confronto, é uma lembrança descida do céu…” (M. G. LLANSOL, Curso de Silêncio). E suscitar no outro e no mundo, pelo testemunho de oração e serviço, a agradecida pergunta: Quem acendeu as luzes em pleno dia?

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PASTORAL DAS VOCAÇÕES  Vítor Emanuel - 1º ano de Teologia

“Deus não tira nada,

dá tudo!”

«A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local». Foi a partir desta mensagem que os seminários arquidiocesanos partiram em missão rumo ao arciprestado de Guimarães/Vizela, a fim de que através dos testemunhos deixados pelos jovens que já descobriram que Cristo é o único caminho a seguir, possam interpelar tantos outros, que há muito se interrogam e tentam perceber se Jesus os chama para O seguirem. Se durante uma semana, os seminaristas juntamente com os seus formadores, estiveram junto das comunidades, celebrando com elas a eucaristia, dando catequese e testemunho, o culminar do que tivera sido realizado foi uma vigília vocacional que teve lugar na paróquia de Gandarela, do mesmo arciprestado. A vigília foi presidida pelo Arcebis-

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po Primaz, Dom Jorge Ortiga, e contou com um grande número de pessoas, que se quiseram associar a fim de rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas. É na oração e no diálogo que nascem as vocações, e tal como nos dizia o Papa Bento XVI na carta que escreveu para esta Semana das Vocações, «as vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao “Dono da messe” quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais». Na mensagem que o Senhor Arcebispo deixou aos jovens, esteve bem presente aquilo que o Papa João Paulo II lhes disse no início dos seu pontificado: «Não tenhais medo! Abri antes, ou

melhor, escancarai as portas a Cristo!». E a partir desta expressão, foi dito aos jovens durante a vigília que estes devem ter a ousadia de possuir uma identidade vincada, não tendo medo de afirmar as suas convicções, de dizer que querem seguir Cristo, mesmo que todos os outros tenham rumos de vida distintos. Através das mensagens deixadas, era impossível que o espírito criado não fosse somente o de oração profunda, porque hoje, mais do que nunca, é preciso rezar, porque a humanidade precisa de sacerdotes e de consagrados que levem a todos a mensagem de Cristo. O dia em que se realizou a vigília vocacional foi também ele muito significativo, coindindo como aniversário da aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos de Fátima, onde deixou este premente apelo à conversão.


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SEMINÁRIO MAIOR  Vítor Manuel - 6º ano

A caminho duma entrega

O caminho de preparação para uma ordenação diaconal é feito de forma interior e exterior, pessoal e comunitária, nos trabalhos do dia-a-dia e em circunstâncias fortes de paragem, que proporcionam uma maior reflexão. A azáfama das preparações próximas a um dia tão importante pode levantar uma poeira que nos circunda e impede de ver o que verdadeiramente é importante e essencial. A encomenda da estola, a distribuição de convites, os pormenores práticos de um dia que se quer inesquecível podem fazer esquecer a sólida preparação interior, que é necessária fazer, aquando de um momento que imprime no coração e na acção tão grandiosa marca. É neste contexto, depois de uma decisão tomada, que se torna propícia, ou até mesmo obrigatória, a preparação de um dia e a consolidação de um futuro, em comunhão com aqueles que partilham da mesma alegria de uma entrega total a Deus. Por isso, nos dias 5, 6 e 7 de Maio,nós, os cinco candidatos ao diaconado, encontramo-nos no Santuário de São Bento Porta Aberta, em Rio Caldo,Terras de Bouro, que de portas abertas nos acolheu, nas pessoas do seu Reitor e demais colaboradores, a quem desde já deixamos uma sentida palavra de gratidão. Durante estas jornadas de reflexão e convívio, os temas estudados e partilhados, com vista a uma posterior vivência, foram a importância do diaconado e o seu lugar na Igreja, o rito da ordenação, a nossa integração no presbitério, como uma família de comunhão, e o compro-

misso com a Diocese, na pessoa do nosso Bispo. O bom espírito de grupo, de convívio, não impediu nem foi obstáculo a uma séria reflexão sobre os temas; antes é uma condição imprescindível. O ponto mais marcante deste encontro foi, sem dúvida, a nossa caminhada, por trilhos do belo Parque Nacional daPeneda-Gerês, onde o som da água, misturado com o cantar dos pássaros,e o trilhar das botas no caminho proporcionaram um excelente enquadramento, para uma

partilha muito simples e sincera dos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência. Este tempo constituiu,certamente, um encontro marcante, donde saímos mais fortes e seguros, para afirmarmos com mais veemência o“sim” que damos a Deus e à sua Igreja. Foi como o subir ao monte Tabor, ver o Cristo transfigurado, a quem vamos servir e, mesmo dizendo ‘que bom estarmos aqui’, descemos pois sabemos que a nossa missão é no meio do mundo.

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PASTORAL UNIVERSITÁRIA

Um ano

em caminho

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O ano lectivo académico está a chegar ao fim e o programa de actividades da Pastoral Universitária acompanha esse percurso. Mas muitas foram as iniciativas que tiveram lugar e que receberam rostos, experiências e pensamentos novos nos últimos meses. Um desses grandes momentos foi a Peregrinação a pé até Santiago de Compostela, durante a Semana Santa (17 a 24 de Abril). Foi uma das últimas actividades promovidas pela Pastoral Universitária e tratou-se de uma experiência única e inesquecível. Fazer o Caminho de Santiago foi um verdadeiro desafio que conseguimos vencer com muito equilíbrio físico e espiritual tornando-se único e enriquecedor. Esta semana revelou-se mágica, pois o silêncio que o Caminho proporcionava e a comunhão com a natureza levava-nos a momentos de reflexão, introspecção e encontro com Deus. Durante estes dias esteve sempre presente o sentido da partilha, de companheirismo, sacrifício, alegria, o retiro espiritual e a solidariedade entre os peregrinos. O convívio com as pessoas e com a natureza foram o mais importante, conduzindo-nos a um estado de plena harmonia, pois o Caminho é um misto de tudo isto e não só o caminhar, podendo assim dizer-se que esta peregrinação traz uma grandeza interior e força para quem a faz. A Bênção de Finalistas, que este ano teve lugar no Sameiro, foi mais uma celebração com a presença em grande dos universitários e seus familiares, que resistiram a uma tarde de alguma

intempérie, mas com um grande ambiente de festa e de esperança. O FIP (Fórum Interdisciplinar de Professores) continuou o seu programa dos Fóruns, contou com a presença do Professor Bagão Félix, em Janeiro, o qual apresentou, de forma única e pessoal “Uma leitura da Igreja Portuguesa depois da visita do Santo Padre” e, em Abril, com a presença do Prof. Carlos Fiolhais, que, sem tubos de ensaio e de forma original, debateu o tema “Deus e os Gigantes da ciência: Galileu, Newton, Einstein, Copérnico”. O ano lectivo da Pastoral Universitária ainda não foi ainda dado por encerrado, terá ainda espaço para um último Fórum a realizar-se no dia 1 de Julho, que contará com a presença ilustre do Professor João Lobo Antunes que falará sobre “A importância da espiritualidade

na vida de um cientista do cérebro”. Para culminar o ano, e porque a PU gosta de pôr os universitários sempre a caminho, realizar-se-á uma última caminhada, desta vez no Gerês, até ao Pé de Cabril, no dia 19 de Junho. Para o próximo ano lectivo, o grupo já tem várias propostas de actividades, para além das tradicionais caminhadas, tertúlias, retiros, contará com a dinamização de actividades específicas de celebração da Capital Europeia da Juventude – Braga 2012 e da Cidade Europeia da Cultura – Guimarães 2012. Paralelamente a estas iniciativas, a equipa da PU já está a trabalhar num novo projecto com o objectivo de promover o convívio intercultural e a integração da comunidade de estudantes universitários dos PALOP´s, presente nas academias da arquidiocese de Braga.


Voz de Esperança | Jul - Ago 2011

PASTORAL JUVENIL

Firmes na amizade

com Cristo

A vida humana pode desenrolar-se como rotinaou como um caminho onde o horizonte da fé plenifica a vida humana. A primeira atitude cansa; a segunda compromete-nos a caminhar firmes na alegria e na esperança de realizarmos a cidade de Deus na cidade dos Homens. As Jornadas Mundiais da Juventude não fogem a esta regra. Alguns irão participar pela primeira vez, correndo risco de participarem segundo a lógica do entretenimento. Outros já habituados a estas aventuras, poderão ser tentados a colocar as Jornadas no âmbito das recordações. Caríssimo jovem, permite-me que me dirija a ti que partes. Irás com os outros e, assim o espero, em espírito de Igreja. Peço-te, porém, que ouses encarar este momento como uma ver-

dadeira graça que Deus tem reservada para ti. Deus nunca se repete e sabe dar a cada um o que ele precisa. Prepara-te para acolher quanto Deus te quer dar. Abre-te à disponibilidade de um coração pronto para este encontro pessoal e intransmissível. Encontra-te com Deus, com a Igreja e contigo mesmo. Dá espaço a Cristo. Ele dá muito mais do que aquilo que pede. As Jornadas são um acontecimento de encontro com os outros. Importa, por isso, que te saibas relacionar. Não fiques na lógica do emotivo. Vai mais longe e partilha com os outros da história de Deus na tua vida. Sei que terás muitas outras coisas a contar e para cantar. Atreve-te a uma autêntica comunhão à semelhança de Maria que,encontrando-se com a sua prima Isabel, partilhou as maravilhas de Deus que alegravam o seu coração. Não caías, por isso, nas conversas banais marcadas por superficialidades. Questiona-te com os outros sobre o lugar de Cristo na tua vida. Já iniciaste a alegria de edificar sobre Ele como alicerce e deixar que Ele seja o verdadeiro arquitecto que projecta a tua vida segundo as coordenadas que a Palavra de Deus te oferece? Para que a tua fé n’Ele seja firme, precisas desta comunhão de vida orientada para caminhar nas Suas pegadas e segundo a bússola da Sua mensagem libertadora. Solidifica um projecto. Não temas. Cristo preenche as tuas aspirações. Focalizados neste sentido, as Jornadas deveriam levar-te a um reconhecimento do teu lugar na Igreja. Sabes

que a presença de Cristo na história da humanidade está colocada nas nossas mãos. Na verdade, Ele continua a chamar para “entrarem” com Ele e para “partilharem” em Seu nome. A vocação não é palavra doutros tempos. Pode ser de poucos. Por esta razão é ainda mais bela. Não serás tu um ou uma dos chamados(as)? Encontra um pouco de tempo para “escutar” a voz de quem chama para uma entrega alegre ao serviço da Palavra. Mais um pedido: Pertences a uma comunidade paroquial. Aí existem outros jovens. Não será um momento para reflectir naquilo que a comunidade lhes está a oferecer? Só deveríamos ficar contentes quando em todas as paróquias existisse um grupo de jovens enraizado e firmado na experiência de encontro com Jesus Cristo. Precisamos de grupos onde se cresça na fé, se matura uma consciência de pertença à Igreja, e se exercita uma missão de colocar a Palavra de Deus no centro da história da humanidade. Caro jovem, não queiras a rotina; ouve a voz de Cristo para edificar a tua vida segundo a beleza da criação; cria um ambiente de autêntica comunhão com os outros. Não desperdices esta oportunidade. Acredita num abraço de quem está contigo e conta contigo. Sempre unido no caminho da fé,

† Jorge Ortiga, Arcebispo amigo

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