Voz Esperança
Director P.e Avelino Marques Amorim Ano XVIII - 4ª Série Nº 21 Bimestral 1,00 € Mar - Abr 2011
EDITORIAL
Nas mãos do Oleiro Ansiamos ser ouro, prata ou cristal. Por vezes contentamo-nos com o bronze, ou teimamos ser granito. Na verdade, somos fragilidade de argila, mas animada pelo sopro do Espírito, que o Oleiro toma em suas mãos e pode moldar. A Quaresma, habitualmente marcada por um sentimento de maior tristeza e dor, é essencialmente o tempo da alegre esperança, de quem não desanima porque sente a presença do Outro como verdadeira com-paixão. O tempo quaresmal simboliza a possibilidade de recomeçar sempre de novo, de lançar o olhar para o Alto e de caminhar a partir de dentro. De reconhecermos a exterioridade barrenta, mas sentirmos também as mãos de Deus que nos abraçam e moldam carinhosamente. Sabemos o quanto a vida se pode abrir a horizontes renovados se nos envolvermos pessoalmente no processo de conversão interior. No contexto do discernimento vocacional, a liturgia da Quaresma é significativa, porque da necessária purificação das motivações e intenções pessoais, conduz-nos à indispensável identificação com Cristo. O mesmo é dizer, configura-nos com o Mistério da Cruz e da Páscoa do Senhor Jesus. Aceitar a verdade de si mesmo e abrir-se à graça de Deus é condição para seguir e servir o Mestre. O caminho é feito pela intimidade com Deus na oração, pela partilha dos bens no exercício da caridade e pelo desprendimento de si próprio no jejum. Para que o alimento do corpo não corresponda à morte numa dimensão espiritual (vide “Arte e Cultura”), saboreamos o pão da vida que vem da Palavra de Deus.
“O caminho começa no ‘Nem só de pão vive o homem’ para chegar ao: ‘Faça-se em mim segundo a Tua Palavra’”
“O que o demónio, apresenta a Cristo, e a nós todos, não é o alimento do corpo, mas a morte da alma”
Pe. Hermenegildo Faria p. 2 - 3
Silva Pereira p. 4 - 5
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VISÃO
Palavra que
vem de Deus Pe. Hermenegildo Faria
A história do povo Deus esteve muitas vezes marcada pela tensão entre a comida e a palavra: Eva preferiu comer o fruto proibido a guardar uma palavra de Deus (Gn 2, 15). Esaú preferiu um prato de lentilhas à palavra de bênção de Isaac e ao direito de primogenitura (Gn 25-27). Israel preferia estar descansado junto à panela de carne do Egipto a passar pelo deserto que o preparava a acolher a palavra libertadora do Sinai (Ex 16, 3). A tradição espiritual cristã coloca o pecado da gula no primeiro degrau da ascensão para o mal que atinge o seu ponto mais alto no pecado da soberba ou orgulho. Tudo se passa como se o permanente combate entre as coisas do alto e as coisas da terra, o que é eterno e o que passa, se objectivasse no combate entre o desejo de comer e o desejo da escuta obediente da Palavra que sai da boca de Deus. O caminho começa no “Nem só de pão vive o homem” para
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chegar ao: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Recusamos o alimento do corpo para dar primazia ao sopro do Espírito que é a Palavra de vida, abrimos o coração ao Espírito que visita a nossa mente começando por lutar contra o peso do ventre. Bem exemplificativo desta doutrina espiritual é este excerto de Evágrio Pôntico (346-400): “A origem do fruto é a flor e a origem da disciplina espiritual é a moderação. Quem domina o próprio estômago, diminui as paixões, pelo contrário, quem é subjugado pela comida, aumenta os prazeres. Assim como Amalec é a origem dos povos, também a gula é a origem das paixões. Assim como a lenha é alimento do fogo, a comida é o alimento do estômago. Muita lenha proporciona uma grande chama e a abundância da comida nutre a concupiscência. A chama se extingue quando há menos lenha e a miséria de comida apaga a concupiscência.
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Aquele que domina a boca, confunde os forasteiros e desata facilmente as suas mãos. Da boca bem coordenada brota uma fonte de água e a libertação da gula gera a prática da contemplação. A estaca da tenda, atacando, matou a boca inimiga e a sabedoria da moderação mata a paixão. O desejo de comida gera desobediência e uma deleitosa degustação afasta do Paraíso. As comidas saborosas saciam a garganta e nutrem o glutão de uma imoderação que nunca cochila. Um ventre indigente prepara para uma oração vigilante; ao contrário, um ventre bem cheio convida para um longo sono. Uma mente sóbria se alcança com uma dieta bem pobre, enquanto que uma vida cheia de delicadezas lança a mente no abismo. A oração daquele que jejua é como um pintinho voando mais alto que uma águia, enquanto que a oração do glutão está envolta nas trevas. A nuvem esconde os raios do sol e a di-
gestão pesada dos alimentos ofusca a mente”. Para atingir a humildade da escuta partindo pelo combate à gula, os Padres do deserto e outros mestres espirituais do cristianismo indicavam vários caminhos. Em primeiro lugar, nunca iniciar uma refeição sem dar graças a Deus pelo alimento que dEle vem, e nunca a terminar sem uma palavra de louvor. Em segundo lugar, não procurar pratos requintados, não comer em demasia nem antecipar a hora da refeição comunitária ou romper o jejum degustando isto ou aquilo. Por último, fazer uma breve leitura da Palavra de Deus antes de iniciar a refeição e acompanhar a refeição pela escuta comum de um autor espiritual, porque: “Nem só de pão vive o homem mas de toda a Palavra que vem da boca de Deus”. Todavia, o combate ao pecado da gula não significa um desprezo pelo alimento do corpo nem da refeição
como momento comunitário de antecipação da lógica do Reino de Deus. É por esta razão que os mestres espirituais, ao mesmo tempo que regulavam o jejum organizavam também o serviço de refeitório tornando-o uma parábola do Banquete Celeste. São Bento ordena mesmo que ninguém seja dispensado do serviço da cozinha (RB 35) para que todos se possam exercer no serviço mútuo pondo o Cenáculo da Última Ceia como paradigma do refeitório monástico. Assim, o acto de comer passa a ser um acto de amor a Deus pelo louvor e escuta da Palavra e um acto de amor aos irmãos pelo serviço mútuo. Comer não é só alimentar o corpo como os animais o fazem mas antes acto de gratidão ao Deus que nos alimenta (Mt 6, 26) e acto de caridade ao irmão que servimos (Mt 25, 40). Podemos terminar esta breve reflexão de forma proverbial dizendo:”Diz-me como comes, dir-te-ei quem tu és.”
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ARTE E CULTURA Luís Silva Pereira
Tentações IV A escultura que vemos, embora a reprodução não seja particularmente nítida, é de um dos capitéis da Basílica de Saint Andoche de Saulieu, do século XII. Saulieu é uma cidadezinha de Borgonha, a meio caminho entre Paris e Lião. Representa a primeira tentação de Cristo, aquela em que o demónio sugere a Cristo que transforme as pedras em pão. Para além dos pórticos e frontarias, os capitéis eram os lugares preferidos pelos escultores românicos para colocarem as suas obras. O demónio encontra-se do lado esquerdo. Apresenta um rosto
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animalesco. Lembra um cão ou lobo. Pode ver-se, entre as pernas, uma serpente enroscada, animal diabólico por excelência, aquele que fez Eva pecar. As tentações do mal são assim encaradas como continuação da primeira de todas as tentações. Por outro lado, lembra que Cristo é o novo Adão. Salta imediatamente à vista o aspecto esquelético do corpo. A Idade Média costuma representar a morte por um corpo extremamente magro, debaixo de cuja pele se adivinham os ossos. Só posteriormente é que se representa por meio de um esqueleto completamente
descarnado, envolto, por vezes, num lençol, o pano em que se envolviam os cadáveres (virá daí a ideia de representar os fantasmas também envoltos num lençol?). Essa iconografia costuma aparecer nas Danças da Morte ou Danças Macabras, ligada à passagem ritmada das horas ou do tempo inexorável que nos conduz à morte. Há, pois, nesta maneira de representar o demónio uma subtil relação entre o mal moral e a morte. O que o demónio, enganadoramente, apresenta a Cristo, e a nós todos, não é o alimento do corpo, mas a morte da alma.
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Cristo identifica-se imediatamente pelo nimbo com a cruz inscrita. Porém, o pormenor iconográfico mais original é a maneira como o escultor apresenta o livro da Palavra de Deus: aberto, sobre os joelhos, a mão esquerda segurando a página em que se encontram as palavras que afastam a tentação: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. Cristo como que convida o tentador a lê-las. A boca de Cristo representase entreaberta, pronunciando a citação, enquanto o dedo indicador da mão direita aponta em direcção ao demónio, ordenando-lhe decididamente que se afaste. Dizemos que é um pormenor iconográfico muito original. Normalmente, o livro encontra-se fechado, representando toda a palavra. O livro todo, e não apenas uma página, é que é a Palavra que alimenta o homem: “toda a palavra que sai da boca de Deus”. Por outro lado, a presença do anjo bom atrás de Cristo, antecipa a chegada dos que, na terceira tentação, vêm alimentar Jesus Cristo. Deste modo, habilmente, o escultor evoca, de uma só vez, a totalidade da narrativa evangélica.
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SEMINÁRIO MENOR Rui Filipe, 12º Ano
Quaresma:
tempo de crescimento
A Quaresma é um tempo de reflexão interior, de intensidade litúrgica e espiritual. Neste tempo cada um é convidado a peregrinar pelo deserto interior da sua vida. É o tempo de voltar o olhar e o coração para Deus! De exercitar a hospitalidade para com o próximo! De acolher e reconhecer as feridas que ainda não foram curadas e que constantemente abrem brechas de inimizade com Deus e os irmãos! A Quaresma assume nesse sentido um papel muito importante no caminho de discernimento vocacional. É na perscrutação das intenções, no reconhecimento do interior e do crescimento individual, que fortifica o caminho para a Páscoa. Todos temos necessidade de ter um espaço reservado, de silêncio interior que
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toque no mais profundo do nosso ser, para chegarmos a Deus. Nesse caminho interior para Deus ganha sentido a oração, a esmola e o jejum. Eles são uma pedagogia espiritual e corporal essencial para este tempo que é simultaneamente repetição e novidade, na ritualidade e na atitude, diante dos desafios presentes e futuros. Neste caminho apontado para Deus no íntimo do coração humano – sede de ternura e de sabedoria –, assumimos em nossa vida a via crucis de Jesus Cristo. Tomar consciência da nossa frágil condição humana leva-nos a abraçar a cruz do Filho de Deus. Ela é o sinal audível do grito de confiança: “Pai, em Tuas mãos entrego o meu Espírito”. Ela
simboliza a esperança de chegarmos ao dia luminoso da manhã de Páscoa, que se realiza quotidianamente na aceitação sábia daquilo que somos ou deveríamos ser. Mas como aceitar a vida eterna se não saboreamos a vida antes da morte?! Tomar consciência dos nossos limites e fragilidades potencia a descoberta da pessoa e o crescimento na adesão a Cristo. Cristo não iludiu nem criou ilusões nos seus discípulos, disse-lhes: “Quem quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz (vida) e siga-Me.” Reconhecer que o Reino não se faz de auto-suficiências e de vaidades, é assumir que a nossa vocação cresce na medida em que crescemos como pessoas no seguimento fiel a Cristo. O itinerário é-nos apresentado por Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma: “Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?” Viver da Palavra de Deus é tornar audível o anúncio da Boa-Nova, do perdão e do amor, da misericórdia e da paz no mais íntimo do coração humano. E a Quaresma é o momento favorável para entrar com profundidade na narrativa poética da vida, que suscita e anseia pelo suave odor da manhã de Páscoa.
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SEMINÁRIO MENOR Fátima e Manuel Lopes
A família no seminário No dia 20 de Fevereiro o Seminário Nossa Senhora da Conceição acolheu os pais dos seminaristas, num encontro que contou com a presença e testemunho do casal Alexandra e Jorge Teixeira, casados há 18 anos com 4 filhos. Em reflexão esteve a importância do amor dos esposos na qualidade de vida de toda a família. A família é a pedra fundamental de um grande edifício, que deve ser construído com amor, diálogo e carinho. Vale a pena investir todo o empenho neste objectivo, sem desanimar diante das dificuldades. O casal precisa fazer a revisão da sua vida, aprender a dialogar, ter em atenção os pequenos gestos que marcam toda a diferença. Como casal devemos estar frente a frente e não
apenas lado a lado. O matrimónio pode comparar-se com uma rosa, na bondade e beleza do amor, e nos espinhos que aparecem com o tempo. Mas quando é verdadeiro, o amor não envelhece nem morre, porque supera as dificuldades. É muito importante cuidar a relação em casal, tendo presente que o horizonte e o sentido do amor conjugal é o amor sem limites, reservas ou condições: saber caminhar com fé e confiança, naquele empenho pessoal capaz de mover montanhas e conseguir o que ontem parecia impossível! Os filhos precisam contemplar o amor de seus pais, viver e experimentar o convívio feliz e harmonioso entre toda a família – esta é, sem dúvida, a melhor herança que podem receber.
Um outro aspecto reflectido foi a abertura e a educação dos filhos para a liberdade, dentro do sentido de responsabilidade. Saber acompanhálos, porque no dia-a-dia acontecem muitas coisas, os filhos vão crescendo e chega a altura de eles terem de assumir a vida em suas mãos. Os filhos são todos diferentes e temos de os tentar compreender e apoiar para o discernimento das suas vocações que muitas vezes não vão ao encontro das nossas expectativas… E depois eles seguem o seu caminho, e o casal volta a ficar mais só, o que pode criar dificuldades em reencontrar-se. Mas há que seguir no caminho do desprendimento, pois a vida dos nossos filhos não nos pertence. Foi importante para nós este encontro, porque nos enriqueceu enquanto casal e nos fez perceber que estas são questões que todas as famílias experimentam; por vezes pensamos que só nos acontece a nós, mas na verdade todos os casais têm suas alegrias e suas dificuldades. E ouvir experiências de outros casais ajuda-nos a superar as dificuldades e as crises. A vida é uma escola onde se aprende a amar e ser amado. Viver esse amor com responsabilidade é o desafio do dia-a-dia. A beleza da vida consiste em reinventá-la a cada dia, isto é, vivê-la com alegria e coragem, mesmo diante das dificuldades. A vida é um caminho de sombras e luzes. O importante é saber vitalizar as sombras e aproveitar a luz.
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SEMINÁRIO MAIOR / D. PIO Abílio, Cristopher, Duarte e Nuno, 5ºano de Teologia
Instituição no Ministério
de Acólito
No passado dia 23 de Janeiro foram instituídos no ministério de acólitos mais dois seminaristas do nosso Seminário: Abílio Duarte da Silva Brito da Paróquia das Caxinas do Arciprestado de Vila do
Conde/ Póvoa de Varzim e Nuno Edgar Vieira de Oliveira da Paróquia de Santa Maria dos Anjos do Arciprestado de Vieira do Minho. Este momento alto da vida da nossa
D. Pio Gonçalo Alves de Sousa Os Seminário Arquidiocesanos de Braga saúdam D. Pio Gonçalo Alves de Sousa, nomeado bispo auxiliar do Porto, e agradecem a solicitude que
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sempre lhes dedicou. A Ordenação Episcopal será na Cripta do Sameiro, às 16 horas, no dia 10 de Abril.
comunidade iniciou-se com a Adoração Eucarística, com canto de Vésperas, seguida da Eucaristia presidida pelo Bispo Auxiliar D. Manuel Linda. Referindo-se à essência do ministério de acólito, o presidente da celebração pediu ao Abílio e ao Nuno para serem ministros com o seu «sim» a fim de ajudarem a transformar o mundo: «tomai consciência que vindes a exercer este ministério para a união dos corações, união que começa convosco e é selada em união com o coração de Cristo». A celebração foi vivida com intensidade em pleno oitavário de oração pela unidade dos cristãos. Em união com o Abílio e o Nuno estiveram as equipas de formadores dos seminários, os seminaristas, familiares, párocos, sacerdotes e amigos do Seminário.
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PASTORAL UNIVERSITÁRIA Pe. Eduardo Jorge Duque
Quaresma
com a Pastoral Universitária
A Pastoral Universitária procura, de diferentes formas, o envolvimento da Comunidade Académica na vivência cristã. A Quaresma é um tempo litúrgico, que convida a uma introspecção e espírito de entreajuda mais fortes, pelo que nesta época, a Pastoral porá em prática várias actividades que contribuirão para enriquecer esta importante fase. Já a decorrer de forma contínua, existem vários Projectos de Voluntariado, que abrangem o trabalho com toxicodependentes (no Projecto Homem), com mulheres que sofrem de perturbações mentais (na Casa de Saúde do Bom Jesus) e com crianças desprotegidas (no Centro
Social Padre David), que reforçam a necessidade de ajudar aqueles que mais precisam, responsabilidade que deve ser alimentada, na mentalidade dos nossos jovens universitários. Para além disso, entre os dias 18 e 20 de Março, decorrerá um Retiro Espiritual, em Pontevedra, que permitirá abrandar o stress diário a que se está sujeito e, assim, pensar sobre o papel que Deus ocupa nas nossas vidas. Só quando se pára é que se ganha consciência de onde se está, da velocidade a que se vive, das relações que se constrói, dos links que se une, do tempo que se desperdiça… acreditamos que o Retiro é uma óptima proposta para fortalecer a identidade pessoal.
Para introduzir o espírito da Semana Santa, será realizada uma Via-Sacra, pelas ruas da cidade de Braga, no dia 14 de Abril, aonde se recordará o caminho do Calvário, com momentos cheios de simbolismo. Finalmente, a Semana Santa será, na sua totalidade, um reviver dos últimos passos de Jesus Cristo, com uma Caminhada a Santiago de Compostela, entre os dias 17 e 24 de Abril. Para completar todo este conjunto de vivências Quaresmais, existe a Eucaristia Dominical da Pastoral Universitária, todos os Domingos, às 18h30, na Igreja dos Terceiros, em Braga.
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PASTORAL DE JOVENS Pe. João Paulo Coelho Alves, Assistente da Pastoral de Jovens da Arquidiocese
JMJ
Preparação e Vivência
A JMJ é uma grande festa de fé que proporciona um encontro singular entre o Papa Bento XVI e a juventude, mas a preparação deve começar muito tempo antes. Um dos principais meios para viver desde já o espírito da Jornada é se aprofundar na mensagem escrita pelo Pontífice todos os anos em virtude do encontro. O Papa anuncia com coragem uma mensagem profética. Ele poderia suavizar a mensagem, para que ela se tornasse mais “agradável”: transformar Jesus em “comida ligth”, em lanche de fast-food. Mas o jovem tem dentro do seu coração uma bússola de autenticidade. E quando ouve o Papa a falar contra a corrente, não falando o que se gostaria de ouvir, mas o que é preciso ouvir, então esse mesmo jovem sente-se seguro com essa mensagem. A mensagem do Papa é um convite a encontrar “linguagens adequadas para chegar ao coração dos outros. Aí vem o compromisso de quem se encontra e faz
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a experiência com Jesus: ser desafiado a encontrar estratégias, momentos, eventos, escritos que falem e toquem de modo novo na vida, problemas e situação da juventude. O tema escolhido para a JMJ 2011 é “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” (Col 2, 7). São exactamente esses os itens que mais faltam na vida do jovem pós-moderno. Eles não têm raízes, encontram-se como folhas ao vento, normalmente não têm estrutura de personalidade edificada, forte como um prédio edificado sobre a rocha. São como que três feridas nas quais o Papa toca, apresentando a proposta da árvore edificada em terra firme. Para isso, Bento XVI usa diversos exemplos da sua própria vida, da época de sua juventude, para ressaltar que “a juventude segue, sendo a idade na qual se busca uma vida maior”, como ele próprio afirma no texto. O homem, na verdade, está criado para o que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. O Papa afirma
que “a fé cristã não é somente crer na verdade, mas, sobretudo, é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O encontro com o Filho de Deus proporciona um dinamismo novo a toda a existência”. Muitas vezes, tem-se uma visão errónea da fé, como se fosse um movimento interior – às vezes mais forte, às vezes mais fraco –, no sentido mais “mágico” da palavra. Fé é, a partir do que creio, a vida vivida nos valores que assumo. Ela traz uma obrigatoriedade de vivência quotidiana, desde reorganização da minha vida até minha relação com as pessoas, com o mundo, com a natureza, a família, a sociedade, a profissão. Ou se é pessoa de fé, que vive a partir da fé, ou não se é. Falar que tenho fé só quando rezo é muito pouco. A fé dá respostas para o modo como eu enfrento as situações, sempre pedindo que o Espírito Santo me ilumine, confiando a Deus as decisões. A fé mostra que, acima de tudo, Deus está interessado na minha vida, é o grande sonhador da minha felicidade.
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O YouCat O YouCat (abreviatura de Youth Catechism – Catecismo Jovem) foi pensado para adolescentes e jovens adultos. Trata-se de um livro com a explicação contemporânea da fé católica, preparado na Alemanha e prefaciado por Bento XVI. “Convido-vos: estudai o catecismo! Esse é o meu desejo, de coração. [...] Estudai o catecismo com paixão e perseverança! Sacrificai o vosso tempo para isso! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, se sois amigos, formai grupos e redes de estudo, trocai ideias pela Internet. Permanecei, de todos os modos, em diálogo sobre a vossa fé!”, exclama o Papa Bento XVI aos jovens. O convite do Papa está no prefácio do catecismo para jovens Youcat (abreviatura de Youth Catechism – Catecismo Jovem). O material faz parte do kit peregrino e será distribuído a todos os participantes da Jornada Mundial da Juventude 2011, que acontece em Madrid, capital espanhola,
de 16 a 21 de agosto deste ano. O livro tem 300 páginas e será lançado em sete idiomas. A obra faz parte do kit peregrino, que será entregue a todos os participantes da JMJ. O kit também contém um Evangelho, o Livro do Peregrino (para seguir as cerimónias), o Guia da JMJ (com o programa, a agenda cultural, etc.), a camiseta da JMJ, um chapéu, um leque e um rosário. O Pontífice deixa claro que o subsídio ao catecismo não engana, pois recorda que o YouCat não oferece soluções fáceis: sempre exige uma mudança de vida: “Tendes necessidade do auxílio divino, se a vossa fé não quer secar como uma gota de orvalho ao sol, se não desejais sucumbir às tentações do consumismo, se não desejais que o vosso amor se afogue na pornografia, se não desejais ignorar os fracos e as vítimas de abusos e violência.” Bento XVI revela, mais uma vez, sua crença de que os jovens sempre buscam algo de grande e não são superficiais:
“Algumas pessoas dizem-me que o catecismo não interessa à juventude hodierna; mas eu não acredito nessa afirmação e estou seguro de que tenho razão. A juventude não é tão superficial como é acusada de ser; os jovens querem saber de que consiste verdadeiramente a vida. Um romance criminal é emocionante porque nos envolve no destino de outras pessoas, mas que poderia ser também o nosso; este livro é emocionante porque nos fala do nosso próprio destino e, por isso, está intimamente relacionado a cada um de nós.” Por fim, outro conselho: não se valer dos recentes casos de pecado no interior da comunidade dos fiéis como pretexto para fugir do olhar de Deus. “Vós mesmos sois o corpo de Cristo, a Igreja! Levai o fogo intacto do vosso amor nesta Igreja, toda a vez que os homens tiverem obscurecido o rosto”, pede Bento XVI.
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PASTORAL DE JOVENS
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