DESIGN: Catálogo da Exposição de Alunos Finalistas de Design de Comunicação, cujo mote é “Diálogos sem Margem, Margem em
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Exposição de Alunos Finalistas de Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, cujo mote é “Diálogos sem Margem, Margem em Diálogo”. Communication Design Graduate Show from the Faculty of Fine Art of the University of Lisbon, under the theme of “Discussions without Margins, the Margin Discussed”.
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Tabela de Conteúdos
Table of Contents
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Emílio Távora Vilar
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Victor M Almeida
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Editorial
António José Nicolas
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Design de Comunicação IV Communication Design IV
Paperback Mixing Messages Ultravox
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Design de Comunicação V Communication Design V
Are You Awake?
Design Editorial I + II Editorial Design I + II
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
Worldchanging
Zine O Livro como Objecto The Book as Object Guia/ Improvável/ Lisboa Unexpected/ Guide/ Lisbon 111
Audiovisual e Multimédia I Audiovisual and Multimedia I
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image Desassossego I Disquiet I
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Audiovisual e Multimédia II Audiovisual and Multimedia II
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Run Studio Run 2013
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Index
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Ensaios Essays DESIGN: FBAUL’13
Desassossego II Disquiet II
EMÍLIO TÁVORA VILAR Coordenador da área científica de Design de Comunicação/ Coordinator of the Scientific Field of Communication Design
O design é uma atividade importante. Essa importância é especialmente sentida cada vez que mostramos aos outros o trabalho desenvolvido pelos alunos finalistas no âmbito das disciplinas nucleares da licenciatura e mestrado em design de comunicação. Ao ocupar-se do interface entre as pessoas e as coisas o design determina formalmente a sua relação. Assim, quando graduamos os nossos estudantes — e temos orgulho em expor publicamente porque o fazemos — estamos a afirmá-los capazes de participar no estabelecimento dessa relação e, simultaneamente, a dizer-lhes que é tempo de assumirem responsabilidades nesse processo. Numa altura de alguma incerteza quanto ao futuro, o desafio para estes designers passa hoje pelo imperativo de uma adaptação rápida às novas dinâmicas económicas, nomeadamente a necessidade de estar à altura das exigências (e da mobilidade) de uma sociedade verdadeiramente global. Esta realidade representa também para nós um novo desafio e uma nova ambição: dotar os estudantes de meios que lhes permitam previamente controlar a inevitável (e, desde que a prazo, desejável) internacionalização em curso. Não obstante, para lá da crise, nacional e efémera, espera-os um contexto de múltiplas oportunidades, que obriga a uma visão inclusiva de diferentes áreas e exige, ao mesmo tempo, competências alargadas que passam designadamente pela exploração transversal e sinérgica dos novos ‘media’ e pela cooptação de valências audiovisuais e multimédia. Aguarda-os também a complexa tarefa de gestão das inúmeras opções e conjugações projetuais disponíveis, a obrigação de resistir ao deslumbramento que facilmente suscitam, a necessidade de uma atitude crítica permanente e o dever de adoptar uma posição ética face aos seus pares e perante os seus públicos. E porque o valor de um curso não deverá ser aferido apenas pelo resultado do seu ‘output’, este ano temos o privilégio de receber estudantes com uma classificação superior a 17,6/20, a média de entrada mais alta de sempre e reflexo
de um significativo aumento da procura, em claro contraciclo com aquela registada pela generalidade da oferta formativa de nível superior em Portugal. A licenciatura em Design de Comunicação continua a ser em termos relativos o curso da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa com maior procura, índice que lhe garante também em termos absolutos a manutenção do primeiro lugar no ranking nacional para esta área específica, posição que sustenta há largos anos a esta parte. Tal distinção demonstra consolidação científica e pedagógica e o acerto de algumas inflexões necessárias, mas traz responsabilidades acrescidas e renova expectativas a que é fundamental continuar a responder. Por fim, importa nomear aqueles a quem esta iniciativa principalmente se deve. Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao professor Victor M Almeida a coordenação geral do evento e o empenho e energia que sempre põe ao serviço do curso. Depois, são devidos agradecimentos pelos contributos de Cândida Ruivo, Frederico Duarte, Isabel Castro, Sónia Rafael, Sílvia Matias e, sobretudo, pela excepcional prestação de António José Nicolas, este ano com claro sacrifício da sua atividade académica. Por último, é ainda justa uma menção e uma palavra de reconhecimento à equipa de projeto — André Cândido, Bernardo Rodrigues, David Proença, Nuno Beijinho e Rita Matos — pela notável qualidade do trabalho desenvolvido.
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Design is an important practice. This said importance is felt particularly each time we give others the opportunity to get to know the work developed by senior students in the scope of the most important courses of both the undergraduate course and the master’s degree in Communication Design. It is when focused on the interface set between people and things that design formally determines their relationship. Therefore, when our students graduate — and we proudly exhibit their work publicly — we are evidencing their capability of establishing this relationship and simultaneously telling them it is time to be taken responsible for the process. In a time of uncertainty regarding the future, the challenge for these designers is much defined by the imperativeness of quickly adapting to new economic dynamics. This adaptation consists namely of the necessity of rising up to the demands (and mobility) of a truly global society. This reality also represents a new challenge and a new ambition for us: endow the students with means that will allow them to think ahead in order to control the ongoing, inevitable (and measurably desirable) internationalization. Nevertheless, beyond the ephemeral national crisis a context of multiple opportunities awaits them. This demands on one hand, an inclusive vision of several fields and on the other hand, broad skills that are mainly designated by a transversal and synergetic exploration of the new media and by the association of audiovisual and multimedia skills. Awaiting them also are the complex tasks of managing the uncountable project options and conjugations and the obligation to resist the awe. This will rouse the necessity of a permanent critical attitude and the duty of adopting an ethical position regarding others and their potential audience. And because one must not survey the value of an education degree simply by looking at its results, this year we had the privilege of receiving applications from students with average classifications of over 17.6/20, the highest ever entrance grades. These entrance grades are a reflection of a significant rise in demand, and clearly differ from to the ones registered by most other higher educational offers provided by others in Portugal. The Communication Design undergraduate course is still,in relative terms, the most sought after at the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon, which guarantees, in absolute terms,
the maintenance of its first place in the national ranking (in this specific field). This position has been strongly held for many years, and it is proof of scientific and pedagogic consolidation and correction of necessary inflections. However, it also increases responsibility and renews expectations that must crucially continue to be met. At last, it is important to name those who made this initiative possible. I would like to thank before hand professor Victor Almeida, whose event coordination, drive and energy are always put to service when it comes to the Design Communication course. A deep sense of gratitude towards the contributions of Cândida Ruivo, Frederico Duarte, Isabel Castro, Sónia Rafael, Sílvia Matias, and most of all, I am most grateful for the exceptional work of António José Nicolas, who this year clearly sacrificed his academic activity. And last but not least, it is only fair to mention and recognize the team behind the project — André Cândido, Bernardo Rodrigues, David Proença, Nuno Beijinho and Rita Matos — and the noted quality of the work they developed.
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VICTOR M ALMEIDA Coordenador do 1º e 2º ciclos de Design de Comunicação/ Coordinator of the 1st and 2nd cycles of Communication Design
“O começo de todas as ciências é o espanto de as coisas serem o que são.” Aristóteles
A 3ª edição de DESIGN: FBAUL’13 dá continuidade às anteriores no que concerne à apresentação de um evento organizado pelo curso de Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) com o propósito de partilhar com a comunidade os projetos desenvolvidos, no ano lectivo de 2012-2013, pelos alunos finalistas do 1º ciclo. Para o efeito, a iniciativa concentra os seus esforços na montagem de dois núcleos expositivos, na Galeria da FBAUL e na loja/galeria Fabrica Features, bem como na publicação de um catálogo impresso e na preparação de uma plataforma online, que se constitui como um repositório alargado de projetos de design nas variantes editorial, audiovisual, multimédia e web. Paralelamente, decorrem conversas que se inserem no plano de aproximação entre a praxis académica e a prática profissional em design de comunicação, promotoras de um campo de desvio que as análises exteriores tornam fundamentais e consequentes. Colocou-se um novo desafio em matéria de divulgação do pensamento crítico que inscreve a produção prática em territórios conceptuais e contextuais mais vastos sob a síntese de um tema agregador: “Diálogos sem Margem, Margem em Diálogo”. Não obstante a organização exemplar dos projetos em núcleos expositivos e da edição do catálogo nas suas dimensões impressa e online onde os dois medium dialogam, a necessidade de acionar um descentramento do olhar sobre a pele do evento fez com que se solicitasse o testemunho escrito de Anett Krause, Catarina Vasconcelos, Eva Gonçalves, Francisca Torres, Inês Fortunato, Luísa Santos, Marta Barros, Sara Orsi — designers e pensadores do fenómeno de interação social do design e do papel do designer como produtor —, na tentativa de se dar mais um passo na construção de uma rede funcional de cumplicidades que, de acordo com o plano de atividades culturais do curso, não se esgotam nesta mostra.
No período que se prepara e se implementa DESIGN: FBAUL’13 sucedem-se mostras, debates, workshops, lançamentos, festas e festivais de tudo (e de nada) numa cadência frenética em fuga para o espaço abissal que nos coloca na pós-indefinição do agora, de que fala Arjun Appadurai. Como escapar a esta agoralidade? A prática académica em design de comunicação, que se opera no convento de S. Francisco, pauta-se pela irreverência de um presente sem presente, ou seja, de uma rejeição da prescrição situacionista cujos pressupostos são sistematicamente esvaziados de sentido. Hoje, ser designer passa por observar este tempo da incerteza do lado de dentro, em apneia. Os contributos corajosos destes jovens designers indiciam que estão aptos para novos desafios. A escola ensinou-lhes a retórica aristotélica, explicando-lhes que comunicar é quase sempre um compromisso entre duas partes — o indivíduo e a sociedade. Esta última encheu-os de expectativas, quotidianamente traídas pela espuma dos dias. Sem sofismas.
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“The beginning of all sciences is the amazement that things are what they are.” Aristotle
The third edition of the academic showcase, DESIGN: FBAUL’13 provides continuity to what has been presented along the several editions of an event organized by the Communication Design course, in the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon (FBAUL). Its purpose is sharing with the community a few projects developed by the senior students of the undergraduate course, during the academic year of 2012-2013. With this in mind, our iniciative focused its efforts in assembling an event that takes place in two venues: Galeria da FBAUL (faculty’s gallery) and Fabrica Features, as well as publishing a print catalogue and preparing an online platform that serves as a broad container that holds several design projects created in the scope of the fields of editorial, audiovisual/ multimedia and web design. In parallel, a series of talks has been organized so as to bring together academic praxis and professional practice in communication design. Both are promoters of a field made fundamental by an external analysis. A new challenge was posed in terms of spreading a critical thinking. This new challenge inserts practical production in broader conceptual and contextual territories, under the synthesis of a theme that brings together the ideas of “Discussions without Margins, Margin Discussed”. Not with standing the outstanding organization of the projects in two distinct exhibition venues and the publishing of a catalogue in a way that allows two mediums, web and print, to dialogue, the need to drive the focus away from the mere skin of the event led to requesting written contributions from several designers and thinkers of design’s social interaction as a phenomenon and of the designer’s role as producer — Anett Krause, Catarina Vasconcelos, Eva Gonçalves, Francisca Torres, Inês Fortunato, Luísa Santos, Marta Barros, Sara Orsi — attempting to take one more step towards building a functional network of accomplices who, according to the course’s plan of cultural action, are not depleted in this showcase. During the period of preparation and implementation of DESIGN: FBAUL’13, showcases, debates, workshops, launches, parties and festivals of everything (and nothing) take place, in a frenzied rhytm towards the abyssal
space where we are thrown into the post-definition of the now, described by Arjun Appadurai. How can we espace from this nowness? The academic practice in communication design operates in the St. Francis convent and is ruled by the irreverence of a present with no present, a rejection of the situationist prescription whose premisses are systematically emptied of meaning. Today, being a designer means observing this time of uncertainty from within, in apnea. The brave contributions of these young designers indicate that they are capable of being challenged. School has taught them the Aristotelian rhetoric, showing them that communicating is a commitment between two parties — the individual and society. The latter has filled them with expectations that are daily betrayed by what is the mere foam of our days. Sophisms aside.
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EDITORIAL ANTÓNIO JOSÉ NICOLAS
de forma mais exigente, as relações e os modelos de comunicação, de participação e de envolvimento num espaço visível de intervenção social, reivindicando para o design, um pensamento crítico mais sustentado, face à desmaterialização e à manifesta “aceleração do real.” (Paul Virilio)2
Curadoria / Curatorship
“Duas coisas ameaçam o mundo: a ordem e a desordem.” Paul Valéry
O Design de Comunicação assume hoje, como espaço de reflexão crítica e como prática profissional, um papel fundamental na concepção e na materialização dos objectos culturais e no modo como estes se associam a correntes estéticas diversas ou se relacionam com os diferentes contextos socio-culturais a que pertencem, sendo motivo de múltiplas apropriações. Como visão abrangente, poderemos afirmar que este é ou deverá ser, um processo que se articula entre necessidade e realidade (sempre complexa), numa tentativa programática e qualificada do desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente democrática. Em torno desta ideia está sempre presente como incontornável referência crítica, um dos textos mais reconhecidos de Gui Bonsiepe, que tem como título precisamente, “ Design e Democracia”1 e onde se colocam importantes questões sobre a dimensão social e a influência da tecnologia e da industrialização, interpretadas como meios de democratização do consumo das sociedades contemporâneas. Partindo-se ainda da definição do espaço de actuação do design como um “momento de domínio resultante da fusão entre técnica e estética” (segundo Bragança de Miranda), poder-se-á afirmar no entanto, que a necessária percepção crítica do mundo e a omnipresente experiência tecnológica de que o designer participa, encontra-se hoje num território de transição ou ‘crise’ permanente entre processos e modelos, que ampliam ou questionam o sentido do pensamento, da teoria e da prática desta actividade projectual. Apesar da participação num território de “indefinição” (crise dos sistemas, crise de valores, crise das ideias…), note-se que os cenários de influência das tecnologias de informação e de comunicação e da disseminação de uma cultura do digital, — a dinâmica dos “tempos hipermodernos”, no sentido que Gilles Lipovetsky lhes atribui —, ou os contributos trazidos pelas “zonas de contacto” entre diferentes linguagens artísticas e propostas culturais, deverão permitir ao designer, desenvolver
“The ideal gallery subtracts from the artwork all cues that interfere with the fact that it is ‘art.’ The work is isolated from everything that would detract from its own evaluation of itself. (…) Unshadowed, white, clean, artificial — the space is devoted to the technology of esthetics.” 3 Brian O’Doherty
A 3ª edição da DESIGN: FBAUL’13, mostra de projectos dos alunos finalistas da licenciatura de Design de Comunicação da Faculdade da Belas-Artes da Universidade de Lisboa, apresenta-se pelo segundo ano consecutivo em dois núcleos expositivos — na Galeria da FBAUL e na Fabrica Features (Chiado) — que se diferenciam não só pela sua natureza disciplinar, temática ou formal dos projectos apresentados, mas fundamentalmente, pela lógica conceptual manifestada nas linhas programáticas das principais disciplinas de projecto, Design de Comunicação IV (DC IV) e Design de Comunicação V (DC V). Entre continuidades e diferenças entre os dois programas, encontra-se uma orientação comum: uma actividade projectual permanentemente enquadrada por uma série de reflexões críticas sobre os temas propostos (consubstanciadas em desenvolvimento teórico relevante) e protagonizada por uma consciência cultural do estado do mundo e dos seus acontecimentos. O mesmo estado de consciência cultural assinalado por Adrian Shaughnessy, que se afirma como uma das condições necessárias à prática do design contemporâneo.4 Os projectos de DC IV apresentados na Fabrica Features são reflexo de uma observação panorâmica sobre as movimentações socio-culturais (contraculturais, revolucionárias, políticas, artístiscas, teóricas) ocorridas nas décadas finais do século XX — o motivo do projecto editorial Ultravox — e interpretação da influência da ‘condição pós-moderna’ ocorrida no campo do design gráfico contemporâneo, a que se associam um conjunto de ‘sintomas’, como a desconstrução, a apropriação ou a condição autoral. Como resultado, são apresentadas as diversas soluções
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do exercício experimental Mixing Messages (booklet), consolidado entre diferentes associações teóricas hipertextuais e analogias gráficas. As disciplinas de Design Editorial I e Design Editorial II estão também presentes neste núcleo expositivo, com as suas experiências em volta de diversos modelos editoriais (livros, fanzines, guias), completando-se assim esta mostra através de um percurso linear entre as disciplinas envolvidas e os seus objectos gráficos, sujeitos a uma interpretação temática apresentada de forma mais descritiva e contextual. Na Galeria da FBAUL (um espaço que de algum modo interpreta melhor o sentido das palavras de Brian O’Doherty, citadas anteriormente) apresenta--se um núcleo mais diversificado de disciplinas e as respectivas associações estabelecidas entre a natureza conceptual e formal dos diversos projectos de DC IV, DC V e Audiovisual e Multimédia I e Audiovisual e Multimédia II, que permitem o cruzamento de diferentes leituras e analogias entre os conteúdos apresentados, com uma enfâse particular nos projectos apresentados pela disciplina de DC V e nomeadamente no seu projecto principal Worldchanging. É uma associação mais evidente entre o principal mote desta exposição “Diálogos sem Margem, Margens em Diálogo”, que pretende promover as múltiplas ligações e referências obtidas entre temas e projectos (num arquivo contínuo e num processo referencial aberto), que investem de forma urgente sobre as problemáticas da realidade contemporânea, num claro propósito de interrogação crítica e de intervenção social, materializada num conjunto de objectos de natureza projectual colaborativa, contextual, de mediação, e muitas outras formas alternativas de actuação para o design contemporâneo. Falamos de um “campo expandido” de possibilidades para o designer como produtor (conceito já enunciado por Ellen Lupton ou Victor Margolin, por exemplo), editor, activista, catalizador, ou ainda, autor. Vejam-se ainda os ensaios críticos presentes nesta publicação e que são representativos do trabalho e dos estudos de uma série de jovens designers formados recentemente na nossa faculdade e obtemos algumas certezas esclarecedoras sobre as possibilidades de intervenção proporcionadas por esta prática projectual. Who’s designing the future?, era o desafio lançado pelo Cheltenham Design Festival (Gloucestershire) em Abril de 2012, onde participou um número considerável de designers reconhecidos
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e se discutiu o estado da arte desta actividade. A pergunta é também bastante pertinente face ao trabalho que agora se apresenta nesta mostra e lembro ainda as palavras de William Drenttel, no seu ensaio “Designing for Social Change” para o blog Design Observer, onde se regista uma possibilidade de resposta, afirmando o autor acreditar numa nova tipologia para o design assente nos propósitos de uma intervenção social (social design), descrevendo as condições e as características necessárias a tal tarefa.5 Os trabalhos presentes neste núcleo expositivo da Galeria da FBAUL, apresentam-nos também essa mesma possibilidade. Em síntese, aquela que pertence ao desenvolvimento de uma prática projectual sustentada numa forte consciência social e num claro sentido de cidadania. Sempre. “We need discussion. We need thinking. We need critical faculties. We need to embrace the dilemmas and conflicts in design, and take the responsability for the outcomes of our work. (…) We mean “we” as citizens collectively imagining our future. ”
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Bruce Mau, Massive Change
“Two things threaten the world: order and disorder.” Paul Valéry
Nowadays, Communication Design as a space for critical reflection and professional practice takes on a fundamental role in creating and materializing cultural objects, and the way these relate to varied aesthetic trends and different social and cultural contexts to which it might belong to. In a broad vision, we can state that this is or should be a process articulated somewhere between necessity and reality (always complex), in a programatic, qualified attempt to develop a truly democratic society. Surrounding this idea and as a constant unsurpassable critical reference is one of Gui Bonsiepe’s most acknowledged texts, entitled “Design and Democracy”¹. He poses several important questions about the social dimension and influence of the technology and industrialization, which can be interpreted as means of democratizing consumption in the contemporary societies. Despite the definition of the space of the design practice as a “moment of dominance resulting of the fusion between technique and aesthetics” (according to Bragança de Miranda), it can also be stated that the necessary critical perception of the world and the omnipresent technological experience in which the designer participates, is now faced with a territory of transition or permanent “crises”, standing between processes and models, which amplify or question the meaning of thought, theory, and practice in the context of this activity. Even though this participation in a territory of “indefinition” (crisis of systems, of values, of ideas...) is evidenced, we should not look over the scenarios of the influencial information and communication technologies and the vast expansion of the digital culture, — the dynamics of the “hypermodern times”, as described by Gilles Lipovetsky —, nor the contributions provided by “contact zones” established between different artistic languages and cultural proposals. These should allow the designer to demandingly develop models of relationships, communication, participation and involvement in a visible space of social intervention, claiming a supported sense of critical thought, in the face of dematerialization and manifestation “acceleration of the real.” (Paul Virilio).²
“The ideal gallery subtracts from the artwork all cues that interfere with the fact that it is ‘art.’ The work is isolated from everything that would detract from its own evaluation of itself. (…) Unshadowed, white, clean, artificial — the space is devoted to the technology of esthetics.” 3 Brian O’Doherty
The third edition of this academic event is entitled DESIGN: FBAUL’13, a showcase of projects elaborated by the senior students of the Communication Design undergraduate course of the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon. It will be presented in two venues for the second consecutive year — in FBAUL’s gallery and in Fabrica Features (Chiado). These two venues will be differentiated not only through the formal or thematic nature of the presented projects, but fundamentally through the conceptual logic manifested along the lines of the academic programs of two courses: Communication Design IV (CD IV) and Communication Design V (CD V). Between the continuity and differences of each academic program, a common guideline can be found: a project-based activity permanently framed by a series of critical reflections about the proposed subjects (consubstantial in relevant theoretic development) and led by a cultural conscience of the state of the world and its happenings. This same state of cultural consciousness, as described by Adrian Shaughnessy, is assumed as one of the necessary conditions for the contemporary design practice.4 The CD IV projects presented in Fabrica Features are a reflection of a panoramic observation of the social and cultural dynamics (countercultures, revolutionary, political, artistic, theoretic) occurred in the final decades of the twentieth century — as can be seen in the editorial project Ultravox — and an interpretation of the influence of the “post-modern condition” which took place in the graphic design field, to which we can associated a set of ‘symptoms’ such as deconstruction, appropriation or authorial condition. As a result, several solutions of the experimental exercise Mixing Messages (booklet) will be featured. This exercise resulted of different theoretic hypertext associations and graphic analogies. The courses of Editorial Design I and II will be featured in this showcase as well, in their experiments around diverse editorial models (such as books and fanzines). This showcase is completed as a linear path
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that travels along the involved courses and their graphic objects, in a thematic interpretation presented in a descriptive and contextual way. In the gallery of the faculty (a space that interprets to perfection the meaning of Brian O’Doherty’s words, previously cited) it is showcased a more diverse selection of courses (CD IV, CD V, Audiovisuals and Multimedia I and Audiovisual and Multimedia II ) and their established associations between the conceptual and formal nature of the projects. This allows the crossover between different interpretations and analogies of the studied content, with particular emphasis in the projects of the CD V course, namely the main project entitled Worldchanging. It is a most evident association between the main theme of this exhibition (“Dialogues without Margin, Margins in Dialogue”) that aims to promote the multiple links and references obtained in subjects and projects (one continuous archive in an open process of references) which invest urgently on the problems of contemporary reality, a clear purpose of critical interrogation and social intervention, embodied in a set of collaborative project-oriented objects and many other alternative forms of action for contemporary design. We speak of an ‘expanded field’ of possibilities for the designer as producer (a concept already enunciated by Ellen Lupton and Victor Margolin, for example), editor, activist, catalyst, or even as author. In observance of the critical essays in this publication; truly representative of the work and studies of a number of young designers who have recently graduated from our college, we can obtain a few certainties that allow a certain enlightening of the intervening possibilities provided by this project practice. Who’s designing the future? was the name of the challenge promoted by the Cheltenham Design Festival (Gloucestershire) in April 2012, where a considerable number of well-known designers participated in, and discussed the state of the art in this activity. This question is also highly relevant to the work we showcase here and now and I can recall the words of William Drenttel, in his essay “Designing for Social Change” for the blog Design Observer, where the possibility of response states its presence, and where the author claims to believe in a new typology for design based on the purpose of a social intervention (social design), describing the conditions and characteristics required for such a task.5
The works presented in this exhibition nucleus also show us that such a possibility is not far from real. In short reality, a possibility pertinent to the development of a project practice underpinned by a strong social conscience and a clear sense of citizenship. Always. “We need discussion. We need thinking. We need critical faculties. We need to embrace the dilemmas and conflicts in design, and take the responsability for the outcomes of our work. (…) We mean “we” as citizens collectively imagining our future. ” Bruce Mau, Massive Change
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1. BONSIEPE, Gui (2011) “Design e Democracia” in Design, Cultura e Sociedade; Ed. Blucher; http://www.blucher.com.br/ produto/05326/design-cultura-e-sociedade (23/09/2013) 2. VIRILIO, Paul (2000), Cibermundo: a política do pior; Lisboa: Teorema. 3. O’DOHERTY, Brian (1999); Inside the White Cube. The Ideology of the Gallery Space (Expanded Edition). Berkeley/Los Angeles/London: University of California Press. 4. “Cultural awareness is vital for the modern designer and most designers are culturally aware people. It’s why designers are often witty with a sophisticated sense of humor (we shouldn’t be surprised at this: designers are observers, and the best humour comes from microscopic observation). (…) “Without constantly scanning, scrutinizing and absorbing what goes around you, you cannot become a successful designer.” SHAUGHNESSY, Adrian (2005); How to be a graphic designer without losing your soul; London: Laurence King Publishing, Ltd. 5. “I have since come to believe that social design defines a new kind of designer. It needs to be expansively conceived beyond trained designers to include end users and social participants. Social design cannot be a subspecialty of the design profession (like graphic design, package design, product design, service design, and so on), but is a larger activity that depends upon design in all its forms — thought, processes, tools, methodologies, skills, histories, systems — to contribute to the needs of a larger society. It implies at once an attitude and an approach to life: as such, it can help us frame how we want to live in the future. It is therefore inherently pragmatic and results-oriented, simultaneously humble and ambitious, and fundamentally optimistic and forwardlooking.” DRENTTEL, William (2012); “Designing for Social Change” in Design Observer in http://changeobserver.designobserver.com/ feature/designing-for-social-change/33188/ (25/09/2013)
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DESIGN DE COMUNICAÇÃO IV
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PAPERBACK MIXING MESSAGES ULTRAVOX
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Docentes / Teachers: António José Nicolas + Isabel Castro
PAPERBACK MIXING MESSAGES ULTRAVOX
Design de Comunicação IV
Intro
DC IV: THE END OF PRINT 1
Pós-modernismo Desconstrução Revolução Digital
ANTÓNIO JOSÉ NICOLAS
“Serão os anos sessenta o material de uma narrativa mítica? Uma vez mais, não tecnicamente, mas talvez metaforicamente. À medida que o tempo passa (uma vez que este continua a ser visto como linear) vai-se apurando um script sobre o período. A distância entre o que aconteceu de facto e o que se diz ter acontecido aumenta. É nesse hiato que se constrói a narrativa mítica, em que basta dizer ‘Jim Morrison’ ou ‘Deus morreu, Marx também, etc.’ para que seja invocado todo um sistema de símbolos e significados.” Miguel Vale de Almeida
Narrativas míticas. Foi a interrogação de Miguel Vale de Almeida2 sobre a ‘iconografia’ dos anos 60 a servir de primeiro motivo de discussão e de reflexão sobre o programa de Design de Comunicação IV (DC IV) e os contextos e referências socio-culturais que enquadravam o trabalho projectual previsto para o semestre. Situado historicamente entre as décadas de 60 e 80 do século XX, o programa de DC IV apresentava uma abrangência temática que incluía a exploração de definições contemporâneas de design e projectava uma reflexão central sobre o papel do designer de comunicação no panorama contemporâneo. Nessa perspectiva, procurou-se em primeiro lugar caracterizar a dinâmica e a complexidade desse período histórico, marcado por fortes convulsões políticas e ideológicas, por uma acentuada crise de valores culturais ou ainda por uma exponencial evolução tecnológica e pelo fenómeno avassalador da globalização. “The new electric interdependence recreates the world in the image of a global village.” Marshall McLuhan
Foi essencialmente a partir dos anos 60 que estas manifestações de mudança verificadas na maior parte das sociedades ocidentais, tiveram um profundo impacto no panorama cultural e artístico dessas mesmas sociedades e naturalmente, na forma como o design se afirmou perante as novas problemáticas, as novas solicitações da cultura de massas e os desafios dos novos territórios mediáticos. De referir ainda, com particular enfâse, as correntes e as formas contraculturais que se afirmaram DESIGN: FBAUL’13
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Communication Design IV
Intro
nesse período — de modo particularmente significativo nas diferentes manifestações artísticas — e que serviram em grande medida, como influência para o estudo dos processos, das práticas e das novas formas do design de comunicação.3 Segundo Lipovetsky, é efectivamente no decurso dos anos 60 que o pós-modernismo revela as suas características maiores, com o seu radicalismo cultural e político e o seu hedonismo exacerbado. Para o autor, “o pós-modernismo aparece como a democratização do hedonismo, a consagração generalizada do Novo, o triunfo da ‹‹anti-moral e do anti-institucionalismo» o fim do divórcio entre os valores da esfera artística e os valores do quotidiano.”4 O design gráfico associado às correntes pós-modernistas, tem sido caracterizado por um enunciado projectual que genericamente entra em ruptura com o sentido conceptual e as expressões modernistas, que da Bauhaus até às suas posteriores manifestações nas Escolas europeias de Ulm, Basileia e Zurique ou nos EUA, nas escolas de Chicago e Nova Iorque, irão disseminar a sua influência na aprendizagem e na construção do projecto gráfico. O design gráfico pós-modernista, rejeitando ou ignorando a tradição e as convenções entretanto instaladas pelo Modernismo Suíço como principal paradigma, afirma-se com uma outra condição filosófica e formal, de raízes mais ecléticas, e com a disseminação de discursos mais plurais, indo ao encontro de influências culturais de características mais individualizadas e menos convencionais, interpretando assim os diferentes sinais e expressões dessas influências. A caracterização deste período histórico permitiu-nos compreender um conjunto de factores que, directa e indirectamente, afectaram a condição do design — da emergência do computador pessoal à consequente revolução digital, à massificação da comunicação e à evolução dos meios de acesso e distribuição de conteúdos ou à afirmação da Internet como paradigma da sociedade de informação — definindo-se assim, alguns modelos exemplares de pensamento e de actuação em design, pertencentes no entanto a um processo em constante mudança.5
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1. “The End of Print”: expressão utilizada por Neville Brody, em referência à revista Ray Gun, durante uma entrevista conjunta com o designer norte-americano David Carson, para a revista Creative Review, em Maio de 1994. O mesmo título foi posteriormente utilizado na monografia sobre o trabalho do próprio David Carson. 2. ALMEIDA, Miguel Vale de (1997); “O mito da libertação sexual nos anos 60”. Lisboa: revista Belém, nº1, C.C.Belém; p.60. 3. A afirmação da contracultura, como fenómeno cultural e social disseminado em grande parte do mundo ocidental nas décadas de 60 e 70 do século XX, teve um impacto determinante e duradouro em todas as formas de expressão artística da época, nas movimentações sociais e políticas mais significativas dessa geração (o movimento dos Direitos Civis, o protesto anti-guerra do Vietname, as reacções às diferentes formas de autoridade e ao status quo
instalado nas sociedades ocidentais — o Maio de 1968) ou ainda nas formas alternativas de associação ou de vida alternativa fomentadas por exemplo, pela cultura hippie. 4. LIPOVETSKY, Gilles (1989); A Era do Vazio; Lisboa: Relógio D’Água. 5. “If there is one thing that postmodernism has made clear, it is surely that every certainty is an illusion, that all fundaments are artificial, and that any thesis can be disputed. Opinions are valid for the moment, and not a minute longer. Networks, open systems and flexibility are the watchwords of our age. (…)Rapid developments both inside and outside the profession clear the path ahead for new design strategies. The role and the place of the graphic designer in the communication process have changed.” AA.VV. (1999); The World Must Change. Graphic Design and Idealism; Amsterdam: Sandberg Instituut.
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação IV
Intro
CD IV: THE END OF PRINT 1
Post-modernism Deconstruction Digital Revolution. ANTÓNIO JOSÉ NICOLAS
“Will the ‘60s be the material of a new mythical narrative? Once again, not technically, but metaphorically, perhaps. As time goes by (and time is still seen as linear) a script on this period is slowly being selected. It is in this hiatus that we are able to build a mythical narrative, in which we need only say ‘Jim Morrison’ or ‘God is dead and so is Marx, etc.’, and a system of symbols and meanings is conjured.” Miguel Vale de Almeida
Mythical narratives. This was the interrogation posed by Miguel Vale de Almeida2 on the ‘60s iconography, the main debate and reflection theme on the Communication Design IV (CD IV) program. Historically situated among the twentieth century’s ‘60s and the ‘80s, the CD IV program presents a thematic variety that includes the exploration of contemporary definitions of design and demands a reflection about the role of the communication designers in the scope of the contemporary panoramic. In this perspective, we aimed to characterize the dynamics and the complexity of this historical period, set by strong political convulsion and ideologies, and by an accentuated crisis of cultural values or even an exponential technological evolution, and by the overwhelming phenomenon of globalization. “The new electric interdependence recreates the world in the image of a global village.” Marshall McLuhan
It was essentially in the ‘60s that these manifestations of change took place in most western societies, and they had a profound impact on the cultural and artistic panorama. Naturally, this affected the way design stands before new problematics, mass culture demands and new territory challenges as well. Particularly worth the mention is how the counterculture currents thrived in this period, quite significantly in the artistic manifestations. They greatly influenced how communication design works in its practice and processes.3 According to Lipovetsky, it is in the ‘60s that modernism reveals its greater characteristics, due to its cultural and political radicalism and its aggravated hedonism. As claimed by the author, “post-modernism is like DESIGN: FBAUL’13
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Communication Design IV
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the democratization of hedonism, the generalized consecration of the New, the triumph of «anti-moral and anti-institutionalism», the end of the divorce between the values of the artistic sphere and the values of the quotidian”.4 The association between graphic design and the post-modernist currents has been characterized by a project enunciation that generically breaks free from the conceptual sense and modernist expressions practiced in Bauhaus and european schools of Ulm, Basileia and Zurich, or even in the USA, in the schools of Chicago and New York. These expressions would soon spread their influence in learning and building a graphic project. Post-modernist graphic design rejects and ignores traditions and conventions set by Swiss Modernism as central paradigms, and stands as a new philosophical and formal condition, eclectically rooted. It spreads wider discourses and relates to more individualized and less conventional cultural influences, interpreting its signs and expressions. Characterizing this particular historic period allowed us to understand a number of factors that, directly and indirectly affected the condition of design — from the birth of the personal computer to the consequent digital revolution, to the mass communication and the evolution of access means and content distribution, or even the claim of the Internet as the paradigm of an information society — and helped define a few outstanding models of thinking and performing in design, that belong to a constantly evolving process.5
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1. “The End of Print’: as said by Neville Brody, in reference to the Ray Gun magazine, during a joint interview with the american design David Carson for the Creative Review magazine, in May 1994. The same title was used later in the monography on the work of David Carson himself. 2. ALMEIDA, Miguel Vale de (1997); “O mito da libertação sexual nos anos 60”. Lisboa: Belém, nº1, C.C.Belém; p.60. 3. The counterculture as a cultural and social phenomenon spread all over the western world in the twentieth century’s decades of the 60s and the 70s. It had a determining and lasting impact in all forms of artistic expression at the time, and in that generation’s most significant social and political movements (the Civil Rights movement, the anti-war protest for Vietnam, the reaction to several authorities and the status quo installed in
western societies — May 1968 events), or even in the alternative lifestyles practice at the time, such as the hippie culture. 4. LIPOVETSKY, Gilles (1989); A Era do Vazio; Lisboa: Relógio D’Água. 5.“If there is one thing that postmodernism has made clear, it is surely that every certainty is an illusion, that all fundaments are artificial, and that any thesis can be disputed. Opinions are valid for the moment, and not a minute longer. Networks, open systems and flexibility are the watchwords of our age. (…) Rapid developments both inside and outside the profession clear the path ahead for new design strategies. The role and the place of the graphic designer in the communication process have changed.” AA.VV. (1999); The World Must Change. Graphic Design and Idealism; Amsterdam: Sandberg Instituut.
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação IV
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O MEIO ÉA MENSAGEM THE MEDIUM IS THE MESSAGE
MARSHALL McLUHAN
DESIGN: FBAUL’13
Data / Date: 10.2012
Communication Design IV
Paperback
PAPERBACK —
INTERVENÇÃO GRÁFICA / GRAPHIC INTERVENTION
“A MASS MEDIUM IS ONE IN WHICH THE “MESSAGE” IS NOT DIRECTED AT AN AUDIENCE BUT THROUGH AN AUDIENCE. THE AUDIENCE IS BOTH SHOW AND THE MESSAGE. LANGUAGE IS SUCH A MEDIUM, ONE THAT INCLUDES ALL WHO USE IT AS PART OF THE MEDIUM ITSELF.” 1 MARSHALL McLUHAN
Exercício de intervenção gráfica no espaço da Faculdade, desenvolvido a partir da interpretação do texto de Marshall McLuhan “The Medium is the Message”, presente na obra Understanding Media: the extensions of man, editada em 1964, e que teve como principais referências, os livros que resultaram da parceria entre Marshall McLuhan e o designer Quentin Fiore: “The Medium is the Massage” (1967) e “War and Peace in the Global Village (1968). Da perspectiva do design gráfico, estes são exemplos extraordinários de integração do texto e da imagem num layout bastante dinâmico visualmente, quebrando com os modelos normalmente associados à produção editorial mais comercial. “The Medium is the Massage” foi o primeiro volume concebido e concretizado por Quentin Fiore, que se assumiu assim como co-autor e intérprete visual dos textos e ideias de Marshall McLuhan. Para o exercício em causa, pretendeu-se que os alunos concretizassem um conjunto de planos gráficos que apresentassem uma série de analogias visuais potenciadoras de alguns conceitos enunciados por McLuhan no seu texto, e que se afirmassem como uma ideografia sintetizadora das suas ideias.
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Graphic intervention exercise that took place in the college space, developed with the text “The Medium is the Massage” as starting point, written by Marshall McLuhan as part of his work “Understanding Media: the extensions of man”, published in 1964. This text was based on the books that resulted from the partnership between Marshall McLuhan and the designer Quentin Fiore. Among those books are “The Medium is the Massage”, published in 1967 and “War and Peace in the Global Village”, published in 1968. From the graphic design’s perspective, these are extraordinary examples of how text and image can be integrated in a visually dynamic layout that breaks away from the models usually associated to an editorial production that focuses on market and advertising. “The Medium is the Massage” was the first volume conceived and achieved by Quentin Fiore, who was assumed as co-author and visual interpreter of Marshall McLuhan texts and ideas. For this specific exercise, it was asked of the students the creation of a group of graphic that showed a series of visual analogies that would potentiate a few of the concepts stated in McLuhan’s text.
1. McLUHAN, Marshall (1964), Understanding Media, New York: McGraw–Hill
DESIGN: FBAUL’13
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Design de Comunicação IV Paperback
1.
2.
3.
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
0330
Paperback
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Communication Design IV
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4.
31 13 13
5.
1. CÁTIA JESUS, DAVID PROENÇA, JOÃO ORNELAS 2. ANA CATARINA REALINHO, HENRIQUE SALGUEIRO. MIRIAM FERREIRA 3. GONÇALO GEIRINHAS, MIGUEL FERREIRA, NUNO BEIJINHO, RITA MATOS 4. FRANCISCO REBELO, JOANA BLASQUES, JOANA SEBASTIÃO, SOFIA CARVALHO 5. ANDRÉ CÂNDIDO, BERNARDO RODRIGUES, FILIPA ROCHA, JOÃO MIRANDA
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
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Mixing Messages
INTERTEXTUALITY DESCONSTRUÇÃO THEORETICAL ESSAYS
ENSAIOS TEÓRICOS
Learning from Las Vegas Robert Venturi, Denise Scott Brown & Steven Izenour (1972)
Into the Digital Realm / Emigre Rick Poynor (1994)
Typography as Discourse Katherine McCoy & David Frej (1988)
There is Such Thing as Society Andrew Howard (1994)
Cult of the Ugly Steven Heller (1993)
The Designer as Author Michael Rock (1996)
Design and Reflexivity Jan van Toorn (1994)
Dematerialization of Screen Space Jessica Helfand (2001)
TO READ
A LER
INTERTEXTUALIDADE
DECONSTRUCTION Data / Date: 11.2012
DESIGN: FBAUL’13
Communication Design IV
Mixing Messages
MIXING MESSAGES —
REGISTO TEÓRICO + BOOKLET + DIAGRAMA/ THEORETIC RECORDING + DIAGRAM + BOOKLET
“MIXING CHARACTERIZES THE SOCIAL LIFE OF DESIGN. VISUAL COMMUNICATIONS ELICIT DIVERGENT RESPONSES IN A CROWDED LANDSCAPE OF COMPETING MESSAGES.” 1 ELLEN LUPTON
A leitura é um exercício dinâmico que apela à memória e suscita a imaginação. Um texto não é apenas um texto. É o princípio de uma construção que convoca palavras, imagens, sons, sensações. Como afirma Michel Foucault2, um livro não tem limites porque o texto é apenas um nó de uma ampla rede de referências. Esta lógica associativa refere-se explicitamente ao conceito de intertextualidade. Assim, o valor de uma mensagem não se encerra em si mesma, mas nas possibilidades de combinação / recombinação com outras mensagens através do processo de descodificação / recodificação que a leitura propícia. A desconstrução, introduzida no âmbito dos estudos literários por Jacques Derrida em 1967, corresponde a um processo de desmontagem estrutural dos códigos e convenções, que oferece ao design gráfico argumentos alternativos na exploração da linguagem gráfica e tipográfica. Mixing Messages foi um exercício de experimentação em torno de novas possibilidades de formulação do discurso gráfico e assente na possibilidade de seleccionar conteúdos e de gerar novos significados através de uma nova visualidade. Promoveu-se a leitura crítica de alguns ensaios teóricos sobre design gráfico que se consideraram relevantes face ao contexto temático do semestre e procurou-se o desenvolvimento de uma análise crítica que contextualizasse a especificidade de cada texto e amplificasse o seu potencial significado através do cruzamento com outras referências (textuais ou visuais), tendo como principais objectivos, o desenho de uma proposta editorial (booklet) que ilustrasse os conceitos de intertextualidade e desconstrução já referenciados.
Reading is a dynamic exercise that appeals to our memory and incites our imagination. A text is not just a text. It is the beginning of a construction that brings together words, images, sounds and sensations. As stated by Michel Foucault2, a book has no limits, because text is simply a knot in a much wider, broader network of references. This associative logic explicitly refers to the concept of intertextuality. Therefore, the value of a message is not enclosed in itself, but in the possibilities of combining and recombining with other messages, through the processes of decoding and re-decoding promoted by the act of reading. Deconstruction, as introduced by the literary studies of Jacques Derrida in 1967, corresponds to the process of structurally dismounting codes and conventions. This offers alternative arguments when exploring graphic and typographic language. Mixing Messages was an exercise of experimentation that consisted on exploring new possibilities when it comes to formulating a graphic speech based on the possibility of selecting content and generating new meaning through a refreshed visual. A critical reading of a few relevant essays on graphic design in the scope of the issues addressed to in this semester was promoted and the students searched for ways of developing a critical analysis that would put the specificity of each text into context and would amplify their potential meaning, opposing them to other references (textual or visual). The primary goals were the design of an editorial proposal (in the form of a booklet) that would illustrate the concepts of intertextuality and deconstruction as presented above.
1. LUPTON, Ellen (1996); Mixing Messages: Graphic Design in Contemporary Culture; New York: Princeton Architectural Press
2. FOUCAULT, Michel (2002); Archaeology of Knowledge; London/New York: Routledge
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DESIGN: FBAUL’13
Nome da Design deCadeira Comunicação X IV
Mixing Projecto Messages Xyz
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DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Nome da CadeiraDesign Communication X IV
Mixing Projecto Messages Xyz
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DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Mixing Messages
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Design de Comunicação IV
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CAROLINA FERREIRA Mixing Messages Learning from Las Vegas
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BERNARDO MAJER Vernacular numa Viagem a Las Vegas Learning from Las Vegas
DESIGN : FBAUL ’13
Mixing Messages
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Communication Design IV
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NUNO BEIJINHO Deconstruction of Meaning Typography as Discourse
DESIGN : FBAUL ’13
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MÁRCIO NAZARETH Eu Declaro! Designer as Author
Mixing Messages
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Design de Comunicação IV
design2013.fba.ul.pt/links/proj/mm/dp.html
ANA CATARINA REALINHO Mixing Messages Dematerialization of Screen Space
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DAVID PROENÇA Data Landscape Dematerialization of Screen Space
DESIGN : FBAUL ’13
Communication Design IV
Mixing Messages
ANDRÉ CÂNDIDO Imergir Dematerialization of Screen Space
DESIGN : FBAUL ’13
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Design de Comunicação IV
Mixing Messages
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LUCAS LIMA Mixing Messages Cult of Ugly
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Mixing Messages
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Communication Design IV
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CAROLINA BRANCO Whatever Works Cult of Ugly
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JOÃO ORNELAS Alternative by Design? Cult of Ugly
Mixing Messages
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Design de Comunicação IV
design2013.fba.ul.pt/links/proj/mm/br.html)
HENRIQUE SALGUEIRO Mixing Messages There is Such as Society
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BERNARDO RODRIGUES Mixing Messages There is Such as Society
DESIGN : FBAUL ’13
Mixing Messages
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Communication Design IV
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VALENTIM TOSTE Mixing Messages Design and Reflexivity
DESIGN : FBAUL ’13
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RITA MATOS Mixing Messages Design and Reflexivity
Design de Comunicação IV
Ultravox
S FORA
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vised e l e T e Not B l i W n utio Drop Out l o v e R I. The n, Tune In, O II. Turn alipse Now s o” ê III. Apoc deus Portugu Alternativa Zer IV. Um A de Ruptura + “ Adeus V. Anos gal: Depois do sejo u VI. Port im, Asas do De l VII. Ber
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DESIGN: FBAUL’13
Data / Date: 11.2012
Communication Design IV
Ultravox
ULTRAVOX —
PROJECTO EDITORIAL: MAGAZINE MULTIMÉDIA/ EDITORIAL PROJECT: MULTIMEDIA MAGAZINE
“THE IMAGES THAT MOBILIZE CONSCIENCE ARE ALWAYS LINKED TO A GIVEN HISTORICAL SITUATION. THE MORE GENERAL THEY ARE, THE LESS LIKELY THEY ARE TO BE EFFECTIVE.” SUSAN SONTAG
Com o programa da disciplina e as principais temáticas que aí se apresentaram, procurou-se definir um território conceptual que motivasse no aluno um adequado desenvolvimento projectual sobre um espaço contemporâneo de afirmação social e cultural. As leituras e reflexões propostas para o semestre permitiram um necessário entendimento crítico sobre as diferentes realidades sociais, políticas e culturais da segunda metade do século XX, consolidando-se assim uma abrangente percepção do “estado do mundo” a que pertencemos. A consciência histórica do mundo em que vivemos é, em grande parte, o produto da leitura dos “sinais do tempo”. A palavra e a imagem e os seus infinitos poderes significantes constituem esses sinais, que, em conjunto com outros expressões gráficas, se afirmam como intrumentos narrativos.1 A palavra tipográfica, o instante capturado na fotografia, o tempo memorizado em frames de vídeo, enfim, a literatura, o cinema e todas as expressões artísticas constituem-se como “provas de contacto” com a realidade, que nos permitem situar espacial e temporalmente. Local e globalmente, social e culturalmente, individual e colectivamente. A partir de uma série de acontecimentos e cenários políticos, socio-culturais e artísticos ocorridos entre os anos 60 e 80 do século XX e tendo como referências uma série de temas/metáforas associados a este projecto Ultravox, propôs-se um projecto de comunicação visual que explorasse o papel do designer como editor e coordenador da pesquisa, selecção e apresentação de conteúdos.
Face aos resultados das pesquisas efectuadas, projectou-se então uma publicação periódica (magazine multimédia) — com a publicação periódica Aspen, “The multimedia magazine-ina-box” como exemplo pioneiro destes formatos multidimensionais2, — que abordasse o tema seleccionado a partir de um conjunto de referências directas (imprensa, fotografia, documentos, etc.) ou contextuais e ficcionais (literatura, cinema, artes em geral, etc.) e permitisse assim, o desenvolvimento de um layout mais rico de soluções, conceptual e formalmente.
1. “Images and graphics are necessary, but not as decoration. They are narrative tools.”, Javier Errea (2010), “Visual language”, Turning Pages, Berlim: Gestalten.
2. A revista multimédia Aspen, foi publicada por Phylis Johnson entre 1965 e 1971 nos Estados Unidos da América e cada número obedecia a um tema específico, que dava título e forma gráfica a uma caixa (entre outros tipos de embalagem) que encerrava uma série de materiais, desde cartazes, gravações áudio e video, postais, manifestos, etc.
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“Reality can be experienced as a “spectacle” of images, accessible every morning in the newspaper and at any time on a screen.” David Crow
Processo: [1] Dossier de Pesquisa; [2] Logotipo; [3] Publicação; [4] Ecrã: Registo Audiovisual.
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ULTRAVOX — “THE IMAGES THAT MOBILIZE CONSCIENCE ARE ALWAYS LINKED TO A GIVEN HISTORICAL SITUATION. THE MORE GENERAL THEY ARE, THE LESS LIKELY THEY ARE TO BE EFFECTIVE.” SUSAN SONTAG
The program of this semester’s course and the main topics it presented aimed to define a conceptual territory that would motivate the students in the search for a project development of a social and cultural affirmation contemporary space. The readings and reflections proposed in this semester demanded the necessary critical understanding of the different social, political and cultural realities of the second half of the twentieth century. That being so, we were able to consolidate a broad perception of the “state of the world” we belong to. The historic conscience of the world we live in consists of the result of reading the “signs of time”. Word, image and their infinite meaningful powers constitute these signs, and together with other graphic expressions, they are assumed as narrative instruments.¹ The typographic word, the instant captured in a photograph, the time memorized in video frames, and of course, literature, cinema and all artistic expressions are none other than ‘proofs of contact’ established with reality, and allow us to situate ourselves spatially and secularly. A series of political, social, cultural and artistic events and scenarios occurred between the ‘60s and the ‘80s of the twentieth century. The Ultravox project was associated to a series of themes and metaphors, and it aimed to explore the role of the designer as an editor, research coordinator, selector and presenter of contents. With the results of the researches elaborated by the students, a periodic publication was projected
in the form of a multimedia magazine (assuming the periodic publication Aspen, “The multimedia magazine-in-a-box” as one example of these multidimensional formats)2 that would approach each of the selected themes and metaphors through the use of both direct references such as press, photography, documents, among others, and contextual and fictional references such as literature, cinema, arts in general, etc. This allowed the students to develop a layout rich on solutions, conceptually and formally.
1. “Images and graphics are necessary, but not as decoration. They are narrative tools.”, Javier Errea (2010), “Visual language”, Turning Pages, Berlim: Gestalten.
2. The Aspen multimedia magazine was published by Phylis Johnson between 1965 and 1971, in the United States of America. Each issue obliged to a specific theme, which offered a title and a graphic form to usually, a box, among other types of containers, that enclosed a series of materials from posters to audio and video recordings, postcards, manifests, etc.
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“Reality can be experienced as a “spectacle” of images, accessible every morning in the newspaper and at any time on a screen.” David Crow
Process: [1] Research Dossier; [2] Logotype; [3] Publication; [4] Screen: Audiovisual Medium.
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DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Ultravox
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Design de Comunicação IV
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LUCAS LIMA Brasil Anos 60 Vol. I — The Revolution Will Not Be Televised
CAROLINA BRANCO, Mª ASSUNÇÃO SAMPAYO, Mª BEATRIZ FREITAS I AM A (HU)MAN, Black Issue Vol. I — The Revolution Will Not Be Televised
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
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Communication Design IV
Ultravox
MIGUEL FERREIRA, RUI MIGUEL, TIAGO RODRIGUES, WENCE YE The Revolution Will Be Televised Vol. I — The Revolution Will Not Be Televised
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
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Ultravox
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ANA CATARINA REALINHO, HENRIQUE SALGUEIRO, ORIANA GOMES Vietnam War: A Personal View Vol. II — Apocalipse Now
DESIGN : FBAUL ’13
Ultravox
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Communication Design IV
ANA CORREIA, LUÍSA BRITO, MÁRCIO NAZARETH, VALENTIM TOSTE Um Adeus Português Vol. IV — Um Adeus Português
DESIGN : FBAUL ’13
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JOANA SEBASTIÃO, SOFIA MENDES DE CARVALHO, SUSANA BARROSO A Guerra Colonial Vol. IV — Um Adeus Português
Ultravox
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design2013.fba.ul.pt/links/proj/uv/ct.html
GONÇALO GEIRINHAS, NUNO BEIJINHO, RITA MATOS Vol V — Anos de Ruptura + Alternativa Zero
CAROLINA FERREIRA, TÂNIA RODRIGUES Vol V — Anos de Ruptura + Alternativa Zero
DESIGN : FBAUL ’13
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Ultravox
ANDRÉ CÂNDIDO, BERNARDO RODRIGUES, FILIPA ROCHA, JOÃO MIRANDA Vol V — Anos de Ruptura + Alternativa Zero
DESIGN : FBAUL ’13
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Design de Comunicação IV
Ultravox
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CÁTIA JESUS, MARTA SANTOS, TELMA MARQUES Berlin Blues Vol. VII — Berlim Asas do Desejo
DESIGN : FBAUL ’13
Communication Design IV
Ultravox
BERNARDO MAJER, DAVID PROENÇA, JOÃO ORNELAS, ZÉ PEDRO FERNANDES Vol. VII — Berlim Asas do Desejo
DESIGN : FBAUL ’13
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DESIGN DE COMUNICAÇÃO V
ARE YOU AWAKE? WORLDCHANGING
65 69 Docentes / Teachers: Pedro Almeida + Isabel Castro
59 COMMUNICATION DESIGN V
ARE YOU AWAKE? WORLDCHANGING
65 69
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação V
Intro
DC V: LEVEZA E INQUIETAÇÃO
O design de comunicação e a urgência de questionar.
PEDRO ALMEIDA ISABEL CASTRO
“Nas alturas em que o reino do humano me parece mais condenado ao peso, penso que como Perseu deveria voar para outro espaço. Não estou a falar de fugas para o sonho ou para o irracional. Quero dizer que tenho de mudar o meu ponto de vista, tenho de observar o mundo a partir de outra óptica, outra lógica, e outros métodos de conhecimento e de análise. As imagens de leveza que procuro não deverão deixar-se dissolver como sonhos pela realidade do presente e do futuro.” Italo Calvino Na obra Um Mundo sem Regras, Amin Maalouf1 apresenta-nos uma visão inquietante do mundo contemporâneo caracterizado por diversos desregramentos — geopolíticos, sociais, económicos, climáticos, intelectuais, éticos. Neste cenário, a Humanidade confronta-se com a possibilidade de ter atingido um limiar de incompetência moral e caminhar inexoravelmente num sentido regressivo. Assumindo este contexto, a última etapa formativa da licenciatura em Design de Comunicação apropria-se da “leveza” proposta por Italo Calvino2 como metáfora para uma abordagem crítica e reflexiva sobre o design e o papel específico do designer de comunicação num mundo complexo e desequilibrado. Um olhar atento sobre a realidade actual, num enfoque local ou numa panorâmica global, conduz ao reconhecimento da profusão de objectos, de sistemas e de processos que definem a nossa vivência social. Estes são produto do desígnio humano de moldar o mundo de acordo com as nossas necessidades, os nossos interesses e os nossos desejos. Neste sentido, constatamos que vivemos num mundo estruturado e configurado através do design assumindo-se este como uma activida de inerente à condição humana3. Mas este reconhecimento, sendo mais recente do que seria desejável, impõe a urgência de reflectir sobre o impacto e as consequências da actividade projectual. Assim, o programa de Design de Comunicação V, tomando como referência o projecto editorial e expositivo de Bruce Mau, Massive Change, não é sobre o mundo do design, mas sobre o design do mundo4 e propõe uma pesquisa e análise profundas sobre a dinâmica, a rede de interdependências e a complexidade que caracterizam o continuum espaço-temporal contemporâneo, no qual a comunicação se assume como factor determinante.
DESIGN: FBAUL’13
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Communication Design V
Intro
A evolução das tecnologias de informação e comunicação e os crescentes e acelerados fluxos comunicacionais são expressão de uma dinâmica “hipermoderna”5 que radicaliza as características do capitalismo global dominante que tende a submeter tudo (e todos) à lógica do mercado e ao primado das dimensões económica e financeira. Neste contexto, impõe-se ao designer de comunicação uma atitude crítica que suscite a desconstrução da aparente neutralidade tecnológica e da banalização instrumental da comunicação e, sobretudo, permita valorizar a fundamentação ética, a dimensão política e a responsabilidade sociocultural inerente ao acto de comunicar. Em suma, em vez de dar respostas automáticas, convencionadas e imediatas, o designer deve assumir a “inquietação”6 de formular boas perguntas — nomeadamente, comunicar porquê, o quê, a quem, como? Esta visão crítica e reflexiva não desvincula o design da busca de respostas e soluções. Pelo contrário, situa o futuro designer de comunicação num território projectual em que a prática profissional e a cidadania se cruzam no sentido de definir um novo “campo de possibilidades para a construção social do futuro.”7
61
1. MAALOUF, Amin (2009) Um Mundo sem Regras, Lisboa: Difel. 2. CALVINO, Italo (1988) Seis proposta para o próximo milénio, Lisboa: Teorema 3. “Design is basic to all human activities – the placing and patterning of any act towards a desired goal constitutes a design process.” Victor Papanek citado em THACKARA, John (2006) In The Bubble: Designing in a complex world, London/Cambridge: The MIT Press. 4. “Massive Change it’s not about the world of design, it’s about the design of the world.” MAU, Bruce and the Institute Without Boundaries (2004) Massive Change, London: Phaidon.
6. “Há uma dimensaão ética muito importante no design que envolve uma consciência política naquilo que deve ser a intervenção do designer na sociedade e que nos obriga a portarmo-nos bem, não no sentido de sermos bons rapazes, mas no sentido de que a sociedade precisa de designers inquietos.” CEIA, Aurelindo (2007), Uma poética visível, Lisboa: Faculdade de Belas-Artes . 7. BÁRTOLO, José (2011) “Futuros Possíveis” in Reactor, http://reactor-reactor.blogspot.pt/2011/04/futuros-possiveisobservando-o-presente.html (consultado em 20/03/2013).
5. LIPOVETSKY, Gilles e Sébastien Charles (2011) Os Tempos Hipermodernos, Lisboa: Edições 70.
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação V
Intro
CD V: LIGHTNESS AND RESTLESSNESS
Communication design and the urgency of questioning PEDRO ALMEIDA ISABEL CASTRO
“In times when the realm of the human seems more condemned, I think of how Perseus should fly into another space. I am not talking about evading into the dream or the irrational dimension. I mean I must change my perspective, I must observe the world from another optics, in another logic, in other knowledge and analysis methods. The images of lightness I yearn for should not be dissolved as dreams of the reality of both the present and the future.” Italo Calvino
In his work, A World Without Rules, Amin Maalouf ¹ presents us with a disturbing vision of the contemporary world, characterized by a number of examples of a lack of rules — geopolitical, social, economical, climatical, intellectual, ethical. In this scenario, Humanity faces the possibility of having reached the limit of moral incompetence and is now inexorably walking backwards. With this in mind, the final stage of the undergraduate course on Communication Design has appropriated the concept of “lightness” proposed by Italo Calvino² as a metaphor for a critical and reflective approach on design and the specific role of the communication designer in a complex and unbalanced world. An attentive look on the actual reality, both in a local focus or in a global panoramic, drives towards recognizing the profusion of objects, of systems, of processes that define our social lives. These are a product of the human feat of moulding our world to the image of our necessities, our interests and desires. In this sense, it is evidenced that we live in a structured and configured world, and design is assumed as an activity inherent to the human condition³. But this recognition, more recent than what was desirable, imposes the urgency of reflecting on the impact and consequences of project activity. Therefore, Communication Design V’s program (inspired by Bruce Mau’s editorial and exhibition project, Massive Change), is not about the world of design, but about the design of the world4, and it suggests a deep research and analysis on the dynamics, the network of interdependencies and the complexity that define the contemporary space-time continuum, in which communication is assumed as a determining factor.
DESIGN: FBAUL’13
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Communication Design V
Intro
The evolution of information and communication technologies and the growing rapid communication fluxes are an expression of a “hypermodern”5 dynamic that radicalizes the characteristics of a dominant global capitalism, that tends to submit everything (and everyone) to the market’s logic and the financial and economical prime dimensions. In this context, a critical attitude that incites the deconstruction of the apparent technological neutrality, and the instrumental vulgarization of communication is demanded of the communication designer. Above all, the designer’s attitude must allow him to value the ethic foundation, the political dimension and the sociocultural responsibility inherent to the act of communicating. In short, instead of providing stipulated and immediate automatic answers, the designer must embody the “restless”6 nature of the act of asking the right questions — namely, communicating the why, the what, the whom, the how? This critical and reflective vision does not free design of the constant search for answers and solutions. On the contrary, it places the future communication designer in a project territory where professional practice and citizenship meet in the hope of defining a new “field of possibilities when it comes to the future’s social construction.”7
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1. MAALOUF, Amin (2009) Um Mundo sem Regras, Lisboa: Difel.
5. LIPOVETSKY, Gilles and Sébastien Charles (2011) Os Tempos Hipermodernos, Lisboa: Edições 70
2. CALVINO, Italo (1988) Seis proposta para o próximo milénio, Lisboa: Teorema. 3. “Design is basic to all human activities the placing and patterning of any act towards a desired goal constitutes a design process.” Victor Papanek citado em THACKARA, John (2006) In The Bubble: Designing in a complex world, London/Cambridge: The MIT Press. 4. “Massive Change it’s not about the world of design, it’s about the design of the world.” MAU, Bruce and the Institute Without Boundaries (2004) Massive Change, London: Phaidon.
6. “There is a very important ethical dimension in design that involves a political conscience in what should be the designer’s intervention in society, and that demands that we behave good, not in the meaning of being good boys and girls, but in the sense that our society needs restless designers.” Ceia, Aurelindo (2007), Uma poética visível, Lisboa: Faculdade de Belas-Artes 7. Bártolo, José (2011) “Futuros Possíveis” in Reactor, http://reactor-reactor. blogspot.pt/2011/04/futuros-possiveis-observando-o-presente.html (consultado em 20/03/2013)
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação V
Are You Awake?
ACELERAÇÃO VELOCIDADE ACONTECIMENTO ACIDENTE
ACCELARATION SPEED HAPPENING ACCIDENT Data / Date: 02.2013
DESIGN: FBAUL’13
Communication Design V
Are You Awake?
ARE YOU AWAKE? — “A SOCIETY WHICH RASHLY PRIVILEGES THE PRESENT, REAL TIME, TO THE DETRIMENT OF BOTH THE PAST AND THE FUTURE, ALSO PRIVILEGES THE ACCIDENT.” PAUL VIRILIO
Abordagem projectual às temáticas centrais de Design de Comunicação V — ética e responsabilidade social, globalização e sustentabilidade, cultura de rede e cidadania, tecnologia, informação e comunicação. Após a escolha de um tema, cada grupo de trabalho sintetiza uma mensagem/conceito e desenvolve uma estratégia de comunicação que se conclui com uma intervenção expositiva apresentada num espaço da faculdade acompanhada dos respectivos suportes de informação.
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Project approach to the main topics discussed in Communication Design V — ethics and social responsibility, globalization and sustainability, network culture and citizenship, technology, information and communication. After choosing one topic, each group of students would synthesize its message/concept and develop a communication strategy to be concluded with an intervention in the form of an exhibition, presented somewhere in the faculty and accompanied by the necessary and adequate information supports.
KOYAANISQATSI
GODFREY REGGIO (1983)
ANGST
GRAÇA CASTANHEIRA (2010)
THE 11TH HOUR
N. CONNERS, L. CONNERS PETERSEN (2007)
HOME
YANN ARTHUS-BERTRAND (2009) FILMOGRAPHY
FILMOGRAFIA
DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação V
Are You Awake?
1.
3.
2.
66 66
5. 4.
6.
1. ANA CORREIA, JOANA BLASQUES, MÁRCIO NAZARETH, TIAGO RODRIGUES, 2. BERNARDO MAJER, ZÉ PEDRO FERNANDES 3. DAVID PROENÇA, NUNO BEIJINHO, RITA MATOS 4. JOÃO ORNELAS, VALENTIM TOSTE 5.FRANCISCO REBELO, HENRIQUE SALGUEIRO, SARA DIAS, TIAGO AFONSO
design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/amtj.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/dnr.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/dnr.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/jv.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/fhst.html
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Communication Design V
Are You Awake?
8.
7.
9.
67
10.
11.
6. CAROLINA FERREIRA, TÂNIA RODRIGUES 7. CATARINA REALINHO, FRANCISCO LADEIRA 8. MIGUEL FERREIRA, GONÇALO GEIRINHAS, WENCE YE 9. BERNARDO RODRIGUES, RITA SABBO 10. ANDRÉ CÂNDIDO, FILIPA ROCHA, JOÃO MIRANDA, MIGUEL PERROLAS 11. Mª ASSUNÇÃO SAMPAYO, CAROLINA BRANCO, MARIANA ALCOBIA
design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/ct.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/cf.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/mgw.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/br.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/afjm.html design2013.fba.ul.pt/links/proj/aa/acm.html
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Design de Comunicação V
Worldchanging
-S O
T ES
IGAÇÃ
COMBATE À POBREZA E À EXCLUSÃO SOCIAL • IGUALDADE DE GÉNERO • PROMOÇÃO DA SAÚDE • PROTECÇÃO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL • TERRITÓRIO URBANO-RURAL • DIREITOS HUMANOS • DIVERSIDADE E DIÁLOGO INTERCULTURAL • PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS • TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
ERADICATION OF POVERTY AND SOCIAL EXCLUSION • GENDER EQUALITY • HEALTH PROMOTION • ENVIRONMENTAL PROTECTION AND PRESERVATION • URBAN-RURAL TERRITORY • HUMAN RIGHTS • INTERCULTURAL DIVERSITY AND DIALOGUE • SUSTAINABLE PRODUCTION AND CONSUMPTION • INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES
ÁREAS TEMÁTICAS
XPLOR -E
ÃO - INV AÇ
ÍNTES E
THEME SUBJECTS
EXPLORATION
INVESTIGATION SYNTHESIS
Data / Date: 03 — 07.2013
DESIGN: FBAUL’13
Communication Design V
Worldchanging
WORLDCHANGING —
PLATAFORMA, CAMPANHA DE COMUNICAÇÃO / COMMUNICATION PLATFORM, CAMPAIGN
O projecto Worldchanging1 coloca o estudante de design (e futuro designer) perante o desafio de conceber, elaborar e implementar uma estratégia de comunicação a partir dos temas do programa Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Unesco. Este trabalho sublinha a necessidade de sintonizar a prática projectual com uma consciência social e com uma cidadania activa e responsável alicerçada numa sólida fundamentação ética. A primeira fase do projecto implica uma pesquisa que visa identificar um tema ou uma questão e circunscrever um âmbito de actuação específico (por exemplo, uma parceria com uma ONG); na segunda fase são identificados os problemas e as necessidades de comunicação a partir dos quais se desenvolve um programa de trabalho que resulta numa plataforma de informação ou campanha de comunicação adequada ao tema e âmbito do projecto.
The Worldchanging1 project puts the design student (and future designer) before the challenge of conceiving, elaborating and implementing a communication strategy based on the main topics of the program Education in Sustainable Development, by Unesco. This project underlines the necessity of synchronizing the project practice with a social conscience and an active and responsible citizenship, strongly based on a solid ethical foundation. On a first approach, the project implicated a thorough research that aimed to identify a topic or issue, later to be circumscribed in the scope of a specific field of action (for example, a partnership with the NGO); on a second approach the communication problems and issues were to be identified, starting from which it was asked to develop a work program that resulted in an information platform or communication campaign fundamentally adequate to both topic and scope of the project.
1. Referência ao livro homónimo editado por Alex Steffen.
1. In reference to the homonymous book published by Alex Steffen.
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Design de Comunicação V
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DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Communication Design V
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DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/ac.html
Design de Comunicação V
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/br.html
ANDRÉ CÂNDIDO Passado Santana Presente Publicação, Livro de Receitas, Booklets cargocollective.com/passadosantanapresente
BERNARDO RODRIGUES Made in 6 de Maio Workshop, Álbum, Desdobrável, Brochura madein6demaio.tumblr.com
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
74 74
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/ss.html
Communication Design V
75 75
MARIA BEATRIZ FREITAS Urbitat Exposição, Convite, Catálogo
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/bf.html
SUSANA SANTOS Perilugar Livro, Cartaz, Postais
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/mf.html
Design de Comunicação V
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/sc.html
MIGUEL FERREIRA Planeta Estrada Álbum
76 76
SOFIA MENDES DE CARVALHO Geração Ymigrante Painel, Website, Desdobráveis, Cartazes
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/fr.html
Communication Design V
77 77
LUCAS LIMA Carne Fraca Jornal de Parede, Brochura
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/ll.html
FILIPA ROCHA E-Visible Documentário, Jornal, Booklet e-visible.tumblr.com
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/fl.html
Design de Comunicação V
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/ta.html
FRANCISCO LADEIRA Faunus Livro, Cartaz, Kit de Exploração
78 78
TIAGO AFONSO Caminus Website, Desdobráveis
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/tm.html
Communication Design V
79 79
VALENTIM TOSTE Esquadrão Verde Kit de Intervenção http://cargocollective.com/ esquadrao-verde
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/vt.html
TÂNIA MALHEIRO Entr’Árvores Livro, Cartazes, Desdobráveis
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/wy.html
Design de Comunicação V
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/dp.html
WENCE YE B(u)y Oil Website, Publicação, Cartazes
80 80
DAVID PROENÇA Memetic Net Website, Cartaz
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/bm.html
Communication Design V
81 81
ZÉ PEDRO FERNANDES Screen Safety Publicação, Cartaz
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/mm/bj.html
BERNARDO MAJER Prosthetic God Publicação, Cartazes
Design de Comunicação V
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/jm.html
82 82
JOÃO MIRANDA What’s off Your Mind? Instalação, Publicação, Cartazes, Folhetos
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Worldchanging
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/rn.html
Communication Design V
83 83
GONÇALO GEIRINHAS Design Fetichism Publicação, Cartaz
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/wc/gg.html
NUNO BEIJINHO, RITA MATOS (ON)KNOWING Plataforma Online e Física, Livro, Publicações
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DESIGN EDITORIAL I + II
91 97 101 107
85 EDITORIAL DESIGN I + II
THE BOOK AS A HYBRID OBJECT ZINE THE BOOK AS OBJECT UNEXPECTED / GUIDE / LISBON
DESIGN: FBAUL’13
91 97 101 107
Docente / Teacher: Sofia Rodrigues
O LIVRO COMO OBJECTO HÍBRIDO ZINE O LIVRO COMO OBJECTO GUIA / IMPROVÁVEL / LISBOA
Design Editorial I + II
Intro
DE I + II
SOFIA RODRIGUES
O percurso programático das disciplinas de Design Editorial I e II, constitui-se como um lugar de ensaio, estudo e exploração de um conjunto de práticas editoriais contemporâneas. A abordagem do período em questão, revela-se pertinente por circunstâncias várias. A proliferação dos meios digitais, depois de superado o presságio em torno do fim do objecto impresso, suscita hoje uma convivência profícua entre papel e pixel: um diálogo feito de contaminação de estratégias (remediação e replicação) que não descura a valorização das especificidades de cada meio/suporte. A relação entre o físico e o digital, misto de aproximação e de reacção, redunda ainda num fenómeno curioso: a assumida insuperabilidade do livro como objecto paradigmático da cultura impressa. Um dos interlocutores da obra Liner Notes — Conversations About Making Books, encontra uma explicação para este facto: “The defining qualities of books — their material constitution, their format, their physicality and the thoroughness of their creative processing — are all the more evident today precisely because there are so many different possible options to send text into the world.”1 De uma forma mais ou menos ostensiva, de um modo mais radical ou subtil, o livro transformou-se numa plataforma activa de experimentações multidisciplinares. Os recursos clássicos do livro (texto, imagem, tipografia, papel, etc.) unem-se no sentido de criar um objecto diferenciador (coleccionável e atemporal), capaz de suscitar uma experiência única de fruição. E é esse desafio aos limites da imaginação e da matéria que leva Andrew Losowsky, num texto/manifesto em torno das potencialidades do físico sobre o digital, a proclamar: “We are in a print world now”2. O panorama acima descrito leva-nos igualmente a reflectir sobre os processos de produção e de distribuição em vigor no actual contexto editorial. Editar/publicar significa partilhar, tornar público, passar do individual ao colectivo através da divulgação de conteúdos a uma audiência de escala variável. Como afirma Ellen Lupton:
DESIGN: FBAUL’13
86
Editorial Design I + II
Intro
“Publishing involves both producing and distributing a work. First you have to present your content in a physical form that people can understand, and then you have to make it possible for people to find it.”3 Na maioria das vezes, o espécime editorial é fruto de um percurso faseado, previsível, com génese no autor e passagem obrigatória pelo editor: a entidade que decide o futuro da obra e delineia a sua produção, impressão e posterior distribuição. À margem deste modelo herdeiro da linha de montagem fordista4, surge, presentemente, uma multiplicidade de estruturas de publicação independente que reivindica uma ideologia, postura e economia próprias. Apesar das diversas designações que esse movimento adquire — auto-edição, self-publishing, edição de autor, etc. — liga-as um princípio comum: o usual esbatimento de fronteiras entre designer/autor/editor/produtor/distribuidor, uma diluição de papéis que os meios digitais catalisam e incitam. Resta-nos então explorar, a preponderância do design e do designer de comunicação no cerne dos novos mecanismos editoriais.
87
1. Liner Notes – Conversations About Making Books, edited by Markus Dreßen, Lina Grumm, Anne König and Jan Wenzel, Leipzig: Spector Books, 2010, p. 11. 2. Andrew Losowsky, “Preface”, in Fully Booked Ink on Paper: Design & Concepts for New Publications, Edited by Robert Klanten, Matthias Hübner, and Andrew Losowsky, Berlin: Die Gestalten Verlag, 2013.
3. Ellen Lupton, Indie Publishing: How to Design and Produce Your Own Book, New York: Princeton Architectural Press, 2008, p. 12. 4. http://reactor-reactor.blogspot.pt/2010/11/edicao -independente-notas-para-um.html
DESIGN: FBAUL’13
Design Editorial I + II
Intro
DE I + II
SOFIA RODRIGUES
The educational sequence of the courses Editorial Design I and II dedicated to establish a place rehearsing, studying and exploring a group of contemporary editorial practices. This approach is made pertinent by several circumstances. After having lived through the omen that the printed object might come to an end, the proliferation of the digital medium now rouses a co-inhabitation of paper and pixel: a dialogue set by strategies (of remediation and replication) that does not disregard the value of the specificities of each support/medium. The relationship between the physical and the digital, a mixture of approaching and reacting, further foments a curious phenomenon: how unsurpassable the book has become, as sole paradigmatic object of the print culture. One of the authors taking part in the book Liner Notes — Conversations About Making Books, finds an explanation for this: “The defining qualities of books — their material constitution, their format, their physicality and the thoroughness of their creative processing — are all the more evident today precisely because there are so many different possible options to send text into the world.”¹
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In a more or less ostensive way, in a subtler or more radical method, the book has become a platform for endless active multidisciplinary experimentation. The classic resources used in books (such as text, image, typography, paper, etc.) are united in the efforts of creating a collectable and timeless object that could really make a difference and incite a unique experience. That challenge to the boundaries of matter and imagination is what drives Andrew Losowsky to proclaim “We are in a print world now”², in his text/manifest on the potentialities of the physical over the digital. The scenario described above leads us to equally reflect on the processes of producing and distributing in the scope of the current editorial field. Editing/publishing means sharing, making public, from individual to collective, spreading contents in an audience of variable proportions. As defended by Ellen Lupton:
DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
Intro
“Publishing involves both producing and distributing a work. First you have to present your content in a physical form that people can understand, and then you have to make it possible for people to find it.”3 Most times, the editorial specimen is a product of a staged and predictable progress, having its genesis in the author and being ran obligatorily through the editor: the entity in charge of deciding the future of the work and defining its line of production, print and distribution. Aside from this model, a true heir to the fordist assembly4 line, arises a multiplicity of independent publication structures that claims an ideology, posture and economy of its own. Despite the several designations acquired by this movement — auto-editing, self-publishing, author’s issuing, etc. — this is connected to a common principle: the ordinary fading of barriers set between designer/author/producer/distributor, and a dilution of the roles catalyzed and incited by the digital medium. All we have left to do is explore the superiority of design and of the communication designer in the midst of the new editorial mechanisms.
89
1. Liner Notes – Conversations About Making Books, edited by Markus Dreßen, Lina Grumm, Anne König and Jan Wenzel, Leipzig: Spector Books, 2010, p. 11. 2. Andrew Losowsky, “Preface”, in Fully Booked Ink on Paper: Design & Concepts for New Publications, Edited by Robert Klanten, Matthias Hübner, and Andrew Losowsky, Berlin: Die Gestalten Verlag, 2013.
3. Ellen Lupton, Indie Publishing: How to Design and Produce Your Own Book, New York: Princeton Architectural Press, 2008, p. 12. 4. http://reactor-reactor.blogspot.pt/2010/11/edicao-independente -notas-para-um.html
DESIGN: FBAUL’13
Design Editorial I + II
O Livro como Objecto Híbrido
0990
Data / Date: 10.2012
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
The Book as a Hybrid Object
O LIVRO COMO OBJECTO HÍBRIDO/ THE BOOK AS A HYBRID OBJECT — “A HYBRID NOVEL CAN BE SEEN AS (...) A BOOK WHERE WRITTEN TEXT AND GRAPHIC DEVICES SUCH AS ILLUSTRATION, PHOTOGRAPHY, INFORMATION GRAPHICS OR TYPOGRAPHIC TREATMENTS MAY INTERJECT IN ORDER TO HOLD A READER’S INTEREST, ENABLING INTERACTION WITH THE BOOK AND ALSO GIVING THE PRINTED PAGE A MULTIDIMENSIONAL VISUAL SURFACE. IT IS A KIND OF BOOK THAT REQUIRES THE READER TO TAKE ACTION AND ALSO DEMANDS TO BE HANDLED AND EXPERIENCED.” 1 ALBERTO HERNANDÉZ
O texto de Alberto Hernandez “Hybrid Novels: A new way of reading narrative fiction” serve de mote para o redesenho de uma obra à escolha do aluno. O projecto tem como intento motivar a criação de um objecto único, diferenciador, cuja forma mais não é do que a extensão plena do seu conteúdo. Num período em que o livro digital rivaliza com o impresso, o livro tradicional deve exacerbar o seu lado físico. E para isso, nada como convocar a introdução de uma série de elementos (ilustração, fotografia, jogos tipográficos, etc.) capazes de transformar a leitura e a fruição do livro numa experiência singular.
91
Alberto Hernandez’s text “Hybrid Novels: A New Way Of Reading Narrative Fiction” provides the motto for redesigning of work of each student’s choice. The project aims to motivate the creation of a unique differentiated object whose form is none other than the full extension of its content. In a period when the digital book is a rival to the printed book, the traditional one must evidence its physical nature. In order to do so, there is nothing like conjuring a series of elements (such as illustration, photography, typographic experimentation, etc.) capable of transforming the acts of reading and enjoying the book as a unique experience.
1. Alberto Hernández, “Hybrid Novels: A new way of reading narrative fiction”, in Turning Pages: Editorial Design for Print Media, Berlin: Gestalten, 2010, p. 150.
DESIGN: FBAUL’13
O Livro como Objecto Híbrido
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/bf.html
Design Editorial I + II
Mª BEATRIZ FREITAS Livro do Desassossego, Bernardo Soares
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/nb.html
92 92
NUNO BEIJINHO O Lobo das Estepes, Hermann Hesse
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
The Book as a Hybrid Object
RITA MATOS Short Movies, Gonçalo M. Tavares
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/rm.html
93 93
O Livro como Objecto Híbrido
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/fr.html
Design Editorial I + II
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/jm.html
FILIPA ROCHA Deixem Passar o Homem Invisível, Rui Cardoso Martins
94 94
JOÃO MIRANDA Jerusalém, Gonçalo M. Tavares
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
The Book as a Hybrid Object
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/tr.html
Editorial Design I + II
TIAGO RODRIGUES O Triunfo dos Porcos, George Orwell
ANDRÉ CÂNDIDO O senhor Calvino, Gonçalo M. Tavares
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/loh/ac.html
95 95
Design Editorial I + II
Zine
6996
Data / Date: 01.2013
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
Zine
ZINE — “SHORT-RUN BOOKS CAN BE CUSTOMIZED TO MEET THE NEEDS OF SPECIALIZED READERSHIPS, WHILE ‘FANZINES’ ARE INFORMALLY PUBLISHED NEWSLETTERS WHOSE PRODUCTION OFTEN MIXES HIGH TECHNOLOGY WITH CRUDE HANDICRAFT. THE TRADITIONAL ROLES OF AUTHOR, EDITOR, AND DESIGNER ARE MERGING INTO A NEW FIGURE, A MEDIEVAL SCRIBE RECAST FOR THE TWENTY-FIRST CENTURY.” 1 ELLEN LUPTON
O presente projecto tem como objectivo a produção de uma publicação com o espírito de um fanzine (fan + magazine). Mais próximo do modelo clássico ou de uma desconstrução do mesmo, materializado intencionalmente através de meios analógicos, digitais, ou um misto de ambos, o fanzine assume-se como uma publicação informal, tão expressiva quanto subversiva. De rápida produção e divulgação, o fanzine incorpora os temas mais variados e específicos (muitos escolhidos à margem da produção editorial mais convencional), convertidos numa estimulante base conceptual para a génese e propagação de uma postura gráfica inusitada. Suscitar uma experiência sensorial no fruidor, através da exploração (e da extrapolação) dos limites físicos do objecto, das suas texturas, do seu paratexto, são algumas das soluções comuns aos conhecidos fanzines. O resultado desta contaminação entre forma e conteúdo, redunda na usual inserção dos fanzines no amplo conceito de publicação independente, um género que possibilita ao designer “a unique position to unify text, imagery, layout, and final production into a whole that is greater than its parts.”2
97
The present project aims to the produce of publication in the spirit of a fanzine (fan + magazine). Either close to a classic model or a clear deconstruction of it, it is materialised intentionally through analog or digital means or even a mix of both. The fanzine is assumed as an informal publication, as expressive as subversive. It is rapidly produced and distributed and it brings together a wide variety of specific themes (many of which are usually marginalised from conventional editorial production) which are then converted into a stimulating conceptual foundation for genesis and propagation of an unusual graphic posture. It incites a sensorial experience in its users, through exploration and extrapolation of the object’s physical limitations, its textures, text, all part of the most common solutions found in well known fanzines. The result of this contamination between form and content results in the insertion of fanzines in the wide concept of independent publishing, a genre that offers the designer “a unique position to unify text, imagery, layout and final production into a whole that is greater than its parts.”2
1. LUPTON, Ellent, “Publishing”, in Mixing Messages: Graphic Design in Contemporary Culture, New York: Princeton Architectural Press, 1996, p. 135 2. LUPTON, Ellen, “Zines”, in Indie Publishing, New York: Princeton Architectural Press, 2008, p. 155
DESIGN: FBAUL’13
Zine
design2013.fba.ul.pt/links/proj/fz/rm.html
Design Editorial I + II
RITA MATOS WEEPIES
design2013.fba.ul.pt/links/proj/fz/nb.html
98 98
NUNO BEIJINHO Litost
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Zine
design2013.fba.ul.pt/links/proj/lfz/tr.html
Editorial Design I + II
TIAGO RODRIGUES Memória
ANDRÉ CÂNDIDO, BERNARDO RODRIGUES, FILIPA ROCHA, JOÃO MIRANDA Error 404
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/fz/abfj.html
99 99
Design Editorial I + II
O Livro como Objecto
100
Data / Date: 02.2013
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
The Book as Object
O LIVRO COMO OBJECTO — “I AM THE AUTHOR OF A STATEMENT TO WHICH THERE HAVE BEEN VARYING REACTIONS, INCLUDING PRAISE AND BLAME, AND WHICH I SHALL MAKE AGAIN IN THE PRESENT ARTICLE. BRIEFLY, IT IS THIS: ALL EARTHLY EXISTENCE MUST ULTIMATELY BE CONTAINED IN A BOOK.” 1 STEPHANE MALLARMÉ
O texto de Stéphane Mallarmé, no original intitulado: Le Livre, instrument spiritual, assume-se como um pertinente ponto de partida para o projecto que agora se inicia. Escrito em 1895, num período em que as lógicas de concepção e produção do livro permanecem apegadas ao modelo clássico, (a velha tipografia) no intuito de Jan Tschichold, o texto de Mallarmé vem incitar (precisamente) o questionamento da sua manutenção e apelar a uma futura reformulação/subversão dos seus princípios. Mais do que condenar a estreita subordinação da página a um eixo central de justificação, origem de uma aparente estrutura simétrica, Mallarmé reprovava sobretudo o espartilho que sujeita o conteúdo do livro e o leitor a uma leitura mecanizada, monótona, dominada por um percurso de ritmo previsível. No fundo, Mallarmé fazia a apologia da materialização do texto liberta de convenções formais, uma ideia que o próprio poria em prática no seu paradigmático poema: Un Coup de dés jamais n’abolira le hasard. Mas a sua preocupação com o livro estendia-se muito para além da configuração do texto. A reflexão do autor em torno deste objecto, em parte é motivada pela análise de outro espécime gráfico, em pleno desenvolvimento na sua contemporaneidade: o jornal. Descartável e perecível, o jornal desafiava o seu fim mais óbvio, numa massa de matéria impressa, caótica e pouco refinada, mas extremamente acessível pela sua massificação e circulação. Ora, importava então transformar o livro num meio único — uma plataforma de liberdade criativa — capaz de apelar
aos interesses multidisciplinares do público moderno (e enfim, capaz de resistir à democratização do jornal). Embora com as devidas vicissitudes da época a que pertence, o texto de Mallarmé pode e deve servir-nos de mote a uma investigação sobre o livro (a sua forma, estrutura, conteúdo, leitura, etc.), sem descurar a sua incontornável preponderância como objecto editorial no campo do Design de Comunicação.
1. MALLARMÉ, Stephane, “The Book: A Spiritual Instrument”, in Mallarmé: Selected Prose, Poems, Essays and Letters, trans. Bradford Cook, Baltimore: John Hopkins, [1895] 1956.
2. FUSCO, Maria, “The World in Your Head — The Book as Cultural Object”, in Fully Booked: Cover Art and Design for Books, Edited by Robert Klanten & Matthias Hübner, Berlin: Die Gestalten Verlag, p. 02.
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“I for one believe that this potential universe of quotidian culture belongs in books. Or rather, although it may belong in books, there are many different species of book. For it is clear to me that it is the sorting, the paring and editing that constitute a book, and not a simple presence of a spine, contents, and colophon (although such things do make them easier to sniff out!).”2 Maria Fusco
DESIGN: FBAUL’13
Design Editorial I + II
O Livro como Objecto
THE BOOK AS OBJECT— “I AM THE AUTHOR OF A STATEMENT TO WHICH THERE HAVE BEEN VARYING REACTIONS, INCLUDING PRAISE AND BLAME, AND WHICH I SHALL MAKE AGAIN IN THE PRESENT ARTICLE. BRIEFLY, IT IS THIS: ALL EARTHLY EXISTENCE MUST ULTIMATELY BE CONTAINED IN A BOOK.”1 STEPHANE MALLARMÉ
The starting point for the project hereon described is a text by Stéphane Mallarmé originally titled Le Livre, Instrument Spiritual. Written in 1895 in a period where the logic of book production still attached to a classic model (the old typography) as thought by Jan Tschichold, Mallarmé’s text incites (precisely) the questioning of its maintenance and appealing to a future reformulation/subversion of its principles. Besides condemning the strict subordination of the page the a central axis of justification, which seemed to originate a symmetric structure, Mallarmé disapproved of the metaphoric corset that binds both the content of a book and the reader to a mechanic, monotonous reading, dominated by a predictable rhythm. Mallarmé defended the materialization of text free from formal conventions, an idea he himself put to practice in his paradigmatic poem: Un Coup de dés jamais n’abolira le hasard. But his concern with the book spread much further than what was the configuration of a text. How the author reflected on this matter was in part motivated by the analysis of another graphic specimen greatly developed in his time: the newspaper. Disposable and perishable in nature, the newspaper defied its obvious destiny in a mass of chaotic, unrefined printed matter, and was extremely accessible thanks to the mass circulation. It was important to turn the book into a one of a kind medium — a platform for creative liberty — capable of appealing to the multidisciplinary interests of the modern public (and at last, capable of resisting to the newspaper’s democratization).
Despite the clear vicissitudes typical of its time, Mallarmé’s text can and should be used as motto for investigating a book (in its form, structure, content, reading, etc.) with no disregard towards the book as the clearly superior editorial object in the field of Communication Design.
1. MALLARMÉ, Stephane, “The Book: A Spiritual Instrument”, in Mallarmé: Selected Prose, Poems, Essays and Letters, trans. Bradford Cook, Baltimore: John Hopkins, [1895] 1956.
2. FUSCO, Maria, “The World in Your Head — The Book as Cultural Object”, in Fully Booked: Cover Art and Design for Books, Edited by Robert Klanten & Matthias Hübner, Berlin: Die Gestalten Verlag, p. 02.
“I for one believe that this potential universe of quotidian culture belongs in books. Or rather, although it may belong in books, there are many different species of book. For it is clear to me that it is the sorting, the paring and editing that constitute a book, and not a simple presence of a spine, contents, and colophon (although such things do make them easier to sniff out!).”2
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Maria Fusco
DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
The Book as Object
ANDRÉ CÂNDIDO
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/lo/ac.html
103 103
Design Editorial I + II
O Livro como Objecto
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104 104
NARCISO CUSTÓDIO
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
The Book as Object
design2013.fba.ul.pt/links/proj/lo/br.html
Editorial Design I + II
BERNARDO RODRIGUES
RITA SABBO
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
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105 105
Design Editorial I + II
Guia / Improvável / Lisboa
106
Data / Date: 02.2013
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Editorial Design I + II
Unexpected / Guide / Lisbon
GUIA / IMPROVÁVEL / LISBOA / UNEXPECTED / GUIDE / LISBON —
O ponto de partida para o presente projecto é a cidade, a cidade que dá nome e forma ao poema Lisbon Revisited de Álvaro de Campos, publicado em 1926 na revista Contemporânea; a mesma cidade “triste e alegre” do livro homónimo de Victor Palla e Manuel Costa Martins; uma cidade física, racional, histórica, vernacular, actual, factual, mas também poética, emocional, utópica, imaginária (imaginada), a cidade do EU, contaminada pelo filtro pessoal, palco de experiências, espaço de comunicação; a cidade como metáfora para uma publicação “ou a cidade como publicação”. A cidade descoberta (redescoberta), revisitada pelo princípio da curiosidade. A cidade explorada por um olhar indagador, insatisfeito, inconvencional; a cidade do flâneur, o observador filósofo de Charles Baudelaire: um personagem com tanto de estranheza, como de originalidade. Mantendo como princípio orientador do projecto a ideia de self-publishing, os conteúdos utilizados para a concretização do(s) objecto(s) propostos, devem ser criados e/ou editados (organizados) pelo próprio aluno. Para tal, podem ser utilizadas várias lógicas de angariação de conteúdos, desde a autoria, até à apropriação, recolecção, associação, etc.
107
This project’s starting point is the city, the very city that gives name and form to the poem “Lisbon Revisited” by Álvaro de Campos published in 1926 in the magazine Contemporânea; and it described the same “sad and joyful” present in the book of the same name written by Victor Palla and Manuel Costa Martins. This city is physical, rational, historical, vernacular, actual and factual, but it is also poetic, emotional, ideal, imaginary (and imagined), the city of the ‘Self’, contaminated by the personal filter a stage for experimentation, space of communication; the city as a metaphor for a publication or even the city as a publication itself. The (re)discovered city, revisited by the principle of curiosity. Explored by a curious, restless, unsatisfied and unconventional eye; the city of the flâneur, the philosophical explorer as described by Charles Baudelaire: a character as strange as original. The idea of self-publishing is assumed as guiding principle, and the contents must be utilized in creating the proposed objects, and should be created/edited (organized) by the student himself. In order to do so, several logics of content raising, from authorship to appropriation, recollection and association, etc. can be resourced to.
DESIGN: FBAUL’13
Guia / Improvável / Lisboa
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Design Editorial I + II
STEFANIE MOSHAMMER I Lived in Lisbon
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108 108
ANDRÉ CÂNDIDO Palavriando Lisboa
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
Unexpected / Guide / Lisbon
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Editorial Design I + II
109 109
BERNARDO RODRIGUES, RITA SABBO Bairro Alto
DESIGN : FBAUL ’13 DESIGN: FBAUL’13
design2013.fba.ul.pt/links/proj/guia/br.html
FILIPA ROCHA, JOÃO MIRANDA, LUÍSA BRITO 28
110
AUDIOVISUAL E MULTIMÉDIA I
BANDA SONORA PARA UMA IMAGEM DESASSOSSEGO I
115 117 Docente / Teacher: Filipe Monteiro
111 AUDIOVISUAL AND MULTIMEDIA I
SOUNDTRACK FOR AN IMAGE DISQUIET I
DESIGN: FBAUL’13
115 117
Audiovisual e Multimédia I
Intro
AM I
FILIPE MONTEIRO
A disciplina de Audiovisuais e Multimédia I propõe mapear um território onde o conceito de audiovisual surge representado de forma ampla e abrangente. O estudo do discurso audiovisual deve partir da evidência de que o termo se refere à construção de um “contrato” entre aspectos visuais e sonoros, e não apenas a objectos de comunicação que utilizam som e imagem, e assim tentar estabelecer um território através das relações fluídas que se estabelecem entre partes, em detrimento do desenho rigoroso da sua fronteira. Estando a disciplina integrada na licenciatura de Design de Comunicação, é fundamental o estudo e o entendimento de como um objecto transita do meio gráfico para um território que se estende tanto no espaço como no tempo. Entendendo a necessidade da adopção de novas metodologias projectuais e a aquisição de novos conhecimentos sobre a linguagem e o discurso fílmico, procurar-se-á definir um centro, e daí expandir o território de experimentação, explorando os limites de interacção entre a imagem e o som. Tendo o Cinema como base primordial de estudo sobre a narrativa, a linguagem e o discurso fílmico, exploraremos possibilidades que vão do Motion Graphics à Animação, do Videoclip à Video-Arte, da Instalação ao Documentário. Atentando às especificidades de cada género, tornou-se evidente a permeabilidade de cada uma destas fronteiras, e o entendimento sobre o audiovisual sairá reforçado.
DESIGN: FBAUL’13
112
Audiovisual and Multimedia I
Intro
AM I
FILIPE MONTEIRO
The course of Audiovisual and Multimedia I sets out to map a territory where the concept of audiovisual is represented in a broad, wide way. Studying the audiovisual discourse should start by evidencing the fact that the actual term refers to the construction of a contract between audio and visual aspects, and not just to communication objects that use sound and image. In this way, the attempt to establish a territory through fluid relationships between two parties is set, instead of strictly drawing a border. This course is integrated in the Communication Design undergraduate course and it aims to show how fundamental it is to study and understand how an object transits from the midst of a graphic field to a territory extended both in space and in time. Understanding the need to adopt new project methodologies and acquiring new knowledge on language and filmic discourse will lead to defining a new centre, and therefore expanding the field of experimentation, exploring the limits of the interaction between image and sound. Cinema is the prime foundation for studying the narrative, the narrative and the discourse of a film, but other areas will be explored, ranging between Motion Graphics and Animation, Videoclip and Video-Art, Installation and Documentary. Never allowing ourselves to drift apart from what the specificities of each genre are, we will evidence how permeable are each of these areas and consequently strengthen the meaning of the audiovisual.
113
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia I
Banda Sonora para uma Imagem
2.
1.
4.
3.
114
6.
5.
10.
7.
1. 9. 11.
8.
1. 12.
1. FRANCISCO REBELO 2. BRUNA MARIANO 3. ANA CORREIA 4. CÁTIA JESUS 5. LUÍSA BRITO 6. RUI MIGUEL 7. NUNO BEIJINHO 8. ANDRÉ CÂNDIDO 9. BERNARDO RODRIGUES 10. JOANA BLASQUES 11. RITA MATOS 12. JOÃO MIRANDA DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
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Audiovisual and Multimedia I
Soundtrack for an Image
BANDA SONORA PARA UMA IMAGEM / SOUNDTRACK FOR AN IMAGE — “FOR MOST OF US, PHOTOGRAPHY STANDS FOR THE TRUTH. BUT A GOOD ARTIST CAN MAKE A HARDER TRUTH BY MANIPULATING FORMS. IT FASCINATES ME HOW I CAN MANIPULATE THE TRUTH SO EASILY BY THE WAY I JUXTAPOSE OPPOSITES OR CROP THE IMAGE OR TAKE IT OUT OF CONTEXT.” JOHN BALDESSARI
“Na obra Ed Henderson Suggests Sound Tracks for Photographs, o artista conceptual americano John Baldessari explora as relações entre o que vemos e o que ouvimos. Baldessari descreveu ao telefone um conjunto de imagens da revista National Geographic ao seu aluno Ed Henderson (que não tinha qualquer forma de acesso à visualização destas imagens). Henderson deveria escolher uma banda sonora para cada imagem de uma selecção de efeitos sonoros e músicas atmosféricas kitsch. Como resultado deste processo surge uma série de pequenos filmes surreais contendo humoradas composições entre imagem e som. Ao remover fotografias e músicas estereotipadas do seu contexto original e ao recombiná-las, Baldessari reconhece como os significados por associação e as reacções emocionais despoletadas pelos clichés e géneros da cultura de massa se tornaram parte do nosso subconsciente colectivo.”1 Este exercício procurou explorar as múltiplas dimensões de sentido nas relações audiovisuais, ao entender possíveis sistemas de organização, tradução e expansão dos fenómenos do som e da imagem. No programa da disciplina foram lançadas algumas questões. O que acontece quando pensamos nas relações possíveis entre som e imagem? Como é que estes dois sinais, meios, sentidos, expressões e matérias se encontram e constroem significado? Qual o contrato que originam? Síntese ou oposição, síncronia ou assíncronia, unidade ou decomposição, tradução ou feedback? Este exercício pretendeu servir como um primeiro contributo dos alunos a estas questões.
115
Data / Date: 10.2012
“In his work Ed Henderson Suggests Sound Tracks for Photographs, the american conceptual artist John Baldessari explores the relationship between what we see and what we hear. Baldessari describeed, on the telephone, a group of images from the National Geographic magazine to his student Ed Henderson (who had no way of accessing these said images). Henderson was asked to choose a soundtrack for each image from a selection of sound effects and atmospherical kitsch music. As a result of this process a serious of surreal short films containing humorous compositions between image and sound. By removing stereotyped photographs and songs from their original context and recombining them, Baldessari came to recognize how the attribution of meaning through association and emotional reactions triggered by clichés and mass culture genres have become a part of our subconscious collection.”1 This exercise aimed to explore the several dimensions of meaning in the audiovisual relationships, by understanding possible systems of organization, translation and expansions of sound and image phenomenons. A few questions were posed in the courses’s academic program. What happens when we think of the possible relationships between sound and image? How do these two signals, means, senses, expressions, matters come to meet and build significance? What is the contract created between the two? Synthesis or opposition, synchrony or asynchrony, unity or decomposition, translation or feedback? This exercise intended to serve as a first contribution from the students to each of these questions. 1. “See this sound: promises in Sound and Vision”
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia I
Desassossego I
116
Data / Date: 01.2013
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
Audiovisual and Multimedia I
Disquiet I
DESASSOSSEGO I / DISQUIET I — “DIZER! SABER DIZER! SABER EXISTIR PELA VOZ ESCRITA E A IMAGEM INTELECTUAL! TUDO ISTO É QUANTO A VIDA VALE: O MAIS É HOMENS E MULHERES, AMORES SUPOSTOS E VAIDADES FACTÍCIAS, SUBTERFÚGIOS DA DIGESTÃO E DO ESQUECIMENTO, GENTES REMEXENDO-SE, COMO BICHOS QUANDO SE LEVANTA UMA PEDRA, SOB O GRANDE PEDREGULHO ABSTRACTO DO CÉU AZUL SEM SENTIDO.” BERNARDO SOARES, LIVRO DO DESASSOSSEGO
A partir do “Livro do Desassossego” de Bernardo Soares, Fernando Pessoa, e da escolha de um ou vários textos do mesmo, pretendeu-se que fosse projectado, planeado e executado um projecto fílmico desde a sua pré-produção, guião/storyboard à sua produção e representação. A escolha da tipologia da peça filme, animação, motion graphics, fotofilme, instalação, videoarte,... ficou inteiramente ao critério dos alunos mediante os objectivos expressivos/ narrativos definidos pelos próprios em função do/s texto/s escolhido/s. Como condicionante projectual, o/s texto/s escolhido/s ou fragmentos do/s mesmo/s tinham de estar presents na representação final, visualmente ou em audio. Todos os conteúdos abordados nas aulas, desde o planeamento fílmico criação de guião/storyboard, a técnicas e conceitos presentes na edição raccord/continuidade, edição linear/não linear, a linguagem dos planos cinematográficos, iluminação, pós-produção, foram postos em prática mediante ponderação e ajustamento, em função da natureza de cada projecto.
117
It was asked of the students to choose one or more texts from “The Book of Disquiet” by Bernardo Soares, Fernando Pessoa. With these, they designed, planned and executed a film project from its phases pre-production, script and storyboard to its actual production and presentation. Deciding the type of movie to create (whether a film, animation, motion graphics, photographic film, installation or video art) was placed entirely in the hands of the students, according to their own expressive and narrative goals and what texts they chose in the first place. The only condition was the texts that originally inspired the project had to be present in the final representation, in visual or audio format. Every topic approached during the classes was applied in this project, by means of consideration and adjustment, according to what was the nature of each project.
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia I
Desassossego I
MARTA SANTOS, TELMA MARQUES
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/mt.html
CÁTIA JESUS, JOANA SEBASTÃO, RUI MIGUEL SOFIA MENDES DE CARVALHO
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/cjrs.html
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
118
Audiovisual and Multimedia I
Disquiet I
DAVID PROENÇA, JOÃO ORNELAS, VALENTIM TOSTE
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/djv.html
1.
FRANCISCO REBELO, JOANA BLASQUES Insónia
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/fj.html
119 BERNARDO MAJER e ZÉ PEDRO FERNANDES
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/bz.html
BRUNA MARIANO
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GONÇALO GEIRINHAS, NUNO BEIJINHO RITA MATOS Inércia
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d1/gnr.html
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
Nome da Cadeira X
Projecto Xyz
120
DESIGN: FBAUL’13
AUDIOVISUAL E MULTIMÉDIA II
DESASSOSSEGO II
127
Docente / Teacher: Sónia Rafael
121 AUDIOVISUAL AND MULTIMEDIA II
DISQUIET II
127
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia II
Intro
AM II
SÓNIA RAFAEL
“A realidade, como se sabe, nem sempre existiu.” Baudrillard, Palavras de Ordem
A “realidade” nunca mais foi a mesma depois do aparecimento de um dispositivo de imagem radicalmente inédito — o ecrã. Na medida em que a dimensão dos ecrãs tem vindo a diminuir, maior se torna a urgência de refletir sobre problemáticas que se afirmam e se vão instalando como irrevogáveis. A generalização das tecnologias digitais e da rede pelo colectivo, associada à consolidação da “digitalização da cultura”, alterou profundamente a forma como o ecrã preconizou, em conformidade com os mass media, a ideia da “sociedade do espectáculo” defendida por Guy Debord. O paradigma proposto por Debord revela agora um reflexo inverso (embora não menos espectacular) no que respeita à informação e ao critério de selecção desta, que é construída à medida, com um carácter cada vez mais individualizado, personalizado e autoproduzido e onde o “sujeito interactivo” deriva sem rédea pela imensidão de todo o conhecimento que se produz e difunde a cada segundo. Lyotard enunciou-o da melhor forma: “na sociedade e na cultura contemporâneas, sociedade pós-industrial, cultura pós-moderna, a questão da legitimação do saber põe-se noutros termos. A grande narrativa perdeu a sua credibilidade (...). Pode-se ver neste declínio das narrativas um efeito do progresso das técnicas e das tecnologias, a partir da segunda guerra mundial, que deslocou o acento para os meios de acção em detrimento dos seus fins”.
DESIGN: FBAUL’13
122
Audiovisual and Multimedia II
Intro
Se por um lado o conhecimento mediado pelo ecrã se encontra acessível em abundância e imediatez, este carece frequentemente de contexto, hierarquização e legitimidade. Impõe-se, deste modo, a necessidade de reconfigurar esse conhecimento, muitas vezes fragmentado e impreciso, e de o recolocar em grelhas que permitam promover “a cultura do sentido e da história”. Lipovetsky refere-se à época contemporânea como a da proliferação dos ecrãs, embora defenda que a sua ubiquidade não implica necessariamente um empobrecimento do pensamento ou da estética. Antes obriga à concepção de um modelo inédito de inteligibilidade dos ecrãs. Para que esse “modelo inédito de inteligibilidade” se possa definir, talvez seja necessário recuar, dar um passo atrás, revisitando aquilo a que Tavoillot designa de “grandes matrizes da experiência humana”, por vezes esquecidas, como a história do Estado, do amor, da felicidade e do capitalismo; a história do belo, da vida privada, do sagrado, etc. Neste contexto, ressalta o papel estruturante do Professor na mediação entre os ecrãs, o Conhecimento e a Vida.
123
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia II
Intro
AM II
SÓNIA RAFAEL
“The reality, as we know, has not always existed.” Baudrillard, Passwords
“Reality” has never been the same since the appearance of an image device radically unheard of until then — the screen. The smaller the screen gets, the bigger the urgency of reflecting on the problems installed as irrevocable. The phenomenon of digital technology generalization associated to the consolidation of the idea of a digitalization of the culture itself came to alter the way the screen is praised, in conformity with the mass media, the idea of the society of spectacle as defended by Guy Debord. What was proposed by Debord reveals now an inverse reflection (however no less spectacular) in regards to information and its selection criteria, which is custom constructed, whose character is more and more individualized, personalized and self-produced and where the “interactive subject” drifts without rein through the wholeness of the knowledge he produces and spreads at every second. Lyotard said it best: “in contemporary society and culture, post-industrial society, post-modern culture, the question of the authenticity of knowledge is put into different terms. The narrative has lost its credibility (...). Since the World War II we are faced with the effects of the progress of technologies, and it is assumed that the ends of action do not justify the means. If on one hand, screen mediated knowledge is now accessible in abundance and immediacy, it frequently lacks context, hierarchy and authenticity. The need of resetting this so called knowledge, often fragmented and imprecise, and reorganizing it in grids that will allow the “culture of the meaning and history” to flow.
124
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual and Multimedia II
Intro
Lipovetsky refers to the contemporary time as a time for the proliferation of the screen, although he defends that its ubiquity does not necessarily implicate an impoverishment of the thought or aesthetics. On the contrary, it demands the conception of an unheard of model of screen intelligibility. In order for this “unheard of model of screen intelligibility” to work, perhaps it is necessary to take a step back and revisit what Tavoillot designates of “large arrays of human experience”, often forgotten, such as the history of the estate, of love, happiness and capitalism; history of the beauty, private life, the sacred, etc. In this context, the structuring role of the Professor in the mediation of the screens, the Knowledge and Life stands out.
125
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia II
Desassossego II
126
Data / Date: 5.2013
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
Audiovisual and Multimedia II
Disquiet II
DESASSOSSEGO II/ DISQUIET II —
Na disciplina de Audiovisual e Multimédia II foi desenvolvido o projecto Desassossego II. Este projecto partiu de um excerto do Livro do Desassossego de Bernardo Soares, seleccionado pelos alunos, e visou dar continuidade à temática abordada no semestre anterior. A primeira fase — Construção — foi constituída por uma contextualização histórica, um registo teórico e apresentação pública de um autor/projecto multimédia pioneiro, também seleccionado pelo alunos, que permitisse compreender e enquadrar historicamente o multimédia. Na segunda fase — Percurso — os alunos desenvolveram um objecto interactivo com base na concepção de uma narrativa não linear. Pretendeu-se que o objecto corporizasse uma experiência hipermédia (desde a narrativa interactiva online à instalação).
127
The project Disquiet II was developed in the course of Audiovisual and Multimedia II. This project was inspired by an extract of the “Book of Disquiet” by Bernardo Soares. This extract was selected by the students and aimed to further investigate the subjects lectured in the previous semester. The first stage — Construction — consists of a historical contextualization, a theoretic register and public presentation of a pioneer author/ multimedia project, also selected by the students, that would foment an understanding and framing of the multimedia as a part of history. In the second stage — Progress — the students elaborated an interactive object based on the conception of a non-linear narrative. It was intended that this object would incorporate a hypermedia experience (from online interactive narrative to installation).
DESIGN: FBAUL’13
Audiovisual e Multimédia II
Desassossego II
ANDREIA COUTINHO, MARTINA SOUSA
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/am.html
128
LUÍSA BRITO, WENCE YE
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/lw.html
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
Audiovisual and Multimedia II
Disquiet II
FERNANDO ESTEVENS, FRANCISCO REBELO, TIAGO AFONSO
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/fft.html
DAVID PROENÇA, JOÃO ORNELAS, VALENTIM TOSTE
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/fft.html
129
ALEXANDRA RIBEIRO, CÁTIA JESUS, RUI MIGUEL
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/fft.html
ANA CATARINA REALINHO, FRANCISCO LADEIRA , VASCO VELOSO
design2013.fba.ul.pt/links/proj/d2/afv.html
DESIGN DESIGN:: FBAUL FBAUL’13 ’13
RUN STUDIO RUN 2013 (Open Door Studio Tour)
RUN
131
STUDIO
Durante o mês de Abril, os alunos finalistas contactaram com os ateliers da cidade. Foi uma iniciativa que teve como objectivo promover o contacto entre os seus alunos e alguns estúdios de design de comunicação a operar profissionalmente em Lisboa. Debates, Apresentações, Acções no Atelier, Workshops, etc.
Coordenação / Coordenated by: Victor M Almeida Sílvia Matias
DESIGN: FBAUL’13
RUN
During the month of April, the senior students contacted several studios spread throughout the city. This initiative was intended to promote connections between students and some of the communication design studios operating professionally in Lisbon. Discussions, Presentations, Actions in the Studios, Workshops, etc.
DESIGN: FBAUL’13
fig.01
fig.01
RUN
A
12 04 13
AMBAS AS DUAS hora/hour: 17:00 20:00
Silvadesigners hora/hour: 10:00 12:30
Flatland hora/hour: 10:00 13:00
10 04 13
03 04 13
ALVA hora/hour: 15:00 ..:..
02 04 13
STUDIO B
fig.01
fig.01
RUN
132
DESIGN: FBAUL’13
RUN
fig.02
fig.01
barbara says... hora/hour: 14:00 ..:..
12 04 13
STUDIO
P-06 hora/hour: 11:00 15:00
08 04 13
RUN
fig.01
fig.02
133
DESIGN: FBAUL’13
fig.01
fig.01
RUN
A
Studio AH-HA hora/hour: 15:00 ..:..
18 04 13
design, etc. hora/hour: 10:00 ..:..
16 04 13
GBNT hora/hour: 15:00 ..:..
Love Street Studio hora/hour: 15:00 ..:..
STUDIO B
fig.01
fig.01
RUN
134
DESIGN: FBAUL’13
RUN
fig.02
fig.01
Formas do Possível hora/hour: 09:30 18:00
STUDIO
v-a hora/hour: 20:00 23:00
19 04 13
RUN
fig.01
fig.02
135
DESIGN: FBAUL’13
fig.02
fig.01
RUN
A
Colectivo 4.16 hora/hour: 14:30 ..:..
20 04 13
Vivóeusébio hora/hour: 10:30 18:30
22 04 13 24 04 13
Designways hora/hour: 10:00 19:00
22 04 13
STUDIO B
fig.01
fig.01
RUN
136
RUN
fig.01
João Miranda (fig.01) Luísa Brito (fig.02) Miguel Perrolas (fig.03)
Flúor hora/hour: full time PT
DESIGN: FBAUL’13 STUDIO
fig.02
A Fluor Studio design Advisers propôs receber 1 aluno por semana, e com eles criar um ambiente de trabalho o mais real possível, com o objectivo de proporcionar aos participantes uma "primeira" semana de trabalho num estúdio de design. Foi elaborado um briefing específico para esta colaboração, que consistiu em estudar e desenvolver um conjunto de soluções gráficas e ilustrações com o fim de criar um conjunto de objectos de forte inspiração tipográfica.
ENG
fig.03
RUN
Fluor Studio design Advisers set out to receive one student per week. Together, they would create a work environment as real as possible, in order to provide each participant with an idea of what a “first” week of work would be like in a design studio. A specific briefing was elaborated to describe this collaboration, that consisted in studying and developing a group of graphic solutions and illustrations with the purpose of creating a set of objects of strong typographic inspiration.
01 04 13 29 04 13
137
LETRA Marco Balesteros Ana Correia André Cândido Bernardo Rodrigues Márcio Nazareth Nuno Beijinho Rita Matos
EN
29 04 13 30 04 13
Estudo de Estúdio/Estúdio de Estudo is a one day intervention at the Faculty’s gallery. This event happens after the Portable School workshop, and both are intended as a reflexion on investigation as a practice in the design and art fields. During one day the studio and the school happen in the same place. The school is a production space and the studio is an investigation and experimentation space. Both give a special value to informality, importance of small self-organized structures, passion and evolvement with work, sharing of knowledge, ideas and pure speculation. Portable School is the sum/collection of a few notions previously explored by artists, intellectuals, academics and pedagogues: Stewart Brand, Nam June Paik, Raoul Vaneigem, Buckminster Fuller, Dexter Sinister, Agostinho da Silva, Loris Malaguzzi, Fernando Lanhas, Ivan Illich... Portable School is an informal space, self-organized, where the sharing of knowledge and information acts as one of the most important aspects. It explores new ways of thinking and acting in the learning and teaching fields.
portableschool.fbaul@gmail.com portableschool.tumblr.com
RUN
PT
STUDIO
Estudo do Estúdio/Estúdio de Estudo foi uma intervenção de apenas um dia na galeria da Faculdade. Esta acção seguiu-se a um workshop, a Portable School. Ambos os momentos pretenderam ser uma breve reflexão acerca da investigação como prática no campo da arte e do design. Durante um dia o estúdio e a escola ocuparam o mesmo espaço. Temas de estudo são princípios de trabalho e vice versa. A escola é um espaço de produção e o estúdio é um espaço da investigação como prática no campo. A Portable School é a soma de alguns princípios já explorados por artistas, pedagogos, intelectuais, académicos: Stewart Brand, Nam June Paik, Raoul Vaneigem, Buckminster Fuller, Dexter Sinister, Agostinho da Silva, Loris Malaguzzi, Fernando Lanhas, Ivan Illich, etc. A Portable School é um espaço informal, auto-organizado, de partilha e disseminação de conhecimento. Esta pretende explorar novas maneiras de pensar e agir nos campos do ensino e aprendizagem.
Estudo do Estúdio/Estúdio de Estudo Portable School alunos/students: 6
RUN
138
DESIGN: FBAUL’13
RUN
STUDIO
RUN
139
DESIGN: FBAUL’13
RUN
STUDIO
RUN
140 ALVA www.alva-alva.com
GBNT www.gbnt.pt
SILVADESIGNERS www.silvadesigners.com
FORMAS DO POSSÍVEL www.formasdopossivel.com
P-06 www.p-06-atelier.pt
COLECTIVO 4.16 www.colectivo416.com
FLATLAND www.flatland-design.pt
DESIGNWAYS www.designways.pt
AMBAS AS DUAS www.ambasasduas.com
THISISLOVE www.thisislove.pt
BABARA SAYS... www.barbarasays.com
VIVÓEUSÉBIO www.vivoeusebio.com
DESIGN, ETC. www.design-etc.com.pt
TVM DESIGNERS www.tvmdesigners.pt
STUDIO AH-HA www.studioahha.com
FLÚOR www.fluordesign.com
V-A www.v-a.pt
+
FOLCH STUDIO (Conferência) www.folchstudio.com
LOVE STREET STUDIO www.lovestreetstudio.com
+
PORTABLE SCHOOL Marco Balesteros www.letra.com.pt portableschool.tumblr.com
DESIGN: FBAUL’13
INDEX
Alexandra Ribeiro
129
Desassossego II Disquiet II
Ana Correia
53
Ultravox
anajoaocorreia@hotmail.com
66
Are You Awake?
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
Ana Catarina Realinho
30
Paperback
catarina.realinho@gmail.com http://www.behance.net/realinho
38
Mixing Messages
52
Ultravox
67
Are You Awake?
129
Desassossego II Disquiet II
alexandra.ribeiro92@gmail.com http://cargocollective.com/AlexandraRibeiro/
André Cândido
31
Paperback
andrefrcandido@gmail.com http://www.behance.net/andrecandido
39
Mixing Messages
55
Ultravox
67
Are You Awake?
74
Worldchanging
95
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
99
Zine
103
O Livro como Objecto The Book as Object
108
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
128
Desassossego II Disquiet II
Andreia Coutinho andreiafccc@gmail.com
Bernardo Majer
36
Mixing Messages
bernardomajer@gmail.com
57
Ultravox
66
Are You Awake?
81
Worldchanging
119
Desassossego I Disquiet I
Bernardo Rodrigues
31
Paperback
bernardo.o.b.rodrigues@gmail.com http://www.behance.net/bernardorodrigues
42
Mixing Messages
55
Ultravox
67
Are You Awake?
74
Worldchanging
99
Zine
105
O Livro como Objecto The Book as Object
109
Guia / Improvรกvel / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
Cรกtia Jesus
30
Paperback
catiajesus4903@gmail.com
56
Ultravox
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
118
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
Carolina Branco
41
Mixing Messages
carolina.machadobranco@hotmail.com http://www.behance.net/carolinambranco
50
Ultravox
67
Are You Awake?
Carolina Ferreira
36
Mixing Messages
carolina.sf92@gmail.com http://www.behance.net/CarolinaF
54
Ultravox
67
Are You Awake?
David Proença
30
Paperback
david.rgs.proenca@gmail.com http://www.behance.net/-dp-
38
Mixing Messages
57
Ultravox
66
Are You Awake?
80
Worldchanging
119
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
129
Desassossego II Disquiet II
Fernando Estevans fedesigners@gmail.com
Filipa Rocha
31
Paperback
filiparocha.7@gmail.com http://www.behance.net/filipa-rocha
55
Ultravox
67
Are You Awake?
77
Worldchanging
94
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
99
Zine
109
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
Francisco Ladeira
67
Are You Awake?
franciscomeireles7@gmail.com www.nixproject.wordpress.com
78
Worldchanging
129
Desassossego II Disquiet II
Francisco Rebelo
31
Paperback
franciscoalmeida.r@gmail.com
66
Are You Awake?
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
119
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
Gonçalo Geirinhas
30
Paperback
g_geirinhas@hotmail.com
54
Ultravox
67
Are You Awake?
83
Worldchanging
119
Desassossego I Disquiet I
Henrique Salgueiro
30
Paperback
h.salgueiro09@gmail.com http://www.youtube.com/salgueirohenrique
42
Mixing Messages
52
Ultravox
66
Are You Awake?
Joana Blasques
31
Paperback
joanablasques@hotmail.com
66
Are You Awake?
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
119
Desassossego I Disquiet I
Joana Sebastião
31
Paperback
joana.marques2@campus.ul.pt http://www.behance.net/joanasebastiao
53
Ultravox
118
Desassossego I Disquiet I
João Miranda
31
Paperback
joaofcmiranda@gmail.com http://www.behance.net/joaofcmiranda
55
Ultravox
67
Are You Awake?
82
Worldchanging
94
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
99
Zine
109
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
João Ornelas
30
Paperback
joao_francisco10@hotmail.com http://cargocollective.com/jfornelas
41
Mixing Messages
57
Ultravox
66
Are You Awake?
119
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
Lucas Lima
40
Mixing Messages
lmlima@live.com http://www.behance.net/lucasml
50
Ultravox
77
Worldchanging
Luísa Brito
53
Ultravox
louisebrituh@gmail.com http://www.behance.net/luisabrito
109
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
128
Desassossego II Disquiet II
Márcio Nazareth
37
Mixing Messages
marcioisnardnazareth@gmail.com
53
Ultravox
66
Are You Awake?
67
Are You Awake?
Mª Assunção Sampayo
50
Ultravox
assuncaosampayo@gmail.com
67
Are You Awake?
Mª Beatriz Freitas
50
Ultravox
beatrizzfreitas@gmail.com
75
Worldchanging
92
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
Mariana Alcobia marianaalcobia@hotmail.com http://www.behance.net/marianaalcobia
Marta Santos
56
Ultravox
marta.d.centeno@gmail.com
118
Desassossego I Disquiet I
Martina Sousa
128
Desassossego I Disquiet I
67
Are You Awake?
Miguel Ferreira
30
Paperback
miguelferreira92@gmail.com http://www.behance.net/miguel-f-s-ferreira
51
Ultravox
67
Are You Awake?
76
Worldchanging
31
Paperback
martinagsousa@hotmail.com http://www.behance.net/martinasousa
Miguel Perrolas miguelpcm92@gmail.com behance.net/miguelperrolas
Miriam Ferreira miriam.biencard@gmail.com
Narciso Cust贸dio
104
O Livro como Objecto The Book as Object
Nuno Beijinho
30
Paperback
nunobeijinho@gmail.com http://cargocollective.com/nunobeijinho
37
Mixing Messages
54
Ultravox
66
Are You Awake?
83
Worldchanging
92
O Livro como Objecto H铆brido The Book as a Hybrid Object
98
Zine
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
119
Desassossego I Disquiet I
narciso5211@gmail.com http://www.behance.net/narcisocustodio
Oriana Gomes
52
Ultravox
Rita Matos
30
Paperback
rita.rmatos@gmail.com http://www.behance.net/ritamatos
43
Mixing Messages
54
Ultravox
66
Are You Awake?
83
Worldchanging
93
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
98
Zine
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
119
Desassossego I Disquiet I
Rita Sabbo
67
Are You Awake?
ritasabbo@gmail.com hwww.cargocollective.com/rsabbo
105
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
109
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
Rui Miguel
51
Ultravox
rui.miguel1120@gmail.com http://www.behance.net/ruimiguelr
114
Banda Sonora para uma Imagem Soundtrack for an Image
118
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
66
Are You Awake?
Sofia Mendes de Carvalho
31
Paperback
sofia.mendescarvalho@gmail.com http://www.behance.net/woethia
53
Ultravox
76
Worldchanging
118
Desassossego I Disquiet I
oriale92@gmail.com http://www.behance.net/OrianaGomes
Sara Dias sara_gdias@hotmail.com
Stefanie Moshammer
108
Guia / Improvável / Lisboa Unexpected / Guide / Lisbon
53
Ultravox
75
Worldchanging
79
Worldchanging
Tânia Rodrigues
54
Ultravox
taniam2rodrigues@gmail.com http://www.behance.net/tania-rodrigues
67
Are You Awake?
Telma Marques
56
Ultravox
telmafmarques@hotmail.com http://www.behance.net/telma-marques
118
Desassossego I Disquiet I
Tiago Afonso
66
Are You Awake?
tiagoliveira90@gmail.com http://www.behance.net/tiagoliveirafonso
78
Worldchanging
129
Desassossego II Disquiet II
mail@stefaniemoshammer.com www.stefaniemoshammer.com
Susana Barroso sgb.fbaul@gmail.com http://www.behance.net/sugu
Susana Santos susana.santos015@gmail.com http://www.behance.net/susana-santos
Tânia Malheiro taniamalheiro_1901@hotmail.com http://www.behance.net/taniamalheiro
Tiago Rodrigues
51
Ultravox
tiaaago.rodrigues@gmail.com
66
Are You Awake?
95
O Livro como Objecto Híbrido The Book as a Hybrid Object
99
Zine
Valentim Toste
43
Mixing Messages
valentim.er.toste@gmail.com http://www.behance.net/valentimtoste
53
Ultravox
66
Are You Awake?
79
Worldchanging
119
Desassossego I Disquiet I
129
Desassossego II Disquiet II
129
Desassossego II Disquiet II
Vasco Zimbarra Veloso vz5219@gmail.com http://www.issuu.com/vasco_veloso_portfolio
Wence Ye
51
Ultravox
almo.ce@gmail.com http://cargocollective.com/naosouvicente
67
Are you Awake?
80
Worldchanging
128
Desassossego II Disquiet II
ZĂŠ Pedro Fernandes
57
Ultravox
zepedrof92@gmail.com http://cargocollective.com/zepedrof
66
Are You Awake?
81
Worldchanging
119
Desassossego I Disquiet I
Nome da Cadeira X
Projecto Xyz
154
DESIGN : FBAUL ’13
ENSAIOS SEM LIMITES: O DESIGN ENTRE O TEMPO DE AGORA E O TEMPO DE INDEFINIÇÃO
156
DE BENJAMIN A APPADURAI: UMA MODERNIDADE EM DESESPERO Vítor M Almeida
158
TRABALHO EM CRISE / TRABALHO EM DESIGN Eva Gonçalves
2. Contribuir para a expansão do conhecimento através da publicação de reflexões críticas sobre teoria e prática do design de comunicação através do contributo de ensaios teóricos ou ensaios gráficos, ambos de natureza crítica e reflexiva, a realizar por autores convidados com ligações à academia e à profissão.
166
A-B TEMPO DE DESSINCRONIZAÇÃO Francisca Torres
173
EM DEFINIÇÃO Ana Malheiro
3. Confrontar os posicionamentos mais distintos sobre a criação em design de comunicação.
179
ENTRE TEMPOS Sara Orsi
186
(NÃO TÃO) PEQUENAS REVOLUÇÕES: PROJECTO MORRINHO, PROJECTO REMIX E PROJECTO EVA BAIRRO 6 DE MAIO Luísa Santos
194
IF YOU DON’T KNOW ME, YOU DON’T HAVE THE RIGHT TO IGNORE ME Catarina Vasconcelos
200
ELES FIZERAM O QUE NÃO SABIAM SER IMPOSSÍVEL Maria Inês Fortunato
207
THE FLÂNEUR IS DEAD, LONG LIVE THE FLÂNEUR! Anett Krase
210
S/ TÍTULO Marta Barros
PROPOSTA: 1. Promover a reflexão sobre a produção escolar académica e a sua integração num panorama mais vasto da produção.
155
UNLIMITED: THE DESIGN AMIDST THE TIME OF NOW AND THE TIME OF THE INDEFINITE PROPOSAL: 1. Promote discussion about the school and its academic integration in a wider panoramic of production. 2. Contribute to the expansion of knowledge through not only the publication of critical reflections on theory and practice of communication design but also the theoretical essays or tests charts, both critical and reflective in nature, to be conducted by invited authors with connections to the profession and academics. 3. Confront the distinct positions on creation in the scope of the communication design.
DESIGN: FBAUL’13
De Benjamin a Appadurai: Uma modernidade em desespero “A história chega tarde para dar sentido à vida de um povo. Só o pode recapitular. Antes da plena consciência de um destino particular — aquela que a memória, como crónica ou história propriamente dita, revisita —, um povo é já um futuro e vive do futuro que imagina para existir. ... Para cada geração, a menos que haja catástrofe natural ou herança amaldiçoada, o momento de entrada na vida é um esplendor.”
diferentes espaços da cultura contemporânea sem que a vertigem do futuro apague os vestígios do passado e a instabilidade do presente. Ao conceito de Jetztzeit apõe Benjamim a noção ‘tempo suspenso’ como reforço da experiência (Erfahrung) em oposição à racionalização e em reforço do ‘agora’ como momento de transcendência. A posição benjaminiana é alimentada pela constatação da atemporalidade barroca aferida pela destruição das expectativas de continuidade que chegavam do renascimento.
Eduardo Lourenço, Portugal como Destino seguido
Tal como no barroco, a vivencialidade do momento, i.e, a sua descontinuidade dramática face ao normal circuito da vida (e da morte), ajuda a perceber não só a necessidade de desobstrução da história como o encontro de novos sentidos com a leitura da produção cultural e, sobretudo, com aquilo que Appadurai afirma de ‘tempo de indefinição’, quando se refere ao momento actual.
Victor M Almeida
de Mitologia da Saudade, 1999
Há dias alguém dizia incrédulo que hoje não se fala de futuro. Na contemporaneidade continua a haver um tempo em progresso em resultado de uma vertigem industrial e pós-mecânica que, a partir da I Revolução Industrial, introduziu uma dinâmica (e um pensamento) linear e sem interrupções. Walter Benjamin opõe-se a essa concepção, acreditando que existe um “tempo de agora” (Jetztzeit) que se preenche com a história, dando-lhe continuidade. O que Benjamim pretendia acautelar era que a vertigem industrial não apagasse a memória histórica e, desse modo, privilegiasse a presença da experimentação, ou seja, de uma ruptura com uma prática em continuum que vem de uma visão determinista do conhecimento. Este “tempo de agora”, na sua relação com o design, é, também, o modo de pensar os seus sítios nos
Entre um ‘tempo de agora’ e um ‘tempo de indefinição’ pretende-se construir uma linha editorial para uma publicação de periodicidade anual que se supõe de reflexão sobre as práticas do design de comunicação, bem como, de registo da actividade académica dos finalistas de Design de Comunicação da FBAUL no ano lectivo de 2012-2013. Para o efeito, solicitou-se aos autores convidados que reflictam sobre as noções de contemporaneidade apresentadas por Walter Benjamim e por Arjun Appadurai em articulação com as produções académica (na FBAUL) e profissional em matéria de design de comunicação. Considerou-se pertinente uma aferição do estado da arte em Portugal, assim como, uma análise centrada em projectos específicos desenvolvidos por alunos ou ex-alunos da FBAUL.
DESIGN: FBAUL’13
156
Vítor M Almeida
From Benjamin to Appadurai: A modernity in despair Vítor M Almeida “History arrives late when it comes to giving meaning to the life of a people. It can only be recapped. Before the full awareness of a particular destination — that which is revisited by memory, either as a story or as history itself — people are already a future and live the future you imagine to exist. ... To each generation, unless they are faced with natural disaster or cursed inheritance, the moment of entry into life is a splendor.” Eduardo Lourenço, Portugal as Destiny followed by Mythology of Longing, 1999
In contemporary times there is still a time in progress as a result of an industrial and post-mechanical vertigo that, since the Industrial Revolution I, introduced a linear uninterrupted dynamic (and thought). Walter Benjamin rejects this view and believes that there is a “time now” (Jetztzeit) that is to be filled in with story, which will then give it continuity. What Benjamin intended to warn us about was that this industrial vertigo should not be the cause for erasing the historical memory and thus it should privilege the presence of the experimentation, ie, a rupture with the practice continuum that comes from a deterministic view of the knowledge. This “time of now”, in relation to the design, is also the way of thinking about places in different areas of contemporary culture without letting the vertigo of the
As seen in the Baroque, the ability to live the moment, ie, its dramatic disruption that faces the normal circle of life (and death), not only helps realizing the need for clearing the history as well as discovering new meanings when interpreting the cultural production and, above all, with what Appadurai claims as the ‘time of uncertainty’, when referring to the present moment. Between a ‘time of now’ and a ‘time of uncertainty’ the aim is to build an editorial guideline for an annual publication that is supposed to reflect on the practices of communication design, as well as the registration of the academic activity of the Communication Design senior students of the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon in the academic year of 2012-2013. In order to do so, the authors invited are requested to reflect on the notions of contemporaneity presented by Walter Benjamin and Arjun Appadurai in conjunction with the academic and professional productions (in FBAUL) in the field of communication design. It is considered of utmost importance realization of the state of the art in Portugal, as well as an analysis focused on specific projects developed by FBAUL’s students and alumni.
DESIGN: FBAUL’13
Victor M Almeida
157
A few days ago someone claimed to be in shock to see how no one speaks of the future.
future erase the traces of the past and the present instability. To the concept of Jetztzeit Benjamin adds the notion of ‘suspended time’ as a reinforcement of the experience (Erfahrung) as opposed to rationalization and strengthening the ‘now’ as a moment of transcendence. Benjamin’s position is fed by the finding of Baroque timelessness, measured by the destruction of the expectations of continuity brought by the Renaissance.
Eva Gonçalves
Eva Gonçalves
A 15 de Setembro de 2012, por todo o país, cidadãos de diferentes gerações, faixas etárias, estratos sociais e profissões saíram à rua para, em conjunto, se manifestarem contra os cortes resultantes do programa de austeridade imposto pela troika em Portugal. Vários grupos, motivados por questões distintas, marcharam em conjunto e gritaram em uníssono na tentativa de chamar a atenção para os problemas de um povo que se sente cada vez mais negligenciado e ignorado por uma democracia que pouco ou nada se identifica já com os valores que promove. Entre esta massa, homogeneamente representada pelos meios de comunicação social, encontravam-se muitos de nós, a comummente celebrada — e controversamente apelidada pelo autor e teórico em estudos urbanos norte-americano Richard Florida — classe criativa, um grupo profundamente afectado pelo desemprego e precariedade no trabalho, consequência das flutuações do mercado livre. Esta presença fez-se notar essencialmente a dois níveis. Por um lado, na adesão em massa à manifestação nacional e às marchas promovidas por sindicatos e grupos independentes (tais como o movimento Que se Lixe a Troika), e por outro lado, na união de esforços para a criação conjunta de iniciativas paralelas de apoio à manifestação, de forte cariz político e social. Projectos como as Oficinas Populares1 ou o jornal de parede O Espelho2, contaram com a participação voluntária de artistas, designers, jornalistas, fotógrafos, etc., e visaram criar um espaço paralelo ao da comunicação social (oficial e institucional) para dar voz ao descontentamento, à crítica, às opiniões pessoais — ao povo — num registo que nos lembra o Maio de 68 e a ocupação estudantil das oficinas da Escola de Belas
Artes de Paris, transformadas em ateliers de apoio à criação e disseminação de cartazes políticos3. No contexto artístico no geral e no design em particular, a actual conjuntura económica, política e social tem exercido especial influência entre a geração de designers que vem saindo das nossas universidades nos últimos anos. Esta geração, apesar da sua energia e entusiasmo, depara-se com um mercado de trabalho extremamente decadente e em crescente deterioração, onde as perspectivas de emprego são praticamente nulas. A busca constante de alternativas parece reflectir-se na multiplicação de projectos como os acima mencionados, que constituem evidência de um espaço experimental que começa a existir e no qual designers, artistas e profissionais de outras áreas ensaiam novos modelos de participação. A vontade de participação colectiva e a tentativa de recuperação do sentido de comunidade levam designers e artistas a utilizarem cada vez mais as ferramentas ao seu alcance para criticar e influenciar tanto a opinião pública como a situação económica e política do país em que vivem. A reflexão e discussão sobre estas tendências é fundamental para a resolução do enigma — aparentemente irresolúvel — que parece ser o trabalho em design neste conturbado início de século, em Portugal e no mundo, assim como para o apuramento do papel que esta disciplina virá eventualmente a desempenhar no contexto da crise económica mundial. Livres para trabalhar O que significa então trabalhar nos nossos dias4? Deixemos de lado as taxas de desemprego e a crescente falta de postos de trabalho e concentremo-nos em compreender o que representa o trabalho na nossa sociedade, nas nossas mentes, nas nossas vidas — e de que forma o design se têm vindo a relacionar com este. À equação do socialismo utópico que dividia o dia em oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer, garantindo tempos determinados para o sustento, para a família e afazeres,
DESIGN: FBAUL’13
158
TRABALHO EM CRISE / TRABALHO EM DESIGN
da promoção constante nas redes sociais, da rede de contactos estabelecidos e da constante actualização profissional. Estes profissionais são também aqueles que cada vez mais trabalham a partir de qualquer lugar, em qualquer fuso horário, por qualquer período de tempo, na condição de que se encontrem providos de um computador portátil e de ligação à internet. Na actualidade, o trabalho ganha uma dimensão cada vez mais abstracta e subjectiva, desdobrando-se em tarefas que se prolongam fora-de-horas e mantendo-nos — entre emails, telefonemas de trabalho, reuniões, brainstormings, etc. — num estado de disponibilidade constante. No contexto do design de comunicação, o trabalho tem uma forte componente imaterial, por ser extremamente mental e criativo e os seus resultados não serem sempre objectificáveis ou facilmente traduzidos em termos quantitativos. Nesta conjuntura as suas fronteiras tornam-se cada vez mais difíceis de distinguir, enquanto direitos e salários se tornam cada vez mais difíceis de determinar6. O trabalho transforma-se então numa oportunidade constante: uma oportunidade que o designer, precário, não pode desperdiçar.
Playtime Neste sentido, o trabalho torna-se numa espécie de híbrido entre a tradicional acepção da ideia de trabalho enquanto sustento e de trabalho enquanto lazer, como algo que liberta e que se pratica por prazer. Mas a sensação de liberdade, que numa primeira análise aparenta ser benéfica, é enganadora. É uma falsa liberdade. O tipo de lazer que o trabalho nos oferece é um presente envenenado. É um lazer que rapidamente se transforma em caos, desequilíbrio, incapacidade de gestão e, mais preocupante ainda, numa forte ansiedade. Este tipo de sentimento é experimentado diariamente por todos aqueles cujo ritmo de trabalho é auto-regulado, estando dependente
Entre liberdade e autonomia Face à deterioração das condições de trabalho e emprego a alternativa que parece restar é o trabalho independente. Como tal, temos visto o número de designers a trabalhar por conta própria aumentar a uma velocidade galopante. Na falta de emprego, todos nos tornamos designers freelancers, gerindo as nossas carreiras e competindo pelos escassos trabalhos e projectos que ainda são remunerados. Se considerarmos as vantagens do trabalho neste regime, não é difícil perceber porquê. Em primeiro lugar, o trabalho freelance permite aos jovens designers estabelecerem livremente contactos de trabalho, criando uma rede de clientes com os quais desenvolvem uma relação mais próxima e pessoal e com os quais
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e para os interesses pessoais e descanso, opõe-se, actualmente, a ideia de trabalho enquanto modalidade livre. Segundo o novo esquema de trabalho, o trabalhador tem autonomia para organizar e gerir o seu horário de trabalho como preferir. Abdica-se do modelo de trabalho industrial — baseado em aspectos como horários de trabalho fixos e estipulados pelo empregador, divisão do trabalho e crescente especialização — em favor de um modelo de contornos mais livres, que procura fomentar a criatividade (cada vez mais procurada e valorizada) do trabalhador. Esta pode e deve ser recuperada e integrada na tarefa profissional. Dentro do modelo capitalista neoliberal do trabalho, a competição torna-se a regra única de redefinição desta equação. Os trabalhadores são agora livres de — e incentivados a — procurarem valorizar o seu desempenho da forma que melhor entenderem. O valor deixa de ser necessariamente medido em horas de trabalho, passando a calcular-se com base na criatividade e produtividade. O conceito de trabalho ganha uma nova dimensão, tornando-se cada vez mais mental, emocional e pessoal. O trabalho já não consiste somente numa forma de sustento: é também um caminho (se não o único) para a realização pessoal5.
as contas e garantem a subsistência. Estando estas necessidades cobertas e garantidas, o tempo que resta é convertido em liberdade para desenvolver e dedicarmo-nos a projectos que de outra forma seriam relegados para segundo plano e eventualmente esquecidos. Por outro lado, são esses projectos — colaborativos, pro bono, assentes na boa vontade e solidariedade e movidos pelo interesse e curiosidade pessoais —que a longo prazo acabam por trazer retorno em termos de divulgação, alargamento da rede de contactos de trabalho e eventualmente, projectos remunerados. O designer freelancer permite-se agir como que à margem da lei, à margem do mercado de trabalho do design. Prática enquanto crítica Nestes termos, o design torna-se tendencialmente numa ferramenta de crítica social. A recusa em contribuir para sistemas económicos decadentes é uma forma de protesto, assim como a procura de alternativas é um caminho para o questionar das ideologias vigentes. Se a emergência das liberdades negativas associadas à libertação das estruturas sociais parece inicialmente impelir-nos em direcção ao individualismo e à hipercompetitividade, as manifestações estudantis, acções organizadas, e todo o tipo de projectos assentes num forte sentido de colaboração, cumplicidade e solidariedade entre profissionais parecem mostrar-nos exactamente o contrário. A reactivação da solidariedade e do sentido de comunidade significam não o culminar de um processo, mas sim o início de uma nova atitude, entre designers e artistas, e um novo entendimento da capacidade que estas disciplinas têm de causar impacto e mudança na sociedade. Em “The General Intellect is Looking for a Body” Franco “Bifo” Berardi10 relembra-nos o caso Wikileaks, emblemático desta geração de programadores, designers, artistas, jornalistas, etc., que se dedicam voluntariamente ao trabalho colaborativo, unindo forças pela transparência
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negoceiam sem intermediários e nos seus termos. Em segundo lugar, trabalhar como freelancer permite uma mobilidade a que a maioria de nós se habituou desde cedo, mobilidade esta cada vez mais promovida pela crescente globalização e mesmo por uma Europa que se pretende sem fronteiras. Por último, este regime parece ser, em si, uma forma de recusa do trabalho dentro dos modelos impostos pelas políticas de mercado neo-liberais. Trabalhar à margem do mercado é uma forma de escapar ao ciclo de produção vertiginoso7, de recuperar o controlo sobre as nossas rotinas, sobre as nossas vidas, sobre nós próprios; de re-descobrir a nossa sensibilidade e valores. É uma forma de liberdade mas também de protesto. Este tipo de liberdade, que Hito Steyerl — autora, artista e cineasta sediada em Berlim — define como negativa8, é-o por contrariar o sentido tradicional de liberdade. As “liberdades negativas” resultam não da liberdade de opinião, de decisão, de crença, mas sim de um forte sentimento de ausência e incapacidade; resultam da libertação daqueles que durante muito tempo foram os pilares das sociedades modernas: segurança social, meios de sustento, educação e saúde gratuitas, pensões sociais, etc. Quando as corporações e estados se libertam de todo o tipo de regras e responsabilidades, também nós nos libertamos dos laços sociais, do dever da solidariedade, do emprego ou trabalho9. Mas existe um lado positivo na questão das liberdades negativas, diz-nos Steyerl. Na presença de liberdades deste género, tornamo-nos finalmente autónomos e livres do controlo do comércio livre e da exploração de corporações e estados. Na condição de nos vermos livres de tudo, permitimo-nos explorar diferentes formas de relacionamento profissional e interpessoal que não dependem exclusivamente de interesses económicos ou de ganhos pessoais. Estes, são agora assegurados por part-times e trabalhos esporádicos em áreas que muitas vezes pouco ou nada tem a ver com design, mas que pagam
não possui página web, sendo a página facebook o único link disponível.) 3
A este respeito consultar o artigo de Jonathan Blitzer
publicado num dos blogs do The New York Times: http://latitude.blogs.nytimes.com/2013/04/04/if-youcant fix-it-art-it/?_r=0 4
Fabuš, P., “To want to be a hesitant seafarer”,
disponível em http://tltr.biz/to-want-to-be-a-hesitantseafarer/ 5
Ibid.
6
Larsen, L. B., “The Paradox of Art and Work”, em Work,
Work, Work. A Reader on Art and Labour, Sternberg Press e Iaspis, Berlin, 2012, pág. 18. 7
Berardi, F., “The General Intellect is Looking for
a Body”, Op. cit., pág. 99. 8
Steyerl, H., “Freedom from Everything: Freelancers
and Mercenaries”, disponível em http://www.e-flux. com/journal/freedom-from-everything-freelancersand-mercenaries/ 9
Ibid.
10
Berardi, F., Op. cit., pág. 97.
11
Work for Work (2007) foi um projecto do estúdio
Europa, no contexto da exposição Work in Progress do Royal College of Art, que consistiu num série de workshops que exploraram a utilização de tempo como moeda de transacção. http://www.workforwork.org/ 12
Cracked (2005) consistiu numa exposição e estúdio
de design on-the-spot, totalmente gratuito e aberto à população, uma experiência levada a cabo pelos alunos do London College of Communication (LCC). 13
Department 21 (2009), outro projecto iniciado
pelos alunos do Royal College of Art, é um espaço multidisciplinar que pretende servir de estúdio a alunos de diferentes departamentos, promovendo, através da convivialidade, a colaboração, discussão e partilha de interesses e temáticas comuns. http://www.department21.net/?page_id=1919 14
Svensson, N., “Experimental Jetset & Nille Svensson”,
em Iaspis Forum in Design and Critical Practice—The
Como defende Steyerl, existe algo para o qual somos livres quando nos vemos livres de tudo e isto é criar relações de suporte e apoio mútuo. Unindo esforços chegaremos mais longe.
Reader, Iaspsis e Sternberg Press, Nova Iorque, 2009, pág. 107.
Notas: 1
http://queselixeatroika15setembro.blogspot.pt/
2013/02/oficina-populares-aqui-e-agora.html 2
Para mais informação consultar o link: https://www.
facebook.com/JornaloEspelho/info (O jornal O Espelho
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da informação. Exemplos como o jornal O Espelho e as Oficinas Populares, em Portugal, ou projectos como Work for Work11, Cracked12 ou Department 2113, no estrangeiro, espelham semelhantes modelos de organização colectiva entre designers. Convidam-se profissionais de outras áreas e criam-se estruturas espaciais e comunitárias com o objectivo de explorar novas formas de actuação dentro da profissão, subvertendo ou testando os limites das relações cliente-designer, experimentando novas dinâmicas de troca e diferentes modelos de trabalho. Estes processos, apesar de colectivos, acabam por se tornar bastante individuais pela possibilidade de auto-descoberta, de reavaliação pessoal, ou de redescoberta de valores morais e éticos há muito esquecidos. Em rápida expansão, este movimento parece acreditar que o design pode exercer mais influência através da sua atitude profissional do que da sua abordagem estética14. O tipo de prática que daqui resulta é uma prática extremamente consciente e extremamente crítica, uma prática que promove o activismo político e a consciência social enquanto fazer, enquanto modelo de vida. É uma prática que não precisa necessariamente de sair à rua em manifestações (embora muitas vezes o faça), que não precisa de protestar, de escrever. É uma prática crítica em termos da forma como age e como põe as suas ferramentas, perícia e conhecimento profissional ao serviço da sociedade e dos problemas que esta enfrenta, ao serviço da adopção de novas atitudes e concepção de alternativas.
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On the 15th of September 2012, citizens of different generations, age brackets, social backgrounds and professions gathered in the streets all over the country and united in manifestation against the consequences of the austerity program imposed in Portugal by Troika. Several groups, motivated by all sorts of different ideas, marched together and screamed in unison, in attempt to evidence the problems of a nation that feels more and more neglected and ignored by a democracy system that no longer relates to the values it proclaims. Amongst this mass of people, homogeneously represented by the social media, were many of us, the commonly celebrated — and whom north-american author and theoretician Richard Florida controversially referred to as the “creative class”. A class celebrated in controversy by Richard Florida and a group that is profoundly affected by unemployment and precariousness, as consequence of the constant fluctuations of the free market. This presence was made noticeable essentially on two levels. On one hand, the mass adhesion to the nationwide manifestations and marches promoted by trade unions and independent groups (such as the movement “Que se Lixe a Troika”, Screw Troika). On the other hand, the union efforts towards the joint creation of parallel initiatives of strong political and social nature, as support systems for manifestations. Projects such as Oficinas Populares1 (Popular Workshops) or the O Espelho2 (The Mirror) publication, were able to count on the volunteer participation of artists, designers, journalists, photographers, among others. These projects aimed to create a space, parallel to the social communication (official and institutional), where the people’s dissatisfaction, criticism and
personal opinions could be heard, in a way that reminds us of the May 1968 events and the students’ occupation of the classrooms in the Paris School of Fine-Arts, which were transformed into ateliers that focused on the creation and dissemination of political posters3. In a general artistic context, and particularly in design, the current economic, political and social conjunctures have been specially influencing the generation of designers graduated in our universities in these past few years. This generation, despite its energy and enthusiasm, is suddenly put before an extremely degrading and deteriorating labour market, where the chances of finding a job are close to null. The constant search for alternatives seems to be reflected in the multiplication of projects such as the ones mentioned above, that serve as proof of a new existent experimental space in which designers, artists and professionals of other areas rehearse new ways of participating. The will to participate collectively and the attempt to recover a sense of community is what drives designers and artists to use whatever tools are at their reach to criticize and influence both public opinion and the economical and political situation of the country they are living in. Reflecting and discussing these tendencies is fundamental when trying to solve the (apparently irresolvable) enigma associated to the design as a work field in these troubled times, not only in Portugal but the whole world, as well as identifying the role that the design course might eventually play in the midst of the worldwide economic crisis. Free to work So what does it mean to work in these days4? Let us set aside the unemployment rates and the growing lack of jobs and focus on comprehending what working means in our society, in our minds, in our lives, and how it relates to design. An equation (typical of the socialist utopia) divides the day into eight hours of labour, eight hours of rest and eight hours of leisure, assuring
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WORK IN CRISIS/ WORK IN DESIGN
Playtime In this sense, work has now become a sort of hybrid between the traditional idea of work as sustenance and the idea of work as leisure, as something that is somewhat freeing and practiced for pleasure. However, the sensation of liberty, which in a first analysis seems beneficial, is misleading and is in reality a false liberty. The kind of leisure that is presented to us through work is a poisoned apple. This leisure rapidly transforms into chaos, disequilibrium, inability to manage and, even more disturbing, a strong feeling of anxiety. This type of feeling is experienced daily by all whose working schedules are self-defined, depending on the constant promotion of social networks,
established contact network and constant professional updating. These professionals are also those who work from anywhere, in any time zone, for whichever period of time, as long as they are provided with a portable computer and access to the internet. Nowadays, work is becoming a more abstract and subjective dimension, which unfolds itself in tasks that extend throughout extra hours and keeps us — through emails, work calls, meetings, brainstormings, etc. — in a state of constant availability. In the communication design context, work has a strong immaterial component, mostly due to its mental and creative nature and because its results are not always palpable or easily translated into quantitative terms. That being so, the frontiers of design are becoming harder to distinguish, and rights and salaries are harder to determine6. Work becomes a constant opportunity, one that the precarious designer must not waste. Between freedom and autonomy Facing the deterioration of the work conditions, the remaining alternative is independent work. Therefore the number of designers working independently is rising at an incredible speed. When faced with an alarming lack of jobs, we all become freelance designers, managing our careers and competing for the few remunerated jobs and projects. It is not difficult to understand why this happens if we consider the advantages of working in a freelance system. First of all, working as a freelance designer allows young professionals to freely establish a network of work related connections, therefore creating a web of clients with whom they can develop a closer and more personal relationship and deal without the necessity of intermediaries and their terms. Secondly, working freelance allows a mobility that most of us has gotten used to trying right from the start. This mobility is more and more promoted by the growing phenomenon of globalization and by a Europe that now acts as if there
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that an appropriate amount of time is spent in sustenance, family and chores, personal affairs and rest. Nowadays, the idea of labour as a free modality is actually opposed to this classic equation. According to the new working scheme, the worker is autonomous enough to organize and manage his work schedule has he feels is right. We see an abdication of the industrial labour model — which is based on aspects such as strict working schedules define by the employer, work delegation and growing specialization — in favor of a lightly defined model that aims to foment the worker’s creativity (more and more looked for and prized). This can and should be recovered and integrated as part of the professional task. Considering the capitalist neoliberal labour model, competition becomes the only redefining rule of this equation. Not only the workers are now free to evaluate their performance in the way they feel is best, but actually encouraged to do so. This value is not necessarily measured in labour hours, it is now calculated based on creativity and productivity. The concept of labour gains a new dimension and becomes more mental, emotional and personal. Work is no longer a means of sustenance, it is also a path (if not the only path) that leads to personal accomplishment5.
into results in terms of spreading, expanding of the contact network and paychecks. The freelance designer allows himself to act as if he were an outsider to the law and to the design work market. Practice as a form of criticism In these terms, design becomes a tool of social criticism. The refusal to contribute to degrading economic systems is a way of protesting, as well as the ongoing search for alternatives represents a way of questioning the effective ideologies. If the urgency of the negative liberties associated with liberation of social structures seems to, initially, impel us towards individuality and hyper-competitiveness, then student manifestations, organized actions and all kinds of projects founded on a strong sense of collaboration, complicity and solidarity between professionals show us exactly the opposite. Reactivating solidarity and the sense of community do not represent the climax of a process, but the beginning of a new attitude amongst designers and artists, and a new understanding the capability of these work fields of causing impact and change in our society. In “The General Intellect is Looking for a Body” Franco “Bifo” Berardi10 reminds us of the emblematic Wikileaks case, which evidenced a generation of programmers, designers, artists, journalists, etc., who voluntarily dedicated themselves to collaborative work, uniting efforts in the name of information transparency. Examples such as publications like O Espelho (The Mirror) and Oficinas Populares (Popular Workshops), in Portugal, or abroad projects such as Work for Work11, Cracked12 or Department 2113, are proof of similar collective organization models between designers. Professionals from other fields are invited in order to create spacial and community structures with common goals: exploring new ways of acting within the profession, testing the limits of the designer-client relationships, experimenting new dynamics of trade and different work
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were no frontiers. Last but not least, this working regimen seems to be, in itself, a way of refusing any job that falls within the policies imposed by the neoliberal market. Working outside the market is a way of escaping its vertiginous cycle of production7, and recovering control over our routines, over our lives and even ourselves; rediscovering our sensibility and values. It is a form of liberty but also, a form of protest. This kind of liberty, referred to as negative by Hito Steyeri8 — author, artist and cineast currently based in Berlin —, exists because it denies the traditional meaning of liberty. “Negative liberties” do not result from freedom of opinion, decision and belief, but from a strong feeling of absence and incapacity; they result from the liberation of those who, for a long period of time, were the pillars of society: social security, sustenance means, free healthcare and education, social pensions, etc. When corporations and estates are liberated from all sorts of rules and responsibilities, so are we liberated from social binds, duty and solidarity, job or work9. Nonetheless, there is a positive side to the issue of negative liberties, says Steyeri. In the presence of these so called liberties, we finally become autonomous and free from both the free market control and the exploitation of corporations and estates. When seeing ourselves liberated from everything, we allow ourselves to explore new ways of connecting professionally and personally, ways that will not depend exclusively on economic interests or personal gains. These are now reassured by part-time or random jobs in areas that are dimly related to design, but end up paying the bills and guaranteeing our survival. Once these necessities are taken care of, whatever time is left is converted into freedom for dedicating ourselves to creating projects that would otherwise be put into our low-priority lists and eventually, forgotten. Nevertheless, these are the projects — collaborative, pro bono, based on good will and solidarity and driven by personal interest and curiosity — that end up translating
Berardi, F., “The General Intellect is Looking for a Body”, Op. cit., page 99. 7
Steyerl, H., “Freedom from Everything: Freelancers and Mercenaries”, available at http://www.e-flux. com/journal/freedom-from-everything-freelancersand-mercenaries/ 8
9
Ibid.
10
Berardi, F., Op. cit., page. 97.
11
Work for Work (2007) was a project by studio
Europa, in the context of the exhibition Work in Progress, in the Royal College of Art, that consisted on a series of workshops that explored the use of time as currency. http://www.workforwork.org/ Cracked (2005) consisted on an exhibition and design studio on-the-spot, totally free and open to the community, an experience driven by students of the London College of Communication (LCC). 12
Department 21 (2009), another project initiated by Royal College of Art’s students, it is a multidisciplinary space that aims to be used as a studio by students from different departments, promoting collaboration, discussion and share of interests and common issues. http://www.department21.net/?page_id=1919 13
Svensson, N., “Experimental Jetset & Nille Svensson”, in Iaspis Forum in Design and Critical Practice—The Reader, Iaspsis e Sternberg Press, New York, 2009, page. 107. 14
Notes: http://queselixeatroika15setembro.blogspot.pt/ 2013/02/oficina-populares-aqui-e-agora.html 1
For more information please see: https://www.facebook.com/JornaloEspelho/info (The journal O Espelho does not have a web page, the only page available is its facebook profile.) 2
Regarding this, consult Jonathan Blitzer’s article, published in one of The New York Times blogs: http://latitude.blogs.nytimes.com/2013/04/04/if-youcant-fix-it-art-it/?_r=0 3
Fabuš, P., “To want to be a hesitant seafarer”, available at http://tltr.biz/to-want-to-be-a-hesitantseafarer/ 4
5
Ibid.
Larsen, L. B., “The Paradox of Art and Work”, em Work, Work, Work. A Reader on Art and Labour, Sternberg Press e Iaspis, Berlin, 2012, page 18. 6
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models. Although these are collective processes, they end up becoming essentially individual because they offer the possibilities of self-discovery, personal reassessment, rediscovery of long forgotten moral and ethic values. This movement is expanding rapidly, and it seems to be on the idea that design can be even more influential through its particular professional attitude rather than aesthetic approach14. As a result, a new sort of practice is born. An extremely conscientious and criticizing practice, that promotes political activism and social awareness as an action, a way of life. It is a practice that does not necessarily need to get out on the streets in manifest (even though often it does). It does not need to protest nor to write. It is a criticizing practice in the way it acts and applies its tools, skills and professional knowledge to the use of society and the problems it now faces. It serves the idea of adopting new attitudes and creating alternatives. As defended by Steyeri, there is something for which we all are free when we are free from everything, and that is creating new founding relationships and mutual support. Uniting efforts we will get much further.
Francisca Torres
“É verdadeiramente contemporâneo aquele que não coincide perfeitamente com este (com o seu tempo), nem está adequado às suas pretensões e é, portanto, nesse sentido, inactual; mas, exactamente por isso, através desse deslocamento e desse anacronismo, ele é capaz, mais do que outros, de perceber e aprender o seu tempo.” Giorgio Agamben
Francisca Torres
(A) Academia (B) Profissão (A – B) Tempo de (in)definição Há uns meses atrás, depois de uma ausência de quase três anos, voltei a entrar no Convento de São Francisco, na minha universidade, a Faculdade de Belas-Artes. É inevitável o sentimento de nostalgia quando revisitamos lugares que nos marcam, que são testemunho de uma etapa que só em certa medida poderia definir como “formação profissional”. Na verdade, o universo de questionamento, reflexão e crítica de valores de que fiz parte nesses anos foram determinantes para o modo como vejo, estou e penso este tempo de agora, a contemporaneidade da minha existência, e claro, a realidade da nossa profissão — o design de comunicação — neste contexto. A distância necessária para compreender na sua totalidade este espaço de tempo — entre o terminar de um ciclo de estudo e o começar de um ciclo profissional (a chamada “entrada no mercado de trabalho”, expressão que me dá um certo desconforto) — é ainda muito curta. Apenas sei que o que sempre me moveu até agora foi uma inquietação constante e uma (difícil) procura da prática de design que se aproxima à minha forma de
entendê-la: um investimento de intelecto, talento e criatividade num processo projectual que tem como elemento fundamental uma mensagem que se quer comunicar, e que se desenvolve segundo um questionamento, uma experiência aberta de tentativa-erro, até ao encontro da melhor (ou que consideramos mais pertinente) forma de comunicá-la visualmente, tendo em conta os diferentes media utilizados. Ainda mais importante que a comunicação eficaz da mensagem em si, está a comunicação do valor contido nessa mensagem. Seguramente que algum leitor deste ensaio reconhecerá nas palavras-chave deste discurso a atitude que está tão vinculada ao design que se instiga nas Belas Artes, e seguramente também existirá o leitor que esboçará um esgar ou um revirar de olhos para a “cantilena utópica” que aqui estou a proclamar. Valor da mensagem? Questionamento? Tentativa-Erro? Comunicação pertinente? Mas o tipo só quer vender hambúrgueres!...
Tentarei em seguida justificar-me segundo a minha curta experiência laboral. Da P281 ao Folch Studio2, de Lisboa a Barcelona, encontrei sempre a dificuldade de conjugar de uma forma harmoniosa os conceitos que enunciei anteriormente – sempre existe algum de que se prescinde ou se valoriza demasiado – sendo que os factores tempo e a figura (imprescindível) do cliente são também acrescentados à equação na realidade profissional. Na P28, quase sem me aperceber, fui apresentada ao pequeno mundo da Arte Contemporânea, da curadoria e da implementação de projetos artísticos de baixo orçamento (para não dizer nenhum, se “ignorarmos” o apoio privado) em território português. Deparei-me por um lado com a lentidão e apatia do sistema, dos avanços e recuos na tomada de decisões, no receio de apostar em projetos que fogem à regra, e por outro lado nos resultados positivos e enriquecedores de uma atitude perseverante e proactiva, que a cada projeto realizado vai ganhando
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A–B TEMPO DE DESSINCRONIZAÇÃO
(a desterritorialização consequente de um mundo de cultura e economia globais como nos fala Appadurai3), (in)definição – em definição – por compreender que é ainda o tempo de moldar uma forma, de experimentar, de preferir a imprevisibilidade da pergunta à segurança da resposta estabelecida.
(A) (B)
Portugal de Abril Portugal de Hoje
(A – B) Tempo de inquietação Há tempos li o livro The Italian Avant-Garde, 1968-19764, uma compilação de ensaios/ entrevistas sobre o movimento de vanguarda italiano associado ao Maio de 68, com a arte, o design e a arquitetura como reflexo das ideias (muitas delas radicais) e das novas concepções de estilos de vida que surgiam como contestação a uma situação de crise a todos os níveis (política, económica, cultural e social), inevitavelmente influenciadas também pelo modelo comunista encontrado nas leituras de Marx. Não é difícil ver semelhanças com o tempo de crises que hoje vivemos. Sabemos que as premissas não são as mesmas, e a sua complexidade atinge também outra escala – a global. No entanto, é também lógico assumir que as crises de agora e as crises do passado convergem numa só crise: a de valores. São eles – os valores – que estão na base da construção de qualquer civilização, modelo social ou filosofia de vida. É deles que nos lembramos e questionamos quando finalmente se confirma a (por vezes bastante previsível e anunciada) crise. Voltando ao livro, há um ensaio que gostaria de mencionar aqui, em que o grupo de designers holandeses Experimental Jetset comenta a linguagem gráfica do designer italiano Ettore Vitale, associada aos valores socialistas da época e aos objetos gráficos que desenvolveu para o partido socialista italiano. À primeira vista, a estética que utiliza é coerente com os cânones que lhe eram contemporâneos, mas ainda assim tem uma profundidade conceptual e um domínio da semiótica fora
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reconhecimento e relevância, abrindo cada vez mais facilmente o caminho para a experiência de novas dinâmicas culturais. No Folch Studio, encontro-me no ambiente peculiar de um atelier que ganhou prestígio no mundo editorial, sendo que é quase sempre a partir de um encargo desta natureza que se desenvolve o design corporativo, audiovisual, web, etc. Um estúdio também que encontra o seu equilíbrio num registo de concretização de projetos pessoais – os que reúnem as condições perfeitas (na mente do designer, apesar de na realidade não ser bem assim) pela liberdade e domínio total sobre todo o processo de design, desde o conceito ao objecto final. No entanto, e cada vez mais me convenço disto, não existe o atelier perfeito. Hoje (quase que o escrevo como forma de desabafo) passei o dia a desenvolver “conceitos” para uma grande marca de moda de luxo (a pouco e pouco comecei também a absorver responsabilidades como copywriter), palavras vazias como “elegance with a twist” ou “exquisite and unique universe” inseridas numa apresentação em que coerentemente ressaltava a única, singular e infinitamente desejável (embora obsoleta) imagem desta marca. No entanto, e não contendo a minha revolta ao final do dia, aprendi que esta realidade oculta e mercenária é a que alimenta os tais projetos mais alternativos e desafiantes que figuram no nosso portfolio. Assim encontro o motivo para respirar fundo, prometendo a mim mesma que no meu atelier “futuro e perfeito” isto jamais acontecerá. Terei que esperar para ver. Finalmente chego à conclusão de que vivo num tempo de indefinição. Um tempo de uma certa sensação de desconforto, e ao mesmo tempo de grande expectativa. Um tempo de indefinição no mais amplo sentido da palavra: indefinição pela confrontação de valores de duas realidades distintas (a profissional e a académica), indefinição pela minha condição de emigrante, que sinto verdadeiramente ser efémera e temporária, indefinição pela procura do meu lugar num mundo e numa atividade de limites pouco claros
e esperança pelo futuro. Somos agora esse futuro, e questionamo-nos sobre o que correu mal no percurso que seguimos desde aí. Qual a relevância do designer neste contexto? Estamos revoltados, cansados, desiludidos com o Portugal que vimos prosperar na Europa (e de certa forma também nos iludimos), e que agora se vê afundar com ela. Temos ecrãs a definirem o limite entre o eu e o outro, queremos e partilhamos a nossa indignação, mas até que ponto é assimilada? Estas são algumas das inquietações que tenho, ao observar desde fora o tempo de agora. E é então que surge uma vontade de não ser simplesmente uma espectadora – de não ser estrangeira no meu próprio país. Este é o meu tempo, temos outro imediatamente atrás e outro imediatamente à frente para procurarmos as nossas respostas.
(A) (B) (A – B) Tempo que falta Stuart Bailey, no seu ensaio “A note on the time”5, chega à seguinte conclusão: Time can ONLY be measured by MOVING. Este conceito de tempo - o visível, experiencial, quantificável – tem uma natureza puramente tecnológica: compreendemos que é no período de deslocamento entre uma coordenada A a uma coordenada B (que tanto pode representar dois instantes, dois lugares, um ciclo, uma Era...) que um aparelho tecnológico (o relógio), movido por energia (o motor) nos permite visualizar o “tempo que passa” – como um personagem que vemos caminhar na rua e nos acena ao longe. No entanto, esta concepção tecnológica de algo tão abstracto como o tempo também não poderia ser mais humana. Ao tempo damos ritmo, rituais, costumes, nomes. O tempo nunca nos chega, quando na realidade não existe. O tempo faz-nos reagir. O tempo é a nossa existência.
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de série, que se expressava em simples composições gráficas (na melhor conotação possível que se possa atribuir à palavra simples) onde a ideia impressa, as diferentes “camadas de significado”, ganhavam uma força e uma identidade arrebatadoras. Esta questão da identidade (gráfica) associada a uma ideologia é hoje assustadoramente pobre, o que talvez seja já um sintoma dos tempos que correm. Seja de esquerda ou de direita, a linguagem de qualquer partido baseia-se no culto do candidato e das personalidades que lhe estão associadas. O retrato varia; pode estar a mão a apoiar a cara, ou o olhar sério e concentrado; a cor do fundo depende do próprio partido, mas também não foge muito do laranja, verde, azul e vermelho. Como é que é possível comunicar diferentes valores e visões de futuro se todos os partidos “falam” da mesma maneira? Onde se distinguem? Nos tête-à-tête televisivos? Nos comícios? Nas redes sociais?... Sim. Mas ao contrário do carácter efémero e transitório destes media (não tirando o seu enorme poder pela eficácia e rapidez de difusão, bem como pelo alcance global que podem atingir), a matéria impressa continua a ser uma das mais poderosas ferramentas de comunicação exatamente por hoje representar uma desaceleração: permitir um espaço e um tempo de introspecção essenciais para uma análise e reação mais premeditadas. Ao mesmo tempo, a impressão – o ato mecânico, o momento de registo e a distribuição do mesmo – eram em si um movimento que juntava pessoas, criava diálogos abertos num circuito mais alternativo, que aproximava e contrastava diferentes formas de ver, inseridas num ambiente de pensamento crítico e ação muito emocionantes e produtivos. Este ambiente existiu no nosso 25 de Abril, onde o design de comunicação desempenhou um papel fundamental e deixou um testemunho da mudança que se proclamava. A matéria impressa também tem memória. Agora é mais difícil conseguir reproduzir um momento assim, digo um momento de grande união
Entre A e B há outros tempos. Há aquele que parece não bater certo no momento, mas que depois define um novo compasso. É nesse tempo dessincronizado que iremos sempre encontrar o designer.
Notas: 1
P28 – Associação para o Desenvolvimento Criativo
e Artístico sediada no Hospital Júlio de Matos, fundada por Sandro Resende e direcionada para o desenvolvimento de projetos no âmbito da arte pública/ arte contemporânea/arte bruta. 2
Atelier de Design de Comunicação ca0talão, fundado
por Albert Folch em Barcelona. 3
A-B TIME OF DESYNCHRONIZATION Francisca Torres
“Truly contemporary is that who does not perfectly coincide with this (with his time), nor feels appropriate in the scope of his own pretensions and is, therefore, outdated; but that is exactly why, through this dislocation and anachronism, he is capable, more than others, of understanding and learning his time.” Giorgio Agamben
Appadurai, Arjun; Disjuncture and Difference in the
Global Cultural Economy, 1990 4
(A) Academics (B) Profession
EP VOL.1 The italian Avant-Garde, 1968-1976,
Sternberg Press, 2013 5
Dexter Sinister: A note on the time, Bulletins of The
Serving Library #1, Sternberg Press, 2011
DESIGN: FBAUL’13
Francisca Torres
169 25 Aprile, Ettore Vitale, 1973
(A — B) Time of (in)definition A few months ago, after an absence of nearly three years, I returned to the Saint Francis Convent, my university, the Faculty of Fine-Arts. It’s inevitable to acknowledge the feeling of nostalgia when we visit a place that has meant so much and has been a part of a phase that can only be defined as “professional training” up to a certain extent. The reality is that the universe of questioning, critic and reflection of values that I was a part of in those years were determining of the way I now see, am and think in this time of now, the contemporaneity of my existence and of course, the reality of our profession — communication design, as presented in this context. The necessary distance in order to understand the totality of this period of time — between finishing an academic cycle and beginning a professional one (the so called “entrance in the work market”, a quite discomforting expression) — is still rather short. I now know only that what has always moved me so far is a constant restlessness and a (difficult) search for a design practice that somehow approaches the way I understand it should be: a investment of the intellect, talent and creativity in a project process that holds
I will now attempt to explain myself, according to my short professional experience. From P28¹ to Folch Studio², from Lisbon to Barcelona, I have always struggled in being able to harmoniously relate the concepts enunciated above — there is always one that is somehow over-valued. To this equation of the professional reality two factors are added: time and the (indispensable) client figure. When at P28 I was almost unnoticeably presented to the small world of Contemporary Art, curatorship and implementation of low budget artistic projects (or of no budget at all, if we ignore private means of support) in portuguese territory. On one hand, I was faced with the system’s slowness and apathy, progress and setbacks in decision-making, and the fear of investing in projects that somehow break free from the rules. On the other hand, there were positive, enriching results of a hardworking and proactive attitude that is gaining recognition and relevance with each elaborated project, and is leading the way for new cultural dynamics. At Folch Studio, I find myself in the peculiar environment of an atelier that owes its prestige to the editorial
field, whose nature is always in a way responsible for the development of corporative, audiovisual and web design, among others. This studio has found the perfect balance in developing personal projects — the ones that gather the perfect conditions (as seen by the mind of the designer, although in reality, they are not so) as far as freedom and total domination over the entire design process go, from its conception to the final object. Nevertheless, there is no such thing as the perfect atelier. And I can not be convinced of the contrary. Today (it is almost like a relief to write so) I spent my time elaborating “concepts” for a big luxury fashion brand (in which I have slowly been assuming a few responsibilities as copywriter), empty words such as “elegance with a twist” or “exquisite and unique universe”, inserted in a presentation that cohesively evidenced the only endlessly desirable (even if obsolete) image of this brand. However (aside my end-of-the-day-revolt) I have learned that this occult reality is what nurtures the most alternative and defiant projects that appear in our portfolios every now and then. This is when I find the reason to take a deep breath, promising myself that in my “future perfect” atelier, this shall never happen. I will have to wait and see. I finally come to the conclusion that I live in a time of indefinition. A time of discomfort, and at the same time of great expectations. A time of indefinition in its widest sense: indefinition for the confrontation of values of two distinct realities (professional and academic), indefinition for my condition of emigrant, which I truly feel is temporary and ephemeral, indefinition for the search of my place in a world and in an activity of unclear limitations (the consequent deterritorialization of a global economy and culture world as explained by Appadurai³), (in)definition — in definition — for understanding that there is still time to mold a shape, to experiment, to prefer the unpredictability of the question over the security of the established answer.
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as fundamental element a message to be communicated. This message is developed according to an act of questioning, an open experience of trial-error, until it finally meets the best (or considered the most pertinent) way of being visually communicated, with no disregard for the different media in use. Even more important than the message itself, is the value it contains. Surely when reading this essay someone will recognize in the keywords of this speech the attitude tied to the design as it is instigated in the Faculty of Fine-Arts, and surely someone else will draw a frown, roll his eyes and reject the “utopian song” I here preach. Value of the message? Questioning? Trialerror? Pertinent communication? — But he merely wants to sell hamburgers!...
(A) Portugal of April (B) Portugal of Today
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(A — B) Time of uneasiness A while ago I read the book The Italian Avant-Garde, 1968-19764, a compilation of essays and interviews about the italian avant-garde movement associated with the May 1968 events, with art, design and architecture as reflection of the ideas (many of which considered radical) and the new conceptions of lifestyles that arose as manifest to a situation of crises on all levels (political, economical, cultural and social), inevitably influenced by the communist model described by Marx. It is not hard to see the resemblance between that time and the time of crises we live today. We know the premises are no longer the same, their complexities reach different proportions — global. However, it is also logic to assume that today’s crises and the crises of the past converge in one crises only: one of values. It is them — the values — that lay in the foundation of any civilization, social model of lifestyle philosophy. We are reminded of them and questioned about them when the crises (quite predictable and announced most of the times) is finally confirmed. Back to the book, there is an essay I would like to mention, one where the group of designers from the Netherlands, Experimental Jetset, comment on the graphic language of the italian graphic designer Ettore Vitale, which relates to the social values of his time and the graphic objects he created for the italian socialist party. At a first sight, the aesthetics he uses is cohesive and relates to the canons followed in his time, yet he still showed an outstanding conceptual depth and dominated semiotics like no other. This is clear in his simple graphic compositions (in the best possible meaning of the word simple) where a printed idea and the different layers of meaning strengthened an overwhelming identity. This issue of the (graphic) identity relates to an ideology that has now become extremely poor, maybe it is now only a symptom
of the current times. In the political scope, either in a left or right party, the language used is always based on the cult of each candidate and the personalities they are associated with. The portraits vary; they could show a hand near the face, a serious and focused look; the background colors will of course depend on the party itself, but they will never be driven away from the oranges, greens, blues or reds. How is it possible to communicate different values and visions of the future if every party “talks” in the same way? Where are they distinguished? In their televised tête-à-têtes? In the assemblies? Social networks?... Yes. The character of these media is both ephemeral and transitory (with no disregard for their enormous power, as made clear by their efficiency and velocity in spreading and reaching a global scale). But printed matter is still one of the most powerful means of communication, specifically because it translates into a deceleration: it provides essential space and time for introspection, fundamental to the elaboration of deliberate analysis and reaction. At the same time, this impression — the mechanical act, to moment of registry and its distribution itself — was in fact a movement that brought people together, created open dialogues in an alternative circle that gathered contrasting ways of seeing, inserted in an environment where critical thinking and acting are deemed exciting and productive. This environment was present in the events of April 25 (the Carnation Revolution), where communication design played a fundamental role and left a mark by proclaiming the necessity of change. Printed matter has its own memory as well. Nowadays it is hard to reenact such a moment. A moment of great unity and hope for the future. We are that future now, and we question ourselves about what might have gone wrong in the path we have taken since then. How relevant is the designer in this context? We are revolted, tired and let down by the Portugal we saw thrive in Europe (and in way, we were also deluded), and
that can now be seen drowning along with Europe. Screens define the limits between me and the other, and even though we share our indignation, how far can we say it is being noted? These are a few of my own reasons for being uneasy, since I am observing the time of now as a mere outsider. And this is why I no longer want to be a spectator — a stranger in my own country. This is my time, preceded by one and followed by another we can look for our answers in.
Notes: P28 – Associação para o Desenvolvimento Criativo e Artístico (Critic and Artistic Development Association) is housed in the Hospital Júlio de Matos, founded by Sandro Resende and directed towards the development of projects in the scope of public art/contemporary art/brut art. 1
Catalan Communication Design Atelier, founded by Albert Folch in Barcelona. 2
Appadurai, Arjun; Disjuncture and Difference in the Global Cultural Economy, 1990 3
EP VOL.1 The italian Avant-Garde, 1968-1976, Sternberg Press, 2013 4
Dexter Sinister: A note on the time, Bulletins of The Serving Library #1, Sternberg Press, 2011 5
(A) (B) (A — B) Time that is missing In his essay “A note on the time”5, Stuart Bailey concludes the following:
This concept of time — the visible, experienceable, quantifiable — is purely technological in nature: we understand that it is in the period of moving from coordinate A to coordinate B (these could represent two instants, two places, a cycle, an era...) that a technological device (such as the clock), moved by a certain energy (the motor), allows us to visualize the “passing time” — as if it were a character we see walking in the street and waving us goodbye. However, a technological conception as abstract as time could also not be any more human. We associate the ideas of rhythm, rituals, costumes, names with time. Time is never enough, and in reality, it does not exist. Time makes us react. Time is our existence. Between A and B there other times. There is the one that does not seem be on time, until it defines a new compass. It is in that desynchronized time that we will always find the designer.
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Time can ONLY be measured by MOVING.
EM DEFINIÇÃO Ana Malheiro
“Como de costume, há sempre um grego para começar. Aqui serve o Anaxágoras, que achava que no Mundo há um bocadinho de todas as coisas em cada coisa. Tudo é feito ou composto de “sementes” de coisas, dizia o grego, desde o infinitamente pequeno até ao infinitamente grande. Mas o que é que organiza as “sementes” e as combina para formar as várias coisas do Mundo? É a inteligência motora e criadora, o “nôus”. Assim é que o grego pensava. Nós agora sabemos mais, já. E em vez de “nôus” dizemos “DESIGN”.” António Sena da Silva (1982), Design & Circunstância , in Sena da Silva, F.C. Gulbenkian, p. 45
PARTE I O design do século XXI são dois: um que pertence a um modelo servente, de base publicitária, como uma segunda pele, que responde por um produto ou cliente. Este é um modelo de uma tradição materialista e que, por isso, se tornou numa fórmula absoluta da sociedade industrializada capitalista. Da herança modernista da forma que segue a função, conservámos pelo menos uma premissa:
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Como é que a disciplina do design pode tirar partido de um tempo — «de indefinição»1 — como o actual, cuja atmosfera política, social e económica é de tal forma imersiva, que bloqueia o distanciamento histórico e a experimentação almejados por Walter Benjamin2?; haverá ainda lugar para a imaginação, quais são os espaços do acto criativo? Em última instância, qual o projecto do design? O presente ensaio irá sondar o território do design, partindo dos conceitos de indefinição e utilidade, como potenciadores da produção cultural nos tempos de hoje.
a do designer que segue o cliente. Este modelo top-down é hermético e, logo, insuficiente num mundo globalizado como aquele em que vivemos. Deste modo, verifica-se actualmente um grande desaproveitamento do potencial criativo, uma vez que a obra da imaginação3 do designer parece estar restringida. De facto, a cada instante surgem novas formas de mediar a comunicação e relacionar os seus sujeitos, sobretudo devido à cultura de network que Appadurai denomina como o cruzamento entre “comunicação eletrónica” e as “migrações” de indivíduos (2004: 15). Nesse sentido e como uma consequência natural da mudança, existe sempre outro lado do design que, por vezes, actua como uma força disruptiva que contraria os modelos instituídos. É que o século XXI veio evidenciar que há uma justaposição do designer-produtor com o designer-consumidor4 o que levou a uma maior consciencialização do design enquanto produto cultural. De facto, a globalização significa hoje que o designer pode ter a mestria de ferramentas electrónicas avançadas e o poder intelectual para determinar a função social dessa mesma tecnologia. Como? Através do exercício da compreensão dos códigos da comunicação, o designer pode assumir-se como «projecto social em curso» (APPADURAI: 2004: 15) e, dessa, forma reenquadrar os códigos, subvertê-los, transformá-los. De acordo com Arjun Appadurai, «A actual multiplicidade de usos que rodeia as três palavras significado, discurso e texto deveria bastar para indicar que não estamos apenas numa época de indefinição de géneros (como profeticamente disse Geertz [1980] há mais de uma década), mas numa fase peculiar a que gostaria de chamar «pós-indefinição », em que o ecumenismo deu lugar — afortunadamente, a meu ver — a debates acesos sobre a palavra, o mundo e a relação entre eles.» Olhemos agora para a palavra indefinição, não como um conceito estanque, mas como uma acção, um movimento — “em definição”. Em 1972, Charles Eames definiu
PARTE II O segundo design a que nos referimos é, pois, aquele que agora participa no debate e que está a surgir da implosão do anterior, isto é, um design que procura a utilidade dentro da indefinição. O designer deste século é produtor de cultura e pode determinar as formas sob as quais essa cultura se gera. O designer dos tempos de hoje é o expoente da inteligência motora e criadora. E sob que forma se tem manifestado esta nova vaga de designers em definição? Certamente trata-se de uma perspectiva mais humanista da disciplina que, tal como Appadurai refere, explora os sentidos da palavra, do mundo e da sua relação (2004: 75). Tomemos como adquirido o acesso e domínio dos meios electrónicos por parte do designer e o seu vínculo inevitável à produção cultural que acima enunciámos. O designer integra hoje uma rede na qual
o seu próprio sistema e seus códigos coexistem noutros sistemas — bottom-up design. Por um lado, o designer oferece um contributo a um projecto social mais globalizante; por outro, valoriza a sua mensagem. O mundo globalizado é invariavelmente um mundo open source cujas estratégias têm sido adoptadas por um número cada vez maior de designers. Para compreendermos melhor este desígnio do design podemos observar algumas manifestações culturais que estão a decorrer actualmente e que se poderiam conformar como interessantes casos de estudo. Têm surgido novas formas de aprendizagem que reflectem directa ou indirectamente o panorama cultural, social e tecnológico contemporâneo. A Parallel School of Art6, a decorrer em Berlim no ano de 2013, parte do âmbito alargado de arte e design, afirmando que podem existir novos tipos de escolas paralelas às existentes. Funciona com uma base de contribuições em que participantes são também oradores, passando ideias e conhecimento de mão em mão e de projecto em projecto. Os objectivos da Parallel School não só passam por reflectir sobre o design, mas também dão início a projectos inovadores, fazendo da escola um espaço crítico da disciplina. Parallel School offers an open environment for self-education in the broader context of art and design. We want to bring people from different places and backgrounds together to share knowledge, connect and initiate projects, publications, meetings and workshops. Parallel School belongs to no one. Parallel School has no location. Parallel School is not teaching. Parallel School is learning. Statement, Parallel School, 2013
Outro exemplo que é pertinente abordar neste texto é o da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2013 — Close, Closer — e por diversos motivos. Um deles é que a própria orgânica curatorial do evento reflecte bastante
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a disciplina do design como método de acção5. Quatro décadas passadas, essa afirmação tem mais pertinência do que nunca porque, de facto, não estamos perante uma “crise de identidades” do design, mas perante um mundo globalizado cujas formas de comunicação são mais complexas e voláteis. A indefinição encontra-se em parte na dificuldade em delinear o problema, que requer que o designer seja outras coisas — antropólogo (compreensão da relação da história com a contemporaneidade), sociólogo (análise das relações sociais), vanguardista (gerar novos códigos através da experimentação e da experiência). Este exercício de procura é o método de acção que poderá levar o design autonomamente a continuar a oferecer respostas construtivas para si, na sua relação com o mundo. Neste sentido, é este propósito que levará a disciplina do design ao encontro da sua utilidade no mundo contemporâneo. Poderemos concluir que afinal indefinição e utilidade não são conceitos assim tão distantes uma vez que a acção da primeira — em definição — leva naturalmente ao encontro de um propósito, i.e., da utilidade?
Do global ao local, do indefinido ao útil, da investigação à produção, este é o tempo do design. Numa tentativa de adaptar as palavras de Walter Benjamin em 1936 no seu famoso texto The Author as Producer, o que é exigido do designer é a capacidade de criativamente encontrar as múltiplas formas de comunicação atribuindo à mensagem um valor útil revolucionário9. Por entre manifestos sobre o design e tiragens de auto-publicação, o fundamental é continuar a acção e o debate da disciplina, como uma força viva. Notas: 1
Arjun Appadurai expõe, no seu livro “Dimensões
Culturais da Globalização” a ideia de indefinição e pós-indefinição, confrontando-os com os aspectos fundamentais que caracterizam o mundo globalizado. 2
Esta dualidade foi desenvolvida por Walter Benjamin
no seu ensaio “The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction” (1936) e cujo contributo continua a ser fundamental para a arte e teoria dos media. 3
Obra da imaginação é um conceito explorado por Arjun
Appadurai que tem que ver com a criação de formas de expressão e liberdade do eu e que se tem evidenciado enquanto dimensão cultural resultante da cultura electrónica e da globalização. 4
“The manual skills taught at the Bauhaus (…) were
rooted in the base function of the objects produced, rather than second-guessing the expectations of their eventual consumers. So, there has been a shift from a one-way production from Producer User towards, if not exactly a reversal of this arrow, then at least a complex feedback loop between the two.” http://fillip.ca/content/re-the-serving-library 5
Design Q&A with Charles Eames
http://eamesoffice.com/film/ 6
http://parallel-school.org/
7
http://www.close-closer.com/love/media/596
8
http://www.zakgroup.co.uk/
9
«What we require of the photographer is the ability
to give his picture the caption that wrenches it from modish commerce and gives it a revolutionary useful Fig.1 – website para a Trienal de Arquitectura de Lisboa, Close, Closer, 2013
value. But we shall make this demand most emphatically when we — the writers — take up photography. Here, too, therefore, technical progress is for the author as producer the foundation of political progress.» BENJAMIN, Walter. The Author as Producer. The Work of Art in the Age of Its Technological Reproducibility. p87
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as mutações que a disciplina do design, a par da arquitectura, também está a viver. A pluralidade da comunicação contemporânea reflecte-se numa tentativa de definição do design como uma acção social e artística com impacto no panorama cultural, político e estético e que resulta, em última análise, numa prática visual. A curadora da Trienal, Beatrice Galilee concorda que o: «Livremente apelidado de “Terceira Revolução Industrial” da produção digital, da nova produção e fabrico, de desafiantes novas tecnologias, bem como do financiamento em crowd-sourcing, o design em open source e o fabrico avançado, transformou a abordagem bottom-up, anteriormente definida por uma prática idealista e de nicho de mercado, sendo agora uma estratégia válida e muito utilizada para projetos autofinanciados.»7 Outro aspecto interessante foi o projecto de comunicação da Trienal que esteve a cargo do Zak Group8. Na plataforma online do evento foram sendo colocadas questões aos seus visitantes, sendo as respostas publicadas de imediato na grelha da frontpage do site, criando uma dinâmica de participação e debate, uma metáfora para a arquitectura como espaço público. O design de comunicação, tal como a arquitectura, surge como resultado de uma experiência pública aberta e é essa interacção que dá corpo ao resultado final.
“As usual, there is always a Greek quote to get things started. Introducing Anaxagoras, who envisioned world as place where there is a little bit of everything in every thing. Everything is made or composed of “seeds” of things, said the greek, from the infinitely small to the infinitely large. But what organizes the “seeds” and combines them to form the various things of the world? Intelligence is the motor and the creator, the “nôus”. Thus the Greek thought. We now know more, now. And instead of “nôus” we say “DESIGN”.”
Ana Malheiro
António Sena da Silva (1982), Design & Circumstance, in Sena da Silva, F.C. Gulbenkian, p. 45 How can the design course make the most of a time — “of uncertainty»¹ — such as the current one, whose political, social and economic atmosphere is so immersive that it blocks the historical distance and experimentation targeted by Walter Benjamin²?; is there still room for the imagination and what are the spaces of the creative act? Ultimately, what is the project of design? This essay will probe the area of design, beginning with the concepts of uncertainty and utility as enhancers of cultural production in today’s times. PART I The design of the twenty-first century is actually divided into two: one pertinent to a model based on advertising, like a second skin which accounts for a product or customer. This is a model of a materialist tradition and so it became an absolute method of the industrialized capitalist society. We inherited from the modernism the notion that form follows function from which we retain at least one premise: the designer follows the client. This top-down model
is limited and therefore insufficient in the globalized world we live in. Thus, there is currently a large wastage of creative potential, since the designer’s imagination³ appears to be restricted. In fact, new forms of mediating communication and relating their subjects are constantly arising, mainly due to the network culture that Appadurai refers to as a cross between “electronic communication” and “migration” of individuals (2004: 15). In this sense and as a natural consequence of change, there is always another side to the design that sometimes acts as a disruptive force that counteracts the established models. The twenty-first century has come to highlight that there is a juxtaposition of the designer-producer with the designer-consumer4 which led to greater awareness of the design as a cultural product. In fact, globalization now means that the designer masters advanced electronic tools and intellectual powers to determine the social function of such technologies. How? Through the exercise of understanding the codes of communication, the designer can be assumed as a ‘social project in progress’ (Appadurai: 2004: 15) and thus, reframe codes, subvert them, transform them. According to Arjun Appadurai, The current multitude of uses surrounding the notions of meaning, speech and text should suffice to indicate that we are not just in a time of uncertainty of genres (as prophetically stated by Geertz (1980) over a decade ago), but in a peculiar phase I would call “post-blurring”, where ecumenism led (fortunately, in my opinion) to heated debates about the word, the world and the relationship between them. Let us look at the word uncertainty not as a strictly set concept but as an action, a movement yet to be defined. In 1972, Charles Eames defined the course of design as a method of action5. Four decades have passed and this statement is now more relevant than ever because we are not actually facing design’s “identity crises”, but a globalized world whose forms
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EM DEFINIÇÃO Ana Malheiro
have been adopted by a growing number of designers. To better understand this designation of the design we have observed some cultural events that are currently taking place and consist of interesting case studies. New forms of learning have arisen, and these reflect directly or indirectly on the cultural, social and technological contemporary panoramic. The Parallel School of Art6, held in Berlin in 2013, parts from the broad scope of art and design and states that there may be new types of schools parallel to existing ones. It works on a base of contributions in which participants are also speakers, ideas and knowledge are handed down from one to another and from project to project. Parallel School’s goals not only consist on reflecting on the design, but also on initiating innovative projects, turning the school into a space for critic.
PART II The second design to which we refer is therefore one that now takes part in the debate and arises from the implosion of the former, a design that seeks utility within uncertainty. The designer of this century is a producer of culture and he can determine the ways in which this culture is generated. The designer of modern times is the exponent of the motor and creative intelligence. And in what way has this new wave of designers in definition been manifesting itself? Certainly it is a more humanistic perspective on a course that, as stated by Appadurai, explores the senses of the word, the world and their relationship (2004: 75). Let us take for granted the access and control of electronic media by the designer and its inevitable link to cultural production as enunciated above. Nowadays the designer has integrated a network in which his own system and codes in other systems coexist — bottom-up design. On one hand, the designer offers a contribution to a more global social project; on the other hand, the designer values his message. The globalized world is invariably an open source world whose strategies
Parallel School offers an open environment for self-education in the broader context of art and design. We want to bring people from different places and backgrounds together to share knowledge, connect and initiate projects, publications, meetings and workshops. Parallel School belongs to no one. Parallel School has no location. Parallel School is not teaching. Parallel School is learning. Statement, Parallel School, 2013
Another example it is crucial to address in this text is the Triennial of Architecture of Lisbon 2013 — Close, Closer —, for many reasons. One of them is that of its own organic curatorship reflects the mutations suffered in the course of design, alongside architecture. The plurality of the contemporary communication is shown as an attempt to define design as a social and artistic action with impact on the cultural, political and aesthetic landscape, which ultimately results in a visual practice.
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of communication have become more complex and volatile. This said uncertainty is in part the difficulty in delineating the problem, which requires the designer to be other things — anthropologist (understanding of the relationship between history and contemporaneity), sociologist (analysis of social relations), avant-garde (generate new codes through experimentation and experience). This exercise of search is the method of action that could lead the design to autonomously continue to offer constructive responses to itself, on its relationship to the world. In this sense, that is what will lead the course of design to find its usefulness in the contemporary world. After all, we may conclude that the concepts of uncertainty and utility are not so distant, once the action of the former naturally leads to a purpose, i.e., usefulness?
Notes: Arjun Appadurai exposes, in his book “Cultural Dimensions of Globalization”, the idea of vagueness and post-indefiniteness, confronting them with the fundamental aspects that characterize the globalized world. 1
This duality was developed by Walter Benjamin in his essay “The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction” (1936) and whose contribution 2
remains essential for art and media theory. Work of the imagination is a concept explored by Arjun Appadurai that has to do with the creation of forms of expression and freedom of the self and that is evidenced as a result of the cultural dimension of globalization and electronic culture. 3
“The manual skills taught at the Bauhaus (…) were rooted in the base function of the objects produced, rather than second-guessing the expectations of their eventual consumers. So, there has been a shift from a one-way production from Producer User towards, if not exactly a reversal of this arrow, then at least a complex feedback loop between the two.” http://fillip.ca/content/re-the-serving-library 4
Design Q&A with Charles Eames http://eamesoffice.com/film/ 5
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http://parallel-school.org/
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http://www.close-closer.com/love/media/596
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http://www.zakgroup.co.uk/
«What we require of the photographer is the ability to give his picture the caption that wrenches it from modish commerce and gives it a revolutionary useful value. But we shall make this demand most emphatically when we—the writers—take up photography. Here, too, therefore, technical progress is for the author as producer the foundation of political progress.» BENJAMIN, Walter. The Author as Producer. The Work of Art in the Age of Its Technological Reproducibility. p87 9
Fig.1 - website for the Lisbon Architecture Triennial, Close, Closer, 2013
From global to local, from the indefinite to the useful, from research to production, this is the time of design. In an attempt to adapt the words of Walter Benjamin in 1936 in his famous text The Author the Producer, what is required of the designer is the ability to creatively find multiple forms of communication by assigning a useful, revolutionary value9 to the message. Among manifestos on the design and self-publishing editions, the key is to continue to share and debate the course, as a living force.
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The curator of the Triennial, Beatrice Galilee agrees that: “Freely dubbed “Third Industrial Revolution” of the digital production, of the new production and manufacturing, of challenging new technologies, as well as the funding for crowd-sourcing, open source design and advanced manufacturing, as transformed the bottom-up approach, previously defined as an idealist and niche market practice, and now offers a valid strategy and is used in self-financed projects.”7 Another interesting aspect was the Triennial’s project for communication, of whom Zak Group8 was in charge. The event’s online platform posed a few questions to their visitors and the responses were immediately published on the homepage of the website. This created a dynamic participation and debate, a metaphor for architecture and public space. Communication design, just like architecture, arises as a result of an open and public experience and it is this interaction that embodies the end result.
ENTRE TEMPOS Sara Orsi
Numa planície sobre um vale de vinhas verdes, uma mesa estende-se ao longo de um homogéneo tapete de relva. Atrás de si, abundantes oliveiras projectam volúveis sombras sobre as cadeiras ordeiramente colocadas à sua volta. Todas se encontram vazias, enquanto o sol dos fins de tarde de Junho passeia-se, lento, lá em cima. Entretanto, do interior da casa de pedra parada a poucos metros, o AGORA e o INDEFINIDO saem acompanhados pelo vinho das vinhas do vale. Lado a lado caminham até à mesa, pousam a garrafa e os copos e sentam-se no topo a Sul.
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AGORA: Vinho? INDEFINIDO: Sim, obrigado. (O Agora serve o vinho em copos simples, copos baixos) AGORA: Brindemos. INDEFINIDO: A quê? AGORA: A este momento. INDEFINIDO: (Sorri de leve enquanto brinda) E que momento é este? AGORA: É uma fenda no tempo. INDEFINIDO: Uma fenda no tempo? Hum... Parece-me que estás a querer imobilizar Cronos. AGORA: Carpe diem quam minimum crédula postera. Conheces? INDEFINIDO: (Ri) Lá estás tu, AGORA, em busca do infinito do presente. Sabes, o tempo é longo e hoje vivemos o tempo dos tempos, o tempo das paisagens simultâneas. AGORA: E lá estás tu, INDEFINIDO, com os teus múltiplos tempos e as tuas múltiplas paisagens. Eu vivo entre o passado e o futuro, vivo o instante estático, vivo num tempo fora do tempo. INDEFINIDO: Estou a ver que conheces bem os teus limites, AGORA, já eu desconheço os meus. Também, sou mais jovem e pertenço ao tempo da desterritorialização. Neste meu tempo, já não nos limitamos a um espaço, já não nos limitamos ao nosso território.
AGORA: Sim, é verdade que venho de um outro tempo, de um tempo antes do teu tempo, mas o meu tempo deu origem ao teu e, entre os dois, muitos outros tempos aconteceram... (Silêncio. Ambos bebem mais um gole de vinho e permanecem, durante longos segundos, a mirar o vale) INDEFINIDO: (Com os olhos ainda no vale) Vejo-te como um rebelde. AGORA: (Impávido também permanece com os olhos no vale) Rebelde... (E fica pensativo) Acho que nunca compreendi muito o que é isso de ser rebelde... Aliás, nunca percebi se ser rebelde é algo de que goste ou de que não goste, se é algo por princípio bom ou se por princípio mau... INDEFINIDO: (Volta os olhos para o AGORA) AGORA, para te esclarecer, considero que ser rebelde é uma maneira de nos posicionarmos perante o mundo, de nos pormos à parte das suas leis, o que pode ser bom ou pode ser mau consoante a causa pela qual se luta. AGORA: Hum... Então, INDEFINIDO, diz-me em que circunstância me defines como rebelde? INDEFINIDO: AGORA, o tempo não pára, caso contrário morre, este é o seu princípio de existência. Mas tu, contra as suas leis, ignoras o que o mantém vivo ao teres a arte de o parar, por momentos, sem que ele morra, pois crias espaço dentro do tempo. És rebelde no teu acto dissidente, és rebelde na forma com te recusas a obedecer às autoridades que nos regem. Se é bom? É. Se é mau? Também o é. AGORA: Certo... (Fica em silêncio durante uns segundos) INDEFINIDO, se crio um espaço no tempo não é por rebeldia fútil, mas sim por força maior. Porque andar sempre em frente, em linha recta, sem parar, não nos permite reflectir sobre o passado, aprender com ele para que o futuro seja melhor. Assim, embora seja o espaço infinito do instante, vivo entre o que aconteceu e o que pode vir a acontecer, vivo da certeza de um passado e da esperança de um futuro. Meu amigo, páro Cronos para a síntese, vejo-me como um elo, uma argamassa,
essa mesma memoria, que deixa de ser uma memória para passar a ser uma ficção que todos assumem como real. INDEFINIDO: (Sorri com uma certa ironia) Sabes, AGORA, o meu tempo é o tempo do global, mas o global não é homogéneo, é, antes, economicamente desequilibrado, socialmente hierárquico, religiosamente complexo e, como tal, o global é regido por forças de poder, está dividido entre vencedores e vencidos, entre os que mandam e os que cumprem, entre os que determinam a história e os que apenas a seguem. E, mesmo dentro do grupo dos vencedores, dos que mandam, dos que determinam, há os outros, os que não vencem, os que não mandam, os que não determinam e, para esses, é necessário dar as ferramentas que lhes permitam construir paisagens imaginárias. AGORA: Paisagens imaginárias? Como assim? Criar um outro mundo onde vivam alienados? Que cruel destino!... INDEFINIDO: AGORA, é um pouco mais complexo do que isso. Lembraste dos signos, os do barroco aos quais tanto te referes? AGORA: Sim, porquê? INDEFINIDO: Então, se não me engano, dizes que no barroco os hieróglifos, portanto, os signos contêm a sabedoria e os segredos associados às ruínas e às catacumbas. Esses signos são como tu: fora do tempo. No entanto, vocês projectam-se no futuro e, por isso, possuem algo de messiânico. Como tu próprio dizes, vives da esperança, vives da promessa de um futuro, de um vir a ser e nós, mesmo sem a certeza de que o futuro virá, dentro do teu momento, acreditamos e projectamo-nos. AGORA: (Ri) Sim, tens razão, mas sou um pouco mais complexo do que isso. INDEFINIDO: Claro, mas não nos percamos na nossa própria complexidade... estamos num diálogo e não num monólogo e, nos diálogos, a meu ver, o que deve sobressair é o espaço comum de mediação
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um entre onde transformar a esperança numa bela certeza é e será sempre o meu compromisso. INDEFINIDO: E o teu compromisso é, de facto, um distinto compromisso, mas o tempo, esse, mesmo com os teus infinitos e imóveis espaços, continua e a nós cabe acompanhá-lo. Pará-lo sim, mas por vezes, e há que saber pará-lo, se não corremos o risco de sucumbir no teu labiríntico espaço infinito. AGORA: Mas, INDEFINIDO, o meu labiríntico espaço infinito é tão labiríntico como o teu espaço sem limites. Afinal, tu pões em causa precisamente o território, esse lugar por princípio delimitado onde os vários grupos sociais, religiosos, e outros, se relacionam. Tu mesmo afirmas que no teu tempo, os grupos já não se cingem a um único território, tornaram-se móveis e, assim, não são mais historicamente singulares nem culturalmente homogéneos. INDEFINIDO: Certo, pertenço a um tempo em que as fronteiras físicas diluíram-se com as facilidades então criadas para a mobilidade e para a comunicação. Num boom, o mundo ficou mais próximo, as distâncias encurtaram-se e as dinâmicas sociais se modificaram. O meu tempo é o tempo do tráfico cultural, das interacções; como há quem diga do rizomático, dos nómadas, dos parasitas, dos vagabundos, dos viajantes. No meu tempo, perdeu-se a referência exclusiva ao nosso lugar, ao nosso território e, consequentemente, à nossa historia, à nossa cultura. Com isto, no meu tempo, há grupos que vivem a história e a cultura de outros como se elas fossem deles, há grupos que sentem uma nostalgia sem memória e, deste modo, criam um imaginário social construído apenas a partir de imagens fictícias que, pela sua repetição, se tornam realidade. AGORA: INDEFINIDO, que tempo complicado o teu... um tempo onde a memória de um povo já não depende da sua história, já não depende do que lhe aconteceu ou não, depende, sim, da forma como se constrói e se manipula
se sobrepõe à realidade. Vive-se na era do hiper-real e, nesta era, a imagem, a imaginação e o imaginário têm um papel preponderante na organização das sociedades e na mediação da tensão entre um global homogéneo e um global heterogéneo. Neste sentido, já não falamos apenas de imagens ou de signos, falamos de inteiras paisagens imaginárias, paisagens que ultrapassam o mundo da fantasia e que se configuram como argamassa para a construção de uma ordem global. AGORA: Desculpa-me INDEFINIDO, mas continuo a achar que falas de alienação, de uma alienação dos seres de si próprios, da sua cultura, da sua história. Afinal, como é que o passado é transmitido ao futuro se o presente cria um passado imaginário? INDEFINIDO: Esta é uma das minhas grandes questões: quando não nos cingimos mais ao nosso território, quando a nossa vida percorre territórios de outros, quando os nossos filhos já nascem nesses outros territórios, quando nada mais é definido e tudo passa, precisamente, a ser indefinido, como é que nos podemos encontrar enquanto indivíduos e enquanto grupo? AGORA: Sim, INDEFINIDO, onde estão as raízes no teu tempo que permitam aos indivíduos e aos grupos saberem de onde vieram e, assim, perceberem para onde vão? INDEFINIDO: Decerto, AGORA, essas raízes de que falas estão a perder-se e, no seu lugar, uma nova força nos guia: força da imaginação alimentada pela máquina mediática que nos faz perdemo-nos nas paisagens de outras vidas possíveis. Para a finitude da apática vida real, procura-se nas planas imagens os alicerces para uma nova esperança que permite a ordem global. AGORA: Cruel esse teu tempo... INDEFINIDO: Cruel como todos os tempos, mas também, belo como todos os tempos. AGORA, penso que vais concordar comigo: o sermos globais, é bom; o mundo como um lugar para todos, é bom;
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que surge do contacto entre os vários intervenientes. AGORA: Concordo plenamente e, também, não quero que nos percamos do cerne do nosso diálogo, mas deixa-me esclarecer alguns dos meus pontos de vista. Nasci num tempo em que se acreditava que a máquina podia substituir o Homem, nasci num tempo em que se acreditava que o poder da razão através do domínio da natureza nos salvaria de nós próprios, seres errantes. Mas essa ideia, penso, é o princípio do erro, pois a razão depende da experiência, e a máquina, esta, não tem carne e, sem carne, não há experiência. Nasci, assim, no tempo do progresso, da velocidade, do Homem moderno que queria escrever a sua história a partir do zero e foi, com esse tempo, que eu quis romper. Chamaste-me rebelde há pouco... sim, fui rebelde com o meu tempo, quis parar quando todos queriam voar, quis o passado quando todos queriam o futuro, quis a espiritualidade quando todos queriam a razão. Para me encontrar, descobri o espaço entre, pois não acredito no determinantemente bom nem no determinantemente mau. Desta forma, nesse tal espaço entre, nesse inquieto rio entre duas margens, construí os barcos que nos levam de um lado para o outro e que nos trazem de volta, pois apesar do tempo caminhar sempre em direcção ao futuro, a mente tem a capacidade de caminhar em direcção ao passado e, nesse eterno retorno, nos consolidamos enquanto indivíduos e enquanto grupo. INDEFINIDO: A tua existência é bela, e, apesar de romper com a lei que determina o tempo, é de uma profunda natureza. Ela é sagrada e é profana e, por isso, possui uma grande humanidade. Sei que do teu tempo ao meu algumas certezas se perderam, muitas por causa de ti. Mas, meu amigo AGORA, para te acrescentar, deixa-me voltar um pouco atrás, ao pensamento sobre os signos, o imaginário e a esperança. No teu tempo, começou o processo de mediatização do mundo, no meu, vive-se um complexo prisma mediático que muitas vezes
tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem... e terá, porque o tempo, esse, não pára. INDEFINIDO: (Sorrindo apenas com um dos cantos da boca) Irónico ouvir isso de ti... (E levanta-se) (Entretanto, o sol deu lugar à lua, é tarde e o AGORA e o INDEFINIDO, com a garrafa e os copos vazios, voltam para casa)
IN BETWEEN TIMES Sara Orsi
In a plateau overlooking a valley of green vineyards, a table extends along a homogeneous carpet of grass. Behind it, abundant olive trees project fickle shadows over the chairs neatly placed around the table. All are empty, while the sun of late June afternoons strolls up, slowly, up there. Meanwhile, the Now and the Indefinite step out of the interior of the stone house standing a few meters afar, accompanied by wine from the vineyards of the valley. Side by side they walk up to table, set the bottle and glasses and sit at the South end of the table. NOW: Wine? INDEFINITE: Yes, thank you. (The Now pours wine in plain, low glasses) NOW: Let’s toast. INDEFINITE: To what? NOW: To this moment. INDEFINITE: (Smiles lightly while toasting) And what moment is this? NOW: It is a gap in time. INDEFINITE: A gap in time? Hum... It seems to me that you are trying to immobilize Cronos. NOW: Carpe diem quam minimum crédula postera. You know? INDEFINITE: (Laughs) There you are, NOW, in pursuit of the infinity of the present. You know, time
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a possibilidade de nos comunicarmos e de nos movermos facilmente à volta do globo, é boa. A questão está em como gerir social e economicamente esse novo mundo de possibilidades, em como gerir o global e o local, o homogéneo e o heterogéneo. Talvez precisemos de ti outra vez, precisemos de uma fenda no tempo, uma fenda para pararmos, para reflectirmos, para encontrarmos as certezas claramente fundadas para as vindouras esperanças. AGORA: De facto, para esse teu tempo sem raízes há que encontrar o equilíbrio das partes e do todo, há que encontrar o equilíbrio entre o real e o imaginário, há que encontrar o equilíbrio dos seus vários tempos, pois somos passado, presente e futuro, e cada um é vital para o outro: portanto, se um deles se encontrar instável todos os outros tremem. INDEFINIDO: Sem dúvida, AGORA, é no equilíbrio das partes que está o ganho do todo. Não podemos reflectir sobre os nossos tempos sem termos em conta a sua complexidade, não podemos resolver o que não está bem nos nossos tempos a partir da exclusão de partes que nos pareçam erradas. Aliás, penso que o gesto a tomar é justamente o gesto contrário, devemos reflectir sobre todas as partes, ir do particular ao todo e do todo ao particular e a partir da dinâmicas existentes criar neste lugar um tempo melhor. AGORA: Certamente, só a partir de uma compreensão da complexidade de um tempo e da sua ponderação é que se pode modificá-lo conscientemente, é que se pode criar aquilo pelo qual ambos lutámos e lutamos, criar, como tu bem disseste, um tempo melhor. INDEFINIDO: Continuemos então, AGORA, a lutar por esse tempo melhor, sempre. E, já agora, AGORA, responde-me só mais uma vez à nossa eterna questão: quanto tempo o tempo tem? AGORA: (Sorri com o sorriso de quem já várias vezes, em diferentes tempos, respondeu a esta mesma questão e que vai dar a mesma resposta) O tempo
NOW: Right... (Remains silent for a few seconds) INDEFINITE, if I create a space within time it is not for futile rebellion, but for a higher strength. Because always moving forward, in a straight line, without stopping, does not allow us to reflect on the past, learn from it so that the future can be better. So, although it is the infinite space of the instant, I live between what has happened and what has yet to happen, I live on the certainty of a past and the hope for a future. My dear friend, I stop Cronos for the synthesis, I see myself as a link, a cement, a between where transforming hope into a beautiful certainty is and will always be my commitment. INDEFINITE: And your commitment is, indeed, a distinct commitment, but time, even with your infinites and your immobile spaces, still goes on and it is up to us to keep up with it. Stop it, yes, but sometimes, we need to know how to stop it, if not we are taking the risk of succumbing to your labyrinthian infinite space. NOW: But, INDEFINITE, my labyrinthian infinite space is so labyrinthian as your space of no limitations. After all, you question precisely the idea of territory, that place limited by definition when several social, religious groups, among others, connect. You state that in your time, groups are no longer bound to a single territory, they have become mobile, and therefore, they are no more historically singular than culturally homogenous. INDEFINITE: Right, I belong to a time where physical borders have been diluted with the easinesses created for mobility and communication. In a boom, the world has become closer, the distances have been shortened and the social dynamics have been modified. My time is the time of the cultural traffic, of interactions; there are those who say of the rhizomatic, of the nomads, the parasites, the hobos, the travelers. In my time, our place, our territory, our history, our culture have lost their exclusive reference. Therefore in my time there are groups living other
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is long and today we live the time of the times, the time of simultaneous landscape. NOW: And there you are, INDEFINITE, with your multiple times and your multiple landscapes. I live in between the past and the future, I live the static instant, I live in a time outside time itself. INDEFINITE: I see you are very familiar with your own limitations, NOW, I myself do not know mine. I am younger and belong to a time of deterritorialization. In this time of mine, we are not longer limited to a space, we are no longer limited to our territory. NOW: Yes, it is true that I come from another time, a time prior to your time, but my time gave birth to yours, and between the two, many other times have passed... (Silence. Both drink one more sip of wine and remain, for a period of long seconds, gazing at the valley) INDEFINITE: (His eyes still staring at the valley) I see you as a rebel. NOW: (Fearlessly gazes the valley as well) Rebel... (Becomes pensive) I think I never understood what being a rebel is... In fact, I never figured out if being a rebel is something I like or dislike, if it is something of a good principle or a bad principle... INDEFINITE: (Looks at NOW) NOW, just to set you straight, I consider being a rebel a way of facing the world, of setting us aside its laws, which can be good or could be evil, depending on the cause you fight for. NOW: Hum... So, INDEFINITE, tell me in what circumstance you define me as a rebel? INDEFINITE: NOW, the time does not stop, otherwise it will die, and this is its principle of existence. But you, against its laws, ignore what keeps it alive by possessing the craftsmanship of stopping it, momentarily, avoiding its death, for you create space within time. You are a rebel in your dissentient act, you are a rebel in the way you refuse to obey the authorities that rule over us. Is it good? It is. Is it bad? It is also.
In your words, you live off hope, off the promise of a future, of what will be and we, even if we are not certain that the future will come, inside your moment, believe and project ourselves. NOW: (Laughs) Yes, you’re right, but I am a bit more complex than that. INDEFINITE: Of course, but let us not lose ourselves in our own complexity... We are in a dialogue and not a monologue, and in dialogues, the way I see it, what should stand out is the common space of mediation that arises from the contact of several parties. NOW: I fully agree, and I also do not want us to get lost in the midst of our dialogue, but let me clarify a few of my points of view. I was born in a time when it was believed that the machine could replace Men, I was born in a time when it was believed that the power of reason, through domain of the nature, would come to save us from ourselves, errant beings. But this idea, I think is the beginning of the mistake, for reason depends on experience, and machine has no meat, and without meat, there is no experience. I was born in the time of progress, of velocity, of the modern Man who wanted to write his history from scratch, and it was this time I wanted to break free of. You called me a rebel a while ago... Yes, I was a rebel to my own time, I wanted to stop when everyone wanted to fly, I wanted the past when everyone wanted the future, I wanted spirituality when everyone wanted reason. To find myself, I found the space in between, for I do not believe in determinatively good of determinatively bad. That being so, is this so called space in between, in this disquiet river between two banks, I built the boats that take us from one side to another and bring us back, because even if time marches towards the future, the mind has the capacity of marching towards the past, and in this eternal comeback, we console ourselves as individuals and as a group. INDEFINITE: Your existence is beautiful, and even though it breaks
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people’s history and culture as their own, there are groups experiencing a memoryless nostalgia and creating a social imaginary built from only fictional images that, through repetition, become reality. NOW: INDEFINITE, what a complicated time, yours is... A time where the memory of the people no longer depends on their history, no longer depends on what happened to them or not, it depends on the way you build and manipulate that same memory, that stops being a memory and becomes a fiction that everyone assumes is real. INDEFINITE: (Smiles with a certain irony) You know, NOW, my time is the time of the global, but the global is not homogenous, it is actually economically unbalanced, socially hierarchic, religiously complex and therefore, the global is reigned by forces of power, it is divided between defeaters and defeated, between those in charge and those subordinated, those who determine history and those who simply follow it. And within the group of those who defeat, those in charge, those who determine, there are others, the ones that do not defeat, the ones that are not in charge, the ones who do not determine, and for those, it is necessary to provide the tools that will allow them to build imaginary landscapes. NOW: Imaginary landscapes? How so? Creating another world where they will live alienated? What a cruel destiny!... INDEFINITE: NOW, it is a bit more complex than that. Remembers the signs, the ones from the baroque, of which you talk of so much? NOW: Yes, why? INDEFINITE: Well, if I am not mistaken, you say that in the baroque the hieroglyphs, or the signs, contain the same wisdom and secrets associated with the ruins and the catacombs. Those signs are like you: outside the time. Nonetheless, you project yourselves in the future, and therefore possess something somewhat messianic.
of the apathetic real life, we look at plain images the foundations in search of a new hope that will allow global order. NOW: Cruel, this time of yours... INDEFINITE: Cruel just like every other time, but also beautiful as any other. NOW, I think you will agree with me: being global is good; the world as a place for everyone is good; the possibility of communicating and moving easily around the globe is good. The question is how to manage socially and economically this new world of possibilities, how to manage the global and the local, the homogenous and the heterogenous. Perhaps we need you again, we need a gap in time, a gap to stop, to reflect, to find clearly based certainties for incoming hopes. NOW: In fact, there is the need for balance of the parts and the whole, for this rootless time of yours, we must find balance of its every times, for we are past, present and future, and each one is vital to one another: so, if one of them finds himself unstable, all the others will tremble. INDEFINITE: Without a shadow of a doubt, NOW, it is in the balance of the parts that the whole can gain. We could not reflect on our times while we disregard its complexity, we can not solve what is not right in our times by excluding whichever parts seem wrong. In fact, I think the gesture we should take is precisely the contrary, we should reflect on all the parts, from the particular to the whole and from the whole to the particular, and from the existent dynamics create in this place a better time. NOW: Certainly, only when we understand and ponder the complexity of a time can we modify it consciously, and create something for which both us have fought for, create, as you very well said, a better time. INDEFINITE: Let us continue then, NOW, fighting for this better time, always. And while we are at it, NOW,
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free of the law that determines time, it is a profound nature. It is sacred and profane, and it possesses great humanity. I know that from your time to my time a few certainties have been lost, many because of you. However, my friend NOW, let me take a step back into the thought on the signs, the imaginary and hope. In your time, the process of mediating the world begun, in mine, we live in a complex media prism that often overlaps reality. We live in the era of the hyperreal, and in this era the image, the imagination and the imaginary all have a preponderant role in society organization and in mediating tension between a homogeneous globe and a heterogenous globe. In this sense, we are no longer talking about images and signs, we are talking about entire imaginary landscapes, landscapes that surpass the world of fantasy and are configured as cement in the building of a global order. NOW: Pardon me, INDEFINITE, but I still think you talk of alienation, an alienation of beings themselves, of their culture, of their history. How is past transmitted to the future if the present creates an imaginary past? INDEFINITE: This is one of my biggest questions: when we are no longer bound to our territory, when our lives enter others’ territories, when our children are born in those same territories, when nothing else is defined and everything becomes, precisely, indefinite, how can we find ourselves as individuals and as a group? NOW: Yes, INDEFINITE, where are the roots of your time that will allow individuals and groups to know where they came from, and therefore know where they are going? INDEFINITE: Surely, NOW, those roots you talk of are getting lost, and in their place a new force guides us: the power of imagination fed by the media machine that makes us lose ourselves in the landscapes of other possible lives. In the finitude
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(Meanwhile, the sun gave way to the moon, it is late, and NOW and INDEFINITE return home with empty bottle and glasses)
(NÃO TÃO) PEQUENAS REVOLUÇÕES: PROJECTO MORRINHO, PROJECTO REMIX E PROJECTO EVA BAIRRO 6 DE MAIO Luísa Santos
Quando se começa a ler a história do Projecto Morrinho ou a ouvi-la pela voz dos seus criadores, com a multiplicidade de histórias das crianças que as contam e as imagens coloridas que elas completam, fica-se algures entre o fascínio e o choque perante o contraste das imagens relatadas com as que conhecemos, ou que acreditamos corresponderem às imagens de uma favela. Fazendo um paralelo com a realidade portuguesa, será o equivalente a pensar em bairros problemáticos como lugares seguros e felizes. Na última década, temos assistido a um crescente interesse em bairros ditos problemáticos, bem como à multiplicação de projectos artísticos e multidisciplinares como o Projecto reMix e Projecto EVA Bairro 6 de Maio, ambos exemplos da participação de ex-alunas da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. As expressões favela e bairro de lata, ou bairro degradado, são normalmente associadas a ideias negativas e preconcebidas como ilegalidade e violência. No entanto, numa leitura mais atenta às origens das favelas, no Brasil, e dos bairros de lata, em Portugal, estas ideias estão longe da origem destes lugares.
Favela e bairro de lata, um contexto histórico Quando se fala em favela e em bairro de lata as primeiras ideias que se lhes associam são problemas sociais, segregação e violência. Uma leitura histórica à origem da palavra favela mostra que esta surge pela primeira vez nos dicionários de Português no século XIX como referência à árvore da favela, comum na então província e hoje estado brasileiro da Baía. Finda a Guerra
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give me once again the answer to our eternal question: how much time does time have? NOW: (Smiles with a smile of whom has several times, in different times, answered this very same question and is about to give the same answer) The time has so much time, as much as time has... And it will have, because time does not stop. INDEFINITE: (Smiling only with one corner of the mouth) Ironic to hear this from you... (And stands up)
portugueses e por emigrantes que das ex-colónias portuguesas. Os meios de comunicação nacionais e internacionais não têm ajudado a mudar os dogmas e preconceitos associados à favela e ao bairro de lata. A suposição de base mantém-se: a favela e o bairro de lata são espaços marginais construídos pelos e para os pobres, onde o tráfico de droga e a violência imperam. Formando uma cidade ilegal dentro, mas à margem da cidade normalizada, estes bairros criam um território com uma identidade marcada. Neste sentido, tanto a favela como o bairro de lata podem ser considerados exemplos emblemáticos de segregação social. As pessoas que vivem nas favelas e nos bairros de lata são muitas vezes associadas, talvez pela falta de recursos, à capacidade de improviso e, de certo modo, à ideia de “DIY” (Do-It-Yourself). Esta é a característica fundadora do Projecto Morrinho, um projecto cujo objectivo é mudar a percepção dogmática da favela.
Projecto Morrinho, Rio de Janeiro, Brasil (desde 1997) O Projecto Morrinho começou em 1997, com uma brincadeira de um menino de 14 anos, Nelcirlan Souza de Oliveira, que tinha acabado de se mudar para o Rio de Janeiro. Impressionado pela arquitectura e estilo de vida da favela, começou a reproduzir a realidade à sua volta numa maqueta feita com tijolos e restos de materiais de construção do trabalho do seu pai. Em pouco tempo, outras crianças juntaram-se à brincadeira e o que começou como uma diversão tornou-se na sua realidade e rotina, representada numa favela em miniatura de 350 m2. O projecto nunca foi planeado enquanto tal mas rapidamente passou de brincadeira a arte. Em 2001, o encontro dos realizadores de cinema Fábio Gavião e Marco Oliveira com os meninos foi crucial para o que é hoje o Projecto Morrinho. A ideia dos realizadores era criar um documentário colaborativo. Como prova de confiança, deixaram uma câmara digital com
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dos Canudos na Baía (1895 – 1896), os soldados do governo,que durante o conflito viveram entre árvores da favela voltaram para o Rio de Janeiro para receber o pagamento pelo serviço militar e vitória contra os insurgentes. Enquanto esperavam pela sua recompensa, que nunca chegou, eles estabeleceram-se com as suas famílias numa das colinas do Rio de Janeiro, o Morro da Providência, ao qual foi dado o nome de “Morro da Favela” em sua homenagem. Esta viria a ser a primeira favela da história. Nos anos 40 do século XX, uma crónica discrepância entre oferta e procura das casas no Rio de Janeiro originou uma crise de habitação que levou pessoas com poucos recursos, maioritariamente migrantes, a construir casas de forma e em locais ilegais. Porém, a maior parte das favelas que existem hoje começaram nos anos 70, como resultado do êxodo de zonas pobres para as grandes cidades do Brasil. As favelas tornaram-se assim no principal tipo de habitação dos cariocas, em vez de casas e blocos de apartamentos construídos legalmente. Em Portugal, o contexto histórico do bairro de lata ou bairro degradado está também relacionado com a imigração e a escassez de espaço e recursos. Tal como no Rio de Janeiro, também em Lisboa a falta de habitação foi um dos principais problemas sociais causados pela pressão demográfica. No início do século XX, as carências habitacionais levaram à construção de vilas operárias que todavia se revelaram insuficientes para o número de trabalhadores que continuariam a chegar à capital portuguesa. Nos anos 50 e 60, os bairros de lata expandem-se para fora da cidade não tanto por falta de espaço, mas mais por uma acção camarária feita no sentido de deixar a cidade sem este tipo de construções. Mesmo os bairros destinados a realojar os habitantes dos bairros de lata (ou clandestinos), são feitos em zonas à margem (literalmente) dos centros urbanos, de acordo com uma lógica que contribui para a segregação de uma população diversificada e multiétnica, composta por cidadãos
Projecto EVA Bairro 6 de Maio, Lisboa, Portugal (2010) Em 2010, Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, foi criado um projecto de Residências de Criação Artística na Área Metropolitana de
Lisboa: o Projecto EVA (Exclusão de Valor Acrescentado). Promovido pelo Programa Escolhas em parceria com o Clube Português de Artes e Ideias, este projecto levou à criação de sete residências de desenvolvimento de projectos artísticos, com enfoque na comunidade, em sete bairros seleccionados da capital: Bairro 6 de Maio, Cova da Moura, Picheleira, Vale da Amoreira, Bairro do Armador, Martim Moniz e Bairro Alto. O Bairro 6 de Maio e o Bairro do Armador acolheram, durante Junho e Julho de 2010, as artistas e designers Catarina Gonçalves (licenciada em educação e dança na Escola Superior de Dança de Lisboa), Catarina Vasconcelos (licenciada em design de comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa), e Joana Manaças (licenciada em dança na Escola Superior de Dança de Lisboa). Catarina Gonçalves e Catarina Vasconcelos descrevem os dois meses no Bairro 6 de Maio como uma viagem a outro país. Neste bairro lisboeta os habitantes nascidos em Portugal são uma minoria. A maior parte dos seus habitantes são de origem caboverdiana; aqui e agora, as origens culturais ditam a cultura de um lugar povoado por música africana, onde se vive muito na rua, às portas das casas. Durante aqueles meses, esta equipa multidisciplinar de uma designer, uma dançarina e uma licenciada em educação e dança, assumiu o papel de uma espécie de equipa de antropólogos que entrou na comunidade e tentou fazer parte dela para a conhecer e poder contribuir de dentro – o que para dois meses não é uma tarefa fácil. Conheceram as Batucadeiras Sem Converso (grupo de batuque caboverdiano) e os Nós Terra (grupo de dança contemporânea). Bateram às portas das casas, conversavam com as pessoas nos cafés e nos pátios. Não faziam entrevistas de acordo com o método científico geralmente associado a teses de doutoramento. Faziam perguntas informais, que poderíamos enquadrar num método narrativo. Procuraram histórias que contassem a História
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o grupo de crianças, que começou a filmar as suas brincadeiras na maqueta. Estes pequenos filmes deram origem a curtasmetragens que foram usadas no documentário de 2008 “Deus sabe de tudo mas não é X9”. Outro ponto de viragem aconteceu quando o curador da Bienal de Veneza de 2007, Robert Storr, visitou o Morrinho e convidou os jovens criadores a reproduzir um modelo na Bienal. Desde então que o projecto tem conseguido usar a atenção que atrai para se desenvolver para além do objecto artístico, tornando-se numa organização que pretende desafiar a percepção popular das favelas do Brasil. A participação do projecto em exposições internacionais (Veneza, Londres, Munique, entre outras), levou à sua institucionalização numa ONG a ser administrada pelos jovens criadores com a ajuda de técnicos e produtores profissionais. Hoje, o Morrinho é composto por quatro actividades: TV Morrinho, Morrinho Turismo, Expo Morrinho e Morrinho Social. Sob o mote “iniciando uma pequena revolução”, o Morrinho criou um espaço para a comunidade e pretende oferecer uma mudança social na comunidade Pereira da Silva, pela forma como consegue mostrar um outro lado das favelas. É também um lugar para encontros sociais, culturais e para a promoção de actividades como a projecção de filmes, debates e workshops, tanto ao nível local como ao nível internacional. De brincadeira de crianças, o Morrinho passou a obra de arte e, rapidamente, a ONG. Esta evolução revelou-se também no impacto que um grupo de crianças passou a ter na comunidade envolvente e, hoje, na ambição que esta tem em mudar a imagem preconcebida de favela, tanto nacional como internacionalmente.
Projecto reMix, Lisboa, Portugal (2011) A designer Susana António, licenciada em design de equipamento pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, tem vindo a desenvolver inúmeros projectos de cariz social, com especial enfoque na comunidade sénior mas também em comunidades residentes em bairros ditos problemáticos. Em 2011, a designer co-produziu o Projecto reMix – intervir e recriar, com incidência no Bairro do Armador. Este bairro lisboeta é caracterizado pela insegurança associada ao consumo e tráfico de estupefacientes, e à falta de higiene urbana causada pela escassa recolha de lixo e deficiente limpeza de ruas. O Projecto reMix surgiu no âmbito de uma candidatura ao Programa BIP / ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa), promovido pela Câmara Municipal de Lisboa, que abre, regularmente, candidaturas para projectos inovadores que respondam a problemas sociais na cidade. Levado a cabo pela Associação Entremundos e o Grupo de Teatro Cultural Contra Senso, em associação com a Junta de Freguesia de Marvila, o reMix, ao contrário do Projecto Morrinho, não foi iniciado de dentro da comunidade, mas a partir da identificação de um problema por parte das instituições que o criaram. O projecto, coordenado por Ângelo Compota (licenciado em Psicologia pelo Instituto Superior da Maia) e co-produzido por vários designers, incluindo a designer Susana António, começou por ter como principal objectivo a sensibilização da comunidade residente – em especial crianças e jovens – para comportamentos cívicos no usufruto do espaço público do Bairro do Armador. Inicialmente previsto para durar oito meses, este processo passou pela responsabilização dos moradores do que poderia ser o seu bairro, e por lhes dar ferramentas para que se sentissem capazes de o mudar para melhor.
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do Bairro 6 de Maio. Em vez de ficarem com a grande narrativa (ou a história que conhecemos deste Bairro de Lata, que não é muito diferente de todas as histórias preconcebidas de bairros ditos problemáticos), procuraram uma multipicidadde de pequenas histórias que construíssem uma narrativa alternativa. Ao longo do tempo, depararam-se com um problema ético que assalta quase todos os cientistas sociais: o que fazer num local onde ninguém pediu ajuda? Com a consciência de que estavam num bairro com condições precárias, com necessidades enormes a nível social, casas cinzentas construídas por quem as habita, casas cinzentas e baixa auto-estima, mas com a vontade de fazer algo para mudar, perceberam também que, para mudar efectivamente para melhor é preciso perceber as necessidades reais, sentidas pela comunidade, e não aquelas identificadas por alguém no exterior. Decidiram então pintar o bairro. Enchê-lo, literalmente, de cores. O mais interessante desta ideia foi terem juntado crianças e adultos do bairro, para tornar o lugar mais bonito, com percursos que mostravam lugares desconhecidos às pessoas que os visitaram, pessoas de fora do Bairro que passaram a vê-lo com outros olhos. O projecto inaugurou dia 31 de Julho e o público pôde percorrer o bairro por um caminho colorido pelas artistas, ver jardins feitos pelos moradores, assistir a concertos do grupo Nós Terra e a danças do grupo das Batucadeiras. Puderam ver as caras das pessoas que moram naquele Bairro ao vivo. Estes encontros, a possibilidade de conhecer as múltiplas pequenas histórias que povoam aquele lugar, através de acções como uma parede cheia de envelopes com bilhetes e fotografias, mostraram uma visão da arte enquanto mudança social ou, pelo menos, revelaram a diferença de percepção entre quem olha para uma comunidade não de fora, mas a partir de dentro.
Estes objectivos foram desenvolvidos por meio de três actividades, as quais já ultrapassaram os oito meses inicialmente previstos e que dois anos depois continuam activas: eco-teatro (constituição de dois grupos de teatro amador, na maioria crianças e jovens), Eco-brigadas (acções de sensibilização para a responsabilização da mudança positiva e manutenção do bairro) e Eco-design (produção de objectos em oficinas, com designers e membros da comunidade). Em 2012, iniciaram uma quarta actividade, a eco-serviços, que disponibiliza serviços de carpintaria aos habitantes, através do qual já foram criados no bairro novos postos de trabalho. Em gestão de projecto (project management), a disciplina-mãe quando falamos em projectos, define projecto enquanto algo de temporário. No entanto, à luz da arte e do design, um projecto é algo que muitas vezes começa com uma previsão de final mas cujo sucesso é determinado precisamente pela sua continuação e desenvolvimento. Nesse sentido, à luz de disciplinas de arte e design é possível dizer que este projecto é um caso de sucesso, pois continua a criar mudança, através de inúmeras actividades como acções de sensibilização para comportamentos cívicos, e a loja reMix com objectos pensados por designers e produzidos artesanalmente pelos habitantes. Estas actividades têm uma importância enorme numa comunidade que precisa de continuar a ganhar ferramentas que lhes possibilitem criar não só mais postos de trabalho mas também uma maior auto-estima.
(NOT SO) SMALL REVOLUTIONS: PROJECT MORRINHO, PROJECTO REMIX AND PROJECT BAIRRO 6 DE MAIO Luísa Santos
When one begins to read the story of Project Morrinho or hear it in the voice of its creators, with the multitude of children’s stories completed with colorful pictures, one is placed somewhere between fascination and shock before the contrast of images shown and those we know, or believe to be accurate images of a slum. Drawing a parallel with the situation in Portugal, the same happens when thinking of troubled neighbourhoods as safe and happy places. In the last decade, we have witnessed a growing interest in the so-called problematic neighbourhoods, as well as a multiplication of multidisciplinary artistic projects such as Project reMix and Project EVA Bairro 6 de Maio, both examples of the participation of former students of the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon. The notions of slum and shantytown are usually associated with negative and preconceived ideas as lawlessness and violence. However, after a closer reading of the origins of the slums in Brazil and the shantytowns in Portugal, we are confronted with the fact that these ideas are far from the genesis of these places.
Slum and shantytown, a historical context When talking about slums and shantytown the first ideas that come across our minds are the social problems, segregation and violence that are usually associated to these places. A historical reading of the origin of the word slum shows that it first appeared in the Portuguese dictionaries in the nineteenth century as a reference
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Esta capacitação (empowerment), palavra-chave nos textos de mudança social, foi possível com uma mobilização activa da comunidade para a preservação, criação e manutenção dos espaços públicos, bem como atribuir a um grupo de moradores aptidões que lhes permitisse criarem os seus próprios meios de rendimento.
The national and international media have not helped change the dogmas and prejudices associated with slums and shantytowns. The same basic assumption remains: the slum and shantytown are marginal spaces built by and for the poor, where drug trafficking and violence prevail. They form an illegal city from within, outside the city standards. These neighbourhoods create a territory with a marked identity. In this sense, both the slum and the shantytown can be considered emblematic examples of social segregation. People living in slums and shantytowns are often associated, perhaps due to the lack of resources, with the ability to improvise and, somehow, the idea of “DIY” (Do-It-Yourself). This is the founding feature of the Project Morrinho, a project that aims to change the dogmatic perception of the slum.
Project Morrinho, Rio de Janeiro, Brazil (since 1997) The § began in 1997 as a mere game played by a 14-year-old boy, Nelcirlan Souza de Oliveira, who had just moved to Rio de Janeiro. Impressed by the architecture and lifestyle of the slum, he began to reproduce the reality around him in a scale model made with bricks and debris from construction materials from his father’s work sites. Soon, other children joined in the fun and what started as a diversion became their reality and routine, represented a miniature slum of 350 square meters. The project was never planned as such but it quickly became art. In 2001, filmmakers Fábio Gaivão and Marco Oliveira met with the boys to define crucially what is now the Project Morrinho. The idea of the filmmakers was to create a collaborative documentary. As a proof of trust, they left a digital camera with a group of children, which began filming their games in the maquette. These videos
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to the tree of the slum, so common in the province that is now the Brazilian state of Bahia. When the War of Canudos ended in Bahia (1895-1896), the government soldiers who throughout the conflict lived in the trees amid the slums, returned to Rio de Janeiro to receive payment for their military service and victory against the insurgents. While waiting for their reward, which never arrived, they settled with their families in the hills of Rio de Janeiro, the Morro da Providência, which was given the name “Morro da Favela” (Slum Hill) in their honor. This would later become the first slum in history. In the 40s of the twentieth century a chronicle discrepancy between supply and demand of homes in Rio de Janeiro led to a housing crisis that has led people with few resources, mostly migrants, to build illegal houses in illegal sites. However, most of the slums that exist today began in the ’70s as a result of the exodus of poor areas to the big cities of Brazil. The slums are now the main type of housing in Rio, instead of built legally houses and apartment blocks. In Portugal, the historical context of slum or shantytown is also related to immigration and the lack of space and resources. As in Rio de Janeiro, the housing shortage in Lisbon was a major social problem caused by demographic pressure. In the early twentieth century, the housing needs led to the construction of workers’ villages which nevertheless were proved insufficient for the number of workers who nowadays continue to arrive in the Portuguese capital. In the ’50s and ’60s, the slums expanded to the outskirts of the city not so much for lack of space, but because a city council action was taken in order to remove this type of constructions from the city. Even neighbourhoods designed to rehouse the inhabitants of slums (or illegal immigrants), are made in the margin of urban centers, according to a logic that further contributes to the segregation of a diverse and multi-ethnic population, composed of Portuguese citizens and emigrants from the former Portuguese colonies.
Another turning point came was crossed when the curator of the Venice Biennale 2007, Robert Storr, visited Morrinho and invited young designers to reproduce a model of the maquette in the Biennale. Since then the project has been able to use the attention it attracts to develop beyond the art object, making it an organization that aims to challenge the popular perception of the slums in Brazil. The participation of the project in international exhibitions (Venice, London, Munich, among others), led to its institutionalization in an NGO ran by young designers with the help of technical and professional producers. Today, Morrinho consists of four activities: TV Morrinho, Morrinho Tourism, Expo Morrinho and Social Morrinho. Under the motto “starting a small revolution”, Morrinho created a space for the community and it aims to provide a social change in the community Pereira da Silva, in the way it can show people another side of the slums. It is also a place for social and cultural gatherings and promotion of activities such as film screenings, discussions and workshops, both locally and internationally. From children’s play Morrinho moved on to becoming an artwork, and quickly to a NGO. This evolution was also revealed not only in the impact that a group of children came to have on the surrounding community, but also in today’s ambition to change the preconceived image of slums, both nationally and internationally. Project EVA Bairro 6 de Maio, Lisbon, Portugal (2010) In 2010, the European Year for Combating Poverty and Social Exclusion, a project was created with the title Artistic Creation Residences in the Lisbon Metropolitan Area: Project EVA (Exclusão de Valor Acrescentado — Exclusion of Added Value). Promoted by
the Program ‘Escolhas’ in partnership with the Portuguese Club of Arts and Ideas, this project led to the creation of seven residences for development of artistic projects, with a focus on community, in seven selected neighbourhoods of the capital: Bairro 6 de Maio, Cova da Moura, Picheleira, Vale da Amoreira, Bairro do Armador, Martim Moniz and Bairro Alto. The neighbourhoods Bairro 6 de Maio and Bairro do Armador welcomed during June and July of 2010, the artists and designers Catarina Gonçalves (degree in Education and Dance at the Lisbon Higher Education School of Dance), Catarina Vasconcelos (degree in Communication Design at the Faculty of Fine Arts, University of Lisbon), and Joana Manaças (degree in Dance at the Lisbon Higher Education School of Dance). Catarina Gonçalves and Catarina Vasconcelos both describe the two months they spent in the Bairro 6 de Maio as if it were a trip to another country. In this neighbourhood, inhabitants originally born in Portugal are a minority. Most of the inhabitants are of Cape Verdean origin; here and now, their cultural origins dictate the culture of a place populated by African music, and where most of the time is spent outside, at the doorsteps of the houses. During those months, this multidisciplinary team composed by a designer, a dancer and a majoured in Education and Dance, assumed the role of a sort of team of anthropologists who entered the community and tried to do their part in getting to know and being able to contribute from within — which is not an easy task to complete in two months. They met the Batucadeiras Sem Converso (percussion group from Cape Verde) and Nós Terra (contemporary dance group). They knocked on the doors, talked to people in cafes and patios. The interviews they conveyed were not in accordance with the scientific method usually associated with doctoral theses. They posed informal questions that could fit into a narrative method. They
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gave rise to short films that were used in the 2008 documentary “Morrinho: Deus Sabe de Tudo Mas Não é X9”.
Project reMix, Lisbon, Portugal (2011) Designer Susana António, graduated in Equipment Design in the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon, has developed numerous social projects, with special focus on the elderly community but also among communities living in troubled neighbourhoods. In 2011, the designer co-produced the project reMix - intervene and recreate, with an incidence in the neighbourhood of Bairro do Armador. This Lisbon neighbourhood is characterized by a sense of endangerment associated with the consumption and trafficking of drugs, and a lack of hygiene caused by failure in urban waste collection and disabled street cleaning. The Project reMix arose from an application to the Program BIP / ZIP (Districts and Zones of Priority Intervention in Lisbon), promoted by the Municipality of Lisbon, which regularly accepts applications of innovative projects that respond to social problems in the city. Conducted by the Association Entremundos and the Cultural Theatre Group Contra Senso, in association with the Board of Marvila, the project reMix, unlike the Morrinho project, was not initiated from within the community, but from the identification of a problem by the institutions that created it. The project, coordinated by Ângelo Compota (degree in Psychology from the Higher Education Institute of Maia) and co-produced by several designers, including designer Susana António, began with the goal of sensitizing the community - especially children and young people - to civic behavior in the enjoyment of the public space of the neighbourhood. Originally scheduled to last eight months, this process is of the responsibility of residents who could be from your own neighbourhood, and provided them with tools that enabled them to feel capable of changing for the better. This empowerment is the keyword in the texts of social change, and it was made possible through active
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sought stories that told the history of the Bairro 6 de Maio. Instead of searching for a grand narrative (or the story we know of this slum, which is not very different from all the preconceived stories about problematic neighbourhoods), they sought a multiplicity of short stories that could build an alternative narrative. Over time, they faced an ethical problem that assails almost every social scientists: what to do in a place where no one asked for help? With the awareness that they were in a neighbourhood with poor conditions, with huge social needs, filled with gray houses built by those who inhabit them, gray houses and low self-esteem, but with the desire to do something to change. They came to realize that in order to generate effective change for the better you need to understand the real needs felt by the community, and not those identified by someone outside of it. They decided to paint the neighbourhood. Literally fill it with colors. The most interesting thing about this idea was that they joined children and adults in the neighbourhood, in order to make this place more beautiful, with pathways that introduced all of the places unknown to the people who visited, people outside the neighbourhood who sought to see it with different eyes. The project began July 31 and the public could walk through the neighbourhood on a path colored by artists, see gardens tended by inhabitants, attending concerts of the group Nós Terra and dances of the percurssion group. People could see the faces of the people who live in that neighbourhood. These meetings, the possibility of knowing the many anecdotes and characters that populate this place, through actions such as a wall full of envelopes with tickets and photographs showed a vision of art as social change or at least revealed the difference in perception between those who look at a community not from outside but from within.
IF YOU DON’T KNOW ME, YOU DON’T HAVE THE RIGHT TO IGNORE ME. Encounters with otherness, between art and anthropology. Catarina Vasconcelos
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mobilization of the community for the preservation, creation and maintenance of public spaces, as well as assigning skills to a group of residents to enable them to create their own means of incoming resources. These objectives were developed in three activities, which already exceeded the originally planned eight months and two years later are still active: eco-theater (creating two amateur theater groups, mostly composed of children and young people), Eco-brigades (raising awareness of the accountability and maintenance of positive change in the neighbourhood) and Eco-design (production of objects in workshops with designers and community members). In 2012 a fourth activity began, eco-services, which provides carpentry services to the inhabitants, which created new job possibilities in the neighbourhood. In project management, the prime course when it comes to projects, a project is defined as something temporary. However, in the light of art and design, a project is something that often begins with a prediction of the end but whose success is determined precisely by its continuation and development. Accordingly, in light of the courses of art and design you can say that this project is a success, it continues to create change, through numerous activities such as raising awareness of civic behaviors, and the store reMix with objects designed by designers and produced by hand by the inhabitants. These activities have an enormous importance in a community that needs to continue to make tools that enable them to create not only more jobs but also greater self-esteem.
Fig. 1 + 2 Page from my mother’s photo-album. Aveiras de Cima, 1976.
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Fig. 3 Page from my mother’s photo-album. Aveiras de Cima, 1976.
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Lévinas, a photo-album and the Land Reform It was looking at my mother’s photographs of her internship in 1976, that I realised that the more-or-less Communist revolution arrived to Portugal in the ’70s. 1976 was only two years after the Carnation Revolution in Portugal that ended with 48 years of a fascist dictatorship. After the 25th April 1974, everything changed in my country. People would shout for freedom, for justice, for equality. On the documentaries of the time everybody is called a “comrade”. Throughout Portugal, farmers and labourers claimed for better working conditions, for more rights, for “taking from the employers to give to the workers” and for land redistribution. The Land Reform had begun. Between 1974 and 1976, the PREC (Processo Revolucionário Em Curso, i.e. Ongoing Revolutionary Process) took over a country that was learning how to walk again. My mother’s social worker internship consisted in going to an agricultural cooperative in Aveiras de Cima, a town on the north bank of the Tagus that, unlike all of Alentejo south of the river, had not been dominated by the communist party during the previous two years), being side by side with
the workers, planting, digging and improving the land. I found these photographs in an album of my mother’s youth. The seventeen photographs show my mother working with some people that I have never met: workers from Aveiras and a guy dressed as a mixture of Marx and Che Guevara. My father was my mother’s internship supervisor, after being her teacher in the Social Action Institute. [I asked him] What sort of things you really taught mom? [He answered] Catarina, how do you want me to remember? I was more less your age!! That was years ago... I don’t know... I guess in those times I was teaching economics and statistics... Yes, maybe that was it. [I told him] Don’t you think that it would have been nicer to teach her how to use a rake and a sickle?! I mean, the internship was in a farm... [He said] Those were very different times...! [I said] But, nowadays, what do you think about that? What was the point of going to an agricultural cooperative if you wanted to become a sociologist? [He said] Those were revolutionary times! The Land Reform was on fire: everyday there were news of land being occupied by workers, cooperatives being founded... The idea was to be on the people’s side, to work with them, to be in their skin... ‘The people united will never be defeated’! My mother’s photographs, the workers and the almost-sociologists, the Marx/Che Guevara guy, the idea of cooperative and my father’s “to-be-in-people’s-skin” made me think in the almost inherent need we have to escape from ourselves to meet the other. To encounter and discover the other, which, most of the times, holds something exotic, or just something we do fail to possess. One of the most interesting things in these photographs is the fact that my mother and the other “almost-sociologists” dressed like this “other” they were encountering. My mother spent less time in Aveiras de Cima than the two planned years (much less apparently, as she drank water from a local well and got typhoid fever), and although this internship had a fieldwork basis, I do not think that the purpose of being
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in the field was to study the other, but to be the other. During those utopian times, as in 1917 in Russia, being part of the People and the working classes was being part of the correct side. And to dress like this other (once during Carnival, my mother dressed me up as a Palestinian) was part of this “live like locals”, embarking on a journey to break the barriers between the urban and the rural, between literate and non-literate people, between the I and this other I. I understood with Georg Simmel that there is an “impulse to sociability in man”1. But the idea of encountering one Other, who is out of our comfort zone and does not share the same values, habits, culture, sexual orientation, etc. goes a step further. As Pêro Vaz de Caminha made a transatlantic journey to meet the Brazilian natives in 1500, Emanuel Lévinas2 explored the idea of transcendence as a fundamental part of the relation with the other. “[Transcendence is] alive in the relation to the other man”3. Lévinas insists that etymologically, transcendence indicates a movement of crossing over (trans) but also ascent (scando). “In its etymological sense, transcendence leads us to the notion of going beyond, of upward movement, or of a gesture that moves beyond itself. Transcendence would appear to be the marker of the paradox of a relation with what is separate. “It is a way for the distant to give itself”4. And like the anthropologists transcended the Atlantic, the Russian artists crossed factory doors and my mother went to Aveiras de Cima, 58 km from Lisbon, the going outside oneself is always addressed to the other, the stranger. “It is between strangers that the encounter takes place; otherwise, it would be kinship. (...) Thinking the other person is a part of the irreducible concern for the other.”5. Lévinas believes that Otherness is what causes the I to exit the self, enabling him with the capacity of sociality. Looking once again to my mother’s photographs, I can see the people she went to work with, I can see once again this fascination with the other, with this stranger. I can see what her camera decided to remember from those times. I can see what she found exotic. And I can see as well how this journey to the other transformed my mother.
Fig. 5 My Mother in Aveiras de Cima, 1976
“Monsieur Rouch, when African filmmakers start to emerge, do European filmmakers intend to continue making films about Africa?”6 After more than a decade filming Africa, Jean Rouch understood that his own tribe, the Parisians, had become strange to him. In 1960, alongside with the sociologist Edgar Morin, Rouch performs his first experience as an anthropological filmmaker in Europe. Chronique d’un été was filmed in Paris and St. Tropez, and shows a group of young people over the course of a summer. The film’s central question is the relationship between freedom and necessity, individual and society. This question is examined through the concept of ‘happiness’. Marceline, a young Parisian, survivor of a concentration camp, starts an enquiry on the streets of Paris, asking people if they are happy. “It becomes a tool
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Fig. 6 Me and Jamal in Victoria Station’s photo booth, 2012
Fig. 7 Me and Io in Victoria Station’s photo booth, 2012
“I’m Catarina! What’s your name?” “Io” “And where are you from?” “Greece.” “Greece? That’s really great, because I’m from Portugal and I think in this moment we have a deep connection! (laughs)” “Yes! I know! (laughs)” “So, when did you come to London?” “In September.” “Like me! Are you enjoying London?” “I don’t really like it... But I’m enjoying the school.” “Why don’t you like London?” “It’s impersonal...” “Yes... it is impersonal. You know, Victoria Station was the first place I arrived when I came to visit London for the first time. I remember to think: “What the fuck is this place?!” I guess that is one of the reasons why I’m taking pictures with people that I don’t know in this photo booth.” “Really?” “Yes, I think so... and maybe because I feel a bit homesick! (laughs)” “Really?!”9 I recently realised that these encounters were a way to turn London in a more “personal” city. It was the way I found to understand my “new tribe”, a tribe where, after all, no one is from here. It was by borrowing from anthropology and its fieldwork methods that I went to Victoria Station’s photo booth. “[...] How come artists are always borrowing from anthropology, but it’s not a two-way street? Maybe because the freefall, contradictory, sometimes ritualized ways artists approach their subjects is more in sync with the cultures being studied than with those who do the serious studying? Artists and anthropologists, as subjects, share a sense of alienation from society and crave
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for the interrogation of particular individual personalities; but, equally it can ‘free’ people, enabling them to articulate the deep sense of dissatisfaction which pervades their lives.”7. In a series of individual conversations we get to know the main “characters” as Marceline, Angelo, a car worker at Renault, Marilou, a depressed young Italian woman living in Paris, Jean Pierre, Jacques and Simone Gabillon. Rouch and Morin are central characters in the film, raising personal questions in the first part of the film, and gathering the group in discussions about France’s international politics in the second part. It was after seeing Chronique d’un été that I understood what I did last year in London: It all happened in Victoria Station. I asked people that were passing by the photo booth if they had time to take a picture with me. The photo booth had a curtain that would leave Victoria Station outside. Inside, there was a picture of Lisbon glued in the white surface of the bright and tight photo booth. People would sit with me in the tiny bench to take a picture with my other city. The photo booth became a confessionary, where London could not see us. “Are you from here?” “Yes! I was born here! In Croydon!” “But where is your family from?” “Somalia! Have you ever been there?” “No, and you?” “Yes, a couple of times.” “Do you miss it?” “Not really... I don’t know much about it. Ever since I’ve been there is always war. I only been twice there...” (...) “Do you like this picture? Or shall we take another one?” “I don’t know! It’s your project! Come on, you choose darlin’!” “Ok! I choose... I like this one. We are laughing!”8
they don’t have to stand up for their sources or sometimes even identify them. There are footprints but no footnotes in art [...]. Artists have a social mandate to take risks. [...] So artists who borrow from anthropology and archeology are usually quick to insist that the documentary or informational aspect of their work is secondary, that Art with a capital A is what it’s all about. And why not? [...] as Suzanne Lacy has written about the ‘imperfect art’ of working in public: ‘Art is the passion to make something. If that urge to make finds its way back into public life, so much the better for all of us, [...] art is often unpredictable, rarely completely controllable. But when it works, it is both beautiful and important. Something real has taken place, and it is not always safe, not always understandable”17. Chronique d’un été, and Marceline asking the Parisians passers-by if they were happy, reminded me of the confessionary in Victoria Station. As if a question or an intervention could ‘free’ people from their daily lives. I guess in these moments, there is an off guard feeling: a moment where a Greek young woman says that she would prefer to go back to her crisis country, rather than living in the impersonal London; A moment where a Parisian couple admits a daily struggle for happiness. A moment where art’s ‘lack of responsibility’ and passers-by off guard feeling takes place, and people feel ‘free’ to share thoughts and ideas that otherwise they would not reveal. Artists have a powerful weapon in daily life: the possibility of creating situations, moments that break with what people assume as ‘normal’ or ‘real’: The possibility of inventing realities inside realities. In a lecture at the Royal College of Arts on March 2012, Brian Eno said that when we are children, our life is about playing: playing houses, playing dolls, inventing realities and inventing things which do not fit in this reality. People who become artists are those who want to continue playing and imagining.
Notes: 1
Simmel 1971,128
Emanuel Lévinas (1906-1995) was a French philosopher. His work was based on the Ethics of the Other. 2
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Catarina Vasconcelos
connections that their framework inherently denies them.”10 I think anthropology does not borrow from art, as art is not a science (and anthropology fought a lot to become a science, escaping the romanticism and the prejudices of the first adventurers and explorers of the Other). Art has no method and it is contradictory just as the “others” that are the subject of anthropology. And maybe this freefall and contradictory way that artists and the other share, allows artists to ask a passer-by to write down what he is thinking of in that moment. Like in 1960 Jean Rouch returns to Paris to study his own tribe, the 1960s is the decade where artists start to leave their studios and caves to meet their society, their tribes, and to meet themselves in the relation with the other: “I’m always trying to find ways of discovering new things about people, and so in the process discover more about myself.”11 Georg Simmel says: there is an “impulse to sociability in man”12. Emanuel Lévinas says: “Sociality, for me, is the best of the human”13. My mother says: “Most of the times we get to know ourselves through others.” David Servan-Schreiber14 says: “In sociology’s founding work, The suicide, Emile Durkheim shows us that the less community integrated people, are the ones committing more suicides. Ever since, American sociologists established that people who participate in communal activities are happier than the others”15. If so many authors defend the socialisation of the individual as something of basic necessity, then why should artists stay forever outside, far from this inherent impulse as if they were someone who misbehaved, undergoing the punishment of staying out of their tribe? Art borrows from anthropology the study of the Other, since anthropology “intended to itself the task of thinking the Other”16. But the concern with the other was already engraved on artists’ DNA, as artists are people. If anthropology became a science, it is not in art’s DNA to become one. Science is objective. Art does not have any sort of objectivity, which allows it this evading of responsibility: “Artists can be accused of ‘taking liberties’ with received data;
3
Lévinas 1999,126
Hayat introducing Alterity and Transcendence 1999; ix 4
5
Lévinas 1999, 97
Seméne Ousame, Senegalese filmmaker in a conversation with Jean Rouch. (Laranjeiro, 2012) 6
7
Grimshaw 2001,114
8
Part of the recorded conversations inside the photo
booth. Part of the recorded conversations inside the photo booth. 9
10
Lippard 2010, 25
11
Wearing 1996, 53
12
Simmel 1971,128
13
Lévinas 1999,103
199
Servan-Schreiber 2003,215 Riviére; 1995:12
17
Lippard 2010, 26
Riviére, Claude. Introdução à Antropologia. Trans. José Francisco Espadeiro Martins. Lisboa: Edições 70, 2011. Servan-Schreiber, David. Curar, o Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamentos nem Psicanálise. Trans. Magda Bigotte de Figueiredo. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2003.
Wearing, Gillian. Dazed and Confused nº25, Sign and Language, 1996
Bibliography Barnard, Alan. History and Theory in Anthropology. Cambridge: Cambridge University Press, 2004 Fabian, Johannes. O Tempo e a Escrita sobre o Outro. Eds. Sanches, Manuela Ribeiro. Lisboa: Livros Cotovia, 2005. Gombrich, E. H. A História da Arte. Trans. António Sabler. Lisboa: PÚBLICO-Comunicação Social, S.A, 2005. Grimshaw, Anna. The Ethnographer’s Eye. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. Lacy, Suzanne. Leaving Art: Writings on Performance, Politics, and Publics. 1974-2007. Durham and London: Duke University Press, 2010 Lévinas, Emanuel. Alterity & Transcendence. London: The Athlone Press, 1999 Lippard, Lucy. Between Art and Anthropology, Contemporary Ethnographic Practice.Eds. Arnd Schneider and Christopher Wright. New York: Berg, 2010.
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Catarina Vasconcelos
French psychiatrist, author of the books The instinct to heal and Anti-cancer, Servan-Schreiber died in 2011, victim of a 20-year struggle with cancer. After his first cancer was diagnosed, ServanSchreiber dedicated his life to writing about cancer, adding to his western medical experience a wide range of nontraditional care and advices on how to live a healthier life.
16
Mally, Lynn. Culture of the Future: The Proletkult Movemnt in Revolutionary Rússia. Los Angeles: University of Califórnia, 1990.
Simmel, Georg. On Individuality and Social Forms. London: The University of Chicago Press, Ltd, 1971.
14
15
MacClancy, Jeremy. Exotic No More: Anthropology on the Front Lines. Chicago: University of Chicago Press, 2002.
Maria Inês Fortunato
Maria Inês Fortunato
Fernão Ferro é uma freguesia suburbana rural com cerca de 17000 habitantes, situada na parte sudoeste do Concelho do Seixal. De génese ilegal, a sua ocupação começou com a venda de terrenos a compradores de origem rural que vinham para os arredores de Lisboa, e os utilizavam para aí construírem residência e horta familiares. A imensa quantidade de lotes vendidos originou uma malha de terrenos rectangulares com cerca de 150m2 cada, completamente fechada, sem qualquer planeamento urbanístico e, consequentemente, sem espaço para construção de infra-estruturas de serviços públicos. Fernão Ferro é também uma história de movimentos associativos. Após o 25 de Abril organizaram-se diversos grupos de moradores que visavam a legalização dos lotes e também a resolução dos problemas subsequentes da ausência de planeamento urbano – como falta de estradas, saneamento, escolas, recolha de lixo, entre outros. O forte associativismo levou a que estes aspectos recebessem atenção especialmente a partir dos anos 80, e desde então tem sido um longo mas bem sucedido processo de regularização e construção de recursos comunitários. No entanto, em Fernão Ferro há ainda áreas residenciais que por estarem em terrenos protegidos não podem ser legalizadas nem usufruir de muitos dos serviços municipais. A isto acresce o facto de nas zonas periféricas as construções habitacionais serem dispersas e a população ser essencialmente envelhecida2, o que se traduz também num grande isolamento dos moradores desses territórios. Há ainda a somar os efeitos que a actual crise económica provocou numa população já de si
carenciada, e o crescente número de pedidos de ajuda às instituições de solidariedade social em que isso se tem traduzido. Fernão Ferro é ainda e mais que tudo um agora, indefinido talvez, soma do hoje à História. Os movimentos associativos deram origem a organizações, à criação da própria Freguesia e à existência de diversas instituições de serviço público que adaptaram a sua actuação às sinergias deste lugar, manta de retalhos de habitantes de outras terras. Uma dessas instituições é a Unidade de Saúde Familiar (USF), que além das consultas regulares tem um serviço de cuidados domiciliários de enfermagem e presta uma especial atenção às especificidades da população, dispondo ainda de projectos de voluntariado de apoio aos cidadãos3. Tudo isto potenciado por ser o serviço onde os utentes acabam por expor não só os seus problemas de saúde, mas também o desemprego, o isolamento, a falta de recursos e os problemas de socialização. A proposta inicial que justificava um projecto de design surgiu por parte dessa Unidade de Saúde: havia um número crescente de utentes desta organização que de um momento para o outro ficaram sem emprego, e enfrentavam então uma nova condição económica. Indivíduos e famílias que até aí tinham uma vida económica estável encontravam-se à data muito carenciados economicamente e desconheciam completamente os dispositivos locais de acção social a que podiam recorrer, dispositivos esses que a própria USF estava já a catalogar e que era necessário divulgar. Por outro lado, esses dispositivos de acção social estavam a esgotar as respostas e recursos de que dispunham; era também preciso sensibilizar os moradores para a situação dos vizinhos e promover a entreajuda. Mas a USF era apenas uma das instituições. Depois desta primeira apresentação iniciei uma fase de estudo sobre o local e durante os meses seguintes conheci as instituições da Freguesia4, acompanhando o trabalho que desenvolvem. Tomei conhecimento de que, se o problema que me tinham
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ELES FIZERAM O QUE NÃO SABIAM SER IMPOSSÍVEL1. Criação de uma rede local de divulgação e dinamização de recursos comunitários
actividades e a garantir um maior envolvimento comunitário7. Depois da discussão de muitas ideias consolidou-se a proposta de criar uma plataforma que interligasse então as várias instituições e os diferentes grupos com quem trabalham e que, numa lógica de rede, redireccionasse sinergias e recursos de uns projectos para outros, de uma intervenção ou necessidade para outra: os voluntários da USF que não estivessem aptos a acompanhar tratamentos médicos podiam ser reencaminhados para ajudar um idoso no preenchimento de um formulário de Finanças, por exemplo; um reformado da Associação de Reformados podia acompanhar na dinamização da Horta Pedagógica do Centro Paroquial; e outras actividades e iniciativas poderiam ser incluídas, como os passeios à Serra da Arrábida que têm vindo a ser organizados pelo Gabinete de Inserção Profissional. Havia que dar a conhecer as diversas intervenções e aproveitar recursos através de uma rede que englobasse a informação e oferta locais que têm sido comunicadas e dinamizadas separadamente. Essa Rede deveria ser comunicada de forma apelativa, de acordo com uma estratégia de comunicação e divulgação estruturadas, que revelem à população o que ela é, tanto como rede de recursos comunitários como uma rede de actividades abertas à participação, contributo e dinamização de todos. Em suma, pretendia-se agregar recursos e iniciativas que já estão a acontecer separadamente ao criar uma plataforma de informação e partilha comum, na qual organizações e indivíduos participantes fossem células8 — elo de competências, além de pessoas na rede e agentes na comunidade. A operacionalização do projecto, que tem em conta a participação de membros das diferentes instituições e funciona na referida lógica de rede, prevê várias fases: 1. Criação de uma plataforma online associada ao site da Junta de Freguesia que: a) divulgue o projecto em Rede da Freguesia; b) divulgue os recursos sociais comunitários existentes9 – subsídios vários, material
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exposto se devia sobretudo à crise económica e era relativamente recente, outros eram já bem mais antigos: além da população bastante envelhecida, um grande número de casais ou indivíduos de idade avançada vive solitariamente e em zonas mais isoladas. Outros há que, em idade activa, ou apresentam graves problemas económicos e psicológicos ou mostram-se conformados com a condição de desempregados subsidiados, procurando nas actividades organizadas ou nos cafés um lugar de convívio e distracção. É ainda de salientar o facto de não haver quase oferta cultural na Freguesia, ainda que tivesse havido uma grande adesão ao grupo de teatro que em tempos se criou, mas que não houve recursos para manter. Por outro lado, em Fernão Ferro a grande maioria dos moradores tem uma pequena horta, e é comum oferecerem-se laranjas, legumes ou ovos a vizinhos e responsáveis das instituições locais. Há ainda moradores que são voluntários nessas instituições e que, ainda que em número reduzido, são considerados pela população que auxiliam uma ajuda preciosa, valorizando bastante o trabalho que desempenham. “No decorrer dessa fase imersiva, que passou pela recolha de testemunhos dos profissionais das instituições, por vários diálogos e pelo estudo da população, começaram a surgir possibilidades de actuação. Pessoas adultas desempregadas e idosos eram os grupos mais preocupantes5, mas as instituições locais que poderiam integrar o projecto trabalhavam não só com estes mas também com outros grupos, e já com um grande envolvimento com a população. Havia também alguns voluntários mas eram necessários mais. O dinamismo das instituições e a abrangência do trabalho que acompanhei nessa fase foram para mim uma surpresa muito positiva; desse tempo que passei em Fernão Ferro concluí que, mais do que receber um novo projecto, ali havia que valorizar, divulgar e potenciar, por um lado, o que já estava a ser feito e, por outro, os recursos e especificidades locais6 existentes, de forma a chamar a própria população a participar nas
tempo de indefinição – tem um lugar e um papel a desempenhar no contexto dos serviços (sociais) públicos. Há, ou eu tenho encontrado neste caso, lugares e matérias nestes serviços que claramente beneficiariam de uma intervenção projectual, mesmo ao nível de aspectos como a reestruturação da informação que é passada ao público; acabam por ser profissionais de saúde ou outro funcionário a fazer este trabalho, e muitas vezes a informação não é trabalhada tendo em vista o público a que se destina, que a ela não acede ou compreende – tanto do ponto de vista da organização da informação como da forma, suportes e acessos em que esta é disponibilizada. Por não ser da competência destes profissionais, este tipo de trabalho acaba por não receber a devida atenção. Há ainda a relevar que a Rede Social é um dispositivo público nacional com mais de 10 anos e que tem manifestação concelhia, que por sua vez ganha corpo nas instituições que englobam as comissões sociais de freguesia. Este dispositivo e a sua actuação, esta marca, “permanecem largamente invisíveis”12, como os próprios Relatórios de Avaliação do mesmo referem. A divulgação e disseminação do funcionamento da Rede e a aposta no envolvimento comunitário carecem de intervenções significativas13, inclusivamente para garantir a sua sustentabilidade. Nesta experiência, neste tempo de agora/tempo de indefinição em que as estratégias e modus operandi vigentes dão indícios de não poderem ser continuados, tenho verificado uma disponibilidade acentuada para experimentar estratégias novas, recursos novos, ideias novas. São tempos e oportunidades periclitantes, de pouca esperança e muitos problemas; não se sabe bem o que o devir trará, mas visto que o que se tem como certo não é muito animador, partindo do que há, vamos tentar. Notas: 1
Do original francês Ils ont fait ce qu’ils ne savaient pas
n’était pas possible. Frase escrita no quadro de partilha da equipa da Unidade de Saúde Familiar de Fernão Ferro
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geriátrico, bancos de ortóteses, mobiliário e equipamentos técnicos, loja solidária, projectos de convívio e lazer das várias instituições, hortas comunitárias, entre outros; c) divulgue as actividades abertas à participação e dinamização da população; d) receba as inscrições para participação e dinamização dessas mesmas actividades. 2. Elaboração de panfletos que contenham informação específica sobre os vários subsídios e apoios técnicos disponibilizados pelas instituições da Rede. 3. Coordenação e gestão dos voluntários, bem como a sua orientação para as actividades existentes10. Os profissionais das instituições serão também importantes elementos de divulgação e promoção do projecto. A proposta foi pensada e discutida com membros dos vários organismos e também com representantes da Rede Social do Concelho do Seixal. Fizeram-se muitas apresentações, alguns ajustes e negociações. Foi aprovada em Reunião da Comissão Social de Freguesia e posteriormente apresentada e aprovada em Reunião Plenária do Conselho Local de Acção Social do Seixal, passando a integrar a estratégia de actuação da Rede Social concelhia. Foi também apresentada à Cooperativa António Sérgio Para a Economia Social (CASES), a qual mostrou interesse pelo projecto, disponibilizando-se a apoiá-lo técnica e financeiramente. Convidaram-me ainda para uma nova apresentação, desta vez no âmbito de uma palestra sobre empreendedorismo social no Instituto Superior Técnico11. Também eu me tornei elo na Rede que ajudei a consolidar. A plataforma online e o material impresso estarão disponíveis em breve. Todo este trabalho de equipa que tenho tido a possibilidade de desenvolver e que conta com médicos, enfermeiros, assistentes sociais, animadores socio-culturais, psicólogos, presidente e funcionários da Junta de Freguesia e, principalmente, com pessoas que vivem em interacção nesta comunidade, tem sido uma experiência muito para além do contexto de atelier. A este volta-se sempre. Tenho podido perceber que estas nossas ferramentas, o dito design – em
(USFFF) pela Delegação Técnica Internacional para
7
a Observação dos Cuidados de Saúde Primários
Relatório Final de Avaliação do Projecto “Rede em
Portugueses, por ocasião do Workshop de Intercâmbio
Prática”, Instituto de Estudos Sociais e Económicos,
de Experiências Internacionais na Organização
Setembro de 2012.
dos Cuidados de Saúde Primários, USFFF,
8
28 de Agosto de 2013. 2
De organização celular, em contraponto com organização
vertebrada/hierárquica (Arjun Appadurai, Fear of Small
A população com mais de 65 anos aumentou 62,9%
no concelho do Seixal entre 2001 e 2011, aumento esse que em Fernão Ferro foi na ordem dos 108,3%. Em 2011, 19,06% da população de Fernão Ferro tinha mais de 65 anos, tornando assim a freguesia a segunda mais envelhecida do concelho.
Numbers, Durham: Duke University Press, 2006). 9
O levantamento destes recursos já estava a ser
realizado pela USF. 10
Fase posterior a cargo das instituições da Rede.
No seguimento do projecto prevê-se a criação de um sistema de Troca de Serviços numa lógica de Banco de
(Fonte: INE, 2013) 3
Este envolvimento é também recomendado no
Tempo e/ou de trocas directas. Este sistema e outros
O trabalho comunitário desta USF tem sido
serão implementados em função das necessidades da
reconhecido e recebido vários prémios pelo seu positivo
população e instituições e das dinâmicas da rede que
envolvimento comunitário. A 28 de Agosto recebeu uma
estejam a ter mais sucesso e melhor impacto social.
comitiva internacional médica para estudar o Modelo USF, no caso presente em actuação da USFFF numa comunidade economicamente carenciada, equipa essa que deixou o comentário que dá título a este ensaio
Empreendedorismo Social — Parceria CASES
— Forum Estudante. Instituto Superior Técnico, 15 de Maio de 2013. 12
(ver Nota 1). 4
11
Relatório Final de Avaliação do Projecto “Rede em
Prática”, Instituto de Estudos Sociais e Económicos,
Instituições que integram a Rede:
– Unidade de Saúde Familiar de Fernão Ferro (USFFF); – Centro Paroquial de Bem Estar Social de Fernão
Setembro de 2012. 13
Idem.
berçário, um atelier de tempos livres, um Gabinete de
203
Inserção Profissional (que promove também actividades de dinamização sócio-cultural), uma cantina social,
de Fernão Ferro;
THEY DID WHAT THEY DID NOT KNOW WAS IMPOSSIBLE1. Creating a local network of dissemination and promotion of community resources
– Junta de Freguesia (ligada aos recursos municipais
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a paróquia e outros serviços de assistência social em parceria com a Segurança Social e com o Banco Alimentar contra a Fome; – Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos
e a outras associações locais); – Câmara Municipal do Seixal – divisão da Rede Social. 5
Além da observação e testemunho dos profissionais
das instituições, este dado era já confirmado pelo Diagnóstico Social do Concelho do Seixal 2012, Divisão de Acção Social da Câmara Municipal do Seixal, 2012. 6
Arjun Appadurai em Responses to Ezio Manzini
(2010) alerta para o facto de o conceito de local ser mais complexo do que aparenta, e de a noção de local ser desenhada: [...] all locality is designed. Prossegue referindo: “If this is so, then sustainable design is a strategy of identifying the dynamics which underlie the everyday production of locality, and extracting a set of principles from those dynamics that can be effectively networked and distributed on a global scale.” (The Journal of Design Strategies – Change Design; Vol.4, Nº 1, Parsons The New School for Design, 2010)
Fernão Ferro is a rural suburban parish with about 17,000 inhabitants, situated in the southwestern part of the Municipality of Seixal. Originated illegally, its occupation began with the land sale to purchasers of rural origin who came to the outskirts of Lisbon, who would later use it to build family houses and gardens. The immense amount of lots sold caused a net of rectangular properties with about 150m2 each, completely enclosed, without any urban planning and consequently no room for construction of public services’ infrastructures.
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Ferro, que inclui um Grupo de Jovens, uma creche, um
The initial proposal behind a design project was made by this specific healthcare unit: there was a growing number of users of this organization that suddenly lost their jobs, and were then faced with a new economic condition. Individuals and families who had hitherto stable economic life were at the time very economically deprived and completely unaware of the local social action units to whom they could resource, units already cataloged by the one and only USF and that need to be known. Moreover, these units were running out of the social responses and resources at their disposal; it was also necessary to sensitize residents to the neighbors’ situation and promote mutual help. But USF was just one of the institutions. After this first presentation I set out to study the site and during the months that followed I was introduced to the several institutions of the administrative parish4, and updated about the work they developed. I acknowledge that some of the problems described above were due primarily to the economic crisis and were relatively recent, while others were already much older: apart from the elderly, a large number of couples or older individuals lived in solitude and in isolated areas. There are others who, despite being active, either have serious economic and psychological issues or seem conformed to the condition of subsidized unemployed, searching in organized activities or in cafes a place for socialization and leisure. It is also important to emphasize the fact that there is little to no cultural offer in the parish, although there had been a great adhesion to the theater group which was once created, but had no means of being maintained. On the other hand, the vast majority of residents of Fernão Ferro own small gardens, and it is not uncommon to offer oranges, vegetables or eggs to neighbors and the people responsible for the local institutions. There are still residents who volunteer and institutions that, although small in number, are considered to be of invaluable help, fairly considering the work they perform.
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Fernão Ferro is also a story of associative movements. After the Carnation Revolution of the 25th of April 1974, several groups of residents where brought together. They sought the legalization of their properties and the resolution of issues related to an absence of urban planning - like lack of roads, sanitation, schools, garbage collection, among others. This strong union brought attention to these aspects, especially starting from the ’80s, and since then there has been a long but successful process of regularization and construction of community resources. However, there is still in Fernão Ferro a few residential areas that can not be legalized or utilize any municipal services for they are situated in reserved lands. This is added to the facts that residential buildings in outlying areas are built dispersedly and the population is essentially elder2, which also translates into a greater isolation of the inhabitants of these territories. There is still the need to consider the current economic crisis and how it affects a population already in need, and how this translates into a growing number of requests for assistance to charities. Above all, Fernão Ferro is still a now, perhaps indefinitely, but nonetheless a today that is added to the History. Associative movements gave rise to organizations, the creation of the administrative parish itself and the existence of several public service institutions that adapted their performance to the synergies of this place, essentially a patchwork of people from other lands. One of these institutions is the Family Health Unit (Unidade de Saúde Familiar, USF), which in addition to regular consultations provides a home care nursing service and pays particular attention to the specific characteristics of the population. They have also created volunteering projects to support citizens3. All this is enhanced by the service in which users end up exposing not only their health problems, but also their situations of unemployment, isolation, lack of resources and socialization.
as a network of community resources and as a network of activities open to participation, contribution and promotion by all. In short, it was intended to aggregate resources and initiatives that are already happening separately to create a common platform for sharing information, in which organizations and individuals were participating cells8 -competent links, as well as people on the network and agents in the community. The operationalization of the project, which takes into account the participation of members of different institutions and functions in said logical network includes several phases: 1. Creating an online platform associated with the site of the Parish Council that: a) disclosure of the project in a neighbourhood network b) disclosure of the existing community social resources9 — various subsidies, geriatric material, banks of orthoses and braces, furniture and technical equipment, solidarity shop, conviviality and leisure projects from various institutions, community gardens, among others, c) disclosure of the activities open to the participation and promotion of population d) receive registration for participation and promotion of those activities. 2. Preparation of leaflets containing specific information about the various grants and technical support provided by the institutions of the Network. 3 - Coordination and management of volunteers, as well as their orientation in the existing activities10. The institutions’ employees are also important elements of dissemination and promotion of the project. The proposal was considered and discussed with members of the various organizations and also with representatives of the Social Network of the Municipality of Seixal. Many presentations, some adjustments and negotiations were made. The project was approved at a meeting of the Parish’s Social Committee and subsequently submitted and approved in a Plenary Reunion of the Local Social Action Council of Seixal, becoming a part of the action strategy of the Social
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During this immersive phase that went from collecting of testimonies from the employees of these institutions, to various dialogues and studying the population, possibilities began to emerge and a space for action was opened. Adult unemployed people and the elderly were the most concerning groups5, but local institutions that could integrate the project worked with not only these but also with other groups, and already involved a large part of the population. There were also some volunteers but more were needed. The dynamism of the institutions and the scope of work that followed in this phase were a very positive surprise to me, and in the time I spent in Fernão Ferro I was able to conclude that, rather than getting a new project, I had to value, promote and enhance the one already being done, and make use of the existent resources and local specificities6 in order to appeal to the population and invite them to participate in the activities, ensuring a greater community involvement7. After discussing many ideas we materialized the proposal of creating a platform that connected the several institutions and the groups with whom they worked, and that in a network logic, we could redirect synergies and resources from some projects to others, from one intervention to another: USF volunteers who were not able to keep up with medical treatments could be redirected to help a senior in filling out a form of finance, for example, a retiree from the Pensioners Association could participate in boosting the Pedagogical Parish Centre Pedagogical Gardens; and other activities and initiatives could be included, such as trips to the Arrábida’s Natural Park which have been organized by the Office of Professional Insertion. People had to get to know the various interventions and leverage resources through a network that would encompass information and local offers reported and streamlined separately. This network should be appealingly communicated, according to a structured communication and dissemination strategy that would reveal to the public what it is, both
the network and a focus on community involvement require significant interventions13, including ensuring its sustainability. In this experiment, this time of now / time of uncertainty where the current strategies and modus operandi have been evidenced to not being able to continue, I see a sharp willingness to try new strategies, new features, new ideas. This is a ramshackle of time and opportunities, of little hope and a lot of problems; it is not quite known what will come of this, but since what you have for granted is not very encouraging, starting from there, we’ll try. Notes: French in origin: Ils ont fait ce qu’ils ne savaient pas n’était pas possible. Sentence written in the board of the team Family Health Unit of Fernão Ferro ( Unidade de Saúde Familiar de Fernão Ferro — USFFF) by the Technical International Delegation to the Observation of Portuguese Primary Care, at the Workshop on International Exchange of Experiences in the Organization of Primary Health Care, USFFF, August 28, 2013. 1
The population over 65 years increased 62.9% in Seixal between 2001 and 2011, this increase in Fernão Ferro was of 108.3%. In 2011, 19.06% of the population of Fernão Ferro had more than 65 years, thus making the parish the second most elder of the county. (Source: INE, 2013) 2
USF’s Community work has been recognized and received several awards for its positive community involvement. In August 28 they welcomed an international medical delegation to study the USF Model, in this case in the action USFFF played in an economically deprived community. This team wrote the comment in the title of this essay (see Note 1). 3
Institutions integrated in the Network: – Unidade de Saúde Familiar de Fernão Ferro (USFFF); – Centro Paroquial de Bem Estar Social de Fernão Ferro, which includes a Youth Group, a nursery, a leisure workshop, an Office of Professional Insertion (which also promotes socio-cultural activities), a canteen social, parish and other social services in partnership with Social Security and the Food Bank against Hunger; – Association of Retirees, Pensioners and Senior Citizens of Fernão Ferro; 4
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Network at a municipal level. Was also presented to the Cooperative António Sérgio For Social Economy (Cooperative António Sérgio Para a Economia Social — CASES), which showed interest in the project, and is ready to support it technically and financially. I was even invited to a new presentation, this time in a lecture on social entrepreneurship at the Instituto Superior Técnico11. I myself have become a link in the Network that I helped consolidate. The online platform and printed materials will be available soon. All this teamwork that I have been able to develop and that includes doctors, nurses, social workers, socio-cultural animators, psychologists, president and officials of the Parish Council, and especially the people who live in this community, has been an experience far beyond the context of the design studio, to which you can always return. I have been able to realize that these tools, the so called said design - in time of uncertainty - has a place and a role to play in terms of public (social) services. There are, or so I have found in this case, places and services in these matters which clearly benefit from a project intervention, even aspects such as the restructuring of information that is passed to the public; which eventually end up being made by health professionals or other staff, and often the information is not thought of with the public as goal and ends up either not being accessed to nor understood - from the points of view of both the organization of information and the form, media and accesses through which it is made available. Because it is not a responsibility of these professionals, this kind of work ends up not receiving the due attention. Let me underline that the Social Network is a national public service with more than 10 years of function and possesses a sense of township which in turn is embodied in the institutions that comprise the parish social committee. This service and its performance, this brand, “remain largely invisible”12 as stated in assessment reports. The publication and dissemination of the operation of
– Parish Council (connected to local resources and other associations); – Seixal Municipality - Division of Social Networking. Beyond the testimony of observation and professional institutions, this figure was already confirmed by the Social Diagnosis of the County of Seixal 2012, Division of Social Action of the Seixal City Council, 2012.
THE FLÂNEUR IS DEAD, LONG LIVE THE FLÂNEUR! Anett Krase
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Arjun Appadurai em Responses to Ezio Manzini (2010) alerta para o facto de o conceito de local ser mais complexo do que aparenta, e de a noção de local ser desenhada: [...] all locality is designed. Prossegue referindo: “If this is so, then sustainable design is a strategy of identifying the dynamics which underlie the everyday production of locality, and extracting a set of principles from those dynamics that can be effectively networked and distributed on a global scale.” (The Journal of Design Strategies–Change Design; Vol.4, Nº 1, Parsons The New School for Design, 2010) 6
This involvement is also recommended in the Final Report of the Project “Networks in Practice”, Institute of Social and Economic Studies, September 2012. 7
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The survey of these resources was already being conducted by USF. 9
Later in charge of the institutions of the Network. Following the project, the creation of a system of exchange services in foreseen, in a logic of Time Bank and / or barter. This system and others will be implemented according to the needs of the population and institutions and the dynamics of the network are to be more successful and better social impact. 10
Social Entrepreneurship — Partnership CASES — Student Forum. Instituto Superior Técnico, May 15, 2013. 11
Final Evaluation Report of the Project “Networks in Practice”, Institute of Social and Economic Studies, September 2012. 12
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Ditto.
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Anett Krase
Of cellular organization, in contrast to vertebrate/ hierarchical organization (Arjun Appadurai, Fear of Small Numbers, Durham: Duke University Press, 2006). 8
There are pictures and drawings of him, in which he wears a top hat, a long coat, smokes a pipe and sometimes he walks slowly with a cane or a turtle. Nobody knows if he ever really existed, but the literary figure of the flâneur has, since it was first created in the 19th century, inspired cognition, reflection and critical thinking on the city, its development and modernity at large. For some, the flâneur – the stroller, the walker and observer – is long gone, an extinct species. For the others, he is never been really away and acts just today as a yearning figure that comes to life to win back time and to bring slowness in life. I am going on the search for the flâneur, the ‘gentleman of leisure’, and try to rediscover this poetic figure. What is the reason for his existence then and today and how he appears in our time of digitalisation and unlimited acceleration? With flânerie, the act of strolling, is a specific attitude to life connected, linked to the major city and its habits. There were especially Charles Baudelaire, Walter Benjamin and Franz Hessel, who revive the figure of a strolling city observer in literature. The flâneur in the modern city reflects the contradictions between tradition and modernization, continuity and change, loneliness and mass, spectator and actor. While many were excited by the technical developments of the 19th century, Baudelaire took a critical stance. He used the progressive city that surrounded him as a setting for his poems, and processed them in his observations of everyday life. Reflecting the relationship of the individual to the many people in the anonymous world of the big city, Baudelaire’s figure of the crowd served him as a living element and material that awakens and inspires his own world of fantasy. “The crowd is his element, as the
constraints of modern society. The ‘man of the crowd’ was once guided by the course of the streets, every road was a possibility to discover without searching. But are we today, in the 21st century, able to experience space as the 19th century flâneur did in his time? Is man yet able to stroll after all? Or have the haste and restlessness of modernity made the flâneur a relic of the past? The 19th century flâneur wandered through shopping streets, but did not succumb the temptations of consumerism. For him, the streets were mainly an access to a sensible experience. His goal was the observation, the ‘bath in the crowd’, to experience the chaos, the diversity and the space in its virginity. The flâneur exists still today in the 21st century, but unlike its 19th century counterpart, he’s changed. Nowadays, the concept of the stroller is generally understood as a prowling passerby without fixed intentions, who readily mutates to a consumer: His view is magnetically attracted to store windows. Today the flâneur is far removed from the revolutionary dimension as a critical observer of the city life. If the turtle was once the standard equipment of the flâneur, a symbol against the growing pace and acceleration of everyday life in the 19th century, today the purse takes that role: contemporary flânerie serves no longer just the self-presentation of wasting time superfluously, but rather the exchange of products and money, the consumption of productive time. In the digital age, flânerie is based not just on a real city, but is experienced in the staged digital and virtual cities of the internet by a ‘cyber flâneur’ or ‘data surfer’. The act of window-shopping has been transferred to an imaginary space, where the internet becomes a virtual boulevard. The stroller becomes an explorer on search, finding his identity in the realization of the imaginary city and acts in multilayered spaces, moving between the real products of modernity and the practical organization of space on the internet. Digital flânerie transforms the space in which physical mobility is displaced. While the primary journey
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air is that of birds and water of fishes. His passion and his profession are to become one flesh with the crowd. (…) To be away from home and yet to feel oneself everywhere at home; to see the world, to be at the centre of the world, and yet to remain hidden from the world (...).” 1 In Baudelaire, Walter Benjamin found the last great flâneur of the 19th century and recognized him as a ‘man of the crowd’. A stroller, who not only surrenders to the aimless walking, but who experiences the urban space in the city and the crowd in a state of ecstasy and intoxication. His inaction in the crowd was a conscious intention of refusing to submit to the given system. “An intoxication comes over the man who walks long and aimlessly through the streets. With each step, the walk takes on greater momentum; (…) Our man wants nothing to do with the myriad possibilities offered to sate his appetite. Like an ascetic animal, he flits through unknown districts until, utterly exhausted, he stumbles into his room, which receives him coldly and wears a strange air.”2 Franz Hessel described the flâneur in his book ‘Spazieren in Berlin’ (1929) as a reader of the city. Flânerie is for him the art of reading a city like a book. The city should be experienced as a reading by letters, in which new words and sentences will arise. Thus the flâneur of Hessel is marked less by his motion, and more by his perception of the city. The modern city concept is for Hessel, unlike Baudelaire, not a threat but an opportunity for a new condition and quality of urban life. He tried to oppose to the modern city’s hustle and bustle, and its increasing alienation and homelessness, by taking peaceful walks and regaining an experience from them. The need of slowing down modern life practices has thus more than a century of history. Like a desire for old buildings, objects and furniture for several decades left dormant in the past, today arises a longing for the old days when one had time to stroll, stressing a need for slowness and demanding a time without the economic-pragmatic
space, with the technical innovations experienced in the last centuries, allowed for new spatiotemporal dimensions. But unlike the 19th and early 20th century, when the role of social outsider was essential for the flâneur, considered a ‘member of society outside society’ in which he moves and still observes externally, it acts nowadays. Today, the ‘gentleman of leisure’ is neither a pure spectator, nor a outsider. He is an integral part of this and developed from an individual character to a social character. Thus, the flâneur of today is adjusted to the present transformation of space, just as in Baudelaire’s time. Notes: 1
Charles Baudelaire: “The Painter of Modern Life” (1863),
in The Painter of Modern Life and Other Essays, tr. Jonathan Mayne, 1964, p. 9 2
Benjamin, Walter: “The Arcades Project” (1940), Cambridge
MA and London: Harvard University Press, 1999, p. 417
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provided a stimulus of experience in space and motion ‘in-between’ departure and arrival, the experience of travel between internet locations done by moving through hyperlinks. Although this movement is physically immobile, the gaze is mobilized. The original idea of aimless online walking was experienced only in the early days of the internet, when cyberspace was an innocent, undeveloped and romantic realm of exploration. In the 21st century however, the internet is less a place to drift and more a place where things get done. Speed and efficiency are critical. Social networks, such as Facebook, have made it almost impossible plunge oneself anonymously in the crowd and wean us from the alternative. Surfing the web is no longer anonymous; it’s social, even collaborative. Everything is shared – the articles we read, the videos we watch, the music we listen to, the photos we take. Unknowingly, we also become invisible carriers of advertising messages. This collected information displays only what we are interested in. This precisely contradicts the purpose of flânerie as thought in the 19th and early 20th century: a flâneur’s derive consisted precisely in the fact that he did not know what he was interested in. What was once original about it – loneliness, individuality, anonymity, mystery, curiosity, risk – has disappeared. It should be noted that the figure of the flâneur did not, however, disappear. It was always present and was adapted to the changing times. The 19th century flâneur – the stranger, the collector, the detective – appears today with a new mask. With the digitalization process, that accompanies us every day and which will never be completed, the perception and behavior of society change constantly and continuously during the ongoing process in which the flâneur is born, and of which he is a conscious agent. Strolling, then as now, is significant because it conveys a sense of life, an escape from speed, superficiality and control. Accordingly, it offers an alternative from the hustle and bustle of externally-determined life. Public
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Marta Barros
Walter Benjamin, empenhado numa perspectiva crítica do conhecimento, dá-nos uma configuração do contemporâneo como um tempo necessariamente híbrido, isto é, um tempo de ‘remomeração’ e ‘reactualização’. Hoje, mais do que a continuação das formas do passado, o tempo deve ser de promessa. Devemos ter a capacidade de resgatar da experiência um conjunto de novos sentidos. Conhecer o passado, mas também o
presente para pensar o futuro. O autor tem de ser primeiramente um leitor atento e consciente do seu tempo, capaz de pensar e produzir para “lá daquilo que o define caracteristicamente enquanto época” (Rodrigo Eduardo Silva). É urgente escrever; é urgente pensar! Procurar pontos de vista capazes de adaptar as proporções convencionais e criar formas que respondam às demandas dos tempos de hoje.
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“ SEM A COEXISTÊNCIA
E EQUILÍBRIO DESTAS DUAS FORÇAS
{ INTEGR AÇÃO E DESINTEGR AÇÃO } NÃO HÁ VIDA, POIS A PUR A INTEGR AÇÃO É A AUSÊNCIA DA VIDA E A PUR A DESINTEGR AÇÃO É A MORTE.
“Apontamentos para uma Estética não Aristotélica”, Álvaro de Campos DESIGN: FBAUL’13
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O VALOR DE UMA VIDA, ISTO É, A VITALIDADE DE UM ORGANISMO, RESIDE POIS NA INTENSIDADE DA SUA FORÇA DE REACÇÃO. [FORÇA ESTA QUE EXISTE] POR SE SENTIR E PARA SE SENTIR.”
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O contemporâneo, e a sua produção, não poderão ser uma descrição, no sentido de representação ilustrativa e consequentemente de repetição. Mas um tempo que abre espaço a um conjunto de conceitos de significado muito mais amplo: questionar, procurar, contrastar, contrapôr... processos estes mais valiosos pelo percurso que adivinham, independentemente dos resultados que obtenham.
Marta Barros
Marta Barros
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Nas palavras de Rodrigo E. Silva “é contemporâneo aquilo que tem a capacidade ou o potencial de responder e de compôr uma responsabilidade...”, “uma forma de interrogar o que nós somos enquanto conjunto de acontecimentos, de formas de viver e de pensar, de sentir, de criar.” Afirma ainda que “aquilo que constitui a contemporaneidade da arte [e do design ouso dizer] é o que faz e possibilita a ‘politicidade’ da sua inscrição no mundo e na vida simbólica da cidade.” O direito a uma voz e a um ‘estar em conjunto’ a que Hannah Arendt chamou, a partir de Heidegger, o ‘fazer mundo’, na questão da identificação, da participação, da interacção, da reunião, da ligação. DESIGN: FBAUL’13
“Experimentar a dúvida”, Alberto Carneiro
Para além das leituras em volta do pensamento de Walter Benjamin sobre o conceito de contemporaneidade, importa destacar os textos “Experimentar a dúvida” de Alberto Carneiro; “A condição do contemporâneo” de Rodrigo Eduardo Silva; “Apontamentos para uma estética não-aristotélica” de Álvaro de Campos e “Para um Design Relacional” de Andrew Blauvelt. À esquerda, a partir do topo: “Prosas Bárbaras” de Eça de Queiroz; “Mito” de Carlos Alberto Machado; “Os Olhos de Ana Marta” de Alice Vieira; “Os Passos em Volta” de Herberto Helder
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Nós sempre nos experimentamos neste descobrir a vida e construir a arte nela e para ela. Adestramo-nos e exercitamo-nos. Instruímo-nos por experiência, conhecemo-nos em obras. Superamo-nos pelas descobertas que fazemos ao realizar a obra. A resposta possível à nossa dúvida está sempre para além do que já sabemos. Investigar, desconstruir e afirmar esta ou aquela ordem cabe ainda na experimentação que fazemos quando criamos, isto é, quando buscamos superar a nossa própria ordem das coisas, no sentido de lhes encontrarmos outros significados, outros enquadramentos espaço-temporais, quando buscamos aquilo que diga algo mais e que se questione no seio da coisa por nós criada. Investigar pressupõe a dúvida sobre o que se sabe e o que se busca, não como afirmação mas sim como comunicação.
BIOGRAFIAS
Eva Gonçalves é uma designer portuguesa que se encontra a viver em Berlim e trabalha algures entre os 3000 Kms que separam Berlim de Lisboa. Nasceu e cresceu em Tavira e estudou Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Viveu
Biografias
alguns meses na Inglaterra, sobre o programa de intercâmbio Erasmus e mudou-se para Berlim há quase três anos, onde tem colaborado com a revista alemã mono.kultur. Está a terminar o Mestrado em Design de Comunicação e Novos Media e trabalha como freelancer. Paralelo a isto, é co-autora, há mais de um ano, de um blog de design, arte e tudo o resto chamado We Celebrate. Eva Gonçalves is a portuguese designer living in Berlin and working somewhere in-between the aprox. 3000 Kms that separates Berlin from Lisbon. She was born and raised in Tavira and she studied Communication Design at Lisbon’s Fine Art School. She lived few months in England, under the Erasmus Exchange program, and moved to Berlin almost three years ago, where she has been collaborating with Berlin based magazine mono. kultur. She is finishing an MA in Communication Design and New Media and working as a freelance designer. Parallel to all this, she has been co-running, for more than a year, a design, art and everything else blog called We Celebrate.
FRANCISCA TORRES Francisca Torres, designer de comunicação, licenciou-se pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em 2010. Integrou nesse mesmo ano a equipa de Sandro Resende na P28 - Associação para o Desenvolvimento Criativo e Artístico - onde esteve envolvida no projecto de arte pública “Contentores” (ed. 2010 e 2011) e com quem recentemente voltou a colaborar no projecto “Janela” ao ser convidada a intervir artisticamente nos comboios da CP do Porto (2013). Barcelona foi a cidade que escolheu para frequentar o Mestrado em Design gráfico aplicado a projectos editoriais da universidade ELISAVA (2011) e é onde actualmente vive e trabalha no atelier catalão Folch Studio.
No seu percurso viu o seu trabalho reconhecido, tendo a sua última distinção sido atribuída pela Associação de Directores de Arte e Designers Gráficos da Catalunha, nos Prémios Laus 2013, ao projecto final de mestrado: o livro “Steve McQueen - Body and Soul”, galardoado com um Laus de Ouro. Francisca Torres, communication designer, graduated in 2010 in the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon. In 2010 she was a member of Sandro Resende’s team at P28 — Associação para o Desenvolvimento Criativo e Artístico (Critic and Artistic Development Association) — where she was invited to participate in the project “Janela” (“Window”) and intervened artistically in the CP trains in the city of Oporto (2013). Barcelona was the city she chose to attend a Master’s Degree in Graphic Design, in the University of ELISAVA (2011). She currently lives in Barcelona and works in the catalan atelier Folch Studio. Her work has received recognition throughout her academic path, and her last distinction was given to her by the Board of Art Directors and Graphic Designers of Catalunya, in the Laus 2013. A Golden Laus was awarded to Francisca’s Master’s Degree final project: the book ‘Steve McQueen — Body and Soul’.
ANA MALHEIRO Ana Malheiro é designer de comunicação. Trabalha actualmente como freelancer entre o Porto e Lisboa. Licenciou-se em na universidade de Aveiro em 2007. Estagiou nas agências BBDO e UZINA, tendo também efectuado o estágio Leonardo Da Vinci, em Berlim, na revista e atelier UOVO/The Booksmakers Ed. Em 2013, conclui o mestrado em design de comunicação e novos media na faculdade de belas-artes da universidade de Lisboa. Ana Malheiro é também colaboradora do colectivo Look Mom No Head! website: www.anamalheiro.com Ana Malheiro is a communication designer. She currently works between Lisbon and Porto as a freelancer. She graduated in the University of Aveiro in 2007. Afterwards she was an intern at BBDO and Uzina, having also completed the Leonardo da Vinci internship, in Berlin, at the magazine and studio
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EVA GONÇALVES
UOVO/The Bookmakers Ed. In 2013, she completes the master’s degree in communication design and new media at the faculty of fine arts, University of Lisbon. Ana Malheiro is also collaborator at Look Mom No Head! collective. —website: www.anamalheiro.com
em Linz para Linz Capital Europeia da Cultura 2009 e curadora residente do Frankfurter Kunstverein no segundo semestre de 2009. Leccionou entre 2009 e 2012 no IADE e de 2010 a 2012 no Ar.Co, ambos em Lisboa. Doutoranda na Viadrina School of Governance, Frankfurt e Berlim (2010 – 2014) investiga sobre o papel social do projecto de arte multidisciplinar em
SARA ORSI
comunidades locais, com a supervisão do Professor Doutor Louis Klein. Investigadora no CuratorLab na Konstfack, Estocolmo (2011 – 2012), com a supervisão de Maria Lind. Colaborou e colabora com instituições como o Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, P28, Fundação EDP, EGEAC, Konstfack, Tensta Konsthall, Museet for Samtidskunst, Subtejá e CAPC. Publica extensivamente em catálogos e publicações periódicas como L+Arte, C-Heads, ArteCapital e Directarts.
Sara Orsi, nascida em Lisboa em 1984, é licenciada em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e, actualmente, encontra-se a tirar o mestrado em Design de Comunicação e Novos Media, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Entre 2008 e 2011, colaborou em alguns ateliers de Arquitectura, tanto em Portugal como no estrangeiro e, a partir de 2011, tem desenvolvido vários projectos em parceria com arquitectos, designers e, mais recentemente, com escritores e realizadores.
LUÍSA SANTOS Luísa Santos é doutoranda na Viadrina School of Governance com o apoio de Bolsa de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. (n. 1980) vive e trabalha em Lisboa e Bruxelas. Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2003) e Mestre em Curating Contemporary Art pela Royal College of Art, Londres (2008), com o apoio da bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Desde 2006 que comissaria exposições em Londres, Linz, Estocolmo, Roskilde, Montevideo, Lisboa, Porto e Coimbra. Curadora convidada do OK-Centrum
Born in 1980, she lives and works in Lisbon and Brussels. Graduated in Communication Design in the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon (2003) and studied her Master’s Degree in Curating Contemporary Art by the Royal College of Art, London (2008), with the support of the Calouste Gulbenkian Foundation scholarship. Since 2006, she curates exhibitions in London, Linz, Stockholm, Roskilde, Montevideo, Lisbon, Oporto and Coimbra. Guest curator of the OK-Centrum in Linz in Linz European Capital of Culture 2009 and resident curator of the Frankfurter Kunstverein in the second half of 2009. Taught between 2009 and 2012 in IADE and 2010-2012 in Ar.Co, both in Lisbon. PhD in Viadrina School of Governance, Frankfurt and Berlin (2010 - 2014) investigates the social role of multidisciplinary art project in local communities, with the supervision of Professor Louis Klein. Researcher in CuratorLab in Konstfack, Stockholm (2011 - 2012), under the supervision of Maria Lind. Collaborated and collaborates with institutions such as the Modern Art Centre - Calouste Gulbenkian, P28, EDP Foundation, EGEAC, Konstfack, Tensta Konsthall, Museet for Samtidskunst, Subtejá and CAPC. Publishes extensively in catalogs and periodicals such as Art + L, C-Heads, and ArteCapital Directarts.
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Biografias
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Sara Orsi, born in Lisbon in 1984, graduated in Architecture in the Faculty of Architecture of the University of Oporto, and is currently taking a Master’s Degree in Communication Design and New Media, in the Faculty of Fine-Arts of the University of Lisbon. Between 2008 and 2011, she collaborated in a few Archicture studios, both in Portugal and abroad. Since 2011 she has developed several projects in partnership with architects, designers, and most recently, writers and directors.
Luisa Santos is a doctoral student in Viadrina School of Governance supported by a PhD grant from the Portuguese Foundation for Science and Technology.
MARIA INÊS FORTUNATO
Nasceu em 1986 em Lisboa, onde vive. Licenciou-se em design de comunicação na Faculdade de Belas Artes de Lisboa em 2009. Em 2007/08 esteve em Maastricht, Holanda como bolseira Erasmus. Fez teatro através do Grupo de Teatro do IST. Colaborou
Maria Inês Fortunato, 3º ano da Licenciatura em Belas Artes – Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2009), licenciada em Design de Comunicação (2011) e a concluir o Mestrado em Design de Comunicação e Novos Media na mesma Faculdade.
com o CCB/Fábrica das Artes na criação de ateliers para crinaças nos últimos anos. Em 2010 esteve em residência artística no âmbito do projecto EVA no Bairro 6 de Maio e no Bairro do Armador onde desenvolveu um projecto artístico de dois meses com a comunidade juntamente com Joana Manaças e Catarina Gonçalves.É, juntamente com Margarida Rêgo, responsável pelo design da publicação ‘Cine Qua Non’, uma publicação de cruzamentos artísticos. Neste último ano realizou uma pós-graduação relacionada com Antropologia Visual no ISCTE onde desenvolveu o projecto “Eu Sou da Mouraria” com Catarina Laranjeiro. Actualmente encontra-se em Londres no Royal College of Arts a realizar um mestrado em Comunicação Visual.
Vencedora do Prémio BPI/FBAUL 2011 com o Livro Mixing Messages: Intertextualidade — Desconstrução sobre design e activismo social. Trabalha como designer freelancer desde 2011 e colabora com a Fundação FEC na elaboração de manuais de educação para países africanos subdesenvolvidos desde 2011. Actualmente está a desenvolver um projecto de dinamização e divulgação da Rede Social do Concelho do Seixal em parceria com instituições locais.
Born in 1986 in Lisbon, where she currently lives. She graduated in Communication Design at the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon in 2009. In 2007/08 she was in Maastricht, Netherlands a scholarship Erasmus student. She was involved in theater activities in the IST Theatre Group. Collaborated with the CCB / Fábrica das Artes in creating workshops for children in the past few years. In 2010 she was in an artist residency under the EVA project in the Bairro 6 de Maio and the Bairro do Armador, in Lisbon, where she developed a two month long artistic project with the community, along with Joana Manaças and Catarina Gonçalves. She is responsible, along with Margarida Rêgo, for the design publication ‘Cine Qua Non’, a publication of artistic crossings. This past year she sat a postgraduate course related to Visual Anthropology at ISCTE where she developed the project “I Am from Mouraria” with Catarina Laranjeiro. Currently located in London at the Royal College of Arts where she is taking a Master’s Degree in Visual Communication.
Maria Inês Fortunato, third year student of the Painting undergraduate course at the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon (2009), graduated in Communication Design (2011) and awaiting completion of a Master’s Degree in Communication Design and New Media at the same school. Prize winner BPI / FBAUL 2011 with the book Mixing Messages: Intertextuality - Deconstruction on design and social activism. She works as a freelance designer since 2011 and collaborates with the Foundation FEC in developing education manuals for underdeveloped African countries since 2011. She is currently developing a project of encouragement and awareness of the Social Network of the Municipality of Seixal in partnership with local institutions.
ANETT KRASE Anett Krase has a Bachelor degree in Fine Arts from the Muthesius Academy of Fine Arts and Design in Kiel, Germany, and has been working professionally in the field of communication design since 2004. In 2012 she moved to Lisbon, Portugal, to obtain a Master in Communication Design and New Media at the Faculty of Fine Arts of the University of Lisbon.
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Biografias
CATARINA VASCONCELOS
MARTA BARROS Marta M. Barros (1989, Leiria) é licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2012), instituição onde iniciou a sua formação em Design de Equipamento completando os primeiros dois anos da licenciatura. Ainda em âmbito académico integrou a equipa responsável pelo projecto de comunicação Type Jam Session 2012 em Junho, e em Outubro do mesmo ano o projecto gráfico de comunicação e exposição Design:Fbaul 2012. Após a conclusão da licenciatura desenvolveu alguns projectos como designer freelancer. Neste momento divide-se entre o atelier TVM Designers, onde colabora, e a Fabrica Features Lisboa, onde é responsável pela gestão do espaço, programação cultural e selecção de produtos desde Abril de 2013.
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Biografias
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Marta M. Barros (1989, Leiria) is graduated in Communication Design at the Faculty of Fine Arts, University of Lisbon (2012), the institution where she began her education program in Equipment Design, having completed the first two years of the degree. Still in an academic scope, she was responsible for the communication project Type Jam Session 2012 in June 2012, and in October of the same year the graphic communication project for the showcase and exhibition Design:FBAUL 2012. After her graduation she developed some projects as a freelance designer. She is currently divided between her collaborations for the studio TVM Designers, and Fabrica Features Lisboa, which she is responsible for the management of the space, cultural program and selection of products since April 2013.
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DESIGN: FBAUL’13 Diálogos sem Margem, Margem em Diálogo / Discussions without Margins, the Margin Discussed Exposição de Alunos Finalistas de Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes Universidade de Lisboa / Communication Design Graduate Show, Faculty of Fine Art, University of Lisbon Coordenação / Coordination Victor M Almeida
1. CATÁLOGO /CATALOGUE Edição / Publishing António José Nicolas Frederico Duarte Victor M Almeida Apoio à Produção / Support in Production Isabel Castro Sílvia Matias Filipa Rocha Tradução / Translation Ana Rita Parente Revisão / Supervision Frederico Duarte
Curadoria /Curatorship António José Nicolas 2. PLATAFORMA WEB Curadoria de “À Margem” / Curatorship of “À Margem” Sílvia Matias Divulgação / Divulgation Cândida Teresa Ruivo Frederico Duarte Projecto de Comunicação, Informação e Exposição / Comunication, Information and Exhibition Project André Cândido Bernardo Rodrigues David Proença Nuno Beijinho Rita Matos
GALERIA DA FBAUL / FACULTY’S GALLERY
Edição / Publishing Victor M Almeida António José Nicolas Frederico Duarte Apoio à Implementação / Support in Implementation Miguel Cardoso Sónia Rafael Wence Ye
Megastore United Colors of Benetton, 4º Piso / 4th Floor Rua Garrett, 83 1200-203 Lisboa — Portugal
t: +351 213 252 100 f: +351 213 470 689 info@fba.ul.pt
t: +351 21 32 56 764/5 fabrica.lisboa@fabrica.it fabricalisboa@gmail.com
15 a 31 Outubro / 15 until 31 October
12 de Outubro a 2 de Novembro / 12 October until 2 November
monday to friday 10 am until 6pm
Impressão / Print SerisExpresso Tiragem / Print Run 400 Depósito Legal / Legal Deposit 365527/13 ISBN 978-989-8300-79-9 Nota: Os textos identificados não poderão ser utilizados sem autorização expressa dos autores e adoptam as opções ortográficas destes. Note: All identified texts may not be used without the expressed consent of their authors’. The texts are representive of the authors’ ortographic options. Outubro / October Novembro / November 2013 design2013.fba.ul.pt designfbaul13.tumblr.com designfbaul13@gmail.com
FABRICA FEATURES
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 2 1249-058 Lisboa — Portugal
segunda a sexta 10:00 às 18:00
3. PRODUÇÃO GRÁFICA / GRAPHIC PRODUCTION
segunda a sábado 10:00 às 20:00 domingo 11:00 às 19:00 monday to saturday 10am until 8pm sunday 11am until 7pm
Edição / Edition
Parceria / Partnership
DESIGN: Catalogue of the Communication Design Graduate Show under the theme of “Discussions without Margins, the Margin Discussed”. FBAUL’13