Mulheres Artistas Docentes: 1970-2019

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Prefácio No passado dia 30 de setembro de 2019 foi inaugurada a exposição “Mulheres Artistas Docentes”, integrando o ciclo de eventos “E, contudo, elas movem-se! Mulheres e Ciência”, promovido pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, em parceria com a Reitoria da U. Porto. Foi uma oportunidade ímpar para dar a conhecer produção artística de vanguarda das várias gerações de docentes da FBAUP (1970–2019). Num universo maioritariamente masculino constituído por professores até 1977, constata-se que apenas duas mulheres integravam o quadro de pessoal docente na década de 70. Mormente, Maria Beatriz Gentil Alçada e Maria José Aguiar, professoras com um percurso académico com mais de 30 anos de ensino (1970-2009), representadas nesta mostra com alguns dos seus trabalhos. O passado e o presente cruzaram-se nesta iniciativa onde as mulheres têm o papel principal – o de ser artista! Da fotografia à ilustração, do vitral à arquitetura celebramos as Mulheres na Arte porque de facto “Elas Movem-se!”. Considerando o sucesso da exposição, entendemos que a melhor forma de rememorarmos o evento seria com a publicação de um e-book. Lançamos, contudo, um novo desafio responder à seguinte questão: “O que é ser mulher artista?".

Fica então o testemunho…


Aida Castro e Maria Mire Livro de Artista, 2018 Mácula. Inland Journal 3

Beatriz Gentil O experimentalismo na produção de documentos animados, 2004 Design: Beatriz Gentil. [Porto: Casa da Animação].


Carla Cruz Finding Money: diário, 21.02–08.11.17. António Contador & Carla Cruz. 2017

Constança Araújo Amador Livro de Artista, 2017 Palavras-chave. Ilust. Constança Araújo Amador. Porto: Trinta por uma Linha.


Constança Araújo Amador Livro de Artista, 2017 Zmerzlina: poesia contemporânea portuguesa. Ilust. Constança Araújo Amador, Tomar: Instituto Politécnico.

Cristina Braga Livro de Artista Cadernos de Viagem: seis pequenos guias, em forma de ensaio fotográfico e etnográfico, feitos por uma turista de pé-rapado. Esta coleção pretende mapear e documentar festas e rituais tradicionais portugueses. É um exercício de etnografia visual, que condensa 8 anos de recolha e viagem num livro, composto pelos fascículos: Entrudo, São Gonçalo, São João, Cabra e Canhoto e Espírito Santo.


Cristina Ferreira VI Congresso de Ciberjornalismo #6OBCIBER, 2018 Ameaças ao Ciberjornalismo (Cartaz) (4 versões de cores diferentes)

Cristina Mateus Livro de Artista, 2019 Bien-être: 2016>2018. Fotog. Cristina Mateus… [et al.]. Mogadouro: Fundação EDP.


Cristina Troufa Utopia, 2019 Braga: Zet Gallery.

Eliana Penedos-Santiago Mais do que a soma, 2019 Conversa a 3 vozes conduzida por um maestro improvável. Eliana Penedos-Santiago. Conjunto de cinco peças que visam a divulgação de um ciclo de 5 seminários desenvolvido no âmbito do projeto Wisdom. Cada uma destes pequenos livros inclui biografias das quatro personalidades presentes e informação sobre o local onde se realizou o evento.


Gabriela Vaz-Pinheiro Bodied spaces: discursos cruzados entre corpo e espaço, 2018 Cadernos do Rivoli, nº 6.

Graciela Machado Livro de Artista, 2019 Espera. Verde. Técnica: Litografia, calcografia


Joana Patrão A Paisagem enquanto experiência. Mar: Imersão e Viagem, 2016 Livro de Projeto.

Joana Patrão Ceráunia, 2019 Adriana Romero e Joana Patrão. Museu da Imagem.


Joana Rêgo Joana Rêgo: alinhar palavras, 2018 [Porto?: s.n.] Santo Tirso: Casa da Galeria.

Joana Rêgo Joana Rêgo — palavras objecto, 2012 Santo Tirso: Casa da Galeria.


Karen Lacroix Livro de Artista 3 Livros de Artista (Amarelo, vermelho, verde). Colaboração com a artista Susana Piteira

Karen Lacroix Illustration School Porto, PT Summer, 2018 Coord. Karen Lacroix, Uncanny Editions. Publicação Coletiva.


Paula Tavares CONFIA, 2015-2019 International Conference in Illustration and Animation. Coord. Paula Tavares. Barcelos: IPCA — Instituto Politécnico do Cávado e do Ave.

Rita Castro Neves Livro de Artista, 2018 Ainda, um lugar. [Lisboa?]: Edição de autor.


Rita Castro Neves IRI: imagens do real imaginário: 10 anos, 2013 Porto: ESMAE.

Rita Castro Neves Library of love, 2018 São Paulo: Ateliê Fidalga.


Rute Rosas Faço de conta que és tu…, 2004 ich tue so al sob du hier warst… make believe… Berlim: Galeria 35. Revista Autêntica: transparência, 2003 Leça do Balio: UNICER.

Rute Rosas Livro de Artista, 2011 Rute Rosas, Rute Ribeiro A Auto-censura como agente poético processual da criação escultórica: projectos, processos e práticas artísticas. Porto: FBAUP, Tese de doutoramento


Sílvia Simões Livro de Artista, 2016 Aos papéis. Técnica Mista.

Sofia Torres Livro de Artista, 2018 Skins & bonés: exposição de pintura. Ermesinde: Forum Cultural.


Susana Barreto Anti-Amnesia Investigação em Design como agente para a regeneração e reinvenção, narrativas e materiais, de culturas e técnicas de manufactura portuguesas em desaparecimento (Cartaz). Susana Barreto… [Et al.]; Design Eliana Penedos-Santiago.

Susana Lourenço Marques Opúsculo 20: falso acaso e possível coincidência, 2009 Porto: Dafne Editora.


Susana Piteira Série Autobiografia (Casa), 2015 Técnica mista — têxtil (linho e algodão — metal).

Susana Piteira Prometheus fecit: terra, água, mão e fogo, 2014 Residências artísticas de cerâmica contemporânea em Alcobaça. Porto: MNSR.


Teresa Almeida Specularis: looking through, 2018 Coord. Teresa Almeida. Porto: i2ADS/FBAUP.

Coletivo de Autores Tropismo fotográfico, 2019 Ed. Susana Lourenço Marques; textos: Inês Moreira…[et al.]; Design: Márcia Novais. Porto: FBAUP.


Coletivo de Autores O Colégio das Artes em directo do Museu de Arte Antiga, 2017 Coimbra: Universidade de Coimbra. Colégio das Artes. Cristina Mateus—p. 23; Gabriela Vaz-Pinheiro—p. 155; Rita Castro Neves—p. 77

Coletivo de Autores Pedagogy of the streets: Porto 1977, 2019 Textos de Susana Lourenço Marques, Lúcia Almeida Matos…[et al.]; Design: Márcia Novais.


Carla Cruz Livro de Artista AMIW, 2010 Finding Money: London & Paris Diary, 2015 AMIW — Da colaboração e da reivindicação de uma sensibilidade feminista. In Novas cartas portuguesas (new portuguese letters). Coimbra: Casa da Esquina. Finding money: London & Paris Diary. António Contador & Carla Cruz. Adrienne Rich em Notes Towards a Politics of Location, 1984, fala sobre responsabilidade em relação à nossa localização. É nesse sentido que eu sou uma mulher artista, e trabalho desde esse posicionamento. Adrienne diz, em resposta a um texto de Virginia Wolf, “enquanto mulher eu tenho país”, e continua “eu preciso de compreender como uma localização no mapa é uma localização na história onde enquanto mulher, judia, lésbica, feminista eu sou criada e crio.” Tal como Adrienne eu também começo pelo corpo como a localização a partir da qual eu crio, “não para o transcender, mas para o reivindicar”. Entre 2005 e 2013 eu organizei o projeto expositivo feminista All My Independent Wo/men (AMIW), no qual as artistas participantes, pessoas que se identificam como mulher, homem e trans, usam a sua posição incorporada para produzir os seus gestos artísticos, mas também procuram uma maneira diferente de criar e fazer circular as suas produções artísticas dentro de diversos mundos da arte. Comecei o AMIW exatamente para dar visibilidade a práticas artísticas com as quais me identificava, ou até mesmo para produzir o contexto na qual a minha própria prática artística poderia florescer. A teoria feminista de localização, como um método de consciencialização, foi-me assim útil. Revelar o poder da nossa localização, diz Rosi Braidotti, tem também o potencial de descentralizar o centro, assim práticas que poderiam ser consideradas marginais, como as feministas, podem ser resituadas, pois se pensarmos que trabalhamos, operamos sempre a partir de uma posição, localização determinada, um contexto, um lugar que oferece a possibilidade de se explorar identidade, articulação e representação, então as margens são lugares de potência. O problema não é o de quem faz as tarefas domésticas e os cuidados com as crianças, se é possível encontrar ou não uma companheira de vida que participe do sustento e cuidado da vida cotidiana – mesmo que a curto prazo isto seja crucial. É uma questão da comunidade que estamos em busca com o nosso trabalho e na qual podemos recorrer; quem imaginamos como nossas ouvintes, nossas co-criadoras, nossas desafiantes; quem nos instará a levar o trabalho mais longe, mais a sério, do que havíamos ousado; em cujo trabalho podemos construir. As mulheres fizeram essas coisas umas pelas outras, procuraram-se em comunidade, mesmo que apenas em enclaves, geralmente por correspondência, durante séculos. Negado espaço nas universidades, laboratórios científicos, profissões, criamos nossas redes. Não devemos ficar tentadas a trocar a possibilidade de ampliar e fortalecer essas redes e de estendê-las a cada vez mais mulheres, pela ilusão de poder e sucesso como mulheres “excecionais” ou “privilegiadas” nas profissões. — Adrienne Rich 1976, Conditions for Work: The Common World of Women


Cláudia Amandi Afluentes, 2018 Porto: Casa Museu Abel Salazar. Quando uma exposição é organizada segundo este contexto de separação entre sexos, significa que ainda existem diferenças de tratamento entre homens e mulheres. Não sou feminista. Acredito que ambos os sexos têm características que os distinguem e caracterizam. Apenas. Mas sim, de facto continuam fronteiras — agora menos percetíveis — que originam dificuldades no quotidiano feminino e que potenciam, por vezes, invisibilidade do seu trabalho artístico. Gerar essas dificuldades são fruto de uma educação medíocre. No seu âmago, no significado central de artista, ser mulher artista é tão difícil quanto ser homem artista. Exige trabalho sistemático e persistente, aberto à experimentação e ao erro. Depois existe também o ser artista e docente. Esta duplicidade de papéis, amplia dificuldade na luta contra o tempo. Tempo enquanto necessidade de o partilhar diariamente entre estes dois contextos e tempo enquanto dificuldade absurda de ter que provar que esta duplicidade é vantajosa para o mundo científico e pedagógico no contexto das Artes. Se não vivemos como pensamos, acabaremos a pensar como vivemos. — Refrão popular in MOLINA, Juan José Gómez; CABEZAS, Lino; COPÓN, Miguel, Los Nombres del Dibujo, Madrid, Ediciones Cátedra, 2005, p.165.


Cristina Troufa Nós os Animais, 2005 Lisboa: Galeria Abraço. Ser mulher artista. Poder-se-ia discursar acerca destas três palavras separadamente e seria difícil chegarmos a uma conclusão, teríamos diferentes perspectivas e algumas bem contraditórias e explosivas. Se déssemos voz ao EGO facilmente resumíamos a questão. SER é difícil ou uma incógnita, MULHER está presa numa caixa de estereótipos, ARTISTA é o eterno incompreendido que vive na ilusão do sucesso. Mas podemos sempre calar o EGO… ser mulher artista é dar o melhor que sabemos e podemos, sem expectativas, acreditando que não existe Mau ou Bom, Passado ou Futuro, apenas a experiencia do momento. Como aliás qualquer ser humano, em qualquer parte do Mundo e em qualquer papel que encene nesta vida. Alguém um dia me disse, “A vida é bela é preciso saber andar nela” acredito que é verdade.


Eliana Penedos-Santiago Mais Do Que A Soma, 2019 Conversa a 3 vozes conduzida por um maestro improvável (Cartaz). Ciclo de 5 seminários desenvolvido no âmbito do projeto Wisdom Transfer. O que é ser mulher artista, é uma questão à qual não responderei na primeira pessoa. O meu contacto direto com mulheres artistas, e a confiança que algumas delas em mim depositaram, permitiram-me traduzir por meio de linguagem gráfica (recorrendo às ferramentas de comunicadora) um pouco do que a voz, por si só, não consegue. Comunicar a arte foi o mais próximo que estive de ser mulher artista. Cada leitura, cada história ouvida ou obra visitada (e revisitada) oferece uma nova tonalidade ou um novo caractere, novas ferramentas para uma nova narrativa gráfica. Da mesma forma que a arte pode ser revelada na relação que estabelecemos com o outro, talvez eu tenha encontrado a minha nas histórias que conto. Numa das recentes conversas com mulheres artistas recordo-me da espontaneidade com que uma delas se auto intitulou de “simplesmente artista” afastando veemente a palavra “mulher” da equação. O preconceito é muitas vezes combatido por estas artistas com indiferença ou aparente ingenuidade. Não sei se existe efetivamente uma maior distância entre ser mulher ou homem artista do que aquela que sentimos para com alguém que se senta ao nosso lado, independentemente do género. Esta “forma de ver” de que há tanto tempo nos falou John Berger, será talvez a interface que mais condiciona a nossa perceção do mundo e a forma como falamos dele. A forma de ver o homem, a mulher, a chuva, os dias cinzentos... É assim que recebo as minhas amigas, mulheres e artistas. Com aparente ingenuidade sempre recetiva a ouvir uma nova história para mais tarde “desenhar”.


Emília Dias da Costa Porto: sentido de fora=Porto: felt from a far, 2018 Vasco Ribeiro, Elisa Cerveira, Emília Dias da Costa. Nos grandes museus, que expõem espólios de séculos de Arte, é notória a prevalência de autores masculinos. A mulher surge essencialmente como figura representada, como modelo, motivo, inspiração. Não como autora. Não desenhava? Não produzia? Não era também artista? Claro que sim. No entanto, as barreiras que, ao longo dos anos, a sociedade impôs, impediram as mulheres, não só de enveredar pelo caminho da arte, mas também da sua parca presença ao longo da história. Para além da evidente disparidade entre a quantidade de artistas homens/mulheres, existe outra grande diferença de número, entre o de homens e de mulheres representados na arte. Aqui, observa-se uma notória prevalência da representação do feminino que assume o papel de objecto representado, ao invés de sujeito que representa. O trabalho da mulher como artista, também apresentou excepções. Refira-se o caso da portuguesa Josefa de Óbidos (1630–1684), uma referência do Barroco português. Destaque também para Maria Anna Angelika Kauffmann (1741–1807), de nacionalidade suíça e pintora neoclássica, foi fundadora da Academia Real Inglesa (1769). Por outro lado, existem também alguns exemplos de mulheres artistas, cujo o nome se identifica pelo relacionamento que mantiveram com homens, também eles artistas. Entre outros, são os casos de Camille Claudel e Auguste Rodin; Berthe Morisot e Eugène Manet; Frida Kahlo e Diego Rivera e os portugueses Sarah Afonso e Almada Negreiros. Mas não sou artista, sou designer e tenho como referência a escola da Bauhaus como a génese do design contemporâneo. Há 100 anos jovens estudantes, mulheres, chegaram à Bauhaus, com o cabelo curto, ou mesmo rapado e com roupas distintas às usadas na época. Ulrike Müller dedicou-se ao tema e escreveu o livro Mulheres da Bauhaus (2009). Em 1919, no seu início, eram a maioria, 84 alunas e 79 alunos. O fundador da escola, Gropius, assumiu que não se faria sentir qualquer distinção "entre o sexo belo e o sexo forte". No entanto, foram os homens que se tornaram nas referências da escola da Bauhaus, como demonstra o caso de Paul Klee, Wassily Kandinsky, Mies van der Rohe, Marcel Breuer, entre outros. No livro Mulheres do Design (2018), Libby Sellers escreveu que tal ocorreu pelo receio da direção da escola, do efeito que teria a presença feminina na reputação profissional dos cursos de arquitetura e design industrial, no seio do mercado. E é neste contexto que a entrada das alunas se tornou menos acessível e começaram a ser encaminhadas para as aulas de tecelagem, na época,


uma arte considerada menor. Tal ocorreu por diversos motivos. Klee e Kandinsky associavam genialidade e criatividade somente ao masculino. Por seu lado, Gropius acreditava que as mulheres não tinham capacidade para lidar com questões que envolvessem tridimensionalidade. Via o mundo com tal separação de géneros, que afirmou ser a cor vermelha e o triângulo símbolos associados ao masculino e que, por seu lado, a cor azul e a forma circular eram elementos puramente femininos. Apesar de uma imensa dificuldade, algumas destas estudantes conseguiram conquistar o seu lugar e foram reconhecidas por seus colegas. No entanto, a maioria das mulheres que integraram a escola da Bauhaus apenas viram o seu trabalho reconhecido recentemente, tais como: Friedl Dicker-Brandeis; Marta Breuer; Marianne Brandt; Ise Frank Gropius e Lilly Reich. E contudo, elas movem-se! Mulheres e ciência, permitiu observar um paralelismo entre a mulher cientista e a mulher artista. Em 2019 comemoraram-se os 150 anos da Tabela Periódica dos Elementos. Enquadrado no meu trabalho de designer e de docente, coordenei a construção de uma tabela periódica, com 5 metros de largura, que representava visualmente a totalidade dos elementos que, actualmente, constituem a tabela. Foi possível constatar que muitos dos nomes de mulheres cientistas foram eliminados, sob o pretexto de retirar credibilidade à investigação. Dei indicações aos estudantes envolvidos no projecto, que todos os elementos, descobertos por mulheres, cujo resultado foi a atribuído a homens, deviam representar uma homenagem a essas cientistas que, desde o anonimato, contribuíram de uma forma decisiva para o avanço da ciência. Durante a minha formação académica, ao longo a licenciatura tive uma professora, Rosa Alice Branco; no curso de mestrado em Arte Multimédia, dirigi-me a todos os docentes por Professor e a minha tese de doutoralmente teve um orientador e um co-orientador. No departamento que integro, enquanto professora auxiliar tenho, apenas, uma colega. A maioria dos estudantes que frequentam as unidades curriculares que leciono são do sexo feminino e de todos os orientandos de mestrado que tive, apenas um rapaz.Este cenário advém do fato de, à semelhança da esmagadora maioria das escolas de Design do país, o sexo feminino representar mais de metade dos estudantes. Durante o meu percurso de estudante, não recordo de me serem apresentadas, discutidas ou analisadas referências de designers femininas.Enquanto docente da Universidade do Porto, desde o ano 2001, reconheço que as referências que apresento aos meus estudantes durante as aulas dizem respeito a designers masculinos. Após esta reflexão, enquanto designer e docente, o trabalho desenvolvido por autoras como Louise Fili, Jenna Klein, Tricia Hennessey, Tori Hinn, Tereza Bettinardi, Catt Small, Rose Nordin, Irene Pereyra, Magda Tsfaty, Margot Lombaert, Laurel Wagner, Maria Gonzalez, Astrid Stavro, Elle Lupton, Paula Scher, Paola Antonelli, Marian Banjes, Charlotte Perriand e a portuguesa Lizá Ramalho, entre outras, vão ser nas minhas aulas, referências constantes.


Filipa Cruz Livro de Artista, 2019 Até os tempos não mais serem interditos. Livro de capa dura contendo poemas raspados sobre papel. Ser mulher artista é ser artista. E ser artista pode implicar não ter género, já que a própria palavra é um substantivo de dois géneros. Como descrever a experiência de ser mulher artista quando não se conhece o seu contrário? E qual seria o seu contrário? Quando me vejo como artista, venho-me como artista. Sem qualquer outra palavra adjacente. O contíguo é toda a bagagem deste corpo orgânico, pensante, emocional, sensitivo. Sou um corpo-artista. Do mesmo jeito, que objetos são estes produzidos por este corpo quese identifica como mulher? Serão consequência deste constrangimento, predisposição, determinação, identidade, modo de estar? Estes objetos, tal como o meu corpo, são corpos despidos de géneros, não são machos nem fêmeas, nem masculinos nem femininos. Corpo eles têm, não gritam por essa condição nem por essa identidade. Tal como eles, na pele de artista sou o que sou. Por isso, ser mulher, ser míope, ser portuguesa, ser o que sou abre-me para a consciência da alteridade. É mistério se a produção seria exatamente a mesma se não me identificasse como mulher. Mas diria o mesmo se não fosse míope ou portuguesa. Mas sendo o que sou, não sei ser o outro, o meu contrário, se bem que o percebo dentro dos meus limites. Por isso, para mim, ser mulher artista é ser artista.


Isabel Quaresma Livro de Artista, 2019 Rodilha, lápis de cor, água, tecido. Das trocas e inter-ações entre o material e a ação física sobre ele, nasce a obra. É na dinâmica de trocas, nesta trans-subjectividade que o seu significado é revelado. Muitas mulheres artistas, misturando disciplinas como o desenho, a escultura, a pintura e o trabalhar com fios, introduziram uma radical e nova dinâmica na arte, promovendo um modelo de trans-subjectividade, que teve implicações sobre as ideias do que a arte pode ser, e para uma redefinição de feminino. De facto este trabalho especifico de ligar fios, atar nós, ligar pontos, corresponde na vida, a um micro cosmos de relações , pelas quais, em analogia, se tece o tecido social. (Zegher, 2014) As leis do universo, não são percetivas do lado exterior, mas existem numa malha de micro-relações que a prática têxtil plagia na perfeição, mesmo no que diz respeito à reciprocidade e inclusão. Neste trabalho , deixo que o lápis de cor vermelha, vá riscando o papel, deixando sulcos de forma redonda, em círculos imperfeitos, com tendência para concluírem uma circunferência, ou revelam-se em sulcos abertos que se acomodam num canto da folha de papel ou ocupam o seu centro. Por vezes, ao lápis de cor vermelha junto água e deixo que uma mancha se intrometa nas linhas e entre as tramas . Estas marcas que aparecem no papel, são conseguidas por movimentos que incorporam um fazer têxtil, de repetição e ritmo até surgir no papel uma textura gerada pela acumulação de linhas. Deixo outras páginas em branco. Estes desenhos são indexicais, porque são feitos a partir de um contato direto com o objeto desenhado na folha de papel, deixando as suas marcas na superfície deste. Assim a rodilha, aparece não como um desenho ilustrativo ou figurativo, mas como uma marca que indexa um sentido, reflectindo a condição ontológica gerada pela intersecção da rodilha com as suas marcas. A rodilha é um objecto redondo, feito de tecido torcido, em forma de “donut”, com enchimento por dentro, que as mulheres colocavam na cabeça para em cima transportarem pesos. A rodilha, ajudava-as assim, a suportarem o peso de um fardo e a equilibra-lo na cabeça. Estes desenhos ao indexicarem as marcas deste objeto, trazem consigo a semântica de toda a carga emocional, política e social inerente a este ato, a que as mulheres, ainda há pouco tempo se submetiam.


Joana Patrão Sobre a Noite Cósmica, 2017 Adriana Romero e Joana Patrão. Partindo do desafio de escrever um testemunho sobre o que é ser mulher artista, surgem-me desde logo algumas inquietações. A primeira parte da constatação da necessidade de ainda existirem eventos dedicados exclusivamente à participação de mulheres; a segunda é a adoção da designação mulher artista. Acho que este tipo de eventos, que celebram o trabalho das mulheres, tantas vezes esquecido e invisibilizado, continuam a ser absolutamente necessários na construção de igualdade, ampliando um espaço de representação que tendencialmente é menor. Relativamente ao termo “mulher artista”, confesso que me faz alguma confusão adotá-lo: a minha ambição é viver num mundo em que possa ser designada (simplesmente) como artista, em pé de igualdade com outros artistas, em que seja natural a convivência de várias vozes, sendo estas ou não pertencentes ao paradigma vigente do homem branco ocidental. A verdade é que há uma desigualdade estrutural que precisa de ser debatida. Neste momento, dificilmente uma exposição tem mais mulheres do que homens sem isso ser uma questão. Espero que o termo “mulher artista”, “arte no feminino” ou afins façam tão pouco sentido como o de “homem artista” ou “arte no masculino”. Uma exposição só de homens, ou maioritariamente de homens, não é assunto de nota, é o status quo. Os números de representação em coleções e o número de exposições individuais nas principais instituições em Portugal demonstram isso mesmo . Rejeitando a ideia de uma diferença essencial entre mulheres e homens (que tem o lado perverso de poder ser potencialmente utilizada como uma forma de menorização), penso ser mais importante expor os condicionamentos sociais e institucionais que, na família, na educação e inclusivamente no mundo da arte, de facto, produzem e perpetuam essas diferenças . Há, penso eu, uma responsabilidade social em não reproduzir o sistema, mesmo que inconscientemente. Enquanto educadora, tem vindo a crescer em mim a preocupação de ir além dos exemplos e referências mais faladas, ir além da superfície predominantemente masculina no mundo da arte. Citando Bell Hooks, é necessário considerar “a educação como a prática da liberdade”, partindo de uma exigência de abertura para a realidade, consciente de outras experiências, que permitirá desmontar o privilégio e conceber um mundo em que todos participem.


Enquanto artista, não me ocupando de temas feministas, reconheço que o espaço de liberdade conquistado (o de poder fazer arte sobre qualquer outra questão, inquietação ou temática) deve-se a um esforço feminista continuado de inscrição das mulheres na arte. O meu percurso até agora tem partido de convites e concursos e, nestes processos, nunca senti que estava a ser menos considerada por ser mulher. Contudo, em situações de interação social em contexto profissional senti por vezes uma diferença de trato, que poderei traduzir como uma espécie de discriminação velada. Compreendo ainda que existirão experiências mais difíceis, especialmente se chegarmos às instituições. Os curadores da Kunsthalle Lissabon colocam bem uma das vertentes desta questão, relacionando-a com a preponderância masculina no mercado da arte: [h]á mais mulheres a acabar os cursos em Belas-Artes, mas depois o que acontece no percurso delas é muito mais complicado do que no dos homens; — João Mourão citado em Mariana Duarte, Quão desigual é o mundo da arte?, in ipslon, suplemento do jornal Público. [s]e fores um jovem artista homem é mais fácil entrares para uma galeria e teres uma fonte de rendimento pela venda do teu trabalho, porque as mulheres estão menos bem cotadas no mercado, atingem preços mais baixos. — Luís Silva citado em Mariana Duarte, Quão desigual é o mundo da arte?, in ipslon, suplemento do jornal Público. Apesar de tudo, vejo que na minha geração as distinções estão mais diluídas, cultivando um espaço de convivialidade. Num espectro mais amplo, vemos também cada vez mais mulheres no mundo da arte e na academia, investigadoras, curadoras, artistas, galeristas, diretoras de museus, a par de homens feministas nas mesmas funções, também eles conscientes destas questões. Quanto mais gente houver com esta consciência, mais fácil será forçarmos o sistema a mudar, a partir de dentro.


Joana Rêgo Florbela Espanca: antologia poética, 2010 Ilustrações de Joana Rêgo. Matosinhos: Kalandraka Ed. No seu livro Mulheres artistas nos séculos XX e XXI, Uta Grosenick escreve que “a arte feita pelas mulheres cobre uma multitude de abordagens e de opções expressivas e conceptuais tão vasta quantas mulheres artistas há.” Tentando responder ou escrever sobre a questão do que o que é ser mulher artista, e não querendo invadir um estudo do feminismo na arte, poderei acrescentar que antes de tudo, é ser artista, tentando desenvolver um trabalho sério e fazer valer uma arte que não tem sexo, mas qualidade, e obviamente não deixando de acrescentar visibilidade à invisibilidade que continua a existir nos meios culturais e artísticos quanto ao discurso das mulheres-artistas. Muitas mulheres utilizam a sua experiência enquanto mulheres na sua produção artística, enquanto outras artistas, pelo contrário, não fazem da sua identidade sexual matéria de trabalho. Há que aceitar a diversidade de opções. É provável que, em alguns casos, o contexto diferenciador do género não seja um fator relevante no reconhecimento da obra. Contudo, será empobrecedor analisar o percurso de uma mulher artista, sem lembrar a história da arte: a sua marginalização no seu papel de sujeitos no mundo da arte, e a sua atuação criativa em pé de igualdade com os homens. Teremos sempre de ter orgulho no que conquistamos e no que fazemos, continuando o caminho até uma presença cada vez mais ativa, como sujeito, da mulher na arte, insistindo que a arte pode ser vista como uma afirmação distintiva de um indivíduo único, independentemente do género.


Sofia Ponte Livro de Artista, 2019 Bruxas da Maria e da Sofia. Track Y. Ser artista e mulher é sentir-se frequentemente vulnerável. Ser artista é ser-se uma pessoa comum, mas delirante. É agir sobre desejos que não se enquadram em categorias. Ser artista e mulher é ser como qualquer outro artista: manifestar uma vontade ampla de praticar curiosidade sobre o que se entende por necessidade e aspiração.


Susana Barreto Wisdom Transfer Contributos para a inscrição científica de legados individuais em contextos de reforma universitária e científica nas artes e design. Design: Eliana Penedos-Santiago. Este artigo foi escrito no âmbito de entrevistas feitas a artistas no contexto do projeto Transferência de Sabedoria (WT): Contributos para a inscrição científica de legados individuais em contextos de reforma universitária e científica nas artes e design. Foi no horizonte deste projeto que testemunhei as vivências de uma seleção de Mulheres Artistas no período de formação na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP). O projeto usou uma metodologia de entrevistas, observação, análise de imagens capturadas nos ateliers e análise documental. Estas entrevistas foram realizadas durante o ano de 2019 com o apoio de vídeo e máquina fotográfica. Cada entrevista teve a duração de cerca de noventa minutos com a presença das Investigadoras do projeto, Eliana Penedos-Santiago e Cláudia R. Lima. O Projeto WT Este projeto decorre da evidência de que há uma insuficiente inscrição, uso de conhecimento individual e experiência dos professores e investigadores aposentados em arte e design. No entanto, dada a sua natureza fundamentalmente empírica, esta herança permaneceu largamente fora do conteúdo do trabalho validado no atual ensino superior e de investigação das artes e do design: esta geração de professores e investigadores de arte e design é muitas vezes confrontada com a falta de um enquadramento que acolha e potencie a sua experiência e testemunhos profissionais para além das exigências curriculares e solicitação de projetos. A presente proposta visa, portanto, estabelecer as bases para uma mudança de paradigma no reconhecimento, comunicação e ativação de contribuições relevantes para o conhecimento, a cultura e o tecido social que os académicos de arte e design podem oferecer em nome próprio: formas de sabedoria não necessariamente revertidas ou traduzidas para o conhecimento científico nas suas carreiras e que podem desta forma encontrar outros contextos de ressonância e aplicabilidade. As Artistas Como ponto de partida, foram identificadas algumas artistas que entrevistámos, tendo a lista crescido por via da amostragem qualitativa “bola de neve”: Graça Morais, Isabel Cabral, Ana Campos, Helena Abreu e Lima, Maria José Aguiar, Filomena Vasconcelos, Leonilde Santos, Elvira Leite, Haydée De=Francesco, Helena Almeida Santos, Manuela Bronze, Paula Soares, Manuela Bacelar, Purificação Fontes e Maria José Valente.


O que une estas mulheres? Todas passaram pela ESBAP num período anterior à Revolução do 25 de Abril, exceto a Ilustradora Manuela Bacelar e a Arquitecta Filomena Vasconcelos, que estudaram fora de Portugal, ainda que fizessem parte da cena cultural e artística do Porto da época. Desta amostra emergem padrões diferentes. Por um lado, relatos de dificuldade em se afirmarem como mulheres artistas na ESBAP: “éramos invisíveis como artistas”, afirma uma das entrevistadas. Deste grupo destacámos as que “viviam” a escola e as que só frequentavam as aulas, mas não faziam parte integrante daquele ecossistema — “era entrar e sair”. Num outro grupo distinto identificámos um grupo de mulheres que, por feitio ou outros fatores, passaram ao lado desse preconceito de género. Para elas, o reconhecimento artístico da instituição não distinguia géneros e neste ângulo preferem ser chamadas de Artistas, “porque não me considero uma artista mulher, sou simplesmente uma Artista”. Também se destacam os casais ESBAP, quando ambos frequentavam a Escola e onde por vezes a identidade do casal se sobrepunha à identidade do indivíduo. Entendi os relatos destas 15 mulheres com saudosismo e nostalgia por um tempo “único, singular”. Para a grande maioria das entrevistadas o período na ESBAP foi um dos tempos mais felizes das suas vidas. Atribuem-no a vários fatores, a idade de formação e descoberta, a escala quase familiar da instituição — “toda a gente se conhecia” —, o ambiente socialmente diverso, rico e por vezes exótico, uma certa excentricidade em comparação com o mundo lá fora, as idas ao café São Lázaro (dos poucos cafés em que mulheres não se sentiam constrangidas), os magustos, as aulas à noite do Professor Lagoa Henriques, as ementas do Professor José Grade, as aulas de anatomia no Instituto de Medicina Legal do Hospital de São João, as aulas de modelo em que o modelo dava palpites nos desempenhos artísticos dos alunos, as fugas à PIDE e o “viver” a Escola na Escola. Pós-ESBAP Da lista de 15 entrevistadas observámos diferentes percursos de atividade artística, paragens, mudança de rumos, entre outras narrativas de vida. Na grande maioria, estas mulheres deram continuidade ao seu impulso criativo em outras esferas, tais como: joias, figurinos, cenografia, cozinha, curadoria, ensino, roupa, ação social e maternidade. Em alguns casos referem a importância de o fazer usando a manualidade, “o computador é só para os emails”. O projeto irá continuar o seu rumo, cruzando as diferentes histórias de vida das várias gerações, Homens e Mulheres, inscrevendo os seus testemunhos com a ambição de encontrar enquadramentos que acolham e otimizem as suas experiências e testemunhos profissionais.


Susana Piteira Série Autobiografia, 2014 Técnica mista — entremeios de fillet bordados, linha de seda, papel manufaturado e outros têxteis. As duas obras que apresentei na exposição Mulheres Artistas Docentes fazem parte de uma série de trabalhos em desenvolvimento denominada Série Autobiografia, iniciada em 2013. Chamo livro a cada um destes objetos, não porque se possa aceder ao seu conteúdo, como tradicionalmente, pela linguagem da palavra mas porque são objetos que apelam aos sentidos para encontrar a informação que registam. Não podem ser manuseados nem abertos, solicitando tempo bem como questionamento, para aceder à sua narrativa. Não são objetos práticos, afastam-se do pragmatismo da urgência superficial exigido pela contemporaneidade, falando dos dias imensos passados em tudo e em nada que ocupou gerações de mulheres. Dessa labuta imensa, sem fim, que é manter o lar e educar os filhos, tratar dos menos válidos e cuidar dos idosos. Também dos seus desejos, afetos, submissões ou formas de afirmação. Estas últimas, mais visíveis através da organização da casa, ou da apresentação do seu próprio corpo, em que os têxteis construídos, bordados e até desenhados pelas próprias, constituíram espaço de expressão, uma expressão com afirmação mais pública, ou de espaço de evasão desse quotidiano tão exigente. Os Livros de Artista em causa, fazem parte de um universo feminino e privado, aparentemente fora de tempo, pois são constituídos por fragmentos essencialmente têxteis de objetos do meu quotidiano familiar ou de esculturas construídas por mim, que aludem à intimidade desse quotidiano feminino. Esse fora de tempo aparente confere-lhes o carácter de documento, uma vez tornados registo de memória, património que me vincula também. É tudo o que restou das ações, criações e vivencias, parecendo pertencer já ao que não existe, ao que passou. Mas como registo e expressão visível desse passado, é tão ou mais presente. Não o poderemos apagar nunca, mesmo que a pertinência primeira da sua dimensão material e, mesmo simbólica, já não exista mais. Ser mulher artista é, então, ser herdeira do legado em causa, não negar nenhuma das suas dimensões, contribuindo sim a partir delas, para propor novas e atuais criações artísticas. Como mulher, mãe e docente cumpre-me a missão de colaborar para que o respeito ao feminino seja uma realidade efetiva, tal como a igualdade de oportunidades em todas as dimensões da vida. Mas, tal missão, é antes demais uma efetiva obrigação de cidadania, de promover a educação e o respeito por tudo e por todos. A cada dia somos ainda confrontados com o muito que há a fazer para que cheguemos a ter uma sociedade equitativa entre géneros.


Olhando para a arte, em especial aquela realizada nas últimas décadas por mulheres, verificamos que as problemáticas por elas trabalhadas são maioritariamente relacionadas com as questões de género, de forma mais ou menos expressa. Grata evidência de que as circunstâncias estão a mudar e de que as mulheres têm agora mais voz. A arte no feminino cresceu significativamente nas últimas décadas em Portugal, facto comprovado pela heterogeneidade das obras de inúmeras artistas as quais são reconhecida nacional e internacionalmente.


Teresa Almeida Teresa Almeida: transparência ecológica do trópico ao glaciar, 2019 Marinha Grande: Câmara Municipal. Nasci no sopé do castelo Não sou princesa Mas habito castelos de vidro. Castelos por mim construídos com paredes transparentes. No vidro vejo para além da matéria… Por isso o escolhi. Olho o vidro e vejo-me. Vejo o fora e o dentro. De certa forma é feminino o vidro. Frágil na aparência, mas resistente. Relegado por alguns para patamares menos elevados, mas que se eleva pela sua riqueza intrínseca. É assim a mulher. No mundo artístico, materiais há, que são vistos como nobres. Não tem sido o caso do vidro, pese embora a sua história milenar ao serviço da arte. Tido como decorativo, utilitário e refém do suporte arquitetónico, o vidro, no entanto, vai ganhando autonomia, afirmando-se como material portador de imensas potencialidades plásticas. Contra ventos e marés, o vidro resiste aos tempos, supera preconceitos e revela -se no seu esplendor. É assim a mulher. Num mundo propício aos sucessos masculinos, as mulheres lutam e vão-se afirmando, vencendo obstáculos, porque teimam, porque querem, porque sabem o que valem. Hoje as mulheres estão a conquistar posições cimeiras, porque o merecem. O vidro também. Como mulher e artista, é no vidro que me revejo. É nessa matéria transparente, que nada oculta e se revela, que construo os castelos onde habito e se abrem à contemplação dos outros. Para se tornar um criador não basta cultivar-se (...) é preciso que a cultura seja apreendida através do livre movimento de uma transcendência; é preciso que o espírito, com todas as suas riquezas, se projete num céu vazio que lhe cabe povoar; mas se mil lanços o amarram à terra, desfaz-se o seu impulso. —Beauvoir, Simone (2015) O segundo Sexo. Volume 2, 2ª edição. Quetzal Editores


Alessandra D’agnolo

Maria José Aguiar

Conjunto de 10 gravuras. Técnicas em chapas, telas ou papéis de alumínio: tinta a óleo, litografia, off-set e fotografia.

Camuflagem biosensível: a problematização do género na obra de Maria José Aguiar, 2011 Catarina Carneiro Sousa. Porto: FBAUP. Maria José Aguiar, 1973 Porto: Galeria Alvarez. Maria José Aguiar: Pintura (série Marcas): 1976, 2014 Porto: MNSR/FBAUP. Maria José Aguiar, 1987 Porto: Galeria Nasoni.

Beatriz Gentil Transições: exposição retrospectiva: FBAUP 1998-1999, 2002 Coord. Beatriz Gentil. Porto: FBAUP.

Cristina Troufa Cristina Troufa: ego, 2015 Cascais: Centro Cultural.

Paula Tavares Emília Dias Da Costa

Rapariga Polvo. Desenhos

E-Saúde 05, 2018 Design de informação em saúde. (fev.)

Rute Rosas

Inês Moreira Sara & André: uma breve história de curadoria, 2019 Lisboa: Documenta. Território e comunidade: da Fábrica Pátria à Casa da Memória de Guimarães, 2017 Coord. ed. Inês Moreira. Guimarães: A Oficina.

Joana Patrão

Rute Rosas: da leveza e do silêncio..., 2017 Braga: Museu Nogueira da Silva. Rute Rosas: respira, 2008 Vila Nova de Cerveira: Projecto-Núcleo Desenvolvimento Cultural.

Sílvia Simões V-Vazia como: 2013. Técnica Mista.

Water circles - environmental art project. Statements, 2016

Susana Lourenço Marques Joana Pimentel Série de seis imagens impressas do Elements of Drawing; em três cartas para iniciantes onde John Ruskin escreve sobre a representação da água.

Lúcia Almeida Matos A luz na sombra: Aurélia de Souza: exposição de pintura, 2009 Introd. Lúcia Almeida Matos.

Luísa Ribas Performativity as a Perspective on Sound-Image Relations and Audiovisuality. In Mono #2: Cochlear Poetics: Writings on Music and Sound Arts, 2014 Ed. by Miguel Carvalhais and Pedro Tudela, 29-50. Porto: i2ADS.

Marta Madureira 2 Peças Vista Alegre. Livros infantis (vários). Ilust. Marta Madureira

Ether / vale tudo menos tirar olhos (1982-1994): um laboratório de fotografia e história, 2018 Porto: Dafne Editora. OEI #80-81: The Zero Alternative: Ernesto de Sousa and some other aesthetic operators in portuguese art and poetry from the 1960s onwards, 2018 Göteborg: OEI Magazine. Susana Lourenço Marques: pó, cinza e nevoeiro: ensaio sobre a ausência a partir de imagens da Coleção de Fotografia da Muralha, 2018 Guimarães: A Oficina.

Susana Piteira Susana Piteira: luxuriae, 2017 Guarda: Câmara Municipal.


Aida Castro e Maria Mire (2011 até ao presente; 2010–2018)

Carla Cruz (2018 até ao presente)

Aida Castro é Professora Convidada do Departamento de Artes Plásticas; Maria Mire foi Professora Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Aida Castro e Maria Mire são uma dupla artística que inaugurou a sua prática em 2017, depois de partilhar intensamente várias investigações e outros trabalhos coletivos (Coletivo Embankment e Plataforma Ma). Esta opção pelo modo cruzado, para além de insistir num qualquer exercício básico da ótica, no desvelamento das suas artimanhas, conseguiu instituir-se como uma metodologia prática: uma estereoscopia imposta. Esta dupla assume a posição do método de paralaxe, no qual se considera a distância e a diferença da perceção entre dois corpos observadores perante um mesmo objeto no processamento de imagem. Se não fosse duplo, seria um corpo hipotético em constante movimento, a acelerar de um lado para o outro.

Carla Cruz é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Artista e investigadora. Doutorada em práticas artísticas pela Goldsmiths University of London, com o apoio da FCT. Desenvolve desde 2011 o projeto Finding Money com Antonio Contador, e coordena desde 2007 com Ângelo Ferreira de Sousa a Associação de Amigos da Praça do Anjo. Carla foi co-fundadora do coletivo feminista de intervenção artística ZOiNA (1999–2004), e da Associação Caldeira 213 (1999–2002); entre 2005 e 2013 coordenou o projeto expositivo feminista All My Independent Wo/men.

Alessandra D’Agnolo (2013) Alessandra D’Agnolo foi formadora na área de gravura. Nascida em Veneza em 1971, vive e produz arte na sua cidade natal. Formou-se na Academia de Belas Artes de Veneza, antes de concluir o mestrado em Belas Artes no Slade School in London (UCL) com especialização em técnicas de gravura. Expôs seu trabalho por toda a Europa, América e Ásia, onde foi convidada a participar na Segunda Bienal Internacional de Arte de Pequim, China. Foram-lhe atribuídos os seguintes prémios: Bluestein em Seattle, U.S.A. em abril de 2017; Ramos Pinto no Douro, Portugal em julho de 2012 e Itsukaichi em Tóquio, Japão, de agosto a dezembro de 2010. Os seus trabalhos mais recentes são feitos com diferentes técnicas em chapas, telas ou papéis de alumínio: tinta a óleo, litografia, offset e fotografia.

Cláudia Amandi (1996 até ao presente) Cláudia Amandi é Professora Auxiliar do Departamento de Desenho e Investigadora do i2ADS. Nascida no Porto em 1968. Desenvolve trabalho de investigação na área do Desenho. Interessa-se por ações e métodos de trabalho no processo criativo, e nos cruzamentos entre escultura e desenho. Doutorou-se na área do Desenho pela FBAUP em 2010, com a tese intitulada Funções e Tarefas do Desenho no Processo Criativo, um estudo sobre o papel do desenho no processo artístico atual. Paralelamente desenvolve trabalho como artista plástica disponível em https://claudiaamandi. weebly.com/. Ao longo dos anos, o seu trabalho autoral foi convergindo para processos de repetição, interessando-se particularmente por aqueles que, na sua aparência mecânica de execução, deslocam o referente do resultado.


Constança Araújo Amador (2017 até ao presente)

Cristina Ferreira (2002 até ao presente)

Cristina Mateus (1998 até ao presente)

Cristina Troufa (2018 até ao presente)

Constança Araújo Amador é formadora na área da Ilustração e Artes Visuais. Vive no Porto, é Mestre em Ilustração e Animação, Pós-Graduada em Gestão Cultural e Licenciada em Artes Plásticas — Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Frequentou a Akademie Vytvarnych Umeni, em Praga, República Checa. Desenvolve o seu trabalho de desenho e ilustração a partir da Poesia Contemporânea Portuguesa. Foi diretora de ilustração do Jornal Universitário do Porto (JUP) até 2015. Dá formação nas áreas da ilustração e das artes visuais, em várias instituições, tais como a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Cristina Ferreira é Professora Auxiliar do Departamento de Design. Licenciada pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, com mestrado em Arte e Multimédia e Doutoramento em Arte e Design pela mesma instituição. Docente do ensino superior na FLUP (2002–2005) e na FBAUP (2006 até ao presente) onde é Professora Auxiliar no Departamento de Design. Desenvolve trabalho de investigação na área de Design de Comunicação, Fotografia e Imagem Narrativa e Documental. Leciona unidades curriculares das áreas científicas do Design e Comunicação Visual, Fotografia e Comunicação Multimédia. Orienta trabalhos de investigação que vão desde o Design Editorial, Ciências da Comunicação, Fotografia, Street Art, passando pela Literacia visual em saúde. Membro do centro de investigação ID+ e colaboradora do centro de investigação i2ADS. Faz parte do painel interno do LACLIS (Laboratório de Criação para a Literacia em Saúde da Universidade do Porto). Coordenação e direção artística (em parceria) do Gabinete de Comunicação e Relações Públicas da FBAUP.

Cristina Mateus é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Vive e trabalha no Porto. Nos últimos anos apresentou as exposições individuais J. e as Pedras (Espaço Mira, Porto), ИOIT (Galeria Fernando Santos, Porto) e Répétition (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) e participou nas exposições coletivas Lugares de viagem – Bienal da Maia 2015, Homeless Monalisa (Colégio das Artes, Coimbra), Diálogo (Galeria Fernando Santos, Porto), Uma (Painel — galeria da FBAUP, Porto), P.- uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso (Galeria Municipal do Porto). Em 2018 integrou a exposição Ver as vozes dos artistas, curadoria de Miguel von Hafe Pérez, Saco Azul, Maus Hábitos, Metro do Porto. Participa na realização da exposição No dia seguinte está o agora, uma exposição comemorativa dos 60 anos do Circulo de Artes Plásticas de Coimbra. Entre 2016 e 2019 integra o projeto de Arte Pública com a FAHR e com Gonçalo Ribeiro no nordeste transmontano, concelho de Mogadouro, a convite da Fundação EDP. Em 2019 participa na exposição A metade do céu, um projeto de Pedro Cabrita Reis, Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, Lisboa

Cristina Troufa é formadora na área de pintura. Nasceu em 1974. Obtém em 1998 a Licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto e em 2012 conclui o Mestrado em Pintura na mesma faculdade, onde actualmente também é professora num curso de Formação Contínua. Desde 1995 que participa em exposições colectivas e individuais em Portugal, Itália, Espanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Taiwan, França, Inglaterra e EUA. Em 2015 foi membro de júri no projecto PortugArt em Londres, na selecção de artistas portugueses para uma exposição colectiva na mesma cidade e na qual foi artista convidada. Os seus trabalhos têm sido escolhidos para ilustrar capas de livros, tais como The Houses of Others de Deakla Keydar, Israel ou integrar o guia de estudantes na Nova Zelândia em Student Art Guide — Sketchbook Publication. Em 2011 obteve uma bolsa da FADEUP em cooperação com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Cristina Braga (2017 até ao presente) Cristina Braga é formadora na área de animação stopmotion. 34 anos, designer de comunicação. Deu aulas de fotografia e stopmotion, estudou a cultura anónima portuguesa e trabalhou por quase três anos numa editora de livros escolares. Também já vigiou a serra de Montejunto, tomou conta de crianças, contou carros em estudos de tráfego, fotografou eventos de cabeleireiros e foi anotadora numa curta metragem. Andou seis anos pelas Belas Artes do Porto e fez a licenciatura e mestrado de seguida. Tem como apelido Braga, mas nasceu em Guimarães.

Eliana Penedos (2019 até ao presente) Eliana Penedos-Santiago é investigadora, doutorada em Desenho pela Faculdad de Bellas Artes de San Carlos, UPV (2012) e Mestre em Artes Digitais Multimédia pela Universidade Católica Portuguesa (2001). Foi professora na área do design entre 2003 e 2018 na ESAD, ISMAI, UFP e ULP. É atualmente investigadora em Design na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, pela unidade de investigação ID+, no âmbito do projeto financiado pela FCT, Transferência de Sabedoria.


Emília Dias da Costa (2002 até ao presente)

Gabriela Vaz-Pinheiro (2004 até ao presente)

Inês Moreira (2017 até ao presente)

Joana Patrão (2017 até ao presente)

Emília Dias da Costa é Professora Auxiliar do Departamento de Design. Doutorada em Design pela FBAUP. Designer, centra a sua atividade de ensino e investigação na área do design de informação. Realiza, também, trabalho de escrita e de curadoria, para além da participação, com obra, em exposições coletivas. De curadoria, algumas com obra presente, destaca-se a exposição Natal em Belém, Palácio de Belém (2017), Obra de Mão, Reitoria da Universidade do Porto (2018), Marinheiro da Esperança, Navio Escola Sagres, na Grande Viagem de 2018, aberta ao público em todos os portos onde a embarcação atracou, incluindo Boston, por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, com a Presença de Sua Exa. o Presidente da República, Porto Sentido de Fora, Biblioteca Almeida Garrett (2018), visitada por Sua Exa. o Presidente da República, acompanhado do Presidente da Câmara do Porto. De escrita, destaca-se livros, textos para catálogo, publicações para revista e em atas de conferências, estes últimos, na sua maioria, com temas centrados no design em saúde e na comunicação de ciência.

Gabriela Vaz-Pinheiro é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Formada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, possui o Doutoramento por projeto pelo Chelsea College. Lecionou na Central St. Martins College of Art & Design, em Londres, entre 1998 e 2006. Tem exposto em contextos diversos, tendo recebido várias bolsas de estudo. Possui contínuo trabalho editorial, com múltiplos livros publicados e textos em catálogos. Ensina, desde 2004, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde dirige o Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público e é Membro Integrado do i2ADS, Instituto de Investigação em Arte Design e Sociedade.

Inês Moreira é Professora Auxiliar Convidada desde 2014 do Departamento de Ciências da Arte e do Design. É arquitecta, curadora e uma activa investigadora. Doutorada em Curatorial/ Knowledge (Goldsmiths College, University of London, 2014), Mestre em Arquitectura e Cultura Urbana (Metropolis, UPC/CCC Barcelona, 2003) e Arquitecta (FAUP, 2001). Dedica-se através da curadoria e investigação a edifícios abandonados, ruínas modernas, lugares pós-industriais e outros territórios humanos instáveis, desenvolvendo projectos por trabalho de campo, intervenção espacial e programação cultural. Em Pós-Doutoramento na NOVA/FCSH onde iniciou e coordena o novo cluster: Curating Contemporary Cultures: on Architectures, Territories and Networks. Professora Auxiliar convidada de Curadoria de Exposições e Cultura Contemporânea na FBAUP.

Joana Patrão é formadora na área da pintura. Nasceu em 1992, Barcelos. Artista plástica, desenvolve investigação sobre Paisagem. Concluiu o Mestrado em Pintura na FBAUP em 2016, estudou na Aalto, Finlândia (Erasmus+) e foi artista residente em Adaptations — Utö, Finlândia e FH7, Alemanha. Destaca as exposições: Ceráunia, Museu da Imagem, Braga; Desenho natural. A água flui na linha, Lugar do Desenho, Fundação Júlio Resende, Gondomar; Incerta desambiguação, Zaratan, Lisboa. Paralelamente, é formadora com a Unidade de Formação Contínua: Pintura de Paisagem: da experiência da Natureza à construção pictórica.

Filipa Cruz (2018 até ao presente) Filipa Cruz é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Artes Plásticas. (n. 1990) vive entre Portugal e França. Licenciada em Artes Plásticas-Escultura na FBAUP, Pós-Graduada em Estética na Université Paris1 Panthéon-Sorbonne, Mestre em Artes Plásticas pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris, Doutora em Arte e Design pela FBAUP. Leciona no Mestrado em Transdisciplinary New Media (Paris College of Art) Paris e na FBAUP. Percorre plasticamente os limites entre arte e linguagem através de uma experimentação sincrónica e transversal.

Graciela Machado (1997 até ao presente) Graciela Machado é Professora Auxiliar do Departamento de Desenho. Nascida em 1970. Machado, apelido paterno. Recuei e recolhi. Percorri, séculos de registos nos tombos. Suspendi a pesquisa em 1690: estava nas margens do rio Douro. Ainda antes, na mesmaproximidade da margem, li, não era Machado. O apelido forte e banal, havia sido outro: mudara sem razão aparente. Na procura de um apelido, esqueci as mulheres. Nesse tempo dedicado à reconstituição, as mulheres apagadas, no silêncio das linhas. Deixei que a repetição das folhas e a tinta, a pedra litográfica, negasse o que aí se inscrevia: nomes, de mulheres, escondidos por apelidos católicos e um casamento. Este livro está desfeito. É feito de restos, de reservas, do que ficou para trás.

Isabel Quaresma (2017 até ao presente) Isabel Quaresma é Professora Assistente Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Nasceu em Lamego vive e trabalha no Porto. Neste últimos tempos, o seu trabalho tem vindo a refletir o seu interesse pela intersecção do têxtil com os meios mais convencionais das artes plásticas como a pintura, a escultura e o desenho. Para além da sua formação inicial em Design de Moda e Design Têxtil, é licenciada em Artes Plásticas, no Ramo de Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde também fez o Mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão, com foco nos têxteis. É assistente convidada pela FBAUP, para a unidade curricular de Têxteis Construídos. Expõe o seu trabalho como Artista Plástica desde 2002.

Joana Pimentel (2010–2011) Joana Pimentel foi Professora Assistente Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Nasceu em 1971 no Porto, onde vive e trabalha. Doutorada em Escultura na Facultad de Bellas Artes de Madrid, em 2005. Licenciatura em Artes Plásticas — Escultura, Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, em 1997. É docente desde 2003 na Universidade Lusíada área de Desenho nos cursos de Arquitectura e Design, e desde 2018 professora auxiliar convidada na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho. Expõe regularmente desde 2001, quando realizou a primeira exposição individual, intitulada Décollage, na Galeria Pedro Oliveira, no Porto. Tem obra publicada em livros e catálogos e está representada em diversas coleções públicas.


Joana Rêgo (2017 até ao presente)

Lúcia Almeida Matos (1987 até ao presente)

Márcia Novais (2014–2015)

Maria José Aguiar (1977–2009)

Joana Rêgo é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Nasceu no Porto em 15 de Novembro de 1970. Investigadora na ESAD — IDEA. Doutoramento pela FBAUP no Doutoramento DAD (Doutoramento em Arte e design), 2017. Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento em 1998/ 1999. Mestrado em Pintura no San Francisco Art Institute, EUA, 1999. Licenciatura, Curso de Artes — Plásticas, Pintura pela FBAUP em 1995. Realizou cerca de 28 exposições individuais em Portugal e no estrangeiro. Participou em diversas exposições/projetos coletivos em Portugal e no estrangeiro. Está representada em várias coleções particulares e institucionais em Portugal e no estrangeiro entre elas Coleção Caixa Geral de Depósitos; Fundação PMLJ; Parlamento Europeu, Bruxelas.

Lúcia Almeida Matos é Professora Associada do Departamento de Ciências da Arte e do Design, onde coordena o Mestrado em Estudos Artísticos e dirige o museu da FBAUP e o seu programa de exposições. É membro integrado do Instituto de História da Arte (FCSH-UNL). Os seus interesses de investigação focam-se na documentação a produção, exposição e receção da arte contemporânea e orienta teses de Doutoramento nesses temas. Coordenou um projeto FCT, envolvendo universidades e museus em Portugal e Espanha, dedicado à documentação de obras de artistas Portugueses em coleções museológicas. É eleita em 2018 para o cargo de Diretora da FBAUP.

Márcia Novais foi formadora na área do Indesign. É designer de comunicação no Porto. Licenciou-se pela FBAUP, onde trabalha desde 2011. No seu tempo livre, colabora regularmente com instituições como a Câmara do Porto, Fidelidade Arte, Museu de Arte Contemporânea de Serralves e Fundação Calouste Gulbenkian, participando igualmente em edições independentes e de artista. Em 2013 foi distinguida na seleção New Visual Artists da revista Print e tem desde então visto o seu trabalho publicado em diversas plataformas nacionais e internacionais. Em 2018 recebeu uma Menção Honrosa no Prémio Design de Livro, promovido pela Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas com o livro Ana e em 2019 teve dois livros selecionados para o Prémio.

Maria José Aguiar foi Professora Associada na FBAUP. Completou o Curso Complementar de Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1972. Foi a primeira mulher a lecionar Atelier de Pintura no curso de Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

Karen Lacroix (2015 até ao presente) Karen Lacroix is an illustrator, designer and publisher based in Porto, Portugal. She has taught visual narratives from 2009–2014 at Richmond University (UK) and works for an eclectic range of clients such as Bright Ivy, English Touring Opera, Saffron Hall, Bishopsgate Institute, among others. After concluding an MA in Visual Communication at the Royal College of Art, she founded Uncanny Editions, an illustration publisher and studio exploring different modes of publication practice, collaborating with institutions such as the National Portrait Gallery, The Photographers’ Gallery and X Marks the Bökship. Her work is represented in collections such as MoMA (US), University College London, London College of Communication (UK), Serralves Foundation and Calouste Gulbenkian Foundation (PT), among others. She is the founder of the Illustration School, a nomadic pedagogical platform that investigates the expanded field of illustration and is co-director of the design research centre Shared Institute.

Luísa Ribas Luísa Ribas é Professora Auxiliar na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa onde leciona Design de Comunicação, com foco na complementaridade entre meios impressos e digitais. É doutorada em Arte e Design (2012), mestre em Arte Multimédia (2002) e licenciada em Design de Comunicação (1996) pela FBAUP. A sua investigação dedica-se ao estudo de sistemas computacionais enquanto artefactos estéticos. Integra o CIEBA e colabora com o ID+, tendo contribuído para a organização de conferências internacionais como xCoAx.org.

Maria Beatriz Gentil (1977–2008) Beatriz Gentil foi Professora Associada na FBAUP. Fez trabalhos para inúmeras instituições, como por exemplo: Fundação Gulbenkian, Tipografia Casa Portuguesa (criação de Controlo de Qualidade) Atelier Daciano da Costa, Hotéis Altis, Penta, e Casino Parque Hotel na Ilha da Madeira, CUF (Companhia União Fabril), Bancos Borges e Pinto Sotto Mayor, além de várias firmas particulares. Também trabalhos de décor e figurinos para filmes dos realizadores Manuel de Oliveira (Francisca), Paulo Rocha (Ilha dos Amores) e João César Monteiro (Sylvestre). Em Cinema animado foi responsável em Paris pela cor de uma longa metragem de Jacques Colombat, Robison e Cie.

Marta Madureira (2019) Marta Madureira é docente na Escola Superior de Design do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, designer de comunicação e ilustradora. Licenciada e mestre pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, foi distinguida com alguns prémios relevantes dentro da sua área, entre os quais o 1º prémio 3x3 Magazine of Contemporary Illustration 2012 e a presença no catálogo White Ravens 2016. Conta com mais de 20 livros ilustrados. É, juntamente com Adélia Carvalho, fundadora da editora Tcharan.

Paula Cristina de Almeida Tavares (1999–2004) Paula Cristina de Almeida Tavares foi Professora Convidada na FBAUP. Artista, professora e investigadora. Formou-se em Desenho pela ESAP e em Artes Plásticas — Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, faculdade onde lecionou Desenho e Pintura (entre 1999 e 2004). Doutora pelaFaculdade de Belas Artes da Universidade de Vigo (desde 2006) é Professora Coordenadora e Diretora da Escola Superior de Design do Instituto Politécnico de Cávado e Ave (IPCA desde 2007), é Diretora no ID+ Centro de Investigação em Design, Media e Cultura pelo polo do IPCA. É responsável pela CONFIA Conferência Internacional sobre Ilustração e Animação (desde 2012). Está representada em várias publicações científicas e académicas, assim como enquanto artista conta com um conjunto de exposições, eventos e representações em coleções.


Rita Castro Neves (2010 até ao presente)

Sílvia Simões (2000 até ao presente)

Susana Barreto (2010 até ao presente)

Susana Piteira (2010 até ao presente)

Rita Castro Neves é Professora Assistente Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Vive e trabalha no Porto. Após terminar o Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co e o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art de Londres, expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro, em espaços estabelecidos como em locais ditos não convencionais. Em 2015 inicia com o artista e arquitecto Daniel Moreira, um projeto colaborativo longo a propósito da representação da paisagem. Desenvolve projetos de curadoria, sobretudo na área da Live Art, incluindo os festivais Amorph!98, o brrr. Festival de Live Art, a Trama Festival de Artes Performativas, Sintoma nº 0 e Sintomas e Efeitos Secundários. É atualmente docente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde criou e coordena, desde 2012, o grupo de investigação Sintoma. Performance. Investigação. Experimentação.

Sílvia Simões é Professora Auxiliar do Departamento de Desenho. Nasceu no Porto em 1974. Leciona na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto desde 2000. É Presidente do Conselho Pedagógico. Iniciou a prática artística em 1995 que continua, dando particular destaque à área do desenho, fotografia e pintura. Participa frequentemente como artista e professora com escolas do Brasil, Cabo Verde e Moçambique onde está representada em várias coleções. Como investigadora é membro integrado do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (I2ADS).

Susana Barreto é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Design. Doutorada em Design pela Central Saint Martins School of Arts and Design (2008) e Mestre em Design pela De Montfort University (1996). É atualmente investigadora e professora em Design na FBAUP. Desde 2018 que está envolvida em dois projetos de investigação financiados pela FCT, Transferência de Sabedoria, e Anti-Amnésia. Os seus interesses de investigação situam-se atualmente em torno dos seguintes temas: papel da cultura na comunicação visual, cross-cultural design, globalização de imagens, métodos visuais e ética no design.

Susana Piteira é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Escultora. Nasceu em Lisboa, 1963. Doutorada em Escultura pela FBAUB; Curso de Artes Plásticas — Escultura, ESBAP. Bolseira da FCG, da FCT e da Fundação Oriente. 2º Prémio de Escultura na Semana da Pedra III, 1990 e Menção Honrosa na Exposição Arte Hoje, SNBA, 2014; Representada em coleções nacionais e internacionais; Tem vários trabalhos de obra pública e intervenção arquitetónica; Leciona no ensino superior desde 1992, é Assistente Convidada da FBAUP.

Sofia Ponte (2011 até ao presente)

Susana Lourenço Marques (2003 até ao presente)

Sofia Ponte é Professora Auxiliar Convidada do Departamento de Artes Plásticas. Doutorada pela FBAUP com a tese Transformar Arte Funcional em Objeto Museal (2016). Completou o Master of Science in Visual Studies, School of Architecture and Planning, Massachusetts Institute of Technology (MIT) com o projeto artístico Daydreaming Devices (2008). Membro integrado no Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura (ID+). Interesses: mulheres nas artes plásticas, coleções de arte, arte pública recente e património digital.

Susana Lourenço Marques é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Doutorada em Comunicação e Arte pela na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É membro colaborador do i2ADS e membro integrado do IHA.FCSH.UNL. É autora dos livros Lições de Hospitalidade (2006), Pó, Cinza e Nevoeiro, ensaio sobre a ausência (Prisma, 2018) e Ether/um laboratório de fotografia e história (Dafne, 2018) e co-editou Pedagogy of the streets, Porto 1977 (2018) e Ag, reflexões periódicas sobre fotografia (2009). Tem comissariado exposições de fotografia como: Plano Geral, Grande Plano (Casa da Memória, 2013), Quem te ensinou? Ninguém de Elvira Leite (Pavilhão de Exposições FBA.UP, 2016), Galeria Portátil PLF (Porto, 2018), Pedagogy of the streets, Porto 1977 (Mishkin Gallery, NY, 2019), Tropismo Fotográfico (Bienal de Fotografia do Porto, 2019) e Imagem/Técnica, os inventários de Emílio Biel (2019). É autora de vários artigos científicos, participando regularmente em conferências nacionais e internacionais. Co-fundou em 2014 a editora Pierrot le Fou.

Teresa Almeida é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Artista Plástica. Desde 2006 integra a Unidade de Investigação VICARTE onde participa em vários projetos internacionais e em 2011 começa a colaborar com o i2ADS. Tem participado em vários congressos internacionais e expõe regularmente em território nacional e no estrangeiro, EUA, Brasil, Suécia, Itália, Finlândia, Austrália, Argentina entre outros. Possui publicações em revistas internacionais, trabalhos de curadoria e prémios (nacionais e internacionais).

Rute Rosas (1999 até ao presente) Rute Rosas é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Artista Plástica — Escultora. A primeira professora de Escultura da UP, nesta área de conhecimento. Doutora em Arte e Design: Artes Plásticas — Escultura. Mestre em Arte Multimédia. Formação complementar em som digital, imagem digital, fundição por cera perdida, resinas de poliéster, artes e técnicas de tecidos, técnicas de vidro, música clássica e ballet clássico. Desde 1996, Rute Rosas realiza exposições individuais e coletivas. Também desenvolveu, colaborou e organizou inúmeros eventos, como: exposições coletivas; oficinas; cursos; palestras, masterclasses e conferências em vários países. Além disso, trabalhou no desenvolvimento e produção de cenografias e figurinos. Premiada e com múltiplas distinções, o seu trabalho está representado em inúmeras instituições e coleções particulares em Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, Canadá e Brasil. Rute Rosas publicou textos e artigos, e seu trabalho é mencionado em várias publicações.

Sofia Torres (2010 até ao presente) Sofia Torres é Professora Auxiliar do Departamento de Artes Plásticas. Nasceu em 1984, vive e trabalha no Porto. Doutoramento em Arte e Design na FBAUP, e Pós-Doutoramento na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona. Membro Integrado do I2ADS. Desde 2005 participa em várias exposições individuais e coletivas em território nacional e internacional, em países como Brasil, Japão, Itália, Espanha, e recentemente na Austrália.

Teresa Almeida (2009 até ao presente)


Título: Mulheres Artistas Docentes: 1970–2019 Autor: Faculdade de Belas Artes — Universidade do Porto Prefácio: Isabel Barroso Coordenação técnica e fotografia: Isabel Barroso Concepção gráfica: Sílvia Amaral sob a supervisão de Márcia Novais Textos: Carla Cruz, Cláudia Amandi, Cristina Troufa, Eliana Penedos, Emília Costa, Filipa Cruz, Isabel Quaresma, Joana Patrão, Joana Rêgo, Sofia Ponte, Susana Barreto, Susana Piteira, Teresa Almeida Editor: © Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Belas Artes, 2020 Suporte: Eletrónico Formato: PDF/PDF/A ISBN: 978-989-98284-4-5 https://sdi@fba.up.pt


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